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LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO 12.376/2010 A LINDB é uma norma introdutória que se aplica a todo o ordenamento jurídico brasileiro. Tem a finalidade de regular a forma de aplicação das leis (arts. 1 a 6), regular o direito internacional privado brasileiro (arts. 7 a 17) e regular os atos civis praticados no estrangeiro pelas autoridades consulares brasileiras (arts. 18 e 19). A primeira parte da LINDB pode ser subdividida da seguinte forma: a) vigência da lei (art. 1º); b) sistema de revogação (art. 2º); c) obrigatoriedade de conhecimento da lei (art. 3º); d) meios de integração de omissões da lei (art.4º); e) método de interpretação da lei (art. 5º); f) irretroatividade da lei (art.6º). Características da Lei Generalidade: a lei se destina a todos indistintamente. Imperatividade: a lei impõe condutas, deveres e direitos a todos. Permanência: a lei permanece em vigor até que outra venha revoga-la. Competência: a lei é válida se realizada por autoridade competente – Poder Legislativo. Fases de elaboração da lei Iniciativa: apresentação do projeto de lei Emendas: alterações ao projeto inicial Votação: conforme a lei, um quórum Sanção ou veto: aprovação ou recusa. (Artigo: “caput”; § parágrafo 1º, 2º, 3º... ou parágrafro único; incisos I, II, III,...; alíneas “a”, “b”, “c”....) Promulgação: assinatura da lei Publicação – Diário Oficial Classificação das leis a) Quanto à imperatividade: a.1 - Cogentes: leis cuja incidência não pode ser afastada pela vontade dos interessados. Leis imperativas ou de ordem pública. Ex. Código do Consumidor, disposições sobre Direito de Família. Artigo 2.035 CC: “Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.” a.2 -Não cogentes: a incidência da lei pode ser afastada pela vontade dos interessados. Pode ser: Permissiva – interessados dispõem como lhes aprouver. Ex. escolha do regime de bens ao casar (art. 1.639 CC) Supletiva – se aplicam na falta de manifestação do interessado. Ex. falta de estipulação de juros, utiliza-se índice da Fazenda Nacional (art. 406 CC) b) Quanto à intensidade da sanção b.1- Mais que perfeitas: estabelecem mais que uma sanção para seu descumprimento. Ex. bigamia – sanção civil (nulidade do casamento) e sanção penal (art. 235 CP). b.2 – Perfeitas: estabelecem sanção que torna o ato inválido. Ex. Negócio jurídico celebrado por incapaz b.3- Menos que perfeitas: estabelece sanção que não seja a de tornar o ato inválido. Ex. Regime de separação obrigatória de bens para herdeiro que se casa antes de fazer inventário e consequente partilha de bens. b.4- Imperfeitas: não estabelece sanção para seu descumprimento. Ex. obrigação de pagar dívida de jogo (art. 814 CC) ou pedir sua restituição em caso de pagamento (art. 882 CC). c) quanto à sua natureza c.1 – Substantivas: estabelecem direitos e deveres das pessoas em suas atividades e relações profissionais. São chamadas de materiais. c.2 – Adjetivas: regulamentam atos de um processo. São chamadas processuais. d) quanto à hierarquia: d.1 – Constitucionais d.2 – Complementares (quórum especial e dispõem sobre elaboração das leis – art. 69 e 59 §U CF) Ex. LC 95/98. d.3 - Ordinárias e) quanto à sua competência: Leis federais (Congresso Nacional) Leis estaduais (Assembleia Legislativa) Leis Municipais (Câmara dos Vereadores) f) quanto ao seu alcance: f.1 – Gerais: Regulam uma relação jurídica a par de outra lei que regula um determinado aspecto daquela relação. Ex. Código Civil, Código Tributário f.2 – Especiais: Regulam sozinhas uma relação jurídica por inteiro. Ex.Lei de locação, ITCMD Fontes do direito – art. 4º LINDB a) Diretas: primárias ou imediatas a.1 – lei a.2 – súmula vinculante art. 103-A CF b) Indiretas: secundárias ou mediatas b.1- analogia b.2- costume b.3 - princípios gerais do Direito (jurisprudência, doutrina e equidade) Lei: ordenamento positivo – codificado (Norma constitucional, lei ordinária, lei complementar, lei delegada, resolução legislativa, decreto legislativo e medida provisória) Costume: secundário em relação à Lei – subsidiário ou supletivo. Não escrito. Elementos: - Externo ou material - o uso ou prática reiterada de um comportamento - Elemento interno - é a convicção de sua obrigatoriedade Costume comum - prática uniforme, constante, pública e geral de determinado ato, com a convicção de sua necessidade – pela comunidade – sem força coercitiva. ESPÉCIES de costume: ESPÉCIES DE COSTUMES a) Secundum legem - expresso na lei. Eficácia reconhecida pelo direito positivo. Ex. Art. 615. Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do lugar, o dono é obrigado a recebê-la. Poderá, porém, rejeitá-la, se o empreiteiro se afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza. b) Praeter legem - supre a lei - para casos omissos - art. 4º da LINDB c) Contra legem - se opõe à lei – não usado e tampouco evocados Jurisprudência: decisões no mesmo sentido sobre determinado assunto, nos tribunais - julgados. Doutrina: opinião dos juristas Analogia: É aplicação ao caso concreto de norma jurídica prevista para situação semelhante. Requisitos para utilização: a) inexistência de dispositivo legal prevendo e disciplinando a hipótese do caso concreto; b) semelhança entre a relação não contemplada e outra regulada na lei; c) identidade de fundamentos lógicos e jurídicos no ponto comum às duas situações Pode ser: analogia legis (legal) – aplicação de lei para o caso específico não previsto analogia juris (jurídica) – conjunto de normas para o caso específico sem previsão Não se trata de interpretação extensiva, mas de lacuna. Limitação – proibição para o direito penal. Equidade: segundo Tercio Sampaio Ferraz “o juízo por equidade, na falta de norma positiva, é o recurso a uma espécie de intuição das exigências da justiça enquanto igualdade proporcional, no caso concreto. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum – Art. 5º LINDB Fim social da norma: segundo Maria Helena Diniz, corresponde ao propósito, à finalidade da norma, que consiste em produzir efeitos justos, adequados e oportunos, desejados na sociedade. Bem comum: é constituído por elementos como a liberdade, paz, justiça, solidariedade, cooperação, buscando harmonização na sociedade. Importante, a princípio, relembrarmos alguns conceitos: Validade da lei: só será válida se produzida segundo condições formais e materiais previstas na ordem jurídica. Eficácia da lei: poder de produzir efeitos jurídicos, após vacatio legis. Vigência da lei: o tempo em que a lei existiu e produziu efeitos. Desuso da lei: circunstâncias pelas quais os efeitos jurídicos não têm mais validade. Aspectos Gerais e Mecanismos de Integração A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro é a mesma desde 1942, em 2010, esta lei mudou de nome: antes era LICC (Lei de Introdução ao Código Civil), agora passou a ser LINDB. Adequou-se a nomenclatura da legislação, porque a lei de introdução não é aplicada apenas ao Direito Civil, mas a outros ramos do Direito também. Esta lei é o conjunto de normas que regulam outras normas jurídicas. A finalidade desta lei é resolverconflitos de leis no tempo, no espaço, estabelecer critérios de hermenêutica e de integração do ordenamento jurídico, regular a vigência e a eficácia das normas jurídicas, cuidar de normas de Direito Internacional Privado. A LINDB é um conjunto de normas sobre normas. Ela disciplina as próprias normas jurídicas. Adotou o sistema de vigência único, simultâneo ou sincrônico. A lei entra em vigor de uma só vez no país. Ela não pode ir entrando aos poucos. O art. 3º da LINDB prevê o princípio da obrigatoriedade das leis: ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece. No art. 2º da mesma lei, temos o princípio da continuidade das leis: “Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.” A contagem deste prazo é feita de acordo com a LC nº 95/98: inclui o dia do começo e, também, o último dia, e a vigência ocorre no dia seguinte. Quando o legislador se omite sobre a vigência, aplica-se o art. 1º da LINDB: a lei entra em vigor no Brasil em 45 dias da publicação, e no exterior em três meses. O período entre a publicação e o início da vigência denomina-se vacatio legis. Vacatio legis é o período de vacância: lapso temporal entre a data da publicação da lei e um termo prefixado na própria lei ou em outro diploma legislativo, para que comece a produzir efeitos. Ex. CC – art. 2.044 e CPC art. 1.045 Contagem do prazo de vacância: Inclui-se a data da publicação e o último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente. Períodos de vacância prefixados na CF: Cobrança de tributos – art. 150, III, “b” e “c”; art. 195, § 6º. Quanto à vigência da lei no tempo, deve-se observar o princípio da continuidade: a lei terá vigência enquanto outra não a modifique ou revogue. Lei com vigência temporária: finda com advento do termo fixado para sua duração ou consecução dos seus fins. Revogação da lei é a supressão de uma lei por outra. São hipóteses de revogação: – Revogação total (ab-rogação): supressão integral da lei anterior. Ex. artigo 2.045 CC revogou CC anterior. - Revogação parcial (derrogação): supressão parcial da lei anterior. - Revogação expressa ou direta: a lei declara