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LIVRO PRINCIPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ROSS

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Ross • Westerfield • Jordan 
Princípios de 
Administração Financeira 
Segunda Edição 
Introdução à 
Administração 
Financeira 
INTRODUÇÃO À 
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 
Espera-se que, ao terminar a leitura do capítulo, você 
tenha adquirido boa noção sobre: 
e tipos básicos de decisões em administração llnanceira e o papel 
do administrador financeiro. 
objetivos do administrador financeiro. 
implicações financeiras das diferentes modalidades de 
organização de empresas. 
e conthtos de interesse que podem surgir entre administradores e 
proprietários de empresas. 
36 PARTE I VISÁ() <õl RAt. IJA AIJMtNISTRAÇÃO FINANCEIRA 
P
ara iniciar nosso estudo sob re administra­
ÇiiO financeira, analisamos dois assuntos 
fundamentais. Primeiro: o que são finanças 
corporativas ou <'mprcsariais, c qual é o papel do 
administrador financeiro? Segundo: qual é o obje­
tivo da adminimação financeira? 
1.1 Finanças: uma Visão 
Geral Resumida do 
Conceito 
Antes de ingressarmos no estudo das finan­
ças corporati vas, achamos que seria uma boa idéia 
dar uma breve visao geral do campo das finanças. 
Nosso objetivo ê alenar sobre quais são algumas 
das ;\r�as mais imJ>Ortantes cm finanças, bem como 
algumas das oportunidades de c;lrreira exisLentcs 
em cada uma delas. Gostaríamos também de ilus­
ll ar algumas maneiras pelas quais a �rea de finan­
ças interage com ounas �reas, tais como marketing, 
adminis1 ração c contabilidade. 
AS QUATRO ÁREAS BÁSICAS 
Tradicionalmcmc, os tópicos em finanç:•s são 
agrupados cm qumro áreas principais: 
1. Finanças Corporativas. 
2. lnvestimenros. 
3. Instituições Financeiras. 
4. Finonças Internacionais. 
Discutimos a seguir cada uma dessas áreas. 
Finanças corporativas 
A primc.ra dessas quatro áreas, finanças 
corporativas. é o rema principal deste lhTo. Inicia­
mos a abordagem desse rema em nossa próxima 
seçáo e, ponanto, esperaremos até lá para forne­
cer mais detalhes. Uma coisa que devemos salien· 
ta r é que, aparentemente, a expressão finanças 
corporari•·a., implica que o que será cobeno é rele­
vante apenas para corporações (sociedades anóni­
mas), mas na realidade quase rodos os tópicos que 
consideraremos sao muiro mais amplos que isso. 
Talvez finança., empre.,ariais seja um pouco mais 
de�crit ivo, mas mesmo esse termo é muito estrei­
to, pois pelo menos metade dos assuntos que dis­
cutiremos nas i>óginas seguintes constitui, na rea­
lidade, idéias básicas de finanças e princípios apli­
c<lvt!is em vtirias ou1rns áreas. além de finanças. 
Investimentos 
Falando de maneira geral, a área de investi­
mentos lida com ativos financeiros, tais como açôes 
e obrigações. Algumas das questões mais importan­
tes são: 
1. o que determina o preço de um ativo financei­
ro. como uma açâo ou uma obrigaçao? 
2 . Quais são os riscos e retornos potenci;�is asso· 
ciados ao investimento em um ativo financei· 
ro? 
3. Qual é a melhor composição que se deve ter de 
diferentes tipos de ati\ os financeiros? 
Os alunos que se especializarem na área de 
investimentos terão diversas OJ>Ortunidadcs de car­
reira. Operador de Bolsa é uma das mais genéricas. 
Operadores de Bolsa geralmente trabalham para 
grandes empresas, como Menill Lynch, aconselham 
os clientes sobre os tipos de investimentos que de· 
vem considerar e ajudam-nos a tomar decisões de 
compra e venda. Assessores financeiros descmpe· 
nham papel semelhante, mas não são nccessaria 
mente operadores. 
Administração de carteira é uma segunda 
carreira relacionada a investimenlos. Administra­
dores de carteira, conforme sugerido pelo nome, 
gerem o di nheiro de investidores. Por exemplo, 
investidores individuais freqüentcmente compram 
quotas de fundos mútuos. làis fundos nada mais 
são do que maneiras de agregar recursos monenl 
rios investidos pelo <�dministrador de carteira. Ad 
ministradores de carteira também investem e 
gerenciam recursos de fundos de pensão, de com· 
panhias de seguro e de muitos outros tipos de ins­
tituições. 
Análise de títulos é uma terceira área. Um 
analista de títulos pesquisa in\eslimemos indivi­
duais, como ações de UJik1 empresa específica, e de­
termina se o preço do título é justo. Para isso. pes· 
quisa atentamente os relatórios da empresa e do 
setor, assim como diversas outras fomes de infor­
mação. Geralmente, operadores e administradores 
de carteira baseiam-se nas infonnações e recomen­
dações dos analistas de títulos. 
Essas atividades relacionadas a investimen 
tos, assim como muitas outras áreas de finanças, 
têm uma caractetistica intere�santc cm comum. Se 
são bem executadas, podem ser bastame recom 
pensadoras financeir<�ment e (traduzindo: você 
J>Ode ganhar muito dinheiro). A noticia ntim, na 
turalmcnte, é que elas s�o muito cxigcnLes c com· 
J>elitivas e, ponanto, defini! ivamentc, não são para 
qualquer pessoa. 
Instituições financeiras 
Instituições financeiras são basicamente ne­
gócios que lidam primeiramente com assuntos fi­
nanceiros. Bancos e companhias de seguros ralvez 
sejam as mais conhecidas pelos alunos. Tais insti­
tuições empregam pessoas que desempenham 
grande \'ariedade de tarefas reladonadas a finan­
ças. Por exemplo, um gerente de banco responsá­
\'el por empréstimos avaliará se determinado negó­
cio tem uma posiçào financeira suficientemente 
sólida para garantir um aumento de emp réstimos. 
Em uma seguradora, um analista decidirá se deter· 
minado riS<:O é adequado para ser coberto e qual 
de\eria ser o prêmio. 
Finanças internacionais 
Finanças internacionais não são tanto uma 
área, mas uma especialização na qual uma das 
principais funções é descrita a seguir. F.m outras 
palavras, carreiras cm finanças internacionais 
geralmente envolvem aspectos internacionais tan­
to de finanças corporativas quanto de investimen­
tos, ou instituições financeiras; por exemplo, ad­
ministração de carteira e ar1�lise de rtrulos das 
companhias nilo ameticnnas. De maneira análoga, 
muitas emJ>resas americanas têm Ol>erações no ex­
terior e precisam de empregados familiarizados 
com questões imernacionais, como taxas de câm­
bio e risco político. Os bancos geralmente são soli­
citados para realizar empréstimos em outros paí 
ses, e especialistas internacionais são necessários 
para isso. 
POR QUE ESTUDAR FINANÇAS? 
Quem precisa conhecer finanças? Em uma só 
palavra: você. De fato. existem muitas razões 
�s quais ,·océ precisa ter conhecimento de fi­
nanças, mesmo que nao planeje seguir carreira 
nessa área. Exj>loramos a seguir algumas dessas 
razões. 
Marketing e finanças 
Se você estiver interessado em markering, 
precisará conhecer finanças, porque, por exemplo, 
profissionais de markeling constantemente traba­
lham com orçamentos, e precisam entender como 
obter o maior beneftcio das des1>esas e dO$ progra­
mas de marketing. Analisar custos e benefícios de 
diversos tipos de projetes é um dos 3$pectos mais 
importantes em finanç as, assim como as ferra­
mentas que você aprende em flnanç<1s são vitais 
INTRQlllJÇÂO À AllMJNISTRAÇÃO FINANCHIRA 37 
em pesquisas de mercado, projeto de mercado e 
de canais de distribuição, precificaçiio de produ 
tos, apenas para citar algumas poucas áreas. 
Os analistas financeiros apóiam-se bastante 
nos analistas de mercado, c geralmente os dois tra­
balham juntos para avaliar a lucratividade de pro­
jetas e produtos propostos. Como veremos em ca 
pítulo posterior, projeções de vendas sào dados 
essenciais para praticamente todos os tipos de aná­
lise de novos produtos, e tais projeções normalmen· 
te sào desenvolvidas conjuntamente por marketing 
e finanças. 
Além disso, a indústria financeira emprega 
profissionais de markering para auxiliar a venda de 
produtos financeiros, tais como contas bancárias, 
apólices de seguro e fundos múmos. O markeling 
de serviços
financeiros é um dos segmentos de 
marketing que vêm crescendo mais rapidamente, 
e profissionais de markering especializados em ser­
viços financeiros são muito bem recompensados. 
Para trabalhar em tal área, você, obviamente, pre­
cisa conhecer produtos financeiros. 
Contabilidade e finanças 
Para os contadores, finanças é uma leitur<l 
necessária. Em peque nas empresas em especial, 
os contadores geralmente são solicitados tanto a 
tomar decisões financeiras como cumprir as obri­
gações tradicionais da contabilidade. Cada vez 
mais, como a complexidade do mundo financei­
ro continua a crescer, os contadores precisam 
conhecer finanças, para entender as implicações 
de muitos dos novos tipos de contratos financei­
ros, c seu impacw sobre as demonstrações finan­
ceiras. Além disso, contabilidade de custos e finan­
ças empresariais estão intimamente relacionadas, 
dividindo muitos dos mesmos assuntos e preocu­
pações. 
Os analistas financeiros fazem uso intensivo 
das informações contábeis: estão entre seus usuá 
rios mais irnponantes. Conhecer finanças ajuda os 
contadores a reconhecer os tipos de informac;ões 
mais \"aliosas e, mais genericamente, como as in· 
formações contábeis serão realmente usadas (e ma­
nipuladas) n a prática. 
Administração e finanças 
Uma das áreas mais importantes da adminis 
rração é estratégia. Pensar sobre estratégia empre­
sarial sem pensar ao mesmo tempo sobre estnlté· 
gia financeira é receita exceleme Q!Jra o desastre. 
Conseqüentemente, _os estrategistas E!ecisam ter 
Clara compreensão das implicações financei r·as de 
seus planos estratégicos. 
38 PARTE I-VlSÃO CERA� DA AQMINISTRAÇÃO FINANCEJRA 
Em termos gerais, espera-se que todos os ri-
2.0S de administradores tenham grande entendi­
mento de como seus negócios afetam a lucra­
\ tividade e que sell!m c�azes d� aumentar a I u­I cratividade de suas áreas. Isso é precisamente o que o estudo de finanças lhe ensina: Quais são as ca­
racterísticas das arividades que criam valor? 
Você e finanças 
Talvez a razão mais importante para conhe­
cer finanças é a de que você terá que tomar deci­
sões financeiras que serão muito importantes em 
termos ill'SSOais. Hoje, por exemplo, quando você 
for trabalhar para praticamente qualquer tipo de 
empresa, será questionado sobre como prefere que 
seu fundo de pensão privado seja investido. Mos­
traremos cm capítulos posteriores que sua escolha 
poderá fazer enorme diferença em seu bem-estar 
futuro. Seu sonho é começar seu próprio negócio? 
