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Ponto 1 Resumão (150p.) TRF5 2016

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PONTO 1
DIREITO CONSTITUCIONAL
Constituição. Conceito. Classificação. Elementos. Poder constituinte: originário e derivado. Direitos humanos. Hermenêutica constitucional. O constitucionalismo brasileiro. A ordem constitucional vigente. Emendas à constituição. Disposições gerais e transitórias. República e federação no direito constitucional em geral. Sistema brasileiro. Repartição de competências. União: bens e competência. Competência exclusiva, competência de normas gerais, competência comum e competência concorrente.	
Constituição. Conceito. Classificação. Elementos.
DIREITO CONSTITUCIONAL: “É a ciência encarregada de estudar a Teoria das Constituições e o ordenamento positivo dos Estados.” (BULOS, 2010 p. 56). O direito constitucional é dividido pela doutrina em 03 grandes ramos: 1) DIREITO CONSTITUCIONAL POSITIVO – é a disciplina que tem por objeto o estudo dos princípios e normas de uma Constituição concreta em vigor de um Estado determinado; 2) DIREITO CONSTITUCIONAL COMPARADO – seu objetivo é fazer comparações entre normas e princípios de várias Constituições, vigentes ou não; 3) DIREITO CONSTITUCIONAL GERAL – a disciplina que traça uma série de princípios e conceitos que podem ser encontrados em várias Constituições, para classificá-los e sistematizá-los de modo unitário.
CONSTITUCIONALISMO: A doutrina costuma reportar-se a, no mínimo, quatro significados do termo constitucionalismo, compreendidos como constitucionalismo antigo, da Idade Média, moderno e contemporâneo. André Ramos Tavares (2006) sintetiza que “numa primeira acepção, emprega-se a referência ao movimento político-social com origens históricas bastante remotas, que pretende, em especial, limitar o poder arbitrário. Numa segunda acepção, é identificado com a imposição de que haja cartas constitucionais escritas. Tem-se utilizado, numa terceira acepção possível, para indicar os propósitos mais latentes e atuais da função e posição das constituições nas diversas sociedades. Numa vertente mais restrita, o constitucionalismo é reduzido à evolução histórico-constitucional de um determinado Estado”; I) as raízes desse “movimento constitucional” [constitucionalismo antigo] são encontradas entre os hebreus, para quem as leis dos homens estariam limitadas pelos comandos divinos; II) a segunda vertente [constitucionalismo na idade média], aparece com o surgimento da Magna Carta do Rei João Sem-Terra, de 1215, que, segundo Fábio Konder Comparato (2010), “deixa implícito pela primeira vez, na história política medieval, que o rei achava-se naturalmente vinculado pelas próprias leis que edita”. O autor identifica esta primeira limitação institucional como o embrião da democracia moderna. Mas o constitucionalismo inglês não se restringiu à elaboração da Magna Carta do rei João da Inglaterra. Ao contrário, enfrentou diversas fases, entre as quais se destaca a Petition of Rights e o Bill of Rights; III) o marco do constitucionalismo moderno está ligado a dois grandes acontecimentos do Séc. XVIII, símbolos da limitação do poder estatal, a saber: Constituição norte-americana, de 1787, e Revolução Francesa de 1789, e na consequente elaboração da Constituição francesa de 1791; conforme André R. Tavares este novo modelo de constitucionalismo caracteriza-se: a) pela publicidade, permitindo amplo conhecimento da estrutura do poder e garantia de direitos; b) pela clareza, por ser um documento unificado, que afasta incertezas e dúvidas sobre os direitos e os limites do poder; c) pela segurança, justamente por proporcionar a clareza necessária à compreensão do poder; IV) por sua vez, o constitucionalismo contemporâneo surgiu após o fim da 2ª Guerra Mundial, quando o mundo ocidental sentiu a necessidade de reformular o conceito de Constituição, de maneira a não mais admitir como legítima a ação estatal que fragilizasse a dignidade da pessoa humana, considerado valor universal pela Declaração dos Direitos de 1948, e outros valores como a justiça a paz social, ainda que supostamente amparada na lei.[1: 	J. J. Gomes Canotilho adverte que o mais correto seria referir-se a “movimentos constitucionais, ao invés do termo constitucionalismos. In: CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7 ed. Almedina. 2003. pag. 51.]
