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DIABETES MELLITUS Etiopatogenia do Diabetes Tipo 1 e Tipo 2: Conceito, Classificação e Diagnóstico Dra. Marcela F.C. Azevedo Disciplina de Endocrinologia PÂNCREAS Células β – 73 a 75% - INSULINA Células α – 18 a 20% - GLUCAGON Células δ – 4 a 6% - SOMATOSTATINA Células PP - 1% - Polipeptídeo Pancreático Insulina PRÓ-INSULINA PRÉ-PRO-INSULINA ( sintese Polirribossomos ) PRÓ-INSULINA - CADEIA B - CADEIA A - PEPTÍDEO C Clivagem no RE INSULINA + PEPTÍDEO C Acondicionados em GRÂNULOS SECRETORES no aparelho de Golgi Endopeptidases no RE Secreção: GLICEMIA Regulação da glicemia por ação de transporte de glicose, ácidos graxos e aminoácidos nos adipócitos, músculo esquelético e fígado Dra. Marcela F.C. Azevedo SECREÇÃO: - Pulsátil - Liberação de PEPTÍDIO C e INSULINA Circula na forma livre , meia-vida 3-8 min Basal em reposta à produção hepática de glicose Bolus ou pós-prandial em 2 fases: 1a Fase: logo após ingestão, pico 2-5 min e dura 10 min. Faz supressão hepática de glicose, limita aumento glicemia pós-prandial 2a Fase: 15 min após 1a e dura 1-2h. Reduz elevação de glicemia Insulina Dra. Marcela F.C. Azevedo - Receptor Glicoproteico: 2 subunidades α ( extracelular ) e 2 β transmembrana e intracelular Atividade tirosina quinase: ocorre autofosforilação da subunidade β, gerando sítios de tirosina, ativando vias sinalizadoras. Insulina Dra. Marcela F.C. Azevedo Efeitos da Insulina NORMOGLICEMIA AUMENTO CAPTAÇÃO DE GLICOSE BLOQUEIO PRODUÇÃO HEPÁTICA DE GLICOSE CONCEITO: O diabetes é um grupo de distúrbios metabólicos que apresenta em comum a hiperglicemia associado ao longo do tempo à complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sangüíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação de insulina, não conseguindo utiliza-lá de forma eficiente, envolvendo processos patogênicos específicos: Destruição de células beta do pâncreas Resistência à ação de insulina Distúrbios de secreção de insulina DIABETES MELLITUS Dra. Marcela F.C. Azevedo DIABETES MELLITUS ` DIABETES MELLITUS Quase 80% das mortes por DM ocorre em países em desenvolvimento, onde a epidemia tem maior intensidade, com crescente proporção em faixa etárias mais jovens Brasil: incremento de 18,3% em 1993 para 34,9% em 2000, evidenciando impacto de alterações do estilo de vida, padrão alimentar, interagindo com provável suscetibilidade genética Em 2011, estima-se que tenham morrido 4,6 milhões de pessoas com DM DM1: incidência aumentando particularmente na população infantil com menos de 5 anos. WHO projeta que o Diabetes será a 7a. Causa de morte em 2030 Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2012-2013 / http://www.idf.org/diabetesatlas/5e/the-global-burden DIABETES MELLITUS EPIDEMIOLOGIA: Diabetes Cegueira* Insuficiência Renal* Amputação* Diminui expectativa de vida em 5 to 10 a Doença cardiovascular 2X to 4X *Diabetes é a principal causa de insuficiência renal, novos casos de cegueira e amputações não-traumáticas Lesão de nervos em 60% to 70% dos pacientes 6ª causa de morte Diabetes Statistics. October 1995 (updated 1997). NIDDK publication NIH 96-3926. Harris MI. In: Diabetes in America. 