Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO CURSO: Administração DISCIPLINA: Planejamento e Gestão de Projetos CONTEUDISTA: Pítias Teodoro Fevereiro de 2009 2 Curso: Administração Disciplina: Planejamento e Gestão de Projetos Conteudista: Pítias Teodoro UNIDADE 1: Fundamentos da Gestão de Projetos AULA 2 – ASPECTOS LEGAIS META Apresentar os principais aspectos legais que estão envolvidos na contratação de fornecedores de produtos ou serviços na realização de projetos. OBJETIVOS 1. Explicar a importância de um contrato. 2. Diferenciar conceitos, componentes e tipos de contratos. 3. Definir os princípios e as condições de validade para elaboração de um contrato. 4. Identificar a licitação como forma de contratação e as principais especificidades de sua contratação junto ao Poder Público. 1 CONTEXTO DE APLICAÇÃO E IMPORTÂNCIA DOS CONTRATOS Muitas alterações ocorreram, e ainda estão em curso, nas relações pessoais e institucionais decorrentes do fenômeno da globalização. Dentre essas, destacam-se as econômicas, onde a busca pela remuneração crescente dos capitais investidos, e em períodos cada vez mais curtos, têm valorizado aquelas estruturas que permitem maior agilidade, como por exemplo, estrutura gerencial por projetos, ao mesmo tempo em que importam em menores custos, decorrentes das transações. Como resultado, as empresas buscam concentrar esforços em áreas estratégicas e relacionadas aos seus principais negócios. Consequentemente, as demais atividades tornam-se complementares, logo, passíveis de terceirização. Estas podem ser tratadas como projetos, visto que em sua contratação junto aos fornecedores as variáveis críticas – escopo, prazo, custo e qualidade – apresentam-se como as principais referências para elaboração de um contrato. 3 Início do Verbete Terceirização é a transferência de atividades de uma empresa para outra(s) – terceiras – que integram o todo de um mesmo produto/serviço. Fim do Verbete Podem existir vários níveis de terceirização: desde serviços básicos, como limpeza e conservação predial, passando por atividades mais elaboradas, que demandam recursos e competências técnicas específicas, como o sistema de transporte de uma empresa de médio porte, chegando a processo de terceirização de grande abrangência e complexidade; tal como o sistema de comunicação e informática de uma grande empresa, onde as atividades de desenvolvimento e instalação de softwares, dimensionamento, instalação e manutenção de hardwares e operação de todo o sistema de informação ficam sob a responsabilidade de uma empresa contratada. Ao transferir para terceiros parte de suas atividades, uma empresa espera que o esforço e o envolvimento com aquelas funções sejam direcionados para outras consideradas mais importantes. Para tanto, espera-se que a empresa contratada cumpra as atividades dentro de parâmetros pré estabelecidos. Para que os limites desse acordo sejam explicitados, normalmente um contrato é elaborado e assinado pelas partes envolvidas. A não elaboração de um contrato, embora válida na consolidação de um acordo, deve ser evitada para que não haja dúvidas entre as obrigações e direitos das partes envolvidas. O contrato – instrumento de regulação da transação entre comprador e vendedor – possui, entre outras, duas funções principais: 1) garantir uma troca eficiente: este aspecto do contrato visa garantir que a parte contratante irá receber o objeto do contrato dentro dos parâmetros acertados – especificações, prazo, qualidade, etc ao mesmo tempo em que a parte contratada assume essa obrigação. 2) distribuir os ganhos da troca: este aspecto contratual vincula aos parâmetros acertados entre as partes os pagamentos pelos produtos e ou serviços referentes ao contrato. Para Santos (2004), as incertezas envolvidas nas transações econômicas podem ser agrupadas em dois tipos: 1) incertezas do ambiente: diz respeito às incertezas no ambiente das transações (ou de negócios). Estas podem ser gerais, compreendidas pelas alterações sociais, políticas, econômicas e sociais ou nas referências básicas para as relações comerciais em determinado setor, como, por exemplo, a escassez de determinada matéria-prima básica ao processo 4 produtivo, entrada de um concorrente, ou ainda, a alteração das técnicas produtivas de referência para um setor produtivo. 2) incerteza comportamental: refere-se ao comportamento dos agentes após o mútuo comprometimento em determinado contrato e está diretamente associada à hipótese de que os agentes econômicos tendem a agir de forma oportunista, ou seja, em benefício particular. O autor afirma que é importante observar que a distribuição de risco entre os agentes envolvidos em determinada relação comercial está diretamente determinada pelo formato do contrato. Não obstante, mecanismos de monitoramento e de criação de incentivos são atributos que estão presentes nos contratos para minimizar os problemas decorrentes da incerteza comportamental (SANTOS, 2004). A relevância dos mecanismos contratuais para tratar das interações entre os interessados será proporcional à singularidade do bem ou serviço transacionado, considerando, também, o grau de dedicação exigido por qualquer das partes envolvidas na transação e o tempo necessário para realizar a produção ou a prestação de serviços. O contrato será o instrumento que irá determinar os direitos e as obrigações envolvidos naquela relação. Tanto na execução de um projeto quanto na condução das atividades das empresas é normal a existência de diferentes contratos. Esses podem estar relacionados aos processos de aquisição, implementação e pós-implementação de produtos e serviços, como por exemplo, os processos associados à aquisição de uma máquina, sua instalação e a preparação da equipe que irá operá-la quando estiver em funcionamento. Ainda podem ser apresentados como exemplos de contratos que irão regular o relacionamento entre instituições, ou pessoas, iniciativas como a locação de imóveis, de admissão/demissão de funcionários, investimento de acionistas, acordos entre empresas (compra e venda, joint venture (parceria), licenciamento de marcas etc), entre outros (STEPHEN, 1993). Início do Verbete Joint venture – processo de associação de empresas, não definitivo, com fins lucrativos, para explorar determinado negócio, sem que nenhuma delas perca sua personalidade jurídica. Fim do Verbete A análise e a avaliação da legalidade e da correção dos contratos são responsabilidades dos advogados, mas sua gestão e controle são responsabilidades de 5 especialistas qualificados. Esses especialistas efetuam uma avaliação e interpretação dos contratos em termos técnicos, tendo como referência as especificações inerentes ao projeto ao qual o contrato está vinculado, mas também realizam uma análise da sua razoabilidade em termos de implementação, tendo como referência as propostas recebidas para execução da atividade que será contratada. Deste processo – aquisição de bens e ou de serviços – pode-se observar um fato muito comum: todos os profissionais, representando organizações nos papéis de contratantes ou contratadas em projetos, ou mesmo na gestão do dia a dia das empresas, podem relatar alguma experiência onde o relacionamento entre as partes foi prejudicado em função dos resultados parciais do projeto, ou ainda de uma atividade continuada, excederem às expectativas iniciais em pelo menos uma das variáveis críticas de um projeto – escopo, prazo, custo e qualidade. Quando é feita uma análisemais detalhada é possível identificar alguns aspectos em comum que contribuem para a materialização dos problemas, principalmente nas seguintes situações: 1) ambiguidade e falta de clareza ou de entendimento dos requisitos; 2) incapacidade para realizar estimativas confiáveis; 3) domínio parcial do problema ou sujeito a uma dinâmica intensa e 4) pressões externas não gerenciadas. 1) Ambiguidade e falta de clareza ou de entendimento dos requisitos: com a correta aplicação das técnicas atuais de levantamento, análise e gerenciamento de requisitos esse ponto pode ser superado. Entretanto, nem sempre o interessado em um resultado apresenta de forma clara pelo ponto de vista do contratado, criando, assim, um vazio na relação. Em consequência, o contratante tem expectativas acima do resultado que o contratado espera oferecer, e de outro, o contratado espera que irá atender a demanda com especificações inferiores às esperadas pelo contratante. Para que expectativas não sejam frustradas, elas devem ser claras, realistas e direcionadas à solução esperada 2) Incapacidade para realizar estimativas confiáveis: esse deveria ser um problema solucionada, já que existe um grande avanço nos métodos de estimativa. Porém, ainda é necessário que esses métodos sejam disseminados entre os profissionais da área de projeto. Não há nenhum método mágico; sem uma base de informações que retrate adequadamente a situação existente de forma adequada, a estimativa fornecida também será inadequada. Se a base de informações não é boa, as projeções serão falhas. Essa habilidade deve estar presente tanto no cliente (para elaboração de previsões orçamentárias e validação de propostas) quanto no fornecedor (para a elaboração de sua proposta). 