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02/12/2013 1 AULA 6: CONTROLE DO CRESCIMENTO MICROBIANO UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – UNIFAL-MG INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA Microbiologia Geral Profa. Ingridy Ribeiro Cabral PREVENIR A INFECÇÃO ANTES QUE ELA OCORRA 02/12/2013 2 FUNDAMENTOS DO CONTROLE MICROBIANO Destruir Remover Inibir Formas de controle Destruição ou remoção de “todos” os microrganismos presentes; Destruição ou remoção de um “determinado grupo” de microrganismo; Prevenção da multiplicação de microrganismos presentes num determinado ambiente ou hospedeiro. O controle microbiológico pode ser realizado INIBIÇÃO: Bloqueio da multiplicação – ação microbiostática (MO vivo não multiplica – morte lenta). MORTE: Perda irreversível da capacidade de reprodução – ação microbicida (morte rápida do micro- organismo). 02/12/2013 3 DENOMINAÇÃO DOS AGENTES DE CONTROLE DE MICRORGANISMOS - Antimicrobianos: agentes que matam ou previnem o crescimento (antibacterianos, antivirais, antifúngicos e antiprotozoários) - Microbicidas: agentes que matam os MO (bactericidas, viricida, fungicida) - Microstáticos: agentes que apenas inibem o crescimento dos microrganismos (bacteriostáticos, fungistáticos) ESTERILIZAÇÃO: remoção ou destruição de todas as formas de vida microbiana. O aquecimento é o método mais comum utilizado para matar MO, incluindo esporos. * Esterilização comercial: temperatura suficiente para matar Clostridium botulinum. 02/12/2013 4 - Desinfecção: destruição de patógenos na forma vegetativa (não formadores de esporos) de superfícies, materiais, etc. - Antissepsia: quando o tratamento é dirigido à tecidos vivos. - Degerminação: remoção de MO de uma área limitada – pele para receber injeção. - Sanitização: destruição de MO de utensílios alimentares a nível seguro de saúde pública. Taxa de morte microbiana Critério de morte de um MO: baseado na capacidade de se reproduzir – perda da capacidade de reprodução. Os MO são mortos pelo contato com agentes antimicrobianos – morte exponencial. Ex: inicialmente há 1 milhão de bactérias – após 1 minuto de ação, elimina-se 90% delas (sobram 100.000 bactérias). Após um minuto, 90% das 100.000 são mortas e assim sucessivamente. 02/12/2013 5 Taxa de morte microbiana Tempo (min) Mortes/min Nº de sobreviventes 0 0 1.000.000 1 900.000 100.000 2 90.000 10.000 3 9.000 1.000 4 900 100 5 90 10 6 9 1 FATORES QUE INFLUENCIAM A ATIVIDADE DO AGENTE ANTIMICROBIANO Tamanho da população microbiana; Intensidade ou concentração do agente microbicida; Tempo de exposição ao agente microbicida; Temperatura em que os microrganismos são expostos ao agente microbicida; Natureza do material que contém os microrganismos (meio líquido ou viscoso, alimento mais ou menos ácido); Características dos microrganismos que estão presentes (os microrganismos diferem quanto à resistência a agentes físicos e químicos). 02/12/2013 6 Condições que influenciam a atividade antimicrobiana 1. Tamanho da população: 2. Intensidade ou concentração do agente microbicida 02/12/2013 7 3.Temperatura em que os MO são expostos ao agente microbicida MECANISMO DE DESTRUIÇÃO DAS CÉLULAS MICROBIANAS Parede celular: destruição da proteção celular. Membrana celular: destruição da integridade do conteúdo celular, interferência no transporte através da membrana. Alteração da permeabilidade da membrana: danos aos lipídeos e proteínas de membrana causam vazamento do conteúdo celular (ex.: quaternários de amônio). Citoplasma: alteração do estado físico do citoplasma. Destruição das estruturas celulares 02/12/2013 8 Ribossomos: inibição da síntese protéica Enzimas: inativação Dano às proteínas: – Rompimento das ligações de hidrogênio ou das pontes dissulfeto, causando desnaturação das proteínas (produtos químicos ou calor) Danos aos ácidos nucléicos: – Calor, radiação ou substâncias químicas afetam ácidos nucléicos, resultando em falhas no processo de reprodução. Controle da população microbiana Destruir, inibir ou remover os micro-organismos Agentes físicos Agentes químicos MO em números