2nd ed. 1995:1-13. DIABETES MELLITUS Diabetes Mellitus tipo 1 (5% a 10% dos casos) Interação de fatores genéticos e ambientais que induzem reação auto-imune seletiva contra células B-pancreáticas, evoluindo com insulinopenia. Diabetes Melittus tipo 2 (90 a 95% dos casos) Defeitos na ação e secreção de insulina, ocasionando uma deficiência na utilização da glicose e resistência insulínica. Ambos podem estar presentes quando a hiperglicemia se manifesta Dra. Marcela F.C. Azevedo DIABETES MELLITUS CLASSIFICAÇÃO: DM 1 Doença Auto-Imune Deficiência Insulínica Jovens, Adolescentes Insulite Auto-Anticorpos Indivíduos Magros Cetoacidose (Início) Início Abrupto (Polis) DM 2 90 % S. Metabólica Resistência e Deficiência Insulínica Geralmente > 40 anos, porém em idades menores associado a obesidade Depósito Amilóide nas Ilhotas Obesidade (85 %) e Sedentarismo Início Geralmente Lento História Familiar Positiva Dra. Marcela F.C. Azevedo DIABETES MELLITUS CLASSIFICAÇÃO: 99% auto-imune (1 A) - Auto-Ac 01% idiopática ( 1 B ) Incidência aumentando em todo mundo Início Abrupto: poliúria, polifagia, polidipsia, emagrecimento CETOACIDOSE DIABÉTICA TIPO 1 DIABETES MELLITUS Prevalência maior : Finlândia, Escandinávia, Escócia Menos frequente em: Sudoeste da Europa, Oriente Médio Infrequente em: Ásia Cél. Beta Genética Interação de genes de Susceptibilidade e protetores Lesão de Células Beta insulite Pré-Diabetes Diabetes Fator ambiental Auto-imunidade celular Auto-anticorpos humorais Intolerância à glicose SINTOMAS Dra. Marcela F.C. Azevedo Auto agressão lenta Fase PRÉ-CLÍNICA FASE I: INTERAÇÃO GENÉTICA + AMBIENTE FASEII: INSULITE COM PRODUÇÃO DE AUTOANTICORPOS FASE III : PERDA DA PRIMEIRA FASE DE SECREÇÃO INSULÍNICA E INTOLERÂNCIA A GLICOSE FASE IV: DIABETES MANIFESTO COM DIMINUIÇÃO PEPTÍDEO C TIPO 1 DIABETES MELLITUS FATORES GENÉTICOS Suscetibilidade Herdada Genes: região do HLA, classe II MHC no braço curto cromossomo 6 95% HLA DR3 OU DR4 RISCO: HLA DR3/4 ( 7-10x ) Homozigoto: DR3 ou DR4 ( 2-3X) MAIS FREQUENTES: HLA-DR3-DQA1*0501-DQB1*0201 DR4-DQA1*0301-DQB1*0302 PROTETOR: DRB1*1501-DQA1*0102-DQB1*0602 16 DIABETES MELLITUS TIPO 1 Dra. Marcela F.C. Azevedo Por que existe uma discordância em relação ao diabetes mellitus tipo 1 nos gêmeos idênticos? FATORES AMBIENTAIS VÍRUS: Coxsackie B4, Rubéola, CMV, caxumba, Epstein-Barr ALIMENTARES: proteína do leite de vaca ( albumina sérica bovina ) MEDICAMENTOS: aloxano, estreptozotocina Dra. Marcela F.C. Azevedo DIABETES MELLITUS TIPO 1 DIABETES MELLITUS TIPO 1 Insulite 19 Infiltração por células dendríticas, macrófagos e linfócitos T (CD4+ e CD8+) Infiltrado inflamatório linfomononuclear e ausência de cel. Beta – padrão histológico do DM1 Só afeta as células beta. DIABETES MELLITUS TIPO 1 Dra. Marcela F.C. Azevedo Auto-imunidade Ocorre de forma lenta e durante algum tempo sem sintomatologia clínica Marcadores de destruição auto-imune incluem: Anti-insulina ( IAA) Anti-ilhota pancreática ( ICA 512 ) Antidescarboxilase do ácido glutâmico ( anti-GAD) Antitirosina fosfatase ( IA2) Antitransportador do zinco Dra. Marcela F.C. Azevedo DIABETES MELLITUS TIPO 1 Fase Pré-clínica 95% expressam 1 ou mais anticorpos 80% evoluem para DM se 3 ou mais positivos Dra. Marcela F.C. Azevedo DIABETES MELLITUS TIPO 1 D I AB E T E S M E L L I T U S T I P O 2 90% obesidade e sedentarismo Ocorre em pessoas geneticamente predispostas que estejam expostas a influências ambientais que precipitam o início da doença Ocorre mais em mulheres e idades avançadas, porém ocorreu um aumento da prevalência de DM2 em crianças Pode não ser diagnosticado por alguns anos e nestes casos, diagnostica-se devido à complicações ou exames de rotina de sangue ou urina Sintomas iguais ao DM1 porém menos intensos Dra. Marcela