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TRABALHO RECONHECIMENTO DE PATERNIDADEnovo

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INTRODUÇÃO 
	O reconhecimento de paternidade é um assunto que desperta interesse entre as entidades familiares, os estudiosos de psicologia e desenvolvimento humano, médicos, pesquisadores, além ser um dos assuntos de destaque nos meios jurídicos.
	Este trabalho visa demonstrar, de maneira geral, e sob vários ângulos as causas e as consequências civis e jurídicas que a falta do reconhecimento pode acarretar na vida dos indivíduos. 
	Além disso, procuramos demonstrar, à luz da psicologia quais as consequências que a falta do reconhecimento pode causar física e emocionalmente ao filho preterido.
2. PROBLEMA
	A falta de reconhecimento tem trazido graves problemas físicos, morais e sociais para o indivíduo rejeitado. 
2.1 Objetivo
	Suscitar interesse entre as pessoas para o tema abordado.
2.2 Objetivos específicos
	Conscientizar as pessoas que o “Reconhecimento de Paternidade” é uma necessidade do filho e um dever do pai.
	Fazer com que as pessoas sejam propagadoras dos estudos aqui tratados sobre as consequências civis, judiciárias e psicológicas que o não reconhecimento pode acarretar.
3. METODOLOGIA 
3.1 Caracterização da Pesquisa
	Pesquisa bibliográfica e Pesquisa descritiva – estudo de caso
 
4. FAMÍLIA 
A família é o núcleo natural e fundamental da coletividade e tem o direito à proteção da sociedade e do Estado (Maciel,2015).
Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, todos os familiares foram reconhecidos e tratados como sujeitos de direitos, respeitando-se suas individualidades e seus direitos fundamentais.
A partir de então, o conceito de família foi ampliado, passando então a se reconhecer a possibilidade de sua origem na informalidade, na uniparentalidade e, principalmenteno afeto. Tornou se irreversível a pluralidade das entidades familiares.
É importante saber que é garantia de toda pessoa humana ter o direito de fundar uma família. A Declaração Universal dos Direitos humanos assegura que este é um direito elementar.
Não apenas porque é na família que se estruturam os primeiros laços de relações sociais dos filhos, mas também porque é a partir da família que se irradiam outros valores tão importantes à sociedade como: amor, respeito, solidariedade, etc.
A família não é só a base da sociedade, ela é à base do indivíduo.Portanto a família não é apenas uma decorrência do matrimônio, ela é de fato a base, a célula materda sociedade, que agora na modernidade passou a significar o ambiente de desenvolvimento da personalidade e da promoção da dignidade de seus membros, seja adulta ou infante, o qual pode apresentar uma pluralidade de formas decorrentes da variadas origens e que possui como elemento nuclear o afeto.
Diante desse novo modelo familiar, remodelado e pluralista a família precisou ajustar-se aos princípios constitucionais de 1988.
Essa nova ordem familiar preza pelo principio da dignidade humana, o princípio da prioridade absoluta dos direitos da criança e o princípio da parentalidade responsável.
O artigo 25:“Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes (vide lei n.ª 12.010, de 2009)”. É notável que a lei estatutária não cite a origem da relação jurídica dos pais, diante do princípio da isonomia filial consagrada constitucionalmente.
Pouco importa atualmente se a famíliaé matrimonial ou não o vínculo que une ou uniu os pais. Estes e a respectiva prole constituem uma família natural ou nuclear.
Com a entrada em vigor da lei n.º 12.010/2009, foi ampliado o conceito estatutário da expressão família natural. Reconhece se então a importância de uma nova vertente familiar.
Estudar a família como instituição social se justifica porque parte das transformações sociais mais contundentes das nossas sociedades atingem diretamente a família.
O estudo da família na atualidade exige o entendimento daquilo que é chamado de papeis sociais de gêneros. 
O conceito de papel social de gênero é essencial para o estudo da família contemporânea na medida em que as transformações ocorrem em virtude de mudanças no conteúdo dos papeis sociais de gêneros que são devidas as conquistas que as mulheres vêm alcançando.
