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Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! ENTENDIMENTOS SOBRE COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO – CPI’S DOUTRINA TEMÁTICA + JULGADOS STF + QUESTÕES DE CONCURSOS COMENTADAS Prof. Álvaro Veras Prof. Filippe Augusto Profa. Lara Teles Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! 1) Comissões do Poder Legislativo Segundo Nathalia Masson (MASSON, Nathalia, Manual de Direito Constitucional, 1ª edição, 2013, pag. 532 e 533), as referidas comissões têm por função primordial o estudo inaugural das proposições apresentadas, no intuito de fornecerem à Câmara a qual estejam integradas um parecer antecedente à deliberação plenária, para que esta última se desenrole de maneira esclarecida. São também constituídas com finalidade investigativa (comissões parlamentares de inquérito), representativa (comissões representativas do Congresso Nacional) e de fiscalização da gestão da coisa pública (como a comissão mista de planos, orçamentos públicos e fiscalização), além de funcionarem como espaço singular e privilegiado de interação entre o Parlamento e a sociedade, na medida em que abrigam audiências públicas e recepcionam, de qualquer interessado, críticas/queixas/reclamações/petições contra atos e omissões de entidades ou autoridades públicas. 2) Natureza jurídica das CPI’s As CPI’s, que possuem previsão expressa no §3° do artigo 58 da CF/88, são órgãos fracionários e colegiados da Casa legislativa em que são criadas. Segundo apontam Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado. 11. ed. São Paulo: Método, 2013. 456 p.), elas consubstanciam atuação típica do Poder Legislativo, no desempenho da sua atribuição fiscalizatória (controle político-administrativo) de atos conexos ao Poder Público. Além disso, são comissões temporárias e podem ser formadas no âmbito de uma das Casas Legislativas (comissão singularizada) ou no do Congresso Nacional (comissão mista). 3) Quem pode ser investigado? As CPI’s podem investigar o Poder Executivo, pessoas físicas ou jurídicas, órgãos ou instituições ligados à gestão de dinheiro público, ou que de algum modo tenham que prestar contas sobre valores públicos. Independe, então, da natureza da pessoa, mas sim do fato de ela trabalhar com recursos públicos. Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! Ressalte-se, então, que a CPI está sempre restrita à competência fiscalizatória do ente que mantém o parlamento. Assim, um determinado servidor estadual não pode ser investigado por CPI federal em tema que interessa apenas ao ente estatal. 4) Composição: O critério principal é a proporcionalidade da representação. Ou seja, de acordo com o número de representantes dos partidos nas Casas Legislativas. 5) Requisitos para criação: Segundo pontua Marcelo Novelino (NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito Constitucional. 8ª edição, 2013, Editora Método, 787 p.), três são os requisitos necessários para a criação de uma CPI: (a) requerimento de um terço dos membros da Casa; (b) apuração de fato determinado; (c) prazo certo de duração. (A) Requerimento de um terço dos membros da Casa Consoante a CF/88, o requerimento deve subscrito por, pelo menos, 1/3 dos membros da Casa. No caso de comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI), o requerimento deverá ser de 1/3 dos membros de ambas as Casas Legislativas. Nesse tocante, o STF já declarou inconstitucional trecho de artigo do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que estabelecia, como requisito à criação de CPI, a aprovação do respectivo requerimento em Plenário, pela maioria dos membros. Ora, estabelecer tal requisito era desviar totalmente o que estava disposto na Carta Magna. Além disso, outro fundamento importante utilizado na decisão foi que a CPI deve ser caracterizada como sendo um direito subjetivo das minorias. Segundo o STF, no MS 26.441/DF, essa exigência do requerimento deve ser examinada no momento do protocolo do pedido perante a mesma Casa Legislativa, não sendo necessária uma posterior ratificação. Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! "EMENTA: (...) Existe, no sistema político-jurídico brasileiro, um verdadeiro estatuto constitucional das minorias parlamentares, cujas prerrogativas – notadamente aquelas pertinentes ao direito de investigar-devem ser preservadas pelo Poder Judiciário, a quem incumbe proclamar o alto significado que assume, para o regime democrático, a essencialidade da proteção jurisdicional a ser dispensada ao direito de oposição, analisado na perspectiva da prática republicana das instituições parlamentares. – A norma inscrita no art. 58, § 3.0, da Constituição da República destina-se a ensejar a participação ativa das minorias parlamentares no processo de investigação legislativa, sem que, para tanto, mostre-se necessária a concordância das agremiações que compõem a maioria parlamentar. - O direito de oposição, especialmente aquele reconhecido às minorias legislativas, para que não se transforme numa prerrogativa constitucional inconsequente, há de ser aparelhado com instrumentos de atuação que viabilizem a sua prática efetiva e concreta no âmbito de cada uma das Casas do Congresso Nacional. - A maioria legislativa não pode frustrar o exercício, pelos grupos minoritários que atuam no Congresso Nacional, do direito público subjetivo que lhes é assegurado pelo art. 58, § 3.º, da Constituição e que lhes confere a prerrogativa de ver efetivamente instaurada a investigação parlamentar, por período certo, sobre fato determinado. Precedentes: MS 24.847/DF, Rei. Min. CELSO DE MELLO, v.g. - A ofensa ao direito das minorias parlamentares constitui, em essência, um desrespeito ao direito do próprio povo, que também é representado pelos grupos minoritários que atuam nas Casas do Congresso Nacional (...). A rejeição de ato de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito, pelo Plenário da Câmara dos Deputados, ainda que por expressiva votação Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! majoritária, proferida em sede de recurso interposto por líder de partido político que compõe a maioria congressual, não tem o condão de justificar a frustração do direito de investigar que a própria Constituição da República outorga às minorias que atuam nas Casas do Congresso Nacional" (MS 26.441, Rel. Min. Celso de Mello, j. 25.04.2007, Plenário, DJE de 18.12.2009). (B) Apuração de fato determinado Consoante a CF/88, os fatos investigados pela CPI devem ser determinados. Assim, conforme aduzem Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado. 11. ed. São Paulo: Método, 2013. 457 p.), é vedada a criação de uma CPI para investigação de objeto genérico, inespecífico, abstrato, como “a corrupção no Poder Executivo”. Importante: fatos novos conexos podem ser investigados pela CPI? O STF já decidiu que sim, no Inq. 2.245/MG. Caso ocorra o surgimento de um fato novo conexo com o objeto da investigação, a inicial tem que ser aditada. É dever de a CPI permitir a presença de advogados, exercendo a defesa técnica, com todas as prerrogativasasseguradas pelo Estatuto da Advocacia. (C) Prazo certo de duração A CPI deve ser criada por prazo certo, predeterminado. Contudo, são permitidas, desde que observados os requisitos regimentais da Casa, sucessivas prorrogações. Deve-se destacar, entretanto, que existe um limite intransponível para o funcionamento de uma CPI, qual seja: o término da legislatura. 