6 3) Domínio parcial do problema ou sujeito a uma dinâmica intensa: neste caso, o risco do projeto é maior. Se o problema ou a oportunidade a ser tratado não é de domínio do responsável pelo projeto há grande chance de que os objetivos não sejam atingidos. Também uma mudança significativa de requisitos acarretará em alterações no custo e ou no prazo e ou na qualidade. Um gerenciamento eficaz do escopo é decisivo para que esses desvios não comprometam o projeto. A forma de contratação também deve ser flexível para acomodar essas mudanças. 4) Pressões externas não gerenciadas: muitos projetos têm seu prazo ou custos definidos (ou impostos) por pressões externas. Do lado do cliente, por exemplo, há a necessidade de disponibilizar um produto ao mercado em um prazo determinado. Esse prazo representa uma janela de oportunidade que, se for perdida, inviabilizará o produto. Se o fornecedor aceita esta pressão (com receio de perder o negócio) sem analisar se o projeto é exequível naquele prazo e escopo, um problema está criado. Por exemplo, uma empresa é contratada para fornecer camisas de divulgação de em evento. Caso o produto não fique pronto antes do evento, não existirá mais razão para a aquisição daquele lote de camisas. Um contrato que contemple de forma adequada as variáveis envolvidas dará suporte ao alcance dos objetivos acordados. Desta forma, direitos e obrigações, logo, esforços e recompensas, de cada uma das partes, serão apresentados antes que a relação seja sacramentada. 2 CONCEITO, COMPONENTES, E ESPÉCIES DE CONTRATO 2.1 O contrato Juridicamente falando, em sua concepção tradicional, contrato é um acordo de vontades, entre duas ou mais partes, com conteúdo patrimonial, para adquirir, conservar ou extinguir direitos. O contrato pode ser tratado como um acordo mútuo que obriga o fornecedor a entregar o produto especificado e o comprador a pagar por ele. Assim, um contrato representa uma relação legal sujeita aos recursos da lei. O acordo pode ser simples ou complexo e, geralmente, mas não sempre, reflete a simplicidade ou complexidade do resultado esperado: produto e ou serviço. Os contratos são também chamados de um acordo, um subcontrato, um pedido de compra, uma carta de intenções, entre outros. A elaboração de contratos é liberada a todos os indivíduos capazes, conforme a razão, e nos limites da função social do mesmo. 7 Meirelles (2000) afirma que contrato é “todo acordo de vontades, firmado livremente pelas partes, para criar obrigações e direitos recíprocos” Para Haddad (1992), os contratos “são, acima de tudo, um concurso de vontade entre as partes, que procuram acordar sobre um tema determinado”. Segundo Fiúza (1998), contrato “é todo acordo de vontades de fundo econômico realizado entre pessoas de Direito Privado que tem por objetivo a aquisição, o resguardo, a transferência, a conservação, a modificação ou a extinção de direitos, recebendo o amparo do ordenamento legal” (p. 204) Início do Boxe Explicativo Pessoa jurídica de direito privado são as sociedades civis ou comerciais, associações, partidos políticos, fundações e entidades paraestatais, como as empresas públicas, as sociedades de economia mista e os serviços sociais autônomos. São assim denominadas por serem instituídas por iniciativa de particulares, conforme o art. 16 do Código Civil. Fim do Boxe Explicativo A maioria das organizações possui políticas e procedimentos documentados que definem especificamente quem pode assinar tais acordos em nome da empresa, na forma de um documento, denominado ordem de competências para a aquisição de bens e serviços. Embora todos os documentos que circulem nas organizações estejam sujeitos a alguma forma de revisão e aprovação, a natureza de vínculo legal de um contrato, significa, geralmente, que ele estará sujeito a um processo mais extenso para sua aprovação. Em todos os casos, o foco primário do processo de revisão e aprovação de um contrato será assegurar que sua linguagem descreva o produto ou serviço que satisfará a necessidade identificada. No caso de projetos importantes executados por órgãos públicos, o processo de revisão pode incluir também a revisão pública do acordo. Consideremos sua aplicação na seguinte situação: uma empresa está verificando a possibilidade de expandir sua capacidade de produção. Entretanto, ela não dispõe em sua equipe de pessoas com tempo e competência suficientes para fazer um estudo da viabilidade econômico-financeira para realizar a expansão. Como alternativas a essa questão, a empresa possui duas opções: 1) admitir um funcionário para responder por esta atividade; 2) contratar um profissional – ou empresa – que poderá executar o estudo. 8 É possível verificar que no primeiro caso (admissão de um funcionário) a empresa não terá, a princípio, ocupação para o contratado, findo o estudo de viabilidade. No segundo caso, haverá um vínculo temporário específico para realização do estudo. Consideremos que, após a apresentação de seus interesses, a empresa que quer expandir suas atividades contrate os serviços de um terceiro – profissional ou empresa de desenvolvimento de estudos de viabilidade econômico-financeira – para realização do estudo. Assim, há a necessidade de um acordo de vontades, firmado livremente pelas partes, para criar obrigações e direitos recíprocos. Podemos afirmar que esse acordo de vontades para realização do estudo possui escopo definido: verificar a viabilidade de expandir a capacidade de produção da empresa. Ainda é possível inferir que a empresa interessada no estudo vinculará ao mesmo tempo um orçamento – custo – um período para ser realizado – prazo – além de exigir que o estudo apresente determinadas especificações técnicas como, por exemplo, qualidade. O instrumento que irá regular os direitos e as obrigações das partes envolvidas nessa atividade é o contrato. O mesmo deve apresentar de forma clara e objetiva todos os elementos que nortearão as ações dos envolvidos na realização do objeto do contrato – o estudo deviabilidade técnica econômico-financeiro para expansão das atividades da empresa contratante. Devemos recordar, ainda, que a atividade de contratação desse estudo de viabilidade possui todos os conceitos de um projeto e como tal deve ser tratado. Resumindo, para realização de um projeto de viabilidade econômico-financeiro de expansão das atividades será firmado, de livre vontade entre as partes, um documento que cria obrigações e direitos aos envolvidos. Esse documento é o contrato. Atividade 1 (Objetivo 1) 1) Conceitue com suas palavras o que é um contrato. 2) Exemplifique sua utilização a partir de uma relação cliente e fornecedor na qual o primeiro adquiriu embalagens (sacolas plásticas e caixas de papelão) do segundo a serem entregues em uma data futura. Discuta a importância de um contrato na relação entre duas empresas – cliente e fornecedor evidenciando, pelo menos, as três variáveis críticas de um projeto: 1) escopo (ou objetivo) do contrato: qual o motivo pelo qual fornecedor e cliente formalizaram o contrato; 2) prazo: prazo de validade do contrato, prazo para pagamento, prazo de entrega das mercadorias etc. e 3) custo: qual o valor do desembolso que o cliente deve realizar e de que forma será feito n(à vista, à prazo, parcelado em quantas vezes etc.) a forma do mesmo. 9 Início da resposta comentada Contrato é a “lei” que irá regular o relacionamento entre as partes contratantes. Pode ser tratado como um acordo mútuo onde uma parte se obriga a fornecer um serviço ou um produto (ou ambos) e a outra a pagar pelos mesmos. Trata-se, então, de uma relação legal e, por isso mesmo, sujeita à lei. A importância de um contrato reside na formalização das condições em que a relação entre os contratantes deverá se desenvolver. Quanto aos objetivos do contrato, pelo ponto de vista do cliente o mesmo pode planejar suas atividades, contando com o fornecimento das embalagens dentro das especificações acordadas e o fornecedor faz o mesmo, planeja suas atividades considerando que parte dos itens produzidos terão destino (comprador) estabelecido. Quanto aos prazos, além da própria validade do contrato, deverá ser estabelecido, pelo menos, quando os produtos e ou serviços serão entregues e ou realizados contribuindo para o planejamento das atividades operacionais do cliente e do fornecedor e em relação ao custo as partes vão apresentar no contrato os valores acordados pelos produtos e ou produtos, especificando, inclusive, quando deverão ser realizados os desembolsos por parte do cliente bem como o valor das parcelas, se for o caso. Associados aos desembolsos deverão, ainda, constar, multas por atraso de pagamento ou por atraso no fornecimento por parte do fornecedor. Dessa forma, o contrato cria condições mais favoráveis para o desenvolvimento das atividades das partes envolvidas. Para a empresa que está adquirindo o material, trará a segurança de que, quando for embalar seus produtos, terá as sacolas e as caixas de papelão na quantidade, especificações e no prazo acordados. Para a empresa que está fornecendo as embalagens, traz a segurança que dos desembolsos para atender a esta encomenda serão ressarcidos com o pagamento da mesma. Fim da resposta comentada 2.2 Componentes contratuais Para que a relação entre as partes contratantes seja adequada aos fins a que propõe, um contrato deve conter, em forma de cláusulas, os itens listados a seguir. Entretanto, deve-se ressaltar que, em função da especificidade do objeto de cada contrato, alguns elementos poderão ser inseridos e ou suprimidos: 1) Objeto do contrato – define o que vai ser executado. 