Precisará contar com boa sorte, caso não tenha 
conhecimentos básicos de finanças: você acabará 
aprendendo pelo caminho mais árduo. Quer saber 
qual será o tamanho de seu crédito educativo an­
tes de assumir sua dívida? Talvez não, mas mostra­
remos como calculá-lo de qualquer maneira. 
Essas são apenas algumas maneiras pelas 
quais as finanças o afetarão pessoal e profissional­
mente. Queira ou não, você terá que examinar e 
entender assuntos financeiros, e precisará tomar 
decisões f'inanceiras. Queremos que aja com inte­
ligência; portanto, prossiga com a leitura. 
--:, O..."tf I'-"' CWf< '.Y:;.o'f 
Questões conceituais 
1.1 a Quais são as áreas principais em fi. 
nanças? 
l.l.b Além de querer ser aprovado nesse 
curso, por que você precisa entender 
de finanças? 
1.2 Finanças Empresariais e 
o Administrador 
Financeiro 
Agora, definiremos fmanças empresariais e o 
trabalho do administrador financeiro. 
QUE SÃO FINANÇAS 
CORPORATIVAS? 
Imagine que você estivesse para começar seu 
próprio negócio. Independentemente do ripo, de 
alguma forma teria que responder às três questões 
seguintes: 
1. Em quais investimentos a longo prazo você 
deveria aplicar? Ou seja, em que linhas de ne­
gócio você aruará e quais tipos de construções, 
maquinários e equipamentos serão necessá­
rios? 
2. Como você obterá o fi nanciamemo a longo 
prazo para pagar seus investimentos? Você tra­
rá outros acionistas ou pedirá dinheiro empres· 
tado? 
3. Como você administrará suas arividades finan­
ceiras cotidianas, como cobrança e pagamen­
to a fornecedores? 
Essas não são as únicas questões, mas estão 
entre as mais importantes. As finanças empresa­
riais, em tem10s gerais, consistem no estudo das 
respostas dessas crês questões. Discutiremos cada 
uma nos capítulos a seguir. 
O ADMINISTRADOR FINANCEIRO 
A função do administrador financeiro fre­
qüemememe está associada a um alto executivo da 
empresa, geralmente denominado direror financei­
ro ou vice·presidente de finanças. A Figura 1.1 é um 
organograma simplificado que destaca a atividade 
financeira em uma grande empresa. Conforme ilus· 
trado, o diretor financeiro coordena as atividades 
de tesouraria e controladoria. A controladoria lida 
com contabilidade de custos e financeira, pagamen­
to de impostos e sistemas de informações geren­
ciais. A tesouraria é responsável pela administra­
ção do caixa e dos créditos da empresa, pelo pla­
nejamento financeiro e pelas despesas de capital. 
Essas arividades de tesouraria estão todas relacio· 
nadas às três questões levantadas acima, e o capf· 
tu lo a seguir lida principalmente com esses assun· 
tos. Nosso estudo enfatiza principalmente as arivi­
dades em geral associadas com a tesouraria. Em 
pequenas empresas, a tesouraria e a controladoria 
podem ser desempenhadas pela mesma pessoa, e 
haverá apenas um departamento. 
I 
Di rl'lor ti•· 
M.nketing 
0il't11()1' 
F Í0.11K� ·i lO 1.. 
ões 
INTRODUÇÃO À AOMINISTR/IÇÃO FINANCEIRA 39 
Diretor de 
Produção 
Figura 1.1 
Organograma 
simplificado. Os 
títulos e a 
estrutura 
organizacional 
exatos variam de 
empresa para 
en1presa. 
C onrroller t 
C.l•rt•nte de 
Caix.l 
Gerente de 
Crédito 
Ct•rtmtt! de 
PI.Ult.'i�lmcnto 
fi'o<:.ll 
Gerente de 
Contabilidade 
de C ustos 
Ga;tos de 
Capital 
Plancjam<•nto 
FinancC'iro 
CNente de 
<.:olltd bil idade 
I in�lf"'C('Í r a 
Gerente de 
Processamenl 
de Dados 
DECISÕES DE ADMINISTRAÇÃO 
FINANCEIRA 
Conforme indicado por nossa discuSS<iO pre· 
cedente, o administrador financeiro deve preocu­
par-se com três tipos básicos de questões. A seguir, 
discutimos esses tipos em detalhes. 
Orçamento de capital 
A prime ira questão diz respeito aos Investi· 
mcntos a longo prazo da empresa. O processo de 
planejamemo e gerência dos investimentos a lon­
go prazo da empresa é denominado orçamento 
de capital. Nessa função, o administrador finan· 
ceiro procura identificar oponunidades de investi· 
mento que possuem valor superior a seu custo de 
aquisição. Em termos gerais, isso significa que o 
valor dos fluxos de caixa gerados pelo ath o excc· 
de o custo de tal ativo. 
Independentemente do investimento em 
consideração, o administrador financeiro precísa 
preocupar-se com o montante de fluxo de caixa 
que espera receber, quando irá recebê-lo e qual a 
probabilidade de recebê-lo. A avaliação da mag-
nitude, da distribuição no rempo e do risco dos 
fluxos de caixa futuros é a essência do orçamen­
to de capital. Na verdade, sempre que avaliamos 
decisões empresariais, a magnitude, a distribuição 
no tempo e o risco do fluxo de caixa serão, de lon­
ge, os fatores mais imponanres a serem considera­
dos. 
Orçamento de capital ) 
O processo de plancJar e !lCrtr investimentos 
a longo prazo da l'lllJliCS<l. 
Estrutura de capital 
A segunda questão para o administrador 
financeiro diz respeito a como a empresa obtém 
os financiamentos necessários para sustentar os in­
' estimemos a longo prazo. A estrutura de ca­
pital (ou estrutura financeira) refere-se a combi· 
nação específica enrre capiral de terceiros a lon­
go prazo e capital próprio que a empresa utiliza 
para financiar suas operações. O administrador 
financeiro possui duas preocupações nessa área. 
Primeiro, qual o montante
que a empres;� deve 
40 PARTE I VIS.�O GERAL DA ADMINlSTRAÇAO I INI\NCEIRA 
tomar emprestado? Segundo, qual a fonte mais ba· 
rata de fundos para a empresa? 
Adiciona lmente à combinaç<io de recursos, 
o administrador financeiro deve decidir exata­
mente como e onde levantará os recursos. As des· 
pesas associadas à obtenção de financiamentos a 
longo prazo podem ser consideráveis; portanto, 
devem ser analisadas diversas J>Ossibilidades. 
Além disso, as empresas tomam recursos empres­
tados de diversos tipos de fontes e das mais diver­
sas maneiras. A escolha entre fonles e 1 ipos de 
empréstimos é outra tarefa que cabe ao adminis· 
trador financeiro. 
Estrutura de capital 
Combmaçào entre capital de terreiro c 
caplt.ll proprio que a emprt.> a po UI 
' . 
Administração do capito.l I tro 
A terceira questão diz respeito à admi nisrra· 
ção do capital de giro. A expressão ca1mul de giro 
refere-se aos ativos a curto prazo da empresa, tais 
como estoques, e aos passivos a CUJlO prazo, tais 
como pagamentos devidos a fornecedores. A admi­
nistração do capital de giro da emp•·esa é uma aci­
vidade cotidiana que assegura que os recursos se­
jam suficientes para continuar a operação, visan­
do evitar interrupções dispendiosas. Isso envolve 
diversa s atividades relacionadas aos recebimentos 
e desembolsos da empresa. 
A seguir, colocamos algumas questões que 
precisam ser respondidas sobre capital de giro: (I) 
Quais devem ser os volumes disponíveis de caixa 
e estoque? (2) Devemos vender a crédito para nos­
sos clientes? (3) Como obteremos os recursos finan­
ceiros a cuno prazo que venham a ser necess.1rios? 
Se tomarmos emprestado a curto praz;o, como e 
onde devemos fazê-lo? Isso é só uma pequena 
amosm1 dos assuntos que surgem na adminis�raçiio 
do capital de giro de uma empresa. 
Capital d e giro 
A I\ os e pass1vos a cuno prazo d.1 emprc n. 
Conclusí\o 
As rrês áreas da adminisrraçào de finanças 
corporati\.asQliedescrevemos- orcam�nto de ca­
pital�esrrurura d e capital e administração do ca­
pital de giro são categorias amplas. Cada uma 
inclui grande variedade de tópicos, e indicamos 
apenas algumas questões que surgem nas diferen· 
res áreas. Os capftulos a seguir comerão mais de­
talhes. 
Ques õe c: L 
1.2a Qual é a decisão associada a orça­
mento de catlital? 
1.2b Como você denomina a combinação 
especi fica entre capital próprio e ca­
pital de tercci•os a longo prazo esco­
lhida pela empresa? 
1.2c Em qual c;Hegoria da administração 
financeira se enquadra a gestão de 
caixa? 
1.3 Modalidades de 
Organização de Empresas 
Nos Estados Unidos, as grandes empresas, 
como por exemplo IBM e Exxon, quase sempre são 
sociedades por açõcs. Examinaremos as três dife­
rentes modalidades legais de organização de em­
presas - firma individual, sociedade por quotas e 
sociedade por ações- para que se entenda por que 
isso acontece. 
FIRMA INDIVIDUAL 
Firma individu •I é a empresa que perten· 
ce a uma única pessoa. É a maneira mais simples 
de se começar uma empresa> e é a menos re8\lla: 
menrada das modalidades de empr�sas. Por essa ra­
zão, há mais firmas individuais d�e qualquer 
out ra modalidade de empresa, e muiros negó­
cios que posteriormente se transformam em gran­
des sociedades por �ões começam como firmas in­
dividuais. 
O proprietário de firma individual tem direi· 
to a todo o lucro da empresa. Essa é a notícia boa. 
A notícia ruim é que o proj>rietário tem re.1ponsa· 
bilidude ilimitada pelas d fvid�s da empresa. Isso 
significa que os credores podem recorrer aos bens 
pessoais do proprietário 1>ara pagamento de seus 
direitos. De maneira análoga, não há disti nção 
entre rendimentos da pessoa ffsica e da pessoa ju­
rídica e, portanto, todo o lucro da empresa é tribu­
tado como rendimento de pessoa física. 
A vida da firma individual é limitada à vida 
do proprietário e, o que é mais importante, o mon­
tante do patrimônio Hquido que pode ser obtido 
está limitado à riqueza pessoal do propri e· 
tário. Essa limitação geralmente significa que a 
empresa é incapaz de explorar novas oportunida· 
des em vista da insuficiência de capital. É difícil 
rransferir a propriedade de uma firma individual, 
pois isso implica a venda de toda a empresa a novo 
dono. 
Firma individual 
l·mpr esa com um único dono. 
