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1 Estrutura e Topologia de Ácidos Nucleicos Biologia Molecular Termo cunhado pelo matemático Warren Weaver em 1938 (1894 – 1978) 2 Biologia Molecular: definições • “O estudo bioquímico das bases genéticas do fenótipo.” • “Ramo da Biologia que trata da formação, estrutura e função das macromoléculas essenciais à vida, como ácidos nucleicos e proteínas e, especialmente, seus papéis na replicação e transmissão da informação genética.” • “Ramo da Biologia que trata dos ácidos nucleicos e proteínas em nível molecular.” Biologia Molecular 3 Breve histórico Wilhelm Hofmeister (1848): Descoberta dos cromossomos Gregor Mendel (1866): “Fatores hereditários” Friedrich Miescher (1869): Descoberta da nucleína (no núcleo), rica em fósforo e nitrogênio e resistente a pepsina. Era o DNA. Albrecht Kossel (1880): mostra que a nucleína tem bases nitrogenadas. Richard Altmann (1890): purifica a nucleína e mostra seu caráter ácido. Chama-a de ácido nucleico. Phoebus Levene e Walter Jacobs (1912): mostram que o componente básico dos ácidos nucleicos era uma estrutura composta por uma unidade constituída de uma base nitrogenada ligada a uma pentose, e esta ligada a um fosfato. Esta unidade foi denominada de nucleotídeo. Descobre a ribose e a desoxirribose. Friedrich Miescher Albrecht Kossel Richard Altmann Phoebus Levene 4 Breve histórico (cont) Frederick Griffith (1928): Princípio Transformante Avery, MacLeod & McCarty (1944): Princípio Transformante = DNA Erwin Chargaff et al. (1947): determinou a composição de bases A, T, C, G de vários organismos Rosalind Franklin & Maurice Wilkins (ca. 1950): Difração de raios X revelou uma padrão de periodicidade e largura uniforme para o DNA Hershey-Chase (1952): DNA é o material genético do fago T2 Watson & Crick (1953): modelo para a estrutura do DNA Fraenkel-Conrat et al. (1957): RNA é o material genético do Tobacco Mosaic Virus (TMV) Experimento de Griffith (1928) S = smooth R = rough 5 Experimento de Avery, MacLeod & McCarty (1944) Oswald Avery Colin MacLeod Maclyn McCarty com Francis Crick e James Watson Qual a natureza química do princípio transformante? Experimento de Avery, MacLeod & McCarty 6 Experimento de Alfred Hershey e Martha Chase (1952) 7 O conteúdo de bases do DNA Erwin Chargaff (1950) 8 Regras de Chargaff Primeira Regra de Chargaff No DNA natural, A=T e C=G A+G = C+T (Pu = Py) Segunda Regra de Chargaff A composição de bases varia entre as espécies Cristalografia de Raios X 9 10 Watson e Crick e o modelo para a estrutura do DNA 11 Carta de Crick ao seu filho em 1953 12 13 Watson celebra 60 anos da descoberta da estrutura do DNA (2013) 25 de abril - Dia do DNA 14 O “Dogma Central” da Biologia Molecular Enunciado por Francis Crick, em 1958 Trata do fluxo de informação para a produção de proteínas Hipóteses iniciais Em 1970: Linhas inteiras: vias comprovadas Linhas pontilhadas: vias prováveis O “Dogma Central” da Biologia Molecular 15 O Dogma Central: Crick, 1956 Classes de transferência de informação E os prions??? Geral Especial Desconhecido DNA → DNA RNA → DNA proteína → DNA DNA → RNA RNA → RNA proteína → RNA RNA → proteína DNA → proteína proteína → proteína 16 E os prions ?? Estrutura e composição do DNA e RNA 17 DNA (ácido desoxirribonucleico) • Geralmente é dupla fita (duplex): dsDNA • DNA fita simples (ssDNA). Exe.: fagos ΦX174, S13, M13, parvovírus • Mais estável quimicamente que o RNA • Função: informacional Convenção ssDNA = single-stranded DNA (fita simples) dsDNA = double-stranded DNA (fita dupla) Primeira foto do DNA (Nanoletters, 2012) 7 dupla-hélices alinhadas 18 RNA (ácido ribonucleico) • Geralmente fita simples (ssRNA) • RNA fita dupla (dsRNA), Exe: reovírus Funções do RNA • Informacional: mRNA (pouco estável), RNA de vírus • Transferência de informação: tRNA • Estrutural: rRNA (ribossomo) • Catalítica: RNAse P, snRNA, rRNA (tradução) • Regulatória: Exe: RNA líder (atenuação), RNA I (controle do número de cópias de plasmídios), silenciamento gênico (miRNA, siRNA) • Tipos de RNA: rRNA: ~80% tRNA: ~15% mRNA: ~5% snRNA e scRNA: <2% 19 DNA e RNA cadeia de polinucleotídeos Estrutura geral de um nucleotídeo Ribonucleotídeo: 2’-OH Desoxirribonucleotídeo: 2’-H Ligação glicosídica 20 Composição dos nucleotídeos 1) Açúcar (pentose) • ribose ( -D-ribofuranose): RNA • desoxirribose ( -D-2 -desoxirribofuranose): DNA 2) Base nitrogenada: ligado ao carbono 1 do açúcar • Purinas (Pu): adenina, guanina • Pirimidina (Py): citosina, timina, uracila 3) Grupo Fosfato: ligado ao carbono 5 do açúcar Obs: nucleosídeo = açúcar + base nitrogenada O açúcar é uma pentose -D-2-deoxirribose 21 Os açúcares não são planos C3´endo C2´endo (mais comum) As bases nitrogenadas: precursores das purinas e pirimidinas Meio imidazólico Meio pirimídico Pirimidina Purina 22 Principais purinas e pirimidinas dos ácidos nucleicos Obs: timina = 5-metil-uracila Obs: 1) A ribotimima (TMP) está presente no tRNA mas trata-se de uma modificação pós-transcricional da uracila. 2) dUMP pode ser incorporado ao DNA in vitro. 23 A ligação glicosídica • 2 possibilidades de rotação (Χ): syn e anti • Syn (só Pu) • Anti (Py e Pu) → mais comum 24 Conformação anti é a mais comum A ligação fosfodiéster grupo éster 25 Por que ácidos nucleicos? caráter ácido DNA baseado em arsênio ? (dezembro, 2010) Lago Mono - Califórnia 26 Xeno-ácidos nucleicos (XNA) Science 336, 341 (2012) O primeiro autor é brasileiro! Modelo de Watson & Crick para a estrutura do DNA: a dupla hélice 27 As fitas do DNA são anti-paralelas Atenção: convenção de escrita: 5´-ACTTAGGACATCATGGAT-3´ Complementaridade 28 Interações que estabilizam os ácidos nucleicos 29 • Responsáveis pela complementaridade dos pares de bases • Interações entre um dipolo que tem um próton (doador) e um átomo eletronegativo (aceptor) -D-H :::::::: A- • Interações “Watson-Crick” ou interações “canônicas” = ligações de hidrogênio entre as bases nitrogenadas • Interações “não-canônicas” Exe: A-U = interação “Hoogsteen” (RNA) Ligação de Hidrogênio Ligações de hidrogênio nos pares de bases Watson & Crick 30 Pareamento das bases nitrogenadas Incompatibilidade A-C 31 Formas tautoméricas das bases Formas ceto e amino são as mais estáveis Outras Interações • Interações de “stacking” ou “empilhamento”: entre os anéis de ressonância das bases (elétrons ) • Interações eletrostáticas: fosfatos desestabilizam interações inter(intra)cadeias. Neutralizadas pelos íons Na+ • Interações Van de Walls: hidrofóbicas 32 A forma predominante de torção da espiral do DNA é para a direita (dextro) 33 34 Outras formas de DNA 35 Características do B-DNA • Hélice “dextra” • Conformação anti e C2 -endo • Diâmetro da hélice: 20Å • Resíduos por volta: 10.5 pb • Incremento axial (distância entre os planos debases nitrogenadas adjacentes): 3.4Å • Comprimento da hélice: 35.7Å (10.5 pb x 3.4Å) • Ângulo de rotação: (ângulo entre 2 planos de pares de bases adjacentes): 34.3 (360 /10.5 pb) • Inclinação do par de bases: -6 Características do B-DNA 36 Rotações possíveis do plano das bases nitrogenadas As fendas maior e menor 37 As fendas maior e menor A: aceptores de H D: doadores de H H: hidrogênios não-polares M: grupos metil 38 Outras estruturas secundárias • Z-DNA • DNA cruciforme • DNA triplex • G-quadruplex Todas existem in vivo e têm funções! Outras formas de estruturas secundárias existentes 39 Detecção de G-quadruplex em humanos (2013) Estrutura do RNA 40 RNA fita simples Branco: bases Amarelo: fosfato Cinza: ribose e O dos fosfatos Estrutura do RNA “stem-loop” “bulge” O ssRNA pode formar estruturas de fita-dupla (A-RNA) por complementaridade das bases (stem-loop, hairpin) 41 Pseudoknot Interação entre regiões descontínuas do RNA Interação G:U 42 Estrutura secundária do rRNA 16S Stem-loop hairpin pseudoknot bulge Estrutura terciária do RNA • Facilitada pela flexibilidade das regiões não-pareadas • Interações não-convencionais entre as bases (até 3 bases) e com o esqueleto da cadeia • Participação de proteínas: Exe rRNA 43 Estrutura terciária do RNA Estrutura da subunidade maior do ribossomo 44 Interações não-canônicas A Hipótese do “Mundo de RNA” • Carl Woese - 1968 • RNA precedeu DNA e proteínas • Estoca, transmite e duplica informação • Atua cataliticamente também! • rRNA é remanescente desta época em que as proteínas eram feitas a partir de RNA 45 Por que o RNA não prevaleceu? • O grupo 2´-OH pode atacar a ligação fosfodiéster em regiões flexíveis (que não sejam dsRNA). Força o açúcar a assumir a conformação C3´-endo • Por causa desta instabilidade, o RNA tem menor capacidade de estocar informações pois não pode ser muito longo. • A uracila é mais propensa a provocar mutações pois pode parear tanto com G quanto com A (wobble) Propriedades Físicas dos Ácidos Nucleicos 46 Interação luz-matéria • A Lei de Lambert-Beer : Absorbância b A = -log (I1/I0) = abc Fonte de radiação Detector Cubeta Bases nitrogenadas absorvem luz na faixa de 260 nm (UV) 47 Desnaturação de ácidos nucleicos • Rompimento das ligações de H devido à elevação da temperatura, aumento do pH ou pela ação de agentes químicos, como a formamida • Renaturação ocorre pela diminuição gradativa da temperatura 48 • Efeito hipocrômico: diminuição da A260 causada pelas interações das bases empilhadas. A260(dsDNA) < A260(nucleotídeos livres) • Efeito hipercrômico: aumento da A260 causado pela desnaturação. A260(dsDNA) A260(nucleotídeos livres) 49 Topologia do DNA 50 51 Super-enrolamento (“supercoiling”) do DNA = dobra ou curvatura do eixo sobre o qual o DNA se enovela. É uma forma de compactação do DNA Tipos: Super-enrolamento negativo: torce o DNA na direção oposta das voltas da dupla-hélice (mais comum dentro da célula) Super-enrolamento positivo: torce o DNA na mesma direção das voltas da dupla- hélice (comum em Archaea) DNA relaxado → sem super-enrolamento Topologia do super-enovelamento 52 Topoisômeros Topoisômeros = moléculas do mesmo tamanho e formas diferentes cccDNA (forma I): circular covalentemente fechada ocDNA (forma II): “open-circle” (após um corte em uma das fitas) DNA linear: corte nas duas fitas 53 Forma CCC Forma OC Topoisomerases Topoisomerases: isomerizam uma forma topológica do DNA em outra. Tipos: Topoisomerases I e III: retiram super-enrolamentos negativos Topoisomerase II (DNA girase): introduz super- enrolamentos negativos 54 Compactação 55 Compactação do DNA 56 Compactação do genoma humano 1,8 metro x 100 trilhões de células = 182 bilhões de km ! Dá para ir e voltar até o Sol 610 vezes! 57 58 59 A Estrutura da Cromatina Cromatina = DNA + proteínas histônicas e não-histônicas Proteínas histônicas • Responsáveis pela organização básica da cromatina • Proteínas básicas: H1, H2A, H2B, H3, H4 Proteínas não-histônicas • Estão em menor número que as histonas. Estão envolvidas em níveis superiores de organização da cromatina. 60 61 Cromatina isolada: “colar de contas” Os Nucleossomos Complexos de histonas ligados ao DNA Unidades fundamentais de organização da cromatina 62 63 As histonas H3 e H4 são altamente conservadas (quase idênticas) entre os eucariotos DNA enrolado em torno de um “core” de nucleossomo 64 Representação do “core” de proteínas de um nucleossomo Visão superior e lateral da estrutura cristalina de um nucleossomo com 146 pb de DNA ligado 65 Fibra de 30 nm ou solenoide 66 Fibra de 10nm (Solenóide)
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