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MODULO – C FASE 1 – G.P.I. (Gestão da Produção Industrial) Matéria: Metrologia (91555). (uta medição e qualidade – C 2016 – Fase 1) Resumo aula teórica 3: Tema 1 – Conceito de metrologia. Tal qual descrito anteriormente, a metrologia é, de forma bem resumida, a ciência das medições. Ela trata do estudo e da aplicação de meios adequados para quantificação de grandezas, tais como comprimento, ângulo, massa, força, pressão, volume, temperatura, velocidade etc. A metrologia engloba todos os fenômenos, instrumentos e procedimentos envolvendo as medições e unidades de medida. Trata dos conceitos básicos, dos métodos, dos erros e sua propagação, das unidades e dos padrões envolvidos na quantificação de grandezas físicas. Essa ciência também se refere ao campo de conhecimento sobre pesos e medidas e dos sistemas de unidades nacionais e internacionais. Conforme o INMETRO, é a: “Ciência da medição que abrange todos os aspectos teóricos e práticos relativos às medições, qualquer que seja a incerteza, em quaisquer campos da ciência ou tecnologia”. (INMETRO. VIM - 2. ed. Brasília, SENAI/DN, 2000. 75 p.). Para atingir a confiabilidade e a conformidade dos produtos e processos são necessárias ações como: calibração de instrumentos de medição, análise dos resultados de medição, definição de boas práticas de medição, gestão e manutenção de instrumentos de medição, entre outras ações. A metrologia, em função das ações acima descritas, permite que peças manufaturadas em locais e tempos diferentes se acoplem entre si sem necessidade de ajustes. Isso contribui para facilitar o intercâmbio de peças entre empresas e países distintos, possibilitando agilidade e redução de custos de produção e consequentemente aumento de produtividade. Como vimos anteriormente, a metrologia está dividida em três grandes áreas: metrologia científica, metrologia industrial e metrologia legal. Nossos estudos estarão concentrados na metrologia industrial. Tema 2: Terminologia I. Para compreensão da ciência metrologia é necessário conhecer os termos pertinentes entre os profissionais envolvidos no sistema. Para suportar as definições dos termos abaixo descritos, serão utilizadas algumas informações provenientes do Vocabulário Internacional de Metrologia 2012 (VIM 2012). Grandeza Propriedade de um fenômeno, corpo ou substância, que pode ser expressa quantitativamente sob a forma de um número e de uma referência. É objetivamente aquilo que se pretende medir, não se focando apenas em medidas de comprimento, mas também, por exemplo, em medição de força, pressão, temperatura, tempo etc. Mensurando Grandeza específica submetida à medição. É o objeto da medição. Medição “Processo de obtenção experimental de um ou mais valores que podem ser, razoavelmente, atribuídos a uma grandeza” (VIM, 2012, p.16), no qual não são observadas as propriedades qualitativas. Para TOLEDO (2014, p. 31) a medição é, portanto, realizada por meio da comparação de grandezas ou da contagem de entidades e pressupõe uma descrição da grandeza de forma adequada ao uso pretendido para seu resultado, segundo um procedimento e com um sistema calibrado que opera de acordo com o procedimento especificado, incluindo as condições de medição. Esse processo representa uma sequência de atividades envolvendo pessoas, procedimentos, equipamentos e instrumentos de medição. Resultado da medição É a faixa de valores dentro da qual deve estar o verdadeiro valor do mensurando. Em toda medição efetuada, existem erros de medição. É necessário considerá-los, compensar o que for possível e apresentar a faixa de dúvidas ainda remanescente no resultado de medição. Conforme ALBERTAZZI e SOUSA (2008, p. 12), os erros de medição sempre deixam uma parcela de dúvidas que permite determinar apenas aproximadamente o valor do mensurando, o que dá origem à faixa de valores dentro da qual o valor do mensurando é esperado. Veja a figura: O resultado de medição é composto de duas partes: o resultado base (RB) e a incerteza de medição (IM). O resultado-base é o valor central