F.C. Azevedo EPIDEMIOLOGIA: DIABETES MELLITUS TIPO 2 PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA O DM2 Sobrepeso ( IMC > 25 kg/m2) Inatividade Física habitual Raça/Etnia (afro-americano, latino-americano, nativo-americano, asiático-americano, ilhéu do pacífico) GJA ou TDG previamente identificados Hipertensão HDL <35 E/OU TG> 250 História de DM gestacional ou RN> 4,1 kg SOP Dra. Marcela F.C. Azevedo EPIDEMIOLOGIA: DIABETES MELLITUS TIPO 2 Interação de fatores genéticos e ambientais Obesidade, estilo de vida sedentário, ingesta calórica excessiva Poligênica – combinação de resistência insulínica e secreção anormal de insulina Ocorre 3 anomalias fundamentais: Resistência à ação da insulina nos tecidos periféricos, particularmente músculo e tecido adiposo, mas também o fígado Secreção insulínica imperfeita em resposta ao estímulo da glicose Aumento de produção de glicose pelo fígado Dra. Marcela F.C. Azevedo PATOGÊNESE: DIABETES MELLITUS TIPO 2 Resistência à Insulina Redução da ação biológica da insulina Caracterizada pela hiperinsulinemia com normo/hiperglicemia Associada com obesidade, estilo de vida e outros fatores ambientais e genéticos Causa fundamental do diabetes tipo 2 Dra. Marcela F.C. Azevedo FISIOPATOLOGIA: DIABETES MELLITUS TIPO 2 Disfunção secretória Perda da fase inicial de secreção da insulina Picos Hiperglicêmicos Pós-Prandiais Resistência à insulina Aumento na Glicemia de Jejum Redução na captação de glicose mediada pela insulina Aumento da produção hepática de glicose Adaptado de Mitrakou A. et al. N Engl J Med, 1992;326:22 DIABETES MELLITUS TIPO 2 FISIOPATOLOGIA: Desenvolvimento do diabetes tipo 22 Glicose em jejum Intolerância à glicose Sensibilidade à insulina Secreção de insulina Hiperglicemia Tolerância à glicose diminuída Sensibilidade reduzida à insulina Hiperinsulinemia seguida de insuficiência das células Normal TGD Diabetes Tipo 2 I II III IV V Dra. Marcela F.C. Azevedo DIABETES MELLITUS Sinais e Sintomas Diabetes Sintomático 1- Sintomas Decorrentes Hiperglicemia Poliúria; Polidipsia; Polifagia; Perda de peso; Fraqueza; Visão turva; Tendência a infecções Fadiga , letargia 31 DIABETES MELLITUS Dra. Marcela F.C. Azevedo SINTOMAS: Diabetes Sintomático 2- Sintomas decorrentes Complicações Microvasculares Neuropatia: dores, parestesias e úlceras em MMI, paralisia motoras; Nefropatia: SN e IR: edema , hipertensão arterial sistêmica e anúria; e Retinopatia: alterações visuais, amaurose. 32 DIABETES MELLITUS Dra. Marcela F.C. Azevedo SINTOMAS: 3 -Sintomas Decorrrentes de Complicações Macrovasculares Insuficiências vascular periférica (úlcera, isquemia e gangrena de MMII), coronariana (IM) e cerebral (AVC). 4- Sinal decorrente de Hiperinsulinemia Acantose nigricans Diabetes assintomático 33 DIABETES MELLITUS Dra. Marcela F.C. Azevedo SINTOMAS: Acantose nigricans DIABETES MELLITUS Outros Tipos DIABETES MELLITUS Diabetes gestational é a hiperglicemia com início ou que foi detectada pela primeira vez durante a gravidez. Frequentemente diagnosticado através do rastreamento no pré-natal. Glicemia de jejum > 126 mg/dL Glicemia casual > 200 mg/dL com sintomas TOTG (24-28 semana): 100 g – 2 de 3 valores: 75 g (IADPSG,2010) – 1 valor: Jejum: > 95 Jejum: > 92 1 h: > 180 1 h: > 180 2 h: > 155 2 h: > 153 3 h: > 140 35 Outros tipos DM secundário Exemplos: MODY Pancreatite crônica Síndrome de Cushing Acromegalia Hemocromatose Cromossomopatias (Turner, Down) DIABETES MELLITUS Dra. Marcela F.C. Azevedo