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CCJ0014-WL-B-PP-Aula 10-Ciro Ferreira dos Santos

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Curso de Direito Civil II 
Prof. Ciro Ferreira dos Santos 
 
 
Aula 10 – MODALIDADES DE PAGAMENTO 
 
 
Pagamento em Consignação 
Conceito 
Pressupostos 
Modalidades: depósito bancário e depósito judicial 
Efeitos jurídicos 
 
Pagamento com Sub-Rogação 
Conceito 
Pressupostos 
Modalidades: sub-rogação legal e sub-rogação convencional 
Efeitos jurídicos 
 
Dação em Pagamento 
Conceito 
Pressupostos 
Efeitos jurídicos 
 
Remissão 
Conceito 
Pressupostos 
Espécies 
Efeitos jurídicos 
 
 
 
PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO (arts. 334 a 345, CC) 
 
 
Ensina Paulo Nader (2010, p. 295) que a expressão “consignare” (“cum” e “signare”?) foi primeiramente 
utilizada para designar o ato de depositar. Mas Papiniano usou o vocábulo “obsignatio”, do verbo 
“?obsignare”, pôr seu selo em, no sentido de depositar uma importância em dinheiro. O vocábulo 
consignação encerra a lembrança da antiga prática de se colocar a “res debita” em um saco amarrado e 
lacrado com sinete?. 
 
O Direito Romano clássico não reconhecia essa modalidade de pagamento e, a essa época, frustrada a 
tentativa de pagamento, poderia o devedor realizar o depósito “in publico”, também conhecido como 
uma forma de oferta real que não liberava o devedor, fazendo apenas cessar os efeitos da mora. Foi 
com Justiniano que o depósito passou a ser utilizado como forma de pagamento e consequente 
liberação do devedor. 
 
 
 
 
 
Atualmente, no Direito brasileiro, o pagamento em consignação é tido como meio indireto de 
cumprimento da obrigação, sendo um instituto uno que se forma a partir de regras de Direito material e 
de Direito processual conforme se depreende dos arts. 334 a 345, CC. Nesse sentido, afirma Washington 
de Barros Monteiro (p. 269) que “a consignação é simultaneamente instituto de direito civil e de 
processo. A substância e os seus efeitos são de direito privado, mas a forma constitui matéria de direito 
adjetivo”. 
 
Paulo Nader (2010, p. 296) define o pagamento em consignação como ?ato jurídico pelo qual o devedor, 
diante da impossibilidade de pagar ao credor, libera-se da obrigação, depositando a “res debita”, que 
pode consistir em dinheiro, coisas móveis e imóveis. Via de regra o obstáculo que se antepõe ao 
devedor é a recusa do credor. Esta pode ser justa ou não. Apenas a segunda confere a procedência ao 
pleito judicial?. 
 
Quando se fala em consignação é comum se mencionar que o devedor não tem apenas o dever de 
realizar o pagamento, mas também o direito. Sobre essa assertiva, esclarece Inácio de Carvalho Neto 
(2009, p. 211-212) que na verdade, entretanto, se o devedor tivesse o direito de pagar não se 
compreenderia o direito de remissão que a lei concede ao credor, e haveria que se reconhecer, além 
disso, ao devedor, o direito de se indenizar os danos sofridos com o não-cumprimento, no momento em 
que ele queria e podia cumprir. 
 
Tal direito de indenização a lei não lhe reconhece. Se, porém, o credor não quiser remitir a dívida, não 
pode contestar-se ao devedor o legítimo interesse de se desonerar mediante a consignação, desde que 
o credor não queira ou não possa prestar a cooperação necessária ao cumprimento. [...]. E é 
precisamente para acudir a situações desta natureza, satisfazendo o legítimo interesse do credor em se 
liberar do vínculo obrigacional, apesar da falta de cooperação do credor, que a lei permite o pagamento 
em consignação, como lhe chama o Código Civil, ou a consignação em pagamento, como diz o Código 
de Processo Civil (arts. 890 e ss.). 
 