4.1 TIPOS DE FAMÍLIA 
	Comparando o pátrio poder na forma como se apresentava na Roma antiga, nota se que a família, como uma instituição social, tem passado por mudanças aceleradas em sua estrutura, organização e função de seus membros, a partir da segunda metade do século XX. 
A atual Constituição tratou do casamento como uma das formas, mas não a única, de estabelecimento da família. Refere-se ao casamento em duas passagens: para dizer que é civil e gratuito e que a lei deverá facilitar a conversão da união estável em matrimônio.
Hoje a legislação reconhece vários tipos de família, sendo elas: a família tradicional formada por pai, mãe e filhos, família monoparental- formada por um dos pais e filhos, família homomaternal- formadapor mães e filhos, homopaternal – formada por pais e filhos, etc.
Assim, não podemos mais falar da família brasileira de um modo geral, pois existem vários tipos de formação familiar coexistentes em nossa sociedade, tendo cada uma delas suas características e não mais seguindo padrões antigos.
Porém, mesmo com as diversidades, algumas características são comuns entre as famílias atuais, como: a diminuição do numero de membros, de casamentos religiosos, aumento na participação feminina no mercado de trabalho, participação de vários membros da família em sua economia, etc. 
No entanto, de todas as mudanças, o fato de a família não se basear mais no “casamento” típico e religioso é a mais marcante, pois sua influência então forte que o Código Civil atual, fez mudanças em relação a união dos casais.
A formação familiar está diversificada, mas nem por isso deverá ser negligente ou deixar de assumir suas responsabilidade, nem delega-las a outros. 
É importante que essa instituição familiar trabalhe em parceria com as instituições educacionais, religiosas e que tenham atitudes que façam com que o crescimento do individuo e sua inserção na sociedade sejam saudáveis e participativos, para melhor desenvolvimento desse ser tão complexo “ser humano”. 
5. HISTÓRIA DO RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE 
	Anteriormente à Constituição Federal 1988, era extremamente injusta a diferenciação entre os direitos dos filhos, considerando a origem deles. 	Rotulava-se o mesmo, nascido na constância do casamento como legítimo, de acordo com os arts. 337/ 351 do CC de 1916, já o filho ilegítimo era aquele cujo os pais não eram casados ou não vieram a se casar entre si, em razão de adultério ou de incesto, mas que houvera sido reconhecido como filho voluntariamente ou por sentença. 
	Havia, portanto, manifesta discriminação quanto à qualificação, ao direito sucessório e ao direito alimentar sendo mais odiosa ainda a proibição do reconhecimento do filho incestuoso e do adulterino a matre que vigorou por longo período.
	O artigo 355 do Código Civil de 1916 permitia o reconhecimento dos filhos ilegítimos, que poderia ser feito pelo pai ou pela mãe, ou, ainda, por ambos. Era vedado, porém, o reconhecimento dos filhos incestuosos e ou adulterinos (artigo 358 do CC de 1916).
Art. 355. O filho ilegítimo pode ser reconhecido pelos pais, conjunta ou separadamente. 
Art. 358. Os filhos incestuosos e os adulterinos não podem ser reconhecidos.
 Os artigos 352 e 359 do CCB/16 abordavam os reflexos do reconhecimento da filiação:
 Art. 352. Os filhos legitimados são, em tudo, equiparados aos legítimos.
 Art. 359. O filho ilegítimo, reconhecido por um dos cônjuges, não poderá residir no lar conjugal sem o consentimento do outro. 
	Os filhos ilegítimos poderiam ser reconhecidos mediante ato voluntário ou pelo Judiciário. O reconhecimento voluntário poderia ser feito pelos pais conjunta ou separadamente, na certidão de nascimento, mediante escritura pública ou por testamento.
	Quanto aos filhos incestuosos ou adulterinos, estes não poderiam ser reconhecidos. Se reconhecidosfossem, mediante ação de filiação, o ato tornava-se nulo a partir do momento da prova de que o filho era adulterino ou incestuoso. A ação de investigação de paternidade era possível somente se existente alguma das provas mencionadas no artigo 363 do Código Civil de 1916, ou seja, concubinato entre os pais; rapto da mãe pelo suposto pai ou relação sexual coincidente com a data da concepção; existência de escrito do suposto pai, reconhecendo a paternidade expressamente.