SOCIEDADE POR QUOTAS 
Uma sociedade por quotas é semelhan­
te a uma firma individual, exceto pelo fato de que 
existem dois ou mais donos (sócios). Numa sacie· 
dade geral, todos os sócios dividem lucros e pre­
juízos e possuem responsabilidade ilimitada por 
todas as dividas da empresa, não apenas por uma 
proporção delas. A maneira pela qual lucros (e 
prejuízos) sào divididos é descrita no corrrroro da 
sociedade. Esse contrato pode ser um acordo 'er· 
bal informal, como e m "vamos monrar um negócio 
p.1ra conar grama?" ou um longo c;l�rmento for-
mal, por escrito. ""L\&-
Numa sociedade limirad_(!,_ u m ou mais s6· 
cios gerais serão responsáveis PeJã&esrão da em­
presa e terão responsabilidade ilimitada, mas ha· 
verá um ou mais sócios limitados que não terão par­
ticipaçllo ativa no negócio. A responsabilidade de 
um sócio limitado por dívidas da empre�a é restri· 
ta ao montante com que tenha contribuído para o 
capital da sociedade. Essa forma de organização é 
comum em empreendimentos imobiliários, por 
exemplo. 
As vamagens e desvantagens da sociedade 
por quotas são basicamente as mesmas de uma 
firma individual. As sociedades com base e m con· 
tratos relativamente informais podem ser consti· 
ruídas facilmente e a baixo custo. Sócios gerais 
possuem responsabilidade ilimitada nas dívidas 
da empresa, e a sociedade acaba quando um só­
cio geral mostra o desejo de vender ou morre. 
Todo o lucro é tributado como rendimento da 
pessoa flsica dos sócios, e o montante do patri­
mónio Hquido que pode ser obtido é limi1ado à ri· 
queza agregada dos sócios. A participação de um 
sócio gera I não pode ser transferida com faci I ida· de�is é necessário� se forme uma nova so· 
ciedade. A participação de um sócio com respon· 
sabilidade limitada pode ser vendida sem que a SO· 
ciedade seja desfeita, mas enconrrar um compra· 
dor pode ser diffcil. 
Como um sócio de uma sociedade &eralpode 
ser responsável por todas as dívidas da empresa, a 
existência de um conrrato por escrito é muito im· 
portante. Se os direitos e as obrigações dos sócios 
não forem explicitados, freqüentemente ocorrerão 
desentendimentos futuros. Além disso, se você for 
um sócio com responsabilidade limitada, não se 
INTRODUÇÃO À ADMINISffiAÇÃO FI NANCEIRJI 41 
envolverá muito com as decisões da empresa, a 
menos que pretenda assumir as obrigações de um 
sócio geral. O motivo é que, se as coisas forem mal, 
você poderá ser tratado como um sócio geral, mes­
mo que diga que é um sócio com responsabilidade 
limitada. 
Sociedade por quotas 
Uma empresa formada por dois ou mais 
indivíduos ou entidades. 
Com base em nossa discuss�o. as principais 
desvantagens da firma individual e da socieda­
de de quotas como modalidades de organização 
de empresas são: (1) responsabilidade ilimi1ada 
dos proprietários emrefação às dívidas da et�e­
sa, (2) vida limitada da empresa e (3) dificulda· 
de de transferência de proP!!..edade. Essas três 
áeSvantagens resumem-se a um único problema 
crucial: a capacidade de crescimento de tais em­
_presas pode ficar seriamente prejudicada pela 
impossibilidade de levantar recursos para investi· 
mento. 
SOCIEDADE POR AÇÕES 
A sociedade por ações é a modalidade 
mais importante (em termos de tamanho) de orga­
nização de empresas nos Estados Unidos. A socie­
dade por ações consiste cm uma entidade lega I 
separada e distinta de seus proprietários e J>2SSui 
muitos dos direitos, obrigações e privilégios de uma 
pessoa de verdade. Sociedades por
ações podem 
tomar dinheiro emprestado e possuir imó,·eis, po­
dem processar e ser processadas, e podem firmar 
contratos. A sociedade por ações pode até mesmo 
ser um sócio geral ou um sócio com responsabili· 
dade limitada em outra sociedade, pode possuir 
ações de outras sociedades por ações. 
Nào é surpreendente o fato de que começar 
uma sociedade por ações é muito mais complica­
do do que começar outras modalidades de orga­
nização de empresas. A formação de uma socie· 
dadc por ações envolve a preparação de um do­
cumento de incorporação e um estatuto. O doeu· 
mento de incorporação precisa conter diversos 
itens, entre eles o nome da sociedade, sua dura· 
ção (que pode ser indeterminada), sua fmalida­
de e o número de ações que podem ser emitidas. 
Geralmente, essas informações precisam ser forne­
cidas ao Estado no qual a empresa será incorpo­
rada. Para a maior pane dos objetivos legais, a so­
ciedade por ações é "residente" desse l;stado. 
O estatuto consiste em regras que descrevem 
como a empresa norteia sua existência. Por exem­
plo, o estatuto descreve como a diretoria será elei· 
42 I'ARTE I -VISÃO GERAL DA AO�UNISTRAÇAO riNANCFIRA 
ta. O estatuto pode ser emendado ou ampliado de 
tempos em tempos pelos acionlstas 
Em grandes sociedades por ações, os acionis· 
tas e os administradores geralmente são grupos 
distintos. Os acionlstas elegem o con<elho de ad­
ministração que, por sua vez, seleciona os adminis· 
rradores. A administração é responsável pela con­
duta das atividades da empresa de acordo com o 
imcrcsse dos acionistas. Em princípio, os acionis­
tas controlam a empresa, pois são eles que elegem 
o conselho de administração. 
Como conseqüência da separ�çJo entre pro- r priedade e admi nistração, a sociedade por ações é uma modalidade que traz diversas vanragens. A 
propriedade (representada pelas ações da compa­
nhia) pode ser prontamente transferida, e a vida da 
empresa, portanto, é ilimitada. A sociedade por 
ações toma dinheiro emprestado em seu próprio 
nome. Conseqüentemente, os acionistas da empre-
sa tem responsabilidade limitada pelas dfv1das da 
emp1 esa. O máximo que podem perder está limi­
tado a seu investimento. 
A facilidade relativa de transferência da J>ro­
pliedade, a responsabilidade limitada pelas dívidas 
da empresa e a vida ilimitada da empresa silo as 
razões pelas quais a modalidade de sociedade por 
t1çõcs é uma alternativa superi or às demais no que 
se refere a levantar capital. Se a empresa necessi­
tar aumentar o capital próprio, poderá vender no­
vas ações, atraindo novos investidores. O número 
de donos pode ser enorme; as maiores sociedades 
por ações possuem milhares e até mesmo milhões 
de adonistas. �r exemplo, a JIJ'& T po.o;.sui por volta 
de rres milhões de aóonistas e a General Motors, por 
volta de dois milhões. 
Essa modalidade possui uma desvantagem 
significativa. Como a sociedade por ações é urna 
entidade legal, precisa recolher impostos. Além 
disso, o dinheiro pago aos acionistas sob a forma 
de dividendos é tributado novamente como rendi­
mento desses acionistas. Isso é dupla tributação, 
significando que os lucros da empresa são tributa­
dos duplamente: n a pessoa jurídica, ao ser gerado 
lucro, e na pessoa física, quando esse lucro é dis­
tribuído. 
-
Sociedade tJOr ações 
Empresa criada como uma 111 dade legal dJStin 
ta, possuída por um ou m.11s hui" oduos. ou 
enu<! de 
UMA SOCIEDADE POR AÇÕES COM 
OUTRO NOME ... 
A sociedade por ações rem muitas variações 
em rodo o mundo. As leis e os regulamentos parti­
culares são naturalmente difercnrcs, mas as carac­
terísticas essenciais de propriedade difusa e respon­
sabilidade limitada petmaneccm as mesmas. Geral­
mente, essas empresas são de nominadas compa­
nhias decapitai co/etivo, companhias abertas deres­
ponsabilidade limitada, ou companhias de responsa­
bilidade limitada. 
A Tabela 1.1 apresenta o nome de algumas 
sociedades por ações conhecidas, seus países de 
origem e uma tradução da abreviarura que se se­
gue ao nome da empresa. 
Tabela 1 . 1 Emprew Pa11 dr-origem Tipo ... Of11Jlfftol Trllliu{.IO 1---" Sociedades 
por ações 
internacionais. 
Porschc> AG 
Buy�riM"h<.• MOtolt'11 
Werke (8MWI AC, 
Oo•nil.'f GmBH 
Roll> Ro�tc f'l( 
Shell UK Lld. 
Uml.,.,cr NV 
f1,11 c;f>A 
Volvo All 
Peugt'Ot SA 
Alenl<lnh<l 
Alt>1nanha 
Al<.'m<lnha 
Rl'H'IO Unido 
Remo Unido 
Holdnda 
ll.lh.l 
Suéoa 
frJnça 
A kt ieng.,..ll se h a fi SO<'í('(t,1de por •�ões 
Akli�nsesel bd ,.,r, So< ic<I.1Cie por �ções 
Gesellschafl mil Coopc:r,aliv,, com 
Beschraenkter u• ... pon\.lbilid.lde limatada 
Haftung 
Pubhc Limited Comp.1nhi,1 .1h.·rta de 
Comp;my rt.--.pon\.clbtl•d�1<1e limaMda 
limited Socí•��llk• por .tçõe> 
Naamloze Socot'(bd� ck' 
VennOOlsch.lfJ rt. ... pon ... lhilidJde limitada 
Società pe.- A710n i COilii>Jilho,J aberta de 
ll''f'On',1bilidade l1mnada 
Aktiebolag ( ompo111ho,1 de capital 
C"0f('11V0 
Socoélé Anonyme (ompJnhli-l dr cr�pil<ll 
<.o k•hvo 
l. 
t ( ·-:>nce"tuél'"s 
Quais são as três modalidades de or· 
ganização da empresa? 
1. Quais são as principais vantagens e 
desvantagens da firma individual c 
da sociedade por quotas? 
1. Quais são as diferenças entre uma so 
ciedade geral e uma sociedade li mi· 
ta da? 
t.3d Por que a sociedade por ações é uma 
alternativa superior quando se trata 
de levantar recursos? 
1.4 Os Objetivos da 
Administração 
Financeira 
P:ua estudarmos a tomada de decisões finan­
ceir�s, inicialmente precisamos entender o objc li­
vo da administração financeira. 'Jàl compreensão é 
importante porque gera uma base concreta para 
tomar e avaliar decisões financeiras. 
MAXIMIZAÇÃO DE LUCROS 
Maximização de lucros talvez seja o objetivo 
empresarial mais freqüememente citado, mas não 
é um objetivo muito preciso. Estamos fal;mdo do 
ano cm curso? Se for isso, atintdes como postergar 
manutenção, a não-reposição de estoques c outras 
medidas de corte de custos a curto prazo tenderão 
a aurnemar o lucro agora, mas essas atitudes não 
são necessariamente desejáveis. 
