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Leia de Andrade Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental Sumário 03 CAPÍTULO 4 – Que propostas e práticas podem ser aplicadas no ensino de geografia? ........05 Introdução ...................................................................................................................05 4.1 Qual é o papel da educação ambiental na vida dos estudantes? ...................................05 4.1.1 A escola e a geografia para a educação ambiental .............................................05 4.1.2 O meio ambiente como espaço de aprendizagem ...............................................06 4.1.3 A natureza no ensino de geografia ....................................................................07 4.2 O cooperativismo e o seu impacto no ensino de geografia ...........................................09 4.2.1 A aprendizagem cooperativa ............................................................................09 4.2.2 A importância da formação de grupos ...............................................................09 4.2.3 Como aplicar atividades de geografia com a aprendizagem cooperativa ...............11 4.3 A urbanização e o crescimento da população em meio às florestas ................................11 4.3.1 A urbanização da sociedade brasileira ...............................................................12 4.3.2 O crescimento populacional brasileiro ..............................................................13 4.3.3 Práticas de ensino utilizando pirâmides etárias ....................................................14 4.4 A população brasileira ..............................................................................................15 4.4.1 Regiões Norte e Nordeste .................................................................................15 4.4.2 Região Centro-Oeste .......................................................................................17 4.4.3 Regiões Sudeste e Sul ......................................................................................18 Síntese ..........................................................................................................................20 Referências Bibliográficas ................................................................................................21 05 Capítulo 4 Introdução A prática do exercício profissional nos mostra que os professores procuram permanentemente novas e diferentes formas de trabalhar e ensinar, novos materiais, novos recursos, novas metodo- logias. Esses desafios das atividades docentes no mundo contemporâneo são importantes para direcionar reflexões e aprofundamento teórico dos professores em questões como por exemplo: como são realizadas as experiências práticas com o ensino de Geografia nos diferentes níveis de ensino? Que concepções as orientam? E como os professores têm organizado o trabalho com os conteúdos geográficos para que possam cumprir melhor as demandas sociais de formação escolar para a cidadania? Neste capítulo aprenderemos como contribuir para essa reflexão sobre o trabalho docente em Geografia, a fim de que se possa apontar possibilidades de práticas escolares que resultem em aprendizagens significativas e efetivas, compreendendo a leitura da dimensão espacial da reali- dade. E também de que forma essas premissas interiorizadas marcam os contornos de uma pro- posta de ensino nos momentos de planejamento, realização e avaliação. Você iniciará o estudo conhecendo qual o papel da educação ambiental na vida dos estudantes. 4.1 Qual é o papel da educação ambiental na vida dos estudantes? Entenda que a educação ambiental surgiu porque não era contemplada na educação formal, in- cluindo valores, capacidades, conhecimentos, responsabilidade e aspectos que promovessem o pro- gresso das relações éticas entre a sociedade e a natureza. O descuido com o meio ambiente é uma das principais questões sociais que têm deixado as sociedades em alerta. O estudo dessas questões na escola tem a ver com o futuro e a existência no planeta Terra (MEDEIROS; MENDONÇA, 2011). Segundo a Unesco (2005, p. 44), “a educação ambiental é uma disciplina bem estabelecida que enfatiza a relação dos homens com o ambiente natural, as formas de conservá-lo, preservá-lo e de administrar seus recursos adequadamente”. Mas, como podemos utilizar a educação ambiental no ensino de Geografia? Qual a importância de criar práticas de ensino interdisciplinares para configurar um ensino e aprendizagem para a educação ambiental? 4.1.1 A escola e a geografia para a educação ambiental Saiba que a escola tem um papel decisivo para pensarmos sobre o meio ambiente. A educação ambiental é um processo que consolida o papel da escola sobre o meio. Quando os estudantes começam a obter conhecimentos sobre as questões ambientais, eles passam a ter uma nova vi- são e se entender como agentes transformadores pela conservação ambiental. Perceba que essas questões estão presentes no cotidiano da sociedade, contudo, é necessário estar nos processos educativos para conscientizar as crianças sobre suas ações (DIAS, 2004). Que propostas e práticas podem ser aplicadas no ensino de geografia? 