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DIREITO CIVIL VIII (SUCESSÕES)

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Disciplina: DIREITO CIVIL VIII (SUCESSÕES)
Professora: Juliana Oliveira
9º PERÍODO – TURNO: NOITE
- BIBLIOGRAFIA BÁSICA (sugestões)
CAHALI, Francisco José e HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka. Direito das sucessões. 3 
ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro . 22ª edição. São Paulo: Saraiva. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro . 2 ed. São Paulo: Saraiva
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil . 26 ed., atualizada por Zeno Veloso. São Paulo: Saraiva
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil . 35 ed., atualizada por Ana Cristina de Barros 
Monteiro França Pinto. São Paulo: Saraiva
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil . 16. ed., atualizada por Carlos Roberto Barbosa 
Moreira. Rio de Janeiro: Forense
- BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense
NOGUEIRA, Cláudia de Almeida. Direitos das sucessões – Comentários à parte geral e à sucessão 
legítima . 3 ed., Rio de Janeiro: Lúmen Júris
PACHECO, José da Silva. Inventários e Partilhas. 19 ed., Rio de Janeiro: Forense
SUCESSÕES
Unidade I – Direito das sucessões. Noções introdutórias
1.1. Conceitos básicos do direito das sucessões
a)Sucessão – sucessão significa, em sentido amplo, a transferência de um direito de uma pessoa para 
outra. A transferência de direitos pode verificar- se em vida (sucessão inter vivos) ou em razão da morte 
de um dos sujeitos da relação jurídica (sucessão causa mortis ). O direito das sucessões trata 
exclusivamente da sucessão decorrente do falecimento de uma pessoa, empregando o vocábulo 
sucessão em um sentido estrito, para identificar a transmissão de um patrimônio em razão da morte de 
seu titular.
b)Autor da herança: trata- se do de cujus (de cujus successione agitur ), ou seja, da pessoa falecida por 
cuja morte se abre a sucessão. 
c)Sucessores: aqueles que recebem bens da herança do de cujus , ou seja, os que substituem o falecido 
nas relações jurídicas até então por ele exercidas. Como se verá adiante, o sucessor pode ser 
denominado herdeiro (quando recebedor da totalidade da herança ou de fração indeterminada) ou 
legatário (quando recebedor de coisa certa).
d)Herança: é a universalidade das relações jurídicas deixadas pelo falecido, enquanto não transferidas 
aos sucessores. É também denominada de acervo hereditário, monte- mor, monte partível, massa, 
patrimônio inventariado e, também, sob a ótica processual, espólio. A parcela da herança destinada ao 
sucessor designa- se quinhão hereditário ou quota hereditária.
e)Sucessão testamentária e sucessão legítima : quanto à fonte que deriva, classifica- se a sucessão em 
legítima e testamentária (art.1786 CC/02).
A sucessão legítima, por vezes também designada sucessão legal, é a que se dá em virtude de 
lei. O legislador traz a ordem de vocação hereditária, através da qual designa aqueles que serão 
chamados para suceder.
A sucessão testamentária deriva de ato de última vontade, representado por testamento 
promovido pelo autor da herança, na forma e condições estabelecidas em lei. Nesta hipótese, não é a 
lei, mas a pessoa que elege seus sucessores.
f)Sucessão a título universal e sucessão a título singular : quanto à forma de destinação dos bens da 
herança, a sucessão pode ser a título universal ou a título singular.
A sucessão a título universal caracteriza- se pela transmissão do patrimônio de cujus pela 
atribuição, aos sucessores, de partes ideais (quotas hereditárias). Também será considerada sucessão a 
título universal quando houver um único herdeiro e este receber a integralidade da herança. A sucessão 
a título singular implica a transferência de bens determinados a pessoas determinadas. O bem deixado 
denomina- se legado, e o beneficiado, legatário.
A sucessão legítima ocorre sempre a título universal; já a sucessão testamentária pode se dar a 
título universal ou a título singular.
g)Inventário : é o processo judicial pelo qual se promove a transmissão da herança, podendo ter, em 
determinadas hipóteses, o procedimento mais simples de arrolamento ou ser extrajudicial. 
1.2. Direito das sucessões – conceito e divisões
O direito das sucessões estuda o conjunto de regras que disciplinam a transmissão do 
patrimônio de uma pessoa depois de sua morte. Se divide em:
- sucessão em geral : normas aplicáveis tanto à sucessão legítima quanto à sucessão testamentária.
- sucessão legítima : regras referentes à sucessão que se opera por lei, na qual a herança é transmitida 
às pessoas constantes da ordem de vocação hereditária (seqüência legal de pessoas aptas a receber a 
herança).
 - sucessão testamentária : regras relativas à transmissão da herança por ato de última vontade do 
falecido, que, por testamento, elenca as pessoas aptas a receber a herança.
- inventário e partilha : normas sobre o processo judicial por meio do qual se efetua a divisão dos bens 
entre os herdeiros.
1.3. Fundamento do direito das sucessões
- Fundamento religioso : em certa passagem histórica, nas antigas civilizações, a sucessão teve seu 
fundamento exclusivamente na religião, como instrumento para subsistência do culto aos antepassados 
e para continuação da religião do falecidos.
