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TEORIA GERAL DOS RECURSOS

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DIREITO 
PROCESSUAL 
CIVIL 
 
TEORIA GERAL DOS RECURSOS 
RECURSOS EM ESPÉCIE 
TEORIA GERAL DOS RECURSOS 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil –vol. III / 47. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. 
 
1. CONCEITO: 
É o meio ou remédio impugnativo apto para provocar, dentro da relação processual ainda em curso, o reexame de 
decisão judicial, pela mesma autoridade judiciária, ou por outra hierarquicamente superior, visando a obter-lhe a 
reforma, invalidação, esclarecimento ou integração. 
Caracteriza-se o recurso como o meio idôneo a ensejar o reexame da decisão dentro do mesmo processo em que foi 
proferida, antes da formação da coisa julgada. 
 
2. CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS: 
2.1. Quanto ao fim colimado pelo recorrente: 
(a) de reforma, quando se busca uma modificação na solução contida no decisório impugnado, de maneira a 
alcançar, no julgamento recursal, um pronunciamento mais favorável ao recorrente; 
(b) de invalidação, busca a cassação pura e simples, ensejando, posteriormente, volte a mesma matéria a ser 
julgada em novo decisório que não contenha os vícios que provocaram a anulação do primeiro julgamento. Ocorre 
esse tipo de recurso, geralmente, nas hipóteses de inobservância de requisitos de validade do julgamento, como a 
incompetência, o cerceamento de defesa, as decisões citra, extra e ultra petita, e, enfim, a ausência de qualquer 
pressuposto processual ou condição da ação; 
(c) de esclarecimento ou integração: são os embargos de declaração, onde o objetivo recursal específico não é o 
rejulgamento da matéria decidida nem tampouco a invalidação do ato impugnado, mas, sim e tão somente, o seu 
aperfeiçoamento, o que se alcança eliminando a falta de clareza ou a contradição nele verificada, ou suprindo-lhe 
alguma omissão no tratamento das questões suscitadas no processo. 
2.2. Quanto ao juízo que se encarrega do julgamento: 
(a) devolutivos ou reiterativos, quando a questão julgada por um órgão judicial é devolvida ao conhecimento de 
outro órgão. É o que se passa com o recurso ordinário, o especial, o extraordinário, a apelação; 
(b) não devolutivos ou iterativos, quando a impugnação é julgada pelo mesmo órgão que proferiu a decisão 
recorrida, tal como se passa nos embargos de declaração; 
(c) mistos, quando tanto permitem o reexame pelo órgão superior como pelo próprio prolator do ato decisório 
impugnado, como é o caso do agravo. 
2.3. Quanto à extensão do reexame de um órgão sobre a matéria decidida por outro: 
(a) total, quando o recurso ataca a decisão como um todo, requerendo sua reforma integral; 
(b) parcial, quando o inconformismo do recorrente é restrito a uma ou algumas questões dentre todas solucionadas 
no decisório recorrido. Nessa hipótese, não terá poder, o órgão recorrido, para introduzir qualquer alteração na 
parte não impugnada. 
2.4. Quanto aos motivos da impugnação: 
(a) há recursos de fundamentação livre, que são aqueles cuja admissibilidade não se prende a matérias 
preordenadas pela lei; e 
(b) há recursos de fundamentação vinculada, que são aqueles só admissíveis quando se invoca tema enquadrado 
na previsão legal de cabimento do remédio recursal. 
2.5. Quanto à marcha do processo rumo à execução da decisão impugnada: 
(a) suspensivos: os que impedem o início da execução provisória ou definitiva; 
(b) não suspensivos: os que, mesmo na pendência do recurso, permitem seja processada a execução provisória, e, 
às vezes, até a execução definitiva, da sentença ou decisão interlocutória impugnada. 
 Os recursos em geral não impedem o prosseguimento do feito e, por isso, autorizam a execução provisória (art. 
995). 
 Entretanto, a apelação, em regra, suspende os efeitos da sentença impugnada, não ensejando execução provisória, a 
não ser nos casos excepcionais arrolados em lei (art. 1.012, § 1º). 
 
3. ATOS SUJEITOS A RECURSO: 
De acordo com o art. 203, os pronunciamentos do juiz consistirão em “sentenças”, “decisões interlocutórias” e 
“despachos”. Todos eles figuram na categoria dos atos de autoridade, mas nem todos ensejam a interposição de 
recurso. 
 As sentenças e decisões são sempre recorríveis, qualquer que seja o valor da causa (arts. 1.009 e 1.015). 
 Dos despachos, isto é, dos atos judiciais que apenas impulsionam a marcha processual, sem prejudicar ou favorecer 
qualquer das partes, não cabe recurso algum (art. 1.001). 
 
4. RECURSOS ADMISSÍVEIS: 
I – No primeiro grau de jurisdição (juízo de primeira instância), o NCPC admite os seguintes recursos: 
(a) apelação (arts. 994, I e 1.009); 
(b) agravo de instrumento (arts. 994, II, e 1.015); 
(c) embargos de declaração (arts. 994, IV, e 1.022). 
II – Quanto aos acórdãos dos tribunais, admite o novo Código os seguintes recursos: 
(a) embargos de declaração (arts. 994, IV, e 1.022); 
(b) recurso ordinário, para o Superior Tribunal de Justiça e para o Supremo Tribunal Federal (arts. 994, V, e 1.027); 
(c) recurso especial (arts. 994, VI, e 1.029);38 
(d) recurso extraordinário (arts. 994, VII, e 1.029); 
(e) embargos de divergência no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça (arts. 994, IX, e 
1.043). 
III – Para as decisões de segundo grau, diferentes de acórdão, o atual Código prevê os seguintes recursos: 
(a) agravo interno (arts. 994, III, e 1.021); 
(b) agravo em recurso especial ou extraordinário (arts. 994, VIII, e 1.042). 
 
5. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO DOS RECURSOS: 
As pretensões deduzidas em juízo sujeitam-se sempre a um duplo exame pela autoridade judicial: 
(i) preliminarmente, apura-se se, em tese, é cabível processualmente aquilo que postula a parte; 
(ii) reconhecido tal cabimento, passa-se ao juízo de mérito, que consiste em enfrentar o conteúdo da postulação, 
para, de sua análise, concluir pela procedência ou não daquilo que a parte pretende obter do juízo. 
Portanto, sem que se reconheça a legitimidade processual da postulação (juízo de admissibilidade), a análise de seu 
conteúdo (objeto) não se dará (juízo de mérito). 
O juízo de admissibilidade é sempre preliminar ao juízo de mérito: a solução do primeiro determinará se o mérito será 
ou não examinado. 
Interposto, portanto, um recurso, passará ele de início pelo juízo de admissibilidade, que poderá ser positivo ou 
negativo, i.e., no primeiro caso, o recurso será admitido e viabilizado estará o exame de seu mérito; caso isto não se 
dê, o recurso terá seu andamento trancado, desde logo, pelo reconhecimento de seu descabimento, no caso concreto, 
tornando-se, assim, impossível a apreciação do pedido do recorrente. 
5.1. Objeto do juízo de admissibilidade: requisitos intrínsecos e requisitos extrínsecos 
Os requisitos avaliados no juízo de admissibilidade do recurso, dividem-se em dois grupos: 
(i) requisitos intrínsecos (ou subjetivos), que são os concernentes à própria existência do poder de recorrer, quais 
sejam: cabimento, legitimação, interesse e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer; 
(ii) requisitos extrínsecos (ou objetivos), que são os relativos ao modo de exercício do direito de recorrer: a 
recorribilidade da decisão e a adequação, a singularidade, o preparo e a tempestividade, a regularidade formal e a 
motivação do recurso. 
 
6. TEMPESTIVIDADE DO RECURSO 
Esgotado o prazo estipulado pela lei torna-se precluso o direito de recorrer. 
De acordo com o § 5º do art. 1.003, o prazo de quinze dias, a contar da intimação da decisão impugnada, é a regra 
geral observável para interposição de qualquer recurso. Excetuam-se apenas os embargos de declaração, cujo prazo é 
de cinco dias (art. 1.023). 
O prazo para interpor recurso começa a correr da data em que os advogados, a sociedade de advogados,a Advocacia 
Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão (art. 1.003). Se a decisão for proferida 
em audiência, as partes consideram-se intimadas na ocasião (art. 1.003, § 1º). 
I – Prazo para o réu ainda não citado: Se a decisão for proferida antes mesmo da citação do réu, o prazo para a 
interposição do recurso contra ela cabível contar-se-á da juntada aos autos do documento comprobatório da intimação 
(art. 1.003, § 2º), observados os detalhes dos incisos I a VI do art. 231. 
II – Prazo para o réu revel: Para o revel correrão todos os prazos, independentemente de intimação, a partir da 
publicação do ato decisório no órgão oficial (art. 346), inclusive os de recurso. A aplicação dessa regra cessa, contudo, 
se após a caracterização da revelia o réu tenha se feito representar no processo, cessando, assim, a contumácia. 
III – Recurso remetido pelo correio: O novo Código estabeleceu que o recurso remetido pelo correio será 
considerado interposto na data de postagem (art. 1.003, § 4º). 
IV – Comprovação de feriado local: O novo Código previu, ainda, que a parte recorrente deve comprovar a 
ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso, para fins de atestar a sua tempestividade (art. 1.003, § 
6º). 
6.1. Recurso interposto antes da publicação do julgado 
Que ocorre se o sucumbente não aguarda a intimação e se antecipa, ajuizando o recurso tão logo toma conhecimento 
do julgado? 
 Estabelece o § 4º do art. 218, ser “considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo”. 
6.2. Recurso interposto antes do julgamento de embargos de declaração pendentes 
O NCPC no § 5º do art. 1.024, foi expresso em dispensar a ratificação do recurso quando os embargos forem rejeitados 
ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior. Por outro lado, se o acolhimento dos embargos implicar 
modificação da decisão embargada, determina o Código que “o embargado que já tiver interposto outro recurso 
contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, 
no prazo de 15 (quinze) dias” (art. 1.024, § 4º). 
6.3. Casos especiais de interrupção do prazo de recurso 
O NCPC dispõe, em seu art. 1.004, que, “se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento 
da parte ou de seu advogado ou ocorrer motivo de força maior que suspenda o curso do processo, será tal prazo 
restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr novamente depois da 
intimação”. 
São casos de suspensão do prazo recursal: 
(a) o recesso do período compreendido entre 20 de dezembro e 30 janeiro (art. 220); 
(b) o obstáculo criado em detrimento da parte (art. 221), entendido como tal qualquer embaraço provocado pela 
parte contrária ou pela justiça, como suspensão extraordinária dos serviços judiciários, greves, incêndio no prédio 
do fórum etc.; 
(c) qualquer das hipóteses de suspensão do processo, previstas no art. 313. 
Em todas essas hipóteses, superado o obstáculo, o restabelecimento do curso do prazo suspenso se dará apenas pelo 
saldo remanescente. 
Casos típicos de interrupção do prazo recursal são aqueles previstos no art. 1.004 (óbito da parte ou do advogado e 
força maior que suspenda o curso do próprio processo), e, também, os embargos de declaração (art. 1.026). Após os 
fatos mencionados, se reinicia a contagem integral do prazo de recurso. 
 
