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9. APLICABILIDADE DAS NORMAS

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APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
 Profa. Jacyara Farias Souza Marques 
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1. GENERALIDADES 
Conceito de eficácia- 
Eficácia social (ou sociológica)– é a potencialidade da norma vigente em regular determinadas relações jurídicas, sendo efetivamente aplicada a casos concretos;
Eficácia jurídica - a norma está apta a produzir efeitos na ocorrência de relações concretas.
Todas as normas constitucionais são dotadas de eficácia jurídica, porém nem todas possuem o mesmo grau de eficácia surgindo, portanto, a classificação a seguir.
Aplicabilidade constitucional é a capacidade de uma norma da Constituição produzir efeitos jurídicos.
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A norma constitucional só é aplicável na medida em que for eficaz, aplicabilidade e eficácia são fenômenos conexos:
Aplicabilidade constitucional= realizabilidade= incidência das Constituições;
Eficácia constitucional = potencialidade = capacidade das Constituições gerarem efeitos.
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1.1 Classificação
Existem diversos enquadramentos eficaciais para as normas supremas do Estado, porque a eficácia das Constituições é um fenômeno plural.
Há um GRADUALISMO EFICACIONAL DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS, cujos efeitos variam em grau, profundidade e extensão, conforme Liet-Veaux.
Diversas classificações foram propostas, dentre elas citem-se:
 Ruy Barbosa classificou as normas constitucionais baseada na doutrina norte-americana, classificando-as em normas constitucionais auto-aplicáveis e as não auto-aplicáveis;
Segundo José Afonso da Silva as normas constitucionais podem ser de eficácia: plena, contida e limitada.
Maria Helena Diniz classificou as normas constitucionais como: normas de eficácia absoluta, normas de eficácia plena, normas eficácia relativa restringível, normas de eficácia relativa dependente de complementação legislativa. 
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1.2 Classificação de COOLEY Normas constitucionais self-executing e Not self-executing.
 
As primeiras - se prover aos destinatários todos os meios necessários para que o direito previsto seja aproveitado, protegido.
As segundas - em razão da inexistência de meios (referências normativas) suficientes para sua efetiva aplicação, acabará num estado de dormência, no máximo terá uma força moral, até que o legislador infraconstitucional lhe conceda provisões capazes de torná-la aplicável;
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1.3 Normas de eficácia plena e limitada (CRISAFULLI)
Classificou-as em normas de eficácia plena –immediatamente precettive;
Normas de eficácia limitada – dependentes de complementação (normas de legislação e normas programáticas);
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1.4 Normas de eficácia direta e indireta (Zagabrelsky) 
Normas constitucionais de eficácia direta – regulam hipóteses concretas;
Normas constitucionais de eficácia indireta – são aquelas que necessitam ser atuadas ou concretizadas por meio de ulterior atividade normativa;
Normas programáticas- para a sua correta aplicação faz-se necessário 
um desenvolvimento interpretativo;
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Segundo a classificação de José Afonso da Silva (1968), as normas constitucionais, quanto a eficácia podem ser classificadas em:
Normas de eficácia plena
Normas de eficácia contida;
Normas de eficácia limitada;
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1.5 Normas de eficácia Plena
Normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e integral, são aquelas que, no momento que a Constituição entra em vigor estão aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente, de normas integrativas infraconstitucionais.
Como regra geral, criam órgãos ou atribuem competências aos entes federativos. Não têm necessidade de serem integradas.
Criam situações de vantagem ou de vínculo que se tornam, desde logo, exigíveis;
Podem se apresentar em qualquer parte da Constituição, principalmente na sua parte orgânica.
Ex: arts. 2º, 14,§ 2º, 17§4º, 19, 20,21, 60 ,§ 3º, dentre outros.
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1.6 Normas de eficácia contida
Também chamadas de prospectivas, contíveis, restringíveis.
Apresentam cláusula de redutibilidade (art. 9º, §1º da CF/88);
Têm aplicabilidade direta e imediata, mas possivelmente não integral, produzindo assim, desde logo, todos os seus efeitos, entretanto, estes serão reduzidos (contidos)pela norma infraconstitucional integradora, ou de outras situações como na própria incidência de normas da própria Constituição, desde que ocorra certos pressupostos, como estado de sítio, defesa, limitando diversos direitos (art.136, § 1º e 139 da CF/88). 
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Tais restrições ainda podem se dar em outras situações: por motivo de ordem pública, bons costumes e paz social, conceitos vagos cuja redução se efetiva pela Administração Pública.
Abrigam conceitos vagos, genéricos, indeterminados, que ao restringir ou suspender situações subjetivas, ativas ou de vantagem, atrelam a atuação do Poder Público (art. 5º, XII e XIII da CF/88).
Na falta de lei regulamentadora devem ter eficácia imediata;
São normas de resguardo, de proteção;
Situam-se em qualquer parte da Constituição, principalmente entre seus elementos limitativos.
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Assim, enquanto a norma não for materializada a norma tem eficácia plena.
Para identificarmos tais normas dotadas desse tipo de eficácia contida, quase sempre, entretanto não é uma regra, a norma constitucional trará as expressões “na forma da lei”, “de acordo com a lei”.
Também são denominadas de normas de eficácia redutível ou restringível, apesar de aplicabilidade plena.
