Buscar

Organizaçao do Estado e Administraçao Publica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Thayná Augusta da Mata Carvalho
Direito Constitucional II
Universidade do Estado do Amazonas
Resumo I – A organização do Estado e Administração Pública
Curso de Direito Constitucional – Gilmar Ferreira Mendes; Paulo Gustavo Gonet Branco
ESTADO FEDERAL
Notícia de História
O Federalismo nasceu nos Estados Unidos da América, surgiu como resposta para a implantação de um governo eficiente em um vasto território. 
Para garantir a Independência, as então antigas colônias britânicas firmaram um tratado, e transformaram-se em confederação, onde cada entidade possuía soberania.
Entretanto, as deliberações dos Estados Unidos em Congresso nem sempre eram cumpridas, e havia dificuldades na obtenção de recursos financeiros e humanos para as atividades comuns. Além disso, a confederação não podia legislar para os cidadão, muito menos impor tributos, além de não haver um tribunal supremo. 
A Confederação acabou debilitada e não conseguindo atender às necessidades para que fora criada, assim a aprimorou usando a original fórmula federativa, inscrita pela Convenção de Filadélfia de 1787. 
Características Básicas do Estado
Soberania e Autonomia
A Soberania é atributo do Estado Federal como um todo. Enquanto os Estados-Membros dispõem de Autonomia. 
A Autonomia importa a descentralização de poder, não apenas administrativa, como também política. Os Estados-Membros podem executar leis, além de elaborá-las. O Estado Federal possui uma dúplice esfera de poder normativo. 
Cada Estado-Membro também possui a capacidade de autoconstituição, sujeita embora a certas diretrizes impostas pela Constituição Federal.
Existência de uma Constituição Federal
A Constituição Federal atua como fundamento de validade das ordens jurídicas parciais e central. Ela confere unidade à ordem jurídica do Estado Federal. 
A Federação gira em torno da Constituição Federal, essa que é rígida e onde o princípio federalista deve ser cláusula pétrea. 
Repartição de Competências prevista constitucionalmente
Para a eficácia da ação estatal, evitando conflitos e desperdício de esforços e recursos, a Constituição Federal reparte competências adequadas a cada ordenamento. 
A Constituição Brasileira, por exemplo, ao dispor sobre repartição de receitas oriundas de impostos federais, favorece não somente os Estados, como, igualmente, aquinhoa os municípios, é através da repartição de competências, que se consegue alcançar um federalismo de equilíbrio. 
Podemos distinguir tal repartição em dois modelos básicos: o modelo clássico, vindo da Constituição Federal de 1787, e o modelo moderno, que se seguiu à Primeira Guerra Mundial. 
O modelo clássico conferiu à união poderes enumerados e reservou aos Estados-Membros os poderes não especificados. 
O modelo moderno responde à crescente complexidade da vida social, exigindo ação dirigente e unificada do Estado. O que favoreceu uma dilatação dos poderes da união. 
Outra classificação dos modelos de repartição cogita das modalidades de repartição horizontal e de repartição vertical. 
Na repartição horizontal não se admite concorrência de competências entre os entes federados, na repartição vertical realiza-se a distribuição da mesma matéria entre a União e os Estados Membros. 
Participação dos Estados-Membros na vontade Federal
É concebido o Senado Federal, em homenagem ao princípio da igualdade jurídica dos Estados Membro, com igual número de representantes por Estado-Membro.
Os Estados-membros participam da formação da vontade federal, da mesma forma, quando são admitidos a apresentar emendas à Constituição Federal. 
Inexistência de Direito de Secessão
Os Estados-Membros não são soberanos, por isso, é comum impedir que os mesmos se desliguem da União, o que diferencia o Estado Federal da confederação.
Conflitos: Papel da Suprema Corte e a intervenção federal
Os conflitos que venham a existir entre estados serão levados ao deslinde de uma corte nacional. Falhando a solução judiciária, o Estado Federal dispõe do instituto da intervenção federal, para se autopreservar da desagregação.
A intervenção federal importa a suspensão temporária das normas constitucionais asseguradoras da autonomia da unidade atingida pela medida.
