Buscar

01 Legislação Penal Especial CRIMES HEDIONDOS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

�LFG – LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL – Rogério Sanches – Intensivo II – 01/08/2009
CRIMES HEDIONDOS
	
CRIMES HEDIONDOS
	Hoje é a primeira aula de Legislação Penal Especial. Vou falar da Lei dos Crimes Hediondos. Ontem choveu e-mails de quem vai fazer a prova de Agente de Polícia Federal, questionando por que eu vou dar crimes hediondos se não cai no edital de APF. No edital (APF) tem lei de drogas e tem tortura. Eu acho que é um estelionato jurídico, eu falar de drogas e tortura, sem explicar hediondos. Como é que eu vou explicar pra vocês na lei de drogas, a possibilidade ou não de liberdade provisória? Como é que eu vou explicar pra vocês, na lei de drogas, o prazo da prisão temporária? Como é que eu vou explicar pra vocês, na lei de tortura, que tortura é equiparado a hediondo, mas admite indulto? Então, eu faço questão de ter uma aula exclusiva para a lei de crimes hediondos e é a aula de hoje.
	Então, você que está fazendo concurso para agente, preste atenção na aula. Ela é a base de inúmeras discussões que vamos tratar na lei de drogas e na lei de tortura, aliás, duas leis que vamos começar na próxima aula. E eu vou demorar a manhã toda explicando hediondos. Chegaram até trocar a sequência das aulas aqui no curso, mas eu não deixei, mandei voltar. Disse que não vou dar drogas nem tortura sem a base dos hediondos.
	Do semestre para cá, esse assunto já mudou. Irei atualizar, revisar e ampliar o assunto. E mais! Daqui a quinze dias, vai mudar outra vez. Então, eu vou dar aula de crimes hediondos e já vou dizer o que vai mudar. Quando mudar, seu caderno já está atualizado em perspectiva. Daqui a quinze dias. Guardem a data: 18 de agosto, Lula vai sancionar uma lei que vai mudar crimes hediondos.
	
1.	DEFINIÇÃO DE CRIME HEDIONDO
Eu sempre gosto de introduzir o assunto crimes hediondos com a seguinte pergunta:
	O que é um crime hediondo?
	Gosto muito do exemplo da vizinha. É um trauma pessoal. A vizinha que sabe que você fez direito e resolve te consultar: “eu estava lendo o jornal, e vi um tal de crime hediondo, o que é hediondo?” O que você vai responder para ela? Que hediondo é um crime horrível? Que é um crime horrendo? E ela: “Então corrupção é hediondo.” Não, corrupção, não. “Mas corrupção não é horrível?” É horrível, mas não é hediondo. “Então, o que é hediondo?”
	Nós temos três sistemas rotulando o que é crime hediondo:
	1.1.	Sistema LEGAL – “Pelo sistema legal, compete ao legislador enumerar no rol taxativo, quais os crimes hediondos.”
	1.2.	Sistema JUDICIAL – “Pelo sistema judicial é o juiz quem, na apreciação do caso concreto, analisando a gravidade do delito, decide se a infração é ou não hedionda.”
	1.3.	Sistema MISTO – Cuidado com esse sistema! “Pelo sistema misto, o legislador apresenta rol exemplificativo de crimes hediondos, permitindo ao juiz encontrar outros casos.”
Olha a diferença do sistema legal! No sistema legal, o rol era taxativo. Agora é exemplificativo. Se é exemplificativo, compete ao juiz, na apreciação do caso concreto, encontrar outros exemplos. No Intensivo I, eu falei de uma interpretação que é utilizada aqui. O sistema misto trabalha com uma interpretação que é aquela que o legislador dá exemplos e permite ao juiz encontrar outros casos? Interpretação analógica. O sistema misto, nada mais é do que uma interpretação analógica.
	Vocês têm os três sistemas. Qual o Brasil adotou? O legal (rol taxativo), o judicial (juiz analisa e decide se é hediondo no caso concreto) ou misto (interpretação analógica)? Se você disser que o Brasil adotou o legal, para essa sua vizinha, quando ela pergunta o que é um crime hediondo, você vai responder: hediondo é o que o legislador entende ser hediondo e ponto. Se nós adotamos o sistema judicial, você vai dizer para a vizinha que hediondo é o que o juiz entende ser hediondo analisando o caso concreto. Se nós adotamos o sistema misto, você vai responder para a sua vizinha que hediondos é o que o legislador deu exemplos e o juiz pode completar.
	O Brasil adotou o Sistema LEGAL! Art. 5º, XLIII, da CF/88. Essa questão caiu no MP do Paraná.
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
	Então, quem vai definir? A lei. O Brasil adotou o sistema legal!
	Duas observações aqui: Deu para perceber que o art. 5º, XLIII não diz quais são os crimes hediondos. Ele falou que o legislador vai defini-los, mas o legislador, apesar de ter a tarefa de definir quais são os crimes hediondos, ele tem que obedecer ao mandamento constitucional porque o legislador constituinte já diz quais crimes são equiparados a hediondos. Quais crimes são equiparados a hediondos? 
Tortura, 
Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e 
Terrorismo.
Esses são os crimes equiparados a hediondos. Equiparados nas consequências, mas NÃO SAO hediondos. Já caiu: “Tráfico é hediondo.” Verdadeiro ou falso. O candidato: verdadeiro! Tunga! NÃO É HEDIONDO! É equiparado a hediondo. Tortura não é hediondo, é equiparado a hediondo. Terrorismo não é hediondo. É equiparado a hediondo. Guardem os três T’s: Tortura, tráfico e terrorismo.
Será que o Brasil adotou o melhor sistema? O legal é o mais justo? Nenhum dos três sistemas presta. Os três são péssimos.
O legal é injusto porque só analisa a gravidade em abstrato. Retira do juiz o poder de analisar o caso concreto. Estupro é hediondo? O Legislador diz: É hediondo! Mas, peraí, tem estupro e tem estupro. Você, mediante violência, constranger uma mulher à conjunção carnal é hediondo. Manter conjunção carnal com a namorada de 13 anos também é estupro e para o legislador também é hediondo. São dois estupros, porém de gravidade totalmente diferente. Ele resolveu nivelar tudo por cima. É estupro, é hediondo e retira do juiz a possibilidade de analisar a gravidade do caso concreto. Então, esse sistema é injusto. Trabalha apenas no plano abstrato.
O judicial é perigoso porque fica a critério do juiz. Você fica sem segurança jurídica. Fere o princípio da taxatividade ou mandato de certeza. Pode o juiz de uma comarca achar que violência doméstica de mulher contra mulher é hediondo. Outro achar que não. 
O misto reuniu o que os outros dois tinham de ruim. Vejam bem, o legislador dá exemplos e não olha o caso concreto, deixando o juiz com um poder enorme.
1.4.	Sistema MAIS JUSTO
STF - Qual seria o sistema justo? O sistema que o Supremo está adotando. O Supremo está adotando, nas suas decisões, um sistema que, claramente, nega o sistema legal. O sistema está decidindo o seguinte: o legislador dá um rol taxativo de crime hediondo, mas o juiz deve confirmar a hediondez no caso concreto. E, com isso, o Supremo, mesmo antes da permissão de liberdade provisória, já vinha concedendo liberdade provisória para crime hediondo.
“No sistema mais justo, o legislador apresenta rol taxativo. Porém, o juiz, analisando o caso concreto, deve confirmar a hediondez.”
O legislador dá um rol taxativo e já coloca balizas para o juiz: “juiz, você não pode fugir desse rol.” E o juiz vai confirmar a hediondez, como quem diz: “legislador, me diz quais são os crimes hediondos que eu vou confirmar no caso concreto.” Aí você deixa o juiz preso a este rol taxativo (ele não pode encontrar outros casos, evitando a insegurança) e permite ao juiz analisar a justiça do caso concreto.
Tem algum doutrinador que já usa esse sistema justo em sua doutrina? Tem. Guilherme de Souza Nucci. Ele, há muito tempo, já sugere esse sistema.
2.	O ELENCO DOS CRIMES HEDIONDOS
Então, pelo que eu entendi, é o legislador que, em rol taxativo, vai traçar crimes hediondos? Sim. E ele fez isso? Sim, na Lei 8.072/90, no seu art. 1º. O art. 1º traz os crimes considerados como hediondosno rol taxativo.
	Existe algum crime hediondo que não está no Código Penal? O candidato responde logo: Tráfico! Não! Tráfico não é hediondo. Tortura! Não! Tortura não é hediondo. Então, terrorismo? Não! Terrorismo não é hediondo. Os três T’s não são hediondos. Eu quero saber um crime hediondo que não está no Código Penal. Tem UM, UM, crime hediondo que não está no Código Penal. Apenas e tão-somente: O GENOCÍCIO. Vamos ver depois. 
Art. 1º - São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados Código Penal, consumados ou tentados: 
I - homicídio (Art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (Art. 121, § 2º, I, II, III, IV e V);
II - latrocínio (Art. 157, § 3º, in fine);
III - extorsão qualificada pela morte (Art. 158, § 2º);
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (Art. 159, caput e §§ 1º, 2º e 3º) – SEJA SIMPLES, SEJA QUALIFICADA;
V - estupro (Art. 213 e sua combinação com o Art. 223, caput e parágrafo único);
VI - atentado violento ao pudor (Art. 214 e sua combinação com o Art. 223, caput e parágrafo único);
VII - epidemia com resultado morte (Art. 267, § 1º).
VII-A - (vetado)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.
	O que eu vou fazer? Vou explicar as consequencias para um crime hediondo e quando eu acabar de explicar isso, eu volto e vou analisar cada um destes incisos, com relação a particularidades atinentes à lei.
Parágrafo único - Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956, tentado ou consumado.
	
