Buscar

4 -Fatores de formação do solo-material apoio

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

1 
 
Universidade Federal de Pelotas 
 
Luis Eduardo A.S. Suzuki 
 
Aula: Fatores de formação do solo 
 
 
1. Introdução 
Os principais fatores de formação de solos são: material de origem, relevo, clima, organismos e tempo. 
Os fatores de formação de solos se combinam em tipos e intensidade diferentes para compor os diversos 
processos de formação de solos. 
O estado do Rio Grande do Sul pode ser dividido em cinco regiões fisiográficas devido suas 
particularidades, principalmente relativas ao relevo, clima e geologia (Figura 1a). Cada região fisiográfica 
apresenta solos característicos da atuação dos fatores de formação do solo (Figura 1b). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Regiões fisiográficas (a) e distribuição das classes de solo do Rio Grande do Sul (b). Fonte: 
Streck et al. (2002). 
 
2. Fatores de formação do solo 
2.1. Material de origem 
Praticamente toda porção Norte do estado do Rio Grande do Sul (Planalto e parte da Campanha 
gaúcha) se constitui no domínio das rochas magmáticas extrusivas (Formação Serra Geral), com predomínio 
do basalto, ocorrendo em algumas porções o diabásio e arenitos. Nesta região, as diferenças entre os solos 
estão mais associadas ao clima partindo-se de uma região mais seca (parte da Campanha: Uruguaiana, São 
Borja) para uma intermediária (Planalto Médio: Ijuí, Passo Fundo) até a região com maiores altitudes e 
pluviosidade (Campos de Cima da Serra: Vacaria, Lagoa Vermelha). 
Margeando esta formação encontra-se o domínio dos pacotes sedimentares (Bacia do Paraná), 
conhecida como Depressão Central Gaúcha. Esta é uma região bastante diversificada, sendo que no trajeto 
Santa Maria/São Sepé, praticamente todas as formações presentes no Rio Grande do Sul são percorridas. 
Estas formações possuem muita variação em suas características de cor (presença ou ausência, quantidade 
e tipo de óxidos e outros minerais constituintes) e textura (argilitos, siltitos, arenitos finos, arenitos grosseiros, 
etc.), originando vários tipos de solos. Como é uma região geologicamente mais antiga que a anterior, seus 
vales foram há muito suavizados pela ação erosiva dos rios, que atualmente ocorrem ao longo de extensas 
planícies, entulhadas de sedimentos recentes (quaternário), conhecidas regionalmente como várzeas, e 
intensivamente cultivadas com arroz, base econômica de muitos municípios da região. Onde ocorrem os 
argilitos, siltitos e arenitos da Formação Santa Maria, nos municípios de São Pedro do Sul, Santa Maria, 
Rosário do Sul e Santana do Livramento, ocorrem Argissolos Vermelhos e Vermelho-Amarelos no topo das 
coxilhas, com boa drenagem. Na meia encosta ocorrem os Argissolos Bruno-Acinzentados com drenagem 
imperfeita, e na várzea ocorrem os Planossolos Háplicos e nas áreas próximas aos cursos d’água os 
Gleissolos háplicos, ambos mal drenados. 
Mais a Sudeste encontra-se o Escudo Sul Rio Grandense, a província geológica mais antiga do estado. 
Devido à sua constituição predominante de rochas intrusivas (ou plutônicas, como o granito) e suas 
correspondentes metamórficas (como o gnaisse), extremamente resistentes, esta região ainda se mantém em 
um nível mais elevado na paisagem, em relação à Depressão Central. De fato, a maioria dos sedimentos que 
formam os pacotes da depressão central se originou da erosão geológica desta região ao longo de milhões 
de anos, que foram transportados e depositados em uma grande depressão outrora existente, chamada de 
Bacia do Paraná. Os solos desta região são geralmente pobres, devido à natureza ácida da maioria das 
(a) (b) 
 