O objetivo de maximi1..ar os lucros pode refe­
rir-se a algum tipo de lucro a longo prazo ou mé· 
dio, mas não é claro o sentido exato disso. F.m pri· 
meiro lugar, queremos dizer lucro liquido con 
tábil ou lucro por ação? Como veremos, esses nú­
meros pouco têm a ver com o que é bom ou mau 
para a empresa. Em segundo lugar, o que queremos 
dizer com longo prazo? Como disse um famoso 
economista, a longo prazo todos estaremos mortos! 
I ndo direto ao assumo, esse objetivo não nos diz 
qual é o equilíbrio adequado entre lucros corren­
tes e lucros fut\liOS. 
tNTRODUÇAO À AI)MINIS'fi\AÇÀO HNANCEII\A 43 
O OBJETIVO DA ADMINISTRAÇÃO 
FINANCEIRA NUMA SOCIEDADE 
POR AÇÕES 
O adminisuador financeiro de uma socieda­
de por ações toma decisões e m nome dos adonis­
tas da empresa. Em vista disso, em vez de enume­
rarmos os possíveis objetivos para o administrador 
financeiro, devemos, na realidade, responder a 
uma questão mais fundamental: do pomo de vista 
do acionista, o que é uma boa decisão de adminis· 
tração financeira? 
Se supusermos que acionis1as compram ações 
porque buscam ganhos financeiros, a resposta é 
óbvia: boas decisões aumentam o valor da ação e 
decisões ruins o diminuem. 
Com base em nossas observações, segue que 
os administradore s financetros agem de acordo 
com os melhores interesses dos acionistas ao toma­
rem decisões que aumentam o valor da açào. O 
objetivo apropriado para o administrador financei­
ro em uma empresa pode, portanto, ser facilmen­
te enunciado: 
O objetivo da administraçuo financdra é ma­
ximizar o valor corrcncc dt• mdu uçào e:ris· 
tente. 
O objetivo de maximizar o valor da ação evi­
ta problemas associados com os diferentes objeti· 
vos discutidos anteriormente.
Não existe ambigui­
dade no critério, e não há questões sobre curto ou 
longo prazos. Fomos explícitos ao dizer que nosso 
objetivo é maximizar o valor acual da açào. Na· 
ntralmente, maximizar o valor da ação é a mesma 
coisa que maximizar o preço de mercado da ação. 
UM OBJETIVO MAIS GERAL DA 
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 
Com base em nosso objctivo estabelecido 
anteriormente (maximizar o valor da ação), surge 
uma questão óbvia: qual é o objetivo adequado 
quando a empresa não tem açõcs negociadas? So· 
ciedades por ações certamente não sào a única 
modalidade de empresa, e ações de diversas com­
panhias raramente mudam de mãos e, portamo, é 
diffcil avaliar o valor da empresa em um momento 
qualquer. 
Desde que estejamos lidando com empresas 
com fins lucrativos, basta fazer uma pequena mo­
dificação. O valor total das açõcs de uma socieda­
de por ações é simplesmente igual ao valor do ca­
pital dos proprietários. Portanto, umn versão mais 
geral de nosso objetivo é: 
44 PARTE I- VISAO CRRAL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCPJRA 
Maximizar o valor d,· "" rcado do capilal dos 
propricJurlo., exi.\tenteo;. 
Com esse objerivo em mente, n;lo impona se 
a empresa é uma firma individual, sociedade por 
quotas ou sociedade por ações. Para cada uma, as 
boas decisões financeiras aumentarão o valor de 
mercado do capital próprio dos donos, e as decisões 
ruins o diminu1rao. 
Finalmente, nosso objetivo não significa que 
o administrador financeiro deva agir de maneira 
ilegal ou aética na esperança de aumentar o va­
lor do capital próprio da empresa. O que quere­
mos dizer é que os administradores financeiros 
ser. em melhor aos donos da empresa identifican· 
do produtos e serviços que agregam valor à empre­
sa, porque eles são desejados e valorizados no 
mercado. 
Quest(: :or c •ltuais 
1.41t Qual é o Ob)etívo da admlnistraçao fi­
nanceira? 
1.4b Quais são ;llgumas das I imitações do 
objetivo de m<Lximlzar o lucro? 
1.5 O Problema de Ageney e 
o Controle da Sociedade 
por Ações 
Vimos que o administrador fmanceiro numa 
sociedade por ações age de acordo com o interes­
se dos acionistas, tornando decisões que aumentam 
o valor da ação da empresa. No entanto, vimos 
rambém que em grandes sociedades por ações a 
propriedade pode estar repartida por grande nú­
mero de acionistas. F.ssa dispei'Siio da proprieda­
de significa na prática que os administradores, 
na maioria das vezes, controlarão a empresa. 
Nesse caso, será que os administradores necessa­
riamente agirão de acordo com o melhor interesse 
dos adonisras' Em outras pala,Tas, será que os ad­
ministradores podem atender a seus próprios ob­
jerivos prejudi cando os acionistas? Consideremos 
resumidamente alguns dos argumentos a esse res· 
peito. 
RELAÇÕESDE AGENCY 
A relação entre acionistas e administrado­
res é denominada r·elaçllo de agency. Tal relação 
existe toda vez que alguém (principal) contrata 
outra pessoa (agente) para cuidar de seus interes­
ses. Por exemplo, você poderia com ratar alguém 
(um agente) para vender seu carro enquanto esti­
vesse fora do pais, esrudando. Nessa relação, exis 
te sempre a possibilidade de conniro de interesse 
enrre o principal e o agente. Tal conflito é denomi­
nado problema de agency. 
Suponha que' ocê contrate alguém para ' en 
der seu carro e concorde em pagar-lhe uma comis­
são fixa quando o carro for vendido. O incentivo do 
agenre, nesse caso, é realizar a \enda, e nao neces· 
sariamente conseguir o melhor preço. Se você pa­
gar urna comissão, digamos, por exemplo. de I 0% 
do valor da venda, em vez de uma comiSS<io fixa, 
talvez esse problema não exista. Esse exemplo ilus 
rra que a maneira pela qual o agente é remunera­
do é um dos fatores que mais afetam o problema 
deagency. 
Problema de agency 
A possibilidade de haver conflitO de interesse 
entre os proprietários e os administradort·s da 
empresa. 
OBJETIVOS DOS 
ADMINISTRADORES 
Para ilustrar como os interesses de adminis­
tradores e acionistas podem ser diferentes, imagi. 
ne que uma sociedade por ações esteja consideran­
do um novo investimento. Espera-se que o novo 
investimento afere favoravelmente o preço da ação, 
mas, por outro lado, esse também é um imestimen· 
to relativamente arriscado. Os donos da empresa 
gostariam de realizar o investimento (pois o preço 
da ação irá aumentar), mas os administradores 
talvez não queiram, pois existe possibilid.1de de que 
as coisas saiam errado e, nesse caso, haverá demis· 
sões. Se os administradores não realizarem o inves­
timento, os acionistas poderão ter desperdiçado 
urna oporrunidade valiosa. Isso é um exemplo de 
custo de agency. 
Argumenta-se que, se deixados por sua con· 
ta, os administradores renderiam a maximizar os 
recursos sobre os quais têm conrrole, ou, em ter­
mos mais amplos, renderiam a maximizar seu po· 
der ou riqueza na empresa. Esse objetivo poderia 
levar a enfatizar excessivamente o tamanho ou 
crescimento da empresa. Por exemplo, não são ra 
ros os casos em que administradores são acusados 
de pagar preços excessivos para adquirir outra 
empresa apenas para aumentar o wmanho do ne· 
gócio que di•igem, ou demonsrr11r poder empresa· 
rial. Obviamente, se o preço pago foi excessivo, a 
aquisição não beneficiou os proprietários da empre­
sa compradora. 
Nossa discussão indica que os administrado­
res tendem a enfatizar em excesso a sobrevivência 
da organização para preservarem seu emprego. 
Além disso, os administradores podem não gostar 
de interferências externas e, portanto, independên­
cia e auto-suficiência podem ser objetivos impor­
tantes. 
OS ADMINISTRADORES ATUAM DE 
ACORDO COM O INTERESSE DOS 
ACIONISTAS? 
A atuação efetiva dos administradores de 
acordo com o interesse dos acionistas depende de 
dois fatores. Primeiro: até que pomo os objetivos 
dos administradores esrão alinhados com os obje­
tivos dos acionistas? Essa questão está relacionada 
à maneira pela qual os administradores são remu­
nerados. Segundo: os administradores podem ser 
substimídos se não atendem aos objetivos dos 
acionistas? Essa questão refere-se ao controle da 
empresa. Conforme discutiremos, existem várias 
razões para se pensar que, mesmo nas maiores em­
presas, haja grandes incentivos para que os admi­
nistradores atuem de acordo com o interesse dos 
acionisras. 
Remuneração dos administtadores 
Geralmente, os adrrúnistradores terão incen­
tivos financeiros significativos para aumentar o 
valor da ação por duas razões. Em primeiro lugar, 
a remuneração dos administradores, particular­
mente daqueles de escalões mais altos, geralmen­
te está ligada ao desempenho financeiro geral e, em 
muitas vezes, ao próprio valor da ação. Por exem­
plo, freqüentemente os administradores recebem 
opções para comprar ações da empresa a preço 
fiXo. Quanto maior for o valor da ação, maior será 
o valor da opção. O segundo incentivo relaciona­
se às perspectivas de emprego dos adnúnistradores. 
Os que tiverem melhor desempenho tenderão a ser 
promovidos. Em termos gerais, existe maior de­
manda no mercado de trabalho por administrado­
res bem-sucedidos no atendimento dos objetivos 
dos acionistas, os quais, portanto, conseguirão sa­
lários mais altos. 
Na realidade, os administradores que forem 
bem-sucedidos em atender aos objetivos dos acio­
nisras podem receber recompensas enormes. Por 
exemplo, os mais bem pagos executivos america­
nos, em 1996, talvez tenham sido Millard Drexler, 
da Gap (por causa de todas (lquelas roupas que 
INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO ANANCEIRA 45 
você comprou), e Lawrence M. Coss, da Green 
Tree Financial. Os dois levaram para casa uma 
remuneração total anual da ordem de $ 100 mi­
lhões (mais ou menos o mesmo que Oprah 
Winfrey!). Apenas o bônus de Coss, em 1996, foi 
$ 102 rrúlhões, e sua remuneração total pelo pe­
ríodo de cinco anos encerrado
em 1996 foi supe­
rior a $ 200 núlhões. Isso pode parecer demasia­
do, mas os acionistas da Green Tree tiveram um 
retorno anual por volta de 50% ao ano nesse pe­
ríodo, uma proeza que foi em grande parte credi­
tada a Coss. Os campeões de remuneração nesse 
período de cinco anos aparentemente foram 
Stephen C. Hilbert, da seguradora Conseco, e 
Sanford I. Weill, da potência fmanceira Travelers 
Group. Os dois receberam por volta de $ 275 mi­
lhões no período. 