aceitáveis ou ausência dos mesmos 02/12/2013 9 IMPORTANTE: CONSIDERAR O TIPO DE MATERIAL ANTES DE ESCOLHER O MÉTODO DE CONTROLE MÉTODOS FÍSICOS Radiação Alta temperatura Filtração Baixas temperaturas Alta pressão Dessecação Pressão osmótica 02/12/2013 10 ALTA TEMPERATURA A TEMPERATURA ELEVADA É UM DOS MÉTODOS DE MAIOR EFICIÊNCIA E UM DOS MAIS UTILIZADOS CALOR ÚMIDO: Causa desnaturação e coagulação das proteínas e enzimas Vapor d’água sob pressão é fornecido pela autoclave (120 ºC, 1 atm) e mata formas vegetativas e esporos Com água fervente e pasteurização ocorre destruição apenas da forma vegetativas dos microrganismos (não ocorre esterilização) • Preservação pelo uso de calor em alimentos enlatados, meios de cultura e vidrarias de laboratório, instrumentos hospitalares. • Resistência ao calor: varia entre os MO. • Ponto de morte térmica: menor temperatura em que todos os MO em uma suspensão líquida serão mortos em 10 min. • Tempo de morte térmica: tempo mínimo em que todas as bactérias em suspensão líquida serão mortas em uma dada temperatura. • Tempo de redução decimal: tempo, em min, em que 90% da população de MO, em uma dada temperatura serão mortas. 02/12/2013 11 Mais eficiente que o calor seco Desnaturação e coagulação de proteínas vitais - Bacillus anthracis: 2 a 15 min a 100oC -Células vegetativas de bactérias: 5-10 min a 60-70oC - Células vegetativas de leveduras: 5-10 min a 50- 60oC - Esporos de fungos: mesmo tempo a 70-80oC Calor úmido: 02/12/2013 12 CALOR SECO: Causa oxidação dos constituintes orgânicos da célula É necessário maior temperatura e tempo de exposição do que no calor úmido Estufa de esterilização a seco mata as formas vegetativas e esporos. É utilizada para esterilização de vidrarias, por 2 horas a 180 °C) Incineração: alças de repicagem, materiais contaminados (swabs, esponjas, agulhas) Calor seco 02/12/2013 13 Água fervente Mata forma vegetativas do patógenos bacterianos, quase todos os vírus e os fungos em 10 minutos Vírus da hepatite pode sobreviver até 30 minutos Alguns esporos sobrevivem 20 horas Nem sempre é confiável Incineração Prática de rotina: utilização do bico de Bunsen ou incineradores próprios 02/12/2013 14 BAIXAS TEMPERATURAS Temperatura de refrigerador: 0 - 7oC – taxa metabólica da maioria dos MO é tão reduzida que eles não podem se reproduzir ou sintetizar toxinas – efeito bacteriostático Congelamento rompe a estrutura celular DESSECAÇÃO - Células vegetativas quando dessecadas interrompem suas atividades metabólicas, mas podem permanecer viáveis por anos - A resistência ao ressecamento varia entre espécies: bactéria da gonorreia: suporta o ressecamento por 1 hora bactéria da tuberculose: permanece viável por meses endosporos: sobrevivem por séculos Ex: secagem de frutas, carnes, preservação de grãos 02/12/2013 15 ALTA PRESSÃO Se a pressão for alta o suficiente, as estruturas moleculares das proteínas e dos carboidratos serão alteradas: inativação das células vegetativas - Mantém o sabor, a coloração e os valores nutricionais dos produtos PRESSÃO OSMÓTICA Uso de altas concentrações de sal ou açúcar 02/12/2013 16 FILTRAÇÃO Normalmente são usadas para a filtração de substâncias que são termosensíveis como soro, antibióticos, vitaminas, colírios, etc Membranas filtrantes: Feitas de celulose, possuem diâmetros de poros variados (0,22, 0,45 µm de diâmetro), pequenos o suficiente para impedir a passagem de microrganismos (exceto vírus), descartáveis. Após a filtração, o liquido já estéril deve ser coletado em um recipiente limpo e estéril 02/12/2013 17 Filtros de partículas de ar de alta eficiência (HEPA) São de celulose; desenvolvidos para promover segurança contra aerossóis contaminados, retendo quase 100% dos microrganismos manipulados na câmara. São usados nas cabines de segurança biológica e salas de cirurgia. Procedimentos de segurança: 4 níveis de biossegurança diferenciados pelo grau do possível perigo e caracterizados pelos equipamentos de segurança e pelas técnicas requeridas Ex: nível 1: somente técnicas e rotina nível 4: cuidado máximo – roupas e técnica de descontaminação e cabines