- Fundamento biológico ou antropológico : segundo a ótica bio- antropológica os pais transmitem à 
prole não só os caracteres orgânicos, mas também as qualidades psíquicas, resultando daí que a lei, ao 
garantir a propriedade pessoal, reconhece que a transmissão hereditária dos bens seja uma continuação 
biológica e psicológica dos progenitores.
- Fundamento jurídico : A transmissão causa mortis é a decorrência lógica do direito de propriedade 
(art.5º XXII e XXX CF/88), caracterizado pela perpetuidade e estabilidade das relações jurídicas. Alguns 
doutrinadores sustentam o fundamento da transmissão hereditária não só na propriedade, mas também 
na proteção da família.
 
Unidade II – da sucessão em geral
2.1. Momento da abertura da sucessão
A existência da pessoa natural termina com a morte. Este é o momento exato da 
abertura da sucessão, também chamado de delação ou devolução sucessória ou delação 
hereditária.
A morte pode ser real (art.3º lei 9439/97) ou presumida. A morte real é comprovada 
pelo médico, na presença do cadáver. A morte presumida ocorre nos casos em que uma 
pessoa será considerada morta, todavia, não há corpo. Pode haver morte presumida sem 
decretação de ausência (art. 7º incisos I e II CC/02) ou com decretação de ausência (art.6º, 2ª 
parte CC/02).
- morte presumida sem decretação de ausência (art. 7º CC/02): Pode ser declarada em caso de 
perigo de vida (se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida), ou 
em caso de guerra (quando alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for 
encontrado até dois anos após o término da guerra). A declaração de morte presumida, nesses 
casos, só poderá ocorrer após esgotadas todas as buscas e averiguações, devendo a sentença 
fixar a data provável do falecimento (art.7º, §único CC/02).
- morte presumida com decretação de ausência (art.6º 2ª parte CC/02) : presume- se a morte, 
quanto ao ausente, nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva. São 
requisitos desta morte presumidaa sentença constitutiva que decreta a ausência e a abertura 
da sucessão definitiva (arts. 22, 37 e 38 CC/02). 
 
A morte se prova com a certidão extraída do assento de óbito. A sentença que declara 
a morte presumida é levada ao RCPN, para que seja extraída a certidão de óbito (art.9º I e IV 
CC/02).
- Comoriência (art.8º do CC/2002): quando várias pessoas vêm a falecer em conseqüência de 
um mesmo acontecimento (ex: naufrágio, queda de avião, acidente automobilístico, etc) 
poderá interessar ao direito qual delas faleceu primeiro, a fim de verificar se houve ou não 
transmissão de direitos. Se dos recursos técnicos não forem suficientes para apurar o 
momento da morte, considera- se que a morte foi simultânea.
Comoriência é a presunção de simultaneidade da morte – entre os comorientes não há 
transmissão de direitos, ou seja, não há sucessão.
STJ - MEDIDA CAUTELAR Nº3.482-SE (2001/0002797-0) - data da Publicação 14/02/2001
RELATOR : MINISTRO SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA
REQTE : EDÊNIA BARBOSA TELES SOBRAL
REQDO : AUGUSTO HAGENBECK
1. Em conseqüência do falecimento de Corina Teles Sobral Hagenbeck e de seus dois filhos menores, Henrique e 
Bruna, em acidente de automóvel, foi providenciada pela ora requerente, mãe da primeira, a abertura do inventário 
da sua filha. Afirmou a requerente que teria havido comoriência, de sorte que os bens de Corina não teriam sido 
transmitidos aos filhos, ocasionando a sucessão na linha ascendente, em cuja ordem de vocação hereditária seria 
ela, Edênia Barbosa Teles Sobral, a única herdeira desse patrimônio. 
2. O marido de Corina e pai de Bruna e Henrique, ora requerido, promoveu por seu lado a abertura do inventário 
tanto de Corina quanto da filha Bruna, afirmando que, segundo o laudo da polícia técnica elaborado no local do 
acidente, mas três horas após o evento, a filha Bruna teria sido retirada das ferragens do automóvel ainda com vida, 
vindo a falecer no trajeto até o hospital, pelo que a hipótese de comoriência estaria afastada e os bens de Corina 
teriam sido transmitidos a Bruna, sendo ele o único herdeiro da filha na linha ascendente. 
3. O Juiz de Direito da 6ª Vara Cível de Aracaju houve por bem extinguir o inventário aberto pela requerente ao 
fundamento de não assistir à mãe a legitimidade ativa ad causam, uma vez que "a documentação acostada pelo 
marido e pai dos falecidos no trágico acidente, demonstra a possibilidade de averiguar-se o momento do 
falecimento de Bruna, portanto, em relação à mesma não houve comoriência", concluindo que, "tendo Bruna 
Sobral Hagenbeck tornado-se herdeira de Corina Teles Sobral Hagenbeck, ainda que por breve momento, com o 
O instituto da ausência é o meio de proteção dos interesses daquele que se 
afasta do seu domicílio, e possui também o propósito de defender do perecimento o 
patrimônio do ausente e, se necessário, promover a sua transmissão aos herdeiros. 