7. LEGITIMAÇÃO PARA RECORRER 
A lei confere legitimidade para interpor recurso à parte do processo em que a decisão foi proferida, ao representante 
do Ministério Público, quando atua no feito (ou nele pode atuar) e ao terceiro prejudicado, por efeito reflexo do 
decisório (NCPC, art. 996, caput). 
Também para recorrer se exige a condição do interesse, tal como se dá com a propositura da ação. “O que justifica o 
recurso é o prejuízo, ou gravame, que a parte sofreu com a sentença”. O interesse, porém, não se restringe à 
necessidade do recurso para impedir o prejuízo ou gravame; compreende também a sua utilidade para atingir o 
objetivo visado pelo recorrente. 
 O recurso manifestado tem de apresentar-se como necessário e adequado, na situação concreta do processo, para 
ser admitido. 
Requisito da sucumbência: Só o vencido, no todo ou em parte, tem, em regra, interesse para interpor recurso (art. 
996). Apenas no caso particular de embargos de declaração, a lei dispensa a sucumbência para definir o interesse em 
recorrer, porque não se trata de um recurso de reforma ou invalidação, mas de aperfeiçoamento do julgado, e ambas as 
partes, indistintamente, têm direito a uma decisão clara, precisa e completa. Pode ocorrer sucumbência recíproca: 
então ambas as partes serão legitimadas para recorrer. 
Litisconsórcio unitário: havendo sucumbência, qualquer dos litisconsortes poderá interpor recurso separadamente; e, 
devendo ser uniforme a decisão para os litisconsortes, o recurso interposto por um deles a todos aproveita (NCPC, art. 
1.005, caput). 
Recurso do vencedor: Embora a condição de vencido sempre legitime o recurso, reconhece a boa doutrina que, 
mesmo vencedor, o litigante pode excepcionalmente ter interesse na revisão da decisão que o favoreceu. É o caso em 
que a possível solução da causa tenha condições de proporcionar-lhe “melhor situação” do que aquela adotada no 
julgamento. 
 
8. PREPARO 
Consiste o preparo no pagamento, na época certa, das despesas processuais correspondentes ao processamento do 
recurso interposto, que compreenderão, além das custas (quando exigíveis), os gastos do porte de remessa e de retorno 
se se fizer necessário o deslocamento dos autos (NCPC, art. 1.007, caput). 
A falta de preparo gera a deserção, que importa trancamento do recurso, presumindo a lei que o recorrente tenha 
desistido do respectivo julgamento (art. 1.007, caput, in fine, §§ 4º, 6º e 7º). Se o preparo for feito a menor, não se 
decretará de imediato a deserção. O recorrente será sempre intimado, na pessoa de seu advogado, a completá-lo em 
cinco dias e somente no caso de não fazê-lo é que será trancado o recurso (art. 1.007, § 2º). 
São dispensados de preparo alguns recursos: (i) embargos de declaração (art. 1.023); e (ii) todos os recursos 
interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios e respectivas 
autarquias, e pelos que gozam de isenção legal, como os que litigam sob o amparo da assistência judiciária (art. 1.007, 
§ 1º). 
Dispensa-se, ainda, o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos, uma vez que 
não haverá o seu deslocamento físico para a instância superior (art. 1.007, § 3º). 
De acordo com a lei, o preparo dos recursos deve ser feito previamente, juntando o recorrente o respectivo 
comprovante à petição recursal. 
9. RENÚNCIA E DESISTÊNCIA 
I – Fatos impeditivos: São fatos impeditivos dos recursos a renúncia e a aceitação da sentença, ocorridas antes de sua 
interposição; 
II – Fato extintivo: extingue o recurso a desistência manifestada durante o seu processamento e antes do respectivo 
julgamento. 
III – Desistência do recurso: Dá-se a desistência quando, já interposto o recurso, a parte manifesta a vontade de que 
não seja ele submetido a julgamento. A desistência, que é exercitável a qualquer tempo, não depende de anuência do 
recorrido ou dos litisconsortes (NCPC, art. 998), tampouco sua eficácia depende de homologação judicial (art. 200). 
IV – Desistência dos recursos em tramitação no STJ e no STF: nos casos dos recursos endereçados ao Supremo 
Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de Justiça, a desistência não impedirá o exercício da função política daquelas 
Cortes na defesa e uniformidade da interpretação e aplicação da Constituição e da legislaçãofederal. O parágrafo 
único do art. 998 do NCPC ressalva ao STF e ao STJ o poder de resolver, nos recursos repetitivos, as questões 
jurídicas neles suscitadas, sem embargo da desistência manifestada pelo recorrente. Isso porque, naquela altura, há um 
interesse maior em jogo, que afeta a coletividade e não mais se restringe a quem interpôs o recurso que veio a inserir-
se numa cadeia repetitiva. São apenas os extraordinários em que a repercussão geral já tenha sido reconhecida (art. 
1.035) e os especiais e os extraordinários a que já se atribuiu a qualidade de recurso padrão de uma série de causas 
iguais (art. 1.036, § 1º). Portanto, após a desistência do recorrente, o STF e o STJ prosseguirão no julgamento do 
recurso repetitivo e de repercussão geral, não mais a benefício da parte que o promoveu, porque em sua referência o 
feito se extinguiu, formando-se a coisa julgada, nos termos do decidido pelo tribunal de origem; mas em busca de 
fixação de uma tese de direito a prevalecer, uniformemente, na política constitucional judiciária, para todos os casos a 
que tenha aplicação. 
V – Renúncia do recurso: Ocorre a renúncia quando a parte vencida abre mão previamente do seu direito de recorrer. 
Há duas espécies de renúncia ao direito de recurso: (i) a tácita, que decorre da simples decadência do prazo recursal; e 
(ii) a expressa, que se traduz em manifestação de vontade da parte (art. 999). 
VI – Aspectos comuns da desistência e da renúncia: Da desistência do recurso ou da renúncia ao direito de interpô-
lo, decorre o trânsito em julgado da sentença. Fica, todavia, assegurado o direito ao renunciante ou desistente de valer-
se do recurso adesivo, caso venha a outra parte a recorrer após a renúncia ou desistência. 
 
10. ACEITAÇÃO EXPRESSA OU TÁCITA DA SENTENÇA 
art. 1.000 do NCPC: “a parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer”. Por conseguinte, 
após a aceitação, a parte que a praticou “não poderá recorrer”, nem de forma principal, nem de forma adesiva. 
É expressa a aceitação que se traduz em manifestação dirigida ao juiz da causa, ou à parte contrária, diretamente. 
“Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer” (art. 
1.000, parágrafo único). 
Com a aceitação expressa ou tácita, extingue-se o direito de recorrer e, inexistindo outros obstáculos, dá-se o imediato 
trânsito em julgado da sentença. 
 
11. RECURSO ADESIVO 
O recurso adesivo é facultado à parte que não recorreu no devido tempo da decisão que provocara sucumbência 
recíproca. Com esse remédio processual, restaura-se o direito de recorrer, mas, exclusivamente, no caso de 
sucumbência recíproca (art. 997). 
São características dessa modalidade especial de recurso: (a) O prazo para a interposição do recurso adesivo é o 
mesmo de que a parte dispõe para responder ao recurso principal (art. 997, § 2º, I). (b) Só tem cabimento na apelação, 
no recurso especial e no recurso extraordinário (art. 997, § 2º, II). (c) Aplicam-se ao recurso adesivo as mesmas regras 
do recurso independente, quanto às condições de admissibilidade e julgamento no tribunal (art. 997, § 2º). (d) 
Excluem-se o terceiro interessado e o Ministério Público, como simples custos legis, da legitimação para interpor 
recurso adesivo, já que o § 1º do art. 997 só fala em “autor” e “réu”. (e) O processamento é o mesmo do recurso 
principal, devendo, após o recebimento, abrir-se vista por quinze dias ao recorrido para contrarrazões. (f) O recurso 
adesivo é um acessório do recurso principal. Por isso, “não será conhecido, se houver desistência do recurso principal 
ou se for ele considerado inadmissível” (art. 997, § 2º, III). (g) No tribunal superior, os dois recursos se submetem a 
procedimento uno, sendo apreciados e julgados na mesma sessão. O não conhecimento do recurso principal torna 
prejudicado o recurso adesivo. 
APELAÇÃO 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil –vol. III / 47. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. 
 