hermeticamente fechadas Filtros HEPA Utilizados em Câmaras de Fluxo Laminar Constituído de acetato de celulose aderido a uma folha de alumínio. Retém 99% das partículas 02/12/2013 18 RADIAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS Feixes de elétrons: potência de penetração bastante inferior, mas exigem segundos de exposição. Atua no DNA celular Nos EUA: conservar temperos, algumas carnes e vegetais Utilizado na esterilização de produtos farmacêuticos, materiais descartáveis odontológicos e médicos Os correios utilizam na prevenção do bioterrorismo 02/12/2013 19 Radiação ionizante: raios gama, raios-X, feixes de elétrons. Transporta mais energia Raios X: capazes de penetrar em pacotes e produtos e esterilizar seus interiores Raios gama: mais baratos e são emitidos de isótopos radioativos - cobalto 60 Utilizados para esterilizar alimentos e equipamentos médicos Radiação não ionizante: - luz ultravioleta: 136 a 400 nm - excita os elétrons produzindo vários tipos de reação: DNA (mais afetado): 260 nm – há formação de dímeros de pirimidina que inibem ou alteram a replicação do DNA causando mortes ou mutações - Controla MO no ar - Desinfeta vacinas e outros produtos médicos - Não é muito penetrante - Pode lesionar o olho humano e causar queimaduras e câncer de pele 02/12/2013 20 Capela de fluxo laminar com uma fonte de radiação ultravioleta (lâmpada de vapor de mercúrio) utilizada para a descontaminação das superfícies internas Cabines de segurança biológica ou Fluxo laminar 02/12/2013 21 • Micro-ondas: não possuem efeitos sobre as bactérias • Os alimentos contendo umidade são aquecidos pela ação das micro-ondas e o calor matará a maioria dos patógenos • Alimentos sólidos se aquecem de modo desigual, devido à distribuição heterogênea da umidade MÉTODOS QUÍMICOS Atividade antimicrobiana (alta, intermediária, baixa); Solubilidade em água ou solventes; Estabilidade durante armazenamento; Ausência de toxicidade para homem e animais; Agente químico ideal: Agentes quimioterapêuticos: substâncias químicas, incluindo antibióticos, usados para tratar doenças 02/12/2013 22 Inativação mínima por material estranho; Atividade em temperaturas ambiente; Poder de penetração limitado ao local de aplicação; Ausência de poderes corrosivos e tintoriais; Capacidade detergente; Disponibilidade e baixo custo. Peróxido de hidrogênio: 3 a 6% - desinfecção 6 a 30% - esterilização A SELEÇÃO DE UMA SUBSTÂNCIA QUÍMICA ANTIMICROBIANA DEVE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO: Natureza do material a ser tratado: tecido vivo ou objeto inanimado Tipo de microrganismo Condições ambientais: tempo de contato, temperatura, pH, presença de matéria orgânica, presença de água, etc. Testes antimicrobianos – aula específica 02/12/2013 23 Principais grupos de desinfetantes e antissépticos Fenólicos (ácido carbólico) * primeiro agente químico usado como antisséptico * Joseph Lister (1865): efetivo agente e incisões cirúrgicas * Grupos hidroxila (-OH) presos a um anel benzeno * Solução a 5% mata células vegetativas, mas não os esporos * Possui odor desagradável e é bastante tóxico * Mecanismo de ação: desnaturam proteínas celulares vitais, incluindo as enzimas. Agem também sobre os lipídos. Rompimento da membrana citoplasmática. Cresóis: comuns em desinfetantes domésticos e hospitalares – permanecem ativos até na presença de sangue e fezes. Lysol: paracresol - derivado do fenol Hexaclorofeno: fenólico clorado – persiste na pele (restrito a infecções difíceis de pele) Bacteriostático para Gram positivas. Substituído pela clorexidina, que não é um fenólico. Aplicação prática 02/12/2013 24 Álcoois * Etílico a 50 e 70%: eficientes contra formas vegetativas * Não pode ser utilizado para esterilizar: não mata endosporos * Metanol: menos eficiente e muito tóxico * Propriedades bactericidas aumenta com o aumento da cadeia de carbono * Cadeias maiores que o propílico e o isopropílico são insolúveis * Mecanismo de ação: desnaturação de proteínas, dissolvem os lipídeos da membrana. Aplicação prática • Antissépticos de pele, desinfetantes de termômetros clínicos