06 Laureate- International Universities Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental Para Carvalho (2006), a educação ambiental tem nos últimos anos o significado de construir uma sociedade sustentável, possibilitando uma relação sustentável entre a Terra e os seus recur- sos, os valores sociais, ressaltando como importantes pontos a cooperação, a solidariedade, a generosidade, a tolerância, a dignidade e, principalmente, o respeito à diversidade. Nesse sen- tido, para Dias (2004) a escola na perspectiva da educação ambiental precisa buscar mudanças de valores para, assim, provocar mudanças na visão de mundo dos estudantes, possibilitando uma educação voltada ao meio ambiente. O teólogo, professor e escritor Leonardo Boff é uma referência em educação ambien- tal. Ele é autor de diversas obras expressivas nas áreas de ecologia, teologia, antro- pologia, entre outras. O professor defende uma educação eco-centrada, isto é, que contempla as tendências ambiental, social, mental e integral. VOCÊ O CONHECE? Compreenda que a educação ambiental deve orientar firmemente a consciência das novas gera- ções à importância da natureza, deste modo, a educação ambiental aguça a sensibilidade para uma leitura do mundo a partir do ponto de vista ambiental e à aprendizagem mediadora da construção social de novas possibilidades. A Geografia contribui para a formação do estudante ao orientar seu olhar para os fenômenos ligados ao espaço. Veja que esse reconhecimento per- mite comparação e avaliação da qualidade de vida, hábitos, formas de utilização e/ou explo- ração de recursos, em busca de uma organização mais igual. A Geografia tem, portanto, uma importante contribuição para os estudos da educação ambiental (BRASIL, 2000). A conscientização por meio da Geografia em conjunto com a educação ambiental pode levar a compreender as relações homem e natureza com o objetivo de que se tenha os necessários cuidados com o meio ambiente para conservá-lo não só no presente, mas no futuro. Vamos, en- tão, citar algumas medidas que promovem a educação ambientação: limitação do crescimento da população, assegurar recursos como água e alimentos a longo prazo; preservação da biodi- versidade e ecossistemas; redução do uso de energia e desenvolvimento de tecnologias com a utilização de fontes renováveis (CARVALHO, 2006) e atendimento de necessidades básicas como saúde, escolas e moradias. O ensino de Geografia tem o propósito de formular uma percepção mais clara da relação que existe entre sociedade e as modificações que esta causa ao meio ambiente. Desta forma, a edu- cação ambiental pode valer-se da percepção para formarcidadãos com consciência e com o conjunto de formulações teóricas que servirão para aquisição de conceitos compreendendo os processos sociais e os riscos ambientais, que se intensificam nos últimos anos. Veja que é necessário, portanto, criar-se uma consciência ambiental que possibilite formar um interesse pela natureza, por meio de um processo educativo que objetive novas atitudes e novos critérios de comportamento. O tempo pode ampliar a visão de meio ambiente, introduzindo uma perspectiva histórica para a leitura dele, e, assim, uma dimensão geográfica que valoriza o espa- ço e os modos pelos quais os grupos sociais pensam e manejam suas relações com a natureza. 4.1.2 O meio ambiente como espaço de aprendizagem Como vimos até aqui, pensar sobre a questão ambiental possibilita que se compreenda a apro- priação da natureza, para um processo educativo articulado e comprometido com a sustentabi- lidade e a participação. Esteja atento que ao falarmos sobre meio ambiente muitas vezes consi- deramos somente a ideia de natureza, vida biológica, flora e fauna sem a interferência humana. 07 Isto é, na concepção naturalista a construção de meio ambiente se baseia somente no fenômeno biológico (JACOBI, 2003). Para o ensino e a aprendizagem articulados e organizados nessa perspectiva é necessário reco- nhecer os problemas do mundo e reformar o pensamento de uma sociedade. Isso é fundamental para que aconteça uma descoberta de sentido e direção, buscando desenvolver um pensamento autônomo a partir da análise do meio ambiente e do espaço geográfico. Espera-se, desta forma, compreender as relações econômicas, políticas e sociais dentro das escalas que condicionam o meio ambiente. O ensino de Geografia possibilita que os estudantes pensem o espaço geográ- fico em sua totalidade. Permite identificar relações cotidianas que se estabelecem entre pessoas, redes, instituições e outros. Figura 1 - É necessário reconhecer os problemas do mundo e reformar o pensamento da sociedade. Fonte: Ilike, Shutterstock, 2016. Os conceitos e as vivências geográficos são importantes relações que compõem a vida da socie- dade, pois a todo instante as pessoas fazem Geografia. As percepções que cada pessoa, grupo ou sociedade constrói do lugar em que se encontra e as relações que estabelece fazem parte do processo de construção das representações de imagens do mundo e do espaço geográfico (CARVALHO, 2006). O ambiente apresenta diversas dimensões objetivas e subjetivas. Deste modo, quando identificamos as relações que temos com o ambiente, podemos contribuir com o processo de educação ambiental. 4.1.3 A natureza no ensino de geografia A delimitação dos papéis dos estudantes e seus entendimentos contribuem para identificar as ações destes diante das relações sociais e a natureza. Isso permite pensar em como podemos tratar nosso ambiente de forma diferente. Isto é, a construção de práticas que identifiquem quais são as experiências dos estudantes e como construir uma percepção que auxilie no pensar, des- crever e observar as ações possibilita mudar o tratamento dado à natureza. A separação sociedade e natureza precisa ser distinguida por meio da percepção e de práticas, pois por meio delas os fenômenos são claramente registrados. A percepção ambiental seria aquela que os indivíduos trazem de suas experiências anteriores, construídas pelos sentidos exter- nos e que os auxilia na elaboração do pensamento lógico, da descrição e da observação. Para Faggionato (2002), a percepção ambiental envolve metodologias, como por exemplo: aplicação 08 Laureate- International Universities Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental de questionários, elaboração de mapas mentais ou representação fotográfica. Para compreender a percepção dos estudantes, utilizamos questionários e mapas mentais. A percepção ambiental corresponde a processos mentais pelos quais os indivíduos organizam e dão sentido às relações da sociedade com a natureza, que não é somente histórica, mas construída culturalmente. Uma