2 
rochas existentes. Entretanto, devido à grande variedade e complexidade geológica desta região, existem 
varias exceções a esta regra. 
Nas regiões da Campanha e da Depressão Central, os solos formados pelo intemperismo de rochas 
basálticas (Formação Serra Geral), caracterizam-se pela pouca espessura, textura argilosa e alta saturação 
por bases, como as unidades de mapeamento Escobar, Pedregal e Uruguaiana. Os solos formados de rochas 
sedimentares (Formação Santa Maria, Rosário do Sul e Botucatu) caracterizam-se pela maior profundidade 
do perfil, textura média a arenosa e geralmente baixa saturação por bases, e alta suscetibilidade a processos 
erosivos. Nesse grupo são enquadradas as unidades de mapeamento São Pedro, Santa Maria, São Gabriel e 
Alto das Canas. 
Na região da Campanha, com relevo suave e predomínio de basalto, a paisagem é composta por 
Neossolos Litólicos nas partes mais altas onde ocorre menor penetração de água, e Vertissolos Ebânicos ou 
Chernossolos Ebânicos nas áreas planas ou abaciadas do relevo, para onde lixiviam bases das áreas mais 
altas, formando solos escuros, ricos em cálcio e magnésio com teores elevados de argilas expansivas. Na 
região da Campanha, devido à pequena quantidade de água excedente (precipitação > evapotranspiração 
potencial) disponível para a intemperização (cerca de 350 mm ano-1), os solos são pouco intemperizados, 
predominando argilominerais 2:1. 
Nas áreas sob processos de formação de areais na Campanha, a formação litológica é constituída pelo 
arenito da Formação Botucatu e depósitos arenosos recentes (inconsolidados). Nessas áreas predominam os 
Argissolos Vermelhos, Latossolos Vermelhos e Neossolos Quatzarênicos. Os dois primeiros são formados do 
arenito Botucatu, enquanto o Neossolo Quartzarênico tem sua formação sobre os depósitos arenosos 
recentes. 
Na Planície Costeira há domínio dos sedimentos marinhos depositados pelas sucessivas transgressões 
e regressões marinhas, e de pouca importância agrícola. 
 
2.2. Relevo 
Pela divisão do relevo do Rio Grande do Sul proposta em Brasil (1973), que considera a altitude e o 
material geológico, tem-se as seguintes configurações: 
Planalto: é composto pelo extenso planalto basáltico que ocupa a metade norte do estado, domínio das 
rochas extrusivas básicas. É subdividido em: 
_ Planalto Médio: composto pela região entre 400 e 800m de altitude. Na porção onde predomina as 
rochas magmáticas (em direção à SC) o relevo é mais acidentado, enquanto na porção mais ao sul é 
suavizado pela presença de coberturas sedimentares (arenitos). 
_ Missões: situada mais a oeste, constitui-se da região com cotas entre 100 e 400m de altitude, sendo 
um relevo com características suaves. 
_ Campos de Cima da Serra: é a região do planalto com maiores altitudes (cotas acima de 800m), 
situando-se no extremo leste do planalto. Os declives podem ser suaves (região de Vacaria ) ou abruptos 
(região de Bom Jesus). 
_ Alto Uruguai: região com relevo forte ondulado, montanhoso, com cotas entre 200m e 500m, e os 
vales possuem a forma de V. Está situada no extremo Norte do estado. 
_ Encosta Superior e Inferior do Nordeste: é a área limítrofe entre o Planalto e a Depressão Central, 
com cotas variando entre 200 e 800m e relevo forte ondulado a montanhoso, estende-se por centenas de 
quilômetros no sentido Leste - Oeste. É onde a ação da erosão geológica se faz perceber, provocando a 
erosão regressiva do planalto. 
Depressão Central: é a região situada entre o Planalto e a Serra do Sudeste, onde encontra-se Santa 
Maria. As altitudes variam de 200m a leste até 40m ou menos a oeste. O relevo se constitui de grandes 
planícies aluviais e coxilhas suaves. 
Serra do Sudeste: região com altitudes variando de 100 a 400m onde se encontram as rochas 
intrusivas (coincide com o Escudo Sul Rio Grandense). O relevo é bastante movimentado, mas em área onde 
apresenta coberturas sedimentares é suavizado 
Campanha: situada na porção oeste do Estado, sendo formada por relevos suaves e altitudes baixas 
(200 a 300m) 
Litoral: é uma planície estreita que se estende ao longo de quase toda faixa litorânea do Estado, com 
cotas inferiores a 40 m, com predomínio das dunas. 
 