Conttole da empresa 
O controle da empresa pe1tence, em última 
instância, aos acionistas. Eles elegem o conselho de 
adrrúnistração que, por sua vez, contrata e derrúte 
administradores. O mecanismo pelo qual os acio­
nistas insatisfeitos podem agir para substituir os 
adrrúnistradores é denominado disputa de procura­
ções. Procuração é um instrumento que dá direito 
de voto a terceira pessoa. A disputa de procurações 
ocorre toda vez que um grupo solicita procurações 
para substituir o conselho existente e, desta manei­
ra, substituir a administração. 
Outra maneira pela qual a administração 
pode ser substituída é por meio de um takeover. As 
companhias mal geridas são alvos mais atrativos 
para aquisições do que aquelas bem gerenciadas, 
pois existe um potencial de aumento da lucra­
tividade. Dessa maneira, o desejo de evitar um 
cakeover consiste em outro incentivo para agir de 
acordo com o interesse dos acionistas. 
Conclusão 
A teoria e as evidências existentes são com­
patíveis com o ponto de vista de que os adonis­
tas controlam suas empresas e de que a maximi­
zação da riqueza dos acionistas é o objetivo mais 
relevante para a empresa. Mesmo assim, sem 
dúvida, existirão momentos em que os adminis­
tradores atenderão a seus próprios objetivos, pre­
judicando os acionistas, pelo menos temporaria­
mente. 
Problemas de agency não são exclusivos de 
sociedades por ações. Estão presentes toda vez que 
a propriedade e a administração são separadas. 
Essa separação é mais evidente em sociedades por 
ações, mas certamente existe em firmas indivi­
duais e sociedade por quotas. 
46 PARTE I -VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 
Incentivos de Mercado para o Comportamento Ético, 
segundo Clifford W Smith Jr. 
Ética é um tópico que vem 
ganhando interesse cres· 
cente na comunidade em· 
presaria!. Grande parte dessa discus· 
são tem sido liderada por filósofos e 
tem-se concentrado em princípios 
morais. Em vez de rever essas ques­
tões, gostaria de discutir um conjun­
to complementar (mas geralmente 
ignorado) de questões, do ponto de 
vista económico. O mercado impõe 
custos potencialmente elevados a in­
dividuas e institui�ões que possuem 
comportamento antiético. Essas for· 
ças de mercado, portanto, fornecem 
incentivos importantes ao comporta­
mento ético na comunidade empresa­
rial. 
Economia é sobretudo o estudo 
de fazer escolhas. Gostaria, portanto, 
de examinar o comportamento ético 
simplesmente como uma das esco· 
lhas disponíveis ao indivíduo. As 
análises econômicas sugerem que, ao 
considerar uma alternativa, você 
identifica seus custos e benefícios. Se 
os benefícios estimados excederem os 
custos estimados, você adotará <l ai· 
temativa; caso contrário, não a ado­
tará. Para nos concentrarmos nessa 
discussão, consideremos a seguinte 
situa �-ão específica: suponhamos que 
você tenha sido contratado para en­
tregar um produto de determinada 
qualidade. Você trapacearia reduzin· 
do a qualidade para abaixar os cus­
tos, em uma tentativa de aumentar o 
lucro? 
A economia implica que, 
quanto maior o custo de trapacear, 
maior a probabilidade de as atiwdes 
éticas serem escolhidas. Esse prind· 
pio banal possui diversas implica­
ções. 
Em primeiro lugar, quanto 
maior a probabilidade de ser apa­
nhado, menor a probabilidade de 
um individuo trapacear. Essa impli· 
cação nos ajuda a entender diversos 
esquemas institucionais para fisca· 
lizar o mercado. Por exemplo, uma 
empresa concorda em ter suas de· 
monstrações contábeis auditadas 
por firmas de auditoria externa. 
Essa fiscalização profissional perió­
dka aumenta a possibilidade de se 
detectarem problemas, reduzindo, 
portanto, qualquer incentivo a fraudar 
as condições financeiras reais da em­
presa. 
Em segundo lugar, quanto maio­
res as sanções impostas, menor a 
probabilidade de os indivfduos trapa· 
cearem. Uma transação comercial 
que se espera repetir entre as mesmas 
partes possui probabilidade menor de 
trapaça, pois a perda de lucros pro· 
venientes do fluxo de vendas futuras 
fornece poderoso incentivo para obe· 
decer às regras do contrato. No en­
tanto, se a existência futura da em­
presa for mais incerta, os custos es­
perados de vendas futuras também o 
serão. Portamo, empresas em dificul· 
dades estão mais sujeitas a trapacear 
do que empresas com boa saúde fi. 
nanceira. As empresas, portamo, 
têm incentivos a adorar políticas fi. 
nanceiras que auxiliem a garantir, 
com credibilidade, que não trapacea· 
râo. Por exemplo, se for difícil ava­
liar a qualidade do produto antes da 
compra, os clientes duvidarão das 
alega�ões da empresa sobre a quali· 
GRUPOS DE INTERESSE 
(STAKEHOLDERS) 
Até agora nossa discussão dá a entender que 
administradores e acionisras são as únicas partes 
que têm interesse nas decisões da empresa. Isso é 
naturalmente uma simplificação. Empregados, 
clientes, fornecedores e até governo possuem inte· 
resse financeiro na empresa. 
Grupos de interesse (stakeholders) 
Alguém que não seja nem acionista nem credor, 
mas que também possui direitos potenciais sobre 
os fluxos de caixa da empresa. 
Esses vários grupos, em conjunto, são deno· 
minados grupos de interesse associados à em­
presa, ou stakeholders. Em geral, grupo de inte· 
resse é alguém que não é nem acionista nem cre­
dor, mas tem direito potencial sobre os fluxos de 
caixa da empresa. Esses grupos também tentarão 
exercer controle sobre a empresa, muitas vezes em 
detrimento dos acionistas. 
Questões conceituais 
l.Sa Que é relação de agency'! 
1.5 b Que são problemas de agency e como 
podem surgir? O que são custos de 
agency? 
L Se O que incentiva os administradores 
de grandes sociedades por ação a 
maximizar o valor das ações? 
dade do produto. Se a qualidade for 
mais incerta, os clientes só estarão dis­
postos a pagar preços menores. Tais 
empresas, f)Ortanto, possuiriam fortes 
incentivos para adotar politicas finan­
ceiras que implicassem menor proba­
bilidade de insolvência. Assim sendo, 
tais empresas deveriam possuir níveis 
de endh1damento mais baixos, fariam 
menor número de contratos de arren­
damento c recorreriam mais a opera­
ções de ltedging. 
Em lerceiro lugar, os custos es­
perados serão maiores se as informa­
ções sobre trapaças puderem ser rá­
pida e amplamente disseminadas a 
potenciais clientes futuros. Port..nto, 
serviços de informação, como relató­
rios de consumidores, que monitoram 
e divulgam suas análises de qualida­
de do produto, auxiliam a limitar 
componamenms anriéticos. Por redu­
zirem os custos do moniroramento da 
qualidade por clientes potenciais, 
esses serviços aumentam os custos es­
perados de comportamentos antié· 
ticos. 
Por fim, os custos impostos a 
uma empresa que seja apanhada tra­
paceando dependem da avaliação 
desse comportamento pelo mercado. 
Algumas atitudes são vistas como 
INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO PINANCEIRA 4 7 
claras transgressões por alguns, mas 
poderiam ser consideradas como 
compomunentos justifidveis por ou­
tros. Os padrões éticos podem va­
Iiar muito de mercado para mercado. 
Por exemplo, um pagamento que, se 
divulgado nos Estados Unidos, pode­
ria ser encarado como suborno, po­
deria ser considerado como uma prá­
tica usual de negociação em outro 
país. Os custos impostos serão tanto 
mais elevados quanto maior for o 
consenso
de que o comportamento 
não é ético. 
O estabelecimenLo e a manu­
tenção de um compo1tamento ético 
é um ativo institucional valioso na 
comunidade empresarial. Essa análi­
se sugere que a empresa que se preo­
cupa com a conduta ética de seus em­
pregados deve prestar bastante aten­
ção aos conniros potenciais entre ad­
ministração da empresa, emprega­
dos, clientes, credores e acionistas. 
Considere-se o caso da Sears, a gi­
gantesca loja de departamentos que 
foi apanhada cobrando de seus clien­
tes serviços de reparo de automóveis 
de necessidade duvidosa. Num esfor­
ço para tomar a empresa mais orien· 
tada para a prestação de serviços 
(como ocotTe com seus concorrentes, 
como a Nordstrom), a Sears implantou 
uma política geral de venda com base 
em comissões. ConLudo, o que fun· 
cio na em vestuário e utensílios domés· 
ticos nem sempre funciona da mesma 
forma em uma oficina mecânica. Um 
cliente que deseja comprar um terno 
masculino sabe tanto sobre o produto 
quanto o vendedor. Entretanto, mtJitos 
clientes de uma oficina mecânica co· 
nhecem pouco a respeito do funciona· 
mento interno de seu automóvel e são, 
portanto, mais dependentes das reco· 
mendações dos funcionários. A políti­
ca de remuneração da Sears resultou 
em recomendações de reparos desne­
cessários. A Sears não teria tido que 
lidar com esses problemas em suas 
oficinas nem com a conseqüente que­
da de sua reputação caso tivesse pre­
visto que StJa politica de comissio­
namento das vendas iria encorajar os 
empregados das oficinas a enganar 
seus clientes. 
Clifford W. Smith Jr. é titular da Cátedra 
Clarey de Finanças na Simon School of 
Business Administration, University of 
Ro chester, e editor doJoumal o/Financial 
Economic.s. Sua linha de pesquisa está liga­
da a polllica de finanças empresariais e es­
Lrutura de institlliÇões (inanceiras. 
1.6 Mercados Financeiros e 
Sociedades por Ações 
FLUXOS DE CAIXA DA EMPRESA E 
PARA ELA 
Vimos que as principais vantagens da socie­
dade por ações como modalidade de organização 
de empresas são a transferência de propriedade, 
que pode ser feita de maneira mais rápida e mais 
simples do que nas outras modalidades, e o capi­
tal, que pode ser levantado de maneira mais rápi­
da. Essas duas vantagens são significativamente 
acentuadas pela existência de mercados financei­
ros, e os mercados financeiros desempenham pa­
pel de extrema importância nas finanças das so­
ciedades por ações. 
A relação entre as sociedades por ações e os 
mercados financeiros está ilustrada na Figura J .2. 
As setas na Figura 1.2 indicam o fluxo de recursos 
dos mercados financeiros para as empresas e das 
empresas para os mercados financeiros. 
Suponha-se que iniciemos nosso processo 
com a empresa vendendo ações e tomando dinhei­
ro emprestado para levantar recursos. Os recursos 
fluem dos mercados financeiros para a empresa 
(A). A empresa investe os recursos em ati vos fixos 
(a longo prazo) e a curto prazo (B). F.sses ativos 
geram caixa (C). Uma parcela do caixa gerado ser­
ve para pagar impostos da pessoa jurídica (D). Após 
o pagamento de impostos, uma parte do caixa é 
reinvestida na empresa (E). O restante volta para 
os mercados financeiros, como pagamemos a cre­
dores e acionistas (F). 