sugestão é a leitura de “Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas em educação ambiental na escola”, da Unesco, ministérios da Educação e do Meio Ambiente. O do- cumento relata programas, práticas e ações de ensino aplicados nas escolas brasileiras com a participação de estudantes, professores e comunidade. Para conhecer, acesse o link <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao3.pdf>. VOCÊ QUER LER? Tenha em mente que a valorização da natureza, para uma lógica que apoia o processo de par- ticipação, privilegia o diálogo e a interdependência de diferentes áreas de saber. Para organizar os conhecimentos e assim reconhecer e conhecer os problemas do mundo é necessário que se mude o pensamento a partir do estudante. O fazer de uma sociedade é a descoberta de sentidos comuns e o seu crescimento é ativo, ou seja, em constante construção. Essa ideia de dinâmica e movimento possibilita ações. Veja que esta é a chave para a construção do ensino de Geografia para, assim, desenvolvermos o pensamento autônomo a partir da internalização do raciocínio (OLIVEIRA; PELUSO; MASINI, 2005). Figura 2 - A relação entre a percepção e o meio ambiente é um canal de mudança de valores e relação com o mundo. Fonte: Sunny studio, Shutterstock, 2016. O ensino de Geografia fundamentado na associação com a educação ambiental permite pro- fundas mudanças na percepção dos estudantes sobre o papel que devem desempenhar no ecos- sistema do planeta. É importante ressaltar, assim, que por meio da escola a sociedade transforma-se em fonte de mu- dança para ações, reconhecendo a importância de compreender a natureza. Devemos destacar ainda que a conscientização e o desenvolvimento baseado no cooperativismo pode transformar o desenvolvimento econômico, social e cultural. Esse impacto é o que vamos estudar a seguir. 09 4.2 O cooperativismo e o seu impacto no ensino de geografia Entenda que o trabalho cooperativo está relacionado ao exercício de pensar o trabalho docente. De que maneira? Considerando-o como profissional que pode articular teoria e prática. Também está relacionado às possibilidades de o professor vivenciar a pesquisa como parte dos saberes da profissão. Em conjunto, cria-se a possibilidade de o professor aliar a pesquisa ao exercício do seu trabalho. É necessário para isso que os professores estejam imbuídos de uma cultura sobre o que significa a pesquisa na prática e na construção do conhecimento. Mas, como essa formação com o trabalho cooperativo pode moldar as práticas em sala de aula? Qual a importância do cooperativismo para o ensino de Geografia? 4.2.1 A aprendizagem cooperativa Saiba, então, que a aprendizagem cooperativa é uma metodologia com a qual os estudantes se ajudam no processo de aprendizagem, atuando como parceiros entre si e com o professor, para adquirir conhecimentos. O trabalho cooperativo, segundo Freitas e Freitas (2002), traz benefícios aos estudantes, como a motivação pelo estudo. Eles atingem um nível de conhecimento mais elevado e se ajustam melhor socialmente. Além de trazer benefícios para todos os estudantes, aqueles com maiores dificuldades acabam se integrando mais facilmente por meio da elabora- ção de trabalhos cooperativos. É importante entender que o trabalho cooperativo deve ser utilizado em sala de aula e que os grupos podem ser constituídos pelos mesmos elementos. Assim, com esta metodologia os estu- dantes podem estar ligados à informação e construir o seu próprio conhecimento. Para Freitas e Freitas (2002), o trabalho cooperativo melhora a autoestima, as relações interpessoais, o pensa- mento crítico e o nível de aprendizagem. Uma da principais questões no trabalho cooperativo é o fato de os indivíduos que formam os grupos trabalharem face a face. Isso é primordial para a criação de um espírito degrupo que irá influenciar na interação e nos resultados desse grupo. Ainda destacando-se os principais as- pectos deste método temos as situações de confronto de ideias e opiniões, fazendo com que os estudantes dialoguem uns com os outros, pensem e sejam críticos na defesa de suas opiniões e nas dos outros, para, ao fim, chegarem a um consenso. Você perceberá também que a aprendizagem de Geografia na perspectiva do cooperativismo traz a realização de tarefas e progresso na vida social. Desenvolver um trabalho em grupo como método pedagógico ativo permite ao estudante se expressar livremente. E observe que para o tra- balho resultar em uma aprendizagem cooperativa a formação de grupos tem de ser estruturada. O professor deve conhecer os estudantes, suas capacidades, necessidades antes da formação dos grupos de trabalho. Os diferentes conhecimentos que os estudantes possuem permitirão que uns completem os outros em cada atividade realizada. Vamos aprofundar um pouco mais, a se- guir, porque a formação de grupos é fundamental. 4.2.2 A importância da formação de grupos Como vimos, a criação de grupos de trabalho para o desenvolvimento de atividades coopera- tivas possibilita a formação de grupos de apoio e de confiança entre estudantes e entre eles e professores. O modo como o professor atua perante a turma em termos metodológicos e a forma como aborda as relações interpessoais são importantes para a criação dos grupos. 