Por que genocídio não é o inciso VIII? Porque os incisos estão ligados a crimes hediondos previstos no Código Penal. O genocídio mereceu um parágrafo único porque ele está fora do Código Penal. Genocídio, portanto, também é hediondo.
Não precisa decorar, é muito simples. É só você pensar, realmente, que os hediondos são crimes graves:
Homicídio em atividade típica de grupo de extermínio;
Homicídio qualificado;
Latrocínio
Extorsão qualificada pela morte que, nada mais é do que uma forma equiparada de latrocínio.
Extorsão mediante sequestro
Estupro
Atentado violento ao pudor
Epidemia com resultado morte e
Corrupção de medicamentos.
Acabou. Simples! Esses do Código Penal. Mais Genocídio. Eu volto a explicar cada um deles. Mas quero fazer uma observação antes.
Alberto Silva Franco, não sem razão, portanto, com acerto, critica nossa lei dos crimes hediondos. Diz que essa lei é elitista. Essa lei é elitista porque só etiquetou como hediondos só crimes praticados pelos pobres contra os ricos. E você não vê aqui, em princípio, os crimes praticados pelos ricos contra os pobres, como, por exemplo, corrupção. Aliás, você não tem nenhum crime contra a Administração Pública etiquetado como hediondo. Não existe no Brasil, crime contra a Administração Pública rotulado como hediondo. 
Porém, já está criada uma comissão no Congresso (mas eu acho que não vai passar) discutindo incluir a corrupção, a concussão e o peculato como hediondos. Está discutindo. Está muito longo de virar projeto e muito distante de isso virar lei. Mas já está sendo discutida a necessidade de se acrescentar ao rol dos crimes hediondos os desvios de dinheiro público. Corrupções, concussões, etc. Já é um interessante ponto de partida.
A Lei de Crimes Hediondos é de 1990. O homicídio qualificado só se tornou hediondo em 1994, com a morte da Daniela Perez. Quatro anos depois da lei é que o homicídio qualificado se tornou hediondo e não alcançou o Guilherme de Pádua porque a lei não pode retroagir em prejuízo do acusado. Então, Guilherme de Pádua não sofreu as consequencias da lei dos Crimes Hediondos. Só quem matou dali em diante é que passou a sofrer. Por isso é que o Guilherme de Pádua, rapidinho, já estava na rua.
Agora vamos analisar quais são as consequencias desses crimes. Depois eu falo das particularidades de cada um deles.
3.	CONSEQUÊNCIAS DOS CRIMES HEDIONDOS
Art. 2º - Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto;
II - fiança. (Alterado pela L-011.464-2007)
	3.1.	VEDAÇÃO DE GRAÇA, ANISTIA E INDULTO (art. 2º, I)
O art. 1º traz o rol de crimes hediondos – Ele diz quais são em sete incisos mais um parágrafo.
O art. 2º, por sua vez, traz as consequencias para o autor de um crime hediondo ou equiparado. Lembrando que equiparado é o tráfico, a tortura e o terrorismo.
E quais são as consequencias? O inciso I fala que são insuscetíveis de anistia, graça e indulto. Para quem não sabe, anistia, graça e indulto, são formas de renúncia do Estado ao seu direito de punir.
Vamos analisar uma questão importante que o Supremo decidiu recentemente. O art. 5º, XLIII, diz:
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia (...);
	Reparem que a CF não veda o indulto.
A Constituição Federal de 1988 veda graça e anistia.
A Lei 8.072/90 veda graça, anistia e indulto.
	O que se discute é se a lei ordinária, lembrando da pirâmide de Kelsen, que é subordinada à constituição poderia ter acrescentado a vedação do indulto. Será que a vedação do indulto, acrescentada pela Lei 8.082, não prevista na Constituição é constitucional? Há duas correntes:
1ª Corrente:	A vedação do indulto pela Lei dos Crimes Hediondos é inconstitucional. E qual é o argumento dessa primeira corrente para dizer que o acréscimo do indulto é inconstitucional? Ela diz que o rol de vedações da Constituição Federal é máximo, não podendo o legislador ordinário suplantá-lo. O rol de vedações é máximo, não é mínimo. O legislador tem que obedecê-lo. Não pode suplantá-lo.
	Essa primeira corrente tem um argumento que seduz.. Ela diz o seguinte: onde estão os casos de imprescritibilidade no Brasil? Quem prevê os crimes imprescritíveis no Brasil? É a Constituição Federal. A imprescritibilidade está prevista na CF. Os crimes imprescritíveis estão na CF. Pode o legislador ordinário amanhã criar outros crimes imprescritíveis? Se a CF traz a imprescritibilidade no rol de garantias fundamentais é porque a garantia é a prescrição. Não pode o legislador ordinário criar outras hipóteses de imprescritibilidade. Cuidado que dia 18 o legislador ordinário criou. Vocês vão ver que ele criou crimes imprescritíveis. Ele vai tornar imprescritível o estupro e crimes contra a humanidade. Então, dia 18 vocês vão ver que o legislador ordinário resolveu aumentar o rol constitucional. 
	Me diz uma coisa: Onde estão previstas as hipóteses de prisão civil? Na Constituição Federal. Pode o legislador infraconstitucional prever outras hipóteses? Não. Não pode. 
	Então, vocês responderam que o legislador ordinário não pode criar outras hipóteses de imprescritibilidade (porque a Constituição é taxativa), que não pode criar outras hipóteses de prisão civil (porque a Constituição é taxativa), por que ele pode acrescentar indulto? Entenderam o argumento da primeira corrente? 
Não é a que prevalece! Prevalece a segunda corrente.
2ª Corrente:	A vedação do indulto pela Lei dos Crimes Hediondos é constitucional. E como ela defende a constitucionalidade da vedação do indulto? Ela diz: o rol de vedações da CF é mínimo. Tanto é mínimo, que ela diz “a lei definirá”. Não bastasse esse argumento, outro argumento para defender a constitucionalidade do acréscimo da vedação do indulto é lembrar que a graça está sendo utilizada no sentido amplo, abrangendo o indulto. Quando o constituinte veda a graça, ele veda a graça em sentido amplo, abrangendo o indulto!
	Essa segunda corrente, não só é a majoritária, como é a posição do STF (RHC 84572/RJ – Marco Aurélio). O STF decidiu que não cabe indulto mesmo no caso de crimes praticadosantes da Lei dos Crimes Hediondos, desde que a execução estivesse sob a égide da Lei dos Crimes Hediondos. Se você praticou um crime antes da Lei dos Crimes Hediondos, mas começou a sofrer a execução depois dessa lei, não cabem indulto para você também. Mesmo tendo praticado o crime antes da lei! Vejam o que o Supremo decidiu! O Supremo decidiu que eu vou analisar se cabe ou não indulto na fase de execução. 
	O Guilherme de Pádua matou a Daniela Perez e não era crime hediondo. Mas quando ele começou a cumprir a pena já era crime hediondo. E aí? Não teve direito a indulto, mesmo tendo matado antes de a lei etiquetar o homicídio como hediondo. 
	Prestem atenção. Olha que interessante. Voltando:
	
A Constituição Federal de 1988 veda graça e anistia.
A Lei 8.072/90 veda graça, anistia e indulto.
A Lei 9.455/97 (Lei de Tortura) veda graça e anistia (não veda indulto)
	Então, Sete anos depois veio a Lei 9.455/97, Lei de Tortura, que veda graça e veda anistia. Reparem que a Lei de Tortura não veda indulto. Não vedando indulto, o que significa? Que a lei posterior (de Tortura), ao não tratar do indulto, aboliu a vedação do indulto dos crimes hediondos? Houve uma revogação tácita ou não, só tortura admite indulto? Qual é a consequência quando o legislador, sete anos depois, tratar um crime equiparado a hediondo com vedação só de graça e anistia, não vedando indulto? Significa que ele não quer mais vedar indulto ou tortura para qualquer outro crime hediondo, revogando a vedação do indulto da Lei 8.082/90, ou ele só quer conceder indulto para a tortura, sendo que os demais crimes hediondos continuam insuscetíveis? Duas correntes:
1ª Corrente:	Essa corrente diz que “a lei de tortura revogou tacitamente a vedação do indulto da Lei 8.072/90.” Qual é o argumento dessa primeira corrente ao dizer isso? Ela diz o seguinte: Se tortura é um crime equiparado a hediondo e admite indulto, por que os crimes hediondos não vão admitir? Você estará tratando os iguais de maneira desigual. Tratar iguais de maneira desigual fere o princípio da isonomia. O argumento dela é o princípio da isonomia. Se você permite indulto para a tortura, tem que permitir para todo mundo. Abriu a porteira, vai passar boiada. Literalmente. 
	