A declaração de ausência se divide em três momentos:
- 1º momento: curadoria de ausentes - procura preservar os bens do 
ausente, tendo em vista um possível regresso. Decretada a ausência (decisão 
constitutiva) será nomeado curador para o patrimônio do ausente. 
- 2º momento: sucessão provisória - Um ano após a arrecadação dos bens 
do ausente (declaração de ausência), ou três anos, se houver procurador constituído, 
a lei autoriza a sucessão provisória, para que os interessados (cônjuge, companheiro, 
herdeiros, titulares de direitos condicionados à morte e credores em geral) passem a 
gerir o patrimônio.
Nessa fase o legislador ainda encara como plausível o retorno do ausente, e 
prevê uma série de medidas caso este retorne: art.28 (a sentença que autoriza a 
abertura da sucessão provisória só produz efeitos após 180 dias), art.30 (garantia 
dos herdeiros imitidos na posse), art.31 (restrição à alienação), arts. 33 § único e 
art.36.
- 3º momento: sucessão definitiva – 10 anos depois da sucessão provisória 
os interessados podem requerer a sucessão definitiva (levantamento das cauções 
prestadas e restrições). Outro caso de sucessão definitiva (art.38) é quando o 
ausente conta com mais de 80 anos de idade e de cinco datam as sua últimas 
notícias. Nesse caso, o juiz que declara a ausência pode, desde já, realizar a 
sucessão definitiva.
seu falecimento tornou-se o seu genitor o seu único sucessor, e por via de conseqüência, de todos os bens que a 
menor herdou de sua genitora".
2.2. Lei que rege a sucessão
A data do falecimento de cujus indica qual a legislação a ser aplicada (art.1787 
CC/02). Assim, as normas do CC/02 se aplicam às sucessões decorrentes de óbitos 
posteriores a entrada em vigor do Código (10.01.2003). No entanto, quanto às sucessões 
oriundas de óbitos ocorridos antes da entrada em vigor do CC/02, se aplicam as disposições 
do CC/16.
Observe- se que a data de ajuizamento do inventário não exerce qualquer influência 
sobre a fixação da lei que rege a sucessão – esta depende tão somente da data em que a 
morte foi verificada.
2.3. Lugar da sucessão
Conforme dispõe o art.1785, o local da abertura da sucessão será o último domicílio 
do falecido. A disciplina jurídica do domicílio se encontra do art.70 a 78.
É de suma relevância conhecer o último endereço do de cujus , pois este indica o foro 
competente para ajuizamento do inventário (art.96 CPC).
2.4. Transmissão da herança – direito de saisine
Com o falecimento ocorre, sem solução de continuidade, a transmissão da herança. A 
substituição do de cujus pelos herdeiros na titularidade das relações jurídicas daqueles se faz 
automaticamente, no plano jurídico, sem qualquer outra formalidade, ainda que, no plano 
fático, os sucessores ignorem o falecimento.
A transmissão automática do acervo patrimonial do falecido inspira- se no princípio da 
saisina (direito de saisine ou droit de saisine – le mort saisit le vif ). Por esse princípio, logo que 
se abre a sucessão, instantaneamente, independentemente de qualquer formalidade, investe-
se o herdeiro no domínio e posse dos bens constantes do acervo hereditário – art.1784 CC/02.
Em verdade, o direito de saisine é uma ficção jurídica: a transmissão da herança se faz 
ipso iure, para preservar a necessária continuidade das relações jurídicas deixadas pelo 
falecido, que não podem ficar acéfalas (ou seja, sem titular). Com a definitiva partilha ou 
adjudicação da herança, a titularidade do acervo se opera retroativamente, desde a data do 
falecimento.
Unidade III – HERANÇA
3.1. natureza jurídica da herança
Por expressa disposição legal, o conjunto de bens e direitos objeto da sucessão é 
considerado bem imóvel (art.80 II CC/02). A herança é, por ficção jurídica, tratada como 
imóvel, obedecendo às peculiaridades relativas a esta espécie de bens.
Apresentando- se como uma universalidade de direitos (universitas juris – art.91 
CC/02 ), considera- se um patrimônio único e indivisível, sobre o qual os herdeiros exercem um 
condomínio, até a partilha ou adjudicação dos bens, quando se desfaz a comunhão forçada 
(art.1791 CC/02).
A massa patrimonial ora denominada herança é identificada processualmente como 
espólio, não tendo personalidade jurídica, entretanto, possui legitimidade ad causam , exercida 
em regra pelo inventariante (art. 12 V CPC).
3.2. direitos e obrigações que compõem a herança
São transmitidos aos sucessores os bens imóveis, móveis e qualquer outra relaçãojurídica de direitos e obrigações, como linhas telefônicas, aplicações financeiras, ações ou 
quotas sociais, direitos possessórios (art.1203 e art.1206 CC/02), crédito perante terceiros, 
restituição de imposto de renda, e o direito de propor as respectivas ações (ação de cobrança, 
indenizatória ou de repetição de indébito). 
3.3. direitos e obrigações que não compõem a herança
Excluem- se da herança as relações jurídicas não patrimoniais e as personalíssimas, 
das quais o falecido era titular. Exemplos: poder familiar, a tutela ou curatela eventualmente 
exercida pelo de cujus , o usufruto, o uso, o direito real de habitação, as rendas vitalícias, as 
pensões previdenciárias, o contrato de trabalho.