NEOCONSTITUCIONALISMO - O fenômeno ocorrido na Europa Ocidental do pós-guerra foi o panorama histórico que ensejou seu advento. As constituições do pós-guerra são marcadas por elevado teor axiológico, caracterizadas, ainda, pela abertura e indeterminação semântica, importando sua aplicação pelo Judiciário a partir de novas técnicas e estilos hermenêuticos.
No Brasil, pós CF/88, os adeptos (Luís Roberto Barroso, Lênio Streck, Ana Paula de Barcellos etc.) e críticos (Dimitri, Humberto Ávila etc.) do neoconstitucionalismo apontam suas principais características como sendo: valorização dos princípios, adoção de métodos ou estilos mais abertos e flexíveis na hermenêutica jurídica, com destaque para a ponderação, abertura da argumentação jurídica à moral, reconhecimento e defesa da constitucionalização do Direito e do papel de destaque do Judiciário na Agenda de concretização dos valores constitucionais.
Marcos do neoconstitucionalismo: a) HISTÓRICO – Europa ocidental do pós 2ª guerra mundial (Lei Fundamental de Bonn/1949 e Constituição Italiana/1947); No Brasil, o marco coincide, segundo BARROSO, com a promulgação da CF/88 (Estado Democrático de Direito); b) FILOSÓFICO – Pós-positivismo – superação dos modelos puros do jusnaturalismo (crença em princípios de justiça universalmente válidos) e do positivismo (que, em busca de objetividade científica, equiparou o direito à lei); c) TEÓRICO – c.1) Força normativa da Constituição (a Constituição é dotada de imperatividade, como qualquer outra norma jurídica – não é, pois, documento meramente político); c.2) Expansão da jurisdição constitucional (superação da supremacia do Parlamento + desenvolvimento de tribunais constitucionais + controle de constitucionalidade); c.3) Nova interpretação constitucional (Nova dogmática – nem sempre a solução é dada diretamente pela norma, por simples silogismo/intérprete como co-participante do processo de criação do direito – Novas categorias – cláusulas gerais/normatividade dos princípios/ponderação para solucionar conflitos entre normas constitucionais/argumentação – atividade criativa potencializa o dever de funbdamentação).
O QUE É UMA CONSTITUIÇÃO? Do ponto de vista jurídico, a Constituição é o documento que estabelece e disciplina o conjunto de elementos essenciais ao Estado. Se o Estado vai ser constituído, será necessário tratar de seus elementos (humano – povo, físico – território e político – soberania ou governo; há doutrinadores que acrescentam um 4º elemento que é a finalidade (Mazzuoli)), que serão tratados pela CONSTITUIÇÃO.
A doutrina aponta que Abade de Sieyès foi o formulador do conceito moderno de Constituição (através da publicação do livro “O que é o Terceiro Estado?”). Destaca-se, em seu pensamento, o deslocamento de eixo de legitimidade do poder político – antes calcado em bases teocráticas – para um substrato de legitimidade alicerçado na soberania da nação.
A partir do Séc. XIX, teve início o que se chamou de CONCEITO IDEAL DE CONSTITUIÇÃO (CANOTILHO), segundo o qual toda nação deveria ter uma constituição, que, por sua vez, deveria ter 03 elementos: 1) Sistema de garantias da liberdade(implementado a partir da existência de direitos individuais e da participação popular no parlamento); 2) Princípio da separação dos poderes (Montesquieu) e 3) Forma escrita.
Já no Séc. XX, surgiu a ideia da RACIONALIZAÇÃO DO PODER: já não basta a previsão dos direitos fundamentais, é preciso garantir condições mínimas para que um poder democrático possa subsistir.
OBJETO DA CONSTITUIÇÃO: é a disciplina dos elementos constitutivos do Estado (meios de aquisição do poder, sistema de governo, forma de governo). Questão é saber se o objeto é DINÂMICO ou ESTÁTICO. É sempre dinâmico, porque a sociedade humana está sempreem evolução, sempre se modificando.
CONCEPÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O QUE É A CONSTITUIÇÃO: são 03: 
1) CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA - Ferdinand Lassale - a Constituição é, em essência, a soma dos fatores reais de poder que regem um determinado Estado, a Constituição não é um mero produto da razão, algo inventado pelo homem, mas sim o resultado concreto do relacionamento entre as forças sociais. Características do enfoque sociológico: 1) a Constituição é vista mais como fato do que como norma, prioriza-se a perspectiva do ser e não a do dever-ser; 2) a Constituição não está sustentada numa normatividade superior transcendente (como seria o direito natural), está baseada nas práticas desenvolvidas na sociedade. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Aplicabilidade, p. 26); 
2) CONCEPÇÃO POLÍTICA - Carl Schmitt -a Constituição significaria a decisão política fundamental. Para Schmitt, há diferença entre Constituição e lei constitucional.A Constituição resulta da manifestação de um poder constituinte que, por intermédio de uma decisão política fundamental, crie e organize o Estado. Assim, o conteúdo próprio da Constituição é simplesmente aquilo que diga respeito à estrutura básica do Estado, à sua conformação fundamental. A Constituição limitar-se-ia, portanto, a disciplinar a forma de Estado, a forma de governo, o Sistema de governo, o regime de governo, a organização e divisão dos poderes, o rol de direitos individuais. As leis constitucionais, por sua vez, são todas aquelas normas inscritas na Constituição mas que não têm a natureza de decisão política fundamental. Estas normas só se tornam constitucionais em virtude do documento em que estão inseridas. A matéria de que tratam poderia muito bem ser relegada à legislação ordinária; 
3) CONCEPÇÃO JURÍDICA(KELSEN, no livro TEORIA PURA DO DIREITO) – a constituição é norma pura é um dever ser, não há fundamento sociológico ou político, é pura norma. O Kelsen dá 02 sentidos à palavra constituição: 1) JURÍDICO-POSITIVO: direito positivo é norma escrita ou posta pelo homem (pirâmide das leis – princípio da compatibilidade vertical entre as normas inferiores e superiores). No topo da pirâmide há uma norma suprema que impõe a compatibilidade para todas as inferiores, essa norma é a CONSTITUIÇÃO; 2) LÓGICO-JURÍDICO: a norma inferior encontra seu fundamento de validade na norma que lhe for superior. A constituição encontra o seu fundamento de validade, NÃO NO DIREITO POSTO, mas, no plano PRESSUPOSTO LÓGICO, tendo natureza jurídica, mas, em plano pressuposto, ou seja, a NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL, que é a constituição no sentido lógico-jurídico.[2: 	A concepção jurídica da Constituição tem em Hans Kelsen seu principal representante. Neste sentido a Constituição é vista essencialmente como norma jurídica, norma fundamental ou lei fundamental de organização do Estado e da vida jurídica de um país. – A Constituição é considerada como norma pura, puro dever-ser, completamente desligada da sociologia, da política, da filosofia ou da moral. A Teoria Pura do Direito de Kelsen visa exatamente tornar puro o objeto de estudo da ciência jurídica (as normas jurídicas) livrando-o de qualquer juízo de valor moral ou político, social ou filosófico. – Constituição em Kelsen tem dois sentidos: 1) sentido lógico-jurídico: Constituição = norma hipotética fundamental. Como Kelsen não admite que o direito se fundamente em qualquer elemento sociológico, político ou filosófico, ele teve que cogitar de uma norma fundamental, meramente hipotética, que existe apenas como pressuposto lógico da validade da própria Constituição. O teor desta norma hipotética fundamental seria mais ou menos este: “obedeça a tudo o que está na Constituição”. 