1. CONCEITO 
Apelação é o recurso que se interpõe das sentenças dos juízes de primeiro grau de jurisdição para levar a causa ao 
reexame dos tribunais do segundo grau, visando a obter uma reforma total ou parcial da decisão impugnada, ou mesmo 
sua invalidação. 
 
2. INTERPOSIÇÃO DA APELAÇÃO 
O recurso de apelação será interposto contra a sentença (art. 1.009, caput). 
Ainda que a questão decidida em sentença seja daquelas impugnáveis por meio de agravo, nos termos do art. 1.015, do 
NCPC, deverá ser interposto o recurso de apelação para discuti-la (art. 1.009, § 3º). 
O apelante deve manifestar seu recurso por meio de petição dirigida ao juiz de primeiro grau, que conterá (art. 1.010): 
(a) os nomes e a qualificação das partes (inciso I); (b) a exposição do fato e do direito (inciso II); (c) as razões do 
pedido de reforma ou de decretação de nulidade (inciso III); e (d) o pedido de nova decisão (inciso IV). 
O pedido de nova decisão pode referir-se a um novo pronunciamento de mérito favorável ao apelante, ou apenas à 
invalidação da sentença por nulidade. “A falta das razões do pedido de nova decisão impede o conhecimento da 
apelação”. 
 
3. EFEITOS DA APELAÇÃO 
A apelação tem, ordinariamente, duplo efeito: o devolutivo e o suspensivo. 
I – Efeito devolutivo: “A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada” (NCPC, art. 1.013, 
caput). Visa esse recurso a obter um novo pronunciamento sobre a causa, com reforma total ou parcial da sentença do 
juiz de primeiro grau. A apelação, no entanto, pode ser parcial ou total, conforme a impugnação atinja toda a sentença 
ou apenas parte dela. Sendo parcial, a devolução abrangerá apenas a matéria impugnada. Dentro do âmbito da 
devolução, o tribunal apreciará todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido 
solucionadas pela sentença recorrida, desde que relativas ao capítulo impugnado (art. 1.013, § 1º). 
Em matéria de efeito devolutivo, portanto, urge fazer uma distinção entre a extensão e a profundidade da devolução: 
(a) A extensão é limitada pelo pedido do recorrente, visto que nenhum juiz ou órgão judicial pode prestar a tutela 
jurisdicional senão quando requerida pela parte (art. 2º); por isso, o art. 1.013 afirma que a apelação devolverá ao 
tribunal a “matéria impugnada”, o que quer dizer que, em seu julgamento, o acórdão deverá se limitar a acolher ou 
rejeitar o que lhe for requerido pelo apelante. 
(b) A profundidade abrange os antecedentes lógico-jurídicos da decisão impugnada, de maneira que, fixada a 
extensão do objeto do recurso pelo requerimento formulado pela parte apelante, todas as questões suscitadas no 
processo que podem interferir assim em seu acolhimento como em sua rejeição terão de ser levadas em conta pelo 
tribunal (art. 1.013, § 1º). Qualquer que seja o pedido do recorrente, terá sempre o tribunal possibilidade de examinar 
as questões pertinentes aos pressupostos processuais e às condições da ação, visto que são matérias de ordem pública 
condicionadoras da formação e desenvolvimento válidos do processo, bem como de qualquer provimento jurisdicional 
de mérito (motivo pelo qual são conhecíveis e solucionáveis a qualquer tempo e grau de jurisdição, a requerimento de 
parte ou de ofício) (art. 485, § 3º). Ainda, em matéria de profundidade do efeito devolutivo, o § 2º do art. 1.013 cuida 
do caso de multiplicidade de fundamentos para o pedido. O juiz acolheu apenas um e deu pela procedência da ação. 
Impugnada a sentença em apelação, o tribunal pode reconhecer a procedência do apelo quanto ao fundamento da 
sentença, mas deixar de dar-lhe provimento, porque a matéria não acolhida pelo juiz de primeiro grau se apresenta 
suficiente para assegurar a procedênciada ação. O § 3º do art. 1.013 permite que o tribunal, ao julgar o recurso de 
apelação, decida desde logo o mérito da causa, sem aguardar o pronunciamento do juízo de primeiro grau, quando: (i) 
reformar sentença que não tenha resolvido o mérito; (ii) decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente 
com os limites do pedido ou da causa de pedir; (iii) constatar a omissão no exame de um dos pedidos; e (iv) decretar a 
nulidade por falta de fundamentação. Técnica esta que se estendeu para o caso de o tribunal reformar a sentença que 
houver reconhecido a decadência ou a prescrição, quando for possível o exame das demais questões debatidas, sem 
retorno do processo ao juízo de primeiro grau (art. 1.013, § 4º). Quanto às questões de fato, a regra é que a apelação 
fica restrita às alegadas e provadas no processo antes da sentença. O recurso devolve o conhecimento da causa tal qual 
foi apreciada pelo juiz de primeiro grau. Pode, todavia, ter ocorrido impossibilidade de suscitação do fato pelo 
interessado, antes da sentença. Assim provada a ocorrência de força maior, poderá o apelante apresentar fato novo 
perante o tribunal (art. 1.014). Não cabe ao juiz a quo interferir na questão do fato novo, nem impedir a subida do 
recurso que nele se baseie. A questão será inteiramente apreciada e decidida pelo tribunal ad quem. 
II – Efeito suspensivo: A apelação normalmente suspende os efeitos da sentença, seja esta condenatória, declaratória 
ou constitutiva. Via de regra, a apelação tem o duplo efeito suspensivo e devolutivo. Há exceções, no entanto. O § 1º 
do art. 1.012 enumera seis casos em que o efeito de apelação é apenas devolutivo, de maneira que é possível a 
execução provisória enquanto estiver pendente o recurso. Nestes casos, demonstrando o apelante a probabilidade de 
provimento do recurso, evidenciada pela relevância de sua fundamentação, e havendo risco de dano grave ou de difícil 
reparação, pode o relator determinar a suspensão da eficácia da sentença (art. 1.012, § 4º). O pedido de suspensão terá 
de demonstrar: (i) a probabilidade de provimento do recurso (fumus boni iuris); e (ii) a ocorrência de risco de “dano 
grave ou de difícil reparação” (periculum in mora) (§ 4º). 
Nos casos em que a apelação não é recebida no efeito suspensivo, o apelado poderá promover o pedido de 
cumprimento provisório do julgado, logo após a publicação da sentença (art. 1.012, § 2º). 
 
3. A APELAÇÃO E AS NULIDADES SANÁVEIS DO PROCESSO 
Dispõe o § 1º do art. 938 que, “constatada a ocorrência de vício sanável, inclusive aquele que possa ser conhecido de 
ofício, o relator determinará a realização ou a renovação do ato processual, no próprio tribunal ou em primeiro grau 
de jurisdição, intimadas as partes”. E o § 2º determina que, cumprida a diligência, sempre que possível, o relator 
prosseguirá no julgamento do recurso. As nulidades sanáveis de que cogita o § 2º do art. 938 tanto podem ser 
suscitadas pela parte como conhecidas de ofício pelo tribunal. 
 
4. RECEBIMENTO DA APELAÇÃO 
4.1. Pelo juiz de primeiro grau: 
A petição da apelação é dirigida ao juiz prolator da sentença impugnada. 
O recebimento da apelação e a declaração de seus efeitos, portanto, são feitos única e exclusivamente pelo tribunal ad 
quem. 
Interposta a apelação, o juiz intimará o apelado para apresentar contrarrazões, no prazo de quinze dias (art. 1.010, § 
1º). Se o recorrido interpuser apelação adesiva, o apelante será intimado para apresentar resposta (art. 1.010, § 2º). 
Realizadas essas formalidades, o juiz remeterá os autos ao tribunal (§ 3º). 
4.2. Pelo tribunal ad quem: 
Recebido o recurso no tribunal, será ele imediatamente distribuído ao relator, que deverá: (i) pronunciar-se sobre sua 
admissibilidade, ou não, e seus efeitos (arts. 932, III, e 1.012, § 3º, II); (ii) decidi-lo monocraticamente, se for o caso; 
ou, (ii) elaborar seu voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado (art. 1.011). 
Da decisão do relator que admite ou não o recurso, ou que o julga monocraticamente, caberá agravo interno para o 
colegiado (art. 1.021). 
 
5. PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DA APELAÇÃO 
O prazo legal é de quinze dias, tanto para apelar como para contra-arrazoar a apelação (art. 1.003, § 5º, do NCPC). 
 
6. INTERPOSIÇÃO DE APELAÇÃO ANTES DO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
O NCPC afasta a necessidade de ratificação de qualquer recurso interposto antes da publicação do julgamento dos 
embargos, se eles forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior (art. 1.024, § 5º). Por outro 
lado, caso haja modificação da decisão recorrida, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão 
originária poderá complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de quinze dias (art. 
1.024, § 4º). 
 
7. JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA 
O tribunal ad quem, antes de apreciar a apelação, deverá decidir os agravos de instrumento porventura interpostos no 
mesmo processo (NCPC, art. 946). 
 
8. FLUXOGRAMA 
 
 
 
 
 
 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil –vol. III / 47. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. 
 