Conceito Abrangente de Estado Federal
O Estado Federal expressa um modo de ser do Estado em que se divisa uma organização descentralizada, tanto administrativa quanto politicamente, erigida sobre uma repartição de competências entre o governo central e os locais. 
Os Estados-membros participam das deliberações da união, sem dispor do direito de secessão, e no Estado Federal, há de regra, uma Suprema Corte nacional.
Por que os Estados assumem a forma federal?
O Federalismo tende a permitir a convivência de grupos étnicos heterogêneos, muitas vezes com línguas próprias, quando atuam com força oposta a tendências centrífugas. 
O Estado Federal Brasileiro
A União
É o fruto da junção dos Estados entre si, e que age em nome da federação. Edita tanto leis nacionais como federais.
Intervenção Federal
Cabe à União exercer a competência de preservar a integridade política, jurídica e física da federação.
A intervenção federal é mecanismo drástico e excepcional, destinado a manter a integridade dos princípios basilares da Constituição.
Atende ao propósito de conferir eficácia à proclamação de que a união dos Estados é indissolúvel.
É aceita em seguintes casos: para repelir invasão estrangeira, a invasão de um Estado-membro sobre outro, para garantir o livre exercício de qualquer dos poderes nas unidades da Federação, por desorganização administrativa, que leva o Estado ou o Distrito Federal, sem motivo de força maior, a não pagar a sua dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, para prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial ou para assegurar o respeito ao primordial direito da pessoa humana, que é o direito a vida.
A intervenção deve atender à máxima da proporcionalidade.
A intervenção somente pode recair sobre Estado-membro, Distrito Federal ou Municípios integrantes de território federal. Não cabe a intervenção em Municípios integrantes de Estado-Membro. 
Somente o presidente da República é competente para decretar a intervenção federal. Haverá o controle político do Congresso Nacional, ao qual deverá ser submetido o decreto de intervenção no prazo de vinte e quatro horas e que poderá aprová-lo ou rejeitá-lo. O presidente deve ouvir o Conselho da República e o de Defesa Nacional. 
O decreto de intervenção deve especificar a amplitude da medida, o prazo de sua duração, as condições de execução e, se for o caso, o nome do interventor.
A intervenção será requisitada pelo STF, STJ ou STE, em caso de descumprimento de ordem ou decisão judicial. Essa modalidade passa por crivo judicial. O STF, STJ ou STE julgam pedido de intervenção federal, não havendo discricionariedade para o Presidente da República, apenas a ele vinculado o decreto. 
O STF será competente para apreciar o pedido de intervenção se a causa em que a decisão desrespeitada foi proferida tiver colorido constitucional. Se a decisão se fundou em normas infraconstitucionais, a competência será do STJ. 
Os Estados-Membros
Os Estados têm governo e bens próprios, desempenhando as funções dos três poderes estatais – Executivo, Legislativo e Judiciário.
Os Estados podem se incorporar uns aos outros mediante aprovação da população e por aprovação do Congresso Nacional.
Quanto a competência legislativa dos Estados, eles editam as normas e as executam com autonomia. 
A autonomia também se expressa também por norma que impede que a União conceda isenção de tributos da competência deles. 
Os governadores são as autoridades executivas máximas e a Assembleia Legislativa é a sede do Poder Legislativo. 
Não se abre chance para que os Estados adotem um sistema bicameral no Poder Legislativo. 
A Jurisprudência do STF entende legítimo que as constituições estaduais disponham que os governadores somente serão processados criminalmente pelo STJ se houver autorizaçãoda Assembleia Legislativa. 
A intervenção dos Estados nos municípios segue o disposto no art. 35 da Constituição Federal, observando-se, ali, o propósito de garantir a administração democrática nos Municípios.
Poder constituinte dos Estados-Membros
O poder constituinte originário confere aos Estados-Membros o poder de auto-organização das unidades federadas.
O poder constituinte do Estado-Membro é, como o de revisão, derivado, por retirar a sua força da Constituição Federal, e não de si próprio. A sua fonte de legitimidade é a Constituição Federal.
Logo estará submetido a limitações ao conteúdo das deliberações e à forma como serão tomadas. 
