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SEFAZ PE civil lauro Aula 08

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 08 – Contratos – Teoria Geral – Atos Unilaterais 
 Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
�Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula →→→→ 
CONTRATOS. Teoria Geral dos Contratos. Atos Unilaterais. 
Subitens →→→→ Contratos. Parte Geral. Teoria Geral dos Contratos. Disposições 
Gerais. Elementos. Princípios Fundamentais. Formação. Contratos Preliminares. 
Modalidades ou Espécies (unilaterais ou bilaterais; onerosos ou gratuitos; 
comutativos e aleatórios). Efeitos particulares: exceção de contrato não cumprido, 
direito de retenção, revisão (resolução por onerosidade excessiva), arras ou sinal, 
vício redibitório, evicção. Extinção da Relação Contratual. Distrato. Atos Unilaterais. 
�Legislação a ser consultada →→→→ Código Civil: Dos Contratos em Geral 
(arts. 421 até 480): Disposições Gerais (arts. 421 até 471). Extinção do Contrato 
(arts. 472 até 480). Atos Unilaterais (arts. 854 até 880). 
 
Sumário 
 
Introdução e conceito ...................................................................... 02 
Elementos constitutivos ................................................................... 03 
Princípios fundamentais ................................................................... 04 
Formação dos contratos ................................................................... 10 
 Proposta ...................................................................................... 11 
 Aceitação ..................................................................................... 13 
 Momento da conclusão ................................................................ 14 
 Lugar da celebração .................................................................... 15 
 Contrato preliminar ..................................................................... 15 
Classificação geral dos contratos ...................................................... 16 
Efeitos jurídicos da obrigatoriedade do contrato .............................. 24 
 Exceção de contrato não cumprido ................................................ 24 
 Direito de retenção ........................................................................ 25 
 Revisão dos Contratos - Resolução por onerosidade excessiva ...... 26 
 Regra dos contratos gratuitos ....................................................... 28 
Aula 08 
Dos Contratos em Geral 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 08 – Contratos – Teoria Geral – Atos Unilaterais 
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 Arras ou sinal ................................................................................ 28 
 Estipulação em favor de terceiro ................................................... 30 
 Promessa de fato de terceiro ......................................................... 31 
 Vício redibitório ............................................................................. 32 
 Evicção .......................................................................................... 37 
 Contrato com pessoa a declarar ..................................................... 40 
Extinção da relação contratual ......................................................... 40 
 Causas anteriores ou contemporâneas ........................................ 41 
 Causas supervenientes ................................................................ 42 
ATOS UNILATERAIS .......................................................................... 43 
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ..................................................... 45 
Bibliografia Básica ............................................................................ 48 
EXERCÍCIOS COMENTADOS .............................................................. 49 
 
INTRODUÇÃO E CONCEITO 
Já vimos que o negócio jurídico pode ser unilateral ou bilateral. O negócio 
jurídico unilateral é o que depende, para a sua formação, de apenas uma 
vontade (ex: renúncia, testamento, etc.). Já o negócio jurídico bilateral é o 
que necessita, para a sua formação, de um encontro de vontades. As partes 
acordam que devem se conduzir de determinado modo, uma em face da outra, 
combinando seus interesses, constituindo, modificando ou extinguindo 
obrigações. 
Portanto, contrato é o acordo de duas ou mais vontades que visa à 
aquisição, resguardo, transformação, modificação ou extinção de relações 
jurídicas de natureza patrimonial. É negócio jurídico bilateral ou plurilateral em 
que as partem perseguem interesses patrimoniais lícitos. Costuma-se dizer 
que “um contrato faz lei entre as partes”. No entanto as cláusulas contratuais 
não podem contrariar normas de direito público ou impositivas, sob pena 
nulidade. A doutrina costuma fornecer um conceito mais completo de contrato, 
afirmando ser um “vínculo jurídico entre dois ou mais sujeitos de direito 
correspondido pela vontade, da responsabilidade do ato firmado, resguardado 
pela segurança jurídica em seu equilíbrio social”. 
Pelo conceito fornecido, percebemos que para que haja um contrato são 
necessários dois polos: o ativo e o passivo. Mas, discute-se na doutrina a 
existência do chamado autocontrato, que é o nome dado ao contrato em que a 
mesma pessoa age, simultaneamente, revestida nas duas qualidades jurídicas 
diferentes: ora por si, e ora representando um terceiro. Ex.: no mandato em 
causa própria “A” confere poderes para “B” para vender seu apartamento, com 
autorização para que “B” venda o imóvel para ele mesmo (“B”). Neste caso, 
quando for feita a escritura, “B” intervirá, ora representando “A” (como 
mandatário), ora em seu próprio nome (comprando o imóvel). 
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 AULA 08 – Contratos – Teoria Geral – Atos Unilaterais 
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3 
É interessante mencionar que a expressão “contrato” tanto pode ser usada 
para designar o negócio jurídico bilateral, como também a própria formalização 
do instrumento (seja ele público ou particular). Finalizando este tópico convém 
lembrar (falaremos sobre isso melhor mais adiante) que vigora para os 
contratos o princípio da liberdade das formas (art. 107, CC), mas 
excepcionalmente a forma pode ser exigida como requisito de validade (art. 
108, CC) ou para efeito de prova (art. 227, CC). 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 
Um contrato, sendo um negócio jurídico, tem como elementos essenciais: 
agentes capazes, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, 
consentimento válido e finalmente forma prescrita ou não defesa em lei. É 
interessante acrescentar que muitos pensam que um contrato somente existe se 
for escrito. No entanto, sem que percebamos, durante o dia celebramos vários 
contratos. E a maioria deles é verbal. Quandotomamos um café na padaria, 
quando tomamos uma condução para trabalhar etc. Já analisamos cada um dos 
elementos acima na aula sobre fatos e atos jurídicos. Vamos ver agora, 
reforçando o aprendizado, os elementos específicos, relativos ao contrato. 
São eles: 
1. Existência de duas ou mais pessoas (naturais e/ou jurídicas). 
2. Capacidade plena das partes para contratar. Se as partes não forem 
capazes o contrato poderá ser nulo (absolutamente incapaz que não foi 
representado) ou anulável (relativamente incapaz que não foi assistido). 
3. Consentimento: vontades livres e isentas de vícios (erro, dolo, coação, 
etc.). Lembrando que em um contrato as vontades correspondem a 
interesses contrapostos (ex.: na compra e venda uma parte quer vender e 
a outra quer comprar). 
4. Objeto do contrato (prestação). Não confundir objeto com a coisa sobre 
a qual incide a obrigação. O objeto é a atuação das partes no contrato. 
Ex.: no contrato de compra e venda de um relógio, o objeto não é o relógio. O 
relógio é a coisa sobre a qual a prestação se especializa. O objeto de quem 
compra é pagar o preço e de quem vende entregar a coisa. A análise do 
objeto possui algumas subdivisões: 
a) Licitude: o objeto não pode ser contrário à lei, à moral, aos princípios 
da ordem pública e aos bons costumes. Ex.: não posso contratar uma 
pessoa para matar outra. Se o objeto for ilícito, o contrato será considerado 
nulo. 
b) Possibilidade física e jurídica: temos a impossibilidade física quando 
contratamos um mudo para cantar. Ocorre a impossibilidade jurídica 
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quando encontramos algum obstáculo no próprio ordenamento jurídico. A 
inobservância deste preceito também gera nulidade absoluta do contrato. 
c) Certo, determinado, ou, pelo menos, determinável (ou seja, deve 
conter os elementos necessários para que possa ser determinado: gênero, 
espécie, quantidade e características individuais). Se o objeto for 
indeterminado, o contrato será considerado inválido. 
d) Economicamente apreciável: deverá versar sobre o interesse capaz 
de se converter, direta ou indiretamente, em dinheiro. 
5. Forma prescrita ou não defesa em lei. A regra é que a forma é livre. 
Pode ser verbal, por meio de um simples gesto (ex: em leilões de arte, basta 
levantar um dedo para significar um lance), ou por um documento particular. 
No entanto em algumas circunstâncias exigem-se maiores formalidades e 
solenidades. Ex.: escritura de compra e venda de imóvel superior a certa 
quantia. Este é o instrumento essencial para a validade do negócio jurídico 
(art. 109, CC). Quando a lei exigir que um contrato tenha uma determinada 
forma especial é desta forma que ele deve ser feito (não pode ser feito de 
outra maneira). Somente quando não se exigir uma forma especial é que ele 
pode ter forma livre, apenas não utilizando alguma outra forma que seja 
expressamente proibida pela lei. Daí dizer-se forma prescrita (determinada) 
ou não defesa (proibida) em lei. Qualquer vício referente à forma torna o 
contrato nulo. 
