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24 IDENTIFICAR A ESTRUTURA DO SOLO A estrutura do solo representa a organização ou arranjamento dos sólidos do solo. Do ponto de vista edafológico a estrutura diz respeito à reunião das partículas sólidas em agregados os quais se separam uns dos outros por superfícies de enfraquecimento (linhas de fraqueza). Isto é, ao tomar-se um torrão maior, é, freqüentemente, possível descobrir-se que os pedaços subseqüentes separam-se, não em qualquer parte, mas ao longo de linhas definidas. Ao determinar uma estrutura no campo deve-se ter o cuidado de agir de modo que a nossa ação ao observar a mesma não venha promover o aparecimento ou destruição de determinada estrutura. Para isto deve-se procurar calmamente selecionar com os dedos, separar e distinguir os agregados da estrutura. ORIGEM DA ESTRUTURA DO SOLO Origina-se através da agregação por floculação de colóides e por processos de expansão-contração das partículas do solo. Agregação por floculação dos colóides: Neutralização das partículas, abaixamento do potencial elétrico, não há mais repulsão, as partículas tendem a se unirem. Expansão – contração: É simultâneo ao anterior. Ocorre com o processo de umedecimento e secagem do solo, provocando uma quebra na massa do solo. Em conseqüência melhora a formação dos agregados cada vez que isto ocorre. Em solos bem estruturados não há quebras de agregados, somente nos planos de fraqueza. Fatores que Influenciam no Desenvolvimento da Estrutura: 1. Matéria orgânica: atuam como agente cimentante, ocorre mais nos horizontes superficiais. Solos sob florestas têm uma estrutura bem desenvolvida. 2. Sistema radicular: a ação mecânica do sistema radicular “quebra” a massa do solo, separando as massas que tendem melhor se 25 agregar. As gramíneas são mais eficazes devido terem raízes mais atuantes. 3. Organismos: a ação biológica dos diversos organismos contribui para a formação da estrutura do solo, em especial as minhocas, pois para se alimentarem ingerem a massa do solo para retirar as substâncias e excretam o solo com um muco que atua como um agente cimentante, podendo, ainda, melhorar a fertilidade do solo. 4. Agentes cimentantes (minerais): óxidos de Fe e Al, notadamente goethita, hematita e gibbsita, tendem a desorganizar as partículas a nível microscópico. Assim ao maior teor destes constituintes corresponderá um maior grau de desorganização e conseqüentemente, uma estrutura mais próxima do tipo granular. CLASSIFICAÇÃO DA ESTRUTURA A classificação mais difundida da estrutura de solo é a NIKIFOROFF, que é feita em função da forma, tamanho e grau de desenvolvimento das unidades estruturais. A FORMA define o que se chama TIPO de estrutura. O TAMANHO é definido como CLASSE de estrutura. DESENVOLVIMENTO é definido como GRAU de estrutura. A estrutura pode ser definida em: – macro-estrutura – micro-estrutura Os seus limites são arbitrários e se baseiam na possibilidade ou não de se ver as estruturas à vista desarmada. Para nosso estudo morfológico, o que é discutido é a macro- estrutura, pois, para o estudo da micro-estrutura há necessidade de aparelhos especiais. O que estudamos no campo é a avaliação quantitativa da macro-estrutura. TIPOS DE ESTRUTURA 26 Reconhecem-se quatro tipos fundamentais de estrutura. O arranjamento das partículas sólidas pode se fazer em torno de uma linha, um ponto ou um plano. a) LAMINAR: As partículas sólidas se dispõem segundo um plano, geralmente horizontal. Diferente dos outros tipos de estrutura que se formam por processos vários, este tipo é normalmente herdado do material de origem do solo. b) PRISMÁTICA: As partículas sólidas se dispõem em torno de uma linha vertical, formando unidades estruturais limitadas por faces relativamente planas, neste tipo de estrutura as duas dimensões horizontais se equivalem enquanto a vertical é maior. Apresenta dois subtipos: b1) Prismática – a porção superior da unidade estrutural é plana. b2) Colunar – a parte superior da unidade estrutural é recurvada ou arredondada. c) BLOCOS: As partículas sólidas se dispõem em torno de um ponto formando uma unidade estrutural