2) Partes envolvidas – identifica o contratante e o executor, que deve ser, necessariamente, uma entidade (pessoa física ou jurídica) legalmente autorizada a exercer a atividade para a qual se propõe. 10 3) Documentos contratuais – relação de documentos necessários à execução do objeto do contrato. São projetos aprovados, especificações, normas técnicas, legislação aplicável etc. 4) Definição das obrigações mútuas – define tanto as obrigações do contratante como do contratado. 5) Prazo e força maior – define em quanto tempo devem ser concluídos os serviços estabelecidos no contrato, e em que condições (caso fortuito ou força maior) esse prazo pode ser ultrapassado sem ônus para o contratado. 6) Multas – define as penalidades aplicadas ao contratado, caso este não cumpra com as obrigações estabelecidas no contrato. 7) Condições comerciais – custos relativos a impostos e taxas, condições de faturamento, prazo, forma e local de pagamento, preço dos serviços etc. 8) Fiscalização – garante ao contratante o direito de enviar às instalações do fornecedor um fiscal para verificar a execução dos serviços. 9) Responsabilidade e garantia dos serviços – define a responsabilidade técnica, civil e trabalhista na execução do contrato, além da garantia da perfeita execução dos serviços em questão. 10) Rescisão do contrato – define as condições em que poderá ser rescindido o contrato. 11) Tolerância – estabelece os limites para o descumprimento de cláusulas ou condições do contrato. 12) Vigência do contrato – define o prazo de validade do contrato. 13) Foro contratual – estabelece em que lugar (município) serão dirimidas as questões contratuais. Na figura a seguir é apresentado o exemplo de um contrato celebrado entre uma empresa prestadora de serviços – Escola de Inglês ABC – e um usuário desses serviços – o aluno Antônio José da Silva. A mesma apresenta os elementos mínimos para que a relação de prestação de serviços seja formalizada entre as partes interessadas: escola e aluno. 11 Contrato que entre si celebram a Escola de inglês ABC e o aluno Antônio José da Silva nos termos e condições abaixo pactuados Pelo presente instrumento, de um lado a Escola de idiomas ABC ... [inserir dados da empresa] daqui em diante denominada CONTRATANTE, e de outro lado, o aluno Antônio José da Silva ... [inserir dados do aluno] daqui em diante denominado CONTRATADO, ajustam entre si o presente contrato de prestação de serviços de aula de idiomas mediante as seguintes cláusulas: Cláusula Primeira - Do Objeto Por este instrumento, as partes contratadas regulam direitos e obrigações, com vistas ao oferecimento de serviços de aula de inglês. Cláusula Segunda - Das Obrigações da CONTRATADA A CONTRATADA, visando atingir o objetivo proposto, compromete-se a executar as atividades e tomar as providências abaixo: • Oferecer aulas ministradas por professores com experiência internacional; • Oferecer duas aulas semanais com duração de uma hora cada; • Seguir o plano pedagógico apresentado na ocasião da contratação – Anexo 1. Cláusula Terceira - Das Obrigações da CONTRATANTE • Frequentar todos dos módulos do curso; • Fazer a reposição das aulas perdidas em horários especiais; • Obter rendimento de, pelo menos, 80%, para aprovação nos módulos. Cláusula Quarta - Das Obrigações financeiras Pagar à CONTRATADA a execução dos serviços concernentes ao objeto deste contrato, a quantia de R$300,00 (trezentos reais) por mês, com vencimento dia 10 e reajuste anual pelo índice ... [inserir índice]. Cláusula Quinta - Da Vigência A vigência deste contrato será de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2009, prorrogando-se somente por acordo expresso. Cláusula Sexta – Da Rescisão Este instrumento de contrato será rescindido pelo seu decurso normal, de pleno direito, ou pelo descumprimento das cláusulas pactuadas, aplicando-se neste caso as penalidade da Cláusula 7. Cláusula Sétima – Da Cláusula Penal O descumprimento de qualquer cláusula acima pactuada, ensejará para a parte infratora aplicação de multa no valor de 20% sobre o valor total do contrato.§1º. O atraso por prazo superior a 60 (sessenta) dias implicará também na rescisão contratual; §2º.Atraso de pagamento incorrerá em multa de 2% (dois por cento) ao mês sobre o valor da parcela. Cláusula Oitava – Do Foro Competente As partes elegem o Foro da Comarca de Juiz de Fora, com exclusão de qualquer outro, para dirimir as eventuais controvérsias oriundas da execução deste contrato. Por estarem justos e contratados, firmam o presente instrumento em 3 (três) vias de igual teor e validade, e para um só fim, na presença das testemunhas abaixo indicadas. Juiz de Fora, 15 de dezembro de 2008 Diretor Presidente da ABC Aluno: Antônio José da Silva 12 2.3 Espécies (tipos) de contrato O Código Civil apresenta no Título VI – Das várias espécies de contrato – os tipos de contratos previstos pela legislação brasileira. Os mesmos são apresentados a seguir e seus conceitos foram extraídos do livro O Novo Código Civil – doutrina e legislação (BELMEONTE, 2002). Os artigos que regulam os vários tipos de contratos não foram apresentados e nem discutidos nesse tópico; assim, se o leitor precisar de informações adicionais deverá consultar o próprio Código Civil. Início do Verbete Código civil – Conjunto de normas agrupados pela lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que regulam as relações entre as pessoas – físicas ou jurídicas. Fim do Verbete 1) Contrato Preliminar – art. 462 ao 466: o contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. Concluído o contrato preliminar, com observância dos aspectos apresentados, e desde que não apresente cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, estipulando prazo à outra parte para que o efetive. 2) Contrato de Compra e Venda – art. 481 ao art 532: pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio (posse) de certa coisa, e o outro, a pagar certo preço em dinheiro. 3) Contrato de Troca ou Permuta – art. 533: aplicam-se à troca e à permuta as disposições referentes a compra e venda, com as seguintes modificações: a) salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade das despesas com instrumento da troca; b) é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante. 4) Contrato Estimatório – art. 534 ao 537: pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada. 5) Contrato de Doação – art. 538 ao 564: considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. 6) Contrato de Locação de Coisas – art. 565 ao 578: na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição. 13 Início do Boxe Explicativo Fungível é o bem que pode ser substituído por outro de mesma natureza e com as mesmas características. Por exemplo, considere que você e seus colegas aluguem uma quadra de futebol society e também dois jogos de camisas para os times. Considere, ainda, que durante a partida de futebol uma das camisas tenha se rasgado de forma irreparável. Por ser um bem fungível, a camisa danificada pode ser reposta (substituída) por outra camisa de mesma natureza e características. Considere, agora, uma pessoa que irá tomar posse em um cargo importante – por exemplo, a presidência de um museu histórico. Considere, ainda, que para a cerimônia de posse o novo presidente tenha pego emprestado do acervo do museu a caneta que foi utilizada na formalização da criação desse mesmo museu. Após a cerimônia de posse, a mesma caneta deve ser devolvida para o acervo do museu. Trata-se de um bem infungível, então, não pode ser substituído. Fim do Boxe Explicativo 7) Contrato de Empréstimo – art. 579 ao 592: pode ser de coisas fungíveis ou não fungíveis. O comodato é o empréstimo de coisas não fungíveis e se perfaz com a tradição (transferência) do objeto. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis e o mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. 8) Contrato de Prestação de Serviço – art. 593 ao 609: toda espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada mediante retribuição. A prestação de serviço que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou a lei especial, será regida pelo Código Civil. 9) Contrato de Empreitada – art. 610 ao 626: o empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com seu trabalho ou com ele e os materiais. A obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta de lei ou da vontade das partes. O contrato para elaboração de um projeto não implica a obrigação de executá-lo, ou de fiscalizar a execução. 