	Com o advento da Constituição Federal de 1988, e como se viu, nitidamente se erigiu a grau hierarquicamente superior, a noção da "paternidade responsável"os filhos havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
	A legislação infraconstitucional, em comento, arrolou-se da seguintemaneira:
Lei 7.841/89, que revogou o art. 358 CC, exatamente a norma impeditiva de reconhecimento de filhos espúrios (incestuosos e adulterinos).
Lei 8.069/90, que dispõe sobre o Estado da Criança e do Adolescente, e dá outras providências.
Lei 8.560/92, que regula a investigação de paternidade de filhos havidos fora do casamento e dá outras providências, revogando o art. 337 CC.
Atualmente, os filhos havidos fora do casamento tem direitos, tanto quanto os provindo da relação conjugal atual do pai.
         
6. ASPECTOS JURÍDICOS NO RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE 
	Quando um filho não é reconhecido de forma voluntária, pode obter o reconhecimento judicial, forçado ou coativo, mediante ação de investigação de paternidade, que é ação de estado, de natureza declaratória e imprescritível. 	
Com efeito, o Estatuto da Criança e do Adolescente prescreve no artigo 27: “O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça”. A sentença que julgar procedente a ação de investigação produzirá os mesmos efeitos do reconhecimento voluntário e também extunc(retroagindo à data do nascimento); mas poderá ordenar que o filho se crie e eduque fora da companhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade (artigo 1.616 do Código Civil).
	Embora a ação seja imprescritível, os efeitos patrimoniais do estado da pessoa prescrevem. Proclama a Súmula nº 149 do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto: “É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança”. Conforme regula o artigo 205 do Código Civil, prescreve esta em dez anos, a contar do momento em que a paternidade for reconhecida, e não da morte do suposto genitor. Portanto, o prazo de prescrição inicia-se do surgimento do direito à ação, e este nasce apenas com o reconhecimento.
	O filho tem legitimidade ativa para ajuizar ação de investigação de paternidade. Ação é privativa dele, eis que o reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo. Caso seja menor, deverá ser representado pela mãe ou tutor.
O litisconsórcio ativo facultativo dos filhos da mesma mãe é admitido quanto se trata de investigação de paternidade do mesmo suposto genitor. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo, consoante estabelece o parágrafo único do dispositivo citado.
	Conforme aduz o artigo 27 do Estatuto da Criança e do Adolescente, não há restrição para que seja ajuizada a ação, isto quer dizer que filhos outrora adulterinos e incestuosos, mesmo durante o casamento dos pais, e nascituros, ante o disposto pelo parágrafo único do artigo 1.609, têm a sua legitimidade reconhecida. 
Como se trata de direito personalíssimo do filho, em regra, os netos não têm o direito de promovê-la. Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça reconheceu “válida a pretensão dos filhos, substituindo o pai, em investigar a filiação deste. Junto ao avô (relação avoenga), dirigindo a lide contra os referidos herdeiros, especialmente em face da Constituição Federal e da inexistência de qualquer limitação no Código Civil”. 
A Lei nº 8.560/92, que regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento, prescreve no artigo 2º: Em registro de nascimento de menor apenas com a maternidade estabelecida, o oficial remeterá ao juiz certidão integral do registro e o nome e prenome, profissão, identidade e residência do suposto pai, a fim de ser averiguada oficiosamente a procedência da alegação, § 3° no caso do suposto pai confirmar expressamente a paternidade, será lavrado termo de reconhecimento e remetida certidão ao oficial do registro, para a devida averbação. § 4° Se o suposto pai não atender no prazo de trinta dias, a notificação judicial, ou negar a alegada paternidade, o juiz remeterá os autos ao representante do Ministério Público para que intente, havendo elementos suficientes, a ação de investigação de paternidade, § 5o  nas hipóteses previstas no § 4o deste artigo, é dispensável o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para adoção. § 6o; “A iniciativa conferida ao Ministério Público não impede a quem tenha legítimo interesse de intentar investigação, visando a obter o pretendido reconhecimento da paternidade”. 