 O casamento é um contrato? Existem várias teorias a respeito. A primeira 
afirma que o casamento é instituto de direito público, portanto não é contrato. 
Outra teoria diz que o casamento é de direito privado, mas é uma instituição e 
não um contrato. A corrente mais forte no Brasil considera o casamento como 
um contrato especial de direito de família. Isto porque seu elemento 
fundamental é o consentimento das partes. 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
 
 Princípio da Autonomia da Vontade (também chamado de princípio do 
consensualismo ou da autonomia privada)  Inicialmente as pessoas têm 
liberdade para praticar um ato ou simplesmente abster-se do mesmo não 
assumindo obrigações, pactuando ou não um contrato. Ex.: tenho dois 
imóveis; resido em um deles; não sou obrigado a alugar o outro; se eu 
quiser posso deixá-lo fechado. Além disso, decidindo realizar um contrato, a 
pessoa tem liberdade de escolher quem será o outro contratante. E, vencidas 
estas etapas os contratantes têm liberdade para estipular a espécie 
contratual, mesmo que não prevista em lei (contrato inominado) e o 
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conteúdo das estipulações como melhor lhes convier. Em tese, pode-se 
contratar sobre o que quiser. Mas é evidente que há muitas restrições para 
essa autonomia, conforme veremos adiante. Vigora a máxima: “é lícito tudo 
o que não for proibido”. 
 Princípio da Observância (ou supremacia) das Normas de Ordem 
Pública  Trata-se de um limite do princípio anterior, pois a liberdade de 
contratar encontra restrições inicialmente na própria lei, ou seja, na ordem 
pública, que são as normas impositivas e que visam o interesse coletivo, 
tanto imperativas (de ordenam algum comportamento), como proibitivas 
(que vedam alguma conduta), além de princípios baseados na moral e nos 
bons costumes. Ex.: art. 426, CC: “Não pode ser objeto de contrato a 
herança de pessoa viva”. A doutrina chama isso de pacta corvina (acordo 
do corvo). Essa analogia se faz por causa dos hábitos alimentares do 
corvo. O negócio jurídico com tal objeto indicaria o desejo de morte para 
aquele e quem a sucessão se trata. Tal como os corvos, que esperam a 
morte de suas vítimas para se alimentarem, os contratantes estariam 
avidamente aguardando o falecimento da pessoa para se apossarem dos 
bens de sua herança, o que é repudiado por nosso Direito. A doutrina 
entende que um contrato que versa sobre a herança de pessoa viva tem 
objeto juridicamente impossível, gerando sua ineficácia (ato nulo de 
pleno direito). 
 Princípio da Obrigatoriedade das Convenções (pacta sunt servanda: os 
acordos devem ser cumpridos)  Como vimos, ninguém é obrigado a 
contratar. Mas se as partes assim procederem, devem cumprir fielmente o 
pactuado, sob pena de execução patrimonial, pois ”o contrato faz lei entre as 
partes”. Em regra o simples acordo de duas ou mais vontades já é suficiente 
para gerar um contrato válido, independentemente da entrega do objeto 
(princípio do consensualismo). E não se pode alterar o seu conteúdo 
unilateralmente. Esse princípio possui dois fundamentos: a) necessidade de 
segurança nos negócios; b) imutabilidade das estipulações. Se o contrato 
não for cumprido, pode ocorrer a pena de execução patrimonial contra o 
inadimplente (pessoa que não cumpriu as obrigações contratuais), salvo 
algumas hipóteses excepcionais (ambas as partes resolvem rescindi-lo 
voluntariamente, se houver previsão de arrependimento ou ocorrência de 
caso fortuito ou força maior, etc.). Esse princípio, cada vez mais vem sendo 
abrandado, atenuando-se a força vinculante das convenções, ante o 
equilíbrio contratual que deve prevalecer. Exemplo disso é a chamada teoria 
da imprevisão, que veremos mais adiante. 
 Princípio da Equivalência Material das Prestações  impõe que os 
direitos e deveres entre os contraentes devem guardar equilíbrio entre si. 
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 Princípio da Relatividade dos Efeitos do Contrato  Em regra, um 
contrato vincula somente as partes que nele intervêm, vinculando-as em seu 
conteúdo, não afetando terceiros e seu patrimônio. O contrato tem efeito 
inter partes (e não erga omnes). A exemplo do princípio anterior, este 
também não é um princípio absoluto. A exceção no Direito Civil é a 
“estipulação em favor de terceiros” (que veremos mais adiante), onde pode 
haver o favorecimento de terceiros. No Direito do Trabalho temos a 
convenção coletiva de trabalho, que é um acordo feito pelo sindicato que 
pode beneficiar toda uma categoria. 
 Princípio da Boa-fé Objetiva  Trata-se de um novo princípio inserido 
pelo atual Código Civil. É uma cláusula geral de natureza principiológica, 
amparada pelo art. 421, CC, que tem função ou finalidade limitativa da 
autonomia privada, em respeito a valores constitucionalmente consagrados. 
A expressão “boa-fé” deriva do latim "bona fide", que significa boa confiança, 
ou seja, a convicção de alguém de estar agindo de acordo com a lei e a ética. 
Podemos afirmar que a boa-fé objetiva é um padrão de conduta (ética). 
Segundo ele as partes devem agir com lealdade, probidade 
(honestidade) e confiança recíprocas (art. 422, CC), com o dever de 
cuidado, cooperação, informando o conteúdo do negócio e agindo com 
equidade e razoabilidade (usam-se os termos transparência, veracidade, 
diligência e assistência). Impede-se, assim, o exercício abusivo de direito por 
parte de algum dos contratantes. A observância deste princípio deve 
estar presente não só no momento da elaboração, como também na 
conclusão e execução do contrato, que além da função econômica de 
circulação de riquezas, serve, também, de mecanismo para se atingir a 
justiça social, solidariedade, dignidade da pessoa humana, que são objetivos 
primordiais de nossa sociedade, estabelecidos na Constituição Federal. 
Portanto, é um roteiro a ser seguido pelas partes. No entanto, a socialização 
do contrato não significa a sua estatização, ou seja, atender à função social 
não significa suprir o interesse do Estado. 
 Observação. A doutrina ainda vai mais adiante, afirmando que a boa-fé 
deve ser observada também nas fases pré e pós-contratual (ex: mesmo 
que o sócio já tenha se retirado da sociedade, não poderá utilizar dados 
sigilosos da antiga empresa numa eventual contratação da empresa 
concorrente). 
Funções da boa-fé objetiva: 
a) Função interpretativa: orienta o Juiz na interpretação do 
contrato; o juiz deve extrair eticidade do contrato. Consagrado no art. 113, 
CC: “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os 
usos do lugar de sua celebração”. 
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b) Função constitutiva de deveres anexos ou de proteção: a 
boa-fé objetiva cria os chamados “deveres anexos implícitos” em qualquer 
contrato. Isto é, além da obrigação de dar, fazer, ou não fazer, ainda existem 
alguns deveres implícitos e invisíveis de proteção, que quando descumpridos, 
podem gerar responsabilidade civil. Enunciado n° 24 da I Jornada de Direito 
Civil do CJF: “Em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do 
novo Código Civil, a violação dos deveres anexos constitui espécie de 
inadimplemento, independentemente de culpa” (ou seja, responsabilidade 
objetiva). Ex.: dever de guarda dos automóveis nos estacionamentos de 
supermercados, shoppings, etc.; dever do advogado em dar ao seu cliente 
ciência do risco do processo; dever de sigilo ou confidencialidade entre as 
partes do contrato; etc. O descumprimento desses deveres anexos é 
denominado pela doutrina de violação positiva do contrato. 
Funções Reativas da Boa-Fé Objetiva 
Havendo violação ou ameaça de violação à norma segundo a qual todos 
devem agir em consonância com a boa-fé objetiva, surgem situações em que 
podem ser invocadas as chamadas figuras parcelares ou desdobramentos 
da boa-fé objetiva. São elas: a) nemo potest venire contra factum proprium; 
b) surrectio; c) supressio; e d) tu quoque. Vejamos. 