Auto-Organização do Estado-Membro e processo legislativo
Ponto que gerou dúvidas, foi o de saber se as regras de processo legislativo federal deveriam ser necessariamente seguidas pelos Estados.
O STF assentou que os Estados-Membros estão obrigados a seguir as regras básicas do processo legislativo. Sendo a regra de reserva de iniciativa de lei aspecto relevante do desenho da tripartição de poderes, os Estados não podem dela apartar-se. 
O STF decidiu ser inconstitucional norma de Constituição Estadual que exigia lei complementar para tema que a Constituição Federal não o demanda.
Separação de Poderes e princípio da simetria
O padrão da tripartição de poderes tornou-se matriz das mais invocadas em ação direta de inconstitucionalidade, para a invalidação de normas constitucionais e infraconstitucionais dos Estados-Membros. 
A imposição da simetria pode ser explícita no texto da Constituição Federal que, como o art. 75, que impõe o desenho normativo do TCU às Cortes congêneres Estaduais. 
O princípio da simetria existe para designar a obrigação do constituinte estadual de seguir fielmente as opções de organização e de relacionamento entre os poderes acolhidas pelo constituinte federal. 
O Princípio da simetria serve de fundamento para que se declarem inválidas leis estaduais que resultam de projeto apresentando sem observância do sistema federal de reserva de iniciativa. 
Limitação relativa a competência legislativa reservada da União
O Estado-membro é impossibilitado de regular temas que sejam objeto de competência legislativa reservada da união. 
O STF afirmou ser inconstitucional norma de Constituição de Estado-membro que concedia estabilidade aos empregados de empresas públicas e sociedades de economia mista.
Região Metropolitana
O art. 25, prevê que os Estados-membros possam criar, por meio de leis complementares por ele editadas, regiões metropolitanas e microrregiões, com vistas a integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum, para propósito de viabilidade ou maior eficácia de serviços públicos em áreas compreendidas por mais de um município (Região Metropolitana do Rio de Janeiro e a microrregião dos Lagos). 
Os Municípios
A partir da Constituição de 1988, os municípios passaram a gozar do status de integrantes da Federação, uma vez que, agora, além de autonomia, contando com Executivo e Legislativo próprios, contam também com o poder de auto-organização, por meio de lei orgânica.
Os Municípios podem ser criados, fundidos ou desmembrados na forma do art. 18. Exigem-se para essas ocorrências, lei estadual, plebiscito para escutar tanto a população do eventual novo Município como dos demais envolvidos.
A composição do Poder Legislativo municipal sofre também a incidência de limitações dispostas pelo Constituinte Federal. A EC n. 58/2009 fixa o número máximo de vereadores, prescreve ainda o limite máximo de despesas do Legislativo municipal. 
O Distrito Federal
Para abrigar a sede da União, o constituinte criou o Distrito Federal. 
O Distrito Federal não se confunde quer com um Estado membro, quer com um Município, acolhendo características de cada qual. 
Rege-se, por uma lei orgânica, e não tem poder de organização do Ministério Público nem do Poder Judiciário, da mesma forma que os Municípios, tampouco o faz com relação às polícias civil e militar e ao corpo de bombeiros – todos organizados e mantidos pela União. 
O Distrito Federal está colocado ao lado dos Estados Membros quanto a várias competências tipicamente estaduais e também está sujeito a intervenção federal.
Possui representantes no Senado Federal e seu governador e a mesa diretora da sua casa legislativa gozam de legitimidade.
O Distrito Federal goza de Autonomia, exerce, no que não é impedido pela Constituição, competências dos Estados e dos Municípios, cumulativamente.
O Poder Legislativo é exercido pela Câmara Legislativa do Distrito Federal e a lei orgânica define quem assume a governadoria.
Das funções essenciais à Justiça no DF, a Procuradoria-Geral do Distrito Federal e a Defensoria Pública pertencem à sua esfera de organização, mas não, o MP do Distrito Federal e Territórios. 
Territórios
Territórios são descentralizações administrativas da União, carecendo de Autonomia. 
A Repartição de Competências na Constituição de 1988
Competência Geral da União 
O art.21 da Carta dispõe sobre a competência geral da União, que é consideravelmente ampla, abrangendo temas que envolvem o exercício de poderes de soberano, ou que, por motivo de segurança ou de eficiência, devem ser objeto de atenção do governo central. 
