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Aspectos Históricos do Direito

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Zetética x Dogmática
Disciplinas Zetéticas são aquelas que têm compromisso com a reflexão e questionamentos acerca dos fenômenos jurídicos, ven
do seus aspectos políticos, filosóficos, históricos e sociológicos, como é o caso de História do Direito. Já as disciplinas
Dogmáticas são as que tem relação direta com a aplicação da norma, solucionando conflitos com base nos textos jurídicos, que
é o caso, por exemplo do Direito Civil.
Discurso Crítico x Legitimador
O discurso legitimador, encarado de forma equivocada para se observar os fenômenos do direito, é aquele que sacraliza o momen
to atual, alegando certa superioridade em relação aos demais direitos de outras épocas, podendo se transparecer em um discur
so tradicionalista, no qual o Direito é visto como antigo e, se duradouro até hoje, é tradicional, portanto, melhor, ou em
um discurso evolucionista, no qual se enquadra o direito atual como resultado de uma evolução no pensamento jurídico até cul
minar em uma forma melhor que as anteriores. Esse discurso é considerado incorreto pois para a maioria dos autores a análise
histórica do direito não é valorar qual é melhor que o outro, mas sim analisar e compreender o direito ao longo da história.
Já o discurso crítico, tido como correto, combate esse anacronismo, compreendendo os processos históricos e os abordando de
maneira crítica, fazendo compreender o direito como um produto social que absorve as características de uma determinada época
, sempre contextualizados com a época da análise em seus valores morais, religiosos e éticos vigentes.
Direito nas Sociedades Arcaicas
Para as sociedades ágrafas, as instituições da família e religião, tal qual como o próprio direito estavam bastante relaciona
dos, pelo fato da própria sociedade tratar os três como uma coisa só, não havendo distinção entre direito, moral e religião.
As regras eram únicas, não de cunho moral, religioso ou legal, apenas regras sociais. As famílias eram centro de todas as de
cisões morais e representavam grande importância social, cada família tinha seu próprio núcleo, com suas próprias crenças e
regras. Com o passar do tempo, essas famílias vão se unir em tribos por diversos fatores, desde econômicos a religiosos, fa
zendo com que o direito que anteriormente pertencia a cada família passase a valer para toda a tribo. O direito se constituia
de forma com que cada família, baseada em sua própria religião, estabelecia normas sociais de acordo com a mesma, essas con
troladas e executadas pelo chefe da família, se tornando norma de conduta obrigatória. Com o surgimento das tribos isso vai
mudar, essas crenças e tradições eram compartilhadas com a tribo e se tornava norma de conduta obrigatória a todos da tribo,
não havendo a ideia de proteção individual, mas sim dos interesses do grupo. Todas as regras derivavam da religião, inicial
mente familiar e posteriormente das tribos, as quais configuravam o direito da época.
Direito Egípcio
Os egípcios, analisados em um recorte temporal entre a III e V dinastias, eram muito religiosos, politeístas, e acreditavam
que os deuses eram capazes de influenciar na vida comum. Esse caráter religioso é de extrema importância, visto que influenci
a o Direito em sí, já que os Egípcios tinham a crença na imortalidade da alma, existindo um ciclo de morte e de renascimento,
mas isso dependeria do comportamento individual em vida, se se comportassem, logo a obediência à norma resultaria na imortali
dade da alma. Esse caráter se reflete para que o panorama político Egípcio, comparado a outros povos, seja de muita estabili
dade, sem muitas descentralização do poder, a organização política, dominada pelos Faraós, não foi muito contestada durante o
período de quase 3000 anos de civilização. Isso se dá também pelo Faraó ser considerado uma entidade divina, dando um caráter
mais forte para suas decisões políticas. Havia lei na sociedade egípcia, embora nunca encontrada de maneira codificada, o que
faz com que não se possa comprovar se havia direito escrito na época, embora se assuma que haveria. Foram descobertos um núme
ro expressivo de contratos, levando a crer que a sociedade era bastante individualista, dando autonomía para o indivíduo de
deixar ou vender seus bens da maneira que preferisse, uma característica inédita até então. Socialmente havia uma considerá
vel igualdade entre os cidadãos, havia o Faraó e os Sacerdotes, mas não havia nobreza ou diferenças sociais marcantes, essa
igualdade também refletida em instância familiar, o marido não era autoridade frente à mulher, com funções certamente diferen
tes entre os dois, mas sem a dependência do marido, podendo ter bens próprios até quando casada.
Direito Cuneiforme
O direito cuneiforme é de grande importância para a história do direito já que é a primeira vez que se organizam "códigos" de
leis, embora não sejam propriamente códigos, mas sim, compilações. Diferente da sociedade egípcia, a sociedade da mesopotâmia
não acreditava na vida eterna, levando o panorama político a não ser tão estável quanto no Egito (comparação entre rios Nilo,
estável, e Tigre e Eufrátes, instáveis), logo o direito precisava ser aplicado com mais rigor para controlar a sociedade. A
região não era unificada e consistia em cidades-estado independentes que frequentemente entravam em conflitos umas com as ou
tras. As regras inicialmente eram orais e costumeiras, mas houve a necessidade dos Reis da região, para transmitir o direito,
que se compilassem as regras de forma escrita, fato inédito até então, colocando o direito como instrumento de dominação.