limitada por faces planas ou recurvadas, que se ajustam perfeitamente nas unidades vizinha. Possuem as três dimensões de mesma grandeza. Reconhecem-se dois subtipos: c1) Blocos angulares – as unidades apresentam faces planas ou ângulos cortantes. c2) Blocos sub angulares - unidades com faces planas, recurvadas ou mistas e com vértices arredondados. d) ESFEROIDAL: As partículas sólidas se dispõem em torno de um ponto, formando unidades estruturais limitadas por superfície irregular ou recurvada, não se acomodando nas unidades vizinhas. Apresentam a mesma grandeza nas três dimensões. Reconhecem-se dois subtipos: d1) Granular - as unidades são pouco porosas. d2) Grumosa - as unidades são muito porosas. Figura 1 – Tipos de estrutura: (a) laminar; (b) prismática; (b’) colunar; (c) blocos angulares, (c’) blocos sub angulares; (d) granular. CLASSE DE ESTRUTURA A classe de estrutura é determinada em função das dimensões das unidades estruturais. Como se pode observar na Tabela 1, os limites de tamanho variam segundo a forma e arranjamento das unidades estruturais. Tabela 1 - Tipos e classes de estrutura Tipo de estrutura 27 28 LAMINAR PRISMÁTICA BLOCOS ESFEROIDAL CLASSE Laminar Prismática Colunar Angulare s Sub angulares Granula r Grumos a Muito pequena < 1 mm < 10 mm < 5 mm < 1 mm Pequena 1 a 2 mm 10 a 20 mm 5 a 10 mm 1 a 2 mm Média 2 a 5 mm 20 a 50 mm 10 a 20 mm 2 a 5 mm Grande 5 a 10 mm 50 a 100 mm 20 a 50 mm 5 a 10 mm Muito grande > 10 mm > 100 mm > 50 mm > 10 mm GRAU DE ESTRUTURA O grau de estrutura, diz respeito à manifestação de forças que reúnem as partículas sólidas no agregado e entre agregados: exprime a diferença entre a coesão das partículas na unidade estrutural e a aderência entre a unidade e suas vizinhas. No campo, o grau de estrutura é avaliado procurando-se remover as unidades estruturais presentes no perfil do solo, observando-se a proporção entre o material agregado e não agregado, as unidades estruturais inteiras e rompidas. Reconhecem-se quatro graus de Estruturação: 0 – Sem estrutura: condição para a qual não se observa agregação entre as partículas sólidas. Recebe as seguintes designações: Ö maciço – quando as partículas sólidas ocorrem reunidas formando massa compacta. Ö grãos simples – quando as partículas sólidas ocorrem soltas, individualizadas. 1 – Fraco: estruturação não evidenciada no perfil do solo. Por remoção, obtém-se porções de terra que se rompem originando uma mistura de algumas unidades estruturais pouco resistentes, muitas unidades demolidas e bastante material não agregado. 29 2 – Moderado: estruturação fracamente evidenciada no perfil do solo. Por remoção obtém-se porções de terra que se rompem, originando uma mistura de muitas unidades estruturais moderadamente resistentes e bem definidas, algumas unidades demolidas e pouco ou nenhum material não agregado. 3 – Forte: estruturação bem evidenciada no perfil do solo. As unidades estruturais se aderem fracamente. Por remoção obtém-se quase que exclusivamente unidades estruturais individualizadas. DESIGNAÇÃO DA ESTRUTURA A estrutura do solo é designada combinando-se as denominações do tipo, classe e grau. Assim, a estrutura de um horizonte no qual as unidades estruturais se encontram intimamente reunidas, não evidenciadas à observação do perfil e que se rompem, uma vez removidas, em unidades de 5 a 10 mm, dotadas de faces irregularese se encaixam perfeitamente nas unidades vizinhas, será: ... moderada pequena blocos sub angulares. Em certos casos, ocorre mais de um tipo de estrutura no horizonte do perfil do solo. Essa estrutura é designada, acrescentando-se o termo Composto, assim: ... composta muito moderada grande prismática e forte grande blocos angulares. BIBLIOGRAFIA: ANDRADE, H. & SOUZA, J.J. Solos: origem, componentes e organização. Lavras-MG, ESAL/FAEPE (Apostila de curso de Especialização por Tutoria à Distância - Solos e Meio Ambiente - Módulo 1). s/d. 170p. FERREIRA, M.M. Física do solo. Lavras-MG, ESAL/FAEPE (Apostila de curso de Especialização por Tutoria à Distância - Solos e Meio Ambiente - Módulo 2) s/d. 63p.
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