2) sentido jurídico-positivo: é a Constituição positiva. É a norma positiva suprema; conjunto de normas que regulam a criação de outras normas. É a Constituição que confere a unidade ao ordenamento jurídico de um Estado. Com efeito, no ápice do ordenamento jurídico está a Constituição. – Esta é o fundamento de validade de todas as outras normas jurídicas. É da Constituição que se extrai a validade de todas as outras normas infra-constitucionais em qualquer órbita: federal, estadual ou municipal. – Consideração sobre Hans Kelsen: elogia-se a grande racionalidade e a lógica que Kelsen imprimiu à ciência do direito. A grande objeção é que seu intento de purificar o direito, livrando-o da moral, da ética, da política não pode ser de todo satisfeito. Isto porque se é correto e aceitável que todas as normas infra-constitucionais devam buscar na Constituição seu fundamento de validade; é altamente arriscado e diria até inaceitável que o fundamento de validade da própria Constituição seja simplesmente uma suposta norma hipotética fundamental. A construção teórica genial de Kelsen, se não estiver ligada a uma concepção filosófica, política, respeitadora dos direitos humanos, pode ser utilizada tanto pelos Estados mais democráticos e justos quanto pelos mais injustos e autoritários. Não se poderia aceitar, por exemplo, uma norma constitucional que estabelecesse como um dos objetivos do Estado exterminar uma parcela da população. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Aplicabilidade; e MICHEL TEMER).][3: 	BONAVIDES: O formalismo de Kelsen ao fazer válido todo conteúdo constitucional, desde que devidamente observado o modus faciendi legal respectivo, fez coincidir em termos absolutos os conceitos de legalidade e legitimidade, tornando assim tacitamente legítima toda espécie de ordenamento estatal ou jurídico ... até o Estado nacional-socialista de Hitler fora Estado de Direito.]
CONCEPÇÕES MODERNAS: Além dessas 03 concepções clássicas, existem outras 03 concepções ou teorias, mais modernas: 1) TEORIA DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO - KONRAD HESSE – é uma resposta ao Lassale. A constituição escrita NÃO necessariamente será a parte mais fraca no embate, pode ser que a constituição escrita seja capaz de redesenhar a soma dos fatores reais de poder, ela pode modificar o conjunto de forças da sociedade, modificando a sociedade; não existe interpretação constitucional desvinculada dos problemas concretos; 2) CONSTITUCIONALIZAÇÃO SIMBÓLICA - MARCELO NEVES - a utilização da norma constitucional como símbolo, o legislador constituinte quando elabora o texto, tinha a real intenção de concretizar o que escrevia ou a intenção era somente entregar um símbolo à sociedade. Será que a constituição é para ser efetiva ou é para ser um símbolo. Nas constituições ditatoriais, também existe rol de direitos fundamentais, que não ocorrem no mundo dos fatos. A questão refere-se à discrepância entre a função hipertroficamente simbólica e a insuficiente concretização jurídica de diplomas constitucionais. O conteúdo da “legislação simbólica” abarcaria: a) confirmação de valores sociais; b) demonstração da capacidade de ação do Estado; c) postergação da solução de conflitos através de compromissos dilatórios. Marcelo Neves, valendo-se da Teoria dos Sistemas de Niklas Luhmann, define constituição como acoplamento estrutural entre política e direito; na constitucionalização simbólica percebe-se uma hipertrofia da função político-simbólica em relação à eficácia normativo-jurídica da constituição (em especial nos países periféricos ; 3) CONSTITUIÇÃO ABERTA - PAULO BONAVIDES e CARLOS ROBERTO CIRQUEIRA CASTRO – o objeto da constituição é sempre dinâmico. A constituição deve ser o documento dinâmico que não será enclausurado em si mesmo. As necessidades sociais vão se espalhar por outros ramos, sob pena de ficar ultrapassada e ser condenada à morte. Está repleta de conceitos abertos.[4: 	A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: a Constituição tem uma força normativa, não sendo somente uma folha de papel (LASSALLE). As questões jurídicas somente serão convertidas em questões de poder, caso não haja a satisfação de determinados pressupostos. O autor reconhece a existência de uma VONTADE DA CONSTITUIÇÃO, não só há a vontade do poder, há também a vontade da própria constituição. Deve ser reconhecida a força normativa da Constituição, sobpena de ser confundida com a Sociologia ou a Ciência Política. Não pode haver o isolamento entre a norma e a realidade, como propõe o positivismo. A constituição jurídica e a constituição real complementam-se, condicionam-se mutuamente, mas não dependem, pura e simplesmente, uma da outra.]