3.5. administração da herança
Até a efetiva partilha ou adjudicação dos bens componentes da herança, faz- se 
necessário que a herança tenha um administrador, um responsável, um representante legal – 
este pode ser o administrador provisório ou o inventariante.
Da abertura da sucessão até que o inventariante nomeado preste compromisso, tal 
função caberá ao administrador provisório. O administrador provisório é aquele que está na 
posse da herança. Representa ativa e passivamente o espólio, é obrigado a trazer ao acervo os 
frutos que desde a abertura da sucessão percebeu, tem direito ao reembolso das despesas 
necessárias e úteis que fez e responde pelo dano que, por dolo ou culpa, der causa (art.985 e 
986 CPC).
Caberá ao juiz indicar o administrador provisório sempre que tal encargo tiver sido 
assumido por pessoa que não integra o rol estabelecido no art.1797 do CC/02.
Civil e Processual Civil. Compromisso de compra e venda de imóvel. Rescisão da avença. Danos materiais e 
morais. Morte da promitente vendedora. Não abertura do inventário. Administrador provisório do espólio. 
Legitimidade passiva. Os arts. 985 e 986 do Código de Processo Civil contemplam a figura do administrador 
provisório, ou seja, aquele que administra os bens e direitos da herança até que o processo de inventário seja 
instaurado, com a consequente nomeação do inventariante. É ele, portanto, quem representará o espólio ativa e 
passivamente - durante esse interregno. (TJRJ AC 2006.001.30511 - DES. MALDONADO DE CARVALHO - 
Julgamento: 15/08/2006 – 1ª CC).
Apelação Cível. Direitos Processual e Civil. Ação de cobrança de cotas condominiais em face de espólio. 
Inexistência de inventário. Nomeação e instituição em testamento público de inventariante e testamenteiro. 
Existência de procedimento de abertura e cumprimento de testamento público já extinto por sentença nomeando 
testamenteiro. Apelante que, nomeado testamenteiro, deve figurar como administrador provisório dos bens e 
direitos da herança até a instauração do processo de inventário, representando passiva e ativamente o espólio 
durante esse intervalo. A herança responde por eventuais dívidas do falecido, razão pela qual não cabe a inclusão 
obrigatória dos herdeiros no pólo passivo do presente processo, como pretende o apelante. Inteligência dos artigos 
985 e 986 do Código de Processo Civil. (TJRJ AC 2008.001.01414 - DES. SERGIO SEABRA VARELLA - 
Julgamento: 12/02/2008 – 15ª CC).
PROCESSUAL CIVIL. ESPÓLIO. REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. O espólio tem capacidade de ser parte, 
sendo representado em juízo pelo inventariante ou, se ainda não prestado o compromisso, pelo administrador 
provisório, como resulta da interpretação conjugada dos arts. 12, V, e 986 do Código de Processo Civil, operando-
se, em caso de falecimento da parte no curso da demanda, substituição na forma do art. 43, do mesmo Código. 
Ofensa a esse dispositivo e ao art. 265, I, do CPC não caracterizada. (STJ Resp 81.173/GO, Terceira Turma, Rel. 
Min. Costa Leite, DJ de 02/09/1996);
Unidade IV– Aceitação da herança
4.1. Conceito, fundamento e efeitos da aceitação da herança
Aceitação (ou adição) da herança é o ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro, 
manifestando a vontade de suceder o finado, confirma a transmissão do domínio e da posse 
dos bens por ele deixados (art.1804 CC/02). Tem como fundamento o princípio de que 
ninguém é herdeiro contra a sua própria vontade.
A aceitação tem como efeito tornar definitiva a transmissão dos bens do de cujus para 
os seus sucessores – afinal, esta já se considera ocorrida desde a abertura da sucessão, por 
causa do direito de saisina. Diz- se, portanto, que a aceitação tem eficácia ex tunc, ou seja, os 
efeitos da aceitação retroagem à data do falecimento (art.1804 caput CC/02).
Obs: no direito brasileiro atual, a regra é a sucessão a benefício de inventário (art.1792 
CC/02), ou seja, o sucessor não responde com seu patrimônio pessoal pelos encargos 
superiores aos limites da herança.
4.2. Espécies de aceitação da herança
Quanto à forma , a aceitação pode ser expressa, tácita ou presumida.
-Aceitação expressa: se verifica quando o sucessor manifesta por escrito a sua vontade de 
suceder, em receber os bens do falecido (art.1805 1ª parte CC/02). Essa manifestação pode se 
dar por termo nos autos, por escritura pública ou escrito particular.
-Aceitação tácita : ocorre com a manifestação de atos compatíveis com a sua qualidade de 
sucessor (art.1805 2ª parte CC/02). Ex: concordar com as primeiras declarações, pagar 
impostos, nomeação de advogado para intervir no inventário na defesa dos direitos de 
herdeiro, promessa de cessão de direitos hereditários a terceiros. Observe- se que a própria lei 
ressalva que alguns atos não implicam na aceitação presumida, por revelarem, na verdade, 
simples dever moral e familiar de quem os pratica (art.1805 §1º CC/02). Ex: pagar o funeral.