10 Laureate- International Universities Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental Os professores organizam os estudantes com base nos objetivos estabelecidos em conteúdos das aulas, nos métodos de ensino que vamos usar e ainda por uma questão de controle da aula. Os estudantes têm de atuar para ajudar o grupo mediante a atribuição de tarefas, e devem ter a consciência sobre o resultado final do trabalho. Já a divisão do trabalho pode ser realizada de duas formas. A primeira é pela divisão mecânica, na qual todos os elementos do grupo desem- penham as mesmas tarefas, e o professor distribui a informação, seleciona os recursos a serem utilizados e verifica o tempo de realização. A outra divisão pode acontecer de maneira orgânica do trabalho, onde há uma organização de colaboração. Nesta os estudantes escolhem os re- cursos a utilizar, verificam o tempo à realização das tarefas e dividem os diferentes trabalhos, mas em dependência uns dos outros. Neste contexto, para haver um equilíbrio na interação e no desempenho os grupos devem ser compostos de três a quatro estudantes e heterogêneos. Figura 3 - O desenvolvimento de atividade em que todos os estudantes participem possibilita a cooperação entre eles. Fonte: spass, Shutterstock, 2016. Observe que nos grupos de aprendizagem cooperativa todos trabalham para atingir o objetivo buscado. Isso possibilita a maximização das aprendizagens, uma vez que todos partilham entre si o que descobriram, e discutem entre si a eficácia do seu desempenho. Os grupos de apren- dizagem cooperativa dividem-se em três tipos: o grupo informal, o grupo formal e o grupo coo- perativo de base. O grupo de aprendizagem cooperativa formal é um grupo de média duração, adequado a qual- quer atividade que seja proposta e é um grupo de trabalho cooperativo. Neste tipo de grupo o professor deve decidir o número de participantes e os papéis que cada um deve desempenhar. Outro detalhe é que cada grupo formal deve atingir um objetivo específico e o professor, definir claramente o que os estudantes fazem, além de ensinar conceitos e estratégias a serem utilizadas na atividade. O grupo de aprendizagem cooperativa informal realiza diálogos com duração de três a cinco minutos antes ou depois da aula ou discussões de dois a três minutos durante a aula. Já o gru- po cooperativo de base funciona como um grupo de longa duração. Veja que neste modelo os estudantes são sempre os mesmos e pretendem dar sequência ao trabalho. Para haver a coope- ração o professor deve dar autonomia aos estudantes e estes, saberem exercer essa autonomia. A seguir, vamos conhecer as diferentes aprendizagens cooperativas. 11 4.2.3 Como aplicar atividades de geografia com a aprendizagem cooperativa Lembre-se de que existem diferentes atividades de aprendizagem cooperativa. As aplicações des- sas atividades dependem do contexto escolar. A atividade de investigação em grupo, por exemplo, combina tarefas individuais e em grupo e possui recompensas em grupo com base nos trabalhos individuais. Este tipo de atividade estimula a responsabilidade e a autonomia dos estudantes. Outra metodologia é a do torneio em equipe, que pode ser utilizada com o recurso de jogos nos quais os estudantes competem. Esta atividade pode ser aplicada no final de um conteúdo temático ou no fim de uma semana de aulas. E como é desenvolvida? Após aprender os conte- údos a serem utilizadas nos jogos cada grupo terá uma ficha e cartões com perguntas que terão de responder. Todos os grupos respondem ao mesmo tempo, e o professor deve acompanhar as respostas para complementar possíveis dúvidas. Ao final do jogo, cada grupo soma a sua pon- tuação de acordo com as respostas, obtendo, desta forma, o resultado final. O professor então recolhe as folhas de pontuação, dando uma recompensa aos grupos com melhor desempenho. No artigo “Jogos cooperativos e a promoção da cooperação na educação infantil”, a autora Marilicia Witzler Antunes Ribeiro Palmieri analisa como os professores atuam na promoção da cooperação entre os estudantes, a partir de jogos em uma perspectiva sociocultural. O texto está disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/pee/v19n2/2175- 3539-pee-19-02-00243.pdf>. VOCÊ QUER LER? Saiba que uma outra atividade importante ao ensino e aprendizagem é uma metodologia que pode ser empregada no caso de turmas numerosas. O professor apresenta questões aos estudan- tes e concede a eles um determinado tempo para execução. Em conjunto, os estudantes debatem a resposta e em seguida, respondem para toda a turma. Veja que a intenção com esta atividade é compartilhar a informação, a escuta ativa, a discussão de ideias, o reforço e aprofundamento da aprendizagem. O método permite, também, desenvolver a criatividade (FREITAS; FREITAS, 2002). Outra alternativa é a divisão dos estudantes em grupos de quatro integrantes, e cada par resolve um problema e verifica a resposta com o outro par. Nesta atividade a dificuldade é maior porque pelo menos um dos dois estudantes precisa saber resolver e, quem não sabe, pode aprender com o colega. Neste método o objetivo é a ajuda mútua, a constituição do espírito de grupo e a efetivação da aprendizagem. Agora que aprendemos sobre o trabalho docente em ações de cooperação durante o ensino da Geografia, passaremos a analisar os processos de mudança no espaço brasileiro, identificando as perspectivas social e cultural. 4.3 A urbanização e o crescimento da população em meio às florestas Primeiramente lembre-se de que o Brasil é um país com as marcas típicas do subdesenvolvimen- to, a urbanização de sua sociedade apresenta uma série de aspectos comuns ao conjunto de países do Sul. O fato de nosso país ser além de subdesenvolvido industrializado contribuiu para que o processo de urbanização fosse de uma rapidez e intensidade ímpares, principalmente a partir dos anos de 1950. 12 Laureate- International Universities Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental A partir disso como podemos explicar a realidade da formação social das cidades brasileiras? Como esse processo tem importância na realidade dos estudantes? É o que veremos a seguir. 