6) O princípio da separação de "poderes" e a impossibilidade de a CPI Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! investigar atos de conteúdo jurisdicional De acordo com Pedro Lenza (LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 18a edição, 2014, Editora Saraiva), deve-se consignar que o princípio da separação de poderes serve de baliza e limitação material para a atuação parlamentar, e, desse modo, a CPI não tem poderes para investigar atos de conteúdo jurisdicional, não podendo, portanto, rever os fundamentos de uma sentença judicial. Apesar disso, o Ministro do STF Celso de Mello adverte: " ... isso não significa, porém, que todos os atos do Poder Judiciário estejam excluídos do âmbito de incidência da investigação parlamentar. Na verdade, entendo que se revela constitucionalmente lícito, a uma Comissão Parlamentar de Inquérito, investigar atos de caráter não jurisdicional emanados do Poder Judiciário, de seus integrantes ou de seus servidores, especialmente se se cuidar de atos, que, por efeito de expressa determinação constitucional, se exponham à fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Legislativo (CF, arts. 70 e 71) ou que traduzam comportamentos configuradores de infrações político-administrativas eventualmente praticadas por Juízes do STF (Lei n. 1.079/50, art. 39), que se acham sujeitos, em processo de impeachment, à jurisdição política do Senado da República (CF, art. 52, II)" (voto no HC 79.441, j. 15.09.2000, fls. 322-323). Assim, vê-se que o magistrado poderá ser convocado para depor perante CPI sobre a sua atuação como administrador público, na prática de atos administrativos. 7) Limitação ao número de CPIs: "A restrição estabelecida no §4º do artigo 35 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, que limita em cinco o número de CPIs em funcionamento simultâneo, está em consonância com os incisos III e IV do artigo 51 da Constituição Federal, que conferem a essa Casa Legislativa a prerrogativa de elaborar o seu regimento interno e dispor sobre sua organização. Tais competências são um poder-dever que permite regular o exercício de suas atividades constitucionais" (STF, ADIn 1 .635, Rei. Min. Maurício Corrêa, DJ de 5-3- Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! 2004).‖ 8) Reclamação em face de instalação de CPI: "A reclamação, de que cuidam os artigos 102, I, ―l‖, da C.F., 13 da Lei n° 8.038, de 28/05/1990 e 156 do R.I.S.T.F., pressupõe a existência de processo judicial, no qual um órgão do Poder Judiciário esteja usurpando competência do Supremo Tribunal Federal ou desrespeitando a autoridade de suas decisões. Não é o caso de atos praticados por comissão parlamentar de inquérito, sujeitos a outra forma de controle jurisdicional" (STF, Recl. 2.066- QO, Rei. Min. Sydney Sanches, DJ de 2 7-9-2002). 9) Mandado de segurança contra relatório final de CPI "Com efeito, a circunstância de o nome do impetrante figurar no relatório final da CPI mencionada, com "recomendação" dirigida ao Ministério Público, quanto a eventuais procedimentos, por si só, não implica, em princípio, ilegalidade ou abuso de poder, reparável na via do mandado de segurança. Conforme referido, pelos próprios impetrantes, "o Ministério Público não é obrigado a obedecer a 'recomendação' da CPI". É COMENTÁRIO: O STF deixou assente que não há vedação constitucional a que as Casas Legislativas estabeleçam regimentalmente limites para a criação simultânea de CPI’s. COMENTÁRIO: Os atos praticados por CPI podem ser controlados pelo Poder Judiciário sem que isso caracterize situação de ilegítima interferência orgânica de outro Poder da República. Contudo, não é possível realizar o controle dos atos de uma CPI por meio da reclamação de que cuidam os artigos 102, I, “l”, da C.F., 13 da Lei n° 8.038, de 28/05/1990 e 156 do R.I.S.T.F., visto que ele pressupõe a existência de processo judicial. Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! exato, antes de tudo, na espécie, ter presente a presunção de realizar o Ministério Público exame das conclusões do relatório da CPI, com a independência e autonomia institucionais, que a ordem constitucional lhe confere, procedendo, assim, como entender de direito e justiça, diante das informações e documentos do relatório recebido, sem sujeição a quem quer que seja. 7. De outra parte, não cabe, aqui, análise, originariamente, em mandado de segurança, dos fatos que se apontam na inicial, bem assim da procedência ou não das conclusões a que chegou a CPI, em seu relatório. Somente na hipótese de o Ministério Público mover procedimento de natureza criminal ou civil contra o impetrante, com base no que restou apurado, pelo órgão parlamentar de inquérito, haverá espaço, nas instâncias competentes do Poder Judiciário, para este formular juízos de valor sobre as conclusões ora impugnadas na inicial deste feito‖ (STF, MS 24.198, Rel. Min. Néri da Silveira, O/ ele 8-3-2002). 