de uso oral e instrumentos cirúrgicos. • Método mais utilizado para limpar a pele antes da coleta de sangue 02/12/2013 25 Halogênios: iodo, cloro * Iodo: usado como antisséptico- agente oxidante, combina- se com a tirosina, inativando proteínas; - usado como solução aquosa ou tintura (em álcool) - Atua sem prejudicar os tecidos * Cloro: cloro, hipoclorito, cloraminas orgânicas -Atividade microbicida diminuída por matéria orgânica – mais usado em água. - 0,6 a 1,0 ppm de cloro livre: mata quase todos os micro- organismos de 15 a 30 segundos. * Peróxido de hidrogênio: não é um halogênio, mas também é um agente oxidante. - Usado como solução 3%: fraco- para limpar ferimentos; desinfetar instrumentos médicos e lentes de contato. - borbulha quando entra em contato com os tecidos: aeróbios possuem a enzima catalase (H2O2 – O2 + H2O) - Mata antes de ser destruído pela catalase. * Mecanismo de ação: são fortes agentes oxidantes por isso são altamente reativos e destroem os componentes vitais da célula microbiana. 02/12/2013 26 Aplicação prática - Iodo e seus compostos: microbicida de alta eficiência contra todas as espécies de bactérias; Também é esporicida, fungicida, viricida e amebicida; Utilizado para antissepsia da pele. - Cloro e seus compostos: desinfecção de água potável e de piscina; Sanificação de utensílios em restaurantes e equipamentos de laticínios; Desinfetante doméstico. Metais pesados: Sais de mercúrio e prata - Cloreto de mercúrio: foi muito usado, mas é tóxico. - Compostos orgânicos com mercúrio: Mercurocromo - Sais de prata: podem irritar a pele. • Mecanismo de ação: reagem com grupos sulfidril (-SH) de proteínas “envenenando” as enzimas e matando as células microbianas. Aplicaçãoprática: - Tratamento de pequenos cortes e feridas - Ação fungicida - Prevenção de infecções oculares (nitrato de prata) 02/12/2013 27 Detergentes ou Surfactantes – possuem partes hidrofílicas e hidrofóbicas. Emulsão (suspensão fina com gotículas oleosas na água). Diminuem a tensão superficial e limpam superfícies – surfactantes. • Mecanismo de ação: Removem a camada oleosa e os MO embebidos nela; desnaturação das proteínas das células, lesão da membrana citoplasmática * Sais de amônio quartenário: principal classe de surfactante germicida - Eficazes e não tóxicos - Ex.: Cepacol (cloreto de cetilpiridínio) - Aplicação prática: excelentes agentes antissépticos, desinfetantes e sanificantes. Aplicados em assoalhos, paredes, utensílios de restaurantes, lavagem de mãos. 02/12/2013 28 Agentes Alquilantes: - Ligam pequenas cadeias de átomos de carbono (grupos alquila) a proteínas. - Desativam enzimas, matando as células. - Formaldeído, glutaraldeído e óxido de etileno a) Óxido de etileno - gás * ativo contra células vegetativas e endósporos * alta penetração, mas necessita longa exposição *Atravessa e esteriliza interior de grandes pacotes com objetos, roupas e certos plásticos * Tóxico para humanos – usado em câmara fechada. b) Formalina – formaldeído a 37% * ativo contra células vegetativas e endósporos * Usada para preservar tecidos e embalsamar * 0,2 e 0,4% - inativa MO em vacinas 02/12/2013 29 c) Glutaraldeído Largo espectro de ação antimicrobiana Efetivo contra vírus, células vegetativas e esporuladas de bactérias e fungos Utilizado para esterilizar instrumentos urológicos, lentes de instrumentos, equipamentos respiratórios d) Formaldeído Extremamente tóxico – vapores intensamente irritantes Utilizado para esterilização de certos instrumentos, desinfecção de áreas fechadas ESTRUTURAS CELULARES COMPOSTOS QUÍMICOS E MECANISMO DE AÇÃO Parede celular Fenóis, hipoclorito de sódio causam lise celular Membrana citoplasmática Fenóis, álcoois e detergentes afetam a membrana citoplasmática, causando liberação dos constituintes celulares Material nuclear Hipocloritos, iodo, óxido de etileno, glutaraldeído e sais de metais pesados combinam com o grupamento -SH Ribossomos Oxido de etileno e glutaraldeído combinam com grupamentos –NH3 Citoplasma Sais de mercúrio e glutaraldeído coagulam as proteínas
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