a revogação da lei anterior. Ex. art. 2.045 CC. - Revogação tácita ou indireta: a lei nova é incompatível com a anterior. Ex. permite algo que a antiga lei proibia. Ou o contrário. - Revogação global: lei disciplina inteiramente a matéria disciplinada pela lei antiga. A cláusula de revogação deverá enumerar expressamente as leis ou disposições legais revogadas. Art. 2º, § 2º LINDB - Norma geral não revoga a especial, assim como a especial não revoga a geral. Exceto se forem incompatíveis ou se houver revogação expressa. Importante frisar que lei revogada pode ser aplicada. Trata- se do fenômeno da ultratividade, como no caso da sucessão. Neste caso aplica-se a lei em vigor da data do falecimento do “de cujus”. Repristinação, é restauração da lei revogada em virtude da lei revogadora ter perdido vigência. Só se admite se a lei expressamente restaurar a lei anterior, conforme art. 2º, § 3º, da LINDB. Casos em que lei perde vigência a) fim do seu prazo, se lei temporária. b) se declarada sua inconstitucionalidade c) revogação por outra lei Princípio da irretroatividade das leis – art. 6º da LINDB: Direito adquirido: direito incorporado pelo seu titular, pois preencheu todos os requisitos estabelecidos para aquisição deste direito, na vigência da lei anterior. Coisa julgada: sentença da qual não cabe mais recurso, tornou-se imutável. Ato jurídico perfeito: ato jurídico consumado na vigência da lei anterior. Lacuna: ocorre quando não há lei regulamentando o fato. Suas causas derivam da impossibilidade do legislador regular todas as questões de interesse da sociedade ou da superveniência de modificações fáticas e sociais sem que a lei acompanhe a nova realidade. Pode se dar de várias formas: - lacuna normativa: não há lei regulando o caso - lacuna ontológica: há norma regulando o caso mas não corresponde à realidade fática- valorativa em razão de fatores sociais. Antinomia é o conflito entre norma. Pode ser aparente (têm critério para solucionar) ou real (não têm critério para solucionar). A antinomia aparente ou a real pode ser classificada como de primeiro grau (confronto entre um critério) e de segundo grau (confronto entre mais de um critério). Os critérios para a solução das antinomias são: especialidade (norma especial prevalece sobre a geral), cronológico (norma posterior prevalece sobre a anterior) e hierárquico (norma superior prevalece sobre a inferior). A hermenêutica é interpretação da lei: - Autêntica: realizada pelo próprio legislador - Gramatical: Utiliza análise sintática, semântica ou ortográfica das palavras. - Lógica: busca-se inferir por critérios lógicos e racionais a intenção do legislador - Sistemática: análise contextual - Sociológica: verifica-se a finalidade da norma em relação aos fins sociais que se destina e ao bem comum - Histórica: Verifica-se o contexto histórico do período de elaboração da lei. Quanto à vigência da lei no espaço, temos a teoria da territorialidade moderada, segundo a qual se aplica no Brasil a lei brasileira, mas a sentença estrangeira poderá ser aplicada, desde que homologada pelo STJ, por meio do exequatur. Exequatur é o processo através do qual a jurisdição local aceitará a sentença como produto de um tribunal, mas indicará se ela poderá ou não ser aqui executada, submetendo-a a exame preliminar. Art. 15 LINDB e art. 105, I, “i” CF. Conflito de leis no espaço – Territorialidade. Não se aplicam leis, sentenças ou atos estrangeiros no Brasil quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. O critério para aplicação da lei no espaço tem por referência o do domicílio (intenção de permanecer): a) Personalidade: nome, capacidade, direto de família - art. 7 b) Dos nubentes – casamento e regime de bens – art. 7 c) Bens – lei do país onde estão situados – art. 8 d) Obrigações: lei do país onde estas forem constituídas – art.9 e) Sucessão: lei do país onde “de cujus” ou ausente for domiciliado – art. 10 Normas processuais sempre serão brasileiras. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir daquele que a invoca prova do texto e vigência – art. 14 Tratados ou convenções internacionais serão aplicados, por força do art. 17 da LINDB. Tópicos para estudo da LINDB: Princípio da Continuidade das Leis, obrigatoriedade das leis, da simultaneidade das leis. Vigência e Eficácia, Vacatio Legis Hipóteses de Revogação Vigência da Lei no Tempo e no Espaço Critérios de Hermenêutica, Espécies de Interpretação Fontes do Direito Lacuna Antinomias Todos os conceitos abordados e explicados em aula, cujos pontos estão nesta revisão. BOM ESTUDO A TODOS!
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