	2ª Corrente:	Essa corrente diz que “a lei de tortura NÃO revogou a vedação do indulto da Lei 8.072/90.” Como a segunda corrente defende a permanência da vedação do indulto na Lei dos Crimes Hediondos? Se a primeira corrente se socorreu do princípio da isonomia, para dizer que está abolida a vedação, a segunda corrente vai se socorrer do princípio da especialidade. A tortura é uma lei especial com tratamento especial. Pronto. E a lei especial derroga a lei geral. Prevalece sobre a lei geral. 
	Prevalece a segunda corrente, inclusive no STF!
	Quando tudo estava resolvido, veio mais uma lei:
A Constituição Federal de 1988 veda graça e anistia.
A Lei 8.072/90 veda graça, anistia e indulto.
A Lei 9.455/97 veda graça e anistia (não veda indulto)
A Lei 11.343/06 (Lei de Drogas) veda graça, anistia e indulto.
	Reparem que a Lei de Drogas foi fiel è Lei dos Crimes Hediondos. O que a Lei dos Crimes Hediondos vedou, a Lei de Drogas vedou do mesmo modo.
	Terminamos o inciso I, a vedação da anistia, graça ou indulto. Vamos para o inciso II:
	3.2.	VEDA FIANÇA, não veda mais a liberdade provisória (art. 2º, II)
	Olha o que o inciso II, do art. 2º, vedava: fiança e liberdade provisória. Vamos mostrar o que ele vedava. Então, temos que analisar o antes e o depois da Lei 11.464/07:
	LEI 11.464/07
	ANTES
	DEPOIS (redação nova)
	
Vedava: 
Fiança
Liberdade provisória
	
Veda:
Fiança – não veda mais a liberdade provisória
	Pergunto: Antes, na Lei de Crimes Hediondos, a liberdade provisória era vedada. Hoje não é mais. Qual é a consequência dessa mudança? 
	Prestem atenção: Com a mudança, o Supremo chegou a decidir que nada mudou. Mesmo com a nova lei, o STF chegou a decidir o seguinte: Nada mudou: continua sendo vedada a liberdade provisória. Dizia que vedar fiança e liberdade provisória era uma falta de técnica porque se você vedava a fiança, a liberdade provisória estava implícita. A vedação da liberdade provisória estava implícita na fiança. 
	“No HC 91556, o STF decidiu que a vedação da liberdade provisória está implícita na vedação da fiança.” Ou seja, anda mudou. Só houve uma correção técnica, correção de redação.
	Mas essa decisão ocorreu um mês depois da lei nova. O STF foi afoito. Então, dois anos depois, refletindo o assunto, está mudando de posição:
	No HC 92824, o STF, revendo seu posicionamento, vem autorizando liberdade provisória para crimes hediondos.”
	Celso de Melo tem uma expressão, uma fase no julgado dele que marca bastante: ‘quem tem que decidir se cabe ou não liberdade provisória não é o legislador, é o juiz, porque o legislador não sabe quem vai praticar, não conhece as circunstâncias em que esse crime vai ser cometido. Como é que o legislador pode vedar a liberdade provisória com base na gravidade em abstrato e ignorar totalmente o caso concreto? Então, vejam, com essa decisão, o STF está confirmando aquele sistema mais justo. Quem tem o império de dizer ou não se cabe liberdade provisória é o juiz. Celso de Melo vem batendo nessa tecla e vai pegar no Supremo.
	Quem presta para agente, sua prova vai querer a redação fiel da lei (que veda a fiança). Eu não gostaria de estar no lugar de vocês se eles perguntassem a posição do Supremo que começou de um modo e está em franca modificação. Tanto que eu coloco os dois HC’s para vocês entenderem a diferença.
Se vocês entenderem correto o primeiro entendimento, permanece intacta a Súmula 697, do STF. 
Se vocês concordarem com o segundo entendimento, perde sentido a Súmula 697, do STF.
	STF Súmula nº 697 - DJ de 13/10/2003 - A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não veda o relaxamento da prisão processual por excesso de prazo.
	
	Se você ainda acha que a liberdade provisória é vedada a crimes hediondos, a Súmula 697 continua vigente. Se você acha que crime hediondo é passível de liberdade provisória, não tem mais sentido a súmula 697.
	Mas, em apertada síntese, o que quer dizer a Súmula 697? Ela quer dizer o seguinte: o fato de um crime hediondo não admitir liberdade provisória, não significa que o excesso de prazo não vai ser punido com relaxamento. Uma coisa é não admitir liberdade provisória, outra coisa é você transformar aquele constrangimento legal em ilegal. 
	Eu, como promotor, antes dessa súmula, ficava feliz. Vinha lá o advogado falando em liberdade provisória para o cliente dele e eu logo dizia que não, porque não cabia em crime hediondo. Aí o advogado pedia relaxamento de prisão por excesso de prazo porque ele já estava preso há três anos, sem ter sido julgado. A gente falava a mesma coisa: não, não pode, é insuscetível de liberdade provisória. “Mas são duas coisas diferentes: eu pedi liberdade provisória e você não concordou, agora estou pedindo relaxamento pelo excesso de prazo!” E quanto a isso, o Supremo falou: Tem razão! Não caber liberdade provisória, é uma coisa. Excesso de prazo e relaxamento é outra. 
	A próxima consequência está nos parágrafos 1º e 2º:
3.3.	REGIME INICIAL FECHADO, admitindo PROGRESSÃO (§§ 1º e 2º, do art. 2º da Lei 11.474/07)
	Eu vou ter que analisar esse assunto, de novo, antes e depois da Lei 11.464/07:
	LEI 11.464/07
	§ 1º ANTES
	§ 1º DEPOIS (redação nova)
	
“A pena por crime prevista neste artigo será cumprida integralmente em regime fechado.”
NÃO ADMITIA PROGRESSÃO
Em 2006, o STF declarou inconstitucional o regime integralmente fechado e já admitia a progressão com 1/6
	
“A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado.” (Alterado pela L-011.464-2007).
 
ADMITE PROGRESSÃO:
2/5, se PRIMÁRIO
3/5, se REINCIDENTEAntes, então, estava previsto o regime integral fechado. Antes, a lei, ao prever o regime integral fechado, proibia progressão.
	Prestem atenção: Em 2007, a Lei 11.464/07 mudou essa história. Ela diz o seguinte:
§ 1º - A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado. 
	Hoje ela fala em regime inicial fechado e se fala em regime inicial fechado, é porque hoje permite progressão. E permite progressão com quanto? Olha o que diz o § 2º:
§ 2º - A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (Alterado pela L-011.464-2007)
	
Reparem que aqui ninguém está falando em reincidência específica. Reincidente, 3/5, não reincidente 2/5. Pronto! 
Sabe o que vai cair na sua prova? O seguinte: E para aquele que praticou um crime hediondo antes da Lei 11.464, mas a execução só vai começar depois da Lei 11.464/07. Vai ter direito à progressão? Sim. Quanto tempo de pena ele tem que cumprir? Entenderam a pegadinha? Ele praticou o crime antes, quando o regime era integral fechado. A execução começa depois da lei nova onde o regime é inicial fechado. Antes se proibia a progressão. Agora se permite. Ele vai ter direito à progressão? Vai! A lei retroage para alcançar os fatos pretéritos. Pergunto: Com qual prazo ele progride de regime? Quanto tempo de cumprimento de pena? 
Cuidado! Não vai ficar pensando que é 2/5 e 3/5! Por quê? Essa lei é de quando? De 2007. Cuidado que em 2006 o Supremo já havia declarado inconstitucional o regime integralmente fechado. Em 2006, o Supremo declarando inconstitucional o regime integralmente fechado já vinha permitindo progressão e essa progressão se dava com 1/6. Então, para os crimes praticados antes, eles merecem 1/6, não 2 a 3/5, dependendo se primário ou reincidente. Reparem que o patamar piorou (2/5 A 3/5) para aqueles que praticaram crime antes da Lei 11.464/07 (1/6), porque o supremo já havia declarado inconstitucional o regime integralmente fechado. Entenderam a pegadinha? Se você não lembrar que o Supremo já havia declarado inconstitucional o regime integralmente fechado, você vai dizer que esta lei retroage no todo, permitindo progressão e com o patamar de 2/5 a 3/5. Você que lembrou que o Supremo já havia declarado inconstitucional esse regime, vai permitir progressão, mas não com o patamar de 2 a 3/5, mas com o patamar anterior, de 1/6, que é mais benéfico.
Quem me dá um caso que a sociedade está discutindo hoje, achando um absurdo, e essa menina está progredindo com 1/6? Suzanne Rischtofen. Reparem que para os casos anteriores, o Supremo já havia declarado inconstitucional e já havia permitido a progressão com 1/6. então, a lei nova autorizou o que o Supremo já autorizava e majorou o tempo de cumprimento de pena. Então, a retroatividade no patamar da lei nova é maléfica. Não pode. Ele tem que progredir com 1/6. Suzanne Rischtofen está querendo progredir com 1/6 de pena. É o caso típico: Ela matou antes da Lei 11.464/07. A execução da pena foi depois da lei. Cuidado! Ela merece o prazo anterior. Não merece progredir, mas merece o prazo anterior. Por estar um caso muito na mídia, eu tenho certeza que vai cair isso daqui.
Essa questão, só para vocês verem, eu fiz um levantamento, ela caiu: No TJ/PR (2007), no TJ/SC (2008), NO TJ/MG (2008). A mesma questão em três concursos da magistratura, em menos de 1 ano.
3.4.	 PRISÃO PREVENTIVA (§3º , do art. 2º, da Lei 11.474/07)
	Essa questão do § 3º caiu: Delegado de Polícia/MG, TJ/MG e Delegado de Polícia/PR
§ 3º - Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. (Alterado pela L-011.464-2007)
	Quem lê isso, pensa: “Já entendi. Você foi condenado a um crime hediondo ou equiparado, em princípio você recorre preso. Se o juiz quiser que você recorra solto, ele vai ter que muito bem fundamentar a decisão.” No silêncio, você recorre preso. Não é isso que parece? Esse tipo de dispositivo, não tem só na lei de crimes hediondos. Ele tem na lei de drogas, etc. O Supremo já falou que a interpretação que tem que ser dada é a seguinte:
Processado preso – Recorre preso, salvo se ausentes os fundamentos da preventiva.
Processado solto – Recorre solto, salvo se presentes os fundamentos da preventiva.
	Essa é a interpretação constitucional que se deve dar a qualquer dispositivo como esse. 
	Olha que interessante:
Art. 312 - A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
	Eu, como promotor, quando represento pela preventiva de alguém (e vai aí a dica para delegado), eu nunca peço por questão de ordem pública, por conveniência da instrução (eu nunca falo em conveniência porque conveniência é uma expressão que não combina com prisão, melhor necessidade da instrução) ou frustração da aplicação da lei penal. Eu nunca peço com base num deles. Eu peço com base nos três. Por quê? Se você pedir a prisão preventiva de autor de um crime hediondo, por exemplo, por ser necessário à instrução, acabando a instrução, o que o juiz tem que fazer? Soltar! Então, olha só: Se você pediu a preventiva por ser necessária à instrução, acabou a instrução, acabou o fundamento da preventiva. Juiz, você tem que soltar! 
Entenderam a dica? Então, não importa o concurso que você vai prestar, se você tiver que se manifestar sobre uma preventiva, seja numa representação policial, num pedido ministerial ou numa decisão judicial, primeiro fala de falar ‘conveniência da instrução’ (isso é absurdo), fala ‘necessidade’, mas nunca deixe esse fundamento sozinho. Coloque os outros porque se acabar a instrução, ele tem que ser solto.
3.5.	 PRISÃO TEMPORÁRIA (§4º , do art. 2º, da Lei 11.474/07)
	O parágrafo 4º está tratando da prisão temporária e diz o seguinte
§ 4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. (Acrescentado pela L-011.464-2007)
	A lei de prisão temporária tem um prazo de custódia de cinco dias prorrogável por mais cinco dias. A lei de crimes hediondos diz: Calma! Se for um crime previsto nesta lei (hediondos), a prisão temporária será de 30 mais 30. Caiu isso para Delegado em MG, prova de segunda fase. Uma das questões mais interessantes sobre prisão temporária. Vamos tentar explicar isso com mais calma. Preste atenção.
A Lei 7960/89 prevê prisão temporária de 5 dias, prorrogáveis por mais cinco, desde que comprovada extrema necessidade. Na lei dos crimes hediondos, a prisão temporária é de 30 dias prorrogáveis por mais 30 dias. 
E cabe prisão temporária em qualquer crime? Não. O art. 1º, III, da prisão temporária traz os crimes que admitem essa espécie de custódia.
Art. 1º Caberá prisão temporária: 
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
a) homicídio doloso (Art. 121, caput, e seu § 2º);
b) seqüestro ou cárcere privado (Art. 148, caput, e seus §§ 1º e 2º);
c) roubo (Art. 157, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º);
d) extorsão (Art. 158, caput, e seus §§ 1º e 2º);
e) extorsão mediante seqüestro (Art. 159, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º);
f) estupro (Art. 213, caput, e sua combinação com o Art. 223, caput, e parágrafo único);
g) atentado violento ao pudor (Art. 214, caput, e sua combinação com o Art. 223, caput, e parágrafo único);
h) rapto violento (Art. 219, e sua combinação com o Art. 223, caput, e parágrafo único);
i) epidemia com resultado de morte (Art. 267, § 1º);j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (Art. 270, caput, combinado com Art. 285);
l) quadrilha ou bando (Art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
n) tráfico de drogas 
o) crimes contra o sistema financeiro
	Esses delitos admitem prisão temporária. Esse rol é taxativo ou exemplificativo. Qual é o raciocínio? O rol é taxativo. O prazo de prisão temporária é de 5 + 5. Cuidado ! Se o crime é hediondo, 30 + 30. Pergunto: Todas as letras correspondem a crime hediondo? Não. Olha a pergunta que eu vou fazer agora: todos os crimes hediondos estão aqui? São duas perguntas: o rol é taxativo? Sim! Se o crime só está na Lei 7.960 são 5 + 5 dias o prazo de prisão temporária. Se o crime da prisão temporária está na lei dos crimes hediondos é 30 + 30. Todas as letras correspondem a crime hediondo? Não. E todos os crimes hediondos estão abrangidos pelo inciso III da lei de prisão temporária? Não. E agora?
	