4.3.1 A urbanização da sociedade brasileira É importante destacar que a urbanização brasileira deve ser avaliada a partir de um contexto bastante específico: a modernização de nossa sociedade ocorreu no governo de Juscelino Kubits- check, quandoo país deixou de ser uma economia de base agrária para se tornar uma economia dominada pela indústria. Os acontecimentos sucederam-se na segunda metade do século 19, quando uma série de eventos se associou à criação do Brasil Moderno, como o fim da escravidão, a derrubada do Império, os abalos na exportação do café e o início da industrialização brasileira. O século 19 foi marcado pela Independência do Brasil, em 1822, o que só veio a reforçar ainda mais o caráter agroexportador de nossa economia. Afinal, o poder permaneceu nas mãos de uma elite oligárquica, cujos interesses econômicos estavam voltados para o comércio interna- cional de matérias-primas. A Europa se encontrava em pleno processo de industrialização, o que estimulava a exportação de produtos primários, dentre eles a borracha. A urbanização da sociedade brasileira se estendia pela Amazônia adentro. Ao mesmo tempo a Revolução Indus- trial na Europa estimulava as exportações brasileiras e contribuía para o crescimento urbano de importantes áreas brasileiras. Tenha em mente que a urbanização e a industrialização não só se complementaram como ge- raram importantes transformações em nossa realidade nas últimas décadas do século 19. O Brasil já apresentava um certo avanço no tocante às relações capitalistas de produção, porque a escravidão encontrava-se em franco processo de extinção, e o trabalho assalariado, ao con- trário, expandindo-se nas áreas mais dinâmicas do país, como São Paulo e Rio de Janeiro. Com a ampliação da massa salarial o comércio nos meios urbanos cresceu, estimulando uma série de atividades também urbanas, como serviços bancários, transportes urbanos, serviços públicos e outros. A criação de empregos foi estimulada, assim como a criação de moradias aos novos trabalhadores e a construção de edifícios para abrigar as atividades em expansão, tanto as pú- blicas como as privadas. Veja que em pouco tempo houve uma transferência expressiva de população. Já em 1970 a população urbana superava a rural. Porém, as cidades não se encontravam preparadas para receber um volume tão grande de pessoas, havia falta de infraestrutura, transporte coletivo, saneamento básico, energia e telefonia. Também não se dispunha de moradias em número sufi- ciente. Desta forma as cidades brasileiras se transformaram em espaços de difícil administração. As metrópoles brasileiras apresentam algumas características importantes, a começar pela grande expansão física da cidade-mãe, a ponto de unir-se a cidades vizinhas, evi- denciando o processo de conurbação. Nesse processo de expansão novos subcentros se formaram, na cidade-mãe e nas cidades vizinhas, capazes de atender a demanda por serviço e mercadorias sem que o seu centro desaparecesse. VOCÊ SABIA? Em 1973 o Congresso Nacional definiu nove regiões metropolitanas. Elas foram formadas por áreas com um conjunto de cidades contíguas e com uma integração socioeconômica ligada a um município de grande porte. Devemos destacar o fenômeno da conurbação que ocorreu nesse processo de formação de uma região metropolita. Caracterizou-se pelo crescimento das cidades até que elas acabassem gerando áreas contínuas. 13 Figura 4 - Cidade de Brasília representa uma das nove regiões metropolitanas do Brasil. Fonte: R.M. Nunes, Shutterstock, 2016. Compreenda que esse processo de metropolização revela que a urbanização da sociedade brasi- leira foi concentradora. Nos últimos anos a industrialização e o ritmo de crescimento das grandes cidades estão em queda, porque o perfil das migrações internas foi alterado. Muitos migrantes que se dirigiam aos grandes centros têm se deslocado para centros urbanos menores, capazes de oferecer uma qualidade de vida satisfatória. 4.3.2 O crescimento populacional brasileiro No Brasil, espaços e recursos naturais parecem não ser preocupação, mas é preciso definir para isso a equação demográfica, relacionando números de empregos, de escolas, de vacinas, de moradias, de leitos hospitalares e outros, e é necessário ir além dos números. Você pode estar se perguntando por qual razão. É porque as questões demográficas exigem um posicionamento crítico, ou seja, têm que ser interpretadas com critérios, levando em conta não somente o com- portamento e as condições de existência da população no seu conjunto. Segundo dados do IBGE, o Brasil tinha em 2015 uma população de 204.450.649 habitantes. Além de possuir uma densidade demográfica baixa, o país apresenta a população distribuída de forma irregular no território, com uma densidade demográfica de aproximadamente 23,8 habi- tantes em cada quilômetro quadrado. Esse crescimento da população pode ser observado por dois fatores: o saldo migratório e a taxa de crescimento natural. O saldo migratório diz respeito à diferença entre a entrada e a saída de migrantes no país. Quanto à taxa de crescimento natural, corresponde à diferença entre a taxa da natalidade e a taxa de mortalidade. Densidade demográfica ou densidade populacional ou ainda população relativa é a medida expressada pela relação entre a população e a superfície do território, geral- mente aplicada a seres humanos. É em geral expressada em habitantes por quilômetro quadrado (IBGE, 2013). Deste modo, podemos identificar quantas pessoas moram den- tro da área de uma cidade. Quando a cidade tem uma extensa área ela pode ou não concentrar um número elevado de pessoas, a densidade demográfica fará essa medida. VOCÊ SABIA? 14 Laureate- International Universities Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental Com uma maior participação da mulher na sociedade, ampliando sua responsabilidade ao mesmo tempo em que seus objetivos de vida ganharam novos contornos, o planejamento familiar passou a fazer parte da vida de um número cada vez maior de pessoas. Observe que apesar de a taxa de crescimento da população brasileira diminuir a cada ano, não significa que o país ficou livre de pressões demográficas. A realidade brasileira permanece marcada por uma infinidade de questões. A partir dessa identificação da realidade brasileira é possível ensinar Geografia com práticas que identifiquem as pessoas e que pensem em suas características e necessidades. É isso que vamos entender no item a seguir, relacionado a pirâmides etárias. 