10) Há a possibilidade de impetração de HC em face de ter sido um determinado agente convocado a depor em CPI? "Não há indicação de ato concreto e específico, por parte do órgão tido por coator, a evidenciar a prática de comportamento abusivo ou ilegal, ou ameaça à liberdade de ir e vir dos pacientes, o que não se há de ter como caracterizado pela só circunstância de convocação para depor na CPI" (STF, HC 80.584, Rel. Min. Néri da Silveira, 0/ de 6-4-2001). No mesmo sentido: STF, H C 80.853-MC, Rel. Min. Néri da Silveira, O/ de 16-4-2001; HC 83 .357, Rei. Min. Nelson COMENTÁRIO: A inclusão do nome de um indivíduo no relatório final de uma CPI não constitui, por si só, em princípio, ilegalidade ou abuso de poder reparável na via do mandado de segurança. Além disso, os resultados obtidos pela CPI não vinculam a atuação do Ministério Público, o qual poderá proceder como entender de direito, sem sujeição a quem quer que seja. Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! Jobim, O/ de 26-3-2004.‖ "A intimação – que representa o meio formal pelo qual se procede à convocação de alguém para comparecer perante uma comissão parlamentar de inquérito – não traduz, não configura e nem se reduz à condição de ato concretizador de ilegalidade ou de abuso de poder. É irrecusável que as atividades desenvolvidas por qualquer comissão parlamentar de inquérito estão necessariamente sujeitas à observância do ordenamento jurídico. Não se pode presumir, contudo, que esse órgão estatal vá transgredir os estatutos da República, eis que milita, em favor do Poder Público, salvo demonstração em contrário, a presunção juris tantum de legitimidade e de regularidade dos atos que pratica. Por isso mesmo, mera suposição de abuso estatal ou de prática arbitrária, quando destituída de base empírica, não pode justificar a concessão de medida judicial que suspenda, liminarmente, o regular exercício, por parte de uma comissão parlamentar de inquérito, da competência investigatória de que se acha investida. (...) É preciso ter presente, no entanto, que,sem a indicação, pelo impetrante, de um ato concreto e específico que evidencie, por parte da autoridade apontada como coatora, a prática de comportamento abusivo ou de conduta revestida de ilicitude, não há como sequer admitir o processamento da ação de habeas corpus, em face da inocorrência de hipótese caracterizadora de injusto constrangimento ao status libertatis da paciente. " (HC 80.427-MC, rel. min. Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 8- 9-2000, DJ de 13-9-2000.)‖ COMENTÁRIO: Assim, o indivíduo convocado para depor como testemunha perante CPI poderá impetrar habeas corpus para afastar a convocação, sendo imprescindível para isso que o impetrante demonstre a prática de um ato concreto e específico que evidencie, por parte da autoridade apontada como coatora, comportamento abusivo ou conduta revestida de ilicitude. Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! 11) Poderes: Segundo a CF/88, a CPI possui os poderes de investigação próprios da autoridade judiciária. Devem se referir aos poderes instrutórios. Não detém, assim, o chamado poder geral de cautela, inerente ao órgão jurisdicional. a) Pode quebrar sigilo bancário, fiscal, telefônico e de dados (informáticos). Contudo, não pode realizar interceptação telefônica. b) Pode buscar e apreender documentos, desde que não estejam protegidos por sigilo, como o de domicílio. c) Pode conduzir coercitivamente para prestar depoimento. O STF já decidiu que uma CPI não pode exigir a presença de indígena no Congresso Nacional, o que não impede de ouvi-lo dentro da sua própria comunidade. d) Pode determinar a realização de exames periciais. Importante: a