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CCJ0014-WL-B-PP-Aula 14-Ciro Ferreira dos Santos

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Curso de Direito Civil II 
Prof. Ciro Ferreira dos Santos 
 
 
Aula 14 – CLÁUSULA PENAL E ARRAS 
 
 
Cláusula Penal 
Conceito 
Natureza Jurídica 
Modalidades: compensatória e moratória 
Efeitos 
 
Arras 
Conceito 
Modalidades: confirmatórias e penitenciais 
Efeitos 
 
 
 
CLÁUSULA PENAL (multa contratual ou pena convencional) (arts. 408 a 416, CC) 
 
 
A cláusula penal (“stipulatio penae”), em sua origem no Direito Romano, estabelecia uma penalidade 
pelo descumprimento da obrigação, uma vez que constituía única forma de sanção ao devedor 
inadimplente. Hoje, a cláusula penal constitui uma estimação para o prejuízo causado ao credor 
decorrente da autonomia privada e, por isso, possui dupla função: estímulo ao devedor para o 
cumprimento e prévia fixação do ?quantum? em face do inadimplemento. 
 
Ensina Paulo Nader (2010, p. 475) que faz parte do princípio da autonomia da vontade [leia-se 
autonomia privada] a possibilidade da prévia definição, pelas partes, da indenização a ser paga em caso 
de inadimplemento total, simples atraso no pagamento da dívida ou de alguma outra infração às regras 
do ato negocial. 
 
O pacto, que pode ser firmado junto com o próprio negócio jurídico ou, posteriormente, como adendo 
ao mesmo instrumento ou à parte, tecnicamente denomina-se cláusula penal. Então, a cláusula penal 
além de atuar como fórmula de ressarcimento, eleita antecipadamente pelas partes, atua com efeito 
intimidativo, desestimulando o ilícito contratual. 
 
Vale lembrar que embora o “nomen iuris” possa dar a impressão de que se trata de uma penalidade ou 
sanção, a cláusula penal tem natureza jurídica de indenização previamente fixada, configurando-se 
obrigação acessória eventual que na linguagem popular é conhecida como multa contratual. Concluem 
Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias (2008, p. 461) que é fácil notar, por conseguinte, que a 
cláusula penal é um meio de mitigar a intranquilidade propiciada pelo natural risco de descumprimento 
das obrigações voluntariamente pactuadas. 
 
 
 
 
 
 
 
São características das cláusulas penais: 
 
a) Tem dupla função: compulsória (ou coercitiva - intimidação para o cumprimento pontual da 
obrigação); indenizatória (ou ressarcitória - prefixação das perdas e danos). 
 
Em regra, a cláusula penal é fixada em dinheiro, mas nada impede que possa ser fixada em coisa 
diversa, fato ou abstenção. Também pode consistir em reforço de garantia. 
 
Só pode ser exigida quando o inadimplemento for culposo, independente da demonstração de prejuízo 
(art. 408, CC). 
 
A interpretação das cláusulas penais deve ser sempre restritiva. 
 
São convenções acessórias eventuais cuja estrutura lógica é a de um imperativo hipotético 
(condicionada a evento futuro e incerto), podendo ser incluídas em negócios jurídicos uni ou bilaterais. 
 
Podem ser fixadas em momento anterior, ou, no momento da contratação ou em termo aditivo. Neste 
último caso, no entanto, deve ser fixada antes do termo fixado para o cumprimento, pois caso contrário, 
deixaria de ter seu caráter antecipatório da liquidação das perdas e danos (art. 409, CC). 
 
Não há forma prevista em lei, mas se superior ao décuplo do salário mínimo deverá ser escrita, pois não 
se admite que seja exclusivamente testemunhal. 
 
Não constituem um plus ou aditamento na obrigação, mas sim, uma alternativa ao credor que poderá 
optar, em caso de inadimplemento absoluto, entre a execução da cláusula penal (sem necessidade de 
comprovar o prejuízo) e a fixada em lei (na qual deverá demonstrar os prejuízos). 
 
Como o “quantum” é previsto na cláusula penal, desnecessária é a liquidação do dano. Trata-se de 
hipótese de liquidação convencional antecipada do dano. 
 
A estipulação do ?quantum? da cláusula penal possui limites previstos nos arts. 412 e 413, CC. 
 
O juiz pode realizar redução equitativa da cláusula se a obrigação foi cumprida parcialmente ou se o 
montante previsto for manifestamente excessivo. 
 
O valor da cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal (art. 412, CC). Vale destacar que 
essa limitação só se aplica em caso de cláusula penal moratória. Tratando-se de cláusula penal 
compensatória, se o prejuízo exceder o valor prefixado, será o montante considerado mínimo para a 
indenização suplementar. 
 
i. Se o “quantum” for fixado a maior, não se anula a cláusula, mas apenas se reduz a parte 
excedente. O mecanismo da redução favorece a eticidade nas relações obrigacionais. 
 
ii. Há exceções previstas em lei: art. 9º., Decreto n. 22.626/33; art. 52, §1º., CDC; Decreto-Lei n. 
58/37... 
 