-Aceitação presumida : dar- se- á quando o sucessor, no prazo de até trinta dias, não se 
manifesta aceitando ou repudiando a herança ou o legado – escoado o prazo sem resposta, 
considera- se a herança como aceita (art.1807 CC/02).
Quanto ao titular do direito de manifestação , a aceitação pode ser classificada em direta 
e indireta. 
-Na aceitação direta o direito de aceitar pertence ao próprio sucessor, e é exercido por ele ou 
por seu representante – tutor (art. art.1748 II CC/02), curador (art.1781 CC/02), ou 
mandatário.
-Na aceitação indireta outra pessoa terá o direito de aceitar no lugar do sucessor. A lei traz 
duas hipóteses de aceitação indireta: a sucessão hereditária do direito de aceitar (art.1809 CC/
02) e a aceitação pelos credores do sucessor(art.1813 CC/02), quando o herdeiro repudiar a 
herança em prejuízo do pagamento de suas dívidas. Cabe ressaltar que neste último caso os 
credores se beneficiam apenas até o limite do seu crédito – saldada a dívida com parte do 
quinhão, o remanescente devolve- se à massa, para ser partilhado entre os demais sucessores.
4.3. Características da aceitação
-a aceitação é negócio jurídico puro e simples: ou seja, não pode ser subordinada a termo ou 
condição;
-a aceitação é indivisível: não pode ser aceita apenas parte do quinhão ou do legado (art.1808) 
– no entanto, sendo a mesma pessoa chamada a suceder, na mesma sucessão, em mais de um 
quinhão de títulos diferentes, pode deliberar sobre qual deles renuncia sem prejuízo da 
aceitação dos demais (art.1808 §2º CC/02).
-É ato irrevogável (art.1812): aceita a herança, não se admite a retratação do herdeiro.
Unidade V– Renúncia à herança
5.1. Conceito de renúncia à herança (renúncia abdicativa)
É ato unilateraldo sucessor que declara expressamente, após a morte do autor da 
herança, não aceitá- la. Ao expressar sua recusa, o quinhão devido ao renunciante será 
devolvido ao monte e rateado entre os outros sucessores (art.1810 CC/02).
Assim como a aceitação, a renúncia é ato jurídico puro e simples (não admite termo ou 
condição), e é sempre total (art.1808 CC/02).
5.2. Efeito de renúncia à herança
Com a renúncia, o sucessor abdica de seu direito, e a transmissão da herança deixa de 
ocorrer (art.1804 § único CC/02). A renúncia tem eficácia ex tunc , retroagindo ao momento da 
abertura da sucessão, entendendo- se que o renunciante nunca foi considerado herdeiro.
5.3. Restrições ao direito de renunciar
- capacidade plena do renunciante
- forma prescrita em lei : A renúncia deve necessariamente ser manifestada de forma 
expressa, por escrito em escritura pública ou termo nos autos (art.1806 CC/02).
- ausência de prejuízo a credores do renunciante : caso o devedor insolvente renuncie 
prejudicando seus credores, estes poderão aceitar o quinhão hereditário em nome do 
renunciante, recebendo o equivalente ao seu crédito dentro dos limites do quinhão do 
renunciante (art.1813 CC/02).
- consentimento do cônjuge do renunciante : Tendo em vista que o direito à sucessão 
aberta é considerado bem imóvel (art.80 II CC/02), e considerando a renúncia como espécie de 
ato alienativo, o consentimento do consorte do renunciante é indispensável nos regimes de 
comunhão universal, parcial, separação legal obrigatória, e participação final nos aquestros, se 
nada ficou disposto no pacto antenupcial sobre a dispensa de outorga. Não precisa de outorga 
do cônjuge o renunciante casado pelo regime da participação final dos aquestros, desde que 
acordada a inexigibilidade no pacto antenupcial, e os casados pelo regime da separação 
absoluta (art.1647 e 1655 CC/02). 
A ausência de outorga quando exigida e não suprida pelo juiz torna anulável o ato 
praticado – art.1649 CC/02.
Unidade VI– Cessão de direitos hereditários
6.1. Conceito de cessão de direitos hereditários
Cessão de direitos hereditários é o negócio jurídico pelo qual o sucessor, por ato inter 
vivos, transfere total ou parcialmente o seu quinhão hereditário a outro co- sucessor ou a 
pessoa estranha à sucessão. 
Com a abertura da sucessão, o quinhão hereditário, embora ainda não individualizado 
ou discriminado, passa a integrar o patrimônio do herdeiro, podendo, nessas condições, ser 
transmitido, em todo ou em parte, por ato inter vivos, através da cessão de direitos 
hereditários.
Haja vista a impossibilidade de dispor sobre a herança de pessoa viva (art.426 CC/02), a 
cessão de direitos hereditários só é possível após a morte do autor da herança e antes da 
partilha.
6.2. Forma da cessão de direitos hereditários
Obrigatoriamente a cessão de direitos hereditários tem que ser por escritura pública 
(art.1793 caput CC/02), sob pena de nulidade (art.166 IV CC/02).