 Nemo potest venire contra factum proprium (proibição ao 
comportamento contraditório). O comportamento de cada uma das partes 
deve apresentar coerência de modo a não surpreender o outro contratante 
com uma mudança repentina, acarretando, com isso, prejuízos inaceitáveis. 
Ou seja, não é razoável que uma pessoa pratique determinado ato ou 
conjunto de atos e, em seguida, adote conduta diametralmente oposta. 
Ex.: se os contratantes estipularem que os pagamentos de uma 
determinada prestação de trato sucessivo devem se dar em determinado 
lugar e, apesar disto, o pagamento, com a aquiescência tácita do credor, 
vier a ser reiteradamente feito em outro local, não poderá o credor recusar-
se a receber com base no argumento de que o pagamento deveria se dar 
no local contratualmente estipulado. Uma exigência desta ordem afrontaria 
o princípio da confiança, pois se trata de conduta contrária à que o próprio 
credor vinha adotando. É o que estabelece o art. 330, CC: “o pagamento 
reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor 
relativamente ao previsto no contrato”. O STJ já se manifestou no sentido 
de reprovar o comportamento contraditório, por sua flagrante afronta à 
boa-fé. A esse respeito o Enunciado n° 362, da IV Jornada de Direito Civil 
do CJF: “A vedação do comportamento contraditório (venire contra factum 
proprium) funda-se na proteção da confiança, tal como se extrai dos arts. 
187 e 422 do Código Civil”. Desta situação decorrem as duas próximas 
figuras: supressio e surrectio, que são as duas faces da mesma moeda. 
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 Supressio. Consiste na perda (supressão) de um direito pela falta de seu 
exercício por razoável lapso temporal. Para usar o exemplo acima, seria a 
hipótese em que o credor reiteradamente aceita receber a prestação em 
local diverso do que foi contratado, sem fazer qualquer ressalva, e, com 
isso, perde o direito de exigir que o devedor pague no local inicialmente 
eleito. 
 Surrectio. Se a supressio consiste na perda de um direito, a surrectio 
corresponde ao surgimento de um direito exigível pelo outro sujeito da 
mesma relação jurídica. Se de um lado o credor perdeu o direito de receber 
os valores no local pactuado, por outro lado o devedor se tornou titular do 
direito de pagar naquele local diverso, que a princípio fora não pactuado. 
 Tu quoque (até tu). Deriva da célebre frase historicamente atribuída ao 
grande general romanoCaio Júlio César, ao constatar que foi traído por seu 
próprio filho Brutus (“Tu quoque, Brutus, fili mi!”). A aplicação do tu 
quoque se dá nas situações em que em que uma das partes adota 
comportamento oposto ao seu próprio, quando imputa ao outro, conduta 
contratual inadequada, valendo-se assim de dois pesos e duas medidas, 
colocando a outra parte em situação de injusta desvantagem. Em outras 
palavras, o que se quer é impedir o ineditismo indesejável, irrazoável e 
perturbador causando um equilíbrio nas relações jurídicas. Ex.: um dos 
contratantes, antes de cumprir a sua parte no contrato, exige o 
cumprimento da prestação do outro contratante (veremos adiante no tópico 
exceção de contrato não cumprido). 
 Observação Atual 
Uma figura que foi desenvolvida no direito norte-americano e 
ultimamente vem ganhando adeptos no Brasil (inclusive do STJ, como 
decorrência do princípio da boa-fé, é o chamado duty to mitigate the 
loss, ou seja, o dever de mitigar (evitar o agravamento) do próprio prejuízo. 
Por este princípio o titular de um direito (credor) deve, sempre que possível, 
atuar para minimizar a extensão do dano, mitigando, assim, a gravidade da 
situação do devedor. O exemplo clássico é o seguinte. Imagine que “A”, 
negligentemente, bateu o carro em “B”. “A” sai para buscar ajuda. “B”, que é a 
vítima, fica esperando e percebe que está saindo uma pequena chama do motor 
de seu carro. Nesse momento “B” poderia perfeitamente apagar a chama, 
minimizando a extensão do dano. Mas, em afronta ao princípio da boa-fé pensa: 
“quero mais é que o carro exploda, assim eu receberei um novo”. Neste caso, se 
ficar demonstrado que o credor poderia ter atuado para minimizar o dano 
evitável, não fará jus a um carro novo; apenas receberá o valor correspondente 
à colisão inicial. 
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 Para complementar o tema é interessante mencionar e distinguir a boa-fé 
subjetiva. Esta diz respeito a situações psicológicas internas do agente; é um 
estado de espírito ou de ânimo do sujeito que realiza algo, sem ter noção do 
vício que o inquina. Deriva da ignorância do agente a respeito de 
determinada circunstância (estado psicológico de inocência), ou seja, uma 
pessoa que realiza um determinado ato sem ter ciência de eventual vício. 
Levam-se em conta os deveres de diligência que se espera de um “homem 
médio”. O exemplo clássico da boa-fé subjetiva é o do possuidor que 
desconhece o vício que macula a sua posse, previsto no art. 1.201, CC: “É de 
boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a 
aquisição da coisa”. Nesse caso a lei ampara esse possuidor de boa-fé, não 
fazendo o mesmo se o possuidor está de má-fé. 
• Princípio da Função Social do Contrato (art. 421, CC)  Trata-se de 
outra novidade introduzida pelo atual Código Civil. Explicando: a liberdade 
de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do 
contrato, que na prática é uma tentativa de se reduzir as desigualdades 
substanciais entre os contratantes (equilíbrio contratual). Compatibiliza-se 
as pretensões dos particulares com os anseios da coletividade, ou seja, o 
contrato não pode ser mais visto somente pela ótica individualista, uma vez 
que possui um sentido social para toda a comunidade. Há uma prevalência 
do interesse coletivo sobre o individual dos contratantes. Na verdade 
trata-se de um dispositivo genérico que deve ser preenchido pelo Juiz 
dependendo de uma hipótese concreta que lhe é apresentada. Leva-se em 
consideração a presença de outros subprincípios tais como: a) dignidade 
da pessoa humana: decorrente da aplicação de dispositivos constitucionais 
no Direito Civil, garantindo-se o direito de se viver sem intervenção ilegítima 
do Estado ou de outros particulares; o ser humano é sujeito de direito e não 
objeto de direito. b) Na interpretação do contrato, deve-se atender mais à 
intenção do que ao sentido literal das disposições escritas. c) Justiça 
Contratual (arts. 317 e 478, CC): protegida por institutos como o da 
onerosidade excessiva (para dar maior equilíbrio às partes e ao contrato), 
estado de perigo, lesão, etc. 
Tal princípio tem como funções básicas: a) abrandar a força obrigatória 
do contrato; b) coibir cláusulas abusivas, gerando nulidade absoluta das 
mesmas; c) possibilitar, sempre que possível, a conservação do contrato e o 
seu equilíbrio; d) possibilitar a revisão do contrato quando o mesmo contiver 
alguma onerosidade excessiva. Observem que não foi eliminada a autonomia 
contratual ou a sua obrigatoriedade, mas apenas se atenuou ou reduziu 
o seu alcance quando presentes interesses individuais. Considera-se 
violado o princípio da função social dos contratos quando os efeitos externos do 
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10 
pacto prejudicarem injustamente os interesses da sociedade ou de terceiros não 
ligados ao que foi pactuado. 
Portanto, a autonomia da vontade (ou autonomia privada) e a 
obrigatoriedade contratual, princípios anteriormente quase que absolutos, 
perderam muito a importância que tinham. Apesar do Direito Civil fazer parte 
do Direito Privado, disciplinando a atividade dos particulares entre si, onde 
prevalecem os interesses de ordem particulares, não podemos negar que 
também neste ramo do Direito “sentimos a presença do Estado”. Em outras 
palavras: identificamos muitas normas de Direito Público no Direito Civil. 
Podemos dizer que atualmente há uma constante intervenção do Estado nas 
relações de Direito Privado e até mesmo nos contratos. Justifica-se esta 
interferência, pois ao contrário do que sustentava a ideologia do liberalismo, a 
desigualdade entre os homens é um fato inegável e o Estado moderno deve agir 
para tentar buscar um reequilíbrio de forças entre as pessoas, dando proteção 
jurídica à parte mais frágil de uma relação, como os consumidores, inquilinos, 
empregados, devedores, etc. Isto é chamado pela doutrina de Dirigismo 
Contratual. Relembre-se aqui a inesquecível frase usada por Rui Barbosa em 
sua imortal Oração aos Moços: “A regra da igualdade não consiste senão em 
quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam”. 
