Buscar

metodologia pratica geografia ensino fundamental 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Leia de Andrade
Metodologia e Prática 
de Geografia no 
Ensino Fundamental
Sumário
03
CAPÍTULO 1 – Quais são os fundamentos teóricos do ensino de Geografia? ........................05
Introdução ...................................................................................................................05
1.1 As metodologias comuns ao Ensino de Geografia ........................................................05
1.1.1 Método tradicional ..........................................................................................06
1.1.2 Método crítico ................................................................................................07
1.1.3 Método cultural ...............................................................................................08
1.2 A Geografia como área de conhecimento e conceitos fundamentais ..............................09
1.2.1 Conceitos fundamentais do Ensino de Geografia ................................................09
1.2.2 As relações para os conceitos de Lugar e Paisagem .............................................10
1.2.3 As relações para os conceitos de região e território .............................................12
1.3 O currículo de Geografia e o Ensino Fundamental de 9 anos .......................................13
1.3.1 As propostas Curriculares Nacionais ..................................................................13
1.3.2 As propostas curriculares estaduais ...................................................................14
1.3.3 Do currículo para a prática ..............................................................................15
1.4 O Estudo do Meio como prática de interação entre conteúdo e realidade ......................16
1.4.1 O Estudo do Meio ...........................................................................................16
1.4.2 O significado do Estudo do Meio para o ensino de Geografia ..............................18
1.4.3 O Estudo do Meio e os conceitos geográficos ....................................................19
Síntese ..........................................................................................................................21
Referências Bibliográficas ................................................................................................22
Introdução 
Olá, estudante!
Você já parou para pensar de que maneira é possível transmitir o conhecimento acadêmico para 
os níveis fundamental e médio? Imagina quais são as dificuldades encontradas no dia a dia? 
Quais as técnicas e métodos mais eficazes para a transmissão do conhecimento? Sabe como 
usar a Geografia para formar estudantes críticos?
Neste capítulo da disciplina de Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental 
aprenderemos sobre as bases epistemológicas da ciência geográfica e do seu ensino, buscando 
referenciais em diferentes estudiosos para, assim, apresentar concepções do assunto. Percebere-
mos que procurar apoio em diferentes formas de abordagens, compreensões e significados pode 
contribuir à melhoria da atividade docente e para a interpelação, de forma mais específica, de 
estratégias, técnicas e metodologias de ensino. Nesta unidade, apresentamos alguns conceitos e 
exibimos possibilidades práticas que podem contribuir para a atividade pedagógica do professor 
mediador.
Você poderá identificar a relação dos principais conceitos com os currículos e entender a sua 
importância para o ensino de Geografia. Por fim, compreenderemos também como o Estudo do 
Meio é relevante para se apreender os conceitos geográficos, bem como perceberemos a sua 
ação como ferramenta metodológica. Para isso, é primordial analisarmos o “como fazer”, que é 
exatamente o objetivo da metodologia do ensino de Geografia.
Agora, vamos aos estudos para que você possa saber de que maneira podemos entender e trans-
mitir aos estudantes toda essa gama de conhecimentos com os quais temos contato a cada dia. 
1.1 As metodologias comuns 
ao Ensino de Geografia
Ao se iniciar os estudos deste tópico é importante que você perceba que as relações estabeleci-
das com a natureza sempre fizeram parte das estratégias de sobrevivência dos grupos humanos, 
desde as primeiras formas de organização. Note que é por meio do trabalho que o homem 
transforma o espaço de acordo com suas necessidades e, nesse processo de transformação, vai 
deixando marcas na paisagem, modelando o espaço. Compreendemos, portanto, que “[...] a hu-
manidade faz Geografia há muitos séculos e a faz até mesmo sem saber.” (PEREIRA, 1989, p.48).
05
Capítulo 1 Quais são os fundamentos 
teóricos do ensino de Geografia?
Figura 1 - As práticas e o ensino da Geografia possibilitam a compreensão do mundo.
Fonte: Lonely, Shutterstock, 2016.
Mas, afinal, o que é a Geografia? Para compreendermos o conceito é necessário entender que 
o termo surgiu na Grécia antiga e tem como significado “escrever a terra”. Por muito tempo 
essa concepção foi utilizada no ensino. Mas você sabe como podemos diferenciar os saberes e 
a prática do ensino da Geografia? Ao estudar o conteúdo deste tópico, você entenderá essas e 
outras questões.
1.1.1 Método tradicional
Em 1549, a Companhia de Jesus chegou ao Brasil com a fundação de um colégio em Salvador 
(Bahia), instalando-se posteriormente no litoral brasileiro – de Santa Catarina ao Ceará –, tendo 
seus membros conhecidos como jesuítas e se caracterizando como uma ordem religiosa. O gru-
po, que era formado por estudantes da Universidade de Paris e liderado pelo padre português 
Manuel da Nóbrega, ficou conhecido principalmente pelo trabalho missionário e educacional. 
A Companhia de Jesus previa o ensino levando em consideração as características da colônia e 
colocando em primeiro plano a aprendizagem da leitura e da escrita. Na etapa seguinte a maio-
ria dos estudantes era encaminhada ao aprendizado de ofícios mecânicos ou agrícolas e uma 
minoria ao aprendizado do latim (SOUZA; PEZZATO, 2010).
Após essas ações de Nóbrega na área do ensino, o Padre Anchieta promoveu algumas mudan-
ças, como a elaboração do Ratio Studiorum (1584), que é “um documento com 467 regras sobre 
a gestão e a prática da educação nos colégios jesuítas em todo o mundo” (SOUZA; PEZZATO, 
2010, p. 77). O conhecimento geográfico, nesse período, vinha de trabalhos eventuais que eram 
realizados por cronistas coloniais e cientistas que faziam expedições e descreviam os lugares 
visitados e, por esse motivo, só chegavam aos colégios por meio da literatura. Esse sistema de 
ensino só foi modificado em 1827, com as Reformas Pombalinas. Elas culminaram na expulsão 
dos jesuítas das colônias portuguesas, tirando-lhes o comando da educação e a tornando res-
ponsabilidade do Estado. Oficializou-se, então, o método de ensino mútuo que consistia em au-
las avulsas de latim, grego e filosofia, estabelecia regras rígidas, chegando a utilizar estudantes 
mais adiantados como monitores, supervisionados pelo professor. Mesmo assim, o conhecimento 
geográfico ainda era restrito nas escolas, com imagens vagas do que seria o território brasileiro.