O pagamento em consignação deve ser considerado meio excepcional de cumprimento da obrigação e 
pode ser realizado nas hipóteses enumeradas no art. 335, CC: dificuldade ou resistência (expressa ou 
tácita) injusta do credor (inc. I); omissão do credor em dívida “quérable” (inc. II); incapacidade do 
credor para receber, não possuindo representante legal (inc. III); credor desconhecido (ex.: títulos ao 
portador) ou ausente; residência do credor em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil quando se 
tratar de dívida portável; dúvida sobre a identidade do credor (inc. IV); litígio sobre o crédito da 
obrigação (trata-se de litígio sobre a ?res debita?) (inc. V). Saliente-se, no entanto, que não cabe 
consignação em face de credor incapaz ou antes do vencimento da dívida. 
O pagamento em consignação constitui caracterização da mora “accipiendi” e pode ocorrer em duas 
modalidades: 
 
a) Depósito bancário o art. 334, CC, autoriza que o devedor ou terceiro realizem o depósito em 
estabelecimento bancário oficial. 
 
Bancos oficiais são os bancos múltiplos com carteira comercial e os bancos comerciais federais e 
estaduais e a Caixa Econômica Federal, conforme Resolução n. 2.814/01, BACEN. 
 
Nas localidades onde não houver estabelecimento oficial o depósito pode ser realizado em instituições 
bancárias privadas. 
 
O depósito deve ser realizado na localidade designada como lugar do pagamento (art. 337, CC). 
 
Por meio de carta com aviso de recebimento a instituição bancária cientificará o credor, concedendo-lhe 
dez dias para a declaração de recusa. Não se manifestando, presume-se que aceitou. Recusando o 
depósito o consignante deverá propor a respectiva ação no prazo de trinta dias, instruindo-a com o 
comprovante do depósito e com a recusa do credor. Caso a ação não seja proposta, o depósito fica sem 
efeito e o consignante poderá levantá-lo. 
 
 
b) Depósito judicial o art. 334, CC, também autoriza o depósito judicial que se fará por meio da ação 
de consignação que deve ser ajuizada no lugar do pagamento. 
 
A ação de consignação em pagamento tem natureza declaratória. 
 
Se não houve depósito bancário prévio, o consignante deverá depositar o objeto do pagamento no prazo 
de cinco dias contados do deferimento. 
 
Sendo o objeto da obrigação composto por prestações periódicas, devem ser elas depositadas a medida 
que forem se vencendo. 
 
A mora do devedor por si não impede a consignação se isso ainda não provocou consequências 
irreversíveis e o pagamento ainda é útil ao credor. 
 
A doutrina tem entendido possível a consignação de dívidas ilíquidas uma vez que o ?quantum? pode ser 
discutido nas fases postulatória e probatória. 
 
Tratando-se de coisa incerta, sendo do credor a escolha, antes de proceder o depósito o devedor deve 
dar oportunidade para o credor realizar a concentração (art. 342, CC). 
 
A certidão passada pela Secretaria do juízo em caso de procedência da ação constitui documento de 
quitação da dívida. 
 
O devedor poderá fazer o levantamento do depósito realizado se a ação for julgada improcedente ou se 
o credor não declarar que a aceita ou não contestar o pedido (art. 338, CC), caracterizando desistência 
da ação. 
 
Após a aceitação ou contestação do pedido o devedor só poderá fazer o levantamento com anuência 
expressa do credor (art. 340, CC), o que configuraria novação. 
 
Os credores do credor só poderão realizar o levantamento do depósito se tiverem expressa autorização 
deste. 
 
São efeitos jurídicos do pagamento em consignação: 
 
a) O depósito por si não constitui pagamento, nem tem efeito de liberar o devedor e extinguir a 
obrigação. 
 
b) O depósito não provoca a transferência de domínio. Esta apenas ocorrerá quando o credor fizer o seu 
levantamento ou houver trânsito em julgado da procedência da ação de consignação. 
 
c) Com o depósito cessam as garantias pessoais e reais (art. 337, CC) que só subsistirão no caso de 
improcedência da ação de consignação. 
Para que a consignação tenha força de pagamento é preciso que seja realizada observando as pessoas, 
o objeto, o modo e o tempo ajustados para o pagamento da obrigação (art. 336, CC). 
 
 
PAGAMENTO EM SUB-ROGAÇÃO (arts. 346 a 351, CC) 
 
O instituto da sub-rogação (“subrogatio”) não é de origem romana, mas contribuíram para sua formação 
a “beneficium cedendarum actionum” e a “sucessio inlocum”. A fusão destes institutos ocorreu apenas 
no Direito Canônico que nominou o resultado de sub-rogação (legal). Foi o Código Napoleônico a 
primeira legislação a fazer referência ao instituto, tendo o seu ingresso na legislação brasileira ocorrido 
de forma progressiva. 
 
