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2. REMUNERAÇÃO Direito do Trabalho 1 Prof. José Barros REMUNERAÇÃO = salário (salário-base) + outros valores recebidos pelo empregado (comissões, gorjetas, vale-transporte, participação nos lucros, gratificações, entre outros). Conceito (CLT, art. 457) a. SALÁRIO = contraprestação básica paga pelo empregador ao empregado pelos seus serviços prestados. CARACTERÍSTICAS Habitualidade é considerada elemento básico para a identificação de uma verba salarial, uma vez que o contrato constitui ajuste de execução continuada. Periodicidade regularidade constante, dentro de certos prazos fixados em lei. Quantificação o empregado deve saber quanto ganha por mês, de acordo com certos padrões objetivos. Não pode o salário ser condicionado ao serviço, mesmo quando variável. Reciprocidade relacionado com a natureza sinalagmática da relação de emprego, em que se encontram presentes direitos e obrigações para ambas as partes. Essencialidade elemento essencial para a relação de emprego. Princípios aplicáveis 1. Irredutibilidade do salário CF, art. 7.º, VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; 2. Inalterabilidade do salário CLT, Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Parágrafo único - Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança. 3. Intangibilidade do salário CLT, Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. § 1º - Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado. § 2º - É vedado à empresa que mantiver armazém para venda de mercadorias aos empregados ou serviços estimados a proporcionar-lhes prestações “in natura” exercer qualquer coação ou induzimento no sentido de que os empregados se utilizem do armazém ou dos serviços. § 3º - Sempre que não for possível o acesso dos empregados a armazéns ou serviços não mantidos pela Empresa, é lícito à autoridade competente determinar a adoção de medidas adequadas, visando a que as mercadorias sejam vendidas e os serviços prestados a preços razoáveis, sem intuito de lucro e sempre em benefício dos empregados. § 4º - Observado o disposto neste Capítulo, é vedado às empresas limitar, por qualquer forma, a liberdade dos empregados de dispor do seu salário. 4. Impenhorabilidade do salário CPC/1973, Art. 649. São absolutamente impenhoráveis: [...] IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3º deste artigo; Art. 833. São impenhoráveis: IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o; § 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o. Cálculo e espécies de salário lícitas ou ilícitas Em função do tempo (por hora, dias, semanas, quinzenas e mês) Em função da produção (por número de bens produzidos, comissão etc.) Em função de tarefa (misto de tempo e produção) Salário progressivo (misto de tarefa e prêmio pelo excedente). Salário complessivo (valor único; ilícito). Necessidade de inclusão do repouso semanal remunerado. Outros valores recebidos pelo empregado que compõem a remuneração Obs.: rol não taxativo. Pagamentos: Até o quinto dia útil do mês subsequente. Moeda de pagamento Curso forçado da moeda e inexistência de pagamento em outra moeda. 1. Salário-utilidade ou salário in natura (CLT, art. 458) Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por fôrça do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. § 1º Os valôres atribuídos às prestações "in natura" deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do salário-mínimo (arts. 81 e 82). § 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde; V – seguros de vida e de acidentes pessoais; VI – previdência privada. § 3º - A habitação e a alimentação fornecidas como salário-utilidade deverão atender aos fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do salário-contratual. Pelo menos 30% do salário mínimo deverão ser pagos em dinheiro. Alimentação 20% para o trabalhador urbano (sobre o salário contratual) 25% para o trabalhador rural (sobre o salário mínimo) Habitação 25% para o trabalhador urbano (sobre o salário contratual) 20% para o trabalhador rural (sobre o salário mínimo) Não são parcelas in natura PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador é auxílio-fiscal, inclusive sendo cobrado do empregado. Se o fornecimento da alimentação não for aprovado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, sendo mera decorrência do contrato de trabalho, terá caráter salarial, integrando a remuneração do empregado, para todos os efeitos legais. Educação, em estabelecimento próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos à matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático. Tanto faz o curso ser básica, de nível médio, superior, de idiomas etc. Qualquer tipo de educação paga pelo