Buscar

Ad1 - Literatura Brasileira III

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Curso de Licenciatura em Letras - UFF/CEDERJ
Disciplina: Literatura Brasileira III
Coordenadora: Flávia Amparo
AD1 – 2017.1
COM GABARITO
QUESTÃO 1: (2,5 pontos)
Nos dois poemas a seguir, Tomás Antônio Gonzaga e Claúdio Manuel da Costa refletem, de 
maneira diferente, sobre a passagem do tempo, dela extraindo uma "filosofia de vida". 
Identifique o que dizem sobre o tempo e comente essa diferença na perspectiva de cada poesia, 
destacando as principais características que definem o poema de Tomás Antônio Gonzaga como 
pertencente à estética árcade. 
LIRA 14 
(Parte I)
Minha bela Marília, tudo passa;
a sorte deste mundo é mal segura;
se vem depois dos males a ventura,
vem depois dos prazeres a desgraça.
....................................................................
Que havemos de esperar, Marília bela?
que vão passando os florescentes dias?
As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;
e pode enfim mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça.
GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu 
& Cartas Chilenas. São Paulo: Ática, 1997. 
SONETOS
L
Memórias do presente, e do passado 
Fazem guerra cruel dentro em meu peito; 
E bem que ao sofrimento ando já feito, 
Mais que nunca desperta hoje o cuidado.
Que diferente, que diverso estado 
É este, em que somente o triste efeito 
Da pena, a que meu mal me tem sujeito, 
Me acompanha entre aflito, e magoado!
Tristes lembranças! e que em vão componho 
A memória da vossa sombra escura! 
Que néscio em vós a ponderar me ponho!
Ide-vos; que em tão mísera loucura 
Todo o passado bem tenho por sonho; 
Só é certa a presente desventura.
COSTA, Cláudio Manuel da. Obras poéticas de Glauceste 
Satúrnio. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/fs000040.pdf. Acesso em: 10 fev. 2017
.
Sugestão de resposta: (2,5) 
0,5 Tomás Antônio Gonzaga associa a passagem do tempo ao Carpe diem, aproveitar o presente.
0,5 Claúdio Manuel da Costa associa a passagem do tempo às memórias do passado e do 
presente. No presente só é certa a desventura.
0,5 A diferença entre eles consiste na forma como valorizam o presente, pois para Gonzaga a vida 
está em sua plenitude, enquanto para Claúdio Manuel da Costa Reis são tristes 
lembranças.
1,0 No poema, as principais características da estética árcade são a busca da simplicidade formal 
quanto a da clareza e eficácia das ideias, como base da harmonia e da sabedoria. Daí o 
apreço pela convenção pastoral, isto é, pelos gêneros bucólicos que visam representar a 
inocência e a sadia rusticidade pelos costumes rurais, sobretudo dos pastores. Além disso, 
diante da efemeridade da vida, defendem o "carpe diem", pelo qual o pastor, ciente da 
brevidade do tempo, convida a sua pastora a gozar o momento presente.
QUESTÃO 2: (2,5 pontos)
O primeiro romance brasileiro em folhetim foi "A Moreninha", de Joaquim Manuel de Macedo, 
publicado em 1844, no Rio de Janeiro. O romance brasileiro caracteriza-se por ser uma 
"adaptação" do romance europeu, conservando a estrutura folhetinesca europeia, com início, 
meio e fim seguindo a ordem cronológica dos fatos.
O trecho a seguir foi retirado desse romancee retrata o momento em que o jovem Augusto 
declara seu amor à Carolina, uma menina de quatorze anos, conhecida como Moreninha, em um 
passeio à beira-mar.
 (...)
Como de costume, a tarde teve de ser empregada em passeios à borda do mar e pelo jardim. O maior 
inimigo do amor é a civilidade. Augusto o sentiu, tendo de oferecer o braço à Srª D. Ana: mas esta lhe 
fez cair a sopa no mel, rogando-lhe que o reservasse para sua neta.
