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que sair correndo para salvar algue´m que se afoga no ponto B = (0, 5), dentro do mar. Veja a Figura. Suponha que a velocidade do salva-vidas na praia e´ v1 m/s e na a´gua e´ v2 < v1, com raza˜o: k := v2 v1 < 1. A questa˜o e´ a seguinte: para que ele chegue o mais ra´pido poss´ıvel, ate´ que ponto (x, 0) com x ∈ [0, 8] ele deve correr pela praia, para da´ı enta˜o ir em linha reta nadando ate´ B ? Na soluc¸a˜o a coordenada x do ponto buscado sera´ func¸a˜o de k, ou seja, x(k). Tambe´m mostre que: i) se k verifica k2 · (k2 − 1) < 0 enta˜o sair ja´ de (8, 0) nadando na˜o e´ a melhor estrate´gia para o salva-vidas. ii) mostre que limk→0 x(k) = 0. Ou seja, para valores de k muito pequenos o melhor e´ correr pela areia ate´ quase a origem e dali sair nadando em aˆngulo reto. iii) Para um salva-vidas que corresse como Usain Bolt e nadasse como Ce´sar Cielo ter´ıamos k ∼ 0.22. Mas se nadasse como Cielo e corresse como uma pessoa normal, enta˜o5 k ∼ 0.55. Confirme que nesses dois casos x(k) = x(0.22) ∼ 1.12 e x(k) = x(0.55) ∼ 3.34. 5Esses valores de k foram calculados pelo estudante Rafael Kuch, a quem agradec¸o CAP´ıTULO 20 As Coˆnicas e suas propriedades refletivas 1. Distaˆncia ate´ uma para´bola Comec¸o este Cap´ıtulo considerando o seguinte problema: dada uma para´bola y = C · x2, com C > 0 fixado, e dado um ponto (0, a) no eixo positivo dos y, qual a distaˆncia mı´nima entre ele e os pontos do gra´fico da para´bola ? Ja´ o caso C = 1 e´ interessante: Afirmac¸a˜o 1.1. Seja o ponto (0, a) do eixo dos y com a > 0 e seja da(x) a distaˆncia entre esse ponto e os pontos (x, x2) do gra´fico da para´bola y = x2. • i) se a > 1 2 enta˜o da(x) tem um ma´ximo local em x = 0 e dois pontos de mı´nimo absoluto em x = ± √ 2a−1√ 2 . • ii) se a ≤ 1 2 enta˜o da(x) tem apenas um ponto de mı´nimo absoluto, em x = 0. Ademais, se a = 1 4 enta˜o d 1 4 (x) = x2 + 1 4 . A Figura a seguir ilustra a Afirmac¸a˜o: em vermelho y = d 3 4 (x), em verde y = d 1 2 (x), em amarelo y = d 1 3 (x), em azul y = d 1 4 (x) e em lila´s y = d 1 9 (x). 1,4 1 0,2 1,2 0,8 x 1-1 0,4 0,6 -0,5 0 0,5 Veremos na pro´xima Sec¸a˜o 2, Definic¸a˜o 2.1, que (0, a) = (0, 1 4 ) e´ o foco da para´bola y = x2 e que y = −1 4 e´ a sua reta diretriz. Demonstrac¸a˜o. 255 1. DISTAˆNCIA ATE´ UMA PARA´BOLA 256 Temos da(x) := √ (x− 0)2 + (x2 − a)2 = √ x2 + (x2 − a)2, cujo domı´nio sa˜o todos os Reais. Enta˜o ma´ximos/mı´nimos sa˜o detectados por d′a(x) = x · (2x2 + 1− 2a)√ x2 + (x2 − a)2 = 0. Ou seja, d′a(x) = 0 em • i) x = 0 e em mais dois pontos x = ± √ 2a−1√ 2 , desde que 2a− 1 > 0 • ii) apenas em x = 0, se 2a− 1 ≤ 0. Podemos usar o Crite´rio da primeira derivada para detectar ma´ximos/mı´nimos locais. Como claramente lim x→+∞ da(x) = lim x→−∞ da(x) +∞ os mı´nimos locais sera˜o tambe´m globais. No caso i), d′a(x) < 0 se 0 < x < √ 2a− 1√ 2 e d′a(x) > 0 se − √ 2a− 1√ 2 < x < 0. o que diz que x = 0 e´ ponto de ma´ximo local de da(x). Ainda no caso i), d′a(x) > 0 se √ 2a− 1√ 2 < x e d′a(x) < 0 se x < − √ 2a− 1√ 2 , o que diz que x = ± √ 2a−1√ 2 sa˜o pontos de mı´nimo local da da(x). Ja´ no caso ii), temos 2x2 + 1− 2a ≥ 0 e o sinal de d′a(x) e´ o mesmo sinal de x: d′a(x) > 0 se 0 < x e d′a(x) < 0 se x < 0, o que diz que x = 0 e´ ponto de mı´nimo local. � CAPI´TULO 20. AS COˆNICAS E SUAS PROPRIEDADES REFLETIVAS 257 2. Definic¸a˜o unificada das coˆnicas No cole´gio se insiste em apresentar cada coˆnica separadamente, sem que se deˆ uma definic¸a˜o unificada. A Definic¸a˜o 2.1 a seguir englobara´ todas as coˆnicas, menos uma, o C´ırculo. Mas veremos em seguida que a Definic¸a˜o 2.1 compreende a Definic¸a˜o 2.3, a qual se estende naturalmente ao