Classificação das Constituições
A doutrina apresenta várias classificações distintas: 1) QUANTO AO CONTEÚDO: 1.1) MATERIAIS – “são as normas constitucionais escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais” (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso, p. 44). 1.2) FORMAIS – documento escrito, estabelecido de modo solene pelo poder constituinte originário e somente modificável por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos. Estabelece o peculiar modo de existir do Estado. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso, p. 45). As normas constitucionais, independentemente de seu conteúdo, possuem supremacia em relação à lei ordinária; 2) QUANTO À FORMA: 2.1) ESCRITAS ou DOGMÁTICAS – fruto de um trabalho racional ou sistemático, aplicando-se racionalmente os dogmas da sociedade; 2.2) CODIFICADA – um único texto; 2.3) NÃO-CODIFICADA (ESPARSA/LEGAL) – dois ou mais textos; 2.4) NÃO-ESCRITAS ou COSTUMEIRAS ou CONSUETUDINÁRIAS ou HISTÓRICAS – é o exemplo da Constituição Inglesa, que se baseia nos costumes e na jurisprudência, também pode ter texto escrito, especificamente no caso da constituição inglesa há texto escrito, tratam-se de textos históricos que se incorporam à constituição; 3) QUANTO À ORIGEM: 3.1) DEMOCRÁTICAS ou POPULARES ou PROMULGADAS – são as elaboradas por representantes do povo, ou seja, são fruto de uma assembleia constituinte que foi criada para isso. No Brasil, são: 1891, 1934, 1946 e 1988; 3.2) OUTORGADAS ou IMPOSTAS – impostas pela força, sem participação popular. No Brasil, são: 1824, 1937, 1967 (foi aprovada pelo Congresso, mas não houve ambiente para uma discussão política e soberana, além de que o congresso não foi eleito para fazer uma constituição, ou seja, não existia outorga do poder pelo povo para a elaboração de constituição) e 1969 (há discussão se se trata até mesmo de constituição); 3.3) PACTUADAS – quando o poder constituinte NÃO está na mão do seu titular o povo. Mas quando houver a divisão entre os dois (o povo e o poder constituinte), a constituição será pactuada; 3.4) CESARISTAS ou PLEBISCITÁRIAS – consulta popular depois que o texto esteja escrito, na verdade é um referendo e não um plebiscito, que é anterior à tomada de decisão e à elaboração do texto; 4) QUANTO À ESTABILIDADE: 4.1) RÍGIDAS – nessas constituições, os processos de elaboração das emendas são diferentes dos processos de elaboração da lei. Na CF (art. 60), dois turnos. São pilares do direito constitucional: SUPREMACIA CONSTITUCIONAL, RIGIDEZ, CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE, somente se pode falar em controle se há supremacia e rigidez; 4.2) FLEXÍVEIS – a lei ordinária tem a mesma natureza jurídica de emenda constitucional, não há divergência entre os procedimentos de uma e outra; 4.3) SEMI-RÍGIDAS – parte é rígida e parte é flexível; 5) QUANTO À EXTENSÃO: 5.1) CONCISAS ou BREVES ou CURTAS ou SINTÉTICAS: preveem somente princípios e normas gerais, não vão se preocupar em definir todos os efeitos. São típicas do estado liberal; 5.2) LONGA ou ANALÍTICA ou PROLIXA: a extensão é bastante ampla. São típicas do estado de bem estar social; 6) QUANTO À FINALIDADE: 6.1) NEGATIVAS ou GARANTIA: equivalem às concisas; 6.2) DIRIGENTES ou PROGRAMÁTICAS: estabelecem programas e definem os limites e a extensão de seus direitos, equivalem às constituições longas; 6.3) CONSTITUIÇÕES BALANÇO: De conotação socialista, representa um estágio no desenvolvimento das forças produtivas, porque são essas forças econômicas que moldam o arcabouço jurídico. Inspirada na teoria dos “fatores reais de poder”, de Lassale, ela deve registrar a organização estabelecida em determinado momento histórico.
Existe ainda a CLASSIFICAÇÃO ONTOLÓGICA, que foi feita pelo KARL LOEWENSTEIN. Ele vai cotejar a constituição com o processo político: 1) NORMATIVA – o processo político da sociedade se ajusta à constituição, ou seja, a constituição que se impõe ao processo político; 2) NOMINAL – tem nome de constituição, mas cede ao processo político, ela se amolda a ele; 3) SEMÂNTICA – serve aos interesses dos detentores do poder político e não ao povo.