	LEI 7960/89
	LEI 8072/90
	Prisão temporária: 5 dias + 5 dias
	Prisão temporária? 30 dias + 30 dias
	
Art. 1º, III:
a) Homicídio – 121, CP
	
O homicídio, se cometido por grupo de extermínio ou qualificado, o prazo passa a ser de 30 + 30
	*b) Sequestro e cárcere privado – 148, CP
	
	c) Roubo – 157, CP
	O roubo, se qualificado pela morte, 30 + 30
	d) Extorsão – 158, CP
	A extorsão, se qualificada pela morte, 30 + 30
	e) Extorsão mediante sequestro – 159, CP
	O sequestro, simples ou qualificado, 30 + 30.
	f) Estupro – 213, CP
	O estupro, simples ou qualificado, 30 + 30.
	g) Atentado violento ao pudor – 214, CP
	O atentado violento ao pudor, simples ou qualificado, 30 + 30.
	h) Rapto
	
	i) Epidemia com resultado morte – 267, § 1º, CP
	É hediondo – É igualzinho à lei dos crimes hediondos
	*j) Envenenamento de água potável – 270, CP
	
	*l) Quadrilha ou bando – 288, CP
	
	m) Genocídio
	Hediondo, logo, 30 + 30
	n) Tráfico 
	Equiparado a Hediondo, logo, 30 + 30
	*o) Crime contra o Sistema Financeiro
	
	
Esses crimes admitem prisão temporária com qual prazo? 5 + 5, salvo, se também estiverem na lei de crimes hediondos. Fazendo a comparação, os únicos que obedecem ao prazo de 5 + 5 são os marcados com asterisco, ou seja, dos 13, só 4.
	Aqui, é possível prisão temporária 30 + 30
Então, já deu para concluir o quê? Que o prazo de 5 dias será necessariamente para:
Sequestro e cárcere privado – 148, CP
j) Envenenamento de água potável – 270, CP
l) Quadrilha ou bando – 288, CP
o) Crime contra o Sistema Financeiro
	No mais, é possível prisão temporária 30 + 30.
	A pergunta que caiu para delegado de polícia/MG foi exatamente o inverso. Reparem que há crimes hediondos ou equiparados a hediondos que não estão no quadro. Foram esquecidos pela prisão temporária, mas estão previstos na lei dos crimes hediondos. Quais são? Por exemplo, a tortura. Qual é o prazo de prisão temporária da tortura? Qual é o prazo da prisão temporária na corrupção de medicamentos? Primeira coisa: Admite prisão temporária? Se admite, qual é o prazo? Reparem que a tortura não está na lei de prisão temporária. Reparem que a corrupção de medicamentos não está no rol taxativo da lei de prisão temporária. Então, a polícia civil em Minas, queria saber: Cabe prisão temporária para tortura? Se sim, qual é o prazo? Cabe prisão temporária para corrupção de medicamentos? Se sim, qual é o prazo? Entenderam por que esse quadro foi necessário? Para chamar a atenção que se esse rol da Lei 7.960/89 é taxativo, ele não abrange nem a tortura e nem a corrupção de medicamentos. 
	Prestem atenção:
1ª Corrente:	Se a tortura e a corrupção de medicamentos não estão no inciso III, do art. 1º, da lei da prisão temporária, não comportam essa espécie de prisão. Só cabe prisão temporária nos crimes do inciso III, do art. 1º dessa lei especial. Fora deste rol, não cabe prisão temporária. Logo, se a tortura e a corrupção de medicamentos não estão neste rol taxativo, não admitem prisão temporária. Não é a corrente correta.
2ª Corrente:	Para essa corrente (que é a correta), a tortura e a corrupção de medicamentos admitem prisão temporária. Por quê? Porque o § 4º, do art. 2º, da lei de crimes hediondos, diz: “os crimes previstos nesta lei (e os dois estão previstos nesta lei – lei de crimes hediondos) admitem prisão temporária). Tem previsão legal! Então, esses crimes admitem prisão temporária e se admitem prisão temporária, o prazo vai ser de 30 mais 30 dias.
	Lendo outra vez o § 4º e percebendo que, no momento em que ele se refere à lei é à lei dos crimes hediondos e não à lei de prisão temporária.
§ 4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo (QUAL ARTIGO? NO ART. 2º DA LEI DOS CRIMES HEDIONDOS E ESSE ARTIGO FALA DOS HEDIONDOS E DOS EQUIPARADOS A HEDIONDOS), terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. (Acrescentado pela L-011.464-2007)
	Em resumo: Tem previsão legal e o prazo é de 30 + 30. Então, dá para perceber o seguinte: A lei de crimes hediondos não ampliou somente o prazo de prisão temporária. Ela ampliou o rol dos crimes que admitem essa espécie de prisão.
	Repetindo: A lei dos crimes hediondos não se limitou a ampliar o prazo de prisão temporária, mas ampliou o rol dos crimes que admitem essa espécie de prisão (tortura e corrupção de medicamentos). Então, não fiquem pensando que o parágrafo 4º só ampliou o prazo de prisão temporária. Ele não só ampliou o prazo como também o rol de crimes (tortura e corrupção de medicamentos) que admitem prisão temporária. Caiu para delegado/MG e o examinador perguntou exatamente o seguinte: Cabe prisão temporária no 273, do CP? Se sim, qual é o prazo? Você tinha que enfrentar essa questão.
(Intervalo)
3.6.	 PRESÍDIO DE SEGURANÇA MÁXIMA (art. 3º, da Lei 11.474/07)
	Art. 3º - A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública.
	O art. 3º é simples. Eu não vou nem perder muito tempo com ele. Eu amo esse artigo! Brilhante! Como que se mudasse o presídio fosse acabar a periculosidade. Vocês têm que lembrar que foi num presídio de segurança máxima federal que eles deixaram junto Fernandinho Beira-Mar e Abadía, que já estavam tramando o sequestro da Ministra Ellen Gracie. Não vou perder tempo comentando. Me recuso. Ele é claro: A União deve construir presídios de segurança máxima para presos condenados de altíssima periculosidade.
3.7.	 LIVRAMENTO CONDICIONAL (art. 5º, da Lei 11.474/07)
	O art. 5º acrescentou ao art. 83, do Código Penal o inciso V, permitindo o livramento condicional para crime hediondo. Porém, com condições objetivas mais rigorosas. Vamos analisar o art. 83, do Código Penal, com esse acréscimo.
	Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Alterado pela L-007.209-1984)
	I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes;
	II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
	III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto;
	IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
	V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidenteespecífico em crimes dessa natureza. (Acrescentado pela L-008.072-1990)
	O livramento condicional, para quem não sabe, é um benefício de execução penal consistente na liberdade antecipada. Como o próprio nome já diz, ele é condicional. Além de pressupor requisitos, ele deve estar sujeito a condições. Quais são os requisitos objetivos? Vou me ater ao seguinte:
No caso de condenado primário + Bons antecedentes, ele tem que cumprir mais de 1/3 da pena. Não 1/3 da pena. Mais de 1/3 da pena.
No caso de condenado reincidente, ele deve cumprir mais de ½ da pena.
E no caso de condenado primário portador de maus antecedentes? 
	Quando tempo de pena o primário portador de maus antecedentes tem que cumprir para obter o livramento condicional? A lei previu essa hipóteses? A lei lembrou que o primário nem sempre tem bons antecedentes? Ora, para fazer jus ao livramento, ele tem que ser primário e ter bons antecedentes. São requisitos cumulativos. Se ele for reincidente, mais de metade da pena. E se ele for primário e não tiver bons antecedentes, ele não preenche o requisito 1. Também não se encaixa no caso seguinte. E agora? Não tem prisão legal, não se encaixa no livramento condicional, é isso? Não. Ele vai ter direito a livramento. Mas qual prazo ele vai ter que cumprir. Eu já vi juiz somando 1/3 com ½ e dividindo por dois. Não me peçam para fazer isso, até porque é ridídulo, estará legislando. Ele deve se equiparar ao reincidente e cumprir metade da pena ou deve se equiparar ao primário e cumprir mais de 1/3?
	1ª Corrente:	Na ausência de previsão, havendo dúvida, indubio pro reo. Ele deve cumprir mais de 	um terço da pena. No silêncio, na lacuna, indubio pro reo. 
	2ª Corrente: 	Ele tem que ser portador de bons antecedentes para gozar do prazo de 1/3. Não 	sendo, ele vai ter que cumprir o mesmo que o reincidente. A segunda corrente está decidindo contra 	o réu.
	Prevalece a primeira corrente!
	Agora, o que nos interessa está aqui:
4.	Condenado por crime hediondo (ou equiparado) não reincidente específico tem direito ao 	livramento quando cumpriu mais de 2/3 da pena. Ele tem direito a livramento condicional, 	porém, tem que 	cumprir mais de 2/3 da pena.
	O que é reincidente específico? Para responder isso, temos três correntes:
	1ª Corrente:	Considera-se reincidente específico quem, condenado por crime hediondo ou 	equiparado pratica novo crime hediondo ou equiparado. Pronto! Este é o reincidente específico. E 	neste novo crime não tem direito ao livramento condicional.
	Então, por exemplo, se ele tem no passado um homicídio qualificado e pratica um latrocínio, para o latrocínio não haverá livramento condicional.
	2ª Corrente:	Diz que é reincidente específico quem, condenado por crime hediondo ou 	equiparado pratica o mesmo crime hediondo ou equiparado.
	Ou seja, só quando ele pratica o mesmo crime hediondo ou equiparado, não tem direito ao livramento. Por exemplo, ele, condenado por um estupro, pratica outro estupro, não tem direito a livramento neste novo estupro. Agora, vejam, se ele tivesse praticado um crime hediondo ou equiparado diferente do estupro, teria direito ao livramento condicional.
	3ª Corrente:	Diz que é reincidente específico quem, condenado por crime hediondo ou 	equiparado pratica crime hediondo ou equiparado com o mesmo bem jurídico.
	Se for o mesmo bem jurídico lesado nos dois crimes, não tem direito ao livramento. Por exemplo: condenado a estupro, praticou o novo estupro ou atentado violento ao pudor, com o mesmo bem jurídico, não tem direito a livramento condicional. Não precisam ser crimes da mesma espécie, como para a segunda corrente, mas têm que proteger o mesmo bem jurídico.
	Prevalece a 1ª corrente! Não importa se o crime é da mesma espécie ou se protege o mesmo bem jurídico ou não. O que importa é se ele é hediondo ou equiparado. Acabou! Importa se ele praticou dois crimes hediondos ou equiparados. Não importa se da mesma espécie ou protegendo o mesmo bem jurídico.
	Os arts. 6º e 7º não interessa. Vamos para o art. 8º, da lei de crimes hediondos.
3.8.	Se praticado em QUADRILHA ou BANDO (art. 8º, da Lei 11.474/07)
	Art. 8º - Será de 3 (três) a 6 (seis) anos de reclusão a pena prevista no Art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.
	Vamos ver o quanto isso é importante para um assunto que vamos analisar na próxima aula, na lei de drogas. 
	O art. 288, do CP pune o crime de quadrilha ou bando (que vai mudar. Já tem projeto de lei a ser enviado para o Lula. Eles vão acrescentar § 1º e § 2º. Eles vão prever agora a quadrilha ou bando de milícias, visando à prática de crime de extermínio de pessoas).
	Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes:Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
	