C´ırculo. Lembre que a distaˆncia de um ponto P a uma reta r, denotada Pr a seguir, e´ a distaˆncia do ponto P ao pe´ da perpendicular a r trac¸ada desde P . Definic¸a˜o 2.1. Fixe uma reta r e um ponto F /∈ r. Uma coˆnica e´ o lugar geome´trico no plano dos pontos P cuja distaˆncia PF esta´ numa raza˜o constante para a distaˆncia P r. Ou seja: PF P r = e, e > 0. A grandeza e sera´ chamada de excentricidade da coˆnica, F , de foco e r, de diretriz. Afirmac¸a˜o 2.1. Considere uma coˆnica de foco F , diretriz r e excentricidade e. Enta˜o existe um sistema cartesiano de coordenadas em que • a origem (0, 0) pertence a` conica, • a diretriz vira a reta vertical x = −ρ, com ρ > 0, • o foco e´ F = (eρ, 0) • os pontos P = (x, y) da coˆnica satisfazem a equac¸a˜o: (1− e2) · x2 − 2e(1 + e)ρ · x+ y2 = 0. Ademais, se e = 1 a equac¸a˜o vira: x = 1 4ρ · y2 assim como o foco vira F = (ρ, 0) e a diretriz, x = −ρ. Se e < 1 , a equac¸a˜o geral vira x2 a2 − 2 a · x+ y 2 b2 = 0, onde a := eρ 1− e > 0 e b := √ a2 · (1− e2) > 0. Se e > 1, a equac¸a˜o geral vira: x2 a2 + 2 a · x− y 2 b2 = 0, onde a := eρ e− 1 > 0 e b := √ a2(e2 − 1) > 0. 2. DEFINIC¸A˜O UNIFICADA DAS COˆNICAS 258 Definic¸a˜o 2.2. A coˆnica x = 1 4ρ · y2, do caso e = 1 da Afirmac¸a˜o 2.1, e´ chamada para´bola. • Ela tem o´bvia simetria no eixo dos y e o eixo x e´ chamado de eixo da para´bola. • Um reta vertical pelo foco F = (ρ, 0) intersecta a para´bola em dois pontos (ρ,±2ρ). A distaˆncia de F a cada um deles, que e´ 2ρ, e´ chamada semi-latus rectum1 da para´bola. • Num novo sistema cartesiano (x, y) em que o ve´rtice P0 esta´ em (x, y) = (h, k) e o foco esta´ na reta y = k a para´bola y2 = 4ρx se escreve como: (y − k)2 = 4ρ(x− h) que expandido da´: y2 − 2ky − 4ρx+ k2 + 4h = a1y2 + a2y + a3x+ a4 = 0. Em Exerc´ıcios pode se pedir para, a partir de uma equac¸a˜o do tipo: a1y 2 + a2y + a3x+ a4 = 0 determinar a para´bola, com o ve´rtice, o foco e a diretriz. Tambe´m o papel de x e y pode estar trocado. • A pista para chegar na para´bola esta´ em que so´ ha´ grau 2 em uma das coordenas. Para entendermos melhor as coˆnicas nos casos e 6= 1: Afirmac¸a˜o 2.2. No caso 0 < e < 1 da Afirmac¸a˜o 2.1, existe um novo sistema de coordenadas (x, y) dado por x = x− a e y = y em que a equac¸a˜o vira: x a2 + y b2 = 1 e no qual as coordenadas do foco sa˜o F = (− √ a2 − b2 , 0), para a := eρ 1− e > 0 e b := √ a2 · (1− e2) > 0. Ademais2: e = √ a2 − b2 a . 1semi largura ortogonal 2Na apostila c := √ a2 − b2 para elipses CAPI´TULO 20. AS COˆNICAS E SUAS PROPRIEDADES REFLETIVAS 259 No caso 1 < e da Afirmac¸a˜o 2.1, existe um novo sistema de coordenadas (x, y) dado por x = x− a e y = y em que a equac¸a˜o vira: x a2 − y b2 = 1 e no qual as coordenadas do foco sa˜o F = ( √ a2 + b2 , 0), onde a := eρ e− 1 > 0 e b := √ a2(e2 − 1) > 0. Ademais3: e = √ a2 + b2 a . Definic¸a˜o 2.3. A coˆnica do caso 0 < e < 1 da Afirmac¸a˜o 2.2 e´ chamada elipse. Um reta vertical por F1 = (− √ a2 − b2, 0) intersecta a elipse em dois pontos (−√a2 − b2,± b2 a ). A distaˆncia de F1 a cada um deles, que e´ b2 a , e´ o semi-latus rectum da elipse. Note que: • A elipse tem simetria tanto no eixo dos x como no eixo dos y. Da´ı se obtem que ela poderia ser definida tambe´m com base num segundo foco F2 := ( √ a2 − b2 , 0) como o foi com base em F1 := F = (− √ a2 − b2, 0). Havera´ uma segunda diretriz, cuja distaˆncia ao foco F2 e´ a mesma da primeira diretriz a F1. ρ ρa a b b F 1 r 1 r 2 F 2 • Se na equac¸a˜o x2 a2 + y2 b2 = 1 3Na apostila, c := √ a2 + b2 para hipe´rboles 2. DEFINIC¸A˜O UNIFICADA DAS COˆNICAS 260 fazemos a = b enta˜o os dois focos coincidem em (0, 0) e temos o C´ırculo de raio a. • O raio a = a2 a do c´ırculo e´ um caso particular