O código de Hamurabi é o mais famoso, mas não o mais antigo, sendo antecedido pelo de Ur-Nammu e as Leis de Eshunna. A dife
rença é que o de hamurabi foi descoberto com maior integridade que os anteriores, por isso é o mais estudado. O código de Ha
murabi é baseado na Lei de Talião, de retaliação, diferente dos demais que não se utilizam tanto desse recurso, sendo mais
baseados no recurso de compensação financeira. O objetivo do código de Hamurabi era levar a justiça à sociedade, evitando a
opressão do mais forte pelo mais fraco. Com ele podemos entender mais sobre a sociedade em si, como por exemplo o divórcio,
que era permitido tanto para o homem quanto para a mulher, mas apenas se seu marido a desprezar e não for infiél. O adultério
também era proibido, porém, o homem nessas situações é penalizado apenas com a perda da mulher, já no contrário, a mulher era
morta.
Direito Hebraico
O povo hebreu, de início escravizado pelos Egípcios quando buscaram uma situação melhor, após sua libertação por Moisés, pas
sam 40 anos de peregrinação até chegarem à "terra prometida". Durante esse período, temos a formação da chamada Torá, conjun
to de regras presentes nos cinco primeiros livros da Bíblia, chamados de Pentateuco, compostos de Gêneses, Êxodo, Números,
Levítico e Deuteronômio. A sociedade hebraica não era muito diferente das demais, baseada na religião, porém, monoteísta, di
ferente de outras religiões passadas, fundamentada na formação de seu povo pela aproximação de Abraão à Deus, pelo símbolo da
circuncisão. Comparados aos outros povos, os hebreus nunca tiveram muita força, não subjugaram outros povos e sempre estive
ram em posição de serem subjugados, resultado de uma centralização tardia. Têm seu ápice de respeito durante o reinado de Sa
lomão e Davi. Posteriormente, foram divididos em dois, a Samaria (Israel) e o Reino de Judá, em Jerusalém. Além da Torá, te
mos o Direito Talmúdico, que são as interpretações do texto sagrado, contendo os costumes do povo hebreu e como se dão algu
mas relações jurídicas, tais qual o casamento.
Direito Grego
Quando falamos de direito grego, falamos especificamente da cidade de Atenas, já que todo o conceito da democracia grega era
a da cidade, diferente de Esparta por exemplo. A sociedade grega também era religiosa, politeísta, na qual seus deuses não só
tinham forma humana, mas também comportamento
humano. Não existia uma unidade política, mas sim várias cidades-estado, compar
tilhando a mesma cultura, porém, cada uma com seu poder político e um direito próprios. A Religião está ligada à mitologia,
vinculando os deuses existentes a seu cotidiano. A deusa que representa o Direito é a deusa Thêmis e a deusa que representa
a justiça é Diké. Há uma diferença considerável entre a representação da deusa da justiça em Atenas e em Roma. Para os ateni
enses, a deusa Diké, representada pela imagem da deusa com uma espada em uma mão e uma balança na outra, demonstrava a visão
grega de se levar em consideração quando aplicar a justiça levando em conta a diferença. Diferente disso, a deusa Iustitia,
Romana, leva os olhos vendados e segura uma balança com as duas mãos, logo, não se deve levar em consideração a diferença na
justiça, se ligando ao conceito de igualdade formal, oposto à igualdade material grega.
Na transição para a democracia ateniense podemos destacar o trabalho de três legisladores: Drácon, Sólon e Clístenes. O pri
meiro, Drácon, eupátrida ateniense ligado ao comércio, recebe a missão de acalmar os ânimos de luta social da época e então
elabora um "código" muito simples, uma compilação de leis, principalmente na esfera penal, caracterizada por ser severa e ri
gorosa. Isso não será bem aceito e Sólon é escolhido para amenizar essas medidas. Ele realizará importantes mudanças já que
Drácon não realiza nenhuma mudança social, além de diminuir o rigor da compilação de Sólon, acabar com a escravidão por dívi
da e implementar uma reforma política e social, não mais fundamentada na origem familiar. Ele cria quatro grupos sociais fun
damentados na riqueza, dando o controle da justiça e da política para os dois primeiros mais ricos e cria alguns órgãos públi
cos para os mais pobres poderem participar. Porém, ainda há uma certa pressão social durante 100 anos seguintes, o que levará
Clístenes a intaurar o sistema democrático em Atenas, divindindo a cidade em 10 regiões baseadas não em riqueza mas sim em
distribuição territorial, independente de sua classe social ou financeira, dando a todos os homens livres possibilidade de
participar da política.
Durante a democracia, temos uma grande forma de participação cidadã e órgãos importantes. O mais importante era a Eclésia,
uma espécie de assembleia formada por todos os cidadãos acima de 18 anos, se reunindo 4 vezes por mês para deliberar sobre a
vida na cidade, sendo qualquer medida tomada necessariamente aprovada pela Eclésia. Também havia o conselho dos 500, também
conhecido como Bulé, no qual cada tribo contribuiria com 50 membros sorteados entre os maiores de 30 anos, que proporiam as
suntos para a Eclésia debater, além de executar as decisões da Eclésia. Os tribunais principais eram o Aerópago e a Iliaia, o
primeiro importante antes da democracia mas que perdeu sua importância e passou a julgar apenas casos de homicídios premedita
dos e o segundo, composto por sorteio, com 6000 juízes e julgavam os casos concretos apresentados.

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