---- -
i 
48 PARTE 1-VISÃO GERAl DA ADMINISTI\AÇÃO FINANCEIRA 
Figura 1.2 Valor Total dos 
Ativos da Empresa 
Valor Total da Emr>resa 
para investidores no 
Mercado Financeiro Fluxo de 
recursos entre a 
empresa e os 
mercados 
financeiros. B. A Empresa irW("'.teem 
Ativo� 
v---'-A"-.'-'A,_,e:::m=re=:s.a=c:cn.::'it'-"c,_,r"'itu,l,os::._ ___ -L Mercados 
fin.;�r'l{t>iro' 
E. Reinveste c..aixa F. Paga dividendos 
e divida Ativos. J {Urto 1-------.J 
C. Caixa proveniente ....__,1 ___ "'-
Dívida., ,) n.1rto 
prazo 
e longo prazo 
rlru; ativo;; da 
empresa 
Dí\' rd�1' a longo 
prato 
Ações 
A. Empresa emite titulos para levantar caixa. 
6. (mpreS(I irweste em ativo�. 
E. Caixa reinvestido volta para a 
empresa. 
C. Operações da empresa geram caixa. F. Caixa é pago a investidores sob 
forma de juros c dividendos. D. EmpreSJ paga impostos ao governo. 
O mercado financeiro, assim como qualquer 
mercado, é apenas uma forma de reunir compra· 
dores e vendedores. Nos mercados financeiros, os 
produtos vendidos e comprados são títulos de dí· 
vida e ações. Os mercados financeiros, no entanto, 
são diferentes entre si em alguns dera lhes. As dife· 
renças mais importantes dizem respeito ao tipo de 
título negociado, ao modo pelo qual as transações 
são conduzidas, a quem são os compradores e ven· 
dedores. Algumas dessas diferenças são discutidas 
a seguir. 
MERCADO PRIMÁRIO VERSUS 
MERCADO SECUNDÁRIO 
Os mercados financeiros funcionam tanto 
como mercados primários quanto como mercados 
secundários para títulos de dívidas e ações. A ex· 
pressão mercado primário refere-se à venda origi· 
na I dos títulos por governos e empresas. Os merca· 
dos secundários são aqueles nos quais os títulos são 
comprados e vendidos após a venda original. 
Ações, obviamente, são emitidas apenas por socie· 
dades por ações. Títulos de dívida são emitidos 
tanto por governos quanto por empresas. Nas dis· 
cussões a seguir, discutiremos apenas os títulos 
emitidos por empresas. 
Mercado primário 
Em uma transação no mercado primário, a 
empresa é o vendedor, e a transação levanta recur· 
sos para ela. As empresas envolvem-se em dois ti· 
pos de nansação de mercado primário: ofertas 
públicas e colocações privadas. Ofertas públicas, 
como o nome sugere, envolvem a venda de títulos 
ao público em geral, e uma colocação pr ivada é 
uma negociação que envolve um comprador espe· 
cífico. 
De acordo com a lei, ofertas públicas de dí· 
vida e capital próprio precisam ser registrados na 
Securities and Exchange Commission (SEC). O 
regisno requer que a empresa divulgue uma gran· 
de quantidade de informações antes da venda de 
qualquer título. Os custos contábeis, legais e de 
venda de uma oferta pública podem ser considerá· 
veis. 
Em parte para evitar vários dos regulamen· 
tos requeridos e as despesas de oferta pública, 
dívidas e ações geralmente são vendidas priva­
damente para grandes instituições financeiras, 
como companhias de seguro de vida ou fundos 
mútuos. Essas colocações privadas não necessi· 
tam ser registradas com a SEC nem requerem o 
envolvimento de underwrirers (bancos de inves· 
rimemo especializados na venda de títulos ao 
público). 
Mercados secundários 
As rransações de mercado secundário envol­
vem um proprietário ou credor que vende a outra 
pessoa. Porranro, é o mercado secundário que 
fornece os meios para a transferência da proprie· 
dade dos títulos de empresas. Embora as socieda· 
des por ações estejam apenas diretamenrc envol­
vidas nas rransações do mercado primário (quan­
do elas vendem os títulos para levantar recursos), 
os mercados secundários também são críticos para 
as grandes �mpresas. A rauio é que os investido­
res estão muito ma1s dispostos a comprar drulos no 
mercado primário quando sabem que esses drulos 
podem posteriormente ser revendidos, caso assim 
o desejem. 
Mercado de balcao versus balsas organiza­
das Existem dois tipos de mercado secundário: 
boL..as 0'8anLSOda.s e mercado., de balcão. Em ter­
mos gerais, os distribuidores no mercado de bal­
cão compram e vendem a seu próprio risco. Um dis­
tribuidor, ou revendedor de carros, por exemplo, 
compra e vende automó,eis. Já corretores e agen­
tes procuram casar compradores e vendedores, e 
não necessariamente possuem a mercadoria que 
será comprada ou vendida. Um correto• de imóveis, 
por exemplo, normalmente não compra e vende ca­
sas. 
O mercado de distribuidores de ações c dívi­
das a longo prazo � denominado mercado de bal­
cão (over-rile-couruer - OTC). A maior pane dos
negócios de títulos de dívida aconrece no mercado 
de balcão. A CXI>ress3o mercado ele balciio refere-se 
aos tempos antigos. quando os tfrulos eram literal­
mente comprados e vendidos nos balcões de escri­
tórios por todo o pais. Hoje, uma parcela significa­
tiva do mercado de ações e qua;e todo o mercado 
de dívidas a longo prazo não têm localização cen­
tral; os diversos clisrrihuidores estão ligados eletro­
nicamente. 
As bolsas de valores diferem dos mercados de 
balcão de duas maneiras. Em primeiro lugar, a bol­
sa de valores possui uma localização física (como, 
por exemplo, Wall Street). Em segundo lugar, no 
mercado de balcao. a maior parre da compra e ven­
da é realizada por distribuidore;. O primeiro obje­
úvo de urna bolsa de valores, por ourro lado, é jun­
tar os que desejam vender aqueles que desejam 
comprar. Os distribuidores desempenham papelli­
nutado. 
1\egodaçao de túulos corporatilos As ações da 
maior parre das grandes empresas dos Estados 
Unidos sao negociadas em bolsas de \'alares orga­
nizadas. A maior delas é a Bolsa de Valores de New 
York (Nyse), que res1>0nde por mais de 85% de 
todas as ações negociadas em bolsas de valores. 
Outras bolsas incluem a American Stock Exchange 
(Arnex) e bolsas regionais, como a Pacific Stock 
Exchange. 
Além das bolsas de valores, existe um gran­
de mercado de balcão para negociação de ações. 
INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO HNANCE.It\11 49 
Em 1971, a Nacional Assodacion of Securilie> Oealers 
(Nasd) disponibilizou aos distribuidores e correto 
res um sistema de cotação eletrõnico denominado 
Nasdaq (Na.sdAucomaced Quocations). Grosso modo, 
o número de empresas regisrradas no Nasdaq é tres 
vezes maior do que o de regisrradas na Nyse, mas 
as empresas do Nasdaq tendem a ser menores em 
tamanho e são negociadas com menor frequência. 
Existem, obviamente, exceções. Por exemplo, 
Microsoft e I mel são negociadas no OTC. No entan­
to, o valor total das ações do Nasdaq corres­
ponde a apenas 20% do valor total das ações da 
Nyse. 
Existem vários mercados financeiros grandes 
e imponantes fora dos Estados Unidos e, natural­
mente, as empresas americanas procuram cada 'ez 
mais esses mercados para levantar recursos. A Bol­
sa de Valores de Tóquio e a Bolsa de Valores de 
Londres (TSE e LSE, respectivamente) são dois 
exemplos famosos. O fato de os mercados de bal­
cão não possuírem localização física significa que 
as fronteiras dos países não representam grandes 
barreiras e que existe atualmente enorme merca­
do inremacional de balcão para dívidas. Em decor· 
rência da globalização, os mercados financeiros 
atingiram um ponto em que a negociay.io de diver· 
sos insrrumentos nunca pára: apenas viaja pelo 
mundo. 
Registro Diz-se que as ações negociadas em bol­
sa de valores estão registradas. Para ser registrada, 
a empresa precisa obedecer a determinados crité­
rios mínimos que dizem respeito, por exemplo, a 
seu tamanho e à quantidade de acionistas. lisses 
critérios diferem de bolsa para bolsa. 
A Nyse possui os requerimentos mais r!gidos 
de todas as Bolsas dos Estados Unidos. Por exem­
plo, para obter registro na Nyse, as ações de uma 
empresa devem ter valor de mercado estimado de 
pelo menos S 18 milhões e um total de pelo menos 
2.000 acionistas com pelo menos 100 ações cada 
um. Existem, além disso, critérios mínimos em re· 
lação a lucro, aóvo e número de ações. 
Questões conceituais 
1.6a Que é um mercado de balcao? Como 
diferem os mercados de balCilO e as 
l>Olsas de valores? 
1.6b Qual a maior bolsa de valores dos lis­
tados Unidos? 
1.6e Que quer dizer OTC? Qual é o 
maior OTC existente para açoes? 
5 0 PARTE 1-VISÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 
Resumo e conclusões 
Este capítulo introduziu algumas das idéias 
básicas de finanças. Vimos que: 
I As finanças empresariais possuem três áreas 
principais de preocupação: 
a. Orçamento de capital. Que investimentos 
a longo prazo deve a empresa realitar? 
b Estrutura de capital. Onde a empresa ob­
terá os financiamentos a longo prato para 
pagar seus investimenros? Em outras pa 
lavras, qual a combinação entre capital 
próprio e capital de terceiros que deverá 
ser utiliuda para financiar as operações? 
c. Administração do capital de giro. Como a 
empresa deve administrar suas atividades 
fmanceiras cotidianas? 
2. O objetivo do administrador financeiro numa 
organização com fins lucrativos � tomar deci­
sões que aumentem o valor da ação, ou, de 
maneira mais geral, aumentem o valor de mer­
cado do património líquido. 
J. A alternativa de sociedade por ações é supe­
rior às outras modalidades de organização de 
empresas, no que diz respeito a levantar recur­
sos e transferir panicipações dos acionistas, 
mas possui a desvantagem significativa de du­
pla tributação. 
4. Existe a possibilidade de conflitos entre ado­
DIStas e adrninisrradores de uma grande em­
presa. Chamamos esse conflito de problema de 
agency, e discutimos como ele pode ser contro­
lado e reduzido. 
Dentre os tópicos discutidos, o mais impor­
tante é de longe o objetivo da administraçJo finan­
ceira. Ao longo do texto, analisaremos diferentes 
decisões financeiras, mas sempre faremos a mesma 
pergunta: como a decisão em pauta afeta o valor 
do pat rimônio lfquido da empresa? 