	Art. 288, CP
	
	1 a 3 anos
(Reunirem-se + de 3 pessoas
 para o fim de praticar crimes)
	3 a 6 anos
Hediondos
Tráfico (Art. 35, da Lei 11.343/06)
Tortura
Terrorismo
	Cuidado! Se o crime que essa quadrilha visa praticar for crime hediondo, for crime de tráfico, for crime de tortura, for crime de terrorismo, aí, a pena não será mais de 1 a 3. a pensa passa a ser de 3 a 6 anos. Então, se mais de 3 pessoas reunirem-se para fins de praticar crimes, a pena é de um a três anos pela simples associação. Vocês vão ver que esses crimes não precisam sequer acontecer. Ele já será punido pela simples associação. Então, se você se reunir com mais de três pessoas para o fim de praticar crimes, sua pena será de 1 a 3 anos. Se esses crimes, visados pela associação, for hediondo, tráfico, tortura ou terrorismo, a pena passa a ser de 3 a 6.
	Só cuidado com uma coisa: Esqueça tráfico! Por que? Porque tráfico tem uma associação especial: Art. 35, da Lei 11.343/06. Cuidado! Esqueça! Não se aplica mais o art. 288 quando se trata de tráfico porque o tráfico tem uma associação criminosa própria. Com um detalhe, se na quadrilha ou bando eu preciso de mais de três pessoas, no art. 35, da Lei de Drogas, Lei 11.343/06, bastam duas! 
	3.9.	DELAÇAO PREMIADA (§ único, do art. 8º, da Lei 11.474/07)
	O art. 8º, da lei de crimes hediondos tem um parágrafo único que diz o seguinte:
	Parágrafo único - O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de 1 (um) a 2-3 (dois terços).
	
	Para o STJ (HC 41.758/SP)– A delação depende do efetivo desmantelamento da quadrilha ou bando. Não basta delatar, tem que delatar de tal modo que permita, possibilite o desmantelamento. Para o STJ, é imprescindível que essa delação seja eficaz!
	O art. 9º, da lei dos crimes hediondos e perceba que você está colocando no seu caderno uma verdadeira lei dos crimes hediondos comentada, artigo por artigo. Esse artigo, no dia 18 de agosto/09, não existirá mais! Vou explicar porque vai que o Presidente vete! Mas a chance é de 99,99% de ele desaparecer, sumir do mapa! O que é até melhor. Menos uma divergência para a gente discutir.
	Art. 9º - As penas fixadas no Art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput, e sua combinação com o Art. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com o Art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite superior de 30 (trinta) anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no Art. 224 também do Código Penal.
	
	Então, já deu para perceber o quê? Que o art. 9º, da lei dos crimes hediondos aumenta de metade a pena destes crimes se a vítima estiver em qualquer das hipóteses do art. 224, do CP, que diz:
	Art. 224 - Presume-se a violência, se a vítima: a) não é maior de 14 (catorze) anos; b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia estacircunstância; c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.
	Se você praticou um latrocínio, uma extorsão qualificada pela morte, extorsão mediante sequestro (na forma simples ou qualificada), estupro ou atentado violento ao pudor contra esta vítima a sua pena vai ser ainda majorada de metade. Então, ele fala:
	
157, § 3º – latrocínio – Se for vítima nas condições do art. 224, do CP, pena aumentada de metade.
158, § 2º- extorsão qualificada pela morte – Se for vítima nas condições do art. 224, do CP, pena aumentada de metade.
159- extorsão mediante sequestro - Se for vítima nas condições do art. 224, do CP, pena aumentada de metade.
213 - estupro - Se for vítima nas condições do art. 224, do CP, pena aumentada de metade.
214 - atentado violento ao pudor - Se for vítima nas condições do art. 224, do CP, pena aumentada de metade.
	