CPI pode determinar a quebra do sigilo telefônico (lista de ligações realizadas, duração das ligações, etc.), mas não pode realizar por si só a interceptação telefônica (conteúdo das ligações). A CPI tem o dever de fundamentar satisfatoriamente todas essas decisões, além de observar princípio da colegialidade, o qual informa que as decisões devem ser tomadas pela maioria dos votos e não isoladamente. Confiram a decisão do STF que trata sobre o tema: "O princípio da colegialidade traduz diretriz de fundamental importância na regência das deliberações tomadas por qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito, notadamente quando esta, no desempenho de sua competência investigatória, ordena a adoção de medidas restritivas de direitos, como aquelas que importam na revelação ('disclosure') das operações financeiras ativas e passivas de qualquer pessoa. A legitimidade do ato de quebra do sigilo bancário, além de supor a plena adequação de tal medida ao que Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! prescreve a Constituição, deriva da necessidade de a providência em causa respeitar, quanto à sua adoção e efetivação, o princípio da colegialidade, sob pena de essa deliberação reputar-se nula" (MS 24.817, Rel. Min. Celso de Mello, j. 03.02.2005, Plenário, DJE de 06.11.2009). Em adição, o STF já declarou que todas as decisões proferidas pelas CPI’s que impliquem em restrição de direito só serão legítimas se forem devidamente fundamentadas, se houver pertinência temática com o que se investiga, se forem absolutamente necessárias e desde que sejam delimitadas temporalmente. Observem o seguinte excerto: ―(...) A jurisprudência firmada pela Corte, ao propósito do alcance da norma prevista no art. 58, § 3º, da Constituição Federal, já reconheceu a qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito o poder de decretar quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico, desde que o faça em ato devidamente fundamentado, relativo a fatos que, servindo de indício de atividade ilícita ou irregular, revelem a existência de causa provável, apta a legitimar a medida, que guarda manifestíssimo caráter excepcional (MS nº 23.452-RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO; MS nº 23.466-DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE; MS nº 23.619-DF, Rel. Min. OCTAVIO GALLOTTI; MS nº 23.639-DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO; etc.). Não é lícito, pois, a nenhuma delas, como o não é sequer aos juízes mesmos (CF, art. 93, IX), afastar-se dos requisitos constitucionais que resguardam o direito humano fundamental de se opor ao arbítrio do Estado, o qual a ordem jurídica civilizada não autoriza a, sem graves razões, cuja declaração as torne suscetíveis de controle jurisdicional, devassar registros sigilosos alheios, inerentes à esfera da vida privada e da intimidade pessoal. Como já afirmei noutro caso, em que se impugnava ato da mesma Comissão (MS nº 25.812, DJ de 232/02/06), quatro são os requisitos que devem estar presentes, de forma concomitante, para que se autorize Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! a medida excepcional, quais sejam: (a) motivação do ato impugnado; (b) pertinência temática com o que se investiga; (c) necessidade absoluta da medida, no sentido de que o resultado por apurar não possa advir de nenhum outro meio ou fonte lícita de prova, e (d) limitação temporal do objeto da medida (...).‖(STF, MS 25.966, Rel. Min. Cesar Peluso, DJE de 18.05.2006). 12) Limites aos poderes Segundo Marcelo Novelino (NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito Constitucional. 9ª edição, 2014, Editora Método), são limites aos poderes exercidos pela CPI: a) Cláusula de reserva de jurisdição: Existem alguns poderes que apenas podem ser exercidos pelo Poder Judiciário, tal como a inviolabilidade de domicílio, interceptação telefônica, prisão e o sigilo imposto a processo judicial. b) Direitos e garantias individuais Todos esses direitos devem ser respeitados pela CPI, dentre os quais se destaca o direito a não autoincriminação e o sigilo profissional. c) Medidas acautelatórias. A CPI não pode decretar medidas acautelatórias, como a indisponibilidade de bens, arresto e sequestro. 