O consentimento do consorte do cedente é indispensável nos regimes de comunhão 
universal, parcial, separação legal obrigatória, e participação final nos aquestros, se nada ficou 
disposto no pacto antenupcial sobre a dispensa de outorga. A outorga é dispensável quando o 
cedente é casado pelo regime da participação final dos aquestros, desde que acordado a 
inexigibilidade no pacto antenupcial, ou pelo regime da separação absoluta (art.1647 e 1655 
CC/02). 
6.3. Objeto da cessão
O Objeto da cessão é o quinhão do herdeiro ou o legado do legatário.
 
Em respeito a indivisibilidade da herança, o herdeiro pode apenas ceder sua parte 
indivisa e abstrata, não lhe sendo permitida a transferência de bens certos e individualizados, 
pois estes a todos os herdeiros pertencem, em condomínio, até a efetivação da partilha 
(art.1791 e art.1793 §§ 1º e 2º CC/02).
No caso do legatário, a cessão dos seus direitos sucessórios implica na transferência de 
direitos sobre um bem determinado, pela própria natureza do legado (bem determinado 
disposto pelo autor da herança em testamento).
- Cessão de bem singular que compõe a herança : É válida e eficaz a cessão de direitos 
hereditários de um bem específico do espólio, desde que realizada por todos os sucessores. 
No entanto, quando há mais de um sucessor e um deles cede seus direitos hereditários 
sobre um bem definido do espólio sem a participação dos demais, esta cessão é ineficaz: 
sendo a herança uma universalidade de direitos, antes da partilha não se sabe quais os bens 
que compõem o quinhão de cada um. A cessão pela qual um dos co- herdeiros cede bem 
específico da herança antes da partilha tem sua eficácia subordinada a uma condição: que o 
cedente seja, na partilha, contemplado com o bem objeto da cessão. Se não cumprida a 
condição o negócio jurídico restará ineficaz, nos termos da lei (art.1793 §2ª CC/02) .
6.4. Espécies de cessão de direitos hereditários
A cessão pode ser total (totalidade da herança quanto ao herdeiro universal, do quinhão 
quanto ao co- herdeiro ou do legado, quanto ao legatário) ou parcial (parte da herança, 
quinhão ou do legado).
Pode ser também gratuita ou onerosa. Na cessão gratuita o sucessor cede, pura e 
simplesmente, os seus direitos hereditários a outro co- herdeiro ou a terceiro. A cessão 
onerosa se faz mediante contra- prestação do cessionário.
6.3. Direito de preferência de co- herdeiro
Na cessão onerosa de quinhão hereditário, a lei determina que se dê preferência, na 
aquisição, aos demais co- herdeiros (art.1794). Assim, o co- herdeiro que pretender ceder seu 
quinhão a terceiro (pessoa estranha à sucessão), terá que primeiramente oferecer seu quinhão 
para os outros co- herdeiros. Somente na ausência de interesse dos outros co- herdeiros é que 
o quinhão pode ser cedido a terceiro.
Caso o direito de preferência dos co- herdeiros seja violado, estes podem adjudicar o 
quinhão, depositando o preço da alienação nas mesmas condições oferecidas ao terceiro. 
(art.1795 CC/02). 
Unidade VII– Exclusão do sucessor por indignidade
7.1. Conceito de indignidade
Indignidade é a pena civil imposta aos herdeiros e/ou legatários que praticam algumas 
das hipóteses de atos de indignidade previstos no art.1814 do CC/02. O sucessor declarado 
indigno fica privado do recebimento dos bens do autor da herança.
7.2. Causas de exclusão por indignidade
Enumerou o legislador, em numerus clausus (taxativamente), nos incisos do art.1814 as 
causas de exclusão por indignidade:
I)Afastamento do indigno pelo cometimento (autoria, co- autoria ou participação) de crime de 
homicídio doloso (consumado ou tentado) contra autor da herança, seu cônjuge, companheiro, 
ascendentes ou descendentes. O homicídio culposo não é causa de exclusão por indignidade.
II)Calúnia em juízo (denunciação caluniosa – art.339 CP) ou crime contra a honra (arts.138,139 
e 140 CP) do autor da herança, de seu cônjuge, ou companheiro. Os descendentes e os 
ascendentes não são sujeitos passivos da conduta para a exclusão.
III)Prática de violência ou meios fraudulentos que inibem ou obstam o autor da herança de 
dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. Prestigia- se a liberdade de testar, 
punindo o sucessor que,por fraude, simulação, coação, ocultação ou por qualquer ato objetive 
coibir a celebração de atos de última vontade.
A conduta qualificada pela lei civil como ato de indignidade pode configurar um ilícito 
penal, estando o sucessor apontado como indigno sujeito às sanções civil e penal. Não há 
necessidade da condenação em ação penal para a exclusão por indignidade. As provas da 
indignidade podem ser produzidas nos autos da ação de declaração de indignidade.
Não obstante a independência das esferas cível e penal (art.935 CC/02), a existência de 
sentença penal, em alguns casos, pode influenciar a decisão no juízo cível:
- sentença penal condenatória : a decisão na esfera penal serve ao juízo cível como prova 
irrefutável do ato de indignidade;
- sentença penal absolutória : se a absolvição decorreu da comprovação da inexistência do fato 
ou negativa de autoria o sucessor não será excluído, uma vez que já restou provado no juízo 
criminal a inexistência do ato de indignidade; no entanto, se a absolvição decorrer da 
prescrição da pretensão punitiva, ou da insuficiência de provas, o sucessor ainda poderá ser 
excluído por indignidade, mediante a comprovação do fato no juízo cível.