1. CONCEITO 
Agravo de instrumento é o recurso cabível contra algumas decisões interlocutórias (NCPC, art. 1.015, caput). 
 
2. CABIMENTO 
Segundo o art. 1.015 do NCPC, o agravo de instrumento será cabível apenas quando se voltar contra decisão que verse 
sobre: (a) tutelas provisórias (inciso I); (b) mérito do processo (inciso II); (c) rejeição da alegação de convenção de 
arbitragem (inciso III); (d) incidente de desconsideração da personalidade jurídica (inciso IV); (e) rejeição do pedido 
de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação (inciso V); (f) exibição ou posse de documento ou 
coisa (inciso VI); (g) exclusão de litisconsorte (inciso VII); (h) rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio 
(inciso VIII); (i) admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros (inciso IX); (j) concessão, modificação ou 
revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução (inciso X); (k) redistribuição do ônus da prova nos termos do 
art. 373, § 1º (inciso XI); (l) outros casos expressamente referidos em lei (inciso XIII). 
Admitem, ainda, agravo de instrumento as decisões proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento 
de sentença, no processo de execução e no processo de inventário (art. 1.015, parágrafo único). 
 
3. PRAZO DE INTERPOSIÇÃO 
O agravo de instrumento segue o prazo geral de quinze dias previsto para a generalidade dos recursos (NCPC, art. 
1.003, § 5º). 
A apuração de sua tempestividade far-se-á de maneira diversa, conforme a modalidade de interposição escolhida pela 
parte. Se for por protocolo integrado ou direto, a petição terá de ser ajuizada dentro dos quinze dias, apurados pela 
autenticação da entrada no serviço competente. Caso se utilize o serviço postal, o recurso será considerado interposto 
na data de sua postagem (art. 1.003, § 4º). Na hipótese de remessa eletrônica, a tempestividade será aferida pela data 
em que a petição for encaminhada por aquela via. 
 
4. FORMAÇÃO DO INSTRUMENTO DO AGRAVO 
4.1. Conteúdo e instrução do recurso 
Interposto agravo por instrumento, o recurso será processado fora dos autos da causa onde se deu a decisão 
impugnada. O instrumento será um processado à parte formado com as razões e contrarrazões dos litigantes e com as 
cópias das peças necessárias à compreensão e julgamento da impugnação. 
O recurso será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio de petição que deverá conter os seguintes 
requisitos (art. 1.016): (a) os nomes das partes (inciso I); (b) a exposição do fato e do direito (inciso II);(c) as razões 
do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido (inciso III); (d) o nome e endereço completo dos 
advogados constantes do processo. 
A petição de agravo será, conforme o art. 1.017,381 instruída da seguinte maneira: (a) peças obrigatórias: (i) cópias da 
petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da 
respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade, e das procurações outorgadas aos 
advogados das partes (inciso I). (ii) declaração de inexistência de qualquer desses documentos acima referidos, feita 
pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal (inciso II); (b) peças facultativas: quaisquer 
outras que o agravante reputar úteis para a melhor compreensão da questão discutida no agravo (inciso III). 
Havendo custas e despesas de porte de retorno, será obrigatória a instrução da petição de agravo, também, com o 
comprovante do respectivo preparo, conforme tabela publicada pelos tribunais (art. 1.017, § 1º). 
4.2. Meios para a interposição do agravo 
O recurso poderá ser interposto: (i) por protocolo realizado diretamente no tribunal competente para julgá-lo; (ii) por 
protocolo na própria comarca, seção ou subseção judiciárias (protocolo integrado); (iii) por postagem, sob registro, 
com aviso de recebi mento; (iv) por transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei; ou, (v) por outra forma 
prevista em lei, como, por exemplo, por meio eletrônico, quando se tratar de autos da espécie (art. 1.017, § 2º). 
Os documentos obrigatórios ao agravo somente deverão ser juntados nessa oportunidade, ou seja, no momento do 
protocolo da peça original (art. 1.017, § 4º). 
4.3. Vícios sanáveis ou ausência de peças obrigatórias no instrumento 
O art. 1.017, § 3º, determina que, antes de considerar inadmissível o recurso por ausência de peças obrigatórias ou por 
algum outro vício sanável, o relator intime o recorrente para que, em cinco dias: (i) complete a documentação, ainda 
que a falta seja de peça obrigatória, ou, (ii) corrija o defeito. 
 
5. EFEITOS DO AGRAVO DE INSTRUMENTO 
Trata-se de recurso que, normalmente, limita-se ao efeito devolutivo: “os recursos não impedem a eficácia da decisão, 
salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso” (art. 995). 
No entanto, o efeito suspensivo poderá, em determinados casos, ser concedido pelo relator. Dois são os requisitos da 
lei, a serem cumpridos cumulativamente, para a obtenção desse benefício: (i) a imediata produção de efeitos da 
decisão recorrida deverá gerar risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação; e (ii) a demonstração da 
probabilidade de provimento do recurso (arts. 995, parágrafo único, e 1.019, I). 
O relator poderá, ainda, deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal (art. 1.019, I). 
Para tanto, deverão estar presentes os mesmos requisitos para a concessão do efeito suspensivo, quais sejam, o fumus 
boni iuris e o periculum in mora. Se for deferido o efeito suspensivo ou concedida a antecipação de tutela, o relator 
ordenará a imediata comunicação ao juiz da causa, para que, de fato, se suste o cumprimento da decisão interlocutória 
(art. 1.019, I, in fine). 
 
6. PROCESSAMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO 
6.1. Juntada de cópia do agravo no juízo de primeiro grau 
O recorrente, após encaminhar o agravo diretamente ao tribunal, requererá, em três dias, a juntada, aos autos do 
processo, da cópia da petição recursal, com a relação dos documentos que a instruíram, e, ainda, o comprovante de sua 
interposição (art. 1.018, caput e § 2º). 
6.2. Atos do relator 
A distribuição do agravo, no tribunal, deve ocorrer como ato imediato ao protocolo ou ao recebimento do registrado 
postal. Efetuada a distribuição, os autos do agravo serão imediatamente conclusos ao relator sorteado. No despacho da 
petição poderá ocorrer (art. 1.019): 
(a) o não conhecimento do recurso, por ser ele: (i) inadmissível (v.g., fora do prazo legal; ou sem o comprovante 
do pagamento das custas, quando for o caso; ou, ainda, quando o ato impugnado não for agravável, como se dá com 
o despacho de expediente e a sentença; enfim, sempre que não se puder conhecer do agravo); (ii) prejudicado (o 
agravo perdeu o objeto, em situação como a de ter o juiz de origem retratado a decisão impugnada, ou por ter sido 
decidida questão prejudicial em outra sede, ou, ainda, por ter havido desistência do agravante); ou, (iii) não 
impugnar especificamente os fundamentos da decisão agravada (art. 932, III). 
(b) o improvimento do recurso, se: (i) for ele contrário a súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal; (ii) for 
ele contrário a acórdão proferido pelo STF ou STJ em julgamento de recursos repetitivos; ou, (iii) se contrariar 
entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência (art. 932, 
IV). 
(c) o deferimento do processamento do agravo, caso em que, em cinco dias, o relator deverá: (i) ordenar a 
intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento, quando não tiver procurador constituído, 
ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no 
prazo de quinze dias, facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do recurso (art. 
1.019, II); (ii) determinar a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio eletrônico, quando for o 
caso de sua intervenção, para que se manifeste em quinze dias (art. 1.019, III). 
Havendo requerimento de efeito suspensivo, formulado pelo agravante, será, também, na fase de despacho da petição 
de agravo que o relator o apreciará (art. 1.019, I). O relator suspenderá a decisão impugnada, quando cabível a 
providência, até o pronunciamento do colegiado sobre o agravo. 
Cabe também ao relator, segundo a regra geral do art. 932, V, dar provimento ao agravo, em decisão singular, quando 
a decisão recorrida: (i) for contrária a súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal; (ii) for contrária a acórdão 
proferido pelo STF ou STJ em julgamento de recursos repetitivos; ou, (iii) se contrariar entendimento firmado em 
incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência. Em tal hipótese, porém, haverá de ser 
resguardado o contraditório, mediante prévia intimação do agravado para responder ao recurso. 
 
7. JUÍZO DE RETRATAÇÃO DO MAGISTRADO A QUO 
Desde que o agravante, nos três dias subsequentes à remessa direta ao tribunal, junte ao processo a cópia do agravo, 
está o juiz autorizado a rever o ato impugnado, independentemente de ficar aguardando a resposta do agravado, 
mesmo porque esta não lhe será endereçada, mas sim ao tribunal. 
Convencido do equívoco cometido, o juiz poderá emendá-lo desde logo, comunicando a retratação ao tribunal. Nessa 
hipótese, o relator considerará prejudicado o recurso (art. 1.018, § 1º). 
 
8. JULGAMENTO DO RECURSO PELO COLEGIADO 
8.1. Prazo para julgamento 
O art. 1.020 fixou em um mês, contado da intimação do agravado, o prazo máximo para ser pedido pelo relator “dia 
para julgamento” (i.e., a inclusão do feito em pauta). 
8.2. Intervenção do Ministério Público 
O Ministério Público, quando o agravo disser respeito a processo onde deva dar-se sua intervenção, terá o prazo de 
quinze dias para pronunciar-se (art. 1.019, III). 
8.3. Sustentação oral 
Na sessão de julgamento, os advogados e o membro do Ministério Público, nos casos de sua intervenção, poderão nos 
casos previstos em lei ou no regimento interno do tribunal, fazer sustentação oral de suas razões, pelo prazo 
improrrogável de quinze minutos cada, depois da exposição da causa pelo relator (art. 937).8.4. Encerramento do feito 
Como se trata de feito processado originariamente no tribunal, caberá a seu regimento determinar o destino dos autos 
do agravo de instrumento, i.e., se permanecerão em seus arquivos ou se serão encaminhados ao juízo de primeiro grau 
para apensamento aos autos principais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
9. FLUXOGRAMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRAVO INTERNO 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil –vol. III / 47. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. 
 