trabalhador. Transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público. Assistência médica hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde. Seguros de vida e de acidentes pessoais. Previdência privada. São parcelas in natura Vale-refeição (fornecido por força do contrato de trabalho) Cesta-básica se fornecida ao empregado independentemente de haver obrigação coletiva Poderá ser salário in natura dependendo do que ficar estabelecido na norma coletiva a respeito da natureza do benefício como ocorre com o vale-refeição Vale transporte Teoria da finalidade seu fundamento é que quando uma utilidade é necessária para que o serviço possa ser executado, equipara-se a um equipamento ou instrumento de trabalho, o que lhe retira a natureza salarial. A atividade, nesse caso, é meio para a execução do trabalho, e não contraprestação pelo trabalho executado. PELO TRABALHO E NÃO PARA O TRABALHO O salário em utilidades é vantagem concedida pelo trabalho e não para o trabalho. Os vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados apenas no local de trabalho PARA a prestação de serviços não serão considerados salário. Será considerado salário in natura o veículo que é usado também nos finais de semana e férias do empregado. a moradia fornecida ao zelador ou ao caseiro, servindo para o desempenho do serviço possibilitando que fiquem à disposição do condomínio ou do empregador quando necessário. o mesmo raciocínio se aplica ao fornecimento de energia elétrica ou de água ao zelador para a prestação dos serviços, o que é feito juntamente com a moradia. Descontos permitidos no salário 1. Previstos em lei contribuições previdenciárias impostos de renda pagamento de prestações alimentícias pagamento de pena criminal pecuniária pagamento de custas judiciais pagamento de aquisição de moradia pelo SFH retenção salarial por falta de aviso prévio pelo empregado que pede demissão contribuição sindical vale-transporte outros descontos previstos em instrumentos de negociação coletiva Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde que: a) Em caso de culpa esta possibilidade tenha sido acordada previamente entre as partes b) Na ocorrência de dolo do empregado, independente de acordo prévio O desconto poderá perfazer o valor integral do salário do trabalhador. Não será permitido o desconto no salário de importância superior ao ordenado do trabalhador, considerando-se o excedente como dívida de natureza civil. Os salários são impenhoráveis, salvo para pagamento de pensão alimentícia. 2. Previstos em contrato individual ou coletivo os realizados para inclusão em planos de assistência odontológica, médico-hospitalar. Planos de seguro Planos de previdência privada Planos de entidade cooperativa, cultural ou recreativa, associativa de seus trabalhadores em benefício do empregado e de seus dependentes Salário mínimo IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; S. M. Nacional ≠ S. M. “Regional” S. M. ≠ Piso salarial Teto salarial Gorjetas As gorjetas não poderão ser pagas pelo empregador. Se o forem, terão natureza de gratificação, sendo as gorjetas consideradas salário. Independentemente do critério da causa objetiva (em decorrência do serviço prestado) ou da causa subjetiva (pelo fato de o cliente ser bem servido): integrarão a remuneração para todos os efeitos, servindo de base para o cálculo das férias, 13º salário, FGTS e indenização. Não integram o aviso prévio, adicional noturno, de periculosidade, horas extras e repouso semanal remunerado. Diárias 1º regra: DE REGRA têm caráter indenizatório, não integrando o salário. 2º regra: Integram o salário, pelo seu valor total (50% e excesso), e para efeitos indenizatórios quando as diárias de viagem excederem 50% do salário do empregado. 3º regra: Quando sujeitas à prestação de contas nesse caso, mesmo se o total dos gastos efetivamente incorridos exceder 50% do salário, não serão consideradas de natureza salarial. Gratificações São liberalidades do empregador que pretende incentivar o empregado, visando obter maior dedicação deste, normalmente por ocasião das festas de fim de ano. Pagas com habitualidade (10 anos), têm natureza salarial. Tem finalidade retributiva. a CLT considera de natureza salarial as gratificações pactuadas, ajustadas (art. 457, § 1º), mas a JURISPRUDÊNCIA afirma que havendo REITERAÇÃO no pagamento, as gratificações serão consideradas salariais, ainda que não constante de ajuste expresso. Se o pagamento for habitual integram o salário do empregado, sendo computadas para o cálculo das férias, da indenização, do FGTS, dos recolhimentos ao INSS etc. GRATIFICAÇÕES AJUSTADAS integram o salário. GRATIFICAÇÕES NÃO AJUSTADAS não integram o salário. GRATIFICAÇÕES HABITUAIS integram o salário (ajuste tácito). Comissões são retribuições financeiras pagas ao empregado pelo empregador, no interesse do serviço e de forma transitória, para outra localidade. Denominado de salário de comissão. A comissão integra o salário. Estipulada para o empregados no comércio, representantes comerciais e bancários, estes pela venda de papéis do banco. é admitida como forma exclusiva ou não de salário, assegurado, em qualquer hipótese, a percepção do salário mínimo, quando as comissões não atingem esse valor. Comissões vs. Percentagens Comissão é gênero Percentagem é espécie de comissão As comissões se referem a um valor determinado, como R$ 10,00 por unidade vendida, e as percentagens indicam um porcentual sobre as vendas, não tendo um valor determinado em numerário. Art. 466, § 1º - “Nas transações realizadas por prestações sucessivas, é exigível o pagamento das percentagens e comissões que lhes disserem respeito proporcionalmente à respectiva liquidação” Aquisição - dá-se com a aceitação da venda pela empresa empregadora 10 dias é considerada aceita a transação, se o empregador não a recusar neste prazo. 90 dias se a transação é feita com comerciante estabelecido em outro Estado ou no estrangeiro (podendo ainda ser prorrogado, mediante comunicação escrita feita ao empregado) Exigibilidade - ocorre 30 dias após ultimada a transação, podendo as partes estipular outro prazo para o pagamento, desde que não superior a 90 dias, contados da aceitação do negócio Adicionais 1. Hora extraordinária Depende da jornada de trabalho, compensação e banco de horas Hora extra habitual e supressão Percentual e cálculo 2. Noturno Início Término Percentual Lavoura 21 h 5h 25% Urbano 22 h 5h 20% Advogado 20 h 5h 25% Pecuária 20 h 4h 25% 3. Insalubridade 10% mínimo “sobre salário mínimo” 20% médio “sobre salário mínimo” 40% máximo “sobre salário mínimo” 4. Periculosidade 30% sobre o salário contratual base Súmulas do TST: base de cálculo e cumulação Férias Período aquisitivo 12 meses Período concessivo 12 meses Pagamento Mês de salário + abono de férias de 1/3 Proporção de faltas para férias integrais (Art. 130) I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes; II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas; III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas; IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver de 24 a 32 faltas. Férias em jornada parcial I – 18 dias, para a duração do trabalho semanal superior a 22 horas, até 25 horas; II – 16 dias, para a duração do trabalho semanal superior a 20 horas, até 22 horas; III – 14 dias, para a duração do trabalho semanal superior a 15 horas, até 20 horas; IV – 12 dias, para a duração do trabalho semanal superior a 10 horas, até 15 horas; V – 10 dias, para a duração do trabalho semanal superior a 5 horas, até 10 horas; VI – 8 dias, para a duração do trabalho semanal igual ou inferior a 5 horas. O empregado contratado sob o regime de tempo parcial que tiver mais de sete faltas injustificadas ao longo do período aquisitivo terá o seu período de férias reduzido à metade. Concessão (por escrito), parcelamento (2 períodos de no mínimo 10 dias), período mínimo (20 dias), alienação (1/3 com remuneração adicional), aviso (30 dias) e pagamento (até 2 dias antes). Férias coletivas 13º salário Até o dia 20 de dezembro de cada ano e em até duas parcelas: 1ª parcela: entre os meses de fevereiro a novembro de cada ano, ou se o empregado o requerer no mês de janeiro por ocasião das suas férias. Equivale a metade do salário do empregado no mês anterior ao pagamento. 2ª parcela: até 20 de dezembro. Equivalente à remuneração do mês de dezembro, compensando-se (subraindo0se) a importância paga na primeira parcela, sem nenhuma correção monetária. Proporcional aos meses trabalhados no ano quando extinto o seu contrato. Na dispensa sem justa causa. Na dispensa indireta. Pelo término do contrato a prazo determinado. Pela aposentadoria. Pela extinção da empresa. Pelo pedido de demissão. Calculado com base na remuneração (salário + gorjetas) do mês de dezembro. O cálculo é de 1/12 por mês de serviço. Considera-se como mês a fração igual ou superior a 15 dias do trabalho (o cálculo da fração deverá ser feito a cada mês, e não em função dos dias trabalhados em diversos meses). Adicional de insalubridade e de periculosidade - Se pagas com habitualidade, integram 13º Horas extras habituais - efetiva-se o cálculo sobre a média aritmética do total das horas prestadas no período, mediante a multiplicação da referida média pelo valor da hora normal. 13º salário sobre as horas extras = média (total das horas extras trabalhadas) x valor da hora normal
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