	157, § 3º – latrocínio
	Vítima ( 224, do CP) - pena aumentada 1/2.
	158, § 2º – extorsão qualificada pela morte 
	Vítima ( 224, do CP) - pena aumentada 1/2.
	159 – extorsão mediante sequestro
	Vítima ( 224, do CP) - pena aumentada 1/2.
	* 213 – estupro 
	Vítima ( 224, do CP) - pena aumentada 1/2.
	* 214 – atentado violento ao pudor 
	Vítima ( 224, do CP) - pena aumentada 1/2.
	O problema nasce nos arts. 213 e 214, do CP. Aí é que mora o problema que, já já, o Lula vai resolver pra nós, fazendo esse artigo sumir. Qual é o problema com esses dois crimes? Nós sabemos que estes dois crimes podem ser praticados com violência real ou violência presumida. E quando que se presume a violência? Nas hipóteses do art. 224, do CP. Aí a doutrina e a jurisprudência questionam: peraí! Esse aumento de metade ele vai incidir em todos os estupros e atentados violentos ao pudor, seja violência tentada ou presumida? Será que esse aumento do estupro, esse aumento do atentado violento ao pudor, por estar a vítima na situação do art. 224 incide no estupro com violência real, no atentado ao pudor com violência real ou presumida? 
	Uma primeira corrente entende que sim, mas vamos direto, pensando na prova de vocês. Eu não vou perder muito tempo: STF e STJ, hoje (e quando eu digo hoje, é de 2008 para cá). Hoje, eles entendem que eu não posso aplicar o aumento quando a violência for presumida porque a haveria bis in idem. Ele estaria sendo punido duas vezes em razão da mesma circunstância. Ele estaria sendo punido mais gravemente porque a vítima é menor de 14 anos e presumindo a violência (porque a vítima é menor que 14 anos). São duas circunstâncias idênticas, prejudicando o mesmo réu. Não pode!!Então, esse aumento teria incidência somente quando o crime sexual é praticado com violência real. Aí você não vai precisar do art. 224 para presumir a violência. Aí cabe! STF e STJ não aplicam o aumento quando o crime sexual tem violência presumida para não gerar bis in idem. 
	Sabe por que vai desaparecer o art. 9º? Porque o legislador vai revogar o art. 224, do Código Penal. Revogando o art. 224, do Código Penal, o art. 9º perdeu o sentido para todos porque todos dependem da situação da vítima na situação do art. 224 e o art. 224 vai desaparecer. O art. 9º deixa de existir no dia 18/08/09 porque o art. 224 desaparece. E aí vai trazer uma retroatividade benéfica. Mas aí nós vamos explicar. Quando vier essa lei nova, nós vamos fazer um 'sabadão' só explicando tudo o que vier de novidade.
	O que nós vamos fazer agora? Nós terminamos as conseqüências legais para um crime hediondo ou equiparado. O que eu vou fazer? Eu vou analisar com vocês os crimes hediondos ou equiparados. 
4.	DOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS EM ESPÉCIE
	Quais são aos crimes sujeitos a essas consequências que você está há duas horas falando, Rogério? Simples: Volta para o art. 1º, da Lei dos Crimes Hediondos. Vamos analisar cada um dos crimes rotulados, etiquetados como hediondos.
Art. 1º - São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados Código Penal, consumados ou tentados: 
I - homicídio (Art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (Art. 121, § 2º, I, II, III, IV e V);
II - latrocínio (Art. 157, § 3º, in fine);
III - extorsão qualificada pela morte (Art. 158, § 2º);
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (Art. 159, caput e §§ 1º, 2º e 3º) – SEJA SIMPLES, SEJA QUALIFICADA;
V - estupro (Art. 213 e sua combinação com o Art. 223, caput e parágrafo único);
VI - atentado violento ao pudor (Art. 214 e sua combinação com o Art. 223, caput e parágrafo único);
VII - epidemia com resultado morte (Art. 267, § 1º).
VII-A - (vetado)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.
	4.1	HOMICÍDIO – Art. 1º, I, da Lei dos Crimes Hediondos
Art. 1º - São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados Código Penal, consumados ou tentados: I - homicídio (Art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (Art. 121, § 2º, I, II, III, IV e V);
	
	Dois são os homicídios etiquetados como hediondos. O homicídio será hediondo quando:
	a)	“Praticado em atividade típica de grupo de extermínio (chacina)”
	Esse dispositivo é extremamente criticado. Primeiro porque, o que significa atividade de extermínio? Reparem que é um conceito extremamente poroso. Atividade de extermínio, a doutrina acaba dizendo: É a famosa chacina. 
	Outra crítica: quantas pessoas devem integrar este grupo? Atividade típica de grupo de extermínio. Reparem que o legislador fala em 'grupo ainda que praticado por um só agente'. O Brasil tem grupo de uma pessoa só? Não. Na verdade, ele está querendo dizer, 'ainda que o crime seja cometido por uma só pessoa daquele grupo'. Então, tem que haver um grupo. Quantas pessoas formam um grupo? Duas formam um grupo ou formam um par? 
	1ª Corrente:	Grupo não se confunde com par. Par precisa de duas. Grupo também não se 	confunde com bando. Bando precisa de quatro. Grupo precisa de três. Essa é a primeira corrente.
	2ª Corrente:	Diz que concorda que grupo não sem confunde com par, mas essa expressão grupo 	precisa de um tipo penal próximo e o tipo penal mais próximo e o tipo penal mais próximo de grupo 	é o bando. Se bando precisa de quatro, também o grupo precisa de quatro. A interpretação tem 	que ser feita de acordo com o que existe e o que existe mais próximo do grupo criminoso é o bando 	criminoso. E se são quatro para formar um bando, serão quatro para formar um grupo. Por causa de 	uma pessoa só, mas vejam que uma pessoa só pode diferenciar o crime de hediondo para não 	hediondo.
	Prevalece a segunda corrente!
	Uma coisa é certa: Este homicídio é hediondo, mesmo que simples. Ele não precisa ser qualificado. Vejam que o homicídio simples pode ser hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio. Esse homicídio é hediondo, ainda que simples. Se te perguntarem: o homicídio simples é hediondo? Pode ser, desde que praticado em atividade típica de grupo de extermínio. Como chama esse homicídio simples que depende desta condição (ser praticado por grupo de extermínio) para ser hediondo? Homicídio condicionado. Já caiu isso em concurso: MP/PR. O que é homicídio condicionado? É o homicídio simples, hediondo porque praticado em atividade típica de grupo de extermínio.
	Crítica – Eu, Rogério, promotor, jamais vou denunciar uma chacina como simples homicídio. Falar que esse homicídio, praticado em atividade típica de grupo de extermínio, pode ser simples é ridículo. Você consegue imaginar uma chacina como simples homicídio? Toda chacina está envolvida com motivos torpes ou fúteis, com meios cruéis, recursos que dificultam a defesa do ofendido. Então, Paulo Rangel (RJ), Guilherme de Souza Nucci (SP) falam: isso é ridículo imaginar que um homicídio condicionado é simples. Homicídioem atividade de extermínio sempre será qualificado. Mais duas observações:
	O jurado deve ser quesitado sobre esta condicionante? O jurado deve ser quesitado se o crime foi praticado em atividade típica de grupo de exterminínio? O juiz tem que dar a oportunidade ao jurado de decidir se o crime foi praticado em atividade típica de grupo de extermínio? Sim ou não? HOJE NÃO. Olha só o que eu vou falar:
HOJE não é elementar do tipo.
HOJE não é causa de aumento.
HOJE não é agravante.
	Mesmo que agravante fosse, hoje, jurado nem fala mais de agravante. Prestem atenção que isso aqui vai ter uma mudança. A pergunta foi: O jurado decide se o delito foi praticado em atividade típica de grupo de extermínio? Essa é a pergunta que eu fiz:
HOJE - Não, pois esta condição não é elementar do tipo ou causa de aumento de pena. Hoje, essa é a resposta. Quem vai decidir isso é o juiz na hora de aplicar a pena. Aí ele fala: É um crime hediondo. Pronto e acabou.
AMANHÃ – Está próximo. Atividade de grupo de extermínio vai passar a ser um parágrafo 6º do art. 121 e vai passar a ser uma causa de aumento de pena. Quando o grupo de extermínio passar a ser causa de aumento de pena, qual vai ser a resposta? SIM. O jurado vai ter que se manifestar sobre ela. AMANHÃ, SIM, pois passará a aumentar a pena do homicídio.
	Então, cuidado! Está na iminência de ir para o Lula. Nós já comentamos, inclusive, essa lei no projeto. O Lula sancionando, o § 6º é novidade. E aí o jurado vai ter que se manifestar sobre grupo de extermínio. Mudança importante!
	b)	“Homicídio qualificado”
	E o homicídio qualificado, é hediondo sempre? SEMPRE! O homicídio qualificado é hediondo sempre, não importa a qualificadora. É possível (e vocês já viram isso) homicídio qualificado e também privilegiado? 
	O privilégio está no § 1º, do art. 121 – Você tem três privilegiadoras:
		
Relevante valor social
Relevante valor moral
Emoção
	As qualificadoras estão no § 2º, do art. 121 – São cinco:
		
Motivo torpe
Motivo fútil
Meio cruel
Modo surpresa
Fim especial (matar para assegurar a execução de outro crime, por exemplo)
	Vamos olhar primeiro as privilegiadoras. Pergunto: As privilegiadoras são objetivas ou subjetivas? 
Subjetiva – vocês vão responder que ela é objetiva se ela estiver ligada a um motivo ou estado anímico do agente.
Objetiva – você vai dizer que é subjetiva, se ela estiver ligada a um meio ou modo de execução.
	Se elas estiverem ligadas ao motivo ou estado anímico são subjetivas. Se estiverem ligadas ao meio ou modo de execução são objetivas. Então, agora fica fácil.
	As privilegiadoras, matar por motivo de relevante valor social, de relevante valor moral ou emoção, são todas subjetivas.
	No caso das qualificadoras, depende: 
	Motivo torpe – Subjetiva 
	Motivo fútil – Subjetiva 
	Meio cruel – Objetiva 
	Modo surpresa – Objetiva 
	Fim especial – Subjetiva
	Agora vocês respondam: É possível homicídio qualificado privilegiado? 
Vocês acham que é possível relevante valor social e torpeza? Combina? Motivo altruísta e, ao mesmo tempo, ignóbil, vil, abjeto? Não combina. Ou é um ou é outro.
É possível relevante valor moral, sentimento de piedade, com futilidade? Combina? Não combina. Ou é um ou é outro.
	Eu estou demonstrando o quê? Que a física se aplica aqui:
	PRIVILEGIADORAS - § 1º
	QUALIFICADORAS - § 2º
	
	Motivo Torpe – SUBJETIVA
	Relevante Valor Social – SUBJETIVA
	Motivo Fútil – SUBJETIVA 
	Relevante Valor Moral – SUBJETIVA
	Meio CRUEL - OBJETIVA
	Emoção - SUBJETIVA
	Modo Supresa - OBJETIVA
	