da faixa a que corresponde o resultado de medição. É o valor que se acredita ser o valor real do mensurando e é calculado a partir da indicação ou da média de várias indicações, suscetível a possível correção. Resultado Base É a estimativa do valor do mensurando que, acredita-se mais se aproximar do seu valor verdadeiro. Corresponde ao valor central do resultado de medição. Como exemplo vamos utilizar um eixo com diâmetro de 100 mm, sendo medido por meio de um paquímetro. Supondo que a incerteza de medição é de ± 0,05, pode se estimar que o verdadeiro valor do mensurando encontra-se entre 99,95 e 100,05. Quando essa incerteza for considerada insignificante para determinada finalidade, o resultado pode ser expresso apenas pelo único valor medido. Tema 3: Terminologia II. Erros de medição Medir sem cometer erros é uma utopia, ou seja, não existe um sistema perfeito. Para realizar uma medição sem erros, seriam necessários: 1. Um sistema de medição perfeito 2. Um ambiente controlado e perfeitamente estável 3. Um operador perfeito 4. Que a grandeza sob medição (mensurando) apresente um valor único, perfeitamente definido e estável A metrologia não nega a existência do erro de medição, mas aponta caminhos que permitam conviver e delimitar a ação dos erros para obtermos informações confiáveis. As causas de erro de medição provêm: Do operador; O operador provoca erros ao estabelecer uma estratégia de medição equivocada e cometendo erros de leitura. O operador deve utilizar o equipamento adequado e de forma correta (posição, pressão de medição etc.). Do ambiente; As influências do ambiente de medição provocam erros de medição. Tanto peças como instrumentos variam suas dimensões conforme a temperatura a que são submetidos. No caso, por exemplo, de uma grandeza de comprimento, submetida a medição fora do padrão da temperatura de referência (20°C) poderá alterar o comportamento do instrumento e da peça, sendo necessário conhecer se isso irá interferir no resultado da medição. Atenção: a temperatura de validação dos instrumentos é de 20ºC! Do instrumento; Os instrumentos de medição não são perfeitos e as imperfeições construtivas variam com o passar do tempo. Os instrumentos de medição devem ser submetidos a ensaios periódicos para verificar se o erro do instrumento está dentro de limites aceitáveis. Essa verificação periódica é denominada de calibração e será vista mais adiante. Também, ao utilizarmos um instrumento, devemos nos atentar a sua exatidão, para que não cometamos erros que possam causar problemas de qualidade. No exemplo a seguir, um paquímetro está medindo uma peça com 10 mm (calibrada) e está indicando 10,20 mm. Existe, portanto, um erro de 0,20 mm. Observe: Da peça; Podem ocorrer situações em que, mesmo com os três fatores de medição sob controle (Operador, Ambiente e Instrumento), ainda assim haverá grandes erros de medição. Peças mecânicas possuem erros de forma que podem levar a erros de medição. O exemplo abaixo ilustra bem esse problema, onde variações indesejáveis de conicidade e erro de forma (“ovalização”) podem comprometer a medição. Qual será o diâmetro dessa peça? Incerteza de medição; Conforme o VIM 2012, incerteza de medição é o parâmetro associado ao resultado de uma medição que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser fundamentalmente atribuídos a um mensurando. Para ALBERTAZZI e SOUSA (2008) incerteza de medição é a parcela de dúvidas associada à medição. Corresponde à metade do comprimento da faixa simétrica e está centrada em torno de um resultado base, que exprime a faixa de dúvidas associada à medição. Para facilitar o entendimento, vamos utilizar uma pesquisa eleitoral como exemplo.Imagine que exista três candidatos e o resultado da pesquisa realizada por um determinado instituto mostrou o seguinte resultado: Como a margem de erro da pesquisa é de ± 4%, não é possível afirmar qual candidato está na frente da pesquisa. Vamos ver o exemplo a seguir, relativo a uma medição realizada por um instrumento chamado micrômetro. Neste caso, em função da incerteza do instrumento