Competência de Legislação Privada
A competência privativa da União para legislar está listada no art. 22 da CF. Entretanto, não deve ser tido como exaustivo, havendo outras tantas competências referidas no art. 48, acontece que os assuntos mais relevantes e de interesse comum à vida social no País nos seus vários rincões estão enumerados no catálogo do art. 22. 
É copioso o acerto de precedentes do STF julgando inconstitucionais diplomas normativos de Estados-Membros, por invadirem competência legislativa da União.
O parágrafo único no art.22 prevê a possibilidade de lei complementar federal vir a autorizar que os Estados-Membros legislem sobre questões específicas de matérias relacionadas no artigo. 
Trata-se de mera faculdade aberta ao legislador complementar federal. Se for utilizada, a lei complementar não poderá transferir a regulação integral de toda uma matéria da competência privativa da União, já que a delegação haverá de referir-se a questões específicas.
Nada impede que a união retome a sua competência. 
Competência relativa aos poderes reservados dos Estados
Atribuíram-se aos Estados o poder de auto organização e os poderes reservados e não vedados pela CF (art.25)
Além desses poderes, ditos residuais, algumas correspondências foram expressamente discriminadas, cuidando da competência estadual para a exploração de serviços de gás canalizado e da competência legislativa para instituir regiões metropolitanas.
A maior parte da competência legislativa privativa dos Estados-membros, entretanto, não é explicitamente enunciada na Carta. 
Competência comum material da União, Estados-membros, do Distrito Federal e dos Município
Para a defesa e o fomento de certos interesses, o constituinte desejou que se combinassem os esforços de todos os entes federais; daí ter enumerado no art. 23 competências, que também figuram deveres, tal a de "zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público", a de proteger o meio ambiente e combater a poluição, melhorar as condições habitacionais e de saneamento básico, a de proteger obras de arte, sítios arqueológicos, paisagens naturais notáveis e monumentos, apenas para citar algumas competências/incumbências listadas nos incisos do art. 23. Essas competências são chamadas de concorrentes, porque os vários entes da Federação são tidos como aptos para desenvolvê-las
Competência Legislativa Concorrente 
A Constituição Federal prevê, além de competências privativas, um condomínio legislativo, de que resultarão normas gerais a serem editadas pela União e normas específicas, a serem editadas pelos Estados-membros. O art. 24 da Lei Maior enumera as matérias submetidas a essa competênciaconcorrente, incluindo uma boa variedade de matérias, como o direito tributário e financeiro, previdenciário e urbanístico, conservação da natureza e proteção do meio ambiente, educação, proteção e integração social da pessoa portadora de deficiência, proteção à infância e à juventude, do patrimônio histórico, artístico, turístico e paisagístico, assistência jurídica, defensoria pública etc. A divisão de tarefas está contemplada nos parágrafos do art. 24, de onde se extrai que cabe à União editar normas gerais -i. é, normas não exaustivas, leis-quadro, princípios amplos, que traçam um plano, sem descer a pormenores. Os Estados-membros e o Distrito Federal podem exercer, com relação às normas gerais, competência suplementar (art. 24, § 2°), o que significa preencher claros, suprir lacunas.
Na falta completa da lei com normas gerais, o Estado pode legislar amplamente, suprindo a inexistência do diploma federal. Se a União vier a editar a norma geral faltante, fica suspensa a eficácia da lei estadual, no que contrariar o alvitre federal, opera-se, então, um bloqueio de competência.
Competências dos Municípios
Aos Municípios reconhece-se o poder de auto-organização, o que significa reconhecer-lhes poder constituinte, expresso nas suas leis orgânicas, limitadas tanto por princípios da Constituição Federal como da Constituição estadual, nos termos do art. 29 da CF.
Uma parte das competências reservadas dos Municípios foi explicitamente enumerada pela CF, por exemplo, a de criar distritos (art. 29, IV) e a de instituir guardas municipais para a proteção de seus bens, serviços e instalações (art. 144, § 8°). A outra parcela dessas competências é implícita. As competências implícitas decorrem da cláusula do art. 30, I, da CF, que atribui aos Municípios "legislar sobre assuntos de interesse local", significando interesse predominantemente municipal.
