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AD1 de teoria da literatura ii

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Fundação CECIERJ/ UFF 
Graduação em Letras 
 
Disciplina: Teoria da Literatura II 
Coordenadora: Profa. Diana Klinger 
AD1- 1º semestre de 2017 Nota:______ 
 
 
 
QUESTÃO ÚNICA: A partir da Unidade 1 e da leitura dos capítulos 3, “O belo e 
a arte” (p. 9 -14), e 5, “A imitação” (p. 17-21), do livro Introdução à filosofia da 
arte, de Benedito Nunes, disponível na Unidade 2, responda à seguinte 
questão: em que sentido o conceito de verossimilhança, trazido por Aristóteles 
na sua Poética, implica uma mudança de posição com relação à ideia de 
mimesis de Platão? 
 
Diferente de Platão, Aristóteles dá à mimese (ou “representação”) um 
lugar especial em sua análise, ao estabelecer, a partir desse conceito, uma 
concepção estética para as artes. Em se tratando de um procedimento geral, a 
mimesis implica a ação que distingue os homens dos animais e constitui-se 
como um princípio da natureza humana. Aristóteles defende que “a tendência 
para a imitação é instintiva no homem, desde a infância. Neste ponto 
distinguem-se os humanos de todos os outros seres vivos: por sua aptidão 
muito desenvolvida para a imitação. Pela imitação adquirimos nossos primeiros 
conhecimentos, e nela todos experimentamos prazer” (Aristóteles, p. 4 do 
PDF). 
Desse modo, a mimesis para Aristóteles traduz a condição do processo 
de conhecimento e de invenção do próprio homem, uma vez que a experiência 
sensível também se faz por ela e com ela. “Os seres humanos sentem prazer 
em olhar para as imagens que reproduzem objetos. A contemplação delas os 
instrui, e os induz a discorrer sobre cada uma, ou a discernir nas imagens as 
pessoas deste ou daquele sujeito conhecido” (Ibid., p. 5 do PDF). 
Assim, se para Platão a mimesis seria algo “falso”, afastado da verdade 
(que para ele só pode ser atingida racionalmente, isto é, pela abstração), para 
Aristóteles, há nos produtos da mimese algo que traz prazer e conhecimento. 
Para Platão, a imitação do artista não passa de uma forma de corromper a 
capacidade de raciocínio do homem, uma vez que este, através da 
representação, deixa se levar pelos sentidos e pelas emoções, e não pela 
Razão que é a única via de acesso à verdade. Platão argumenta que a 
representação artística está duplamente afastada da verdade, pois o pintor ou 
o poeta imitam os objetos da realidade e esta já seria uma imitação dos 
conceitos, que são abstratos e universais. Os conceitos de Belo ou de Justiça, 
por exemplo, nunca poderiam ser atingidos por uma criação material, ficariam 
no âmbito da ideia, do ideal. Daí que para Platão a filosofia seja mais 
importante em sua República, ao passo que a poesia não serviria à educação 
dos cidadãos. A Filosofia levaria à reflexão enquanto a poesia, a representação 
dramática, levaria à alienação. 
(Poderíamos fazer uma analogia entre este pensamento e a doutrina 
cristã, na medida em que a perfeição de Deus também não pode ser atingida 
pela criação do homem, assim, a perfeição é um conceito e não pode ser 
representado, não temos imagens de Deus). 
Já Aristóteles valoriza a mimesis como forma de conhecimento e 
aprendizado e também, sobretudo como forma de catarse, isto é, expurgação 
dos instintos ruins dos cidadãos. Para Aristóteles, na mimeis (na poesia, na 
pintura) não há tal afastamento da Verdade, pois o poeta não visa contar “o 
que aconteceu”, como o historiador, e sim “o que poderia acontecer”, isto é, 
não visa à verdade e sim à verossimilhança. Assim, a representação não teria 
compromisso com a verdade e, portanto, não poderia ser falsa como propunha 
Platão. Essa ideia também traz a diferença entre poesia e história, em que 
cabe ao poeta narrar “o que poderia ter acontecido, o possível, segundo a 
verossimilhança ou a necessidade” (p.14), enquanto compete à história a 
narração do que realmente aconteceu. Assim, a história visaria ao 
acontecimento particular, enquanto a poesia visaria falar do universal, assim 
como a filosofia. Por exemplo, a tragédia de Édipo, de Sófocles, que para 
Aristóteles é a mais perfeita, permitira a catarse (o sentimento de horror mas 
também de compaixão que expurga os impulsos ruins dos seres humanos) e 
assim a tragédia se torna essencial para a formação do cidadão. De fato, 
percebemos que a história de Édipo continua até os dias de hoje sendo válida 
para se pensar em sentimentos humanos (“universais”), por exemplo, na teoria 
freudiana do “complexo de Édipo”. Portanto, do ponto de vista de Aristóteles, 
não há hierarquia entre poesia e filosofia.

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