2.3. Clima 
A temperatura média anual do Estado é de 18 oC. As regiõesmais quentes são a Campanha, 
Depressão Central e Missões, e as mais frias os Campos de Cima da Serra, Encosta Superior do Nordeste e 
Planalto Médio. 
 
3 
As precipitações são bastante variáveis de ano para ano, bem como ao longo de um mesmo ano. No 
Rio Grande do Sul, os meses mais chuvosos costumam ser maio, junho e setembro, e os mais secos, 
novembro, dezembro e fevereiro. 
 
 
Figura 2. Regiões fisiográficas do Rio Grande do Sul. Fonte: Brasil (1973). 
 
Na maioria dos anos e locais, a precipitação supera e evapotranspiração, o que significa excedente de 
água que pode lixiviar nutrientes e produtos do intemperismo. Historicamente, as regiões da Encosta Superior 
do Nordeste e dos Campos de Cima da Serra não apresentam deficiências hídricas, e as demais regiões 
podem apresentar deficiências maiores que 100mm, com exceção da Campanha, Depressão Central e 
Litoral, que podem apresentar deficiências maiores que 200mm. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. Precipitação média anual das regiões do Rio Grande do Sul. 
 
3. Referências 
BRASIL. Levantamento de reconhecimento dos solos do Estado do Rio Grande do Sul. Recife : Ministério da Agricultura 
- Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos (SNLCS), 1973. 431p. 
DALMOLIN, R.S.D.; PEDRON, F.A.; AZEVEDO, A.C. Principais solos do Planalto do Rio Grande do Sul: Guia de 
excursão. 2.ed. Santa Maria: Departamento de Solos – UFSM, 2006. 48p. 
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro 
de Classificação de Solos. Brasília: Embrapa produção de informação, Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412p. 
PEDRON, F.A.; DALMOLIN, R.S.D.; REICHERT, J.M.; REINERT, D.J.; AZEVEDO, A.C. Principais solos da região da 
Quarta Colônia, Rio Grande do Sul: Guia de excursão. Santa Maria: UFSM/CCR/Departamento de Solos, 2007. 43p. 
REINERT, D.J.; REICHERT, J.M.; DALMOLIN, R.S.D.; AZEVEDO, A.C.; PEDRON, F.A. Principais solos da Depressão 
Central e Campanha do Rio Grande do Sul: Guia de excursão. Santa Maria: Departamento de Solos - UFSM, 2007. 47p. 
RESENDE, M.; CURI, N.; REZENDE, S. B.; CORRÊA, G. F. Pedologia: Base para distinção de ambientes. 4.ed. Viçosa-
MG: NEPUT, 2002. 338p. 
STRECK, E. V.; KAMPF, N.; DALMOLIN, R. S. D.; KLAMT, E.; NASCIMENTO, P. C.; SCHNEIDER, P. Solos do Rio 
Grande do Sul. Porto Alegre: EMATER-RS/UFRGS, 2002. 107p. 
TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M.C.M.; FAIRCHILD, T.R.; TAIOLI, F. Decifrando a terra. São Paulo-SP: Oficina de Textos, 
2000. 568p. 
7 
3 
9 
4 
2 
1 
8 
5 
6 
10 
11 
1) Litoral 
2) Depressão Central 
3) Missões 
4) Campanha 
5) Serra do Sudeste 
6) Encosta do Sudeste 
7) Alto Uruguai 
8) Campos de Cima da Serra 
9) Planalto Médio 
10) Encosta Inferior do NE 
11) Encosta Superior do NE

Outros materiais