O reconhecimento da paternidade é um direito indisponível, pelo que a mãe ou o tutor não podem desistir da ação já em curso. 
Ressalta-se, por fim, que a sentença que julgar procedente a ação de investigação de paternidade fará coisa julgada em relação ao outros filhos do investigado, ainda que este só tenha sido parte o processo - Fatos que admitem a investigação de paternidade. O Código Civil não especifica os casos em que são cabíveis a ação de investigação de paternidade. Como único meio de prova, poderá ser requerido o exame hematológico. Nessa dicção, o Superior Tribunal de Justiça proclama na Súmula nº 301: “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade”. 
7. ALIMENTOS GRAVÍDICOS LEI 11.804/2008
	
Alimentos gravídicos, A Lei 11.804/2008 dispõe sobre Alimentos Gravídicos, que é a pensão queas gestantes brasileiras têm direito de receber do suposto pai da criança, da concepção ao parto, para utilizar em alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames, internações, medicamentos e parto. 
É direito da mulher grávida buscar auxílio financeiro, ou seja, os alimentos gravídicos, daquele que supostamente é o pai da criança. 
O Código Civil estabelece que a personalidade civil da pessoa começa no nascimento com vida, mas a lei protege a vida do nascituro desde a concepção. “É preciso que aquele que está por nascer possa nascer com vida. A lei protege a vida como direito fundamental da pessoa, mas não só a vida extrauterina, como especialmente a vida intrauterina”. Conforme o entendimento de alguns juristas, os alimentos gravídicos são devidos até o nascimento, com vida, do nascituro, que depois se transforma em pensão alimentícia, até que uma das partes solicite a revisão do valor, para mais ou para menos, do montante fixado para a gestação.
O devedor de alimentos gravídicos também pode ser preso. A prisão por dívida alimentar pode ocorrer caso o devedor deixe injustificadamente de pagar os alimentos essenciais para a sobrevivência de quem está para nascer. Sua faltaportanto, admite a cobrança executiva, sob pena de prisão. 
É comum nas ações de alimentos gravídicos, o suposto pai negar a paternidade. Antevendo essa negativa, e não sendo recomendável a realização de exame pericial de DNA durante a gestação, a Lei 11.804/2008 condiciona o provimento dos alimentos gravídicos à probabilidade de paternidade, bastando para isso os indícios de paternidade, cuja prova inequívoca poderá ser obtida ou refutada com o exame de DNA, após o nascimento da criança. 
Para isso, amulher deve provar seu estadogravídico através de um laudo médico, apontar o suposto pai, demonstrar a provável relação de filiação a partir de cartas,cartões, fotos, mensagens, e-mails e outras provas que demonstrem que o suposto pai é o réu da ação, além de comprovar, através de laudo médico,necessidades especiais como assistência médica e psicológica, exames complementares, medicamentos e outras prescrições profiláticas e terapêuticas necessárias”.
Se após o nascimento da criançaa possibilidade de paternidade do suposto pai é excluída, o mesmo não receberá o reembolso dos valores pagos “estes alimentos, pagos pela pessoa errada, são irrepetíveis. Não há que ser falado em reembolso do que foi pago, porque alimentos são consumidos”.
8. RECONHECIMENTO DNA ANTES DO NASCIMENTO
	Todo filho têm o direito de conhecer a identidade de seus pais. O pai pode reconhecer através das seguintes maneiras: no próprio registro de nascimento; por escritura pública ou escrita particular, arquivada em Cartório; por testamento; por declaração direta e expressa ao juiz. Mesmo o pai sendo casado, pode reconhecer um filho fora do casamento, pois não há nenhum impedimento legal.
	A Defensoria recomenda que se busque um acordo para os casos de investigação de paternidade. Assim, é possível solicitar a realização do exame de DNA para, depois de seu resultado, tomar a decisão de reconhecer espontaneamente a paternidade da criança, no caso de resultado positivo do exame.