A redução equitativa da cláusula penal deve ocorrer na justa medida requerida pelo caso concreto (art. 
413, CC), impedindo, assim, o enriquecimento sem causa. A redução pode ser aplicada tanto à cláusula 
penal compensatória, quanto à moratória. 
 
Tratando-se de obrigação indivisível aplicar-se-á a regra do art. 414, CC, ou seja, a cláusula penal só 
poderá ser exigida em sua totalidade do co-devedor culpado pelo inadimplemento (art. 263, CC). 
 
 
 
Tratando-se de obrigação divisível em que há vários coobrigados aquele que descumprir será o único 
responsável na proporção de sua quota art. 415, CC. 
 
O juiz não pode majorar a cláusula penal “ex officio” ainda que verifique que os prejuízos foram maiores 
ao da cláusula. Nesse caso, o credor deverá fazer pedido de indenização suplementar, demonstrando os 
prejuízos. 
 
A cláusula penal pode vir cumulada com juros moratórios (art. 404, CC). 
 
É lícita a cumulação da cláusula penal compensatória com a cláusula penal moratória, uma vez que os 
fatos geradores são distintos. 
 
Súmula 616, STF é permitida a cumulação da multa contratual com os honorários de advogado, após o 
advento do CPC vigente. 
 
A cláusula penal é renunciável e a renúncia pode ser, inclusive, tácita. 
 
Espécies de cláusula penal (art. 408, CC): 
 
a) Compensatória. É utilizada em casos de inadimplemento total da obrigação decorrente de culpa do 
devedor e, por isso, normalmente é estipulada em valores elevados. 
 
Art. 410, CC. O credor poderá optar entre a aplicação da cláusula penal ou cumprimento da obrigação se 
esta ainda lhe for útil, ou ainda, poderá optar entre pleitear a pena compensatória ou postular 
ressarcimento por perdas e danos. A escolha é considera irretratável. 
 
Se a previsão da cláusula penal for apenas para o descumprimento total será cabível pedir perdas e 
danos. 
 
Há divergência na doutrina se a lei autoriza ou não o credor a optar pela exigibilidade da cláusula penal 
compensatória ou por exigir perdas e danos, quando primeiro optou pelo cumprimento da prestação e 
essa se tornou impossível. Silvio Rodrigues e Carlos Roberto Gonçalves afirmam ser possível. Paulo 
Nader e Clóvis Beviláqua afirmam ser impossível porque a cláusula funcionaria como perdas e danos. 
 
b) Moratória. É usada para os casos de mora; descumprimento de cláusula especial e cumprimento 
parcial da obrigação. Destina-se a assegurar o cumprimento pontual da obrigação e, por isso, 
normalmente tem valor reduzido. 
 
Art. 411, CC. Pode-se cumular pedido de cumprimento da prestação e da cláusula penal porque as 
partes, ao convencionarem a cláusula o fazem fixando um valor proporcional à importância do fato, 
naturalmente aquém do relativo à obrigação principal. 
 
Em caso de mora “ex re” a cláusula penal é exigível imediatamente. No caso de mora ?ex persona? a 
cláusula só será exigível após a interpelação. 
 
 
ARRAS OU SINAL (arts. 417 a 420, CC) 
 
O termo arras, originário do latim “arrha”, “arra” ou “arrhabo”, significa penhor, quantia dada em 
garantia de uma obrigação, como sinal de firmeza do contrato (Inácio de Carvalho Neto, 2009, p. 440). 
 
Ensina Silvio Rodrigues que as arras constituem a importânciaem dinheiro ou a coisa dada por um 
contratante ao outro, por ocasião da conclusão do contrato, com o escopo de firmar a presunção de 
acordo final e tornar obrigatório o ajuste; ou ainda, excepcionalmente, com o propósito de assegurar, 
para cada um dos contratantes o direito de arrependimento. 
 
 
O sinal é pacto acessório que tem cabimento apenas em contratos bilaterais e translativos do domínio. 
As arras também possuem caráter real, pois apenas se aperfeiçoam com a entrega do dinheiro ou da 
coisa fungível por um dos contratantes ao outro (art. 417, CC). Então, a mera promessa de entrega de 
sinal não gera qualquer efeito. 
 
São espécies de arras: 
 
a) Confirmatórias. Têm por finalidade demonstrar a existência da composição final das partes, 
confirmando o contrato (art. 417, CC). 
Devem ser entregues no momento da celebração do contrato e atuam como modo de garantia e reforço 
de execução de um futuro contrato. 
 