10) Contrato de Depósito – art. 627 ao 652: pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame. 11) Contrato de Mandato – art. 653 ao 692: opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato. 12) Contrato de Comissão – art. 693 ao 709: o contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu próprio nome, à conta do comitente. O 14 comissário fica diretamente obrigado para com as pessoas com quem contratar, sem que essas tenham ação contra o comitente, nem este contra elas, salvo se o comissário ceder seus direitos a qualquer das partes. O comissário é obrigado a agir em conformidade com as ordens e instruções do comitente, devendo na falta destas, não podendo pedi-las a tempo, proceder segundo os usos em casos semelhantes. 13) Contrato de Agência e Distribuição – art. 710 ao 721: pelo contrato de agência uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada. O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o represente na conclusão do contrato. 14) Contrato de Corretagem – art. 722 ao 729: pelo contrato de corretagem, uma pessoa não ligada a outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência, obriga-se a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas. O corretor é obrigado a executar a mediação com a diligência e a prudência que o negócio requer, prestando ao cliente, espontaneamente, todas as informações sobre o andamento do negócio; deve ainda, sob pena de responder por perdas e danos, prestar ao cliente todos os esclarecimentos que estiverem ao seu alcance, acerca da segurança ou risco do negócio, das alterações de valores e do mais do que possa influir nos resultados da incumbência. 15) Contrato de Transporte – art. 730 ao 756: pelo contrato de transporte, alguém se obriga, mediante retribuição, a transportar de um lugar para outro, pessoas ou coisas. 16) Contrato de Seguro – art. 757 ao 802: pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante pagamento de prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou coisa, contra riscos pré-determinados. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como segurador, entidade para tal fim legalmente autorizada. 17) Contrato de Constituição de Renda – art. 803 ao 813: pode uma pessoa, pelocontrato de constituição de renda, obrigar-se para com outra com uma prestação periódica, a título gratuito. 18) Contrato de Jogo e da Aposta – art. 814 ao 817: as dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdedor é menor ou interdito. 19) Contrato de Fiança – art. 818 ao 839: pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor. Caso este não a cumpra. 15 Início do Boxe de curiosidade O texto do Código Civil, sancionado em 10 de janeiro de 2002, teve sua origem no anteprojeto datado de 1972, apresentado pela Comissão Especial coordenada pelo professor Miguel Reale. O referido texto foi publicado em junho de 1974. Em 6 de janeiro de 1975 o Ministro da Justiça – Armando Falcão – encaminhou à Presidência da República o Projeto do Código Civil. Em 10 de junho de 1975, o texto foi submetido pelo Presidente Ernesto Geisel à apreciação do Congresso Nacional. Iniciando a tramitação na Câmara dos Deputados, recebeu a denominação de Projeto nº 634-B, de 1975, vindo a ser aprovado em 1984, com remessa ao Senado Federal, que, por sua vez, veio a aprová-lo em dezembro de 1997, com emendas. Em 1998, retornou à Câmara dos Deputados para a reapreciação em virtude das emendas feitas no Senado. Na Câmara, por empenho do Deputado Ricardo Fiúza, foi então feita a compatibilização do texto do projeto às alterações legais ocorridas durante sua tramitação e produzido um texto consolidando, simulando as referidas alterações e a incorporação das emendas feitas no Senado. Em 2 de maio de 2000 foi apresentada a simulação do Novo Código Civil, incorporando as alterações legais ocorridas durante sua tramitação e a incorporação das emendas feitas no Senado. Esse trabalho foi submetido pelo último Relator Geral do Projeto ao Presidente da Comissão Especial de Reforma do Código Civil, culminando em sua aprovação em 20 de novembro de 2001, e no final, encaminhamento à Presidência da República, para sanção ou veto. Sancionado pela Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003. O Novo Código Civil substituiu o Código então vigente que havia sido sancionado pela Lei 3.071, de 1º de janeiro de 1916. Este havia sido criado com base no Código Civil alemão (1900) e no francês (1804). O Código aprovado tramitou no Congresso por vinte e seis anos e já em 2002, ano em que foi sancionado, tinha em tramitação no Congresso cento e oitenta e oito propostas de alteração. Fim do Boxe de curiosidade Atividade 2 (Objetivo 2) Considere que uma empresa irá alugar uma nova sede – um galpão industrial. Em uma relação dessa natureza, o proprietário do imóvel quer assegurar basicamente duas coisas por meio do contrato: o recebimento do aluguel e a integridade do imóvel. Quanto ao aluguel, o proprietário quer determinar valor, datas de recebimento e garantias de que irá receber 16 dentro dos prazos determinados. No que se refere à estrutura do imóvel (pintura, grades, muros, janelas, portas, vidros, instalação elétrica, instalação hidráulica etc) o proprietário quer que sejam conservadas pelo inquilino e que, no caso de avaria, o mesmo tenha a obrigação de reparar para que, ao fim do contrato, o imóvel seja devolvido nas mesmas condições em que foi alugado. Nessa relação (aluguel do galpão), o inquilino também tem dois interesses principais: garantia de que o imóvel ficará disponível para seu uso durante a vigência do contrato, desde que realize os devidos pagamentos, e que o valor do aluguel não sofrerá alterações não previstas. Diante do exposto, e considerando os itens apresentados na tabela que segue, descreva as funções daqueles que você acredita que devem compor o contrato. Caso considere que alguns dos itens apresentados não sejam necessários na composição de um contrato de locação, justifique o motivo. Além dos itens apresentados, apresente pelo menos uma cláusula que poderia ser acrescentada em um contrato como o apresentado – locação de imóvel industrial. Início da resposta comentada Item/Cláusula Descrição Apresentação Apresenta os contratantes – locador e locatário – e suas referências pessoais/empresariais. Do Objeto Descreve imóvel que está sendo locado – localização, área construída e área total, descrição das dependências – escritório, banheiro, porteiro eletrônico, etc. Das Obrigações da CONTRATADA Descreve as obrigações do locatário – manutenção do prédio, entrega nas mesmas condições, permissão ou não para fazer adequações físicas etc. Das Obrigações da CONTRATANTE Descreve as obrigações do locador – benfeitorias, manutenção corretiva etc. Garantia dos serviços Em um contrato de locação de imóvel não cabe cláusula de garantia de serviços. Está associado ao contrato de prestação de serviço. Das Obrigações financeiras Descreve o valor do aluguel, IPTU, taxas etc, que devem ser pagas pelo contratante. Da Vigência Apresenta as datas de validade, determinando a data em que o locatário pode começar a usar o imóvel e a data em que o mesmo deve desocupá-lo. Da Rescisão Descreve as formas pelas quais o contrato pode ser rescindido por uma das partes. Normalmente por descumprimento das cláusulas ou pelo decurso (término) da vigência. Da Penalidade Descreve as multas que deverão ser imputadas às partes caso o acordo não seja realizado conforme definido na época em que o imóvel foi alugado. 17 Do Foro Competente Apresenta a Comarca (cidade) em que deverá ser decidida alguma pendência jurídica. Em um contrato de aluguel caberia, por exemplo, cláusulas exigindo que certos documentos fossem apresentados na ocasião da assinatura do contrato. Poderia, ainda, apresentar cláusula de tolerância, ou seja, apresentar os limites que poderiam ser extrapolados por uma das partes sem que a outra tivesse o direito a pedir a rescisão do contrato. Poderíamos, ainda, inserir cláusulas de incentivo, onde o locatário obteria descontos financeiros se pagasse o aluguel antes do prazo estabelecido, nesse caso, supondo que a data de vencimento seja todo dia dez do mês e para pagamentos até dia cinco teria um desconto de 3% no valor do aluguel. Verifica-se, então, que um contrato será mais, ou menos, complexo (ou completo), dependendo da vontade das partes que estão contratando. Fim da resposta comentada 3 PRINCÍPIOS E CONDIÇÕES DE VALIDADE PARA ELABORAÇÃO DE CONTRATOS 3.1 Princípios para elaboração de contratos São cinco os princípios mais importantes que norteiam a elaboração de um contrato: 1) obrigatoriedade contratual; 2) consensualismo; 3) autonomia de vontade; 4) boa fé e 5) relatividade dos efeitos dos contratos. Os mesmos serão discutidos a seguir. 