	O suposto pai não é obrigado pela Justiça, a fazer o exame de DNA. Mas se for recusado, a Justiça poderá presumir que ele é o pai e pode declarar a paternidade mesmo assim, depois de ouvir testemunhas, e analisar provas como cartas, fotografias e etc.
	O reconhecimento é feito pelo teste de DNA e pode ser feito através da análise em DNA contido nas células do líquido amniótico ou das vilosidades coriônicas da placenta, ao redor do início do quarto mês de gestação. No entanto, este tipo de exame só deve ser feito por medico obstetra, com o consentimento do casal e declaração que o resultado não será ser utilizado para interrupção da gestação, a não ser em casos de estrupo confirmado.
9. BANCO DE SÊMEN: O DIREITO DE SIGILO DO DOADOR ANTE O DIREITO DO FILHO DE SABER SUA ORIGEM 
	O doador é um auxiliador do processo de reprodução humana medicamente assistida. Porém, o que o doador não quer, é que lhe seja arrogada uma paternidade/maternidade carregada de obrigações e custos patrimoniais.
	O conhecimento de suas raízes, suas origens, sua ascendência genética, o conhecimento do seu próprio “eu” é um direito intrínseco à personalidade humana, inerente à dignidade da pessoa humana. O desconhecimento de suas raízes pode trazer graves prejuízos à saúde e à vida do indivíduo, pela dificuldade ou impossibilidade de tratar possíveis doenças hereditárias, possíveis relações incestuosas com probabilidades de conceber filhos com patologias graves, impedimentos jurídicos matrimoniais, entre outros.
	O indivíduo gerado por inseminação heteróloga, não pode ser privado do direito de conhecer sua origem genética, já que o desconhecimento é mais prejudicial que a violação do sigilo do doador. 
	Mas a violação não se dará sem que haja qualquer restrição.
	Havendo necessidade de conhecimento, seja por doença ou mera curiosidade humana, sendo esse direito pleiteado, a ação se dará através da declaração judicial da origem biológica, e não da investigação de paternidade. Ao genitor doador, portanto, não serão impostos os encargos que derivam da paternidade/maternidade e nem será concedido direitos que derivam do estado de filiação ao indivíduo concebido artificialmente como alimentação, vestuário, sucessão dos bens, entre outros direitos dos filhos e do rol de deveres dos pais.
	Desse modo, a Constituição Federal garante ao indivíduo o direito de conhecer a origem genética sem com isso gerar consequências no estado de filiação, violando assim o direito ao sigilo dos doadores de sêmens, quando for investigada a origem biológica.
10. RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE NA MAIORIDADE
Quando se trata reconhecimento de um filho já maior de idade a concordância deste é necessária, nos termos art. 1.614 do Código Civil. O mesmo não ocorre quando se trata do reconhecimento de filho menor. Porém, a legislação civilista lhe concede a prerrogativa de impugnar a paternidade reconhecida dentro dos quatro anos seguintes à sua maioridade ou emancipação. Desse modo, depois de alcançada a maioridade, o reconhecimento de paternidade depende de autorização do filho, porque sem a mesma, o reconhecimento não ocorre, pois quando é alcançada a maioridade, o adquire certos direitos, sendo um deles querer ou não ser reconhecido pelo pai.
11. RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE POST MORTEM (PÓS-MORTE)
Caso seja ele falecido, a ação deverá ser intentada em face de seus herdeiros. O cônjuge do falecido não participará da ação se ele tiver descendentes ou ascendentes, se não concorres com estes à herança, salvo como representante do filho menor. Nessa linha, o Superior Tribunal de Justiça decidiu: “na ação de investigação de paternidade post mortem, cumulada, ou não, com petição de herança, a legitimidade passiva ad causam é só dos herdeiros, compreendidos estes na mais ampla acepção jurídica do vocábulo, abrangente daqueles que herdam ou poderiam herdar e dos sucessores dos primitivos herdeiros”. 