1. CONCEITO 
Nos termos do art. 1.021, caput, “contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão 
colegiado”. 
O agravo interno preserva o princípio da colegialidade, garantindo que decisões singulares sejam revistas pelo órgão 
colegiado a quem toca o recurso. 
 
2. PROCEDIMENTO 
Esse recurso é disciplinado pelo art. 1.021 do NCPC, mas o seu processamento será regulado pelos regimentos 
internos dos tribunais, como determinado pela parte final do caput do referido dispositivo. 
Em linhas gerais, o procedimento básico do agravo interno: 
(a) Ao interpor o recurso, o recorrente deverá impugnar, especificadamente, os fundamentos da decisão agravada 
(art. 1.021, § 1º). Não se admite, destarte, impugnações genéricas, que dificultem a defesa ou a decisão pelo 
tribunal; 
(b) O agravo será dirigido ao relator que, tão logo receba a petição, intimará o agravado para manifestar-se no 
prazo de quinze dias, a fim de cumprir o contraditório (art. 1.021, § 2º); 
(c) Após a resposta do recorrido, ao relator é dado retratar-se. Não havendo retratação, o relator levá-lo-á a 
julgamento pelo órgão colegiado, incluindo o recurso em pauta (art. 1.021, § 2º, in fine); 
(d) O julgamento do agravo interno, pelo colegiado, dependerá da prévia inclusão do recurso em pauta (art. 934 c/c 
art. 1.021, § 2º), com intimação das partes na pessoa de seus advogados, por meio do Diário da Justiça, observada a 
antecedência mínima de cinco dias úteis (art. 212 c/c art. 935); 
(e) Tratando-se de recurso contra decisão do relator, o agravo interno não pode ser julgado, no mérito, pelo seu 
próprio prolator. Aliás, o § 2º do art. 1.021 deixa claro que, não sendo o caso de retratação, “o relator levá-lo-á a 
julgamento pelo órgão colegiado”. 
(f) Quando, em votação unânime, o órgão colegiado declarar o agravo interno manifestamente inadmissível ou 
improcedente, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor 
atualizado da causa. A decisão deverá ser fundamentada (art. 1.021, § 4º); 
(g) Fixada a multa, a interposição pela parte de qualquer outro recurso estará condicionada ao depósito prévio do 
valor estipulado pelo órgão colegiado. Entretanto, estão dispensados do pagamento prévio a Fazenda Pública e o 
beneficiário de gratuidade da justiça, cujo pagamento será feito somente ao final (art. 1.021, § 5º). 
 
3. EFEITOS DO AGRAVO INTERNO 
A regra geral é de que, salvo a apelação, os recursos não tenham efeito suspensivo, permitindo, pois, a imediata 
execução do decisório impugnado (NCPC, art. 995, caput). 
Se o recurso julgado pelo relator já detinha efeito suspensivo da eficácia da decisão recorrida, o agravo apenas 
prolongará esse efeito na sua pendência; diversamente, se não detinha esse efeito, não será o agravo interno que o 
conferirá. 
 
 
4. FUNGIBILIDADE 
Especificamente entre os embargos de declaração e o agravo interno (art. 1.024, § 3º). Assim, caso o órgão julgador 
entenda que os embargos de declaração opostos pela parte não são o meio impugnativo adequado, poderá conhecê-los 
como agravo interno. Nesse caso, deverá determinar previamente a intimação do recorrente para que, no prazo de 
cinco dias, complemente as razões recursais, a fim de que adequá-las ao art. 1.021, § 1º, ou seja, para que impugne 
especificadamente os argumentos da decisão recorrida. 
A nova regra processual teve duplo propósito de combater: (i) a chamada jurisprudência defensiva que, no caso, 
considerava inadmissível embargos declaratórios contra decisões singulares do relator; e (ii) a má aplicação do 
princípio da fungibilidade, conhecendo, na espécie, os embargos declaratórios como agravo regimental, de imediato. 
 
5. FLUXOGRAMA 
 
 
 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil –vol. III / 47. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. 
 
1. CONCEITO E CABIMENTO 
Dá-se o nome de embargos de declaração ao recurso destinado a pedir ao juiz ou tribunal prolator da decisão que 
afaste obscuridade, supra omissão, elimine contradição existente no julgado ou corrija erro material. 
Qualquer decisão judicial comporta embargos declaratórios. São cabíveis ditos embargos até mesmo da decisão que 
tenha solucionado anteriores embargos declaratórios. 
Releva destacar que se trata de recurso com fundamentação vinculada, vale dizer, somente pode ser oposto nas 
hipóteses restritas previstas em lei. Se a decisão embargada não contiver os vícios elencados no art. 1.022, a parte 
haverá de interpor outro recurso, mas, não, os embargos de declaração. 
 
2. PRESSUPOSTOS DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
O pressuposto de admissibilidade dessa espécie de recurso é a existência de obscuridade ou contradição na decisão; de 
omissão de algum ponto sobre que devia pronunciar-se o juiz ou tribunal, ou erro material (NCPC, art. 1.022, I, II e 
III). 
Se o caso é de omissão, o julgamento dos embargos supri-la-á, decidindo a questão que, por lapso, escapou à decisão 
embargada. No caso de obscuridade ou contradição, o decisório será expungido, eliminando-se o defeito nele 
detectado. Tratando-se de erro material, o juiz irá corrigi-lo. 
Em qualquer caso, a substância do julgado será mantida, visto que os embargos de declaração não visam à reforma do 
acórdão, ou da sentença. As eventuais novidades introduzidas no decisório primitivo não podem ir além do 
estritamente necessário à eliminação da obscuridade ou contradição, ao suprimento da omissão ou à correção do erro 
material. 
 
3. PROCEDIMENTO 
3.1. Proposição dos embargos 
Os embargos de declaração devem ser propostos no prazo de cinco dias, tanto no caso de decisão de primeiro grau, 
como de tribunal. Contar-se-á em dobro se houver litisconsortes, com diferentes advogados. 
A petição do embargante será endereçada ao juiz ou ao relator, com precisa indicação do erro, obscuridade, 
contradição ou omissão (art. 1.023 caput). Que justifique a pretendida declaração. Não há preparo. 
3.2. Julgamento 
Em regra, sem audiência da parte contrária, o juiz decidirá o recurso em cinco dias. 
Nos tribunais, o julgamento caberá ao mesmo órgão que proferiu o acórdão embargado. Para tanto, o relator 
apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente, proferindo seu voto. Se não houver julgamento nessa sessão, 
o recurso será incluído em pauta automaticamente (art. 1.024, § 1º). Se o recurso for oposto contra decisão singular do 
relator ou outra unipessoal proferida em tribunal, o prolator da decisão embargada decidi-lo-á monocraticamente (art. 
1.024, § 2º). 
 
 
3.3. Contraditório 
Em regra, não há contraditório após a interposição do recurso, pois os embargos de declaração não se destinam a um 
novo julgamento da causa, mas apenas ao aperfeiçoamento do decisório já proferido. 
Havendo, porém, casos em que o suprimento de lacuna ou a eliminação do erro ou da contradição possa implicar 
modificação da decisão embargada, deverá o juiz intimar o embargado para, querendo, manifestar-se no prazo de cinco 
dias (art. 1.023, § 2º). 
 
4. PREQUESTIONAMENTO 
art. 1.025: “consideram-se incluídos no acórdão os elementos que oembargante suscitou, para fins de pré-
questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior 
considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade”. 
Com essa inovação, desde que se considere realmente ocorrente no acórdão embargado, erro, omissão, contradição ou 
obscuridade, considerar-se-ão prequestionados os elementos apontados pelo embargante, ainda que o Tribunal de 
origem não admita os embargos. Vale dizer, o Tribunal Superior deverá considerar “incluídos no acórdão os elementos 
que o recorrente afirma deverem constar, se os embargos de declaração tiverem sido indevidamente inadmitidos”. 
 
5. EFEITO INTERRUPTIVO 
art. 1.026: “os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de 
recurso”. 
Após o julgamento dos declaratórios, portanto, recomeça-se a contagem por inteiro do prazo para interposição do 
outro recurso cabível na espécie contra a decisão embargada. 
 
6. RECURSO INTERPOSTO ANTES DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
Que ocorre se uma parte já havia interposto o recurso principal, quando a outra lançou mão dos embargos de 
declaração? Duas são as situações a considerar: (i) o objeto dos embargos não interfere no do recurso principal, de 
maneira que o julgamento daqueles nada alterou quanto à matéria impugnada no último; (ii) o objeto dos embargos 
incide sobre questões enfocadas no recurso principal. No primeiro caso, não haverá necessidade de ser renovado ou 
ratificado o recurso anteriormente interposto; no segundo, todavia, a reiteração se faz necessária, porque, uma vez 
julgados e acolhidos os embargos, a decisão recorrida já não será a mesma que o recurso principal antes atacara. 
Mesmo que haja modificação da decisão originária, ter-se-á de abrir, obrigatoriamente, prazo de quinze dias para que o 
recorrente possa alterar suas razões, compatibilizando-as com o teor do último julgado (NCPC, art. 1.024, § 4º). Por 
outro lado, o novo Código é também expresso na previsão de que, independentemente de ratificação, o primitivo 
recurso será normalmente conhecido e julgado, “se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a 
conclusão do julgamento anterior” (art. 1.024, § 5º). 
 