13) Mandado de segurança: A autoridade coatora é o presidente da CPI. Então, no caso federal, a competência para julgar seria do STF. 14) CPI ESTADUAL Pode existir, e deve seguir as regras gerais da CPI federal. Segundo o STJ, no AgRg/RO, a CPI estadual não possui competência para investigar autoridades submetidas a foro privilegiado federal. Assim, não pode investigar Governador ou Conselheiro do Tribunal de Contas do Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! Estado. 15) CPI MUNICIPAL Pode existir, de acordo com o princípio da simetria. A sua peculiaridade consiste no fato de ela possuir poderes mais restritos em relação às CPI’s federais e estaduais, notadamente por não existir órgão do Poder Judiciário Municipal. Pedro Lenza (LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 18a edição, 2014, Editora Saraiva, 595 p.) cita o voto de Joaquim Barbosa no qual este se posiciona no sentido de que os poderes instrutórios não são extensíveis às CPI’s municipais. Isso porque se trata, " ... no modelo de separação de poderes da Constituição Federal, de uma excepcional derrogação deste poder para dar a uma casa legislativa poderes jurisdicionais, posto que instrutórios. Essa transferência de poderes jurisdicionais não se pode dar no âmbito do município, exatamente porque o município não dispõe de jurisdição nem de poder jurisdicional, a transferir, na área da CPI, do Judiciário ao Legislativo" (voto na ACO 730, p. 82). BIBLIOGRAFIA UTILIZADA: ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. DireitoConstitucional Descomplicado. 11. ed. São Paulo: Método, 2013. 456 p. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 18a edição, 2014, Editora Saraiva MASSON, Nathalia, Manual de Direito Constitucional, 1ª edição, 2013, pag. 532 e 533 NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito Constitucional. 8ª edição, 2013, Editora Método, 787 p. Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! QUESTÕES DE CONCURSOS SOBRE O TEMA: (PGE-RJ-2010-PROVA ORAL) Pode um ministro do TCU ser convocado para CPI? RESPOSTA: SIM. Inclusive, a CF/88 traz expressamente tal possibilidade: Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada. (PGE-RJ-PROVA ORAL) Pode um governador ser convocado para uma CPI federal? Resposta: Instado a se pronunciar sobre o tema, o STF, por meio de decisão liminar do Min. Marco Aurélio Mello, em 2012, no caso do governador de Goiás, Marconi Perillo, aduziu que o Governador não pode ser convocado coercitivamente a prestar depoimento em uma CPI, em face da impossibilidade de se fazer um chefe do Poder Executivo comparecer a ela. Vejam o link da notícia: http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/stf- concede-liminar-para-perillo-nao-ser-convocado-pela-cpi/ (PGE-RJ-PROVA ORAL) Pode um Presidente ser convocado para uma CPI federal? Resposta: Por falta de previsão legal, já que o art. 50 da Carta Magna não coloca o Presidente dentre as autoridades, o entendimento que vem prevalecendo é de que o Presidente não pode ser convocado por CPI. Procuradoria Municipal - Concurso: PGM/Recife-PE - Ano: 2014 - Banca: FCC – Direito Constitucional Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! As comissões parlamentares de inquérito constituem importante instrumento de controle e fiscalização, atribuições dadas ao Poder Legislativo. Nos termos do texto constitucional, essas comissões serão criadas mediante requerimento de um terço de seus membros para a apuração de fato determinado e prazo certo, bem como terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. Analise o regime constitucional das comissões parlamentares de inquérito, examinando especificamente os seguintes aspectos: a) Legitimidade de prorrogação do prazo certo definido para o inquérito parlamentar; b) Funcionamento e composição em face das omissões