A possibilidade de reconhecimento da paternidade, sobretudo após a morte do suposto pai ainda é polêmica, por não haver legislação em vigor que a reconheça, ainda que existam jurisprudências e doutrinas que legitimam essa possibilidade. 
Nas investigações de paternidade em que o inquirido faleceu antes ou durante processo sem deixar prova evidente do vinculo de paternidade, a primeira solução jurídico-probatória seria a exumação do cadáver para realização de exame pericial de DNA.
Porém, a solução aparentemente simples é muito mais complicada do que aparenta, em decorrência das seguintes problemáticas:
Envolve direitos personalíssimos de respeito à dignidade dos mortos, podendo causar enorme desgaste emocional dos familiares envolvidos, que normalmente opõe-se a esse procedimento, podendo, por isso, caso o investigante não possua provas pré-constituídas ou indícios da possível existência de vínculo genético, a produção de prova pode ser indeferida.
O procedimento é lento, depende do órgão púbico responsável pela exumação do cadáver, bem como, a presença de médico legista e dos familiares para atestar a abertura do invólucro, entre outros. 
O custo do procedimento é alto, pois há necessidade de equipamentos tecnológicos e pessoal especializado. Pof isso, mesmo quando há solicitação de assistência judiciária gratuita, o pedido pode ser indeferido com fundamento do alto custo do exame.
Logo, se o investigado deixou um filho além do investigante é possível à realização de exame de DNA, chamado de “teste de irmandade”, comparando a carga genética comum de ambos. Há também a possibilidade de realização de exames com parentes diretos.
Dessa forma, a realização da exumação é medida excepcional, somente indicada quando não houver outros subsídios para comprovar a existência de vínculos genéticos.
Há laboratórios no Brasil capazes de realizar o exame de DNA com fios de cabelo, pedaços de unhas, dentes, células bucais, sêmen e pele. A combinação desses elementos pode levar à conclusão final pelo vínculo ou não de paternidade.
Investigação de paternidade é regida primordialmente pelo código civil e pela Lei N° 8.560,de 29 de dezembro de 1992, que regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento e dá outras providências.
Pretenso filho (personalíssima)
De acordo com termos do artigo 1606 do Código Civil de 2002, a legitimidade ativa para propor ação de investigação de paternidade constitui direito personalíssimo titularizado pelo filho, enquanto este viver. Se o filho for menor de 18 anos deve ser representado ou assistido, conforme o caso.
Casos de negação de paternidade
O Ministério Público,na qualidade de substituto processual tem legitimidade ativa para propositura da ação de investigação de paternidade ,por força da autorização contida no artigo 2°,da lei  N° 8.560/92.
Art. 2°:
Se o suposto pai  não  atender no prazo de 30 dias a notificação judicial ou legal legal da paternidade, o juiz remeterá os autos no representante do ministério público para que intente, havendo elementos suficientes ,ação de investigação de paternidade.
Nas hipóteses previstas ,é dispensável o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo Ministério Público ,se após o não comparecimento ou a recusa do suposto pai assumir a paternidade a ele atribuída a criança for encaminhada para adoção.
A iniciativa conferida ao Ministério Público ,não impede  a quem tenha legítimo interesse de intentar investigação visando a obter o pretendido reconhecimento da paternidade.
  O reconhecimento da paternidade é de valor inestimável quanto a obrigação alimentar o valor deve ser aquilatado pelas regras.
12. CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS À CRIANÇA ANTE A AUSÊNCIA DO PAI
	Desde a concepção o pai tem papel fundamental na formação e desenvolvimento da criança. Estudos comprovam que todas as emoções vividas pela mãe na gestação implicam são absorvidas pelo filho. Alegria, tristeza, tranquilidade, nervosismo. Todos esses sentimentos são estímulos recebidos pela criança no útero materno. Portanto, o pai deve participar ativamente deste período, acompanhando as consultas no obstetra, obtendo informações de como será a nova vida com a chegada de um bebê.
	Sabe-se hoje que quanto menor a idade da criança maior é a necessidade de referência e valores que acompanharão o indivíduo até a vida adulta. 