	Fim Especial - SUBJETIVA
Os iguais (subjetivo com subjetivo) se repelem, os opostos se atraem, ou seja, as privilegiadoras só vão coexistir com as qualificadoras objetivas. Aí eu posso ter homicídio privilegiado qualificado. Você só vai ter homicídio qualificado privilegiado se a qualificadora for de natureza objetiva.
Agora eu pergunto: por que quando o privilégio é subjetivo e a qualificadora é subjetiva o que dança é a qualificadora, prevalece o privilégio? Por que não o contrário? Porque os jurados se manifestam primeiro sobre o privilégio e depois sobre a qualificadora. Se o jurado reconhecer o privilégio, já está prejudicada a qualificadora automaticamente. Prevalece o privilégio porque ele é reconhecido primeiro pelos jurados. Os jurados, reconhecendo o privilégio, o juiz tem que dar por prejudicada a qualificadora subjetiva. Nem pergunta sobre qualificadora subjetiva. Ele só pergunta sobre ela se os jurados não reconhecerem o privilégio. Agora, os jurados reconhecendo o privilégio, o juiz vai poder perguntar sobre qualificadoras objetivas porque são compatíveis. 
Então, se te perguntarem se é possível homicídio privilegiado qualificado, a resposta é: sim, desde que a qualificadora seja de natureza objetiva.
Homicídio qualificado privilegiado é hediondo? Eu falei pra vocês que o homicídio qualificado é hediondo sempre. E quando qualificado privilegiado, é hediondo?
1ª Corrente:	Diz: o homicídio qualificado é hediondo sempre, mesmo que privilegiado também. Para essa primeira corrente, basta ser qualificado para ser hediondo, mesmo que seja também privilegiado.
2ª Corrente:	É a que prevalece. Diz: o homicídio qualificado quando privilegiado deixa de ser hediondo. Qual é a razão para isso? Qual o fundamento jurídico para deixar de ser hediondo? Ele continua qualificado. Essa segunda corrente faz uma analogia ao art. 67, do CP, que diz o seguinte:
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.
	Ou seja, subjetivas. O art. 67, do CP trata do conflito de agravante com atenuante. E na agravante com atenuante, prevalece a de natureza subjetiva. Vamos fazer analogia? Analogia é fácil. Onde está a agravante, por analogia vou colocar o quê? Qualificadora. Onde está a atenuante, por analogia, vou colocar o quê? Privilégio. Leiam o art. 67 com a analogia que eu fiz: No conflito de qualificadora e privilégio, prevalece a de natureza subjetiva. Qual tem natureza subjetiva? O privilégio. Retira a hediondez do crime. Então, onde está agravante, vocês coloquem qualificadora. Onde está atenuante, vocês coloquem privilégio. No conflito entre qualificadora e privilégio, prevalece a subjetiva. Qual é a subjetiva? Para você ter homicídio qualificado privilegiado é porque a qualificadora é subjetiva e o privilégio é subjetivo. Prevalece o privilégio. Retira a hediondez. É uma analogia ao art. 67, do Código Penal.
	4.2.	LATROCÍNIO – Art. 1º, II, da Lei dos Crimes Hediondos
Art. 1º - São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados Código Penal, consumados ou tentados: II - latrocínio (Art. 157, § 3º, in fine);
Art. 157, § 3º, CP - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 (sete) a 15 (quinze) anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, sem prejuízo da multa.
	Reparem que o § 3º se divide em duas etapas. Ele diz: “se da violência resulta lesão grave ou morte.”
	Conclusões/Observações:
	1ª Observação – Latrocínio só é hediondo o § 3º quando resulta morte (in fine!). Latrocínio hediondo somente na segunda parte do § 3º. Cuidado! Não vai achar que o parágrafo terceiro inteiro é latrocínio. Não é! Latrocínio, só se da violência resulta morte, consumada ou tentada.
2ª Observação – O latrocínio é crime doloso ou preterdoloso. Será doloso quando o agente quer a morte como um meio ara atingir o fim, que é o patrimônio. É preterdoloso quando o resultado morte for culposo. É preterdoloso quando a morte é culposa, advinda da violência dolosa.
3ª Observação – É imprescindível que o resultado seja fruto da violência física. Não abrange a graveameaça. Latrocínio advém de violência física, não abrange a grave ameaça. 
4ª Observação – Para haver latrocínio essa violência tem que ser empregada durante e em razão do assalto.s e faltar um dos dois fatores, não há latrocínio. Violência empregada:
I – Durante o assalto - Quando eu digo que só há latrocínio na violência empregada durante o assalto, eu exijo o fator tempo.
II – Em razão do assalto - Quando eu digo que só há latrocínio na violência empregada em razão do assalto, eu exijo o fator nexo.
Faltando um dos dois fatores, não há latrocínio. Por exemplo, durante o assalto eu matei um desafeto que apareceu no local do crime. Eu matei durante o assalto, mas não tem nada a ver com assalto. Isso não é latrocínio. Isso é homicídio. Durante o assalto eu encontro um desafeto e mato o desafeto. Isso não tem nada a ver com latrocínio, apesar de a morte ter ocorrido durante o assalto. Ou então: duas semanas após o assalto (não mais durante o assalto), eu matei o gerente do banco que me reconheceu. Não é latrocínio. Isso é roubo (que já está consumado há duas semanas) + homicídio pela morte do gerente. Não é latrocínio. Está certo que a morte do gerente vai ser qualificada. Mas não é latrocínio.
5ª Observação– Não incide o rol de majorantes do § 2º. Não incide! O § 2º, do art. 157 aumenta do crime se houver emprego de arma, concurso de pessoas,, a vítima estiver no transporte de valores, privação da liberdade e por aí vai. O parágrafo 2º não incide no § 3º. Magistratura/BA explorou isso. A galera rodou. Se você está no § 3º, esqueça as majorantes do § 2º, do art. 157. Porém, elas podem ser usadas na fixação da pena-base do art. 59. Não vão aumentar a pena como causa de aumento, mas podem servir para o juiz dar a fixação da pena-base.
O assunto latrocínio vai ser explorado com calma durante o curso, por isso, só tenho que falar de mais duas coisas sobre o tema. Falou em latrocínio, duas súmulas têm que vir na sua cabeça: 603, do STF
STF Súmula nº 603 - DJ de 31/10/1984 - A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri.
	Por que? Porque latrocínio não é crime contra a vida e sim contra o patrimônio qualificado pela morte. Então, cuidado! Latrocínio não vai à júri. É contra o patrimônio qualificado pela morte. 
STF Súmula nº 610 - DJ de 31/10/1984, p. 18286 - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a subtração de bens da vítima.
	
	Ou seja, o que dita o resultado num latrocínio é a morte. Se ela é consumada o latrocínio é consumado. Se a morte é tentada, o latrocínio é tentado. O que vai ditar o resultado no latrocínio é a morte, pouco importa se a subtração foi ou não concretizada.
	Qual é o equívoco da Súmula 610, do STF? Ela ignora o art. 14, I, do Código Penal. Você, que vai prestar Defensoria, vai ter que criticar essa súmula. Como?
Art. 14 - Diz-se o crime: I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
	Como é que a súmula 610, do STF diz que o latrocínio está consumado se um dos seus elementos, que é a subtração, não está concretizada? Como é que a súmula do STF diz isso se só a morte está consumada, a subtração está tentada? A súmula 610, do STF, ignora o art. 14, I, do CP.
	O crime hediondo seguinte é a extorsão qualificada pela morte.
4.3.	EXTORSÃO QUALIFICADA PELA MORTE – Art. 1º, III, da Lei dos Crimes Hediondos
Art. 1º - São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados Código Penal, consumados ou tentados: III - extorsão qualificada pela morte (Art. 158, § 2º);
	Tudo o que eu comentei no latrocínio vocês vão aplicar para a extorsão qualificada pela morte. Pronto. Acabou!
	O sequestro-relâmpago é hediondo? Vocês sabem que o sequestro-relâmpago é o mais novo crime contra o patrimônio, na verdade é uma qualificadora do art. 158, § 3º, do CP:
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente. (Acrescentado pelo L-011.923-2009)
	E agora? O sequestro-relâmpago é hediondo? E se houver resultado-morte? Vamos entender isso? 
	SEQUESTRO-RELÂMPAGO (introduzido pela Lei 11.923/09)
	Nós temos que tomar cuidado porque o legislador foi de uma infelicidade inigualável porque ele resolveu chamar de sequestro-relâmpago uma coisa que era um jargão popular. Esse sequestro-relâmpago podia configurar:
Roubo majorado pela privação da liberdade
Art. 158 (extorsão) onde havia uma circunstancia judicial agravante a ser considerada pelo juiz
Ou poderia configurar o próprio art. 159, do CP, se fosse uma extorsão mediante sequestro rápida.
	Você usava sequestro-relâmpago para qualquer uma das três hipóteses. A galera chamava de sequestro-relâmpago. O legislador resolveu tornar crime com expressão popular. O legislador foi tão infeliz em chamar de sequestro-relâmpago, como seria se chamasse o homicídio de ‘zerar alguém’ ou abuso de autoridade de ‘praticar esculacho’. Qual era a diferença entre os três crimes? Simples.
	SEQUESTRO-RELÂMPAGO (ANTES DA Lei 11.923/09):
	Art. 157, § 2º, V
	Art. 158 (circunstância judicial)
	Art. 159
	No roubo, o agente subtrai.
A colaboração da vítima é dispensável. Ele, para ter o que quer, não precisa da colaboração dela. Por isso, subtrai.
Hediondo quando houvesse morte.
	Na extorsão, o agente constrange (ele não subtrai). 
A colaboração da vítima é indispensável 
Hediondo quando houvesse morte.
	Na extorsão mediante sequestro ele não subtrai e nem mais constrange. Ele sequestra. 
A colaboração da vítima também é dispensável porque ele vai depender de comportamentos de terceiros que vão pagar o resgate.
Sempre hediondo com ou sem morte.
	Então, prestem atenção. Agora é que é a jogada. O sequestro-relâmpago, antes dessa lei (aqui estamos no plano antes da lei), configurava ou o art. 157, § 2º, V (quando ele subtrai dispensando a colaboração dela) ou o art. 158, com a pena-base majorada (quando ele constrange e a colaboração da vítima é indispensável) ou o art. 159 (quando é uma extorsão mediante sequestro rápida).
O roubo (art. 157) passava a ser hediondo no caso de morte. O roubo era (não só era como continua sendo) hediondo no caso de morte. O famoso latrocínio.
O art. 159 (extorsão) é sempre hediondo. Tenha ou não morte.
O art. 158 podia ser hediondo quando ocorresse morte.
	O problema é que HOJE o sequestro-relâmpago ele foi colocado como parágrafo terceiro do art. 158 e esse parágrafo não está previsto na lei dos crimes hediondos. E agora? O parágrafo 3º, que traz a privação da liberdade na extorsão, não está na lei dos crimes hediondos. E agora? Vocês viram comigo no primeiro assunto da aula, que o art. 1º, da lei dos crimes hediondos traz um rol taxativo. E agora? Abrange o parágrafo terceiro? Vocês não podem esquecer que o § 3º também fala em morte. Abrange o parágrafo 3º, sim ou não? Vocês entenderam a questão? 
Presta atenção (no quadro): Antes, você tinha roubo majorado pela privação da liberdade que se tornava hediondo quando houvesse morte. Você tinha extorsão majorada pela pena base pela privação da liberdade que se tornava hedionda quando houvesse morte. E você tinha extorsão mediante sequestro. Sempre hedionda. Com ou sem morte. Entenderam como era antes? O que aconteceu com o art. 158? A privação da liberdade deixou de ser uma circunstância judicial e passou a ser uma qualificadora.
Pergunto: hediondo ou não hediondo?
Guilherme de Souza Nucci e a maioria já escrevem o seguinte: O art. 158, § 3º não é crime hediondo mesmo com resultado morte. Por que? Falta de previsão legal. A lei dos crimes hediondos não fala! É a posição da maioria.Particularmente, eu discordo. A extorsão qualificada pela privação da liberdade, na época, mera circunstancia judicial, já era hedionda se houvesse resultado morte. O problema é que a privação da liberdade era uma mera circunstancia judicial. O que o legislador fez foi apenas transformar a circunstancia judicial em qualificadora. O que importa é que ainda continua sendo uma extorsão qualificada pela morte e é isso que interessa para saber se o crime é hediondo ou não. Estamos fazendo uma interpretação extensiva.
Então, você tem: extorsão simples qualificada pela morte como crime hediondo e agora estou falando em extorsão com privação da liberdade qualificada pela morte. Isso não é hediondo? 
	