7. EFEITO SUSPENSIVO ESPECIAL 
Ao tratar especificamente dos embargos de declaração, a lei nova dispôs que eles “não possuem efeito suspensivo” 
(art. 1.026, caput, primeira parte). 
Com a nova disciplina, a oposição de embargos não impede a interposição do recurso principal. Todavia, o 
conhecimento e o processamento deste último se darão apenas depois de julgados os embargos, criando-se assim um 
intervalo suspensivo no tocante ao recurso principal apenas, já que se estabelece uma relação de condicionamento ou 
de prejudicialidade lógica entre os dois recursos manejáveis contra a mesma decisão. 
É nulo, portanto, o julgamento do recurso principal antes de decididos os embargos de declaração. Isto porque é 
vedada a prática de atos processuais enquanto suspenso o processo. O ato atingido pelos embargos fica com o seu teor 
condicionado ao resultado dos declaratórios. 
Julgar o recurso principal antes dos embargos declaratórios importa julgar algo sem objeto definido, ou seja, julgar 
algo que pode ser ou não ser aquilo que se ataca pela via recursal. Enquanto não se resolvem os embargos, não se tem 
o que rejulgar em segundo grau. 
 
8. POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO 
Muito embora os embargos de declaração não tenham, em regra, efeito suspensivo, – permitindo por isso o imediato 
cumprimento da decisão embargada –, o § 1º do art. 1.026 autoriza, em caráter excepcional, a suspensão da eficácia da 
referida decisão em duas hipóteses: 
(a) quando demonstrada a probabilidade de provimento dos embargos ou, 
(b) quando relevante a fundamentação dos embargos, houver risco de dano grave ou de difícil reparação,486 que 
naturalmente não possa aguardar o julgamento do recurso. 
Naturalmente, nunca se haverá de conceder efeito suspensivo quando os embargos tiverem sido manifestados fora das 
hipóteses do art. 1.022 e com evidente intenção procrastinatória. É bom lembrar que em certos casos, a intensa má-fé 
do recorrente torna inútil a multa do art. 1.026, §§ 2º e 3º; e autorizada se torna, segundo o STF e o STJ, a recusa até 
mesmo do efeito interruptivo dos declaratórios. 
 
9. EFEITO INTEGRATIVO 
O julgamento dos embargos de declaração não gozam de autonomia em face da decisão embargada. O seu papel é de 
complementá-la ou aperfeiçoá-la, tornando-se parte integrante dela. Fala-se, a propósito, no efeito integrativo 
ostentado por esta particular modalidade recursal. 
Isso quer dizer que não se pode recorrer separadamente da decisão embargada e da decisão dos embargos. Uma vez 
julgados os embargos, somente existe uma decisão recorrível: aquela resultante do somatório dos dois decisórios. 
 
10. EMBARGOS MANIFESTAMENTE PROTELATÓRIOS 
10.1. Sanções aplicáveis aos embargos protelatórios 
Os embargos de declaração terão sempre efeito de impedir o fluxo do prazo de outros recursos. Mas, quando o 
embargante utilizar o recurso como medida manifestamente protelatória, o juiz ou o tribunal, reconhecendo a ilicitude 
da conduta, condenará o embargante a pagar ao embargado multa, que não poderá exceder de dois por cento sobre o 
valor atualizado da causa (NCPC, art. 1.026, § 2º). No caso, porém, de reiteração dos embargos protelatórios, a multa 
será elevada a até dez por cento do valor atualizado da causa, e, além disso, o embargante temerário, para interpor 
qualquer outro recurso, ficará sujeito ao depósito do valor da multa (NCPC, art. 1.026, § 3º). Só estão liberados do 
depósito prévio a Fazenda Pública e o beneficiário de gratuidade da justiça, que recolherão a multa ao final. 
10.2. Embargos de prequestionamento para recursos especial e extraordinário 
Não devem ser qualificados como protelatórios, segundo a jurisprudência, os embargos manifestados com o propósito 
de atender à exigência de prequestionamento para recurso especial ou extraordinário. Também, salvo o caso de 
evidente má-fé, não se pode considerar “pedido de reconsideração” sem força interruptiva do prazo de recurso, aquele 
formulado por meio de embargos de declaração para obter o referido prequestionamento (aplicação da Súmula nº 98 
do STJ). 
10.3. Aplicação da penalidade aos embargos protelatórios 
A aplicação da penalidade em análise deve se fazer ex officio pelo tribunal ou pelo juiz. Se houver omissão a respeito 
da pena, o embargado poderá lançar mão de novos embargos declaratórios para compelir o órgão judicial a suprir a 
falta. Em qualquer caso a decisão sancionatória deverá ser devidamente fundamentada, como ressalta o § 2º do art. 
1.026 do NCPC. 
Por fim, dispôs a nova legislação não serem admitidos novos embargos de declaração se os dois anteriores tiverem 
sido considerados protelatórios (art. 1.026, § 4º). O consectário desse preceito é que os novos embargos abusivamente 
manejados não terão força de impedir o trânsito em julgado da decisão indevidamente recorrida. 
 
 
 
 
11. FLUXOGRAMA 
11.1 Embargos de declaração no primeiro grau de jurisdição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11.2. Embargos de declaração a julgados de tribunal 
 
 
 
 
RECURSO ORDINÁRIO 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil –vol. III / 47. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. 
 
RECURSO ORDINÁRIO PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
1. CABIMENTO 
As ações de mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção, quando julgadas em única instância pelos 
Tribunais Superiores (STJ, TST, STM e TSE), desafiam, normalmente, recurso extraordináriopara o Supremo 
Tribunal Federal, se atendidos os requisitos do art. 102, III, da Constituição Federal. Se, porém, forem denegadas, 
haverá possibilidade de recurso ordinário para a Suprema Corte (Constituição Federal, art. 102, II, e Lei nº 
12.016/2009, art. 18). 
Só as decisões coletivas dos Tribunais, e não as singulares de Relatores e Presidentes, desafiam recurso ordinário. 
Por outro lado, não interessa a natureza da questão jurídica enfrentada no acórdão, se constitucional ou se 
infraconstitucional. Se se trata de decisão enquadrada no art. 102, II, da Carta Magna, o caso é de recurso ordinário. 
 
2. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE 
Para o recurso ordinário, os requisitos de admissibilidade são os comuns a qualquer recurso e não aqueles especiais 
exigidos para o recurso extraordinário. Assim, ao autor, repelido em sua pretensão, bastará apoiar-se na sucumbência 
para demonstrar seu interesse de recorrer e sua legitimidade para tanto. 
 
3. INTERPOSIÇÃO 
O recurso ordinário deve ser interposto perante o juízo a quo. 
Não haverá análise de admissibilidade pelo juízo a quo (art. 1.028, § 3º, in fine c/c art. 1.010, §3º, in fine). 
Instauração de contraditório. 
Remessa ao juízo ad quem. 
Ao receber o recurso, o presidente ou vice-presidente intimará o recorrido para que, em quinze dias, apresente suas 
contrarrazões (NCPC, art. 1.028, § 2º). 
Findo o prazo de contrarrazões, os autos serão remetidos ao STF, “independentemente de juízo de admissibilidade” 
(art. 1.028, § 3º). 
Distribuído o recurso, poderá o Relator, nos termos do art. 932, III, IV e V (RISTF, art. 21, XX, § 1º), não conhecer 
dele, negar-lhe ou dar-lhe provimento, em decisão monocrática, da qual caberá agravo interno para o Colegiado 
(NCPC, art. 1.021). 
 
4. JULGAMENTO DO MÉRITO 
Uma vez que o recurso ordinário se assemelha à apelação, o NCPC autoriza, expressamente, que o STF decida, desde 
logo, o mérito do recurso (art. 1.013, § 3º), ainda quando a extinção do processo tenha ocorrido sem resolução do 
mérito, sempre que a ação estiver em condições de imediato julgamento (art. 1.027, § 2º). 
 
5. CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO 
O recurso ordinário, como os recursos em geral, não possui efeito suspensivo. Entretanto, o recorrente poderá pedir a 
suspensão dos efeitos da decisão impugnada com base no art. 1.027, § 2º c/c o art. 1.029, § 5º. 
RECURSO ORDINÁRIO PARA O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
 
1. CABIMENTO 
O art. 1.027, II, “a” e “b”, do NCPC repetiu as hipóteses de cabimento do recurso ordinário para o STJ constantes na 
Constituição Federal. Convém ressaltar que somente as decisões coletivas dos Tribunais, e não as singulares de 
Relatores e Presidentes, desafiam recurso ordinário. 
 
2. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE 
Os recursos ordinários interpostos nos processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo 
internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País, processam-se segundo o rito comum 
de apelação e de agravo de instrumento (quando a decisão for daquelas elencadas no art. 1.015), inclusive no que diz 
respeito aos requisitos de admissibilidade, aplicando-se as disposições do NCPC relativas àqueles recursos e do 
Regimento interno do STJ, conforme determina o art. 1.028, caput e § 1º, do NCPC. 
 
3. INTERPOSIÇÃO 
O recurso ordinário contra decisão proferida, em instância única, por tribunal de segundo grau, em mandado de 
segurança, deve ser interposto perante o tribunal de origem. Ao receber o recurso, o presidente ou vice-presidente 
intimará o recorrido para que, em quinze dias, apresente suas contrarrazões (art. 1.028, § 2º). O contraditório, destarte, 
será realizado no órgão ad quem. 
Findo o prazo de contrarrazões, os autos serão remetidos ao STJ, “independentemente de juízo de admissibilidade” 
(art. 1.028, § 3º). 
 