	A presença efetiva do pai é, portanto, fundamental. Sua ausência pode trazer danos psicológicos à criança. Se a ausência é definitiva, no caso de morte ou porque o pai não assumiu a paternidade, deve-se minimizar o sentimento de rejeição trabalhando com a criança desde cedo, em linguagem apropriada para a idade, o que aconteceu e como o restante da família enxerga a situação. 
	A figura masculina é muito importante na vida da criança, ainda que seja ela um novo companheiro da mãe, um tio, amigo ou avô. A representação da figura paterna é fundamental na formação, no desenvolvimento e construção moral, social, emocional e psicológica da criança e faz parte da estrutura emocional para nos tornarmos pessoas sadias e maduras. Além disso, a criança que é criada sem referencial masculino pode tornar-se aversivo às ordens dadas por representantes femininos, além de acarretar situações de não reconhecimento do gênero, ou seja, não possui parâmetros para saber o que é ser menino ou menina.
	Um dos aspectos mais importantes da crise da masculinidade atual é a carência da figura paterna. O número de crianças que crescem sem a presença do pai em todo o mundo vem aumentando de forma alarmante nas últimas três décadas. Nos Estados Unidos uma em cada três crianças vivem nessa situação.
	O mesmo estudo mostrou que uma característica comum entre os jovens socialmente instáveis na América era a ausência paterna. Seriam esses jovens mais agressivos, tendo mais problemas com a lei, mais chances de engravidar precocemente e de chegar à vida adulta com problemas financeiros, além de serem mais propensos ao abuso de álcool e drogas. 
	O vazio promovido pela ausência do pai é também uma das causas da mortalidade infantil, da evasão escolar e do alto índice de obesidade em crianças e adolescentes. 
	Uma pesquisa similar no Brasil feita pelo Datafolha concluiu que cerca de 70% dos menores infratores internados na antiga Febem viviam sem a figura paterna.
	Porém isso não quer dizer que crianças criadas somente pela mãe terão obrigatoriamente algum transtorno emocional. Algumas mães conseguem definir limites com muito sucesso.
	Além disso, os filhos de pais casados podem, apesar da presença física do pai, sofrer dessa ausência devido ao excesso de trabalho, a preocupação demasiada com o sucesso na carreira, a vontade de prover sempre mais conforto à família, dentre outros, pode acarretar. O pai ou figura paterna deve estar presente na vida dos filhos, acompanhando e participando de atividades cotidianas, fortalecendo assim uma ligação que, quer queiramos ou não, é para sempre.
13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo. Curso de Direito da Criança e do Adolescente: Aspectos teóricos e práticos (coordenação)- 8. ed. rev. atual – São Paulo: Saraiva,2015.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direito de família/ Silvio de Salvo Venosa.-4.ed.- São Paulo: Atlas, 2004.- ( Coleção direito civil; v.6)
RODRIGUES, Sílvio, Direito Civil: direito de família :vol 6 – 28.ed. ver. e atual, por Francisco Jose Cahali; de acordo com novo Código Civil (Lei n.10.406 de 10-1-2002) São Paulo: Saraiva.
GONÇALVES, Carlos Roberto.Direito Civil Brasileiro. v. 6. Direito de Família. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
http://googleweblight.com/?lite_url=http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11804.htm&ei=AGdxAe2_&lc=pt-BR&s=1&m=708&host=www.google.com.br&ts=1461764037&sig=APY536z8Ft_VPDeAlCCUyZ6i4V58WiGRxQ
ALVES, Jones Figueiredo. PATERNIDADE NÃO DEVE SER RECONHECIDA POR PRESUNÇÃO. Disponível em:< http://www.conjur.com.br/2013-out-17/jones-figueiredo- paternidade-nao- dever-reconhecida- presuncao>. Acesso em: 20/04/2016.
PELLIZZETTI, Bruno. ALTERNATIVAS PARA INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE POST MORTEM (PÓS-MORTE). Disponível em: https://jus.com.br/artigos/29008/ alternativas-para-investigacao-de-paternidade-post-mortem-pos-morte&gt. Acesso em 20/04/2016.

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