	
ANTES:	EXTORSÃO					QUALIFICADA PELA MORTE
		SIMPES	 (HEDIONDO)
		 
EXTORSÃO	
DEPOIS: COM PRIVAÇÃO 				QUALIFICADA PELA MORTE
DA LIBERDADE (NÃO HEDIONDO??)
	Um absurdo! Como pode o menos ser hediondo e o mais não? O que importa para ser hediondo é a extorsão qualificada pela morte e isso eu tenho nas duas hipóteses. O meio de execução não altera o crime ser qualificado pela morte e é isso que interessa para configurar a hediondez. Essa é uma interpretação extensiva. Antes da lei, a extorsão, seja com privação da liberdade ou não, já estava no art. 158, § 2º com resultado morte. O que a lei nova fez foi apenas destrinchar. É um desdobramento lógico: quando houver esse meio de execução (privação da liberdade) a pena é maior. Só isso, mas ela continua qualificada pela morte (ver quadro). Logo, hediondo. 
A lei é recente, mas já posso assegurar: prevalece a primeira corrente. Prevalece que não é crime hediondo. Prevalece essa loucura de que o mais simples é hediondo e o mais grave, não. Isso é o que prevalece hoje.
(Intervalo)
	
	O que você tem que entender é o seguinte: Antes e depois da Lei 11.923/09. Antes, o art. 158 + privação da liberdade podia configurar circunstancia judicial desfavorável e, se houvesse o resultado morte, nos termos do § 2º, é hediondo. Agora, o art. 158 + privação da liberdade deixou de ser circunstancia judicial. Passou a ser qualificadora e quando há o resultado morte, tem gente que diz que deixou de ser hediondo. Mas a única coisa que mudou está no tratamento dado à privação da liberdade. Só isso mudou. O crime continua qualificado pelo resultado morte! Por que era hediondo antes e não é agora, se houve apenas um desdobramento lógico? E o raciocínio que eu utilizei para chegar a essa conclusão foi a interpretação extensiva. Mas você vem e diz: “interpretação extensiva em malam partem? Isso não pode! O que você está fazendo é absurdo.” Se você acha que interpretação extensiva é absurdo, o que é arma para fins de roubo? O roubo é majorado pelo emprego de arma. O que é arma? Arma é só instrumento com finalidade bélica? Ou não? Arma é qualquer instrumento, com ou sem finalidade bélica, desde que sirva ao ataque e à defesa? Você está na rua, colocam uma faca de cozinha no seu pescoço. Houve arma? Quando você diz que arma abrange qualquer instrumento, com ou sem finalidade bélica, você está fazendo interpretação extensiva, que não se confunde com analogia. A interpretação extensiva até o LFG, excepcionalmente, admite em malam partem. E ele concorda comigo! Tanto que escrevemos um artigo juntos, dizendo que sequestro-relâmpago com resultado morte é hediondo. Mas não é o que prevalece (mas ainda tem tempo para prevalecer).
	Eu só termino dizendo o seguinte: o que pune o art. 235, do CP? Bigamia. 
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: 
	Bis in idem – o cara casa duas vezes sem desfazer o primeiro casamento. O que é bi? Dois. E se for ‘trigamia’? Aí não é crime!? Claro que é! Está implícito. É uma interpretação extensiva. Lógico que é! 
	Último exemplo: Art. 159 – pune a extorsão mediante sequestro:
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:
	E cadê a extorsão mediante cárcere privado? Ah, aí não é crime. Sequestro você sabe que é a privação da liberdade sem confinamento. Cárcere privado é a privação da liberdade com confinamento. Cadê o cárcere privado? Óbvio que sequestro abrange também cárcere privado. Nós fazemos essa interpretação e não tem problema. Por que agora tem? Assunto colocado para a discussão. Critiquem à vontade! 
	O próximo crime hediondo vamos apenas mencionar.
4.4.	EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO – Art. 1º, IV, da Lei dos Crimes Hediondos
Art. 1º - São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados Código Penal, consumados ou tentados: IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (Art. 159, caput e §§ 1º, 2º e 3º)
	Extorsão mediante sequestro é sempre crime hediondo, não importa se simples ou qualificado. 
4.4.	ESTUPRO e ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR – Art. 1º, V e VI, da Lei dos Crimes Hediondos
Art. 1º - São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados Código Penal, consumados ou tentados: V - estupro (Art. 213 e sua combinação com o Art. 223, caput e parágrafo único);VI - atentado violento ao pudor (Art. 214 e sua combinação com o Art. 223, caput e parágrafo único);
	Vocês sabem que esses crimes podem ser cometidos com violência real ou presumida, com resultado simples ou qualificado pela lesão grave ou morte.
							Real (caput)
					Violência
							Presumida (224, CP)
			213/214
							Simples (caput)
					Resultado
							Qualificado pela lesão grave ou morte (223, CP)
	O que eu quero saber é se todos os estupros e todos os atentados violentos ao pudor são crimes hediondos. Qualquer estupro, qualquer atentado violento ao pudor é crime hediondo? Isso já foi muito discutido. O STJ e o STF colocaram uma pá-de-cal e o legislador também vai contribuir para que não haja mais discussão.
	Qual é a posição dos tribunais superiores hoje? O estupro e o atentado violento ao pudor são SEMPRE hediondos, não importa se praticados com violência geral ou presumida, não importa se gerando resultado simples ou qualificado. É a posição do STF é a posição do STJ. Não estou dizendo que é pacífico no STF e no STJ, mas é o que prevalece nos tribunais superiores. Estupro e atentado violento ao pudor são crimes hediondos SEMPRE! 
	Olha que importante! Isso vai acabar! Vai acabar por que? Vou colocar abaixo, hoje e amanhã. Quando eu digo amanhã é 18 de agosto. Seu caderno já vai estar atualizado. Não precisa fazer semestre que vem.
	HOJE
	AMANHÃ
	
224
213
223
224
214
223
	
213 – Estupro + Atentado Violento ao Pudor
217 – Estupro de Vulnerável
	Hoje você tem:
	
Estupro com violência presumida pelo art. 224 e qualificado pelo art. 223
Atentado violento ao pudor com violência presumida pelo art. 224 e qualificado pelo art. 223
		Todos HEDIONDOS
	Amanhã (18 de agosto) como vai ficar: 
	Tudo isso vai passar a ser: art. 213, que é o estupro mais atentado ao pudor, num crime só e o que antes configurava violência presumida vai passar a configurar o que eles chamam de estupro de vulnerável. E ambos estarão na lei dos crimes hediondos. Vejam, eles vão alterar a redação da lei dos crimes hediondos e vai abranger o art. 213 (estupro e atentado ao pudor) e o art. 217, que é o estupro de vulnerável. Então, não vai mais ter dúvidas e todos serão hediondos.
	Amanhã o estupro e o atentado violento ao pudor estarão no art. 213 e é hediondo. E o art. 217 é estupro de vulnerável. O que era violência presumida vira estupro de vulnerável e vai ser incluído na lei dos crimes hediondos. Então, vai acabar a dúvida.
	Vamos ao próximo crime hediondo
4.5.	EPIDEMIA COM RESULTADO MORTE – Art. 1º, VII, da Lei dos Crimes 	Hediondos
	Art. 1º - São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados Código Penal, consumados ou tentados: VII - epidemia com resultado morte (Art. 267, § 1º).

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes