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Uma Reflexão sobre o Texto “Os Involuntários da Pátria” redação

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Redação
Uma Reflexão sobre o Texto “Os Involuntários da Pátria”
Esta obra, que na realidade trata-se de uma aula expositiva, ao ar livre, cujo autor, um antropólogo e estudioso da questão indígena no Brasil, nos leva a refletir sobre a ocorrência de uma batalha entre os povos indígenas e as lideranças políticas, onde os primeiros querem simplesmente ver garantido o seu reconhecimento como cidadãos plenos e a garantia de seus direitos com a manutenção e preservação de suas culturas e costumes. 
Reforçando esse pensamento, destacamos essa citação, que faz um fechamento monumental em conclusão ao texto, que podemos dizer é um resumo autêntico e único que condensa e concentra toda a ideia central e nos permite entender e absorver sem dúvidas o verdadeiro sentido do título da obra, ou seja, o que vem a ser “Involuntários da Pátria”: 
"Os índios foram e são os primeiros Involuntários da Pátria. Os povos indígenas originários viram cair-lhes sobre a cabeça uma “Pátria” que não pediram, e que só lhes trouxe morte, doença, humilhação, escravidão e despossessão. Nós aqui nos sentimos como os índios, como todos os indígenas do Brasil: como formando o enorme contingente de Involuntários da Pátria. Os involuntários de uma pátria que não queremos, de um governo (ou desgoverno) que não nos representa e nunca nos representou. Nunca ninguém os representou, àqueles que se sentem indígenas. Só nós mesmos podemos nos representar, ou talvez, só nós podemos dizer que representamos a terra — esta terra. Não a “nossa terra”, mas a terra de onde somos, de quem somos. Somos os Involuntários da Pátria. Porque 'outra' é a nossa vontade".
Adverte-nos ainda o antropólogo, na citação a seguir, que a luta dos índios, é também nossa, pois é uma luta indígena, portanto nossa, já que todos somos indígenas, a partir da acepção da palavra, considerando sua etimologia:
 "são nosso exemplo, um exemplo de “rexistência” secular a uma guerra feroz contra eles para “desexistí-los”, fazê-los desaparecer, seja matando-os pura e simplesmente, seja “desindianizando-os” e tornando-os cidadãos civilizados”.
Dito isso, vamos à nossa Carta Magna: 
Além de declarar em seu artigo 5º que "todos são iguais perante a Lei, sem distinções de qualquer natureza", O artigo 231 da Constituição Federal reconhece aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam.
Isto posto, podemos perceber uma gritante diferença entre o que a constituição determina e o que a realidade evidencia. Como não poderia deixar de ser, os índios, ou mais claramente falando, os povos indígenas possuem direitos e garantias que são simplesmente reiterados na carta, o que falta porem é pôr em prática a aplicação em sua totalidade desses direitos, o que desencadearia, por assim dizer, um processo de desenvolvimento dos povos indígenas, fundado e baseado em suas culturas e nos seus costumes próprios, característicos e distintos entre si.
A Constituição de 1988 consagrou, já pela terceira vez, o antigo indigenato, ou seja, o direito congênito e primário dos nossos povos indígenas sobre os nossos territórios, independentemente de título ou reconhecimento formal, estabelecido no sistema legal brasileiro pela Lei nº 601/1850; acatando e acolhendo o princípio de que os índios são os primeiros e naturais senhores da terra. Considerando então que esta é a fonte primária e congênita de seu direito, anterior a qualquer outro, o indigenato não se confunde com a ocupação ou com a mera posse, consequentemente, o direito dos índios à sua terra não depende de reconhecimento formal. Sobre esse tema inclusive o STF se pronunciou em 2012, afirmando que “enquanto a ocupação é título adquirido o indigenato é legitimo por si; não é um fato dependente de legitimação, ao passo que a ocupação, como fato posterior, depende de requisitos que a legitimem”.
Quando se fala sobre os territórios e a terra indígena, é preciso considerar em profundidade a vital importância da relação que estes povos têm com a terra em que vivem e onde viveram todos os seus antepassados. Não é por mera casualidade que a garantia da terra é o ponto mais importante do direito constitucional dos povos indígenas, uma vez que, para estes povos indígenas, a base territorial tem valor de sobrevivência física e cultural; por isso essa realidade é devidamente absorvida pela ordem jurídica e assegurada no artigo 231, § 1º, da Constituição Federal.
No entanto, nem tudo são flores, pois neste contexto o agronegócio é o setor que mais preocupa e recebe acusações dos indigenistas. O setor é um dos mais influentes na legislação e nos rumos políticos e econômicos do Brasil. Por sua grande participação nas exportações, atrai a simpatia de grandes investidores ás vezes inescrupulosos em relação as questões indígenas e ambientais. Recentemente, em 2013, grandes produtores rurais do Mato Grosso do Sul, uma das regiões com forte predominância do agronegócio, pediram à Presidência a suspensão da demarcação de terras em seu estado, tal como já vigora no Paraná e no Rio Grande do Sul.
Como se não bastasse tudo isso, existe ainda em tramitação no Congresso Nacional a famigerada PEC 215, que propõe transferir do poder executivo para aquele Congresso, a demarcação e homologação de terras indígenas e quilombolas, além de rever os territórios com processo fundiário e antropológico encerrado e publicado, ou seja um golpe fatal nas possibilidades de obtenção da tão almejada paz entre a população urbana, rural e indígena.
Diante do exposto percebe-se que a Constituição Federal nos seus artigos 231 e 232, assegura de forma brilhante os direitos do indígena. Resta sem dúvida, real e urgente necessidade de uma efetiva aplicação de tais preceitos.
Portanto, está evidente a necessidade urgente de que cada vez mais trabalhos tratem da questão indígena, provocando várias e diversas discussões acerca do tema que tornará possível uma maior visibilidade na observação dos direitos, e ao clamor dos indígenas por melhores condições de vida mantendo e preservando seus costumes e padrões culturais, após este vários séculos de opressão e destruição de seu ambiente nativo e seu habitat.
Assim, podemos de forma simplista concluir que, é impossível voltar atrás e devolver ao índio tudo que lhe foi tirado, mas não é de forma alguma impossível pôr em prática seus direitos garantidos na constituição.
Paulo César Machado – GV – 07/03/2017.

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