4.3.3 Práticas de ensino utilizando pirâmides etárias Para tratar a respeito da distribuição da população por faixas etárias foram desenvolvidas as pirâmides etárias. A estrutura etária da população é a distribuição dos indivíduos de uma popu- lação por diferentes idades ou grupos de idades. Estudar essa estrutura etária é muito importante. A partir dela vamos verificar, por exemplo, a tendência para o aumento do número de jovens e, em consequência, identificar a necessidade de construção de mais escolas, entre outros (CER- QUEIRA; GIVISIEZ, 2004). Para o caso de a população apresentar aumento de população idosa é provável a necessidade de estruturação de hospitais e reforço do apoio médico. Devemos saber que o envelhecimento da população, qualquer que seja, resulta da combinação simultânea entre a queda da fecundidade e o aumento da expectativa de vida. Saiba ainda que a estrutura etária dessa população muda consideravelmente, e essas mudanças ficam visíveis quando observamos as pirâmides etárias. As informações oferecidas na pirâmide etária são de máxima importância para os órgãos de planejamento do governo ligados às áreas de saúde e previdência social. CASO Professor de Geografia do 8º ano de uma escola em Mandaguari, no Paraná, João encontrou uma forma diferente de explorar as pirâmides etárias para ensiná-las aos estudantes. Após di- vidir a turma em grupos, propôs a análise de duas pirâmides da cidade de anos distintos. Ele propôs a seguinte atividade: cada grupo deveria observar as pirâmides etárias e mencionar três pontos de destaque entre as duas pirâmidesque apresentam dados de 1980 e de 2000. Assim, os estudantes realizaram a leitura e a análise das pirâmides. Os grupos fizeram as suas obser- vações. No entanto, os estudantes não apresentaram consciência do significado dessa análise. O que fazer com esses dados? Como destacar a importância de analisar as pirâmides etárias para o planejamento de ações sociais, econômicas e culturais? O professor decidiu apresentar os pontos destacados pelos estudantes e propôs que eles planejassem soluções aos problemas apresentados por faixa etária. Os estudantes revelaram suas propostas e passaram a destacar a importância das pirâmides etárias no planejamento de ações sociais. A estrutura etária da população leva em conta três grandes grupos etários: os jovens de zero a 14 anos, os adultos dos 15 aos 64 anos e os idosos com 65 ou mais. O estudo das pirâmide etárias requer, ainda, a análise de gráficos de barra que representam a população por grupos de idade e sexo. Entenda que o envelhecimento da população no país traz implicações profundas também no mercado de trabalho e nos setores produtivos da economia, e isso traz reflexos também para os estudantes. Quando o professor lança situações em que os estudantes possam se tornar adminis- tradores e planejadores, analisando até o ano de 2030 a população potencialmente ativa, isto é, apta a ser absorvida pelo mercado de trabalho, como eles podem pensar as ações do futuro para a resolução de problemas (IBGE, 2013)? 15 A análise sobre a população possibilita aos estudantes identificarem a sua participação na socie- dade e que o olhar sobre a população permite a identificação das condições de vida, com dife- renças sociais e culturais. Isso permite que a análise da população brasileira esteja relacionada aos conteúdos geográficos, aos seu ensino e aprendizagem. Veremos adiante as características e particularidades da população brasileira. 4.4 A população brasileira As características das pessoas que vivem no Brasil se diferem socialmente, culturalmente e, em razão disso, regionalmente. Saiba que do total de pessoas no país, 51,8% são mulheres e 48,5% homens. Segundo o Censo Demográfico de 2010, dividindo-se a população por cor, 47,7% das pessoas se declararam brancas, 43,1% se declararam pardas e 7,6% negras. Em função dessas características e das dimensões continentais que o Brasil apresenta, podemos distinguir as espe- cificidades de cada região. Você saberia apontar como as práticas de ensino podem ressaltar as especificidades de cada região e suas principais características? Qual a importância de estudar as diferentes regiões do Brasil? Para valorizar a diversidade regional do país? 4.4.1 Regiões Norte e Nordeste O Norte é a região menos povoada do Brasil. A densidade demográfica média dessa região encontra-se em torno de quatro habitantes por km². Mesmo com baixa densidade demográfica a população da região Norte foi a que mais cresceu nas últimas décadas. Esse crescimento popula- cional da região deveu-se a migrações de nordestinos e também de sulistas, paulistas e mineiros que foram atraídos, em grande parte, por programas de povoamento. A população da região Norte se caracteriza por uma intensa miscigenação entre os migrantes e a população indígena. O crescimento da população da região Norte, principalmente a partir da segunda metade do século 20, foi bem maior em relação à população urbana do que da população rural. O au- mento da população urbana da região deveu-se, em especial, ao fracasso de projetos voltados ao assentamento de pequenos produtores rurais. A elevada concentração fundiária da região restringe o acesso à terra a agricultores com pequeno capital. Milhares de trabalhadores rurais e suas famílias acabam migrando para centros urbanos. Esses fatores contribuíram para que ocor- ressem grandes transformações no espaço geográfico dessa região, como a concentração dos habitantes nas capitais estaduais e o aumento do número de centros regionais. Como você já pode saber, a região da Amazônia apresenta a maior parte da população indí- gena do Brasil. Alguns desses povos indígenas ainda vivem isolados e mantêm preservados suas características, costumes, tradições, passados de gerações para gerações. Porém, vários outros povos perderam parte de sua riqueza cultural devido ao contato com a sociedade não indígena. A ocupação da Amazônia iniciada após a década de 1950 estimulou a ocorrência de intensos conflitos envolvendo a população indígena (GADELHA, 2002). Entenda que a segurança dos povos indígenas depende de ação do governo federal, pois seus di- reitos já estão assegurados na Constituição brasileira. Com o apoio de organizações não gover- namentais nacionais e estrangeiras os problemas desses povos têm se tornado de conhecimento internacional, reforçando a luta dessas comunidades ameaçadas por interesses econômicos. 