 
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
Como vimos, o contrato é fonte de obrigações. Ele nasce da conjunção 
entre duas ou mais vontades coincidentes e contrapostas. De um lado temos o 
proponente ou policitante. De outro lado temos o aceitante ou oblato. 
Sem este mútuo consenso, não haverá contrato. 
Negociações Preliminares – Fase Pré-Contratual 
Antes de se estabelecer o acordo final, é possível que ocorram algumas 
negociações preliminares, que são as sondagens, os estudos, as conversas 
prévias e debates sobre os interesses de cada um, tendo em vista um contrato 
futuro. É a chamada fase das tratativas (ou puntuação), sem que haja uma 
vinculação jurídica entre os participantes, não se criando ainda obrigações (há 
apenas uma expectativa de direito). Somente no momento em que ambas as 
partes manifestama sua concordância é que se formará o contrato, criando 
obrigações. No entanto, defende a doutrina que também nesta fase é 
obrigatória a observância dos princípios da boa-fé e probidade estampados no 
art. 422, CC, podendo haver responsabilidade civil (extracontratual) caso sejam 
desrespeitados. 
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Aliás, neste sentido é o Enunciado 25 da I Jornada de Direito Civil do CJF: 
“O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação, pelo julgador, do princípio 
da boa-fé nas fases pré e pós-contratual”. 
Os contratos possuem basicamente duas fases: 1) Proposta ou Oferta; 
2) Aceitação. A declaração inicial é a proposta, feita pelo proponente ou 
policitante. A segunda é a aceitação feita pelo aceitante ou obato. O vínculo 
contratual nasce quando se integram a proposta e a aceitação, oportunidade em 
que as partes concordam com as condições, preço e entrega da coisa ou do 
serviço. Vejamos cada um desses itens. 
1) PROPOSTA 
Também é chamada de oferta, solicitação, policitação ou oblação. É a 
manifestação da vontade de contratar, por uma das partes, solicitando a 
concordância da outra. Trata-se de declaração unilateral por parte do 
proponente. A proposta é receptícia, ou seja, ela somente produz efeitos ao 
ser recebida pela outra parte. A proposta deve ser séria, inequívoca, precisa e 
completa para se revestir de força vinculante, já contendo todos os elementos 
essenciais do negócio jurídico. 
Regra: feita a proposta, vincula-se o proponente; caso ela não seja 
mantida, obriga a perdas e danos. 
Há duas espécies de proposta: 
 Entre ausentes: é a que não há possibilidade de aceitação direta e 
imediata; ou seja, o contrato é celebrado em declarações intervaladas 
(ex.: carta enviada para proposta e carta posterior respondendo com 
aceitação). 
 Entre presentes: é aquela em que as partes podem se comunicar direta e 
simultaneamente, havendo possibilidade de aceitação imediata. Por este 
motivo, os contratos celebrados por telefone, fax, etc., são reputados “entre 
presentes”. 
����Atenção ���� como se percebe, a noção de presença e ausência nada tem a 
ver com distância ou espaço físico, mas sim com a possibilidade de aceitação 
imediata. 
 Observação: há dúvida quanto aos contratos celebrados pela internet. A 
posição majoritária da doutrina (e isso já caiu em alguns concursos) é no 
sentido de que se trata de contrato entre ausentes, pois quando a proposta é 
enviada por e-mail nem sempre a aceitação pode ser imediata. No entanto há a 
ressalva de que quando ambos os usuários estiverem conectados em tempo real 
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e estiverem travando um contato direto e simultâneo, estaremos diante de um 
contrato entre presentes, já que a contratação estará sendo realizada direta e 
imediatamente pelas partes (ex.: skype, msn, etc.). Portanto, fiquem atentos 
com a que questão foi redigida!!! 
Regra: feita a proposta, ela vincula o proponente; caso a proposta 
não seja mantida, obriga a perdas e danos. 
Estabelece o art. 427, CC que a proposta de contrato obriga o 
proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio 
ou das circunstâncias do caso. 
Exceções à obrigatoriedade da proposta. A proposta deixa de obrigar, se 
(art. 428, CC): 
• o contrário não resultar dos termos da proposta. Ex.: cláusula expressa que 
lhe retire a força vinculativa; ou seja, o próprio contrato possui uma cláusula 
de não obrigatoriedade, etc. 
• feita sem prazo determinado a pessoa presente, não foi imediatamente 
aceita. Ou seja, feita uma proposta entre presentes, a mesma deve ser 
imediatamente aceita. Se não o for, a proposta já não vincula mais. 
• feita sem prazo a pessoa ausente (não foi possível a comunicação imediata 
ou direta), deve-se aguardar um lapso de tempo suficiente para que a oferta 
chegue ao destinatário e a resposta retorne ao conhecimento do proponente, 
calculando-se o tempo conforme o meio de comunicação (ex.: cartas). 
Ultrapassado este “prazo razoável”, também não vincula mais. 
• feita a pessoa ausente, com prazo determinado, não tiver sido expedida a 
resposta dentro do prazo estipulado. 
• antes da proposta ou juntamente com ela, chegar ao conhecimento da outra 
parte a retratação do proponente. 
 Observações 
01) Proposta ou Oferta ao Público: é a propaganda de supermercados, 
lojas de magazine, drogarias, etc. feitos em panfletos, folhetos, jornais, 
outdoors, etc. Ela equivale a uma proposta normal de contrato quando 
contem os requisitos essenciais do contrato, salvo se o contrário resultar das 
circunstâncias ou dos usos. A oferta pode ser corrigida, revogada ou cancelada 
pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na 
oferta realizada (art. 429 e seu parágrafo único, CC); são as famosas frases: 
“enquanto durar nosso estoque”, “somente 100 unidades”, “oferta somente até 
o dia X”, etc. 
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02) A morte ou a superveniente incapacidade (e interdição) do 
proponente não retira a força vinculante da proposta; esta continua a vincular 
seus herdeiros ou responsáveis pelas consequências jurídicas do negócio (salvo 
se se tratar de um contrato personalíssimo). 
2) ACEITAÇÃO 
É a manifestação da vontade do destinatário (também chamado de oblato 
ou aceitante), anuindo com a proposta e tornando o contrato definitivamente 
concluído. Requisitos: a) não se exige obediência a determinada forma (salvo 
nos contratos solenes), podendo ser expressa ou tácita; b) deve ser oportuna; 
c) deve corresponder a uma adesão integral à oferta; d) deve ser coerente e 
conclusiva. 
Regras 
• se o negócio for entre presentes, a proposta ou oferta pode estipular ou 
não prazo para a aceitação. Se não contiver prazo a aceitação deverá ser 
manifestada imediatamente. Se houver prazo deverá ser pronunciada até o 
termo concedido. 
• se o contrato for entre ausentes, havendo um prazo determinado, a 
aceitação deve chegar a tempo, isto é, dentro do prazo marcado. Se a 
aceitação chegar após o prazo, sem culpa do aceitante (ex.: atraso no 
correio), o proponente deverá avisar o aceitante, sob pena de responder por 
perdas e danos, sobre a não conclusão do contrato, pois é possível que o 
aceitante imagine que o contrato está perfeito e já comece a realizar 
despesas necessárias ao cumprimento. Se o ofertante (ou policitante) não 
estipulou qualquer prazo, a aceitação deverá ser manifestada dentro de 
tempo suficientepara chegar a resposta ao conhecimento do proponente. 
• aceitação fora do prazo, ou com adições, restrições, modificações, 
corresponde a uma nova proposta (ou contraproposta: art. 431, CC). Ex.: 
pessoa oferece R$ 20 mil pelo meu carro. Peço R$ 25 mil. Este meu pedido 
representa uma nova proposta. 
• a aceitação admite retratação ou arrependimento se, antes da aceitação 
ou com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante (art. 433, CC: 
inexistência da aceitação). 
• O silêncio (falta de resposta), por si só, não configura aceitação 
tácita (em regra a aceitação deve ser expressa). No entanto há duas 
exceções: a) quando se tratar de negócios em que não se costuma exigir a 
aceitação expressa (art. 432, CC). Ex: uma loja de calçados faz uma 
programação de pedidos para o ano inteiro, com entrega mensais 
programadas; cria-se uma praxe comercial; caso o comerciante queira 
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interromper este ciclo, deverá avisar ao fornecedor a recusa com 
antecedência; b) quando o proponente a tiver dispensado. 