Questões e problemas 
1. O Processo Decisório "'111 Ad 
çAo Fln ... r Quais sJo os três tipos de 
decisões em administração financeira? Dê um 
exemplo de rransação que seria relevante para 
cada tipo de decisão. 
� I ma lnd iduai � o • •d •de r o r 
Quota . Quais são as quatro principais des­
vantagens da firma individual e da sociedade 
por quotas como modalidades de organização 
de empresas? Que beneficias oferecem, em 
comparação à sociedade por ações' 
3 Sociedade por· \< ,;,.,, Qual a principal 
desvantagem da sociedade por ações como mo­
dalidade de organizaçao de empresas? Cite 
pelo menos duas vantagens dessa fom1a de or­
ganização. 
4. Estrutura Organlz �cional da Área 
Financeira na Soded de por Ações. 
Numa grande empresa, quais sào os dois gru­
pos subordinados ao diretor financeiro? Qual 
dos grupos se preocupa com fmanças empre­
sariais' 
5 O Objetn u <I<> \<lmtnbtnn; .. o !m .. neei­
ra Que objetivo deve nortear sempre as ati­
tndes dos administradores financeiros da em­
presa? 
6 Que,.tõe de 4gcncy na Sode ... de por 
Ações. Quem é o dono de uma sociedade 
por ações? Descreva o processo pelo qual os 
proprietários controlam a administração da 
empresa. Qual é a principal razão para a exis· 
tência de relações de a,�ency na sociedade por 
ações como modalidade de organização? 
Nesse contexto, que tipo de problema pode Sur· 
gir? 
lnterme<ltano 
7. Objetivos de Or anlzaçôes sert -ons 
-uer" vos. Suponha que você seja o admi­
nistrador financeiro de uma entidade sem fins 
lucrativos (talvez um hospital sem fins lucra­
tivos). Qual tipo de objetivos você considera­
ria apropriados? 
8. Objetivos d .. I mp \<alor da Ação. 
Avalie a seguinte afirmação: Os administrado­
res não deveriam concentrar-se no valor cor­
rente da ação, porque, ao agirem dessa forma, 
tenderiam a enfatizar de maneira excessiva 
lucros a curto prazo, em detrimento de lucros 
a longo prazo. 
Objetiv• rs d • I rupl'd& e t.ucu. É possi­
vel que nosso objetivo de maximizar o valor 
da ação da empresa seja conflitante com ou· 
tros objeri\ os, como evitar um componamen· 
to amiérico ou ilegal? Particularmente, você 
acha que assuntos como segurança de clien­
tes e empregados, meio ambiente e bem-estar 
social se encaixam nesse modelo, ou são es­
sencialmente ignorados? Tente imaginar al­
guns cenários específicos para ilustrar sua res­
posta. 
10. Objetivos de Empresa• e Empresas 
Multinacionlll� Nosso objetivo de maxi· 
rnizar o valor das ações seria diferente, caso 
estivéssemos pensando em administração
fi. 
nanceira em um pafs estrangeiro? Por quê? 
I I. Problemas de Agency e Controle da 
Emprc�a. Suponha que você lenha ações de 
uma empresa. O preço corrente da ação é$ 25. 
Outra empresa acabou de anunciar que dese· 
ja adquirir sua empresa, e eStá dispoSta a pa­
gar S 35 por ação para adquirir Iodas as ações 
existentes. A admimsrraçao de sua empresa 
imediatamente começa a IU1ar contra essa ofer­
ta pública. E.s1aria a administração agindo de 
acordo com o imeresse dos acionistas' Por 
quê' 
12. Problema• de Agency e Remuneração 
de Executivos. E.xlstem crilicas de que a re-
INTRODUÇÃO À ALJMINISTRAÇÃO f'IM..;CURA 51 
muneração de administradores de aho escalão 
nos Estados Urtidos é simplesmente muito alta, 
e deveria ser reduzida. Por exemplo, Michael 
D. Eisner, da Walt Disne)•, foi um dos presiden­
tes mais bem remunerados dos Estados Unidos, 
recebendo por volta de $ 9 milhões em 1996. 
e bem acima de S 200 milhões no período en • 
tre 1992e 1996. Taisquanriassãoexcessivas' Ao 
responder a essa questão, seria útil lembrar que 
grandes amos do espone, como por exemplo 
Michael Jordan, artistas famosos, como Canh 
Brooks e Jerry Seinfeld, e muitos ou1ros que 
eStão no topo de suas respectivas profissões rém 
remunerações tão elevadas ou até bem supe· 
riores a essa. 
DEMONSTRAÇÕES 
FINANCEIRAS, IMPOSTOS E 
FLUXO DE CAIXA 
Existem basicamente quatro pontos que devem ficar 
claros quando você acabar a leitura deste capítulo: 
'ferença entre o valor comábil (ou valor de livro) e o valor de 
mercado. 
ferença entre lucro contábil e fluxo de caixa. 
entre alíquotas médias e marginais de Imposto de 
Renda. 
lrimmo determinar o fluxo de caixa da empresa a partir das 
demonstrações financeiras. 
56 1'>\RTI: 11 -COMPREE.NDENOO Df.MONSTI\AÇÓf!, fiNANCfJRAS E HJJXOS DE CAIXA 
N
este capírulo, iremos examinar demonstra· 
ções financeiras, impostos e fluxo de caixa. 
Nossa ênfase não é a preparação de de· 
monstrações financeiras. Em vez di<-<o, re<.-onhece­
mos que demonstrações financeiras. geralmente, 
consistem em uma fonte básica de informações 
para a tomada de decisões financeiras, e portanto, 
nosso objetivo é examinar sucintamente tais de· 
monstrações e indicar algumas de suas caracterís· 
tica' mais relevantes. Damos atenção especial a 
alguns detalhes práticos do nuxo de caixa. 
2.1 Balanço Patrimonial 
O balanço patrimonial é um retrato da 
empresa. É uma maneira conveniente de organizar 
e resumir o que a empresa possui (seus ali>'<>-<). o 
que a empresa deve (seus exigiveiS), e a diferença 
entre os dois (património líquido da empresa), num 
dado momento. A Figura 2.1 ilustra a maneira pela 
qual o balanço é constmído. Na forma apresenta· 
da, o lado esquerdo enumera os arivos da empre· 
sa, e o lado direito enumera os exigíveis e o patri· 
mônio liquido. 
Demo 
co 
Balanço patrimonial 
tr. çao Finanrc1ra que mo tra o 
bc da empr�a em um det 
mame ..... to. 
ATIVOS: O LADO ESQUERDO 
olore 
do 
O.. ativos são classificados como cirrulames ou 
permanentes. Um ativo permanente tem uma vida 
relativamente longa. Pode ser cang(vel, como um 
caminhão ou um compUiador, ou imang(ve/, como 
uma marca ou patente. Os ativos circulantes têm 
\ida menor do que um ano. Isso significa que, nor· 
malmente, dentro de um período inferior a 12 
meses, o ativo circulante será comertido em caixa. 
O estoque, por exemplo, pro•melmenre é compra· 
do ou vendido dentro de um ano e, ponanro, elas· 
sificado como ativo circula me. Obviamente, o cai· 
xa é em si mesmo um ativo circulante. Contas a 
receber (o dinheiro que os clientes devem à empre· 
sa) também são alivos circulantes. 
, . 
EXIGIVEL E PATRIMONIO 
LÍQUIDO: O LADO DIREITO 
Os exigiveis da empresa são o primeiro item 
apresentado no lado direito do balanço. Eles são 
classificados tanto como passrvo crrrulance quan· 
to como exigivel a longo pra:o. O passivo circu­
lanre, assim como o ativo circulante, tem •ida me· 
nor do que um ano (significando que precisa ser 
pago em até um ano), e é apresentado acima do 
exigivel a longo prazo. Contas a pagar (o dinhei· 
ro devido aos fornecedores) é um exemplo de pas· 
sivo circulame. 
Dívidas que não vencem em menos de 12 
meses são classificadas como exigível a longo pra· 
zo. Um empréstimo tomado pela empresa, que será 
pago demro de cinco anos. é um exigível a longo 
prazo. A empresa toma emprestado a longo prazo 
por meio de di,•ersas fomes. lenderemos a utilizar 
os termos obrigaçtk> e obrigacioni.>tas para nos re· 
ferirmos a uma dívida a longo prazo e aos credo­
res a longo prazo, resperovameme. 
Finalmente, por defimçào, a diferença entre 
o valor total dos ativos (circulante e permanente) 
e o valor total do exigfvel (circulante e a longo pra· 
zo) é o pacrimdnio l(quido, também chamado de 
Figura 2.1 Valor total dos ativos Valor total do exigível e 
do património lfquido O Balanço 
Patrimonial. 
Lado esquerdo: 
valor total dos 
ativos. Lado 
direito: valor 
total do exigível 
e do património 
liquido. 
t\IIVO ( lf(UIJnle 
\lt\o pPrm.lnente 
I . \ttvo pt·rrnJ.nentt! 
t,lngívPI 
2. Ai ovo permanente 
lllt.mgfwl �--.J 
P.h .. iVO\ 
cor< ul.lnt..,, 
hogl\el a 
lnugn pr.l!u 
P,11nmomo 
II!Jllldo 
DEMO>ISTRAÇÕES FINANCEIRAS. IMPOSfOS E FLUXO D� CAIXA 57 
capital dos aciom.\W.\, ou capital próprio. Esse setor 
do balanço procura renetir o fato de que, se a em­
presa vendesse seus ativos c utilizasse o dinheiro 
para pagar todas as suas dívidas, o valor residual 
penenceria aos acionistas. Assim. o balanço fecha, 
pois o 'alor do lado esquerdo é sempre igual ao 
•"lllor do lado direito. Ou seja, o valor dos ati vos da 
empresa é igual à soma dos exigíveis c:om o p.11ri· 
móruo liquido:' 
Pmnmômo líqmdo [2.1] 
Esta é a chamada identidade ou equação do 
balanço. e sempre se •erilica, pois o património lí­
quido é delinido como sendo a diferença emre ati­
'"0 e exigível. 
CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO 
Confom1e é apresentado na Figura 2.1, a di­
ferença entre o atlvo circulante c o passivo cir­
culante da empresa é denominada de capital de 
giro líquido. O capital de giro líquido é positivo 
quando o ativo circulante �xcede o passivo cir· 
culante. Com base nessa definição, isso significa 
que O nuxO de C<1iXa que ficar diSpOnÍvel dentrO de 
12 meses excede o nuxo de caixa que precisa ser 
pago dentro do mesmo perlodo. Por essa raziío, o 
U. S. CORPORATION 
capital de giro líquido é normalmente positivo em 
empresas saudáveis. 