4. RECURSO ADESIVO 
Nos casos de sucumbência recíproca prevê a lei a possibilidade de uma das partes aderir ao recurso da outra, no prazo 
de contrarrazões (NCPC, art. 997, § 2º I), em se tratando apenas de apelação, recurso extraordinário e recurso especial 
(art. 997, § 2º, II). Diante de tal limitação, admissível é o adesivo ao recurso ordinário interposto nas causas em que 
figurem como partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, uma vez que a esse recurso se aplica toda a 
sistemática da apelação (art. 1.028, caput). 
 
5. JULGAMENTO DO MÉRITO 
Ao relator, além do juízo sobre o cabimento do recurso ordinário, cabe julgá-lo pelo mérito, nos casos do art. 932, IV e 
V, do NCPC, e art. 34, XVIII, do RISTJ. Dessa decisão monocrática, caberá agravo interno (art. 1.021, caput). 
Não tendo sido inadmitido nem resolvido pelo mérito preliminarmente, o relator, ouvido o Ministério Público, pedirá 
dia para o julgamento do colegiado (RISTJ, arts. 250 e 254). 
Uma vez que o recurso ordinário, em essência, se assemelha à apelação, fica o STJ, no julgamento colegiado, 
autorizado a decidir, desde logo, o mérito da causa (art. 1.013, § 3º), ainda quando a decisão recorrida tenha decretado 
a extinção do processo sem resolução do mérito, sempre que a ação estiver madura, ou seja, em condições de imediato 
julgamento (art. 1.027, § 2º). 
 
6. CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO 
O recurso ordinário, como os recursos em geral, não possui efeito suspensivo. Entretanto, o recorrente poderá pedir a 
suspensão dos efeitos da decisão impugnada, endereçando-se: (i) diretamente ao STJ, no período compreendido entre a 
interposição do recurso e sua distribuição; ou (ii) ao relator, no STJ, se já distribuído o recurso (art. 1.027, § 2º). 
 
FLUXOGRAMA - Recurso ordinário para o STF e para o STJ 
 
 
 
 
 
 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil –vol. III / 47. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. 
 
1. CABIMENTO 
O cabimento do recurso está previsto no art. 102, III, “a”, “b”, “c” e “d”, da Constituição da República, que o admite 
nas causas julgadas por outros órgãos judiciais, em única ou última instância, quando a decisão recorrida: 
(a) contrariar dispositivo da Constituição Federal; 
(b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; 
(c) julgar válida lei ou ato do governo local contestado em face da Constituição; 
(d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. 
 
2. PRESSUPOSTOS DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
A admissibilidade do recurso extraordinário pressupõe: 
(a) O julgamento da causa, em última ou única instância, entendida como causa tanto a que envolve decisão final 
de mérito, como a questão resolvida em decisão interlocutória. 
(b) A existência de questão federal constitucional, i.e., uma controvérsia em torno da aplicação da Constituição da 
República. A questão federal, para justificar o cabimento do recurso extraordinário, não exige prévia suscitação 
pela parte, mas deve já figurar no decisório recorrido; i.e., deve ter sido anteriormente enfrentada pelo tribunal a 
quo. Nesse sentido, fala-se em prequestionamento como requisito de admissibilidade do extraordinário. 
(c) A demonstração da repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso. 
(d) A observância do prazo legal de interposição do recurso extraordinário, que é de quinze dias, a contar da 
intimação do julgamento impugnado (NCPC, art. 1.003, caput e § 5º). 
(e) A existência do prequestionamento. Quanto à questão constitucional não pode ela ser suscitada originariamente 
no próprio recurso extraordinário. O apelo extremo só será admissível se o tema nele versado tiver sido objeto de 
debate e apreciação na instância originária. 
 
3. REPERCUSSÃO GERAL DAS QUESTÕES CONSTITUCIONAIS DEBATIDAS NO RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO 
Porforça do § 3º do art. 102, da CF/88, caberá à parte fazer, em seu recurso, a demonstração da “repercussão geral das 
questões constitucionais discutidas no caso”. À luz desse dado, o STF poderá, por voto de dois terços de seus 
membros, “recusar” o recurso. Ou seja: está o Tribunal autorizado a não conhecer do recurso extraordinário se, 
preliminarmente, entender que não restou demonstrada a “repercussão geral” das questões sobre que versa o apelo 
extremo. 
A regulamentação do dispositivo constitucional encontra-se no art. 1.035, do NCPC e seus parágrafos, onde foram 
traçadas regras de definição do que se deva entender por repercussão geral das questões constitucionais debatidas no 
processo; e instituíram-se regras simplificadoras da tramitação de outros extraordinários pendentes com veiculação de 
igual controvérsia. 
É de se ressaltar que o controle de admissibilidade criado pelo novo § 3º do art. 102 da Constituição é específico do 
recurso extraordinário. 
A apreciação da ocorrência (ou não) de repercussão geral é exclusiva do STF (art. 1.035, § 2º). A competência é do 
Pleno, por decisão de pelo menos oito de seus onze Ministros (art. 102, § 3º, da CF). Essa decisão é irrecorrível 
(NCPC, art. 1.035, caput). Não obstante, é inequívoca a possibilidade de oposição de embargos de declaração, se 
presentes os requisitos legais dessa modalidade recursal, porque incide na espécie, a norma do art. 93, IX, da 
Constituição, que obriga a fundamentação adequada das decisões judiciais. 
3.1 Conceituação legal de decisão que oferece repercussão geral 
Para justificar o recurso extraordinário, não basta ter havido discussão constitucional no julgado recorrido. O STF não 
conhecerá do recurso “quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral” (NCPC, art. 1.035, 
caput). 
Por repercussão geral, a lei entende aquela que se origina de questões “que ultrapassem os interesses subjetivos do 
processo”, por envolver controvérsias que vão além do direito individual ou pessoal das partes. É preciso que, 
objetivamente, as questões repercutam fora do processo e se mostrem “relevantes do ponto de vista econômico, 
político, social ou jurídico” (art. 1.035, § 1º). Para que o extraordinário, portanto, tenha acesso ao STF, incumbe ao 
recorrente demonstrar, em preliminar do recurso, a existência da repercussão geral (art. 1.035, § 2º). 
A arguição pela parte é pressuposto processual, de maneira que, não cumprido, o recurso será fatalmente não 
conhecido. 
Há na lei a previsão de alguns casos em que a repercussão geral é categoricamente assentada. São eles: decisão 
recorrida que: (i) contraria súmula ou jurisprudência dominante do STF, (ii) tenha sido proferida em julgamento de 
casos repetitivos; ou, (iii) tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 
da Constituição Federal (art. 1.035, § 3º). 
Por fim, presume-se haver repercussão geral se o recurso impugnar acórdão que tenha reconhecido a 
inconstitucionalidade de tratado ou lei federal, proferida pelo voto da maioria absoluta dos membros do Pleno ou do 
órgão especial de Tribunal de segundo grau (art. 97 da CF). 
 
4. PROCEDIMENTO NO STF 
Ao Plenário compete declarar a ausência de repercussão geral, por voto de dois terços de seus membros (CF, art. 102, 
§ 3º). Pelo menos oito dos onze ministros do STF devem negar a repercussão, para que o recurso extraordinário não 
seja admitido. 
Negada a repercussão geral, a decisão do Pleno valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica, ainda pendentes 
de apreciação. O presidente ou vice-presidente do tribunal de origem negará seguimento a todos os recursos 
sobrestados na origem que versem sobre matéria idêntica (art. 1.035, § 8º). 
 
5. REFLEXOS DA DECISÃO ACERCA DA REPERCUSSÃO GERAL 
I – Sobre processos em curso em grau inferior de jurisdição: “Reconhecida a repercussão geral, o relator no 
Supremo Tribunal Federal determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou 
coletivos, que versem sobre a questão e tramitem em território nacional” (NCPC, art. 1.035, § 5º). 
II – Sobre outros recursos extraordinários em curso: Reconhecida a repercussão geral em um recurso 
extraordinário, havendo no STF outros que versem sobre questão igual, observar-se-á a sistemática do julgamento dos 
recursos repetitivos (NCPC, arts. 1.036 e ss.). 
Duas situações distintas podem ocorrer no pronunciamento do STF: (i) pode ser negada a repercussão geral; ou (ii) 
pode ela ser reconhecida. Na primeira, o extraordinário não será apreciado pelo STF (NCPC, art. 1.035, caput); e, na 
segunda, será julgado pelo mérito, por aquela Corte Superior (art. 1.035, § 9º). Acontecerão, nesse último caso, duas 
decisões, em acórdãos distintos, uma sobre a admissibilidade do recurso extraordinário e outra sobre sua procedência 
ou não. 
Ocorrendo a negativa de repercussão geral, pelo STF, todos os recursos sobrestados na origem “serão considerados 
automaticamente inadmitidos” (art. 1.039, parágrafo único). 
Se o STF julgou o mérito do extraordinário, poderão surgir nos tribunais de origem, duas situações: os acórdãos 
recorridos retidos poderão estar em conformidade ou desconformidade com a tese firmada pela Suprema Corte. Caberá 
às instâncias locais, uma das seguintes decisões: 
(a) se o julgado recorrido estiver conforme ao que decidiu o STF, o recurso extraordinário suspenso no tribunal de 
origem, terá seu seguimento negado pelo presidente ou vice-presidente daquele tribunal (NCPC, art. 1.040, I); 
(b) se estiver em desacordo, os autos retornarão ao órgão do tribunal local que proferiu o acórdão recorrido, para 
juízo de reexame daquilo que tiver sido decidido no processo de competência originária, na remessa necessária, ou 
no recurso anteriormente julgado (art. 1.040, II). 
III – Desistência do recurso após reconhecimento da repercussão geral: art. 998, segundo o qual o fato de o 
processo estar inserido na cadeia de recursos repetitivos, por si só, não priva a parte do direito de desistir de seu apelo, 
direito esse amplamente assegurado pelo caput do dispositivo. Sua deliberação, todavia, não impedirá o STF de 
prosseguir na apreciação da tese de direito envolvida na arguição de repercussão geral. Na dinâmica dos recursos 
repetitivos e daqueles que contêm repercussão geral, o julgamento do objeto do extraordinário ultrapassa o interesse 
do recorrente, como se vê do disposto no § 1º do art. 1.035. De forma clara, o parágrafo único do art. 998, ao assegurar 
que a questão, cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida, será examinada pelo STF, sem embargo de ter a parte 
desistido de seu recurso. 
 
6. PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS APÓS O RECONHECIMENTO DA REPERCUSSÃO 
GERAL 
I – Sobrestamento dos processos que versem sobre a mesma questão: reconhecida a repercussão geral, o relator no 
STF determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem 
sobre a questão e tramitem no território nacional (NCPC, art. 1.035, § 5º). 
II – Recurso contra decisão de sobrestamento: À falta de recurso próprio a ser endereçado ao STF, o caso será de 
adotar-se o agravo interno, previsto no art. 1.021 do NCPC. 
III – Julgamento do recurso extraordinário cuja repercussão geral foi reconhecida: Para impedir a eternização 
dos processos paralisados (art. 1.035, § 5º), o NCPC prevê o prazo máximo de um ano para que o STF julgue o 
recurso, cuja repercussão geral tiver sido reconhecida (art. 1.035, § 9º). 
 
7. EFEITOS DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
A interposição e o recebimento do recurso extraordinário geram efeitos de natureza apenas devolutiva, limitados à 
“questão federal” controvertida. Não fica a Suprema Corte investida de cogniçãoquanto à matéria de fato, nem quanto 
a outras questões de direito não abrangidas pela impugnação do recorrente e pelos limites fixados pela Constituição 
para o âmbito do recurso. 
Por não apresentar eficácia suspensiva, o recurso extraordinário não impede a execução do acórdão recorrido (NCPC, 
art. 995). Nesse caso, a execução será provisória. 
 
8. PROCESSAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
I – Interposição 
A parte vencida terá o prazo de quinze dias para interpor o recurso extraordinário (NCPC, art. 1.003, § 5º), perante o 
presidente ou vice-presidente do tribunal onde se pronunciou o acórdão recorrido (art. 1.029). 
II – Contraditório 
Recebida a petição do recurso, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de quinze dias (art. 
1.030, caput). 
III – Juízo de admissibilidade 
Após a manifestação do recorrido o presidente ou vice-presidente do tribunal realizaria o juízo de admissibilidade, 
admitindo ou não o recurso. 
Duplo controle de admissibilidade do recurso extraordinário (art. 1.030): um no Tribunal de origem e outro no 
Supremo Tribunal Federal, sendo que o primeiro não vincula o Tribunal ad quem, ao qual é possível reapreciar toda a 
matéria de cabimento do recurso, seja para confirmá-lo, seja para reformá-lo. 
 
9. O PREPARO DOS RECURSOS PARA O STF E PARA O STJ 
Os recursos para o Supremo Tribunal Federal, inclusive o extraordinário, sempre se sujeitaram a preparo, que 
compreende o pagamento de custas e despesas de remessa e retorno. 
Tanto na esfera do STF como na do STJ, excluem-se da obrigatoriedade do preparo os recursos que, por expressa 
disposição de lei, sejam isentos desses gastos, ou de antecipação de despesas processuais. 
 
10. JULGAMENTO DO RECURSO E JULGAMENTO DA CAUSA 
O recurso extraordinário (e também o especial) destina-se tanto a invalidar julgamento impugnado como, se 
necessário, a rejulgar a causa. Vale dizer: entre nós, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça têm 
poder tanto de cassação como de revisão do julgamento da causa. 
art. 1.034, que “admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial o Supremo Tribunal Federal ou o Superior 
Tribunal de Justiça julgará o processo, aplicando o direito”. 
No novo julgamento da causa, o STF e o STJ, naturalmente, terão de examinar o fato em que se achava apoiada a 
decisão cassada. Isto, porém, não quer dizer que possa reavaliar os fatos para formar nova e diversa convicção sobre a 
respectiva veracidade. Os fatos que são levados em conta são exatamente aqueles fixados pelo tribunal de origem. O 
novo exame se limita a verificar qual foi a versão fática assentada no julgado originário para sobre ela fazer incidir a 
tese de direito considerada correta, em lugar da tese incorreta aplicada pelo tribunal inferior. É soberana a decisão 
local sobre a questão fática, de sorte que, de acordo com o STF, se apresenta inadmissível o reexame de provas e fatos 
em sede de recurso extraordinário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECURSO ESPECIAL 
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil – Volume único – 8. ed. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2016. 
 
1. HIPÓTESES DE CABIMENTO 
para que possa ser julgado no mérito, o recurso especial deve preencher também os pressupostos previstos no art. 105, 
III, da CF. Esse dispositivo constitucional indica os pressupostos cumulativos, que devem ser preenchidos em todos os 
recursos especiais (art. 105, III, caput, da CF), como também os pressupostos alternativos (art. 105, III, a, b, c, da CF), 
bastando que um deles seja preenchido no caso concreto com os pressupostos cumulativos para que o recurso passe 
pelo juízo de admissibilidade e seja julgado no mérito. 
1.1. Pressupostos cumulativos 
Decisão de única ou última instância: Para que seja cabível o recurso especial – a exemplo do que ocorre no recurso 
extraordinário –, a decisão deve ser proferida em única ou última instância, significando que, sendo cabível qualquer 
recurso ordinário, será esse o único recurso cabível. O esgotamento das vias ordinárias de impugnação é exigência 
inafastável para o cabimento do recurso especial, devendo a parte seguir com a interposição de recursos ordinários até 
que nenhum deles seja cabível no caso concreto. Será obrigado a esgotar a via ordinária de impugnação. Na hipótese 
de julgamento monocrático do relator, sendo antes cabível o recurso de agravo interno para o órgão colegiado, é 
somente do julgamento desse recurso cabível o recurso especial. 
Decisão proferida por tribunal: A segunda exigência prevista pelo art. 105, III, caput, da CF é ser a decisão 
proferida pelos Tribunais Federais Regionais Federais ou pelos Tribunais estaduais, do Distrito Federal e Territórios, 
sendo irrelevante a decisão de ter sido proferida em grau recursal (última instância) ou em ação de competência 
originária do tribunal (única instância). 
Pré-questionamento: Entende-se majoritariamente que o pré-questionamento constitui a exigência de que o objeto do 
recurso especial já tenha sido objeto de decisão prévia por tribunais inferiores, o que realça a atuação do Superior 
Tribunal de Justiça de mero revisor do que já foi decidido no pronunciamento judicial recorrido. A exigência do pré-
questionamento tem fundamentalmente a missão de impedir que seja analisada no recurso especial matéria que não 
tenha sido objeto de decisão prévia, vedando-se nesse recurso a análise de matéria de forma originária pelo Superior 
Tribunal de Justiça. Proferido acórdão omisso quanto à matéria que se pretende impugnar em sede de recurso especial, 
caberá à parte ingressar no tribunal de segundo grau com embargos de declaração para sanar o vício do acórdão gerado 
pela omissão. O art. 1.025, do Novo CPC, prevê que se consideram incluídos no acórdão os elementos que o 
embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou 
rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade. 
1.2. Pressupostos alternativos 
Decisão que contrariar ou negar vigência a tratado ou lei federal: “contrariar” significa distanciar-se da mens 
legislatoris ou da finalidade da norma, incluindo uma má interpretação que importe o desvirtuamento de seu conteúdo, 
enquanto “negar vigência” significa deixar de aplicar a norma correta no caso concreto. Por lei federal a doutrina 
entende que o legislador está a se referir às leis de abrangência territorial nacional, incluídas as leis nacionais e 
federais. A expressa previsão de tratado, que também deve ser interpretado de forma ampla, abrangendo ajuste, 
acordo, compromisso e tratado stricto sensu, decorre da regra de que o tratado internacional, quando incorporado ao 
ordenamento jurídico, tem força de lei ordinária, espécie de lei federal. No tocante aos tratados e convenções 
internacionais sobre direitos humanos, o § 3.º no art. 5.º da CF, serão equivalentes às emendas constitucionais. Tarefa 
exclusiva do Supremo Tribunal Federal. Tratando-se de norma com força constitucional, aplica-se de forma extensiva 
o art. 102, III, a, da CF, permitindo-se o ingresso de recurso extraordinário. Sendo interposto o recurso especial com 
fundamento no art. 105, III, “a”, da CF, o Superior Tribunal de Justiça entende ser indispensável a indicação do 
dispositivo legal federal que houver sido violado, afirmando que a ausência de tal indicação cria um vício que 
impossibilita a admissão do recurso. 
Decisão que julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal: Caberá recurso especial se a 
decisão julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal, entendendo-se que o ato terá natureza 
normativa ou administrativa,

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