Consideram-se de interesse local as atividades, e a respectiva regulação legislativa, pertinentes a transportes coletivos municipais, coleta de lixo, ordenação do solo urbano, fiscalização das condições de higiene de bares e restaurantes, entre outras.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Os poderes, ou as funções, de legislar e de resolver conflitos são exercidas diretamente por agentes do Poder, que apenas mediatamente estão vinculados às normas da administração pública, mas na maioria das vezes estão vinculados aos seus estatutos próprios, que vigem à margem da regra geral da administração pública e que regem as atividades de “poder” stricto sensu. 
Esta atividade administrativa, comum aos três poderes, é regida por um conjunto de normas que dão sustentação à administração pública e estruturam este sistema positivo infraconstitucional, aplicável ao âmbito de qualquer dos três poderes. É possível identificar na Constituição de 1891-a nossa primeira constituição republicana - as origens desta preocupação constitucionalista moderna, e também republicana, de organizar o aparelho do Estado.
A administração pública se configura na implementação, que significa estabelecer modelos politico-decisórios de políticas públicas. Porque as decisões acerca de políticas públicas necessitam de legitimação democrática, o novo direito administrativo se ocupa de estabelecer limites e garantir tal legitimação.
Os elevados custos e a complexidade das atividades do Estado têm levado muitos a perceber a necessidade de uma nova distribuição de tarefas entre o Estado e a sociedade, com repercussão sobre a organização (Estado de prestação) e a forma de atuação administrativa.
o texto constitucional brasileiro arrola princípios constitucionais da administração pública de forma explícita, positivando, desta maneira, os fundamentos da atividade administrativa e obedecendo à mesma técnica legislativa presente nas constituições portuguesa, de 1976 - art. 266 -, e espanhola, de 1978 - art. 103.
Além dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, elencados no art. 3 7 da Constituição Federal, a Lei n. 9. 784 / 99, que regulamenta o processo administrativo no âmbito da administração pública federal, dispõe que "A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência."
Princípios da Administração Pública
Princípio da Legalidade
"Nenhum Cidadão pode ser obrigado a fazer, ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude da Lei". Inspirada nos ideais iluministas a Declaração de Direitos de 1789 nos diz: ''A liberdade consiste em poder fazer tudo o que não prejudica ao outro. O exercício dos direitos naturais de cada homem não tem mais limites que os que asseguram a outros membros da sociedade o gozo desses mesmos direitos. Estes limites somente podem ser estabelecidos pela lei".
A Constituição de 1988, em seu art. 59., II, traz incólume, assim, o princípio liberal de que somente em virtude de lei podem-se exigir obrigações dos cidadãos. Ao incorporar essa noção de lei, a Constituição brasileira torna explícita a intrínseca relação entre legalidade e liberdade. A lei é o instrumento que garante a liberdade.
Traduzindo em outros termos, a Constituição diz que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa que não esteja previamente estabelecida na própria Constituição e nas normas jurídicas dela derivadas, cujo conteúdo seja inovador no ordenamento (Rechtsgesetze). O princípio da legalidade, dessa forma, converte-se em princípio da constitucionalidade (Canotilho), subordinando toda a atividade estatal e privada à força normativa da Constituição.
Nesse bloco de legalidade estão incluídas igualmente as emendas constitucionais (art. 60), as leis complementares, as leis delegadas (art. 68) e as medidas provisórias (art. 62), estas como atos equiparados à lei em sentido formal, também os tratados internacionais ratificados pelo Brasil constituem atos equiparados à lei. São os atos normativos igualmente dotados de força de lei (Gesetzeskraft), ou seja, do poder de inovar originariamente na ordem jurídica.
No Direito Administrativo, a tradição doutrinária permitiu dizer que, enquanto no âmbito privado é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que está autorizado pela lei, ideia que condensa, pelo menos em termos, o princípio da legalidade administrativa previsto no art. 37, caput, da Constituição.