1) Princípio da obrigatoriedade contratual: por esse princípio, quando celebrados, os contratos não podem ser modificados, são irretratáveis, salvo por mútuo acordo. Faz lei entre as partes envolvidas (pacta sunt servanda), sendo importante em nossa sociedade para garantir segurança jurídica às relações comerciais. O Poder Judiciário somente pode atuar nos contratos para declará-los nulos ou para a sua resolução, nunca podendo proceder à modificação de cláusulas contratuais. Após a celebração, o contrato, “com a observância de todos pressupostos e requisitos necessários à sua validade, deve ser executado pelas partes como se suas cláusulas fossem preceitos legais imperativos” (GOMES, 1997, p.). Por exemplo, considere que uma pessoa (locatário) alugou um imóvel por um período de 24 meses. Considere que seis meses após a assinatura do contrato o proprietário (locador) resolva aumentar o valor do aluguel. Considere ainda que o contrato prevê reajuste anual e o índicea ser aplicado é a inflação declarada pelo governo para os últimos doze meses na data do aniversário do contrato. Se os contratantes – locador e locatário – não entrarem em 18 acordo, o contrato deverá ser cumprido conforme foi assinado, ou seja, o locador não pode aumentar o aluguel. Trata-se da lei que regula essa relação e o Poder Público só poderá manifestar-se para fazer cumprir o contrato ou torná-lo nulo, caso alguma exigência legal for identificada. 2) Princípio do consensualismo: de acordo com esse princípio, a celebração de contratos, por regra geral, acontece no momento em que as partes chegam a um consenso, na conformidade da Lei, sendo dispensada quaisquer formalidades adicionais. Esse princípio é a regra geral, sendo limitado quando a lei exigir formalidades extras para alguns contratos. O princípio do consensualismo (ou consentimento) é aquele pelo qual o acordo de vontades é suficiente à perfeição do contrato. Assim, o contrato redigido e assinado que conhecemos é apenas um dos tipos de contrato existentes. Por exemplo, se uma pessoa trata com outra a venda de um móvel por determinado preço e o adquirente aceita o estado em que o móvel se apresenta e o preço pedido, na realidade há um contrato de compra e venda. Apenas não foi um contrato formalizado, tal como reconhecido pelo senso comum das pessoas, visto que, na maioria das vezes, reconhecem o contrato formalizado – “assinado”. 3) Princípio da autonomia da vontade: trata-se do princípio que faculta às partes a total liberdade para contratarem. Esse princípio está fundado na vontade livre de contratar, sem a lei impor limites, e desde que o contrato trate de assunto que esteja dentro dos limites legais imperativos, ou seja, a contratação é livre se as partes o fizerem de livre vontade e também se o objeto do contrato for legal. Por esse princípio, ninguém é obrigado a contratar ou não contratar; as pessoas são livres para escolherem com quem contratar. As cláusulas contratuais são livremente escolhidas, atendendo-se aos limites legais; e no caso de não atendimento das cláusulas contratuais por uma das partes a outra pode ir ao Poder Judiciário para fazer com que o mesmo seja respeitado. Entretanto, é importante destacar que muitas vezes, em função do desequilíbrio da capacidade de influenciar os contratados, a parte mais fraca acaba tendo que aderir a um contrato padrão. Por exemplo, apesar da afirmação de que somos livres para contratar e da forma como as partes quiserem, ao abrir uma conta corrente em um banco, o futuro cliente estará aceitando as condições contratuais apresentadas por esse banco. Na prática, nem sempre temos liberdade de contratar e esses contratos, padronizados, tratados como contratos de adesão – pegar ou largar – invadem todos os setores da vida moderna: a compra de uma passagem para viajar de avião, ônibus ou trem é a aceitação de um contrato padronizado; 19 assim também o são a aquisição de apólice de seguro, uma hipoteca bancária ou um arrendamento mercantil. Outros exemplos são a contratação do fornecimento de energia, água, serviços telefônicos, entre outros (STEPHEN, 1993). 4) Princípio da boa fé: esse princípio preconiza que o sentido literal não deve prevalecer sobre a intenção das partes no momento da celebração do contrato. As partes devem agir com lealdade e confiança recíproca, devem ter boa-fé. O credor e o devedor devem se ajudar na execução do contrato. Esse princípio tem a finalidade de evitar lesão no contrato, oriunda de má fé de uma das partes, como cláusula abusiva, enganadora, leonina etc. Por exemplo, considere que uma empresa adquire um equipamento baseado nas informações prestadas pela empresa que o comercializa. Conduto, ao utilizar o equipamento, o comprador descobre que o mesmo não possui todas as características apresentadas (força, consumo, desempenho, velocidade etc.). Se ficar configurado que houve má fé do vendedor para convencer o adquirente a realizar a compra, o contrato não é válido. Uma das partes não sabia, no momento da contratação, das limitações do equipamento, então, um dos princípios na elaboração de um contrato – boa fé – não foi respeitado. 5) Princípio da relatividade (efeitos dos contratos): esse princípio diz que os contratos produzem efeitos somente entre as partes envolvidas, não atinge terceiros. Seus efeitos são internos. Ninguém pode tornar-se credor ou devedor contra a sua vontade. O princípio da relatividade não é absoluto e tem exceções, como a estipulação em favor de terceiros, contrato coletivo de trabalho, locação em certos casos e o fideicomisso inter vivos. Início do Verbete Fideicomisso – é o ato em que o testador (fideicomitente) impõe a um herdeiro (fiduciário) a obrigação de depois da sua morte, a certo tempo ou sob certa condição, transmitir a outro e último destinatário (fideicomissário) sua herança ou legado. Definição extraída de http://www.mp.rs.gov.br/imprensa/clipping/id57712.htm?impressao=1& Fim do Verbete Por exemplo, o sindicato de uma categoria de profissionais, ao fazer um acordo com o sindicato patronal dessa categoria, estará levando aos seus associados direitos e obrigações, trata-se de uma das exceções. Entretanto, este mesmo Sindicato, ao adquirir um imóvel para construção de uma nova sede, não poderá imputar a dívida a seus associados a menos que estes se manifestem favoravelmente, visto que, uma pessoa jurídica, ou física, não pode criar obrigações a terceiros sem sua concordância. 20 Início do Boxe Multimídia Assista o filme Eles não usam Black Tie. Ele explora questões associadas ao dia-a- dia de um Sindicato evidenciando as diferenças de interesses das pessoas envolvidas. Fim do Boxe Multimídia 3.2 Condições de validade de contratos Para que um contrato tenha validade e produza os efeitos legais é necessário preencher certos requisitos: 1) Condições objetivas (relativas ao contrato): a regra geral do direito é que todos os atos jurídicos devem realizar-se na forma que a lei determina ou que, pelo menos, não proíba. Para o Direito Contratual a regra se mantém. A regra é o consensualismo, da forma que as partes desejarem: por escrito, verbalmente, até tacitamente (quando o silêncio das partes levar a conclusão do contrato). Existem determinados momentos em que a lei exige a observância de forma solene para que o contrato seja reconhecido como válido. Exemplo: contratos de compra e venda de imóveis e ou de veículos, procuração por pessoas relativamente incapazes, entre outros. A regra geral para os contratos é a forma livre. A invalidade somente se caracteriza se for da essência do contrato, como, por exemplo, se seu objeto é ilegal (contraria a lei) ou ainda que não seja possível de ser executado. Uma outra situação em que a invalidade poderá ser caracterizada em função da essência do contrato seria a contratação de uma empresa de transporte que teria que realizar uma entrega, em tempo comprovadamente inferior ao necessário, como por exemplo, transportar a mobília de uma casa do Rio (Capital) para Manaus, em um dia (24 horas), utilizando caminhão. Nulo, por exemplo, é o contrato de compra e venda de bem imóvel, não celebrado por escritura pública, uma vez que a legislação determina que a transferência de imóvel tem que ser registrada em cartório. Sempre que uma pessoa ou empresa for contratar, ainda que não haja exigência, a forma escrita é preferencial. Em relação às condições e aos objetos que serão negociados em um contrato, os mesmos devem ser passíveis de negociação, tanto material (possível de ser feito), quanto juridicamente (não proibido em lei). O contrato é destinado a regular interesses. O objeto do contrato deve ser determinável, no momento da celebração e ou da execução. 2) Requisitos subjetivos (relativasaos contraentes): segundo Gomes (1997), todo negócio jurídico pressupõe agente capaz, isto é, pessoa apta a realizá-lo. Para o autor, capacidade é a: 21 ‘aptidão que tem a pessoa para exercer, por si, os atos da vida civil. É um atributo essencial da personalidade; é o modo pelo qual ela se exercita. Se em todo o vigor se manifesta a personalidade, a capacidade é plena, se enfraquecida por qualquer circunstância, é menos plena. A capacidade é a regra geral, as incapacidades devem ser declaradas por lei’ (GOMES, 1997, p.). A Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002, em seu Artigo 3º, define os absolutamente incapazes e, em seu Artigo 4º, os parcialmente capazes. Tanto estes quanto aqueles estão impossibilitados de contratar. “Art. 3º - São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Art. 4º - São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial”. Decorre dos artigos 3º e 4º que são incapazes para contratar: os menores, os alienados, os surdos-mudos, que não sabem exprimir a sua vontade, os pródigos interditos e os comerciantes falidos. Os menores e os maiores privados da capacidade poderão contratar somente por seus representantes legais, exclusivamente, ou com autorização do juiz. As partes contratuais devem ser capazes, ou seja, serem maiores de 18 anos de idade ou emancipadas de acordo com o Código Civil Brasileiro, em seu Artigo 5º. Além dessa, existe a capacidade negocial ou contratual, a qual é exigida por lei para determinados contratos. Por exemplo, uma pessoa casada, mesmo maior de 21 anos de idade, necessita do consentimento da esposa ou do marido para a venda de bem imóvel, isto é, da capacidade genérica e da concordância conjugal, ou seja, se não houver a concordância por uma das partes a capacidade negocial fica prejudicada. 