 
Ensinam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2008, p. 322-323) que ?temos o fenômeno da 
sub-rogação quando na relação jurídica se verifica a substituição de uma pessoa por outra, ou de um 
objeto por outro. Portanto, o verbo sub-rogar sempre exalta a ideia de substituir, modificar. [...]. A 
função primordial da sub-rogação é de índole substitutiva, pelo fato de conceder a um terceiro a 
possibilidade de substituir o credor, podendo ser ressarcido pelo devedor em momento ulterior. 
Secundariamente, há uma função de garantia, eis que o credor terá a segurança de recebimento do 
pagamento?. 
 
A sub-rogação aproxima-se da cessão de crédito, mas não se confundem. Na sub-rogação a transmissão 
da titularidade se opera sempre onerosamente, enquanto na cessão pode ocorrer também de forma 
gratuita. A sub-rogação se funda no pagamento; a cessão em declaração de vontade. O cessionário de 
crédito não possui ação pessoal contra o devedor, mas apenas aquelas que lhe foram transmitidas pelo 
cedente. O sub-rogado possui sempre ação pessoal para recorrer contra o devedor. A cessão pressupõe 
a prática de um ato negocial; a sub-rogação se opera como efeito do pagamento. Na sub-rogação, 
portanto, há uma combinação de regras de cessão de crédito e de pagamento. 
 
A sub-rogação é uma exceção à regra de que o pagamento extingue a obrigação. No caso da sub-
rogação o pagamento apenas promove uma alteração na obrigação, sendo, portanto, forma de 
pagamento indireto. 
 
Espécies de sub-rogação: 
 
a) Sub-rogação pessoal ou subjetiva: consiste na substituição do credor por terceiro que efetua o 
pagamento ou empresta o necessário ao adimplemento, assumindo os direitos de titular da relação 
obrigacional (Paulo Nader, p. 371). É essencial para sua caracterização a continuidade da obrigação. 
 
b) Sub-rogação real ou objetiva: ocorre pela substituição de uma coisa por outra na relação 
obrigacional. O art. 1.911, CC, prevê duas subespécies de sub-rogação real. 
Sub-rogação judiciária: ocorre quando algum credor, na tutela indireta de seus interesses, substitui o 
devedor, que se revela negligente no exercício de seus direitos e ações. 
 
c) Sub-rogação legal: ocorre automaticamente quando verificadas as hipóteses do art. 346, CC 
(taxativo). Assim, são hipóteses de sub-rogação legal: a) credor que paga a dívida de devedor comum; 
adquirente de imóvel hipotecado; pagamento por terceiro a fim de conservar direito sobre o imóvel; 
terceiro interessado em dívida pela qual era ou podia ser obrigado. Também são hipóteses legais de 
sub-rogação: art. 1.407, CC; art. 12, Lei de Locações; art. 130, CTN. À sub-rogação legal subordina seus 
efeitos aos preceitos da cessão de crédito, salvo disposições incompatíveis (art. 348, CC). 
 
d) Sub-rogação convencional: decorre de acordo expresso de vontade entre terceiro não interessado e 
credor ou entre terceiro e devedor (art. 347, CC), mas a avença só produzirá efeitos perante terceiros 
com o registro do contrato no Cartório de Títulos e Documentos (art. 129, Lei de Registros Públicos)[8]. 
 
São pressupostos da sub-rogação: 
 
a) Existência do vínculo obrigacional. 
 
b) “Res debita” representada por obrigação de dar ou de fazer fungível. 
 
c) Pagamento por iniciativa de terceiro. 
 
d) Substituição do credor primitivo pelo terceiro. 
 
A lei não exige forma especial. No entanto, tratando-se de sub-rogação convencional a doutrina 
manifesta-se pela necessidade de se impor forma solene. 
São efeitos da sub-rogação: 
 
 
A sub-rogação constitui efeito do pagamento seu principal efeito consiste na substituição do credor 
primitivo pelo terceiro que efetuou o pagamento. 
Se o pagamento for parcial, a sub-rogação também será parcial. Neste caso, o credor originário deverá 
ter preferência sobre o sub-rogado (art. 351, CC). 
 
A sub-rogação pessoal também tem como efeito a continuidade da relação obrigacional. Altera-se 
apenas o credor originário. 
A sub-rogação pessoal tem efeito liberatório porque exonera o devedor em face do credor originário; e 
translativo quando permite a transmissão de atos com seus acessórios (art. 349, CC). 
 
Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até a 
soma que tiver desembolsado (art. 350, CC). 
Sendo a sub-rogação convencional, deverão lhe ser aplicadas as regras da cessão de crédito. 
 