7.3. Procedimento para obtenção da exclusão
O afastamento do sucessor indigno se dá por sentença (art.1815 caput CC/02) – assim, 
é indispensável o ajuizamento de ação própria após o óbito visando a declaração de 
indignidade. 
- legitimidade ativa: podem promover a ação de exclusão por indignidade os interessados na 
exclusão – demais herdeiros ou legatários beneficiados com a exclusão;
- legitimidade passiva: o herdeiro ou o legatário que praticou o ato ofensivo previsto no 
art.1814 CC/02;
- rito : comum ordinário, permitindo a maior dilação probatória possível;
- prazo para a propositura da demanda : quatro anos a contar do óbito (art.1815 § único 
CC/02). Trata- se de prazo decadencial, pois, uma vez transcorrido, os legitimados perdem o 
direito de requerer a exclusão do indigno.
7.4. Efeitos da exclusão por indignidade
Os efeitos da exclusão por indignidade são pessoais (art.1816 caput CC/02), não 
prejudicando os descendentes do excluído. 
Nos termos do § único do art.1816 o indigno perde o direito ao usufruto e à 
administração dos bens que a seus filhos menores couberem na herança. A lei busca desta 
forma o completo afastamento do indigno da sucessão do ofendido, mesmo que por via 
transversa, abrangendo, inclusive, o usufruto legal dos pais sobre os bens de seus filhos sob o 
poder familiar. O indigno também não poderá receber bens oriundos da herança do ofendido 
por força de posterior sucessão eventual.
A sentença de declaração de indignidade tem eficácia ex tunc , pois retira a qualidade de 
sucessor do indigno, excluindo- o desde a abertura da sucessão. Mas a lei ressalva os direitos 
adquiridos por terceiro de boa- fé antes – assim, as alienações onerosas realizadas pelo 
indigno são válidas, quando realizadas antes da sentença de indignidade (art.1817 CC/02), 
cabendo ao excluído restituir a quantia recebida aos demais herdeiros.
7.5. Reabilitação ou perdão do indigno
É possível o autor da herança, ainda em vida, expressar o perdão ao sucessor que 
praticou o ato de indignidade. A lei exige que seja por escrito em testamento ou outro ato 
autêntico (art.1818 caput CC/02).
Não se admite reabilitação tácita – a vontade de reabilitar o indigno deve ser expressa. 
Assim, se o autor da herança, em testamento, não reabilita o indigno, se limitando a beneficiá-
lo com herança ou legado, o indigno será excluído da sucessão legítima e seu direito 
sucessório se limitará ao descrito no testamento (art.1818 § único CC/02).
Sentença que declarou a "exclusão da sucessão hereditária por indignidade" de Suzane Von Richthoven (6ª Vara 
Judicial da Comarca da Capital - SP. 
Processo nº 001.02.145.854-6) 
Andréas Albert Von Richthofen, assistido pelo tutor Miguel Abdala, ajuizou Ação de Indignidade em face de 
Suzane Louise Von Richthofen, alegando, em síntese, que em 31 de outubro de 2002 a demandada, objetivando 
herdar os bens de seus genitores, planejou a mortes destes, que em companhia de seu namorado, Daniel Cravinhos 
de Paula e Silva, de 21 anos, e o irmão dele, Cristian, de 26, executaram o casal de forma brutal, vez que munidos 
de barras de ferro golpearam as vítimas na cabeça até a morte. 
A demandada foi citada e apresentou contestação (fls. 110/120), em sede preliminar argüiu inépcia da petição 
inicial, suscitando a impossibilidade jurídica do pedido. 
No mérito pediu a improcedência do pedido inicial e aduziu, que agindo sob influência e indução dos efetivos 
executores, Cristian e Daniel, apenas facilitou o ingresso destes na residência, sem estar ciente das conseqüências 
decorrentes. Sustenta por fim, a impossibilidade de sua exclusão da sucessão, buscando abrigo no artigo 5º, LVII 
da Constituição Federal de 1988. 
Em audiência de Instrução Debates e Julgamentos, foram ouvidas as partes 
e as testemunhas (fls. 147/152). 
É o relatório. 
Fundamento e decido. 
Os pedidos são procedentes. 
A indignidade é uma sanção civil que acarreta a perda do direito sucessório, privando dos benefícios o herdeiro ou 
o legatário que se tornou indigno, visando à punição cível. É imoral quem pratica atos de desdouro, como fez 
Suzane, contra quem lhe vai transmitir uma herança, Ação plenamente aplicável conforme art. 1.815, do Código 
Civil. No conceito doutrinário, temos que a "Indignidade é a privação do direito hereditário, cominada por lei, ao 
herdeiro que cometeu atos ofensivos à pessoa ou à honra do de cujus. É uma pena civil imposta ao sucessor, 
legítimo ou testamentário, que houver praticado atos de ingratidão contra o hereditando". 