Advertem Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias (2008, p. 476) que é um equívoco pensar que 
a finalidade das arras é confirmar o contrato em si mesmo. As convenções se tornam obrigatórias por 
força do consentimento, ao contrário do que ocorria no formalista sistema romano, no qual apenas o 
acordo de vontades se revelava insuficiente, a ponto das arras servirem como forma de confirmação da 
existência do contrato. Cremos que melhor seria afirmar que atualmente o sinal simplesmente reforça a 
execução do negócio jurídico, evitando o inadimplemento. 
 
Não havendo estipulação em contrário o sinal entregue presume-se confirmatório e deve ser abatido do 
preço. 
Efeitos (art. 418, CC): 
 
i. Se quem deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as. 
 
ii. Se quem recebeu as arras não executar o contrato, quem as deu poderá ter o contrato por desfeito 
e exigir a devolução do sinal dado mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices 
oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. 
 
1. Recusando-se a devolvê-las não há apropriação indébita porque o sinal não tem natureza de 
depósito; há, pois, um ilícito civil. 
 
iii. A parte inocente pode conformar-se com o sinal dado ou com o equivalente, ou pode ainda, pedir 
indenização suplementar se provar prejuízo maior (art. 419, CC). Poderá, alternativamente, requerer a 
execução do contrato, com perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização. 
 
 
b) Penitenciais (ou de arrependimento). Têm por fim assegurar às partes o direito de se 
arrependerem, mediante a perda do sinal, por quem o deu, ou a sua devolução em dobro, por quem as 
recebeu (art. 420, CC). 
 
As arras atuam como pena convencional (função indenizatória) imposta àquele que exerce o direito de 
arrependimento. Em qualquer hipótese, não haverá direito à indenização suplementar uma vez que o 
sinal penitencial já constitui predeterminação das perdas e danos. 
 
A jurisprudência tem afastado a devolução em dobro quando há acordo entre as partes; quando há 
culpa concorrente dos contratantes; quando o cumprimento do contrato não se efetivou em razão de 
caso fortuito ou força maior. 
 
As arras penitenciais só podem ser cumuladas com as perdas e danos se houver expressa previsão das 
partes neste sentido. 
 
 
 
 
 
c) Assecuratórias. Alguns autores indicam a existência dessa espécie que se destinaria a assegurar a 
celebração de um contrato já em andamento. 
 
A lei não prevê esta espécie. 
 
d) Suplemento de preço. São indicadas por Orlando Gomes e caracterizam-se por ser uma quantia 
dada por conta do que deverá ser pago, representando acréscimo no preço. 
 
A lei também não prevê esta espécie. 
 
Por fim, vale destacar que aplica-se analogicamente às arras o art. 413, CC, que determina a sua 
redução equitativa se a obrigação tiver sido cumprida parcialmente ou se o montante for excessivo (III 
Jornada de Direito Civil, CEJ). 
 
 
 
 
 
Caso Concreto 1 
 
 
(CESPE - Juiz - TJPB/2010) Estipulada cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, 
o credor poderá exigir cumulativamente do devedor a pena convencional e o adimplemento da 
obrigação. Certo ou errado? Justifique sua resposta. 
 
Gabarito: 
 
Errado. A cláusula penal é espécie de multa contratual. Prevista e paga a cláusula penal para o 
inadimplemento total da obrigação, não pode o credor cumulativamente exigir perdas e danos, 
conforme art. 411, CC. 
 
 
 
 
Caso Concreto 2 
 
 
João, ao contratar com José a compra e venda de um imóvel (no valor de R$ 100.000,00) localizado na 
Rua Enzo Ferrari, n° 27, nessa Capital, entrega-lhe no ato da escritura o sinal equivalente a R$ 
25.000,00, sendo o restante do pagamento ajustado em três vezes iguais de R$ 25.000,00 para 30, 60 e 
90 dias. Identifique a natureza jurídica do sinal dado por João, explicando o que aconteceria com esse 
contrato se José desistisse da venda após a realização da escrituração. 
 
Gabarito: 
 
O valor entregue por João caracteriza arras (ou sinal), devendo ser computadas no restante da 
prestação devida (art. 417, CC). Caso José desistisse da venda deveria restituir as arras na 
integralidade, podendo João exigir, ainda, o equivalente com atualização monetária, juros e honorários 
de advogado (art. 418, CC) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Questão Objetiva 
 
(TRT SP – 2011) Assinale a alternativa correta: 
 
a) A cláusula penal poderá ter qualquer valor, a critério e com a expressa concordância das partes. 
 
b) A invalidade da obrigação principal implica a das acessórias, a destas induz a da obrigação principal. 
 
c) O credor para exigir a pena convencional deverá alegar prejuízo. 
 
d) A penalidade não poderá ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido 
cumprida em parte. 
 
e) Nenhuma das alternativas anteriores é correta. 
 
Gabarito: Letra “E” conforme art.. A letra A está errada conforme art. 412, CC. A letra B está errada 
conforme regra geral: nulo o principal, nulo o acessório, mas nulo este, não será nulo aquele. A letra C 
está errada conforme art. 416, CC. A letra D está errada conforme art. 413, CC.

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