O devedor poderá opor ao sub-rogado as defesas que possuía em face do credor originário. 
 
A sub-rogação legitima o sub-rogado a promover a execução ou a continuá-la. 
 
 
DAÇÃO EM PAGAMENTO (arts. 356 a 359, CC) 
 
Dação, do latim, “datio” / “dationis” significa entrega. A dação em pagamento como meio indireto de 
pagamento já era prevista no Direito Romano (“datio in solutium”). Conceitua Paula Nader (2010, p. 
351) ?é negócio jurídico bilateral [e liberatório] pelo qual o “debitor” cumpre a obrigação com prestação 
diversa da devida originalmente. O adimplemento se faz com objeto diferente do estabelecido no ato 
negocial, mas com a concordância do “creditor”. Trata-se, desta forma, de exceção à regra geral de 
pagamento prevista no art. 313, CC, configurando-se negócio jurídico bilateral e oneroso de alienação. 
 
São pressupostos da dação em pagamento: 
 
a) Existência de vínculo obrigacional. 
 
b) Cumprimento da obrigação. Não basta acordo visando a troca da coisa devida, é necessário que haja 
“animus solvendi”. 
 
c) O ato tem caráter translatício, conforme a natureza dos bens dados em substituição (art. 307, CC) e, 
portanto, exige capacidade para entrega e capacidade para aceitação. 
 
d) Diversidade da prestação oferecida. Pressupõe a disponibilidade da coisa. 
 
e) Consentimento do credor (exige capacidade para anuir). 
 
Não há possibilidade de realizar ação judicial para obrigar o credor a receber coisa diversa. 
 
O consentimento pode ser expresso ou tácito. 
 
A dação pode ser realizada em obrigações em que há solidariedade passiva, sem a necessidade do 
consentimento de todos os devedores. No entanto, havendo solidariedade ativa, entende-se ser 
necessário o consentimento de todos os credores. 
 
Veda-se a dação em pagamento: 
 
a) No caso de venda de ascendente a descendente sem a concordância dos demais descendentes (art. 
496, CC). 
 
 
 
b) Quando não se fizer reserva de bens ou renda necessária à subsistência (art. 548, CC). 
 
c) Em vendas decorrentes de autorização judicial, salvo anuência expressa. 
 
Efeitos da dação em pagamento: 
 
a) Admite-se qualquer tipo de substituição da ?res debita? (art. 356, CC). 
 
b) Se a dação constituir em pagamento com bem móvel ou imóvel, a fixação de seu preço deverá 
obedecer as regras da compra e venda (art. 357, CC). 
 
c) Se a dação se dá por substituição da coisa por título de crédito, aplicar-se-ão as regras das cessões 
de crédito (art. 358, CC). 
 
d) Aplicam-se à dação as regras da evicção (art. 359, CC). 
 
e) A dação em pagamento também impõe ao devedor a responsabilidade pelos vícios redibitórios (art. 
441, CC). 
 
 
REMISSÃO (arts. 385 a 388, CC) 
 
Já era instituto conhecido no Direito Romano que previa duas espécies de remissão: “acceptilatio” e 
“pactum de non petendo”. Conceitua Paulo Nader (2010, p. 417) dá-se a remissão da dívida quando o 
titular do crédito, sem prejuízo de terceiro, espontaneamente libera o devedor da obrigação, sem 
pagamento, e este a aceita. Na linguagem comum, é ato de renúncia; sob o aspecto jurídico, o ato de 
remitir não se confunde com o de renunciar, pois enquanto aquele é negócio jurídico bilateral, este é 
unilateral. 
 
A remissão, portanto,é declaração receptícia de vontade. 
 
Diferencia-se dos demais modos indiretos de pagamento porque o dever de prestar a cargo do devedor, 
extingue-se, sem que o direito de crédito chegue a funcionar e sem que haja, por conseguinte, uma 
qualquer satisfação, nem sequer potencial ou indireta, do interesse do credor. 
 
Na remissão o direito de crédito extingue-se, sem chegar a ser exercido, porque o credor assim o quer, 
abdicando voluntariamente dele (Inácio de Carvalho Neto, 2010, p. 343). 
 
São pressupostos da remissão (art. 386, CC): 
 
a) Intenção de perdoar. 
 
b) Capacidade para o ato (deve ser aferida no momento que se efetivou) e livre disposição dos bens 
(legitimação). 
 
c) Aceitação do devedor (pode ser expressa ou tácita). 
 
d) Não prejuízo de terceiro. 
 
e) Forma livre (arts. 386 e 387, CC). 
 
f) A remissão pode estar sujeita a termo ou a condição. 
 
g) Pode abranger dívidas futuras, uma vez que irrelevante o vencimento da dívida. 
 