Diagnóstico Teste de glicemia plasmática em jejum Teste oral de tolerância à glicose Teste aleatório de glicose plasmática Hemoglobina Glicada DIABETES MELLITUS Dra. Marcela F.C. Azevedo DIAGNÓSTICO: DIABETES MELLITUS Diagnóstico através de HbA1c Padronização: Teste de HbA1c padronizado Critérios: Diabetes: HbA1c > 6,5% Pré-diabetes: HbA1c de 5,7 a 6,4% ( RISCO ) American Diabetes Association, Diabetes Care, 2010 DIABETES MELLITUS Rastreamento de DM tipo 2 Pessoas com mais de 45 anos de baixo risco: A cada 3 anos, se exame normal Todos os adultos (até < 45 a), se IMC>25 kg/m2 e: HAS Sedentários Grupos étnicos de risco Parente de 1º grau com DM DM gestacional prévio ou com bebê macrossômico Dislipidemia SOPC História de doença vascular HbA1c > 5,7% ou glicemia elevada em exames prévios O rastreamento nesses casos pode ser + frequente American Diabetes Association, Diabetes Care, 2010 DIABETES MELLITUS Rastreamento de DM2 em crianças Critérios: Sobrepeso (peso > percentil 85) mais 2 dos seguintes fatores de risco: História familiar de DM2 em parentes de 1º e 2º graus Etnias de alto risco Sinais de resistência à insulina ou condições associadas a ela Se mãe teve DM durante gestação Quando: a partir dos 10 anos ou início da puberdade Frequência: a cada 3 anos Teste usado: glicemia de jejum American Diabetes Association, Diabetes Care, 2010 DIABETES MELLITUS Rastreamento de DM tipo 1 Não indicado no DM tipo 1, porque: Não há consenso sobre os valores de corte dos auto-anticorpos para rastreamento Não há consenso sobre o que fazer se o rastreamento for positivo (sem diabetes manifesto) A incidência de DM tipo 1 é baixa DIABETES MELLITUS Dra. Marcela F.C. Azevedo Rastreamento de DM gestacional Desde a 1ª visita pré-natal, se: Obesidade História pessoal de DM gestacional prévio Glicosúria Forte história familiar de DM Métodos de rastreamento Início do pré-natal: glicemia de jejum 24-28 semanas: TOTG DIABETES MELLITUS Dra. Marcela F.C. Azevedo Não precisa rastrear: < 25 anos Peso normal antes da gestação Sem história de familiar de 1º grau com DM Sem história de anormalidade na glicemia Sem história de complicações obstétricas DIABETES MELLITUS Rastreamento de DM gestacional Dra. Marcela F.C. Azevedo Doença crônica e ainda sem cura, mas que pode ser bem controlado, evitando complicações crônicas que afetam a qualidade de vida ou que abreviem sua vida Estimativas de custo direto para o brasil oscilam em torno de 3,9 bilhões de dólares/ano. Muitos indivíduos são incapazes de continuar a trabalhar devido à complicações Pode-se evitar complicações através de um bom controle glicêmico associado a mudanças no estilo de vida DIABETES MELLITUS Dra. Marcela F.C. Azevedo - SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES / SBD. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2013. São Paulo: AC Farmacêutica, 2013. - Tratado de Endocrinologia – Williams, 11ª edição, Elsevier, 2010. - Endocrinologia – Maciel, Rui M. B.; Mendonça, Berenice B.; Saad, Mario J. A., 1ª edição, Atheneu, 2007. - International Diabetes Federation. The IDF Diabetes Atlas. Fourth Edition. Brussels: International Diabetes Federation; 2009. - World Health Organization. Prevention of diabetes mellitus. Report of a WHO Study Group. Geneva: World Health Organization; 1994. No. 844. - Endocrinologia para o Pediatra – Monte, Osmar; Longui Carlos, 3ª edição, Atheneu. 2009. BIBLIOGRAFIA: DIABETES MELLITUS
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