dos representantes (líderes) das bancadas partidárias majoritárias em indicar parlamentares para integrá- la; c) Legitimidade e condicionantes para obtenção de informações cobertas por segredo de justiça e sigilo fiscal. RESPOSTA DA BANCA: É cabível a prorrogação de prazo das comissões parlamentares de inquérito, desde que: a) seja definido novo termo final e na sua atuação não ultrapasse o final da legislatura. A exigência constitucional de que as comissões sejam compostas de forma proporcional à extensão das bancadas parlamentares (art. 58, p. 1), impõe à direção da Casa Legislativa o dever de indicar os seus membros em substituição aos líderes. A ação de parcela majoritária dos parlamentares não tem o condão de impedir o inquérito parlamentar que atenda aos requisitos constitucionais. Não cabe às comissões parlamentares de inquérito obter informações sobre processos que corram em segredo de justiça. Trata-se de prerrogativa sujeita à reserva de jurisdição. O poder das comissões parlamentares de inquérito alcança a prerrogativa de obter informações cobertas por sigilo fiscal, desde que observe condicionantes. Os requerimentos que postulam, no âmbito do inquérito parlamentar, obter dados fiscais sigilosos devem ser aprovados pela maioria dos integrantes da comissão (princípio da colegialidade). Ademais, a decisão que determina a prestação de dados fiscais sigilosos deve conter – a partir do requerimento – explícita e idônea motivação em indícios e documentos constantes da investigação. Tal motivação deve, ademais, ser contemporânea à decisão, descabendo que seja apresentada a posteriori. (CESPE-2014-ANALISTA JUDICIÁRIO-TJ/CE) Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! Foi criada, no âmbito de uma assembleia legislativa estadual, uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apuração de fato determinado por prazo certo. Durante o desenvolvimento dos seus trabalhos, essa CPI determinou, entre outras medidas, (i) a busca e apreensão de material de prova na casa de um dos investigados e (ii) a quebra do sigilo das comunicações telefônicas desse mesmo investigado. Irresignado, o investigado impetrou mandado de segurança para questionar as medidas adotadas pela CPI, alegando violação à Constituição Federal de 1988, em especial à inviolabilidade domiciliar e ao sigilo das comunicações telefônicas. Com base nessa situação hipotética, bem como nas normas constitucionais e na jurisprudência do STF, analise, de forma fundamentada, as medidas adotadas pela CPI em contraponto às alegações apresentadas pelo investigado em sua ação. Ao elaborar seu texto, desenvolva, necessariamente, os seguintes tópicos: < poderes da CPI; [valor: 5,00 pontos] < possibilidade de determinação de busca e apreensão; [valor: 7,00 pontos] < possibilidade de decretação de quebra de sigilo telefônico. [valor: 7,00 pontos] (FUNIVERSA-2015-DELEGADO DE POLÍCIA-DF) As comissões da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal podem convocar ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente ligados à presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações a respeito de assunto previamente determinado, sob pena de crime de responsabilidade a ausência sem justificativa adequada. (CORRETA) (PGE-PR-2015-ADAPTADA) a) Compete à CPI, e não ao Poder Judiciário, o juízo sobre a restrição à publicidade da sessão da CPI. ―(...) entendo não competir, ao Poder Judiciário, sob pena de ofensa ao postulado da separação de poderes, substituir-se, indevidamente, à CPMI/Correios na formulação de um juízo – que pertence, exclusivamente, à própria Comissão Parlamentar de Inquérito – consistente em restringir a publicidade Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! da sessão a ser por ela realizada, em ordem a vedar o acesso, a tal sessão, de pessoas estranhas à mencionada CPMI, estendendo-se essa mesma proibição a jornalistas, inclusive. Na realidade, a postulação em causa, se admitida, representaria claro (e inaceitável) ato de censura judicial à publicidade e