 
 
h) Pode ter origem em ato ?inter vivos? ou ?causa mortis?. 
 
Espécies de remissão: 
 
a) Total: alcança a integralidade da prestação. 
 
b) Parcial: alcança parte da prestação (percentagem, juros, ...). 
 
c) Expressa: decorre de declaração de vontade expressa do credor e aceitação do devedor. 
 
d) Tácita: ocorre quando a dívida é representada por instrumento particular e o credor o entrega 
voluntariamente ao devedor, criando uma presunção de pagamento (art. 324, CC) e provando a 
desoneração do devedor (art. 386, CC). 
 
Efeitos da remissão: 
 
Os efeitos da remissão se operam a partir do momento em que o devedor aceita a liberalidade. 
 
Estando a dívida garantida por bem penhorado, a entrega deste bem ao seu dono representa apenas 
remissão quanto à garantia e não quanto à dívida (art. 387, CC). 
 
Se o credor libera da obrigação um dos co-devedores os demais continuam coobrigados, descontada a 
quota remitida (arts. 277 e 388, CC). 
 
A remissão é um ato de disposição meramente abdicativo. 
 
 
 
 
Caso Concreto 1 
 
 
(CESPE Juiz do Trabalho TRF - 5ª Região/2010) A mitigação do pacta sunt servanda pelo novo Código 
Civil permite que o juiz imponha ao credor a dação em pagamento, conforme as circunstâncias do caso 
concreto. 
 
Gabarito: 
 
Errado. A dação em pagamento sempre decorre da vontade das partes, não podendo ser imposta pelo 
juiz (art. 356, CC). 
 
 
 
Caso Concreto 2 
 
 
Lucas e Luciano são irmãos. Lucas passa por sérios problemas financeiros. Visando ajudá-lo Luciano 
empresta-lhe em contrato de mútuo gratuito o equivalente a R$ 40.000,00 a serem pagos no prazo de 
um ano. Na data do vencimento, Lucas entrega ao irmão a quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais) e 
recebe quitação dívida no valor de quarenta mil reais. Lucas fica com dúvida se seu irmão errou no 
preenchimento do recebo e se ainda deve alguma coisa, por isso, procura-lhe para orientá-lo. Que 
modalidade(s) de pagamento(s) pode(m) ser identificada(s) nesta hipótese? Justifique sua resposta 
indicando se Lucas obteve ou não quitação da dívida. 
 
 
 
 
 
Gabarito: 
 
Aparentemente não há erro no preenchimento da quitação. Pode-se notar o pagamento parcial com 
relação aos dez mil reais e remissão (também parcial) com relação ao restante da dívida (arts. 385 e 
386, CC). 
 
 
Questão Objetiva 1 
 
(CESPE 2010 OAB Unificado) Assinale a opção correta de acordo com o Código Civil brasileiro. 
 
a) A sub-rogação objetiva ou real ocorre pela substituição de uma das partes, sem a extinção do vínculo 
obrigacional. 
 
b) Caso o sub-rogado não consiga receber a importância devida, ele poderá cobrá-la do credor original. 
 
c) Aplica-se à dação em pagamento o regime jurídico dos vícios redibitórios. 
 
d) Opera-se novação quando o devedor oferece nova garantia ao credor. 
 
Gabarito: Letra “C” conforme art. 359, CC. A letra A se refere à sub-rogação subjetiva e não objetiva. A 
letra B está errada conforme arts. 349 e 351, CC. A letra D está errada conforme art. 361, CC. 
 
Questão Objetiva 2 
 
(FUMARC BDMG 2011) A consignação em pagamento tem lugar se: 
 
I. o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida 
forma; 
 
II. o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; 
 
III. o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou 
de acesso perigoso ou difícil; 
 
IV. ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; 
 
V. pender litígio sobre o objeto do pagamento; 
 
Baseando-se nas assertivas acima, é CORRETO afirmar: 
 
a) As assertivas I, III, IV e V estão corretas e a assertiva II está errada. 
 
b) As assertivas III, IV e V estão corretas e as assertivas I e II estão erradas. 
 
c) Apenas a assertiva I está incorreta. 
 
d) Todas as assertivas estão corretas. 
 
Gabarito: Letra “D” conforme art. 335, CC.

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