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INVALIDADE do casamento - Ana Barbuda Aula 08

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 Existência
Validade
Eficácia
do Casamento
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Casamento inexistente
É possível encontrar diferentes situações:(
i) existir, ser válido e eficaz (casamento celebrado entre
pessoas maiores e capazes e desimpedidas de casar entre si); 
(ii) existir, ser inválido e ineficaz (o casamento celebrado entre irmãos, em incesto); 
(iii) existir, ser inválido, porém eficaz (como no exemplo do casamento putativo – aquele que é inválido, porém, em razão da boa-fé dos cônjuges, obtém eficácia por força de decisão judicial, conforme permissivo do art. 1.561 da Lei Civil); 
(iv) inexistir, ser inválido e ineficaz (é o casamento celebrado sem a manifestação de vontade dos nubentes)
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Casamento inexistente
plano da existência é o plano do ser. Nele ingressam todos os fatos jurídicos, sejam lícitos, sejam ilícitos. 
plano da validade concerne ao ajuste do ato às prescrições estabelecidas
em lei. Assim, a ausência de algum dos elementos da validade torna o fato
inválido, gênero do qual decorrem a nulidade e anulabilidade como espécies
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Casamento inexistente
inicialmente, averigua-se a presença dos elementos estruturantes
para que o matrimônio seja considerado na esfera jurídica. São os elementos
essenciais, sem os quais não terá o casamento sequer possibilidade de produzir efeitos.
Em seguida, no nível da validade, são analisados os requisitos de conformidade com a
ordem jurídica, para afirmar a admissibilidade do casamento perante a legislação posta.
Finalmente, na última etapa, será conferida a produtividade imediata dos efeitos, ou
não. Trata-se de análise progressiva, tendo como plano prejudicial e imprescindível
o de existência.
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Da invalidade do casamento
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Casamento inexistente
Nos casos de:
Inobservância de diversidade de sexos
Ausência de celebração regular
Celebração por autoridade incompetente
Obs.: o plano da existência é anterior ao da validade
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“Casamento em que se tem identidade de sexos, falta de celebração e de consentimento não é matrimonio; trata-se de um nada, por ser inexistente.” (RT, 615:47)
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Dispensa ação judicial, mas é possível requerer, por simples petição, que o órgão judicante declare a inexistência do ato.
Vale frisar que se trata de discussão superada para grande parte da doutrina
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Casamento de transexuais
Havendo alteração de sexo por cirurgia, e obtida a redesignação civil, seria possível.
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Casamento inválido
Trata-se dos casos de nulidade e anulabilidade. Na primeira situação a ação adequada é a “declaratória de nulidade”, enquanto na segunda cabe a propositura de uma “ação anulatória”.
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Nulidade do casamento
Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:
I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil;
II - por infringência de impedimento.
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Na primeira hipótese, trata-se dos casos de incapacidade absoluta, prevista no art. 3º, II, CC.
Já na segunda hipótese, temos os impedimentos matrimoniais do art. 1.521 CC.
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Efeitos da Declaração de Nulidade do casamento
A declaração de nulidade produz efeitos ex tunc, mas sem prejudicar terceiros de boa fé. (art. 1.563 CC)
Ma se for reconhecida a boa fé de um dos cônjuges, a nulidade só produzirá efeitos a partir da sentença.
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Pessoas legitimadas a arguir a nulidade
Qualquer pessoa interessada
Ministério Público
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Anulabilidade do casamento
Art. 1.550. É anulável o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.
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Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.
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Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares.
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São situações que envolvem consentimento defeituoso, “seja por se tratar de pessoa que se casou inspirada no erro, seja por se tratar de quem, pela sua imaturidade ou defeito mental, não podia consentir desassistido de seu representante.” (Paulo Lôbo)
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Vale lembrar que o Código Civil de 1916 tratava tais situações como “impedimentos dirimentes relativos”.
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Pessoas legitimadas a arguir a anulabilidade
No caso de casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal, a ação anulatória só poderá ser proposta por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus herdeiros necessários. Prazo: 180 dias.
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Em caso de erro essencial ou de coação, somente o cônjuge que incidiu em erro pode demandar a anulação do casamento.
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Erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge
“O erro, como regra geral, consiste em uma falsa representação da realidade. Em matéria de casamento nada mais é do que uma especificação da teoria geral do erro substancial quanto à pessoa (CC, art. 139, II)”. (César Roberto Gonçalves)
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Rol taxativo do art. 1.557 CC
É a principal causa de anulação de casamentos na realidade dos tribunais
O prazo para propor a ação anulatória é de 02 anos.
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Curiosidade – Código Civil de 1916:
Art. 219.  Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: 
(...)
IV - o defloramento da mulher, ignorado pelo marido.
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Espécies de erro do art. 1.557:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
Casuística dos tribunais: marido que descobre que a mulher mantém relações lésbicas; dissimulação e ardil com objetivo patrimonial (“golpe do baú”); dependência química; recusa ao débito conjugal. (Carlos Roberto Gonçalves)
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II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
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III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
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Defeito físico irremediável é o que impede a realização dos fins matrimoniais. (Carlos Roberto Gonçalves)
Se o defeito físico impede a relação sexual, como no caso da impotência, o casamento pode ser anulado. (Paulo Lôbo)
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No caso de moléstia grave, esta deve ser transmissível por contato ou herança, e deve ter sido adquirida antes do casamento.
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IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.
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Vício da vontade determinado pela coação
Coação
é toda ameaça ou pressão injusta exercida sobre um indivíduo para forçá-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio. (Carlos Roberto Gonçalves)
O prazo para ação anulatória é de 4 anos.
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Casamento Putativo
A teoria das nulidades matrimoniais possui um princípio básico de que nulo ou anulável o casamento produz efeitos civis válidos em relação aos consortes e à prole se um deles ou ambos o contraíram de boa fé (CC, art. 1.561). (Maria Helena Diniz)

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