Capital de giro líquido 
Ati 11 rirr11lar•e m,p nc oasst o rr 1 ntc 
MPLO 2.1 Elaboração do balanço 
Uma empresa po"u ah•o corculante d� 
S 100. ati' o permanente líquodo de S 500, divod." 
a curto prazo de S 70 e dividas .1 longo praLo de 
S 200. Como rica seu balanço? Qual é o patromónoo 
líquido? Qual é o capotai <k> giro liquido/ 
r-.. este caso, o ato\O total e ogual a S 100 + 
S 500 = S 600 e o exigível total é S 70 + S 200 " 
S 270. Portanto, o património líquodo é a doferença 
S 600-S 270 = S 330. O balanço tocan.l d.l '><-guonl�> 
maneira: 
Ali\O Exig.í\el e Património Uquido 
�tT\0 ntn.�lante $ 1()() Pa .. '>l\10 c-u< Uldnll s 'li 
A.LIVO fJ(."Itnanente higi\<'l a lol"t�O pt.llo ln< I 
liquido ....2QQ PJirimõmo hqmrJo JJV 
Total du <:xiwvcl t: 
Ativo tOial $ 600 pJtrimõn•o liqu•tlc• � 
O capital de giro líquido é .1 dof{'oPnça entre o 
ativo circulante e o passivo circulante, ou <t•j.1, 
$ 1 00 - $ 70 = $ 30. ... 
A Tabela 2.1 apresenta um balanço patri· 
monial simpüficado para uma empresa fictícia, a 
Tabela 2 . 1 
Balanço Patrimonial de 31 de dezembro de 1997 e 1998 
($milhões) 
Balanço 
patrimonial da 
U. S. 
Corporation. 11J'f7 1998 1 1J'f7 1998 
Ati>O 
'\ti\ o corcul.mtt 
CJI\-l 
Passivo 
Conta' a receber 
E\tO<jUl ... 
Tocai 
Ati\ O permanentt•
ln\lal.l�<X'' .. 
s 104 
455 
551 
S I 1 12 
s 160 
688 
ss� 
s ldQJ 
equopamt:niO'o .S..l..!i:H S.l..ZQ2 
Pa<si•o circulante 
Contas a pagar s 232 s 2b6 
Totulos a pagar 126 121 
Total s 428 s 1!!9 
lxogl\el ,1 
longo prazo $ 408 s 
Patrimónoo líquido 
4'j4 1 
Capil(11 mil i" 
reservas 600 640 
Lucro' retidos 1 32Q l!i22 
$ l.22Q s 2 262 Total 
P.1"it.,ivo To1(1l $ 2.756 $ ). 1 1 2 $ 2.756 $ 3 . 11 2 
:.___ __ __:::==......===-1 
I. As cxpre"�s wpital f)r6plro, l<lpiral dM aâ()n/Jlas, C.{!Pl 
tal d!H 1Jfl)l)nrHino$, JJatruu�nlo lic1uuto sno usadas como 
sinônimos numa sock'dadc por açrx.�. Há outtU\ V<'ri:uues. 
além dessas. 
58 I'ARH 11 -COMPREENDENDO DEMONS"I RAÇÓl.'i HN�NCLIRAS E H.LXOS D� CAIM 
U. S. Corporation. Ao examinar-se um balanço 
patrimonial, deve-se ter em mente três pomos par­
ticularmente importantes: liquidez, capit.tl próprio 
vcnu> capital de terceiros e valor de mercado.,.,.,..., 
\alor de livro. 
LIQUIDEZ 
Liquidez refere-se à velocidade � facilidade 
('Om u qual um ativo pode ser convertido em cai­
xa. Ouro é um ativo relativamente líquido; uma 
instalação fabril não o é. Na realidade, a liquidez 
possui duas dimensões: facilidade de conversão 
lTI�US perda de valor. Qualquer at i•o pode 'e r con­
\ertido em caixa rapidamente, desde que se redu­
za suficientemente o preço. Um arivo de alta li­
quidez. portanto, é aquele que pode ser \Cndido 
rapidamente sem perda signifkaliva de valor. Um 
ati• o iltquido é aquele que não pode ser con\eni­
do em caixa rapidamente, sem que haja reduçao 
substancial do preço. 
:llormalmeme, os ati vos são apresentados no 
balanço em ordem decrescente de liquidet, signi­
fic;mdo que os mais líquidos vêm em primeiro lu­
gm. O ativo circulante é relativamente l!quido, e 
inclui caixa e ourros arivos que SCI50 convertidos 
cm caixa nos próximos 12 meses. Comas a receber, 
por exemplo, representam o montam<' de vendas 
JJ realizadas e não recebidas ainda de chentes. 
Naturalmente espera-se que sejam romemdas em 
caixa no futuro próximo. Estoques talvez sejam os 
menos líquidos dos arivos circulantes, pelo menos 
pam a maior pane das empresas. 
Ati vos permanentes s..io, em sua maoor parte, 
rela ti' amente iliquidos. Consistem em bens tangt­
\cis. como prédios e equipamenros, que normal­
mente não são convertidos em ca1x.l ao longo da 
.uivid.1de normal do negócio (são, naturalmente, 
utilizados no negócio para gerar caixa). Ativos in­
tangíveis, tais como marcas, embora não tenham 
existência física, podem ter valor. Assim como os 
ativos permanentes tangíveis, mio serao normal· 
mente convertidos em caixa e são considerados 
il!quidos. 
A liquidez tem valor. Quanro mais líquido o 
negócio. menor é a possibilidade de que venha a :.e 
encont-rar em uma situação de insol\ência (isto é, 
dificuldade de pagar dívidas ou comprar ativos 
necessarios). lnfehzmenre, os ativos líquidos geral­
mente são menos renráveis. Jll>r exemplo, o saldo 
de caixa é o mais líquido dos arivos. mas algumas 
vezes ele não gera retomo algum, pois apenas está 
la, par;1do. Existe, portanto, uma escolha entre as 
vantagens da liquidez e a perda de lucros poten­
ciais. 
CAPITAL DE TERCEIROS VERSUS 
CAPITAL PRÓPRJO 
Uma empresa que toma dinheiro emprestado 
geralmente dá prefer�ncia ao fluxo de caixa a ser 
pago aos credores. Os acoonistas possuem direito 
apenas ao valor residual, a porçao que restou após 
os pagamenros aos credores. Ova lor desse resíduo 
consiste no património Hquido da empresa. 
Património l.íquiclo Ativo- Exigível Total 
Isso é verdade em termos comábeis, pois o 
património líquido é dennido como sendo essa 
parcela residual. O mais importame, no entanto, é 
que isso também é verdadeiro em termos econõmi­
cos: se a empresa •ende �eus arivos e paga suas 
di' idas, todo o caixa fica à dispostção dos acionis-
tas. 
A ulilização de dívidas na estrutura de capi­
tal da empresa é denominada endi•·idamento. 
Quanto mais df\ ida (como percentagem do ativo), 
maior o grau de endi,idamemo. Conforme discu­
tiremos nos próximos capuulos, a dívida funciona 
como uma alavanca, no sentido de que utilizá-la 
pode aumentar tanto ganhos como perdas. l'l>nan­
to, a a1avancagcm financeim aumenta o potencial 
de remuneração p;ora os acionisras, mas ao mesmo 
tempo aumenta o JlOicnclal de situações de insol­
vência e falência. 
VALOR DE MERCADO VERSUS 
VALOR CONTÁBIL 
O wrdadeiro valor de um ativo é seu valor de 
mercado, que é simplesmente a quantidade de cai­
xa que receberíamos se realmente vendêssemos 
aquele ativo. No entanto, os valores de alivos apre­
sentados no balan(o da empresa süo valores de li­
vro e, geralmente, não rep1 esentam seus verdadei­
ros vaI ores. De acordo com os Princípios Con­
tábeis Geralmente Aceltol> (PCGA), as de­
monstrações financeiras auditadas nos Estados 
Unidos geralmente apresel11ilm os seus ativos a 
custos históricos. Em outras palavras, os ati vos são 
contabilizados pelo que a empresa pagou por eles, 
não importando há quanto tempo tenham sido 
adquiridos ou quanto 'alem hoje. 
Quanto a ativos circulantes, o valor de mer­
cado e o valor de livro deveriam ser razoavelmen­
te parecidos, uma vez que os ati vos circulantes são 
comprados e convertidos em caixa em um período 
de tempo relativamente curto. Em outras circuns­
tâncias, eles podem divergir bastante. Além disso, 
quamo a ativos permanentes, seria uma mera CO· 
incidência que o valor real de mercado de um ari· 
vo (o 'alo r pelo qual o aó•·o seria vendido) fosse 
igual ao valor rontábil. Por exemplo, uma compa· 
nhía de cransporte ferroviário poderia ser proprie· 
caria de enormes lotes de terra comprados um sé· 
cu lo .11rás. O valor que a companhia pagou pelos 
lotes pode ser centenas ou mil hares de veze5 me· 
nor do que o valor da terra hoje. O balanço iria, 
apesar disso, apresentar o custo histórico. 
Os <ldministradores e investidores freqUente· 
rnence estarão interessados em conhecer o valo1· de 
mercado da empresa. Essa inform�çlio não con5ra 
do bnl,mço patrimonial. O fato de que os ativos são 
apresentados por seu custo significa que não e xis· 
r�. neressariameme, conexão entre o valor rotai dos 
ativos apresentados e o valor de mercado da em 
presa. Realmente, muiro dos ativos mais valiosos 
que a empresa pode possuir -boa administração, 
boa repuraç<"oo, empregados talentosos - não apa· 
rece no balanço de forma alguma. 
De maneira semelhante, o valor do pacri­
mõnio Hqllldo apresentado no balanço e seu valor 
verdadeiro não estão necessariamente relaciona 
dos. Para os administradores financeiros, porranto, 
o valo1 contábil do pauimônio líquido não� uma 
preocupação especialmente imponame; é o valor 
de mercado que conta. Portanto, sempre que men· 
cionannos o valor de um ativo ou o valor da cm· 
presa, estaremos, normalmente, referindo-nos ao 
\'alor de mercado. Assim, por exemplo, quando di· 
remos que o objerivo do adminisrrador financeiro 
� aumentar o valor da ação, estamos falando do 
valor de mercado da ação. 
Prtnetpios Contábeis Geralmente 
Aceitos (PCGA) 
<.on umo geral de padrões e procedimentos com 
b.1se nos quat-; ,Js demonstrações financeln1s 
<llldltadas sáo preparadas. 
EMPLO 2.2 Valor de Mercado versus 
Valor Contábil 
A Kl ington Corporation possui acivo perma­
ncllt<• com um valor contábil de S 700 t• um valor 
t••cimMlo dt> S 1 .000. O cap11al de gtro liqUido 
cMtJbol é S 400. mas <e todos os alivo' < irwlanc<" 
to,'>(•m lltjuodadn>. senam realizado por volta di.' 
S úOO. '' di' ida a longo prazo. tanco em 'alor 
wnc:ohil qu.mto em •alor de mercado, é S 500. Qu.1l 
é o ,,,lor contábil do patrimônio líquido? Qu.11 o 
•alor dt· mer< ,tdo do patrimõnio líqUido? 
f'od�mos construir dois balanço< simpl1iit.1 
do..,, um l'n1 tt•rmos conUlbeis e outro ern termo> 
t-t ontll111l0> (valores

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