de medição, existe a possibilidade de o valor medido de 20,09 mm ser de até 20,11, portanto acima da tolerância admitida para a peça (20 ±0,1, ou seja, de 19,90 a 20,10). Nota-se então que esta peça pode eventualmente estar fora das tolerâncias especificadas (20,11 mm referente ao valor medido mais a incerteza de medição contra 20,10 mm da dimensão máxima permitida pela tolerância da peça). Para evitar este tipo de situação, em que se tem uma certa precisão dimensional, devemos ter um cuidado especial quanto à incerteza de medição. Dispositivo de medição Dispositivo utilizado para realizar medições individualmente ou associado a um ou mais dispositivos suplementares (VIM, 2012). Utilizados para realizar medições, como paquímetros e micrômetros, incluindo-se, também, os dispositivos usados para medições por atributos, como os calibradores passa/não passa para classificação de um produto conforme ou não-conforme. Calibradores Instrumentos fabricados por meio de um processo de usinagem de precisão, utilizados para verificação das tolerâncias dimensionais de peças fabricadas por medição indireta. Denominam-se contra- calibradores os instrumentos fabricados com tolerâncias dimensionais relativamente mais apertadas, os quais são utilizados para verificar as dimensões dos calibradores de uso rotineiro. Sistema de medição Conjunto de elementos e recursos que permite a execução das medições e a obtenção de resultados. Esse conjunto inclui: operador, instrumento de medição, peça a ser medida, dispositivos, padrões, métodos, ambiente e software. Padrão Conforme VIM:2012, padrão de medição é a realização da definição de uma dada grandeza, com um valor determinado e uma incerteza de medição associada, utilizada como referência. Como exemplo, um padrão de medição de massa de 1 kg com uma incerteza-padrão associada de 3 μg (milésimo de miligrama). É o valor de referência utilizado como base para comparar os resultados obtidos com o sistema de medição. Resolução É a menor diferença entre indicações que pode ser significativamente percebida e a menor medida que pode ser feita por um instrumento. Muitas vezes, na escolha de um instrumento de medição com base na resolução, utiliza-se de uma regra básica: dividir a tolerância total da peça a ser medida por 10. Por exemplo: num caso do diâmetro de um eixo mecânico em que o limite superior de controle (LSC) é de 10,05 mm e limite inferior de controle (LIE) é de 9,95 mm, temos um campo de tolerância total de 0,10 mm (10,05 – 9,95). Dividindo-se este valor por 10, encontraremos o valor de 0,01 mm, que deveria ser a resolução mínima para o dispositivo de medição. Faixa de medição É a faixa de valores, especificada pelo fabricante, dentro da qual o instrumento de medição pode ser utilizado normalmente. Essa faixa delimita os valores máximo e mínimo que o instrumento deve ser utilizado segundo suas especificações metrológicas. Tema 4; Exatidão e precisão. Os termos a seguir foram destacados da terminologia para que se possa entender em detalhes o erro de medição. Dois conceitos importantíssimos proporcionarão uma compreensão mais apurada sobre erros de medição: a exatidão e a precisão, que são dois parâmetros qualitativos associados ao desempenho de um sistema. Exatidão; É proporcional à diferença entre um valor medido e o valor de referência. Esse valor observado pode ser admitido como a média de diversos valores individuais obtidos por uma característica do mesmo objeto que está sendo medido. Um sistema com excelente exatidão possui a capacidade funcionar sem erros, tendo sempre um ótimo desempenho. Um sistema que sempre acerta é um sistema com ótima exatidão. Precisão; É proporcional a diferença entre os valores observados para obter-se uma medida. Quanto maior a concordância ou a proximidade entre valores individuais de um conjunto de medidas, maior é a precisão de um sistema de medição. Um sistema com ótima precisão apresenta pouca dispersão, isto é, capacidade de obter sempre o mesmo resultado quando submetido a repetições.
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