• A aceitação tácita é admitida quando provém de atos do agente, 
incompatíveis com a decisão contrária. Ex.: se num contrato de doação de 
um automóvel, o donatário, sem declarar que o aceita, toma posse do 
veículo, obtém licença, emplaca-o e passa a utilizá-lo, entende-se que 
aceitou a liberalidade, pois tal comportamento se mostra incompatível com a 
atitude de quem recusa a doação. 
MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO. Reputa-se concluído um 
contrato: 
 Entre Presentes: momento da aceitação da proposta. Aqui a situação é 
simples, pois estando as partes presentes, no instante que a proposta é 
aceita, cruzam-se as vontades e o contrato começa a produzir seus efeitos. 
Vigora a chamada teoria da recepção: as partes estarão vinculadas no 
mesmo instante que o oblato aceitar a oferta. 
 Entre Ausentes (ex.: correspondência epistolar ou carta). Aqui a situação 
se complica um pouco. Quando o negócio está concluído? No momento em 
que o oblato escreve sua aceitação? No momento que ele expede a 
aceitação? Ou somente no momento em que o ofertante toma conhecimento 
da aceitação? Para responder isso precisamos entrar um pouco no plano 
doutrinário. Inicialmente temos que esclarecer que há duas correntes 
(principais) sobre o tema: 
1) Teoria da Cognição (ou da informação): o contrato só se aperfeiçoa 
no momento em que o policitante (ofertante) toma conhecimento da 
resposta (aceitação). 
2) Teoria da Declaração (ou da agnição): o contrato se aperfeiçoa com 
a simples anuência do aceitante (dispensa-se que o proponente tome 
conhecimento da resposta). Todavia aqui se formam três subteorias: 
2.1) Subteoria da Declaração propriamente dita: o contrato se 
aperfeiçoa-se no momento em que o aceitante escreve a carta, 
aceitando. Embora isso seja lógico (pois é nesse instante que o 
consentimento é externado) essa teoria não foi adotada por nenhuma 
legislação. 
2.2) Subteoria da Expedição: não basta apenas formular a 
resposta; é necessário enviá-la (expedi-la). Entende-se que nesse o 
momento ocorreu o aperfeiçoamento do contrato, pois é nesse instante 
que o aceitante perde o comando sobre a sua vontade, não podendo 
mais se arrepender. 
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2.3) Subteoria da Recepção: não basta formular a resposta e enviá-
la; é necessário que a resposta chegue materialmente (não é 
necessário que ele a leia) às mãos do policitante. 
Sobre o tema, estabelece o art. 434, CC, que os contratos entre ausentes 
tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida (teoria da expedição). 
No entanto esta regra foi mitigada pelos incisos do art. 434, CC (I. no caso do 
artigo antecedente (retratação); II. se o proponente se houver comprometido a 
esperar resposta; III. se ela não chegar no prazo convencionado) e pelo art. 
430, CC (a aceitação chegou fora do prazo). 
����DIRETO AO PONTO. Teorias adotadas pelo nosso Código. 
a) Entre Presentes →→→→ Teoria da Recepção (momento da aceitação da 
proposta). 
b) Entre Ausentes: regra adotada pela corrente majoritária (admite 
exceções) →→→→ Teoria da Agnição na forma da Subteoria da Expedição, ou 
seja, no momento em que a aceitação é expedida (colocada no correio), real 
ou virtual (e-mail). No entanto há ferrenhos defensores da Subteoria da 
recepção. 
����O núcleo do contrato é o consentimento. 
Consentimento = Proposta + Aceitação. 
LUGAR DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO 
O negócio jurídico reputa-se celebrado no lugar em que foi proposto 
(art. 435, CC). Esta é uma regra dispositiva, isto é, as partes podem dispor de 
modo diverso. Regra: o contrato é celebrado no lugar onde foi proposto. No 
entanto admite-se previsão em contrário, desde que expressa no contrato. 
Devemos lembrar que o art. 9°, §2° da LINDB, aplicável no direito internacional 
privado, a obrigação resultante do contrato considerar-se-á constituída no lugar 
onde residir o proponente. Seja como for, se a obrigação houver de ser 
cumprida no Brasil, a competência será do Judiciário brasileiro, nos termos do 
art. 88, II, do CPC. 
CONTRATO PRELIMINAR (arts. 462 a 466, CC) 
Às vezes não é conveniente celebrar, desde logo, o contrato definitivo; 
assim podem as partes firmar um contrato-promessa (pactum in contrahendo 
ou contrato preliminar), sendo que as partes se comprometem a celebrar o 
contrato definitivo posteriormente (o exemplo clássico é o compromisso 
irretratável de compra e venda). Assim, pode-se afirmar que o objeto do 
contrato preliminar é exatamente a celebração do contrato definitivo (trata-se 
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de uma obrigação de fazer). As partes se denominam promitentes (na compra 
e venda: promitente-comprador e promitente-vendedor). 
����Atenção ���� Não confundir esse contrato preliminar (pacto in contrahendo) 
com as negociações preliminares (que vimos mais acima) que é somente uma 
fase pré-contratual, ainda sem vínculo obrigacional. 
O contrato preliminar é autônomo, devendo ser registrado e 
presumindo-se irretratável (art. 463, CC). Há quem sustente que o registro é 
somente uma condição de sua eficácia, porém recomenda-se a realização do 
registro para que a tutela específica seja efetivamente assegurada. 
Se uma das partes desistir do negócio sem justa causa e não havendo 
cláusula que permita o arrependimento, a outra parte poderá exigir-lhe, 
coercitivamente, a celebração do contrato definitivo, sob pena de multa diária, 
fixada no contrato ou peloJuiz. Esgotado o prazo estipulado, o Juiz, a pedido do 
interessado, poderá suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo 
caráter definitivo ao contrato preliminar (adjudicação compulsória). No 
entanto se a parte lesada pelo inadimplemento preferir (trata-se de uma opção 
do credor), pode simplesmente considerar o contrato desfeito e requerer 
perdas e danos (art. 465, CC). 
 Observações 
01) O contrato preliminar deve conter todos os requisitos essenciais do 
contrato principal a ser celebrado, exceto quanto à forma (art. 462, CC). 
Ou seja, pode-se firmar um contrato de promessa de compra e venda de um 
imóvel de alto valor por um instrumento particular, embora o contrato definitivo 
somente possa ser feito por instrumento público (art. 108, CC). 
02) Se o contrato disser repeito a um bem imóvel, exige-se a outorga 
conjugal, nos termos dos art. 1.647, CC, sob pena de anulabilidade deste 
contrato (art. 1.649, CC). 
 
CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS CONTRATOS 
 
1) CONTRATOS UNILATERAIS OU BILATERAIS 
Já vimos que o negócio jurídico pode ser classificado em unilateral (ex.: 
testamento) ou bilateral (ex.: contratos). Portanto podemos afirmar que o 
contrato é sempre um negócio jurídico bilateral, uma vez que necessita da 
participação de duas vontades para que fique perfeito. No entanto, o contrato 
também pode ser classificado em unilateral ou bilateral. 
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O contrato será unilateral quando apenas um dos contratantes assume 
obrigações em face do outro. É o que ocorre na doação pura e simples. 
Inicialmente, por ser um contrato, temos duas vontades: a do doador (que irá 
entregar o bem) e a do donatário (que irá receber o bem). Mas neste concurso 
de vontades nascem obrigações apenas para o doador. O donatário, por sua 
vez irá apenas auferir as vantagens. Outros exemplos: mútuo, comodato, etc. 
Os contratos unilaterais, apesar de exigirem duas vontades, colocam só uma 
delas na posição de devedora. 
O contrato será bilateral quando os contratantes são simultânea e 
reciprocamente credores e devedores uns dos outros, produzindo direitos e 
obrigações para ambos. O contrato bilateral também é conhecido como 
sinalagmático. A compra e venda é o exemplo clássico: o vendedor deve 
entregar a coisa, mas por outro lado tem o direito ao preço; já o comprador 
deve pagar o preço, mas, por outro lado tem o direito de receber o objeto que 
comprou. Outros exemplos: troca, locação, etc. 
Fala-se também em contratos plurilaterais, que são aqueles que 
apresentam mais de duas partes (ex.: contratos de consórcio e de sociedade). 