22 Atividade 3 (Objetivo 3) Considere que o Sr. João, um autônomo que atua há mais de 45 anos no ramo de transporte, sem uma queixa de clientes sequer, proprietário de um caminhão baú, tratou, verbalmente, de fazer a mudança de Maria para o imóvel que ela acabara de adquirir. Para tanto, cobrou pelo serviço R$450,00. O valor foi aceito por Maria, solteira, funcionária há mais de vinte anos, com reconhecida competência, da prefeitura do município. Os dois trataram dia e hora do serviço; no valor cobrado pelo Sr. João está incluído os serviços de dois ajudantes que trabalham em parceria com ele, desmontando e montando, além de carregarem a mobília. Diante da situação apresentada, comparar os aspectos objetivos (relativos ao contrato) e subjetivos (relativos aos contraentes) associados ao contrato realizado pelas partes. Início da resposta comentada Para que um contrato seja válido, é necessário que apresente requisitos objetivos e subjetivos. Os primeiros estão associados ao contrato em si. O objeto do contrato deve ser determinado, lícito e possível. A mudança contratada preenche esses requisitos: pode ser determinada, é lícita e com o veículo e a mão-de-obra contratada para o serviço é possível que o mesmo seja realizado. A forma escolhida para o contrato foi a verbal, prevista na lei, portanto, legal. Em relação aos aspectos subjetivos, relativos aos contraentes, verifica-se que a pactuação entre as partes foi consensual, pois ambos são capazes: são maiores, estabelecidos em suas atividades (com reconhecimento, inclusive) há muito tempo e o compromisso acordado não depende de anuência de terceiros, ou seja, eles próprios poderiam acordar sem a necessidade de anuência de terceiros, tal como um dos cônjuges precisa do outro para vender um imóvel. Fim da resposta comentada 4 LICITAÇÕES 4.1 Conceito A licitação é um processo mediante o qual o proprietário, ou representante, de uma entidade qualquer, coloca em oferta para terceiros a realização de uma obra, a prestação de um serviço, o fornecimento de um bem específico, entre outros. Podemos entender uma licitação como a comunicação de uma organização aos fornecedores em geral que tem necessidade de adquirir bens ou serviços. A licitação serve, então, para manifestar o interesse de uma organização em adquirir alguma coisa que é especificada no Edital de Licitação. Ao contrário do que muitos pensam, 23 as licitações não são promovidas apenas por órgãos públicos, também podem, e muitas vezes são promovidas por entidades privadas. Início do Verbete Edital de Licitação – também conhecido como instrumento convocatório, é o documento que contem todas as regras reguladoras da licitação: condições de habilitação, de pagamento e de recebimento. Fim do Verbete A grande diferença entre licitações privadas e públicas é que na esfera privada as condições de licitação são estabelecidas livremente, de acordo com seus interesses, desde que não firam as leis que regem o comércio, enquanto que as entidades da Administração Pública estão sujeitas a preceitos legais específicos a serem atendidos na licitação e na contratação. Estes preceitos são regidos pela Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, alterada pela Lei 8.883, de 8 de junho de 1994. Diante da liberdade que a entidade privada tem de elaborar e executar uma licitação e das obrigações que as entidades públicas têm em seguir nesse mesmo tipo de processo, o foco de nossa discussão será a licitação pública. 4.2 Modalidades de licitação pública Segundo as leis que regem a licitação pública as mesmas podem ocorrer sob diversas modalidades: 1) Concorrência Pública – é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. A convocação deve se dar com 30 dias de antecedência, mediante publicação de aviso no Diário Oficial e em jornais de grande circulação. Um exemplo dessa modalidade de licitação pode ser verificado na notícia abaixo, veiculada no jornal Valor Econômico, de 8 de janeiro de 2009, promovida pela Secretaria de Defesa Social do Governo do Estado de Pernambuco, para contratação de serviços especializados de monitoramento em vias públicas. 24 Figura: Extrato de jornal com chamada para edital de concorrência pública Fonte: Jornal Valor Econômico de 8 de janeiro de 2009 2) Tomada de Preços – é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. Dois exemplos dessa modalidade de licitação podem ser verificados na notícia abaixo, veiculada no jornal Valor Econômico, de 13 de janeiro de 2009, promovida pela Companhia Catarinense de Águas e Saneamento. Figura: Extrato de jornal com chamada para edital de concorrência pública Fonte: Jornal Valor Econômico de 8 de janeiro de 2009 3) Convite – é a modalidade de licitação, entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de três pela unidade administrativa – órgão público que está realizando a licitação – que deverá afixar em local apropriado, cópia do instrumento convocatório eo estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 25 horas da apresentação das propostas. A Prefeitura de Juiz de Fora – MG utilizou essa modalidade para convidar fornecedores já cadastrados a atender sua necessidade de fazer o paisagismo de uma área da cidade. O convite foi assim apresentado aos cadastrados e também, possíveis interessados: 4) Concurso – é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial, com antecedência mínima de 45 dias. O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) promove um concurso anual de cunho científico na área de Economia e, a seguir, é apresentada uma parte do edital de da chamada para participação no concurso. CONVITE Nº. 008/2009 – CPL/SO PROCESSO Nº 1747/2009. AVISO A Presidente da Comissão Permanente de Licitação da Prefeitura de Juiz de Fora, faz saber, a quem interessar possa, que receberá às 09:30 (nove e trinta) horas, do dia 07 (sete) de julho de 2009, na sala de reuniões da Comissão Permanente de Licitação, situada na Avenida Brasil, nº 2001 - 4º andar, nesta cidade de Juiz de Fora – MG, os documentos relativos à habilitação e proposta objetivando a contratação de sociedade empresária especializada para a prestação de serviço de covação e plantio de gramíneas através de hidrossemeadura, com fornecimento de insumos e mão de obra especializada, com replantio incluso, na Av. JK / Rua Onofre de Oliveira Souza s/nº - Bairro Barbosa Lage (talude situado entre a Av. JK e loteamento Santa Maria) com um total estimado em R$ 6.000,00, CONVITE Nº 008/2009, tipo MENOR PREÇO, nos termos da Lei Federal nº 8.666/93 com suas alterações posteriores, Lei Complementar nº 123 de 2006 e pelas demais condições fixadas no Edital, as quais os interessados devem submeter-se sem quaisquer restrições. Além dos convidados, poderão participar da licitação os interessados que atuam no ramo pertinente ao objeto licitado, devidamente cadastrados, que manifestem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação dos envelopes, na forma do disposto no parágrafo 3o, do art. 22, da Lei 8.666/93. O Edital completo poderá ser obtido pelos interessados, devidamente cadastrados, na CPL (endereço supra), em meio magnético, mediante entrega de um disquete vazio, de segunda a sexta-feira, no horário de 08:30 às 11:30 e de 14:30 às 17:30 horas. Quaisquer dúvidas contactar pelos telefones (32) 3690 – 8179 ou (32) 3690 - 8190. Juiz de Fora, 29 de junho de 2009 Lúcia Maria Tarchi Crivellari Presidente da Comissão Permanente de Licitação 26 Figura: Chamada para edital de concurso Fonte:http://www.bdmg.mg.gov.br/estudos/arquivo/premio/XXI_PREMIO_MINAS_Regula mento.pdf 5) Leilão – é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para venda de bens. Muito utilizado na comercialização de bens móveis que não servem para a Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para alienação de bens imóveis prevista em artigo de lei, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor de avaliação. Um exemplo dessa modalidade de licitação pode ser verificado na notícia abaixo, veiculada no jornal Valor Econômico, de 6 de janeiro de 2009. A Companhia Hifro elétrica de São Francisco – CHESF - usou essa modalidade de licitação para venda de energia elétrica. XXI PRÊMIO MINAS DE ECONOMIA – 2009 R E G U L A M E N T O O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S.A. - BDMG, o Conselho