Princípio da Reserva Legal
O princípio da legalidade contempla tanto a ideia de supremacia da lei (Vorrang des Gesetzes) quanto a de reserva legal (Vorbehalt des Gesetzes). A primeira, como analisado, diz respeito, essencialmente, à submissão geral aos parâmetros da ordem jurídico-constitucional, fixados por aquelas normas que, do ponto de vista material, podem criar, modificar ou extinguir direitos e obrigações, inovando na ordemj urídica. A reserva legal, por seu turno, constitui uma exigência de que algumas matérias devem ser necessariamente tratadas por meio de lei (reservadas à lei).
O princípio da reserva legal explicita as matérias que devem ser disciplinadas diretamente pela lei. Este princípio, na sua dimensão negativa, afirma a inadmissibilidade de utilização de qualquer outra fonte de direito diferente da lei. Na sua dimensão positiva, admite que apenas a lei pode estabelecer eventuais limitações ou restrições.
Princípio da Segurança Jurídica
A segurança jurídica é um dos princípios que deverão ser observados pela Administração Pública, nos termos do art. 2° da Lei n. 9.784, de 1999. Em seu art. 54, essa lei estabeleceu que "O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé”. Pela doutrina, é amplamente reconhecido que o princípio da segurança jurídica configura um subprincípio do Estado de Direito.
Dito princípio consagra que uma confiança despertada deum modo imputável deve ser mantida quando efetivamente se creu nela.
Princípio da Impessoalidade
Por princípio da impessoalidade entende-se o comando constitucional, no sentido de que à Administração não é permitido fazer diferenciações que não se justifiquem juridicamente, pois não é dado ao administrador o direito de utilizar-se de interesses e opiniões pessoais na construção das decisões oriundas do exercício de suas atribuições.
A impessoalidade manifesta-se como expressão de não protecionismo e de não perseguição, realizando, no âmbito da Administração Pública, o princípio da igualdade, previsto na Constituição Federal em seu art. 5°, caput.
Princípio da Moralidade 
O princípio da moralidade, tendo em vista sua amplitude, possui pouca densidade jurídica, dada a dificuldade teórica de se precisar seu conteúdo específico. Apesar da dificuldade de se dizer em que consiste o princípio da moralidade, deve-se procurar resgatar um conteúdo jurídico do princípio, reconhecendo que o Estado não deve obediência a qualquer moralidade, mas somente àquela compartilhada na comunidade política específica. Dessa forma, tendo em vista que a Administração Pública deve pautar-se pela obediência aos princípios constitucionais a ela dirigidos expressamente mas também aos demais princípios fundamentais, tem-se que, em sua atuação, deve ser capaz de distinguir o justo do injusto, o conveniente do inconveniente, o oportuno do inoportuno, além do legal do ilegal.
O reconhecimento da moralidade como princípio jurídico apenas significa a atribuição a determinado ato formalmente jurídico de uma dimensão ética. Em nome deste princípio jurídico, a correção de determinada forma jurídica pode ser questionada em razão de sua desconformidade com determinado critério de correção.
Princípio da Publicidade
O princípio da publicidade está ligado ao direito de informação dos cidadãos e ao dever de transparência do Estado, em conexão direta com o princípio democrático, e pode ser considerado, inicialmente, como apreensível em duas vertentes: (1) na perspectiva do direito à informação (e de acesso à informação), como garantia de participação e controle social dos cidadãos, bem como (2) na perspectiva da atuação da Administração Pública em sentido amplo.
Destacam-se, por exemplo, o direito de petição e de obtenção de certidões, de garantia do habeas data, de realização de audiências públicas e da regra de publicidade de todos os julgamentos do Poder Judiciário (art. 93, IX, CF/88), além da criação dos Portais de Transparência dos diversos entes estatais, nos diferentes níveis de governo, tem proporcionado a experimentação social da relação cidadão-Estado e o exercício do controle social dos gastos públicos em novas perspectivas. 
A despeito desse avanço positivo, não se olvida que o tratamento dos dados e informações públicos e a sua divulgação devem ter como meta a transmissão de uma informação de interesse público ao cidadão (individual ou coletivamente), desde que inexista vedação constitucional ou legal. Assim, veda-se a divulgação de informação inútil e sem relevância, que deturpe informações e dados públicos em favor de uma devassa, de uma curiosidade ou de uma exposição ilícitas de dados pessoais, para mero deleite de quem a acessa.