����ATENÇÃO! ���� CUIDADO! ���� Reforçando. Não devemos confundir 
“negócio jurídico” (que por sua vez é uma espécie de ato jurídico) com 
“contrato”. Este é um erro muito comum. Muitas vezes pergunto em sala de 
aula: Gostaria que alguém me desse um exemplo de negócio jurídico 
unilateral... E o primeiro exemplo que me costumam fornecer é a doação... 
Este exemplo está... errado!! Quem assim respondeu confundiu negócio 
jurídico com contrato. Doação é um contrato unilateral e não um negócio 
jurídico unilateral. Explicando melhor: no negócio jurídico unilateral há apenas 
uma manifestação de vontade. Exemplo: a renúncia é ato jurídico unilateral, 
pois se eu renuncio a um crédito, a outra parte não será consultada para que 
aceite ou não a minha renúncia. Eu apenas renunciei a um direito de forma 
unilateral... e pronto. Nada mais é necessário para que o ato (a renúncia) seja 
válido e produza os efeitos legais. Observem que há a manifestação de vontade 
de apenas uma pessoa. O mesmo ocorre com o testamento. Eu faço meu 
testamento. Ponto. Esse testamento já é válido (lógico que as suas cláusulas 
somente serão cumpridas quando eu morrer). Já a doação é exemplo de negócio 
jurídico bilateral. E por que isso? - Porque há duas (daí bilateral) manifestações 
de vontade. Primeiro a do doador. É necessário que uma pessoa queira doar o 
bem. Mas depois se consulta também o donatário, que é a pessoa que irá 
receber o bem doado. Se essa pessoa não aceitar, não houve a doação. O 
contrato não se aperfeiçoou. Havendo a aceitação da outra parte o negócio está 
perfeito. Portanto a doação é um negócio jurídico bilateral. Necessita de duas 
manifestações de vontade. No entanto os negócios jurídicos bilaterais 
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(contratos) se dividem em: unilaterais e bilaterais. E é isso que confunde um 
pouco. Resumindo: a doação é um negócio jurídico bilateral (contrato). No 
entanto é um contrato unilateral, pois apenas um dos contratantes (doador) 
assume obrigações em face do outro (donatário). Apresento o seguinte 
“esqueminha” para nunca mais esquecerem esta espécie de classificação. 
A) Negócio jurídico unilateral: possui apenas uma manifestação de 
vontade (ex: renúncia, testamento, promessa de recompensa, etc.). 
B) Negócio jurídico bilateral: possui duas manifestações de vontade (ex: 
perdão, pois precisa ser aceito para produzir efeito; casamento; todos os 
contratos; etc.). Já um contrato, por sua vez, se subdivide em: 
• Contrato unilateral: duas manifestações de vontade, sendo que apenas 
uma se obriga (ex: doação pura e simples, comodato, mútuo gratuito, 
etc.). 
• Contrato bilateral: duas manifestações de vontade, havendo obrigações 
e vantagens recíprocas (ex: compra e venda, locação, etc.). 
2) CONTRATOS ONEROSOS OU GRATUITOS 
● Contratos onerosos: trazem vantagens para ambos os contratantes, 
pois estes sofrem um sacrifício patrimonial, correspondente a um proveito 
desejado (ex.: locação – locatário paga aluguel, mas tem o direito de usar o 
bem; já o locador recebe o dinheiro do aluguel, mas deve entregar a coisa para 
que seja usada por outrem). Em outras palavras: ambas as partes assumem 
ônus e obrigações recíprocas. 
● Contratos gratuitos (ou benéficos): oneram somente uma das partes, 
proporcionando à outra uma vantagem, sem qualquer contraprestação (ex.: 
doação pura e simples, depósito, comodato, etc.). 
Importância da Distinção. Nos contratos gratuitos, como na doação, o doador 
não responde pela evicção e nem pelos vícios redibitórios (falaremos sobre estes 
temais mais adiante), salvo nas doações com encargos; já nos contratos 
onerosos os contratantes respondem por ambos. Além disso, nos contratos 
gratuitos a interpretação será sempre restritiva, sendo que se houver erro 
quanto à pessoa ele será mais grave, situações que não ocorrem nos contratos 
onerosos. 
� Discussão Doutrinária � Pergunta: na realidade o comodato é um 
contrato bilateral (pois gera obrigações também para o comodante, como a 
indenização em caso de danos causados ao comodatário) ou um contrato 
unilateral, pois só gera obrigações para o comodatário (as eventuais obrigações 
do comodante decorrem, não do comodato em si, mas sim de todo e qualquer 
contrato)?? 
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Resposta: parte da doutrina costuma chamar esta espécie de contrato de 
bilateral imperfeito. Na realidade ele seria um contrato unilateral, mas que, 
por uma circunstância ocorrida no curso da execução do contrato, geraria uma 
obrigação para o contratante que não havia se comprometido. Assim, ele se 
subordina inicialmente ao regime dos contratos unilaterais porque não há uma 
contraprestação inicial (esta não nasce com o contrato). Ocorrendo um fato 
eventual, posterior à formação do contrato (dano ocorrido na coisa), surgiria a 
obrigação da outra parte em indenizar. Ocorre que para outra corrente não 
existe a classificação de “contrato bilateral imperfeito”. O contrato nasce e 
morre unilateral ou bilateral. O que pode variar é o contrato ser gratuito ou 
oneroso. O bilateral é sempre oneroso. Já o unilateral pode ser gratuito 
(doação simples) ou oneroso (doação com encargo, depósito remunerado, 
etc.). Assim, o fato de haver uma retribuição ou algum dever não transforma a 
natureza do contrato. Portanto o comodato seria um contrato unilateral. Em 
regra gratuito. Mas pode se transformar em oneroso. Outro exemplo: mútuo 
sujeito a juros. O mútuo é um empréstimo de coisa fungível (ex: um saco de 
arroz, uma resma de papel, um milheiro de tijolos, etc.). Se for empréstimo de 
dinheiro, além da obrigação de restituir a quantia emprestada (contrato 
unilateral), geralmente deve-se pagar juros (contrato oneroso). Portanto, 
segundo a doutrina, este caso seria um exemplo de contrato que é ao mesmo 
tempo unilateral e oneroso. 
3) CONTRATOS COMUTATIVOS OU ALEATÓRIOS 
O contrato é comutativo (ou pré-estimado) quando as prestações de 
ambas as partes são conhecidas (certas e determinadas), guardando entre 
elas relação de equivalência (senão exata, ao menos aproximada). Ex.: 
compra e venda (como regra). A coisa a ser entregue por uma das partes e a 
quantia a ser paga pela outra geralmente são conhecidas no momento da 
realização do contrato e guardam uma relação de equivalência. Por serem as 
prestações conhecidas, pode-se apreciar de imediato essa equivalência. Ou 
seja, eu sei o quanto eu vou pagar pela coisa e sei qual o bem que me será 
entregue. E entre a prestação e a contraprestação há uma equivalência. 
Já o contrato aleatório é aquele em que a prestação de uma das partes 
(ou de ambas) não é conhecida com exatidão no momento da celebração do 
contrato. Depende de uma álea (incerteza, risco). O contrato depende de um 
risco futuro e incerto, capaz de provocar uma variação e, consequentemente, 
um desequilíbrio entre as prestações, não se podendo antecipar exatamente o 
seu montante. 
Alguns contratos são aleatórios devido à sua natureza (ex.: rifa, bilhete de 
loteria, o jogo e a aposta de uma forma geral, o seguro de vida, de um carro ou 
uma casa, etc.), enquanto outros são acidentais, por terem por objeto coisa 
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incerta ou de valor incerto (ex.: contrato de garimpo, venda de colheita futura, 
ou dos peixes que vierem na rede do pescador, etc.). O exemplo clássico é o 
contrato de seguro de um carro. Eu sei o quanto eu vou pagar pelo seguro! 
Mas... será que eu vou usá-lo algum dia? Quando? Qual o valor da indenização? 
Eu ainda não tenho estas respostas. Portanto, uma das prestações não é 
conhecida de antemão. Depende de um fato futuro e incerto. E pode haver uma 
não-equivalência entre o valor que eu paguei e aquilo que eu receberei. 
Os contratos aleatórios podem ser divididos em: 
A) Coisas Futuras 
1. Emptio spei (“venda da esperança”). Trata-se do art. 458, CC: um dos 
contratantes assume o risco da existência da própria coisa, ajustando um 
preço, que será devido integralmente, mesmo que nada se produza, sem que 
haja culpa do alienante. Ex.: contrato um pescador dizendo que pago “X” por 
tudo que ele pescar hoje... se ele pescar 100, 10, 1 quilo ou nada pescar, eu 
deverei para a ele o preço “X” que combinamos. O pescador terá direito ao 
preço integral, ainda que o objeto futuro não venha a existir (outros exemplos 
da doutrina: colheita de uma fazenda, tesouros de um navio afundado, ninhada 
de uma cadela, etc.). 