Não há necessidade da condenação em ação penal para a exclusão por indignidade. As provas da indignidade 
produzidas nestes autos comprovam a co-autoria da demandada no homicídio doloso praticados contra seus 
genitores. A Constituição Brasileira,enfatiza a vida como supremo bem, pressuposto exclusivo para função de 
qualquer direito. Tanto que todos os bens são chamados "bens da vida" .
Desta feita, plenamente aplicável o artigo 1.814, do Código Civil, que prevê: 
"São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de 
homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, 
ascendente ou descendente;” 
Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE a Ação de Indignidade, não nos restando duvidas de que seu irmão, 
Andréas, de 16 anos, será o único herdeiro dos bens, excluindo assim, Suzane, da cadeia hereditária. 
P.R.I.C. 
São Paulo, 24 de Setembro de 2004. 
Unidade VIII – Herança jacente e herança vacante
8.1. Conceito de herança jacente
A herança jacente é aquela cujos herdeiros são desconhecidos. Observa- se a 
ocorrência de jacência quando desde a abertura da sucessão não há herdeiros conhecidos.
 
8.2. Herança jacente – procedimento
A herança jacente representa uma fase transitória do patrimônio do falecido: a jacência 
cessará tão logo seja encontrado um herdeiro ou, após esgotadas as buscas, houver a 
declaração de vacância (art.1819 CC/02). Enquanto a herança se encontrar jacente serão 
adotadas as seguintes providências:
- Nomeação de curador, a quem competirá a guarda e administração dos bens do de cujus 
(art.1143 e 1144 CPC);
- arrecadação dos bens do falecido (art.1142,1145 a 1149 CPC);
- investigação para localização dos herdeiros (art.1150 e 1152 CPC);
Os credores do falecido poderão se habilitar nos autos da própria arrecadação ou 
propor ação de cobrança em face da herança jacente (art.1821 CC/02 e art.1154 e 1017 CPC).
Com o aparecimento de herdeiros, comprovada esta qualidade, cessa a jacência, 
prosseguindo- se a sucessão normal (art.1151 e 1153 CPC).
Permanecendo ignorados os herdeiros após as diligências pertinentes, a herança, até 
então jacente, é declarada vacante, para o fim de transferir o patrimônio ao poder público, 
sucessor final na falta de outros.
8.3. Declaração de vacância
A declaração de vacância representa o reconhecimento judicial de que a herança não 
tem dono conhecido. Ocorrerá após um ano da primeira publicação do edital de convocação 
dos herdeiros, desde que ainda não estejam pendentes decisões de eventuais habilitações 
(art.1820 CC/02 e art.1157 CPC).
Se todos os herdeiros conhecidos renunciarem à herança, desde já a vacância poderá 
ser decretada (art.1823 CC/02).
 A herança declarada vacante é entregue ao Município ou ao Distrito Federal, quando 
localizada nas respectivas circunscrições ou à União, quando situada em território federal 
(art.1844 CC/02).
O poder público não é propriamente herdeiro, pois não existe para com o falecido 
qualquer vínculo (consangüíneo, civil ou familiar), fundamento básico do direito sucessório. 
Mas, por expressa previsão legal, é o destinatário do acervo hereditário na falta de pessoas 
sucessíveis, evitando- se a herança acéfala, bem como o indesejável abandono dos bens, 
dando- se a indispensável continuidade às relações jurídicas deixadas pelo falecido. 
8.4. Efeitos da declaração de vacância
- transfere a titularidade da herança ao poder público (Município, Distrito Federal ou União, conforme o 
caso): No entanto, a incorporação definitiva da herança não ocorre imediatamente após a declaração de 
vacância – durante cinco anos o poder público tem a propriedade resolúvel dos bens, ou seja, pende 
sobre o direito de propriedade da herança uma cláusula resolutiva – o surgimento de cônjuge ou 
companheiro, descendentes ou ascendentes do falecido. 
Se passados cinco anos da abertura da sucessão não houver a habilitação de nenhum herdeiro 
(cônjuge ou companheiro, descendentes ou ascendentes), a herança incorpora- se definitivamente ao 
domínio público (art.1822 CC/02). Após esse prazo cessa, para qualquer herdeiro, o direito de pleitear a 
herança.
É possível, no entanto, o aparecimento de herdeiros após a declaração de vacância – nesse 
caso, cabe ressaltar: I) com a declaração de vacância, os colaterais ficam definitivamente excluídos da 
sucessão; II) se outros herdeiros (cônjuge, companheiro, descendentes ou ascendentes) se habilitam 
(por ação direta – art.1158 CPC), após a declaração de vacância, respeitado o prazo de cinco anos após 
a abertura da sucessão, ocorrerá a adjudicação ou partilha em benefício dos herdeiros habilitados.
- põe fim à atuação do curador : encerrada a herança jacente o curador é dispensado dos deveres de 
guarda, conservação e administração do acervo hereditário;
- habilitação dos credores via ação direta : os credores do falecido, que antes poderiam se habilitar nos 
autos do inventário ou da arrecadação de herança jacente (art.1154 CPC), a partir da declaração de 
vacância, só poderão reclamar seu direito por ação direta (art.1158 CPC).

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