Ex: art. 5º, XIII, VII, VIII, XV, art. 170, parágrafo único, dentre outros.
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1.7 Normas de eficácia limitada
São aquelas que, de imediato no momento em que a Constituição é promulgada, não têm o condão de produzir todos os efeitos, precisando de uma lei integrativa infraconstitucional. São de aplicabilidade mediata e reduzida;
Outros a denominam como normas de aplicabilidade diferida (adiada). 
As suas normas regulamentadoras ampliam o seu conteúdo;
São definidoras de princípio institutivo ou organizatório e as normas programáticas;
Possuem ao menos, efeitos normativos, pois vinculam o legislador infraconstitucional aos seus comandos e paralisam os efeitos das leis que as desrespeitarem.
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As definidoras de princípio institutivo ou organizativo são aquelas onde o legislador traça esquemas gerais de estruturação e atribuição de órgãos, entidades ou institutos para que o legislador ordinário os organize mediante lei. Ex: arts. 33, 88, 91,§2º, 113 da CF/88.
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Já as tidas como programáticas são aquelas em que o constituinte ao invés de regulá-las diretamente, limitou-se a traçar princípios para serem cumpridos por seus órgãos (Legislativo, Executivo, Judiciário e administrativo), como programas das respectivas atividades visando à realização dos fins sociais do Estado;
São diretrizes dessas normas:
Estabelecem o dever do legislador ordinário de as regulamentarem;
Vinculam as funções legislativa, administrativa e jurisdicional;
Impedem que o legislador ordinário edite normas em sentido oposto ao do direito nela inserido;
Condicionam (bloqueiam) a função legislativa futura;
Apontam o regime político e os fins sociais que informam a ordem jurídica.
Consubstanciam programas a serem implementados pelo Estado como a realização da justiça social, valorização do trabalho, amparo à família.
Ex: art. 7º, XX, XXVII, art. 173, §4º e art. 216, §3º da CF/88.
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2. CLASSIFICAÇÃO DE MARIA HELENA DINIZ
Normas supereficazes ou normas de eficácia absoluta – são intangíveis, não podendo ser emendáveis. Ex: cláusulas pétreas – art. 60,§ 4º.
Normas de eficácia plena – são suscetíveis de emenda, entretanto, não precisam da complementação integradora de lei infraconstitucional . Ex: art. 1º, parágrafo único, art. 14, dentre outros.
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As normas de eficácia plena e absoluta:
Se diferenciam: porque as normas constitucionais de eficácia plena podem ser revistas ou emendadas pela ação do Poder Reformador, em virtude de não apresentarem efeitos absolutos, enquanto, as de eficácia total, são INTANGÍVEIS.
Se assemelham: pois ambas possuem aplicabilidade imediata, independendo do ato legislativo para incidirem concretamente;
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Normas de eficácia relativa restringível
– mesma classificação dada por José Afonso da Silva, quanto às normas de eficácia contida. 
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Normas de eficácia relativa restringível ou dependente de complementação legislativa 
É a mesma classificação dada por José Afonso da Silva, para as normas de eficácia limitada.
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3. Classificação dada por Celso Ribeiro Bastos e Carlos Ayres Brito
Normas de aplicação (irregulamentáveis e regulamentáveis); como exemplo tem-se o art. 2º da CF/88;
Normas de integração (completáveis e restringíveis).
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3.1 Classificação de Manoel Gonçalves Ferreira Filho
Normas exequíveis por si só;
Normas não-exequíveis por si 
só;
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4. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA EXAURIDA E APLICABILIDADE ESGOTADA
Normas constitucionais de eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada (não apresentam mais eficácia jurídica).
 Ex: arts. 1º, 2º,3º,dentre outros do ADCT.
Segundo a classificação de Uadi Lamengo Bulos – são esgotadas, dissipadas ou desvanecidas, condicionando assim sua aplicabilidade – ADCT (arts. 1º, 2º, 3º, 14, 20, dentre outros).
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5. NORMAS DEFINIDORAS DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Têm aplicação imediata, embora possam ter eficácia plena e contida;
Maria Helena Diniz apontou o gradualismo eficacial das normas constitucionais - todas as normas constitucionais têm eficácia jurídica, mas o seu grau eficacional é variável.
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6. IMPERATIVIDADE EFICACIAL DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
Do ponto de vista da imperatividade de seus efeitos, as prescrições constitucionais, classificam-se em:
Mandatórias (perceptivas e proibitivas) seu cumprimento é obrigatório e inescusável, tanto para estatuir um facere como um non facere (art. 5º, II da CF/88). Podem estabelecer uma conduta positiva, nesse caso são chamadas prospectivas; podem ainda exigir um comportamento negativo sendo chamadas de proibitivas. E ainda podem ter bipolaridade eficacial: (art. 5º, XVII da CF/88).
Facultativas ( ou permissivas) – consagram permissões, sem,contudo, obrigar a ninguém a fazer ou a não fazer algo. (art. 154, I da CF/88). Mas ainda existem as mandatórias proibitivas ( art. 53 da CF/88).
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Diretivas (diretórias, prospectivas ou programáticas;
Dispositivas (remissivas) – funcionam como normas complementares de outros preceitos constitucionais. Incidem de modo obrigatório, estipulando condições para o exercício dos direitos e deveres de natureza pública. (art. 155, §2º, VI c/c XII, g da CF/88).
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FIM
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