(...)
Em uma das ruas do jardim duas rolinhas mariscavam: mas, ao sentirem passos, voaram e pousando 
não muito longe, em um arbusto, começaram a beijar-se com ternura: e esta cena se passava aos 
olhos de Augusto e Carolina!...
Igual pensamento, talvez, brilhou em ambas aquelas almas, porque os olhares da menina e do moço 
se encontraram ao mesmo tempo e os olhos da virgem modestamente se abaixaram e em suas faces 
se acendeu um fogo, que era pejo. E o mancebo, apontando para ambos, disse:
- Eles se amam!
E a menina murmurou apenas:
- São felizes.
-Pois acredita que em amor possa haver felicidade?
-Às vezes.
-Acaso, já tem a senhora amado!... 
-Eu?!...e o senhor?
- Comecei a amar há poucos dias.
A virgem guardou silêncio e o mancebo, depois de alguns instantes, perguntou tremendo:
- E a senhora já ama também?
Novo silêncio; ela pareceu não ouvir, mais suspirou. Ele falou menos baixo:
- Já ama também?...
Ela abaixou ainda mais os olhos e com voz quase estinta disse:
- Não...Não sei...talvez...
- E a quem?...
-Eu não perguntei a quem o senhor amava.
-Quer que lho diga?...
-Eu não pergunto.
-Posso eu fazê-lo?
-Não lho impeço.
-É a senhora.
D. Carolina fez-se cor-de-rosa e só depois de alguns instantes pôde perguntar, forcejando um sorriso:
-Por quantos dias?
-Oh! Para sempre!... - respondeu Augusto, apertando-lhe vivamente o braço.
(...) 
Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, págs. 140 e 141. São Paulo, FTD,1991
Vocabulário: 
Civilidade: conjunto de atitudes consideradas adequadas; polidez, educação.
Rolinha: ave da família dos pombos.
Mariscavam: ciscavam
Pejo: Pudor vergonha
Mancebo: moço: jovem
Forcejando: empenhando-se: fazendo esforço.
A Moreninha ilustra bem o estilo das narrativas desse período, ambientadas no Rio de Janeiro, 
que apresentam uma visão muito superficial dos hábitos da sociedade burguesa. Destaque,no 
trecho acima,três comportamentos que reforçam as relações sociais do século XIX. Aponte 
também as características que foram importantes para a consolidação do romance brasileiro da 
época.
Sugestão de resposta: (2,5) 
0,5 Dar o braço para a idosa ao caminharem. [ou] Casal passear acompanhado de um adulto.
0,5 Ter timidez para conversar com pessoa do sexo oposto . [ou] Ficar tímido próximo da pessoa amada.
0,5 Abaixar os olhos ou tremer ou ficar cor-de-rosa ou em silêncio quando o tema da conversa é o amor.
1,0 Os romances brasileiros fizeram muito sucesso em sua época já que uniam o útil ao 
agradável: A estrutura típica do romance europeu, ambientada nos cenários facilmente 
identificáveis pelo leitor brasileiro(cafés, teatros, ruas de cidades como o Rio de Janeiro). A 
consolidação do romance brasileiro da época também se deve ao fato de que os romances 
eram feitos para a classe burguesa, ressaltando o luxo e a pompa da vida social burguesa e 
ocultando a hipocrisia dos costumes burgueses. Por isso pode-se dizer que, no geral, o 
romance brasileiro era urbano, superficial, folhetinesco e burguês. Em Joaquim Manuel de 
Macedo, há muitas cenas sendo descritas assim pelo autor, em especial as que tratam do dia 
a dia da Corte, ou seja, da cidade do Rio de Janeiro. 