2. Emptio rei speratae (“venda de coisa esperada”). Trata-se do art. 
459 e seu parágrafo único, CC: se o risco versar sobre a quantidade maior ou 
menor da coisa esperada (e não da existência). Ex.: contrato um pescador 
dizendo que compro tudo o que ele pescar e pago “X” pelo quilo de peixe. Neste 
caso o preço poderá ser maior ou menor dependendo da quantidade peixe 
pescado. Aí está a álea. Percebam que o risco contratado é parcial. E se nada for 
pescado não serei obrigado a pagar importância alguma. E se a quantia foi paga 
com antecedência, haverá a devolução da mesma. 
Apenas para reforçar: a primeira situação (art. 458, CC) se refere ao risco da 
coisa em si, à existência da coisa objeto do negócio; já a segunda situação (art. 
459, CC) refere-se à maior ou menor quantidade da coisa e não sobre a 
existência dela. 
B) Coisas Existentes 
 O art. 460, CC trata do contrato sobre coisas já existentes, mas que estão 
sujeitas ao risco de se perderem, danificarem ou, ainda, sofrerem depreciação. 
Ex.: determinada mercadoria é vendida, mas a mesma será transportada de 
navio até o seu destino final. O comprador então assume o risco de ela chegar 
ou não ao seu destino; se o navio afundar a venda será válida e o vendedor terá 
direito ao preço. Este dispositivo possui uma ressalva, pois a venda poderá ser 
anulada se a pessoa sabia que o risco já havia sido consumado (ou seja, quando 
houve a celebração do contrato a parte já sabia que o navio havia afundado). 
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4) CONTRATOS QUANTO AO NOME 
● Típicos (ou nominados): são os contratos que têm denominação, 
previsão e regulamentação previstas em lei (Código Civil ou leis especiais), 
formando espécies contratuais legalmente definidas. Ex.: compra e venda, 
locação, comodato, etc. 
● Atípicos (ou inominados): são contratos criados pelas partes que não 
correspondem a nenhum tipo contratual previsto em lei; não têm denominação 
ou tipificação legal. Com isso, contempla-se maior amplitude na autonomia 
privada e na liberdade contratual. Ex.: cessão de clientela, factoring, etc. O art. 
425, CC permite às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas 
gerais fixadas no Código Civil. Obs.: embora aceita, alguns autores não gostam 
da expressão “contratos inominados”, pois, muitas vezes, a espécie contratual 
possui nome (é nominada), todavia, não se encontra regulamentada na lei (não 
possui tipicidadelegal). 
5) CONTRATOS PARITÁRIOS OU DE ADESÃO 
● Paritários: são aqueles em que ambos os interessados são colocados 
em pé de igualdade e podem (ao menos em tese) discutir e negociar as 
cláusulas contratuais, uma a uma, eliminando os pontos divergentes mediante 
transigência mútua. 
● de Adesão (ou por adesão): são aqueles em que a manifestação de 
vontade de uma das partes se reduz a mera anuência a uma proposta da 
outra. Uma das partes elabora o contrato e a outra parte apenas adere às 
cláusulas já estabelecidas, não sendo possível a discussão ou modificação 
dessas cláusulas. Exemplo: contratos bancários. Quando você abre uma conta 
em um banco, o contrato já está pronto. Ou você assina da maneira como ele 
foi elaborado ou o contrato não sai. Será que alguém já ficou discutindo alguma 
cláusula de um contrato de abertura de conta com um gerente de Banco? - 
Não!! Por isso é considerado como um contrato de adesão. Outros exemplos: 
contrato de transporte, convênio médico, seguro de vida ou de veículos, sistema 
financeiro de habitação, etc. Partes envolvidas: proponente e aderente (que 
adere às cláusulas apresentadas; é a parte mais fraca do contrato – não 
obrigatoriamente a “mais pobre”). O art. 54, CDC admite expressamente esta 
espécie de contrato, acrescentando que a eventual inserção de uma cláusula no 
formulário a pedido de uma das partes não desfigura a natureza de adesão do 
contrato (esta cláusula pode é considerada como “uma apertada margem 
reservada à negociação”). 
O contrato de adesão deve ser sempre escrito com letras grandes e 
legíveis. Portanto são proibidas as famosas “letrinhas miúdas” nesta espécie de contrato. Ele também não pode ser 
impresso com redação confusa, utilizando terminologia vaga e ambígua, nem 
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com cláusulas desvantajosas para um dos contratantes. A cláusula que implicar 
limitação ao direito do consumidor deverá ser redigida com destaque (letras 
maiores), permitindo sua imediata e fácil compreensão. Nestes contratos os 
contratantes não podem criar regras próprias de interpretação; ao contrário, 
devem obedecer o estabelecido nos arts. 423 e 424, CC (além das regras do 
CDC). Vejamos. Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas 
ambíguas (que dão ensejo a várias interpretações) ou contraditórias, dever-se-á 
adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Art. 424. Nos contratos 
de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada 
do aderente a direito resultante da natureza do negócio (ex.: “caso o objeto 
adquirido esteja com algum problema, o aderente abre mão de pedir a 
substituição do produto”). 
6) CONTRATOS CONSENSUAIS OU FORMAIS 
● Consensuais ou não solenes: são aqueles que se perfazem pelo 
simples acordo ou consenso das partes (proposta e aceitação) 
independentemente da entrega da coisa e da observância de uma forma 
determinada e especial. Podem ser celebrados inclusive de forma verbal. 
Exemplo: eu digo que quero vender meu relógio; uma pessoa diz que quer 
comprá-lo. Pactuamos o preço da venda. Pronto. Em tese o contrato já está 
celebrado. Daí para diante é cada um cumprir o que ficou estabelecido. 
● Solenes ou formais: são aqueles em que a lei exige uma forma 
especial. A falta desta formalidade levará à nulidade do negócio. Ex.: a 
compra e venda de bens imóveis exige escritura pública e registro. 
7) CONTRATOS REAIS  São os que para aperfeiçoamento exigem além do 
acordo de vontades, também a entrega da coisa, que constitui o seu objeto. 
Exemplo: o depósito somente será concretizado quando a coisa for realmente 
entregue, depositada. Antes disso tem-se apenas uma promessa de contratar 
e não um contrato perfeito e acabado. Outros exemplos: comodato, mútuo, 
penhor, etc. 
8) CONTRATOS DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA, DIFERIDA E CONTINUADA 
 Esta classificação leva em consideração o momento em que os contratos 
devem ser cumpridos. 
● Execução instantânea (ou imediata): são aqueles que se consumam 
em um só ato, cumprindo-se imediatamente após sua celebração, mediante 
uma única prestação; o nascimento e a execução do contrato ocorrem no 
mesmo momento (ex: compra e venda à vista). 
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● Execução diferida: também cumpridos em um só ato, mas em um 
momento posterior à celebração do contrato (ex: compra e venda à vista, mas 
com a entrega da mercadoria em 30 dias). 
● Contratos de trato sucessivo (de execução continuada ou periódica): 
são os que se prolongam no tempo, são cumpridos por meio de atos reiterados 
(soluções periódicas), resolvendo-se em intervalos de tempo (regulares ou não). 
Quando uma parcela é paga a obrigação está quitada. Mas neste instante inicia-
se a formação de outra prestação que deverá ser paga no fim do próximo 
período. Ex.: prestação de serviços, fornecimento de mercadorias, etc. 
Observem a locação: o pagamento do aluguel de um mês não libera o 
contratante, senão da dívida relativa àquele período, de modo que o vínculo 
contratual perdura até o final do prazo convencionado para o término do 
contrato. 
9) CONTRATOS PRINCIPAIS OU ACESSÓRIOS 
● Principais: são os que existem por si, exercendo sua função e 
finalidade independente de outro. Ex.: contrato de compra e venda, de locação, 
etc. 