divulgação das sessões dos órgãos legislativos em geral, inclusive das Comissões Parlamentares de Inquérito. Não cabe, ao Supremo Tribunal Federal, interditar o acesso dos cidadãos às sessões dos órgãos que compõem o Poder Legislativo, muito menos privá-los do conhecimento dos atos do Congresso Nacional e de suas Comissões de Inquérito, pois, nesse domínio, há de preponderar um valor maior, representado pela exposição, ao escrutínio público, dos processos decisórios e investigatórios em curso no Parlamento. Não foi por outra razão que o Plenário do Supremo Tribunal Federal – apoiando-se em valioso precedente histórico firmado, por esta Corte, em 5-6- 1914, no julgamento do HC 3.536, Rel. Min. OliveiraRibeiro (Revista Forense, vol. 22/301-304) – não referendou, em data mais recente (18-3-2004), decisão liminar, que, proferida no MS 24.832-MC/DF, havia impedido o acesso de câmeras de televisão e de particulares em geral a uma determinada sessão de CPI, em que tal órgão parlamentar procederia à inquirição de certa pessoa, por entender que a liberdade de informação (que compreende tanto a prerrogativa do cidadão de receber informação quanto o direito do profissional de imprensa de buscar e de transmitir essa mesma informação) deveria preponderar no contexto então em exame.‖ (MS 25.832- MC, rel. min. Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 14-2-06, DJ de 20-2-06). No mesmo sentido: HC 99.864-MC, rel. min. Presidente Gilmar Mendes, decisão monocrática, julgamento em 10-7- 2009, DJE de 5-8-2009. GABARITO: ERRADA Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! d) Devido à separação de poderes e aos freios e contrapesos, a CPI poderá convocar magistrado com o fito de investigar ato jurisdicional, ou seja, avaliar as razões de decisão judicial. Gabarito: Errada. c) Não viola a Constituição Federal a norma inserta em Constituição Estadual que condiciona a criação da CPI à deliberação pelo Plenário da Casa Legislativa. Gabarito: Errada (CESPE-2014-TCE-PB-PROCURADOR-ADAPTADA) a) Caso seja impetrado mandado de segurança em face de ato de CPI que tenha determinado a quebra do sigilo fiscal do impetrante, e, em seguida, sejam encerrados os trabalhos da CPI, o julgamento do writ deverá prosseguir, em virtude do temor do impetrante de eventual uso abusivo das informações. GABARITO: ERRADA ―A jurisprudência do STF, por regra, determina a prejudicialidade das ações de mandado de segurança e de habeas corpus, sempre que — impetrados tais writs constitucionais contra Comissões Parlamentares de Inquérito — vierem estas a extinguir-se, em virtude da conclusão de seus trabalhos investigatórios, independentemente da aprovação, ou não, de seu relatório final‖ (MS 23.852-QO, Rel. Min. Celso de Mello, j. 28.06.2001, e julgados mais recentes, como HC 100.200, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 08.04.2010, MS 25.459-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 04.02.2010 etc.).‖ (grifamos). b) As CPIs podem ser criadas para a apuração de fato determinado, ainda que sobre esses mesmos fatos já tenham sido instaurados inquéritos policiais ou processos judiciais. Gabarito: Correto "(...) Preenchidos os requisitos constitucionais Este material é disponibilizado de forma gratuita no site www.ousesaber.com.br Venda Proibida! (CF, <>. <>, § 3º), impõe-se a criação da CPI, que não depende, por isso mesmo, da vontade aquiescente da maioria legislativa. Atendidas tais exigências (CF, <>. <>, § 3º), cumpre, ao presidente da Casa legislativa, adotar os procedimentos subsequentes e necessários à efetiva instalação da CPI, não lhe cabendo qualquer apreciação de mérito sobre o objeto da investigação parlamentar, que se revela possível, dado o seu caráter autônomo (RTJ177/229 – RTJ 180/191-193), ainda que já instaurados, em torno dos mesmos fatos, inquéritos policiais ou processos judiciais. (...)" (MS 24.831, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 22-6-2005, Plenário)". Equipe Ouse Saber
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