Com a criação do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, em 1837, a Geografia foi institucionaliza-
da como disciplina autônoma, visando a construção de ideias de nacionalidade e nacionalismo, 
ensinando-se noções de riquezas naturais e humanas. Na época, esse ensino era ministrado por 
professores de outras áreas, como advogados, sacerdotes ou autodidatas, mesmo período em 
06 Laureate- International Universities
Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental
que a Geografia ganhou autonomia em relação à História. Até então, os temas eram ensina-
dos nesta disciplina. Tenha em mente que nas escolas a Geografia surgiu em um contexto de 
afirmação nacional, para formar cidadãos nos princípios patrióticos. As atividades descritivas 
conduziamos estudantes a memorizar, sem relacionar ou refletir sobre os conteúdos ensinados 
(SOUZA; PEZZATO, 2010).
Você sabe quando foi publicado o primeiro livro didático de Geografia? Foi no Brasil, 
em 1840, escrito por Pedro d’Alcântara Bellergarde, com o título “Introducção Choro-
graphica à Historiado Brazil”. A obra era direcionada ao ensino primário e tinha como 
referência o Chorographia Brasilica, de Manuel Aires de Casal (PINA, 2009).
VOCÊ SABIA?
O sistema de ensino da disciplina aplicado no Colégio Pedro II permaneceu inalterado até um 
último decreto, em 1881, que apresentava uma orientação clássica de uma Geografia descritiva, 
mesmo se tratando de um sistema mais organizado que os anteriores. O colégio era foco de 
atenção do poder central, seguia o modelo francês de ensino com estudos simultâneos e seriados 
e manteve um curso de duração de seis a oito anos. 
Esse método tradicional de ensino da Geografia foi caracterizado por traços que demonstraram 
uma realidade fragmentada, que enaltecia a natureza, tratava o conhecimento geográfico como 
neutro, sem vínculo com as questões políticas, ensinava sem reflexão. Neste ponto, perceba que 
a sociedade é como um objeto a ser classificado, e a caracterização dessa Geografia tradicional, 
a partir desse método, supervalorizava a memorização, distanciando-se da realidade. 
Sendo assim, podemos afirmar que ele enaltece aspectos descritivos e decorativos, desprezando 
uma leitura mais crítica do espaço geográfico. O ensino, dessa forma, era somente uma trans-
missão de conteúdo, de forma neutra, com afastamento da realidade dos estudantes, objeti-
vando somente a memorização. Nesse cenário, compreenda que o professor era o detentor do 
conhecimento e os estudantes acompanhavam as descrições, sendo avaliados pela memorização 
de fenômenos geográficos e históricos. 
1.1.2 Método crítico 
Após estudarmos o método tradicional, neste item veremos como surge o método crítico de en-
sino. Para isso, é importante que você saiba que na década de 1970 a Geografia foi excluída 
dos currículos oficiais e substituída pela disciplina de Estudos Sociais. Com a Lei 5.692/71, as 
ciências humanas sofreram um expressivo golpe por conta da retirada da Sociologia, da Filosofia 
da Geografia e da História dos currículos durante o regime militar, passando a compor o curso 
de Estudos Sociais. Essa nova disciplina configurava uma formação rápida que possibilitava aos 
formados assumirem aulas de Geografia, História, Educação Moral e Cívica e Organização 
Social e Política do Brasil, na educação básica. Atualmente, ainda podemos observar vestígios 
desta época, pois os professores que fizeram parte dessa curta formação apresentam dificuldades 
de identificar a diferença entre as ciências. Como consequência, muitos desses profissionais se 
apegaram ao livro didático como salva-vidas do seu ensino. 
No entanto, no final dessa mesma década, ganhou força o debate da Geografia crítica, que 
acusa a Geografia clássica de ser uma enciclopédica de memorização. A disciplina passa, en-
tão, a ser interpretada como ciência do espaço, que é indissociável da sociedade, ao passo 
que a Geografia crítica se comprometia com a realidade e a justiça social, buscando corrigir 
as desigualdades. Isso fez com que houvesse um rompimento da neutralidade, colaborando na 
compreensão da espacialidade e das relações de poder e dominação.
07
É importante compreender que essa Geografia crítica influenciou as propostas curriculares, na 
tentativa de uma mudança radical nos conteúdos e na forma de trabalho escolar, mas o resul-
tado foi a elaboração de currículos extremamente conteudistas e ainda distantes da realidade 
dos estudantes. Embora esse método estimulasse o pensamento crítico, o modelo tradicional de 
memorização persistiu. Para compreender a função social da Geografia, gerou-se uma discussão 
sobre o seu ensino e sobre a ciência geográfica de forma ampla, surgindo questões como: para 
que serve a Geografia? Quem a usa e para quê? Assim, apareceram debates que se preocupa-
vam com a realidade. Porém, vale ressaltar que, nesse contexto, as questões eram apresentadas 
com um vínculo crítico.
Nesse método de ensino, o conhecimento científico deve ser atualizado e elaborado em função 
da realidade do estudante e do seu meio. Portanto, não se trata nem de partir do nada, nem 
de simplesmente aplicar o saber científico no ensino. Grave bem: deve haver uma relação entre 
o saber e a realidade do estudante, por isso é importante que o professor não seja apenas um 
reprodutor de conteúdo, mas um criador. Tenha em mente que o método crítico pode fazer com 
que os estudantes compreendam a realidade de forma mais ampla, possibilitando que nela inter-
firam de maneira mais consciente e propositiva. Para isso, é preciso que os educandos adquiram 
conhecimentos dos conceitos e dos procedimentos básicos com os quais podem não apenas 
compreender as relações socioculturais e o funcionamento da natureza, às quais historicamente 
pertence, mas também conhecer e saber utilizar uma forma singular de pensar sobre a realidade 
e sobre o conhecimento geográfico.