● Acessórios: são aqueles cuja existência supõe a do principal, pois 
visam assegurar sua execução. Ex.: a fiança é contrato acessório, estabelecida 
para garantir a locação, que é o principal; logo, a fiança não poderá existir sem 
a locação. Lembrem-se da regra “o acessório acompanha o principal”. Havendo 
nulidade no principal, esta atinge o acessório, que também será considerado 
nulo. No entanto, havendo nulidade do acessório, esta atinge somente o 
acessório, não contaminando o contrato principal. 
10) CONTRATOS PESSOAIS OU IMPESSOAIS 
 ● Pessoais (personalíssimos ou intuitu personae): são aqueles em que a 
pessoa do contratante é considerada pelo outro como elemento determinante de 
sua conclusão. Ex.: Desejo que o advogado “Y” me defenda no Tribunal do Júri. 
Quero que o cirurgião “X” me opere. Quero comprar um quadro do famoso 
pintor “Z”. Contrato um show com a banda “WW”. Somente o devedor pode 
realizar, não se aceitando o cumprimento por terceiros. Se o devedor não 
honrar o contrato, haverá perdas e danos; se ocorreu caso fortuito ou força 
maior estará desobrigado. 
 ● Impessoais: são os que a pessoa do contratante é juridicamente 
indiferente para a conclusão do negócio. Contrato uma empresa para pintar 
minha casa. Tanto faz que o serviço seja realizado pelo pintor “A” ou “B”. 
Exemplo comum é a contração de “pessoal de limpeza ou manutenção” em 
realizado por uma empresa terceirizada. 
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EFEITOS DOS CONTRATOS 
 
O contrato válido estabelece um vínculo jurídico entre as partes, 
sendo que, em princípio, é irretratável unilateralmente. Ou seja, depois de 
celebrado, como regra, uma das partes não pode simplesmente desistir do 
cumprimento do contrato. Ao contrário, deve ser observado como se fosse uma 
“lei entre as partes”. Trata-se da aplicação do princípio pacta sunt servanda. 
Depois de celebrado um contrato e assumidas as obrigações, passamos ao 
cumprimento do seu conteúdo. Porém, um contrato pode produzir diversos 
efeitos. Vejamos: 
A) EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO (arts. 476/477, CC) Também 
chamado de exceptio non adimpleti contractus. 
Inicialmente é necessário esclarecer que este instituto não se aplica nos 
contratos unilaterais (doação pura, comodato, etc.), uma vez que nestes não há 
contraprestação para uma das partes. 
Já nos contratos bilaterais (ou sinalagmáticos) a regra é que nenhum 
dos contratantes poderá, antes de cumprir a sua obrigação, exigir a do outro 
(art. 476, CC). Isso porque há uma dependência recíproca das prestações que, 
por serem simultâneas, são exigíveis ao mesmo tempo (interdependência, 
reciprocidade e simultaneidade). Num contrato as partes devem cumprir 
exatamente aquilo que combinaram. Por isso uma das partes não pode exigir o 
cumprimento da obrigação outra parte, se ela própria ainda não cumpriu com a 
sua parte, pois foi assim que foi combinado desde o início no contrato. 
Exemplo: contratei um pintor para pintar toda minha casa. Acertamos um 
determinado valor. E combinamos que o pagamento seria feito em duas etapas: 
metade do valor seria entregue no início dos trabalhos e o restante somente 
após o término do serviço. Eu cumpri a minha parte. Paguei ao pintor o valor 
referente à metade do serviço e ele começou a pintar a casa. Após alguns dias o 
pintor exige o pagamento da parcela restante. Ele está descumprindo o 
combinado. Somente faria jus à parcela restante no final do serviço, mas está 
exigindo tudo agora. O que eu diria ao pintor? – Só vou lhe pagar o restante 
após a conclusão do serviço; cumpra a sua parte que depois eu cumpro com a 
minha, pois foi assim que nós combinamos. Assim, para que eu não pague a 
segunda parcela antes do serviço completo alego em minha defesa a exceção de 
contrato não cumprido. 
A mesma regra é aplicada no caso de cumprimento incompleto, defeituoso 
e inexato da prestação por um dos contraentes. Trata-se de uma variação da 
regra anterior. Ex.: o pintor realmente executou a obra, mas não da forma que 
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nós combinamos (deixou de pintar alguns cômodos ou pintou com a cor errada 
ou deixou buracos na parede, etc.). A doutrina chama isso de exceptio non 
rite adimpleti contractus. Neste caso eu também posso me recusar a cumprir 
com a minha obrigação (pagar o restante do dinheiro) até que a prestação (a 
pintura da casa) seja realizada exatamente da forma como nós combinamos. 
����ATENÇÃO ���� Excepcionalmente será permitido, a quem incumbe cumprir a 
prestação em primeiro lugar, recusar-se ao seu cumprimento, até que a outra 
parte satisfaça a prestação que lhe compete ou dê alguma garantia de que ela 
será cumprida. No entanto, isso somente é admissível quando, depois de 
concluído o contrato, sobrevier diminuição em seu patrimônio que 
comprometa ou torne duvidosa a prestação a que se obrigou. Usando o 
mesmo exemplo anterior: digamos que durante a execução do serviço (a pintura 
da casa), haja uma diminuição do meu patrimônio e haja uma presunção de que 
eu não possa cumprir com a minha parte na obrigação (pagar o restante da 
prestação). O pintor, sabendo deste fato, poderia então pedir que eu pague 
primeiro (invertendo a ordem no cumprimento da obrigação) ou poderia exigir, 
pelo menos, que eu forneça uma garantia de que eu tenho dinheiro para pagar o 
combinado. Chamamos isso de “garantia de solvabilidade”. Desta forma, 
para dar essa garantia, eu coloco a quantia devida em uma “conta-poupança”, 
dando mostras de que eu tenho o dinheiro e que o mesmo está disponível para 
o saque, assim que o serviço for concluído. Procedendo desta forma eu provo 
que tenho condições de honrar o meu compromisso. 
Cláusula solve et repete  A “exceptio” não poderá ser arguida se 
houver renúncia, impossibilidade da prestação ou se o contrato contiver a 
cláusula solve et repete, que torne a exigibilidade da prestação imune a 
qualquer pretensão contrária do devedor. Isto é, o contrato pode conter uma 
cláusula (na realidade fazer isso é muito perigoso, pois a parte fica sem 
garantia) de que o contratante renuncia, abre mão da exceptio. Isso quer dizer 
que a qualquer momento a outra parte (que seria o pintor no exemplo que 
estamos dando) pode exigir o pagamento integral, mesmo que ele ainda não 
tenha cumprido com a sua parte no contrato. Não se deve pactuar esta cláusula 
na prática (mas é possível, sem que seja considerado como abusivo). 
Rescisão  A parte lesada pelo inadimplemento (não cumprimento) da 
obrigação pela outra parte pode pedir rescisão do contrato, acrescido de perdas 
e danos. 
B) DIREITO DE RETENÇÃO 
É a permissão concedida pela norma ao credor de conservar em seu poder 
coisa alheia, já que detém legitimamente, além do momento em que deveria 
restituir, até o pagamento do que lhe é devido. Digamos que uma pessoa foi 
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possuidora de boa-fé de uma casa, durante quatro anos. Nesse tempo realizou 
benfeitorias necessárias. No entanto o verdadeiro proprietário moveu uma ação 
de reintegração de posse e acabou ganhando a ação. O possuidor, embora 
estivesse de boa-fé, perdeu a ação; deve sair do imóvel. No entanto, tem o 
direito de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias que realizou no imóvel. 
E se a pessoa que ganhou a ação não quiser indenizar? Ora, enquanto o 
possuidor não for indenizado pela benfeitoria necessária que realizou, ele tem o 
direito de reter o imóvel até que seja ressarcido ou até o tempo calculado sobre 
o valor da benfeitoria. 
Devem estar presentes os seguintes requisitos: a) detenção da coisa 
alheia; b) conservação dessa detenção; c) crédito líquido, certo e exigível do 
retentor, em relação de conexidade com a coisa retida. Esse direito está 
assegurado a todo possuidor de boa-fé que tem direito à indenização por 
benfeitorias necessárias ou úteis (art. 1.219, CC). 
C) REVISÃO DOS CONTRATOS – RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE 
EXCESSIVA (art. 478/480, CC) 
Como já falamos, em princípio os contratos devem ser cumpridos 
exatamente como foram estipulados (pacta sunt servanda). No entanto, a 
obrigatoriedade das convenções não é absoluta. Admite-se, 
excepcionalmente, a revisão judicial dos contratos de cumprimento a prazo ou 
em prestações sucessivas, quando uma das partes vem

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