Regional de Economia - 10ª Região – MG e a Associação dos Economistas de Minas Gerais - ASSEMG, em esforço conjunto, instituíram, a partir de 1988, o PRÊMIO MINAS DE ECONOMIA. Com edição anual, o PRÊMIO MINAS DE ECONOMIA tem por objetivo incentivar a investigação econômica em geral e o desenvolvimento de estudos e pesquisas voltadas para o conhecimento da realidade. O PRÊMIO contempla trabalhos apresentados por estudantes de graduação em faculdades de Economia com sede no Estado de Minas Gerais. Nessa perspectiva, as entidades promotoras buscam incentivar, nos estudantes de economia, o gosto pela pesquisa e pela redação de trabalhos científicos e contribuir com as Faculdades de Economia no Estado de Minas Gerais, no desenvolvimento da atividade de produção de monografias, que é tarefa obrigatória, conforme currículo do curso aprovado pelo Conselho Federal de Educação. I – DOS TRABALHOS Art. 1º. Somente poderão concorrer ao PRÊMIO os trabalhos de monografia de conclusão de cursos de Economia, de natureza teórica ou aplicada, sem qualquer limitação temática, elaborados em Faculdades com sede no Estado de Minas Gerais. Os trabalhos serão previamente selecionados pelo órgão competente dessas faculdades responsáveis pela sua inscrição no PRÊMIO conforme previsto no Art. 5º. § 1º. Os trabalhos deverão ter no mínimo 25 (vinte e cinco) páginas e no máximo 70 (setenta) páginas, incluindo tabelas, com 25 linhas por página e 72 toques por linha. § 2 º. Excluem-se do total de páginas os anexos econométricos. Art. 2º. Os trabalhos serão identificados apenas por pseudônimos, mencionados de forma destacada no alto da primeira página do texto, não contendo referências de escola, nem orientadores. Art. 3º. Os trabalhos deverão ser entregues em 03 (três) vias, acondicionados em um único envelope, fechado, no qual será indicado apenas o pseudônimo do autor. Parágrafo único. Os autores deverão entregar cópia do trabalho em meio magnético. 27 Figura: Extrato de jornal com chamada para edital de leilão público Fonte: Jornal Valor Econômico de 6 de janeiro de 2009 6) Pregão – é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns, promovida exclusivamente no âmbito da União, qualquer que seja o valor estimado. Em que a disputa pelo fornecimento é feita por meio de propostas e lances em sessão pública. O pregão pode ser realizado por meio de utilização de recursos de tecnologia de informação, e aplica-se aos fundos especiais, às sociedades de economia mista e às demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União. Um exemplo desse tipo de modalidade pode ser verificado na chamada promovida pelo Sebrae para contratação de serviços de manutenção e reparos na rede de transmissão de dados e voz. Figura: Chamada para edital de pregão Fonte: http://www.sebraemg.com.br/Licitacao/Licitacao_lst.aspx?canc=true&cod_lct=55. 4.3 Etapas do processo de licitação O processo de licitação é composto de três etapas distintas: 1) Qualificação, 2) Licitação em sentido restrito e 3) Adjudicação do contrato. As mesmas estão representadas na Tabela 1 e detalhadas a seguir. Início do Verbete Adjudicar – conceder, por ordem da justiça, a posse de algo a alguém. Fim do Verbete 28 Tabela 1 – Resumo das atividades envolvidas em uma licitação pública Etapas Atividades envolvidas Habilitação jurídica Regularidade Fiscal Qualificação Técnica 1) Qualificação Qualificação Econômico-Financeira Divulgação do Edital Recebimento das propostas Avaliação das propostas 2) Licitação em sentido restrito Relatório final – apresentação do resultado Aprovação da licitação 3) Adjudicação do contrato Assinatura do contrato Fonte: Adaptado de DiPietro, 2002 1) Qualificação – esta é a fase em que se procura determinar as condições das entidades de executar o serviço licitado. Para isso, as empresas devem apresentar uma série de documentos, provando a sua capacidade de cumprir com o contrato em questão. Essa documentação pode ser dividida em quatro grupos: Grupo I – Habilitação jurídica; Grupo II - Regularidade Fiscal; Grupo III - Qualificação Técnica e Grupo IV- Qualificação Econômico- Financeira. Grupo I – Habilitação Jurídica: cédula de identidade; registro comercial; ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado, em se tratando de sociedades comerciais, e, no caso de sociedade por ações, acompanhado de documentos de eleição de seus administradores; inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício; decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em funcionamento no país, e ato de registro ou autorização para funcionamento expedido pelo órgão competente, quando a atividade assim o exigir. Grupo II – Regularidade Fiscal: prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ); prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual; prova de regularidade para com as Fazendas Federal, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei; prova de regularidade relativa à Seguridade 29 Social e ao Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei. Grupo III – Qualificação Técnica: registro ou inscrição na entidade profissional competente; comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações, e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis, bem como da qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos; comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou conhecimento de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações, objeto da licitação; prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for o caso. Grupo IV – Qualificação Econômico-Financeira: balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já exigíveis e apresentáveis na forma de lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrados a mais de três meses da data de apresentação da proposta; certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física; garantia limitada a 1% do valor estimado do objeto da contratação. Terminada essa etapa de qualificação das empresas concorrentes, passa-se à etapa seguinte que consiste no processo de licitação propriamente dito. 2) Licitação em sentido restrito – A etapa da licitação, em seu sentido restrito, inicia- se pela divulgação de um documento elaborado pelo contratante, chamado de Edital ou Termo de Referência da Licitação. Este edital é geralmente constituído de dois ou mais volumes, dependendo da quantidade de documentos que estarão incluídos nele. O primeiro volume, normalmente, contém as instruções aos licitantes, as condições da licitação, a minuta do contrato a ser executado, requisitos para apresentação da proposta etc. O segundo volume contém a documentação técnica, constituída por desenhos de execução, especificações e padrões, assim como a relação das normas técnicas a serem cumpridas. Em anexo, podem ser apresentados outros documentos como quadros quantitativos de serviços, quadro de preços unitários, cronogramas etc. Caso haja alterações em algum documento do edital, deve-se enviar a todos os convocados um adendo aos termos de referência, detalhando as alterações e fornecendo os esclarecimentos necessários. Divulgado o edital, passa-se para o recebimento de propostas. 30 A proposta de cada convocado deve ser apresentada em duas partes contidas em envelopes separados, na mesma data, hora e local designados, contendo a primeira parte a proposta técnica e a segunda, a proposta comercial. Dependendo do vulto da licitação, esta poderá ser realizada em um único estágio, com todos os documentos contidos em um só envelope, a ser aberto na presença de todos os participantes, que ficam conhecendo o que cada concorrente propôs em termos de preços, prazos, condições técnicas e de pagamento, bem como a situação jurídico-fiscal de cada um, caso não tenha havido pré-qualificação. O próximo passo consiste na avaliação das propostas previamente apresentadas. As propostas, contidas em envelopes lacrados, são abertas por uma comissão julgadora designada pelo contratante na presença dos licitantes, comissão esta que irá analisar e julgar todas as propostas, a fim de se obter a mais interessante. Após todas as análises necessárias, a comissão elabora um relatório final sobre a colocação dos licitantes e, no caso das licitações públicas, segue-se a homologação da concorrência e, posteriormente, a última etapa do processo licitatório, que é a de adjudicação do contrato. 3) Adjudicação do contrato – Após a aprovação ou homologação da licitação pelo proprietário ou seu representante, é preparado o contrato para assinatura das partes, com base na minuta anexada aos termos de referência, e à qual se incorporam todos os dados resultantes do processo licitatório. Essa etapa corresponde à contratação propriamente dita. Caso seja urgente o início da execução do objeto do contrato, este poderá ser temporariamente substituído, até que se ultime a sua redação e assinatura, por uma carta de intenção, autorizando o licitante vencedor a iniciar os trabalhos e estabelecendo, de maneira sumária, os direitos e deveres de cada parte envolvida. No contrato, devem estar devidamente detalhados os itens necessários a sua execução em forma de cláusulas. Atividade 4 (Objetivos 4) Considere que duas empresas, uma pública e outra privada, que atuam no mesmo ramo de atividade, como por exemplo, duas empresas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Suponha que cada uma das empresas irá alugar o mesmo tipo de veículo de transporte de passageiros (uma Van), pelo mesmo período de tempo (dois anos) e que os veículos terão a mesma utilização nas respectivas empresas: transportar seus técnicos de inspeção de rede de distribuição elétrica até seu local de trabalho. Descreva o processo de contratação do veículo das respectivas empresas, destacando as principais diferenças. 