1.1.3 Método cultural
A Geografia cultural ou humanística tornou-se relevante a partir de 1990, quando foram feitas 
considerações à Geografia crítica. Ou seja, neste momento, quando as mudanças ocorridas 
no mundo colocam em debate o conteúdo da Geografia crítica, surge a chamada Geografia 
cultural ou humanística nas universidades e escolas. Também conhecida como Geografia da per-
cepção, nesta escola geográfica o sujeito possui um papel ativo na construção da realidade e na 
relação com os objetos do conhecimento. Essa postura transforma o método humanístico, pro-
gressivamente, em uma corrente construtivista. Dessa forma, a disciplina não será mais aquela 
que descreve a superfície terrestre e como ela funciona (Geografia tradicional), nem será apenas 
aquela que diz como os espaços humanos devem ser usados ou produzidos (Geografia crítica), 
mas será aquela que examina como o espaço produz o indivíduo (Geografia humanística) e a 
vida social.
Em 1996, a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) marcou a reorientação do 
ensino da Geografia na escola, estabelecendo que os estudantes fossem estimulados a exercitar 
a habilidade de perceber o espaço a partir de referências concretas. Com isso, o espaço vivido 
por eles foi recuperado e o ensino se aproximou da sua realidade. No entanto, não podemos 
afirmar que as práticas de memorização não estivessem mais nas aulas da disciplina, mesmo 
reconhecendo os avanços da formação dos licenciados. No decorrer do século XX e no início do 
século XXI, a Geografia escolar brasileira tem como recurso efetivo o livro didático, o qual parte 
da realidade escolar, sendo uma referência para análise das práticas de ensino.
Note que cada momento histórico exigiu e valorizou determinadas características da obra didá-
tica sobre a Geografia. Contudo, não devemos encarar esse fato de forma determinista, pois 
sempre há lugar para o novo e para o criativo, embora ele também deva levar em conta as 
conjunturas em que se insere. Nesse caso, os fatores limitantes estão relacionados à questão dos 
conteúdos, pois os livros didáticos não apresentam condições de abranger toda complexidade da 
disciplina. Porém, eles podem ser ultrapassados com facilidade pelo professor que sabe relacio-
nar os conteúdos com diferentes linguagens e com o cotidiano dos estudantes, abrindo, assim, 
um espaço de diálogo, afastando a ideia de que os livros didáticos trazem uma verdade absoluta.
08 Laureate- International Universities
Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental
1.2 A Geografia como área de 
conhecimento e conceitos fundamentais
Agora que você já estudou as metodologias comuns ao ensino da Geografia, irá compreender 
os conceitos fundamentais dessa disciplina. Para iniciarmosos estudos deste tópico, é importante 
destacar que a Geografia, como ciência, estuda as relações entre a Terra e os seus habitantes, 
ou seja, os aspectos físicos e humanos. A partir da segunda metade do século XX, o significado 
do ensino de Geografia nos currículos da educação formal passou a ser pensado e, com isso, a 
relação dos conceitos geográficos ganhou destaque. Para Callai (2005), os conceitos são funda-
mentais para que seja possível analisar os territórios em geral, bem como os lugares específicos, 
uma vez que eles são construídos pelos sujeitos ao longo dos processos de análise. Ao se apro-
priar dessa linguagem conceitual, o estudante desencadeará um processo de leitura do mundo, 
com um “olhar espacial”, identificando, assim, a relação dos principais conceitos geográficos. 
Mas você sabe de que modo podemos ensinar esses conceitos?
A Geografia, com o seu envolvimento interdisciplinar com as demais áreas, possibilita aos estu-
dantes conhecer, analisar, interpretar e agir na sua realidade espacial. Portanto, ao estudar os 
conceitos geográficos deste tópico, você conseguirá compreender como ensiná-los. Vamos lá?
1.2.1 Conceitos fundamentais do Ensino de Geografia
O conjunto conceitual geográfico construiu uma linguagem própria que está permeada por con-
ceitos que são necessários para a análise do ponto de vista geográfico. A apropriação conceitual 
ganha maior significado quando a compreensão é convertida em ação, sendo que o espaço é 
a principal categoria de análise da ciência geográfica. Assim, podemos afirmar que esse é o 
conceito de referência para o ensino de Geografia, pois, a partir da compreensão do que é o 
espaço, é possível entender os outros conceitos. 
No ensino de Geografia, mais precisamente durante o ensino fundamental, é necessário con-
verter o conceito de espaço, por extensão e complexidade, no conceito de lugar. Dessa forma, a 
compreensão dessa ideia também passa a ser uma referência para a aprendizagem. 
Figura 2 - As ruas que fazem parte do caminho de casa até a escola 
podem tornar-se um meio para se compreender o lugar.
Fonte: JeniFoto, Shutterstock, 2016.
09
Nesse sentido, podemos definir que os principais conceitos geográficos da disciplina são: lugar, 
paisagem, região e território. O lugar tem uma força e uma energia que lhe são próprios, que 
decorrem do que ali acontece. Ele é resultado de uma construção social e da vivência diária dos 
homens que habitam no lugar. A paisagem, por sua vez, pode ser definida pelas formas que o 
espaço geográfico revela diante dos nossos olhos, podendo ser percebida, também, a partir da 
multissensorialidade. 
A região, neste contexto, refere-se a uma porção superficial definida a partir de uma característi-
ca marcante, sendo definida como regiões naturais, econômicas, políticas e outras. O território é 
entendido pela área delimitada pelas fronteiras, que demarcam, muitas vezes, relações de poder, 
e, por esse motivo, nem sempre são visíveis. 
Ao entender isso, note que os conceitos fundamentais do ensino da Geografia estabelecem a 
significação de dados e informações obtidos e organizados, com o objetivo de expressar o es-
paço, que, por sua vez, expressa o sentido das origens das pessoas e da sua historicidade. Nos 
próximos itens você estudará mais a fundo esses conceitos. Fique atento!
1.2.2 As relações para os conceitos de Lugar e Paisagem
Podemos definir o lugar, nesse contexto, como o espaço vivido e sentido, onde é possível cons-
truir as mesmas relações do espaço como um todo. Porém, há a possibilidade de relatar nele 
as dimensões culturais e históricas e, por esse motivo, o lugar deve ser entendido a partir dos 
arranjos e das formas como ele se organiza, desorganiza e reorganiza em função de sua cultura, 
identidade, tradição, língua e hábitos, considerando não só a escala local, mas sua relação com 
o cenário global. Esse lugar pode ser entendido, por exemplo, por meio de uma festa no bairro 
ou ainda pela dinâmica entre as pessoas no bairro da escola, que representam as relações co-
tidianas dos estudantes. 
Se o espaço é construído pela sociedade (pelos homens, a partir de seu trabalho e de sua vida), 
a natureza também faz parte dessa construção, então é necessário entendê-la, bem como sua 
trajetória, usando-a como ponto de referência. Tendo isso em mente, saiba que é por meio da 
paisagem que podemos revelar a realidade do espaço e as suas relações com a natureza. Os 
laços locais são significativamente culturais e, por isso, demonstram a vida, ou seja, as formas 
de viver e de fazer as coisas, assim como de construir espaços.
Vamos pensar da seguinte forma: ao andar pela rua podemos conhecer o lugar, pois nela estão o 
trânsito e a circulação de pessoas, por exemplo, e, com isso, está carregada de histórias de vida. 
Uma sugestão de aplicação deste exemplo na prática é realizar um roteiro com os estudantes, 
caminhando por um determinado percurso, anotando pontos interessantes para discutir o que se 
observou. Perceba que com um planejamento organizado e com o roteiro e os objetivos definidos 
é possível fazer um levantamento, com os estudantes, do que significa a ‘nossa rua’.
Helena Copetti Callai, doutora em Geografia e professora de mestrado, escreveu di-
ferentes livros e artigos sobre o ensino da disciplina, como “Diálogos com professores 
- cidadania e práticas educativas” (2016) e “Educação geográfica - reflexão e prática” 
(2014). Ela parte do princípio de que a leitura do mundo e da vida pode ser realizada a 
partir da leitura do espaço, visto que ele traz e representa as marcas da vida dos homens.
VOCÊ O CONHECE?
10 Laureate- International Universities
Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental
É importante ter em mente que o espaço é constituído ao longo do tempo de vida das pessoas, 
levando em consideração a forma como vivem, pois cada um entende a paisagem a partir de 
sua visão, dos seus interesses e da sua percepção. Para Callai (2008), a paisagem é um mo-
mento do processo de construção do espaço. Deste modo, é interessante estudá-la para poder 
compreender a realidade. Por exemplo: ao apresentar o conteúdo de espaço urbano e espaço 
rural podemos utilizar imagens para analisar e comparar as diferentes paisagens desses espaços, 
como ilustram as imagens a seguir.
Figura 3 - Aspectos característicos de uma grande cidade.
Fonte: IM_photo, Shutterstock, 2016.
Note que a comparação e a correlação são tarefas que podem ser feitas após a observação 
dos lugares, no sentido de buscar analogias, levantar semelhanças e diferenças no interior do 
referido lugar.
Figura 4 - Aspectos de uma área rural.
Fonte: Dariush M, Shutterstock, 2016.
Ao observarmos diferentes paisagens podemos perceber as raízes das diferenças existentes. No 
exemplo sugerido, podemos verificar que a cidade distancia os homens da natureza, criando e 
recriando condições novas de relação, do “olhar a rua” e senti-la. Nesse sentido, podemos dizer 
que compreender aquilo que é visível permite que o estudante conheça e reconheça o espaço 
do seu cotidiano.
11
1.2.3 As relações para os conceitos de região e território
Para se iniciar os estudos deste item é importante que você saiba que sobre o conceito de região, 
Castrogiovanni (2007, p. 25) destaca que “o processo de regionalizar está ligado à ideia de 
agrupar em um espaço; pessoas, vegetais, animais, paisagens, habitações e outras variáveis em 
um determinado subespaço”. Vale destacar que o estudante da disciplina de Geografia tem o 
primeiro contato com esse termo no ensino fundamental.
Nesse sentido, podemos destacar que a região tem suas características relacionadas como espa-
ço vivido e não unicamente como espaço material, com limites fixos, à medida que se leva em 
consideração os valores que as pessoas têm em relação à região. Partindo dessas considerações 
é possível favorecera aprendizagem deste conceito por meio do estudo das regiões brasileiras, 
a partir da regionalização da própria sala de aula. A atividade pode ser realizada, por exemplo, 
pela reorganização dos estudantes a partir de alguns critérios, como idade, sexo e time de futebol 
para o qual torcem. Observe que dessa demarcação de limites e características surge, então, a 
criação dos territórios. 
Esse é um conceito que percorre diversos elementos que formam essa categoria de análise, des-
tacando a constituição enquanto elemento de poder, que se evidencia por meio da atuação do 
Estado ou pelas múltiplas relações de poder e dominação exercidas na gestão regional e local. 
Podemos perceber essa relação de poder ao observar uma rua: durante o dia ela serve para o 
deslocamento de pessoas e carros, atendendo ao comércio de determinados setores, e, durante 
a noite, em dias específicos da semana, ela pode tornar-se palco de uma feira ao ar livre (em 
dias específicos da semana).
Figura 5 - A rua com diferentes atividades: pessoas caminhando, carros e as relações de poder dos territórios.
Fonte: intararit, Shutterstock, 2016.
Neste exemplo, os estudantes podem, além de notar o conceito do cotidiano, perceber as di-
ferentes funcionalidades do espaço de acordo com o período do dia, percebendo, assim, as 
territorialidades distintas. Eles podem, ainda, exercitar a compreensão da disputa e delimitação 
territorial que ocorre em várias escalas, demonstrando como um mesmo espaço está incluso em 
diferentes escalas de territórios.
12 Laureate- International Universities
Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental
1.3 O currículo de Geografia e o 
Ensino Fundamental de 9 anos 
Ao longo do tempo, o currículo de Geografia vem sofrendo transformações em suas bases: tanto 
no currículo em si como nos métodos científicos geográficos. A estrutura curricular da disciplina 
requer uma compreensão da sua evolução enquanto pensamento geográfico e a sua influência 
sobre o ensino. Por isso, no decorrer das últimas décadas, o currículo de geografia passou por 
renovações, abandonando perspectivas tradicionais e passando para compreensões do ensino 
pautadas no social e nas relações de vivência dos estudantes. Isso fez com que o professor pas-
sasse a construir uma relação em que os estudantes sejam os construtores do próprio conheci-
mento, agindo como um mediador dessa construção.
Mas como podemos entender essa relação no currículo de Geografia? Como entender os objeti-
vos de cada currículo? E as suas esferas? Neste tópico, vamos diferenciar as esferas dos currícu-
los nacionais, estaduais e municipais e, ao estudar esse conteúdo, você conseguirá compreender 
o que ensinar e por que ensinar Geografia.
1.3.1 As propostas Curriculares Nacionais
Para iniciar os estudos deste item, você deve entender o currículo não como um objeto natural 
(algo já pronto), mas como uma construção social, com todas suas virtudes. Tenha em mente 
que a educação inserida num contexto com novos desafios busca interdisciplinar o conhecimento 
historicamente construído com as linguagens da sociedade atual. Hoje em dia, os currículos são 
pautados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) que, desde a década de 1990, orienta 
os currículos estaduais e municipais.
Você sabe o que é um currículo escolar? Ele pode ser entendido, de forma geral, como 
os conteúdos a serem ensinados e aprendidos; as experiências de aprendizagem es-
colares a serem vividas pelos estudantes; os planos pedagógicos elaborados por pro-
fessores, escolas e sistemas educacionais; os objetivos a serem alcançados por meio 
do processo de ensino e como os processos de avaliação que terminam por influir nos 
conteúdos e nos procedimentos selecionados nos diferentes graus da escolarização.
VOCÊ SABIA?
Se entendermos o currículo no sentido de articular os conhecimentos com a realidade das crian-
ças inseridas no contexto dos anos iniciais do ensino fundamental, observe o que ele deve con-
templar, para a disciplina de Geografia:
• o “eu” e os espaços de vivência e convivência;
• a escola e sua importância na vida das pessoas;
• o ambiente em que vivemos: a nossa casa, o bairro, o município e suas representações;
• a natureza e sua dinâmica;
• a linguagem cartográfica;
• as paisagens rurais e urbanas;
• as regiões do Brasil;
• o planeta Terra.
13
É importante que você saiba que o reconhecimento espacial, cartográfico, paisagista, ambiental 
temporal e espacial possibilita a apropriação das capacidades e habilidades para a alfabetiza-
ção, já que instiga o pensamento, a sensibilidade, a curiosidade e o seu estar e mover-se no 
mundo. 
De modo geral, para os anos finais do ensino fundamental os conteúdos temáticos apresentam 
a seguinte estrutura:
• 6º ano: compreensão geral do espaço, que se divide em categorias geográficas, 
cartografia e os aspectos físicos do planeta Terra; 
• 7º ano: aborda o espaço geográfico brasileiro; 
• 8º e 9º anos: abordam a regionalização do espaço mundial, sobre a ótica da compreensão 
dos aspectos gerais e globais, que interferem de modo articulado, e toda a dinâmica 
global, além da compreensão dos processos e características regionais, com a divisão do 
mundo em continentes.
Entenda que o objetivo geral dessa articulação curricular é compreender o papel e as possibi-
lidades das práticas sociais na configuração do espaço geográfico, proporcionando uma cons-
trução autônoma e o exercício do pensamento complexo, na busca de respostas para soluções 
de problemas locais, regionais e internacionais. Além disso, ela possibilita conhecer o mundo 
atual, favorecendo a compreensão de como as paisagens, os lugares, os territórios, as regiões e 
os espaços se constroem. 
Tendo isso em mente, saiba que ensinar e aprender são ações que exigem processos mais abertos 
de pesquisas e de comunicação e é nesse contexto que o professor exerce a importante função de 
ensinar o estudante a interpretar essas informações, relacionando-as e contextualizando-as. Nos 
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) o papel do professor está definido como aquele que 
planeja situações de ensino/aprendizagem significativas, considerando os conhecimentos que os 
estudantes já possuem, bem como os problemas e avanços no decorrer do processo pedagógico, 
com o objetivo de aperfeiçoar suas práticas (BRASIL, 1997).
Nesse contexto, podemos dizer que o professor exerce uma importante função no ensino, sendo 
que o primordial é mediar o estudante a interpretar as informações, o que requer um domínio 
tanto do conhecimento teórico quanto da prática docente. Nesse sentido, um dos grandes de-
safios dos educadores é desenvolver, em sala de aula, atividades dinâmicas e participativas, 
tornando o aprendizado construtivo e autônomo. 
1.3.2 As propostas curriculares estaduais
Para compreender as propostas curriculares atuais, elaboradas pelos estados para o ensino 
fundamental, é preciso situá-las no contexto das ideias, relações, demandas e prioridades em 
que tiveram origem. É necessário estabelecer o caráter oficial desses documentos e a relação 
de sintonia e legitimidade das orientações que os fundamentam com os princípios e práticas já 
presentes no cenário pedagógico de cada estado.
De maneira geral, podemos dizer que as propostas curriculares estaduais apresentam semelhan-
ça entre elas, sendo que as diferenças encontradas situam-se muito mais no âmbito das consi-
derações gerais e na relação com as condições locais do que na organização dos conteúdos e 
orientações metodológicas ou de avaliação. As normas centrais que se seguiram à Lei de Diretri-
zes e Bases da Educação Nacional (LDB) direcionam as propostas, especialmente no foco sobre 
a aprendizagem e na ênfase sobre a formação de competências e habilidades.
14 Laureate- International Universities
Metodologia e Prática de Geografia no Ensino FundamentalPara auxiliar em seus estudos é muito importante que você faça algumas leituras com-
plementares, como desses documentos, e descubra novos caminhos para o desenvolvi-
mento de seu trabalho em sala de aula. Acesse: Parâmetros Curriculares Nacionais - 1ª 
a 4ª série em <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf.> e Parâmetros 
Curriculares Nacionais – 5ª a 8ª série em <http://portal.mec.gov.br/par/195-secre-
tarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curricula-
res-nacionais-5o-a-8o-series>.
VOCÊ QUER LER?
Como você pode observar, o padrão de apresentação dos PCN como plano curricular é um guia 
indiscutível na elaboração das propostas do que vamos ensinar. Veremos agora como aplicar 
este conhecimento na prática. 
1.3.3 Do currículo para a prática
Vamos iniciar os estudos deste item destacando que ler e escrever são as habilidades maiores 
de um escolarizado no mundo em que vivemos atualmente. Elas são entendidas como quesitos 
básicos após um tempo de permanência na escola, sob a ação dos mecanismos de ensino e de 
aprendizagem escolares. O espaço que é o objeto da geografia para estudar e compreender as 
relações que se estabelecem na vida cotidiana das pessoas é cheio de especificidades, de marcas 
identitárias responsáveis pela sua existência.