QUESTÃO 3: (2,5 pontos)
O Romantismo inaugurou no Brasil nossa segunda grande fase literária: o período nacional. Há 
coincidência entre esse período e a autonomia política que o país alcançou. O século XIX 
conheceu uma série de transformações importantes: insegurança do catolicismo; revisões 
políticas; transformação filosófica e, acima de tudo, o grande desenvolvimento das ciências 
físicas e naturais. Tudo isso e mais a ascensão da burguesia favoreceram o Romantismo que, no 
Brasil, apresenta uma nova faceta. É o caso do indianismo de José de Alencar, ainda que se 
revestisse de muita idealização em relação à sociedade brasileira e à figura do indígena.No início 
do Capítulo 1 de Iracema, o narrador faz uma descrição da natureza brasileira:
1
Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;
Verdes mares que brilhaiscomo líquida esmeralda aos raios do Sol nascente, perlongando as 
alvas praias ensombradas de coqueiros.
Serenai verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso 
resvale à flor das águas.
Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande 
vela? Onde vai como branca alcíone buscando o rochedo pátrio nas solidões do oceano?
Três entes respiram sobre o frágil lenho que vai singrando veloce, mar em fora;
Um jovem guerreiro cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro 
que viram a luz no berço das florestas, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem.
A lufada intermitente traz da praia um eco vibrante, que ressoa entre o marulho das vagas:
— Iracema!...
ALENCAR, José. Iracema. São Paulo: FTD, 1992.
Vocabulário:
Bravios: feroz, selvagem / Carnaúba: árvore da Região Nordeste 
Perlogando: Ir ao longo de; costear; percorrer. / Rafeiro: cão de casta que serve para guardar gado.
Lufada: vento forte, rápido e intermitente; ventania. / Singrando: navegar à vela /Marulho: Agitação do mar;
Observa-se, no fragmento citado, elementos que fazem do romance de Alencar uma 
representação da natureza brasileira e do encontro entre o índio e o português. Com base nisso, 
qual seria sua avaliação crítica acerca das contribuições da literatura para a nacionalidade 
brasileira através do movimento romântico? 
Sugestão de resposta: (2,5) 
Nessa resposta, o aluno deve ser capaz de articular o que aprendeu sobre a história do Brasil no 
século XIX com pelo menos uma das três fases românticas (nativistas, intimistas e antiescravagistas), 
tanto chamando a atenção sobre uma possível identidade nacional a partir de uma reflexão 
especializada quanto comentando cada fato em suas particularidades, naquilo que eles dizem respeito 
à construção desse sujeito lírico, que enfatizamos nesta aula. Deve-se ressaltar que o ideal é que 
perceba que José de Alencar é um importante marco para se refletir a formação do Brasil. A partir do 
fragmento citado, deve também discutir como a figura do índio alencariano foi uma maneira de definir o 
contexto local na literatura romântica, frente ao que estava sendo produzido na Europa.
QUESTÃO 4: (2,5 pontos)
Leia o poema de Álvares Azevedo. Destaque os principais traços dessa estética romântica, 
tomando como base o poema abaixo, e a diferencie da primeira geração do Romantismo.
Adeus, meus sonhos!
Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro! 
Não levo da existência uma saudade! 
E tanta vida que meu peito enchia 
Morreu na minha triste mocidade! 
Misérrimo! Votei meus pobres dias 
À sina doida de um amor sem fruto, 
E minh'alma na treva agora dorme 
Como um olhar que a morte envolve em luto. 
Que me resta, meu Deus? 
Morra comigo 
A estrela de meus cândidos amores, 
Já não vejo no meu peito morto 
Um punhado sequer de murchas flores!
Sugestão de resposta: (2,5) 
Nessa resposta, o aluno deve ser capaz de reconhecer na poesia que não há o encontro carnal entre o 
eu lírico e a mulher amada que aparecem nos poemas evidenciando a desilusão amorosa. Há versos 
em que isso se torna bem claro. Deve então explicitar tal atitude do EU lírico, no poema escolhido. Os 
poetas românticos (Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Castro Alves, Fagundes Varela) emprestam 
ao eu lírico de seus poemas os males sofridos pelo medo de amar, de morrer; o respeito e a idealização 
da mulher amada.
.

Outros materiais