16 Laureate- International Universities Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental Figura 5- Crianças indígenas ressaltando suas características em vestimentas. Fonte: Nina B, Shutterstock, 2016. Quando se trata da região Nordeste, a população está irregularmente distribuída. Nas sub- -regiões Sertão e Meio-Norte há baixa densidade demográfica, enquanto a Agreste e Zona da Mata apresentam grande concentração populacional. VOCÊ QUER VER? O filme “Deus e o diabo na terra do Sol”, dirigido por Glauber Rocha e gravado na Bahia, retrata a história do sertanejo Manoel e sua mulher Rosa que levam uma vida sofrida no interior do país em uma terra marcada pela seca. Em muitas obras cinema- tográficas podemos observar as particularidades das diferentes regiões brasileiras. A sub-região da Zona da Mata é a que tem maior população e nela estão em torno de 40% dos nordestinos. Pelo fato de ser a sub-região mais desenvolvida do ponto de vista econômico, atrai anualmente milhares de migrantes de outras sub-regiões do Nordeste, principalmente do Sertão. Impelidos pela situação de miséria e pobreza que se agrava nos períodos de seca, os migrantes sertanejos buscam novas chances de trabalho e melhores condições de vida na Zona da Mata, no campo ou nas cidades. A maioria dos migrantes desloca-se para a periferia de grandes centros urbanos como Recife e Salvador. Esses bairros crescem aceleradamente, sem condições adequadas de infraestrutura. Segundo o IBGE (2013), o Nordeste concentra 53.081.950 pessoas, sendo a segunda região mais populosa do país. 17 Figura 6 - Distribuição da população nordestina em área litorânea Fonte: R.M. Nunes, Shutterstock, 2016. Ainda segundo dados do IBGE, quatro cidades do Nordeste estão entre as 15 mais populosas do país: Salvador, em terceiro lugar, com 2,71 milhões de habitantes; Fortaleza, em quinto, com 2,50 milhões; Recife, em nono (1,55 milhão) e São Luis, em 15º, com 1,03 milhão. Fora das capitais, entre os 15 municípios com maior população estão dois do Nordeste: Jaboatão dos Guararapes (PE), em nono lugar, com 654,4 mil habitantes, e Feira de Santana (BA), em 15º, com 563 mil. A seguir vamos conhecer em mais detalhes como se distribui a população da região Centro-Oeste. 4.4.2 Região Centro-Oeste Na região Centro-Oeste a população formou-se a partir da expansão da fronteira econômica e do desenvolvimento de projetos de integração. Houve a chegada de migrantes sobretudo do Sudeste, do Nordeste e do Sul. Eles procuravam melhores condições de vida nessa região, que despontava com grandes perspectivas de crescimento econômico. Trata-se, no entanto, de uma das regiões brasileiras com menor índice de habitantes. No Centro-Oeste os migrantes eram lavradores que procuravam trabalho nas novas áreas de cultivo e de criação. Muitos adquiriram ou tomaram posse de terras, formando pequenas e mé- dias propriedades com a mão de obra familiar e desenvolvendo o cultivo de produtos alimenta- res, como arroz,milho e feijão. Quando analisamos as condições de vida da população brasileira podemos perceber características comuns entre as regiões e também diferenças entre elas. Essa com- paração é possível lendo-se a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE - uma análise das condições de vida da população brasileira 2013. O estudo está disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/0000001547171 1102013171529343967.pdf>. VOCÊ QUER LER? 18 Laureate- International Universities Metodologia e Prática de Geografia no Ensino Fundamental O maior índice de urbanização do Centro-Oeste encontra-se no Distrito Federal, onde, de cada 100 habitantes, 96 vivem em áreas urbanas. Criado para abrigar a cidade de Brasília, a capital do país, o Distrito Federal ocupa uma área de 5.801,9 km². Sua população total é em torno de 2,4 milhões de habitantes e a densidade demográfica média, 413 habitantes por km², a mais elevada da região. Saiba que o Distrito Federal teve um crescimento demográfico intenso, e muitos migrantes fixa- ram-se em áreas periféricas ou nos antigos núcleos de povoamento. Essas aglomerações deram origem às chamadas cidades-satélites, isto é, centros urbanos que se localizam no Distrito Fe- deral mas não fazem parte do plano-piloto de Brasília. O grande aumento populacional nas cidades-satélites gerou um crescimento urbano bastante desordenado, com o surgimento de favelas e bairros carentes de infraestrutura. Esse crescimento populacional foi um fenômeno que ocorreu também nas regiões Sudeste, principalmente, e Sul. 4.4.3 Regiões Sudeste e Sul No início do século 20 a região Sudeste tornou-se a mais populosa do país, superando o Nordes- te. Até então, o crescimento populacional da região foi motivado, principalmente, pela economia cafeeira, atividade que atraiu milhares de imigrantes. Com o avanço da atividade industrial, o Sudeste passou a ter um ritmo de crescimento populacional ainda maior, sobretudo nas cidades. A atividade industrial atraiu migrantes de várias partes do país, principalmente do Nordeste, que se deslocaram para o Sudeste à procura de oportunidades de trabalho em fábricas, na constru- ção civil, no comércio e na prestação de serviços. O aumento da necessidade de mão de obra também atraiu trabalhadores da zona rural da própria região, desencadeando um êxodo rural, processo que se intensificou pelo aumento da concentração fundiária e da mecanização das lavouras. Esses fatores levaram boa parte da população a abandonar o campo e migrar, sobretudo às grandes e médias cidades da região. Assim, o crescimento populacional aconteceu devido à ampliação industrial que provocou uma rápida urbanização no Sudeste, de tal modo que na década de 1950 a população urbana dessa região brasileira superava a rural. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Brasileiro apresenta indicadores que apontam como estão as cidades em áreas como educação, longevidade e renda, en- tre várias outras. Os dados podem servir de instrumento para formulação de políticas públicas e estão disponíveis às populações para consulta no Atlas do Desenvolvimento Humano. A edição de 2013 pode ser acessada no link <http://www.pnud.org.br/arqui- vos/idhm-brasileiro-atlas-2013.pdf>. VOCÊ SABIA? Uma das principais características desse processo de urbanização ocorrido na região Sudeste foi o acelerado crescimento das áreas metropolitanas, o que causou grandes transformações nas paisagens urbanas. À medida que as maiores cidades do Sudeste se industrializaram e cresceram em número de habitantes, as áreas urbanas uniram-se às de municípios vizinhos. A expansão das regiões metropolitanas é na maioria dos casos orientada pela localização das indústrias. Geralmente as fábricas instalam-se junto das principais vias de circulação, ou seja, próximo a rodovias, avenidas mais importantes e ferrovias, o que facilita o recebimento de matérias- primas e a distribuição da produção (CAMARANO; BELTRÃO, 2000). 19 Figura 7: Avenidas, edifícios e elementos que compõem as regiões metropolitanas. Fonte: Sundays Photography, Shutterstock, 2016. O povoamento no Sul deu-se de forma mais homogênea do que o das demais regiões brasilei- ras, à exceção da porção sul-sudeste do Rio Grande do Sul. As áreas de maior concentração populacional do Sul são as regiões metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre e também algumas cidades de porte médio, que reúnem mais de 100 mil habitantes. Esse número cresceu subs- tancialmente em razão, sobretudo, do êxodo rural, provocado pela mecanização das lavouras monocultoras e pela concentração de terras na região. Sem oportunidade de trabalho no cam- po, muitos trabalhadores rurais migraram para cidades maiores. Os trabalhadores vinham de pequenas cidades e até mesmo de outros estados à procura de melhores condições de vida nas metrópoles do Sul (CAMARANO; BELTRÃO, 2000). Deste modo, pudemos compreender as diferenças e as similaridades entre as populações brasi- leiras, suas características e dinâmicas de organização. Esses elementos tornam os estudos sobre a população peculiares, pois permitem entender as diferenças culturais e aspectos sociais. Para o ensino de Geografia, possibilita a promoção do exercício da diversidade brasileira. 20 Laureate- International Universities Síntese Chegamos ao final do capítulo e alcançamos as ideias de como as práticas de ensino de Ge- ografia podem ser contextualizadas a temas transversais, destacando-se o papel desses temas para o ensino e aprendizagem. Deste modo, vimos: • as principais propostas para o ensino e aprendizagem de práticas de questões atuais; • identificamos a importância da educação ambiental e sua relação com a formação espa- cial e cidadã; • aprendemos como as ações de cooperativismo contribuem para o trabalho do professor; • ressaltamos os processos de mudanças no espaço e as relações com a perspectiva social e cultural. • identificamos como a população brasileira está distribuída nas diferentes regiões do país, ressaltando as diferenças nas distribuições espaciais. Síntese 21 Referências Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Brasileiro. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. Disponível em: http://www.pnud.org.br/arquivos/idhm-brasileiro-atlas-2013.pdf. Acesso em: 02 set. 2016. BRASIL. Unesco; Ministério do Meio Ambiente; Ministério da Educação. Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas em educação ambiental na escola, Brasília, 2007. Disponível em: http:// portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao3.pdf. Acesso em: 01 set. 2016. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Cur- riculares Nacionais (Ensino Médio). Brasília, 2000. CAMARANO, Ana Amélia; BELTRÃO, Kaizô Iwakami, Distribuição Espacial da População Bra- sileira: mudanças na segunda metade deste século. Instituto de Pesquisa Econômia Aplica- da – IPEA, Brasília, 2000. Disponível em: http://ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/TDs/ td_0766.pdf. Acesso em 02 set. 2016. CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006. CERQUEIRA, Cézar Augusto; GIVISIEZ, Gustavo Henrique Naves. Conceitos básicos em Demo- grafia e dinâmica demográfica brasileira. In: Introdução à demografia da educação / Eduardo Luiz G. Rios-Neto e Juliana de Lucena Ruas Riani (Org.). Campinas: Associação Brasileira de Estudos Populacionais - ABEP, 2004. DEUS e o Diabo na Terra do Sol. Direção de Glauber Rocha. Copacabana Filmes, 1964. DVD (125 min.) DIAS, Genebaldo. Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia, 2004. GADELHA, Regina Maria A. Fonseca. Conquista e ocupação da Amazônia: a fronteira Norte do Brasil. Estudos Avançados 16 (45), 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ea/v16n45/v16n45a05.pdf> Acesso em: 27 julho 2016. JACOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, n. 118, março, 2003. FREITAS, Maria Luísa Varela; FREITAS, Cândido Varela. Aprendizagem cooperativa. Lisboa: Edições ASA, 2002. IBGE. Síntese de indicadores sociais. Uma análise das condições de vida da população brasilei- ra. 2013. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/0 0000015471711102013171529343967.pdf>. Acesso em: 02 set. 2016. JACOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, n. 118, março, 2003. 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