Como em outras disciplinas que compõem a grade curricular, existe grande heterogeneidade 
das práticas de ensino em Geografia. É importante lembrar que ao mesmo tempo em que essa 
diversidade é extremamente benéfica, ela pode refletir um certo enfraquecimento relacionado 
à perda de identidade da ciência como disciplina. O currículo de Geografia indica o material 
didático, mas não exclui novas formas de discussão do conteúdo adequado a determinada série 
elaboradas pelo professor e tendo o apoio da escola no que se refere à liberdade dada ao do-
cente para realizar suas atividades planejadas, bem como a existência de materiais no ambiente 
escolar para inovação no momento das aulas.
Tenha em mente que para ensinar geografia é necessário entender o esclarecimento do nosso 
objeto de estudo e isso vai além de dar conta dos chamados conteúdos curriculares: é preciso 
vislumbrar a sala de aula como um segmento do espaço geográfico. Por isso consideramos e 
defendemos a necessidade de o professor não ser apenas um mero repetidor de informações, 
mas, sim, um interlocutor ativo em suas práticas pedagógicas, provocando o aluno a tornar-se 
um sujeito que compreenda e atue no espaço.
Nesse sentido, é necessário acontecer uma mescla, pois sabemos que existem momentos em 
que é preciso teorizar, com o objetivo de sistematizar e organizar o conhecimento. Ao mesmo 
tempo, devemos considerar a efetivação de atividades interativas para aproximar os estudantes 
de temas tão abstratos, levando em consideração as transformações que eles estão passando. 
Dessa forma, podemos considerar que o principal papel da educação não é, então, a formação 
de discípulos que repitam ou reproduzam noções ou opções dos mestres e sim formar mentes 
criativas que pensem o novo, propiciando aos educandos que se tornem cidadãos plenos, agen-
tes da história e sujeitos autônomos, críticos e criativos.
15
1.4 O Estudo do Meio como prática de 
interação entre conteúdo e realidade
O Estudo do Meio pode ser entendido como um método de ensino interdisciplinar que busca 
proporcionar, para estudantes e professores, o contato direto com determinada realidade. A ati-
vidade pedagógica se concretiza pela imersão orientada na complexidade de um certo espaço 
geográfico e do estabelecimento de um diálogo inteligente com o mundo, com o intuito de veri-
ficar e de produzir novos conhecimentos (LOPES; PONTUSCHKA, 2009).
Mas, como podemos aplicar o Estudo do Meio? Quais conceitos podem ser trabalhados nesse 
estudo? Ao estudar os itens a seguir você vai entender que o Estudo do Meio pode ser realizado 
em todos os níveis de ensino, mas que na educação básica ele pode tornar-se mais significativo 
que o processo ensino e aprendizagem. Vamos lá?
1.4.1 O Estudo do Meio
No Brasil, os Estudos do Meio começaram a acontecer nas chamadas escolas livres, que são 
escolas que trabalham de maneira independente dentro do sistema educacional criadas pelo 
movimento anarquista. Durante o movimento da Escola Nova, na década de 1930, e a Escola 
Tecnicista, na década de 1960, essa prática passou por transformações e adequações aos obje-
tivos educacionais (PONTUSCHKA, 1994). Nesse sentido, os espaços de vivência, demarcados 
pelos muros da escola, representam uma distinção entre duas realidades: o mundo da rua e um 
mundo interno da escola, tentando distanciar algo que insiste em se aproximar. 
Algumas escolas têm incorporado o Estudo do Meio em seus currículos ou, ainda, constroem o 
seu currículo a partir deste, espelhando-se em vários momentos da escola pública para realizá-lo 
como método, como um caminho, uma construção da educação formadora, distanciando-se de 
métodos mecânicos de ensino do conteúdo geográfico. Perceba que ensinar a pesquisar requer 
a criação de situações e condições didáticas que estimulem a curiosidade e a criatividade, pro-
porcionado, dessa forma, não apenas o ensino de Geografia, mas uma educação geográfica 
(PONTUSCHKA et.al. 2009).
 O Estudo do Meio pode ser compreendido, então, como você já viu, como um método de ensi-
no interdisciplinar para estudantes e professores, que proporciona um diálogo inteligente com o 
mundo, com o intuito de verificar e de produzir novos conhecimentos.
Acompanhe alguns possíveis objetivos do método de Estudo do Meio:
• uma pesquisa de campo;
• o ensino interdisciplinar, no qual interagem a pesquisa e o ensino;
• verificar os diferentes espaços e tempos, as transformações e permanências; 
• produção de anotações escritas, desenhos, fotografias e filmes; 
• emersão de conteúdos curriculares da Geografia e outras disciplinas do contexto escolar;
• avaliação de um trabalho participativo.
Segundo Lopes e Pontuschka (2009, p. 174), a realização dos Estudos do Meio “pode tornar 
mais significativo o processo ensino/aprendizagem e proporcionar aos seus atores o desenvolvi-
mento de um olhar crítico e investigativo sobre a aparente naturalidade do viver social”. Dentre 
as principais etapas que compõem o Estudo do Meio, podemos destacar:
16 Laureate- International Universities
Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental
• a definição dos objetivos de aprendizagem e planejamento; 
• a seleção dos temas e lugares para serem pesquisados, podendo ser uma praça no 
entorno da escola, uma rua principal do bairro etc.; 
• o estudo prévio do local pelo professor; 
• a elaboração do roteiro e cronograma das atividades a serem desenvolvidas, criação de 
um roteiro de entrevistas ou observações; 
• a sistematização dos dados coletados na pesquisa (trabalho de campo); 
• a avaliação e divulgação dos resultados. 
É muito importante que você faça a leitura do seguinte artigo para se aprofundar so-
bre as etapas e importância de aplicar o Estudo do Meio como método de ensino de 
Geografia: LOPES, Claudivan Sanches.; PONTUSCHKA, Nídia Nacib. Estudo do Meio: 
teoria e prática. Geografia, Londrina, v. 18, n. 2, p. 173-191, 2009. Disponível em; 
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geografia/article/view/2360.
VOCÊ QUER LER?
Tenha em mente que a escolha do lugar a ser visitado, bem como a formulação das principais 
questões a serem respondidas e todas as etapas de realização devem ser orientadas pela “dia-
logicidade” e pelo despertar da “curiosidade epistemológica” dos estudantes, sendo, portanto, 
construídos de forma conjunta com a turma (LOPES; PONTUSCHKA, 2009).Compreenda que 
mesmo com o surgimento de novas tecnologias, como computadores portáteis, tablets e smar-
tphones, continua sendo fundamental utilizar um bloco de papel em branco para anotações 
escritas, desenhose croquis.
Para LOPES e PONTUSCHKA (2009, p. 182):
A experiência tem mostrado que o caderno de campo desempenha função didático-pedagógica 
fundamental em todas as etapas da realização dos estudos do meio. Nele, os participantes 
da atividade devem facilmente encontrar as principais instruções relativas à coleta de dados e 
informações e ao processo de observação, além de espaços adequados para registros escritos, 
desenhos e esquemas. Durante todo o desenrolar do Estudo do Meio, o caderno de campo se 
constitui, deste modo, um ‘fiel companheiro’ dos participantes porque, rápida e facilmente, podem 
ser consultadas, em caso de dúvida, as atividades programadas e os procedimentos adotados.
Após realizar um estudo aprofundado dos materiais de apoio e de sanar todas as dúvidas iniciais, 
o trabalho de campo deve acontecer. Este é o momento em que professores e estudantes “devem 
submergir no cotidiano do espaço a ser pesquisado, buscando estabelecer um rico diálogo com 
o espaço e, na condição de pesquisadores, com eles mesmos” (LOPES; PONTUSCHKA, 2009, 
p. 186). Nesse ponto, é muito importante levar em conta que o trabalho de campo pressupõe o 
domínio de conceitos trabalhados na geografia, eventualmente, em outras disciplinas. É preciso 
se assegurar de que há um mínimo de domínio desses conceitos a fim de que o diálogo entre os 
participantes seja possível.
17
1.4.2 O significado do Estudo do Meio para o ensino de Geografia
O ensino de Geografia conjuga o conhecimento temático com práticas pedagógicas, sendo 
que a construção do conhecimento e o aprendizado ocorrem a partir do disponível, ou seja, 
das condições objetivas da vida social. Nesse sentido, podemos destacar que a construção do 
conhecimento, feita pelo sujeito, está inserida nas dimensões econômicas, culturais e políticas, 
de acordo com o contexto histórico e geográfico do qual faz parte. O Estudo do Meio permite, 
dessa forma, a compreensão dos processos e não uma enfadonha forma classificatória, o que 
possibilita analisar historicamente o espaço geográfico. Esse é um movimento amplo, dinâmico 
e sem limites, e o processo deve permitir olhar o estudante não apenas como um sujeito, mas 
também como um objeto histórico.
Para dar significado ao Estudo do Meio e ao ensino de Geografia podemos tomar como referência 
três pressupostos que possibilitam sua aplicação. São eles: as práticas do cotidiano do aluno, as 
atividades concretas, desenvolvimento de habilidades cognitivas que permitem entender o signifi-
cado do lugar, construindo ideias e atitudes que facilitem a compreensão dos problemas vividos.
Figura 6 - Exemplo de exploração do meio.
Fonte: Andresr, Shutterstock, 2016.
Veja um exemplo: você pode organizar um Estudo do Meio com o 5º ano para analisar as pai-
sagens urbanas e rurais. Para isso você deve marcar uma visita a uma propriedade rural e outra 
em algum ponto no centro da cidade, não sendo necessário andar longas distâncias, pois em um 
único ponto é possível observar e interpretar diferentes paisagens. 
Com o roteiro pré-estabelecido e o conteúdo a ser explorado determinado, os estudantes devem 
se organizar para produzir o seu caderno de campo. No dia da saída do Estudo do Meio é es-
sencial que o professor conduza o grupo a observar todos os elementos importantes para com-
preender a dinâmica da paisagem. É importante destacar que o registro por meio de máquina 
fotográfica ou celular é apenas a captação de um determinado momento, porém os elementos 
que compõem a imagem são produzidos a partir de outras percepções além da visual. 
VOCÊ QUER VER?
Assista ao vídeo “Geografia: Lugar, Paisagem e Território”, do Projeto Analog 2014, desen-
volvido por grupo de estudantes de Minas Gerais, que mostra o estudo prático de diferentes 
conceitos geográficos em espaços públicos. Acesse: <https://youtube/_SdmOGXzwPo>.
18 Laureate- International Universities
Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental
Perceba que, deste modo, estamos considerando que a referência de ensinar é interagir, dialo-
gar e investigar, sendo que o papel da pesquisa torna-se o ponto chave para explorar o espaço 
geográfico em sua dimensão urbana e rural e não simplesmente a localização do fenômeno. No 
entanto, é possível compreender que o espaço é um produto histórico e social, onde o homem 
não se relaciona simplesmente com a natureza, e sim a partir dela, pelo processo de trabalho.
1.4.3 O Estudo do Meio e os conceitos geográficos
Podemos partir do pressuposto de que o professor pode usar lugares próximos de seus estu-
dantes, como o bairro ou a cidade, além de cidades vizinhas, como o objeto de observações 
e análise, para deconstruir ou reconstruir conceitos geográficos muito abstratos. O trabalho de 
campo, entendido como uma técnica fundamental do Estudo do Meio, tem lugar de destaque nos 
procedimentos didáticos da Geografia ou de qualquer disciplina curricular, porque exige contato 
direto do estudante com o objeto de estudo. Dessa forma, as crianças aprendem, por exemplo, a 
observar fenômenos espaciais e a pensar na história da cidade, inscrita em sua paisagem.
Figura 7 - Os espaços públicos, como uma praça, uma rua, podem mostrar diferentes aspectos da paisagem.
Fonte: Sergey Novikov, Shutterstock, 2016.
Compreenda que para o estudo de Geografia a paisagem favorece a aprendizagem de conceitos 
geográficos. Permite o desenvolvimento da capacidade de observação e a elaboração de visões 
integradas de aspectos convencionalmente tratados de modo separado no ensino, propiciando 
a comparação e a identificação de semelhanças e diferenças entre paisagens. Isso permite uma 
perspectiva ambiental sobre o entorno e a busca de soluções aos problemas ambientais. Além 
disso, possibilita estabelecer uma relação do estudante com o lugar e estimular sua percepção 
para entender o conceito de território e, posteriormente, levantar as características que formam 
a região.