31 Início da resposta comentada A empresa privada poderia contratar o serviço de locação do referido veículo da forma como melhor lhe conviesse, desde que não praticasse nenhum ato ilegal, como por exemplo, alugar um veículo roubado sabendo desse fato. Poderia realizar desde uma licitação com ampla concorrência entre os interessados em locar o veículo desde a contratação direta de um fornecedor já cadastrado. A empresa privada é livre para contratar desde que legalmente. Já a empresa pública tem restrições legais para esse tipo de contratação. Condicionado aos valores do contrato, a empresa pública poderia realizar uma concorrência pública, criando a oportunidade para todos os interessados em alugar o veículo participar da mesma. Poderia, ainda,fazer uma tomada de preços junto a fornecedores, cadastrados ou não ou, que participasse de um pregão eletrônico. Em todos os casos, o processo teria que ser público e criar condições para todos os fornecedores que se interessarem pela locação do veículo participar do processo de licitação. Esse deve ocorrer conforme determina a Lei 8.666 que prevê, pelo menos, três grandes fases no processo de contratação pública: a qualificação dos fornecedores; a licitação propriamente dita e a adjudiciação (ou validação) do processo que deve culminar com a elaboração e assinatura de um contrato entre as partes: vencedor da licitação (fornecedor do veículo) e a empresa pública (usuária do veículo). Fim da resposta comentada CONCLUSÃO O contrato está presente no dia-a-dia das pessoas. Cada vez que adquirimos um bem qualquer (um eletrodoméstico, uma roupa, alimentos etc.) ou utilizamos um serviço (telefonia, energia etc.) estamos realizando um contrato. Ocorre que pela simplicidade ou pelos baixos valores envolvidos (em uma compra numa padaria, por exemplo), vários desses contratos nem sempre o formalizamos. Ele existe, apenas não é revestido de formalidade. A organização, até mesmo por sua complexidade estrutural, reveste de formalidade a maioria de seus contratos. Esse comportamento é baseado na busca por reduzir as incertezas associadas às transações relacionadas ao ambiente e também ao comportamento dos contraentes. A importância de registrar uma transação – elaborar um contrato – reside na necessidade de garantir que direitos e obrigações acordados estão sendo, ou foram, cumpridos pelos envolvidos. Dessa forma, caso haja descontentamento de uma das partes, a lei que rege a relação – o contrato – é que servirá como base para solução. Em sua elaboração, vários tipos 32 de contrato, devem apresentar os elementos necessários para determinação do objeto, as condições em que o mesmo será cumprido e quais as obrigações dos envolvidos. Sua operacionalização pode ser apresentada a partir de um paralelo com as etapas de um projeto (Ciclo de Vida) apresentados na Aula 1: 1) elaboração do contrato (escopo); 2) contratação entre as partes (desenvolvimento); 3) implementação (execução das atividades); 4) acompanhamento (controle) e 5) finalização do contrato (finalização). Assim, o próprio contrato de uma etapa de um projeto pode ser tratado como um subprojeto. Atividade final (Todos os objetivos) Considere que uma escola pública tem a necessidade de contratar o fornecimento de lanches para seus alunos. Considere, ainda, que a mesma tem autonomia administrativo- financeira, ou seja, ela possui recursos financeiros e autonomia para aplicá-los conforme suas necessidades. Analise o caso e responda às questões abaixo: 1) Identifique que tipo de contrato a escola deve utilizar e explique por quê. 2) Apresente e descreva as principais etapas que devem ser desenvolvidas nesse processo, sendo que para cada etapa descrita, apresente, pelo menos, duas atividades relacionadas ao caso. 3) Destaque o papel e a importância do contrato em um processo dessa natureza, destacando, pelo menos, dois aspectos a ele relacionados. Início da resposta comentada! 1) A escola deve utilizar no processo de contratação dos serviços uma licitação - processo que dá publicidade ao interesse de uma organização em adquirir produtos ou serviços. Toda organização pública, por lei, é obrigada a realizar uma licitação antes de adquirir produtos e contratar serviços. Esse interesse tem que ser manifestado formalmente e tem que ser dada publicidade utilizando os meios de comunicação adequados – normalmente jornais. Apesar de não terem obrigação legal, muitas empresas privadas utilizam o processo de licitação em suas compras, a diferença é que estas têm liberdade para definir o processo, desde que não ultrapasse a legalidade enquanto a instituição pública tem que atender à Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, alterada pela Lei 8.883, de 8 de junho de 1994. 2) As principais etapas que devem ser desenvolvidas no processo de licitação são qualificação, licitação e validação. Na primeira etapa – Qualificação – a partir das exigências do Edital, os interessados em fornecer os produtos ou serviços, apresentam a documentação 33 exigida para comprovar que estão em condições técnicas e legais de atender à licitação. Alguns dos aspectos relacionados a esta etapa são: 1) Recepção e cadastramento dos fornecedores interessados, no caso, empresas que fornecem lanches; 2) Avaliação da documentação, verificando se a empresa realmente atua na área do objeto de licitação e 3) Divulgação dos candidatos aptos a participarem da licitação. Na segunda etapa – Licitação (composta pela licitação propriamente dita) – a partir da divulgação do edital, os interessados habilitados apresentam suas propostas. Estas serão analisadas pelos responsáveis pelo processo de escolha que irão avaliar entre as que atendem ao Edital àquela que oferece a melhor relação custo versus benefício, divulgando o vencedor do processo. Alguns dos aspectos relacionados a esta etapa são: 1) Recebimento das propostas dos candidatos considerados aptos na fase anterior; 2) Abertura das propostas em local e data pré-definidos e em sessão pública; 3) Avaliação das propostas, ou seja, verificar se as propostas atendem às quantidades e qualidade exigidas no edital e 4) Divulgação da empresa que irá assinar o contrato de fornecimento do lanche. Na terceira etapa – Validação – é verificado se todo o processo seguiu as obrigatoriedades legais, atestando sua validade e realizada a contratação do vencedor do processo. Alguns dos aspectos relacionados a esta etapa são: 1) Verificação de que todas as etapas foram realizadas de acordo com a Lei e as necessidades da instituição que promove o edital e 2) Contratação da empresa vencedora do edital para fornecimento dos lanches pelo preço e períodos acordados e assinatura do contrato 3) O contrato será a “lei” entre a Escola que está contratando e o fornecedor do lanche. Dessa forma, o responsável pela gestão da escola terá a certeza de que os alunos receberão os lanches contratados na quantidade, qualidade e tempo acertados; enquanto o fornecedor terá a certeza de que parte de sua produção já está previamente comercializada. O contrato gera um clima de segurança tanto para quem precisa dos produtos adquiridos quanto para quem precisa de clientes para seus produtos, facilitando as atividades de ambos. Alguns dos aspectos inerentes a um contrato são: 1) O contrato tem que ser formal, ou seja, apresentado na forma escrita; 2) O contrato tem que descrever, detalhadamente, as características do lanche a ser fornecido: quantidade, peso, ingredientes permitidos e não permitidos etc; 3) O contrato tem que prever os dias e os horários da entrega e 4) O contrato tem que apresentar multas por não cumprimento do acordo. Fim da resposta comentado 34 RESUMO Contrato é um acordo de vontade onde as partes, de forma voluntária, criam obrigações e direitos recíprocos. Por ser um negócio jurídico, o contrato deve ter os seguintes elementos: declaração de vontade, com circunstâncias negociais; agente; objeto e forma. A aplicação dos contratos na esfera econômica é decorrência das incertezas do ambiente e da incerteza comportamental dos agentes. Assim, busca-se, pelo contrato, regular as transações entre esses, formalizando direitos e deveres das partes, destacando-se duas das principais funções de um contrato: 1) garantir uma troca eficiente e 2) distribuir os ganhos da troca. Os principais elementos básicos que devem ser observados na confecção de um contrato são: 1) identificação das partes (entidades) envolvidas; 2) caracterização das obrigações e direitos: o quê (dimensões, quantidades, qualidade), quando
Compartilhar