Vale lembrar, por fim, que é razoável diferenciar publicidade material de publicidade formal, na medida em que a formal publicação dos atos por meio de diário oficial não garante o pleno conhecimento e o pleno acesso à informação, impõe-se certa formalidade, que significa a aplicação da presunção de conhecimento decorrente da publicação em órgão oficial.
Princípio da Eficiência
A Emenda Constitucional n. 19 /98 introduziu na Constituição Federal de 1988 o princípio da eficiência, incorrendo em uma obviedade, mas merecendo aplausos de quem compreendia, ao tempo da inclusão, a necessidade de se reafirmarem os pressupostos de exercício dos poderes administrativos.
A atividade da Administração Pública deve ter em mira a obrigação de ser eficiente. Trata-se de um alerta, de uma advertência e de uma imposição do constituinte derivado, que busca um Estado avançado, cuja atuação prime pela correção e pela competência. 
Não apenas a perseguição e o cumprimento dos meios legais e aptos ao sucesso são apontados como necessários ao bom desempenho das funções administrativas mas também o resultado almejado.
Ao inserir o princípio da eficiência no texto constitucional, teve como grande preocupação o desempenho da Administração Pública. Por essa razão, sem descurar do interesse público, da atuação formal e legal do administrador, o constituinte derivado pretendeu enfatizar a busca pela obtenção de resultados melhores, visando ao atendimento não apenas da necessidade de controle dos processos pelos quais atua a Administração, mas também da elaboração de mecanismos de controle dos resultados obtidos.
Responsabilidade Civil do Estado
A ideia da responsabilidade civil do Estado deve ser apreendida como uma das expressões do próprio Estado de Direito, que, de acordo com uma de suas definições, é aquele no qual não se identificam soberanos, sendo, portanto, todos responsáveis. Tal qual o próprio conteúdo material do Estado de Direito passou por transformações históricas significativas, também a responsabilidade civil do Estado passou por diversas fases.
Na primeira delas, de concepção absolutista, portanto ainda anterior à própria ideia de Estado republicano e constitucional, não se podia responsabilizar o Estado por seus atos.
Na fase civilista, já começou a ser firmada a responsabilidade da Administração Pública por danos advindos de atos de gestão, desde que caracterizada a culpa ou o dolo do agente público. A Constituição Imperial brasileira de 1824, apesar de ressalvar que o Imperador não estava sujeito a responsabilidade alguma, tinha dispositivo, no inciso 29 do art. 179, que afirmava: "Os empregados públicos são estritamente responsáveis pelos abusos e omissões praticadas no exercício das suas funções e por não fazerem efetivamente responsáveis aos seus subalternos".
A fase de publicização da responsabilidade civil do Estado, desenvolvendo-se a chamada teoria objetiva do risco administrativo, segundo a qual a ideia de culpa administrativa é substituída pela de nexo de causalidade, perquirindo-se tão somente a relação entre a conduta do agente administrativo e o dano causado ao administrado.
Não se revela condizente com o Estado constitucional garantidor de direitos fundamentais impor à sociedade como um todo o ônus de arcar com vultosas indenizações decorrentes de danos causados pelo Estado, sem que isso seja objeto de uma investigação mais precisa e adequada às circunstâncias em que ocorreu o suposto fato danoso.
É preciso ressaltar a exigência de três requisitos para a configuração da responsabilidade objetiva do Estado: ação atribuível ao Estado, dano causado a terceiros e nexo de causalidade entre eles. Conclui-se que não bastará, para se configurar a responsabilidade do Poder Público, a simples relação entre a ausência do serviço (omissão estatal) e o dano sofrido.
Para se imputar ao Poder Público a responsabilidade objetiva (teoria do risco-proveito) não é necessário questionar se a atuação do Estado foi legítima ou ilegítima; relevante é verificar a perda da situação juridicamente protegida.
"Se da lei inconstitucional resulta algum dano aos particulares, caberá a responsabilidade do Estado, desde que a inconstitucionalidade tenha sido declarada pelo Poder judiciário." (RDA, 135/26.)

Outros materiais

Perguntas Recentes