No entendimento de Castrogiovanni (2008) o ensino de Geografia preocupa-se com o espaço 
nas suas multidimensões, considerando-o como tudo e todos, para, assim, compreender todas 
as estruturas e formas de organização dos grupos sociais, da diversidade social e cultural, en-
tendendo a apropriação da natureza pelos homens. Neste mesmo sentido, Cavalcanti (1998) 
aponta que o ensino de Geografia deve levar à compreensão da realidade sobre o ponto de 
vista da espacialidade do estudante. O espaço real dele torna-se, então, necessariamente um 
instrumento de ensino, que possibilita a ele compreender o seu presente e pensar no seu futuro, 
destacando que o presente deve ser visto como algo que não é estático, mas que está em cons-
tante movimento.
19
CASO
As diferentes leituras de mundo são evidenciadas em manifestações cotidianas. Acompanhe esse 
exemplo de um grupo de estudos em uma escola com 650 estudantes do 1º ano do ensino fun-
damental ao 3º ano do ensino médio, de famílias de classe média. No ensino fundamental são 
142 crianças matriculadas, com idades entre 6 e 9 anos. Fizeram parte do grupo de estudos 82 
estudantes das séries iniciais, dos quais 75 possuem computador em casa e 57 usam a internet, 
ao mesmo tempo em que 35 conhecem o centro econômico da cidade ou lembram de algum 
ponto existente nesse local. Todos moram próximo à escola e frequentam os mesmo locais de 
lazer. Com o objetivo de identificar as relações que os alunos já estabeleceram com os espaços 
de vivência, eles estudaram o centro, principais pontos, prédios administrativos, lojas e outros, 
e o que isso gera na dinâmica de vida das pessoas, apontaram se o centro tem a circulação de 
muitas pessoas, em quais dias, além de peculiaridades, como praças, espaços de circulação. O 
estudo destacou as relações existentes entre o grupo de alunos e esse espaço. Conclui-se, então, 
que a história própria do aluno dentro do seu espaço precisa ser respeitada,só assim haverá 
a compreensão da relação do aluno com o saber. A escola é essencial para desenvolver essa 
relação e produzir conhecimento.
Para ser um cidadão o estudante deve receber uma formação que vai prepará-lo para “aprender 
a aprender”, a “saber fazer” e a “aprender a pensar”. Nesse sentido, o papel dos conteúdos 
escolares em geral (considerando-se a informação, as habilidades e as atitudes) e da Geografia, 
particularmente, tem a ver com o método, ou seja, de que forma a realidade será abordada 
(CALLAI, 2008). Num momento em que a escola é questionada pela sociedade e que os con-
teúdos curriculares são postos à prova para justificar a sua pertinência, fazem-se necessárias 
reflexões em busca de alternativas que tornem o ensino mais condizente com as necessidades da 
sociedade atual. 
20 Laureate- International Universities
Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• Compreender o contexto histórico de formação das bases epistemológicas do ensino de 
Geografia;
• Aprender os conceitos fundamentais da disciplina e sua relação com o ensino e 
aprendizagem; 
• Identificar a relevância do currículo de Geografia para a formação de práticas significativas 
a partir dos conceitos; 
• Conhecer o Estudo do Meio como prática de ensino de Geografia e como método de 
enriquecimento significativo dos conceitos;
• Entender que atividades significativas a partir das vivências dos estudantes enriquecem a 
compreensão da realidade sobre o ponto de vista deles e de sua espacialidade.
21
SínteseSíntese
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa diretrizes 
e bases para o ensino de 1º e 2º graus e dá outras providências. Diário Oficial da República 
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12 ago. 1971. Seção 1.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: História e 
Geografia. v. 5. Brasília: MEC/SEF, 1997. 
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geogra-
fia. v. 5. Brasília: MEC/SEF, 1998.
CALLAI. H. C. Aprendendo a ler o mundo: a Geografia nos anos iniciais do ensino fundamen-
tal. Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66, p. 227-247, maio/ago. 2005.
CALLAI, Helena Copetti. Estudar o lugar para compreender o mundo. In: CASTROGIOVANNI, 
Antônio Carlos (org.). Ensino de Geografia – Práticas e textualizações do cotidiano. Porto 
Alegre: Mediação, 6 ed. 2008.
CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos. Ensino da Geografia: Caminhos e Encantos. Porto Alegre: 
EDIPUCRS. 2007.
CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos (org.). Ensino de Geografia – Práticas e textualizações do 
cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 6 ed. 2008.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Ciência geográfica e ensino de geografia. In: CAVALCANTI, Lana 
de Souza. Geografia, escola e construção do conhecimento. Campinas, São Paulo: Papirus, 
1998.
LOPES, Claudivan Sanches; PONTUSCHKA, Nídia Nacib. Estudo do Meio: teoria e prática. Ge-
ografia, Londrina, v. 18, n. 2, 2009.
PEREIRA, Raquel Maria Fontes do Amaral. Da Geografia que se ensina a gênese da Geogra-
fia moderna. Florianópolis: Ed. da UFSC. 1989.
PINA, Paula Priscila Gomes do Nascimento. A relação entre o ensino e o uso do livro didático 
de Geografia. 2009. 104 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal da 
Paraíba, Programa de Pós-Graduação em Geografia, João Pessoa, 2009.
PONTUSCHKA, Nídia Nacib. A formação pedagógica do professor de Geografia e as prá-
ticas interdisciplinares. São Paulo: USP, 1994. 280 p. Tese (Doutorado), Programa de Pós-
-Graduação em Educação, Universidade de São Paulo, 1994.
PONTUSCHKA, Nídia Nacib. O conceito de Estudo do Meio transforma-se... em tempos diferen-
tes, em escolas diferentes, com professores diferentes. In: Vesentini, J. W. (Org.). O ensino de 
geografia no século XXI. Campinas, SP: Papirus, 2004.
PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Iyda; CACETE, Núria Hanglei. A formação 
docente e o ensino superior. Para ensinar e aprender Geografia. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2009, 
p. 89 a 104.
22 Laureate- International Universities
ReferênciasBibliográficas
SOUZA, Thiago Tavares; PEZZATO, João Pedro. A Geografia escolar no Brasil de 1546 até a 
década de 1960. In: GODOY, P. T. (Org.). – História do pensamento geográfico e epistemo-
logia em geografia. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. Disponível em: http://books.scielo.
org/id/p5mw5/pdf/godoy-9788579831270-05.pdf. Acesso em: 17/06/2016.
23

Outros materiais