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES: 1) Constituição expansiva – sinônimo de Constituição analítica; 2) Constituição contratual ou pactual – resultado da aliança entre o rei e o Poder Legislativo; 3) Constituição semântica – é aquela que só serve para legitimar os interesses da classe dominante, sem que seus fundamentos tenham eficácia; 4) Constituição garantia – seu objetivo é de assegurar a liberdade, limitando para isso o poder estatal através da separação de poderes; 5) Constituição legal – é a que se apresenta esparsa ou fragmentada em vários textos; 6) Constituição total – refere-se àquela que engloba os vários tipos de perspectivas constitucionais, como o político, o sociológico, o normativo. É a visão da lei maior em sua integralidade; 7) Constituição oral - é a que não está sedimentada em um determinado texto escrito; 8) Constituição compromissória – é a que se originou de um compromisso constitucional, fruto de uma ampla composição entre as várias classes sociais.
OBSERVAÇÃO: CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988: FORMAL, ESCRITA, DOGMÁTICA, PROMULGADA, RÍGIDA E ANALÍTICA.
Poder Constituinte
ORIGINÁRIO E DERIVADO. É o poder que cria a norma constitucional, tornando-a exigível, cria e põe em vigor a norma constitucional (Estrutura do Estado, Divisão dos Poderes e outros). Visa a criar a Constituição, a estabelecer a estrutura do Estado. Ele se manifesta em momentos de crise (não necessariamente violenta), porque instaura uma Nova Ordem Constitucional (crises jurídica, econômica, social e política). O Poder Constituinte legitima a estrutura do Poder. Inicialmente, Sieyes pensava no Poder Constituinte tendo como titular a nação, o que foi depois evoluído para povo.
Teoria do Poder Constituinte
O marco foi a Teoria de SIEYÈS, com o livro “O que é o Terceiro Estado” (A Constituinte Burguesa). A manifestação deve ser feita pelos representantes do Povo, materialização do Poder, no conceito de representatividade. Exercício da soberania popular. Distinguiu: O Poder Constituinte (poder de elaborar a estrutura do Estado e dividir os Poderes) do Poder Constituído (Poderes reconhecidos pela constituição são: o Legislativo, Executivo e Judiciário).
Natureza do Poder Constituinte
A natureza do Poder Constituinte é jurídica ou extrajurídica? Existem duas correntes doutrinárias que procuram impor suas posições: 1) JUSPOSITIVAS (KELSEN): o poder constituinte é um poder histórico, ele simplesmente existe, ou seja, é assim, não se funda em uma ordem jurídica superior, ele inaugura toda a normatização jurídica, ele é um fato, não deriva de outro direito superior, o poder que antecede a norma, sendo um Poder Político. No Brasil, essa é a posição adotada; 2) JUSNATURALISTAS (TOMÁS DE AQUINO): o fundamento de validade do poder constituinte está no direito natural, que é superior hierarquicamente ao poder constituinte, ou seja, ele existe por força do sistema de direito natural; os adeptos reconhecem no Poder Constituinte a natureza extrajurídica, já que o Direito não é só norma.[5: 	Poder político (governo): em sentido amplo, pode ser entendido como uma espécie institucionalizada (organizado e permanente) de poder social: possibilidade de alguém (Estado) impor sua vontade sobre os outros e exigir o cumprimento de suas ordens (leis). É preciso ressaltar que o poder político não é exclusivo: permite a existência de outros poderes paralelos (poder econômico, poder social, poder sindical etc.) mas está acima de todos eles. PRINCIPAL CARACTERÍSTICA: capacidade de editar normas jurídicas e de fazê-las cumprir. (CELSO BASTOS, cap. II).]Titularidade do Poder Constituinte
Titularidade do Poder Constituinte: Quem é o titular do Poder Constituinte? Para Sieyès, é a nação, mas hoje o titular é o povo. Nação é identidade de língua, cultura e raça. Povo é parte da nação que habita determinado território. Titular do poder constituinte é o POVO, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente nos termos da CF (artigo 1o., CF/88). Os exercentes do poder constituinte são os REPRESENTANTES DO POVO. Manifestação do Poder Constituinte: 1) Referendos constitucionais (Democracia direta) e 2) Representantes do povo (Democracia representativa)[6: Povo é o conjunto de pessoas que têm a mesma nacionalidade, ou seja, ligação jurídica a um determinado Estado (povo é um conceito jurídico). Difere da idéia de população (conceito demográfico), que é a expressão numérica dos habitantes de um Estado (inclui os estrangeiros residentes) e difere da idéia de nação (conceito sociológico, cultural), que é o conjunto de pessoas que têm em comum fatores culturais, étnicos, históricos e/ou lingüísticos. OBS: Povo mas não nação: cidadãos da antiga Iugoslávia. Nação mas não povo: os palestinos (já que a Palestina não é um Estado) e os curdos (pode-se falar em nação curda mas não em povo curdo, já que não há um Estado Curdo).]
Poder Constituinte Originário
Poder que cria uma nova ordem constitucional. É o capaz de fazer nascer uma nova constituição, é o poder que o povo tem de escrever uma nova constituição para conduzir os seus destinos. Tem a natureza jurídica política (pré-jurídico), não é norma é fato social, antecede a formação. A sua manifestação ocorre em um momento de ruptura da sociedade, quando uma nova ordem constitucional precisa ser escrita. Essa ruptura pode ser: 1) revolução, que pressupõe o uso da força, que se legitima pelas injustiças da ordem anterior, é a tomada do poder por quem não está no poder; 2) golpe de Estado, é a tomada de poder por quem já está em exercício de uma parcela de poder; 3) transição constitucional, ocorre quando uma colônia tem a sua independência preparada pelo colonizador, foi o que ocorreu no Brasil, com a ruptura do regime ditatorial para um regime democrático, por um amadurecimento político houve o surgimento de uma nova constituição. [7: Há um direito à revolução, quando o povo esteja sendo oprimido pelas instituições jurídico-políticas. ]
Característica do Poder Constituinte Originário
À luz da corrente juspositivista, o poder constituinte originário é: 1) Inicial – não existe nem poder de fato e nem direito acima dele; inicia toda a normatividade jurídica; 2) Autônomo – não convive com nenhum outro poder que tenha a mesma hierarquia; só o soberano, o titular, pode dizer o seu conteúdo; 3) Incondicionado – não se sujeita a nenhuma outra norma jurídica; 4) Ilimitado– nenhum limite de espécie alguma, muito menos imposto pela ordem jurídica anterior. Não tem que respeitar ato jurídico perfeito, coisa julgada ou direito adquirido. Mas a Constituição – para relativizar ou desconstituir os institutos do ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido – deve ser EXPRESSA, não basta a omissão, os dispositivos constitucionais devem ser claros e expressos para desconstituir essas garantias constitucionais. A nova constituição tem dois fenômenos em nome da segurança jurídica: RECEPÇÃO de toda a legislação que não a contrariam e RECEPÇÃO de todo ato jurídico perfeito, coisa julgada ou direito adquirido que não a contrarie. Juridicamente, NÃO há limites, mas, as relações humanas não são ditadas apenas por normas jurídicas, assim, a assembleia nacional constituinte tem limites metajurídicos (sociologia, história, cultura), que estão fora do direito, mas presentes nas relações sociais estabelecidas e reconhecidas historicamente. JORGE MIRANDA classifica essas limitações (há outras tantas propostas) em: 1) Ideológicas – baseadas na opinião pública, no pensamento predominante; 2) Institucionais – ligadas a instituições arraigadas na sociedade; 3) Substanciais– divididas em 03 grupos: a) Transcendentes:valores éticos superiores, uma consciência ética coletiva, direitos fundamentais ligados à dignidade do homem, isso está fora do direito positivo; b) Imanentes: dizem respeito à história do Estado; c) Heterônomas:dizem respeito ao direito internacional, nenhum Estado pode mais tentar ser isolado dos problemas do planeta, que por sinal são comuns de todos os estados.
Positivação do Poder Constituinte Originário
O momento da POSITIVAÇÃO ocorre quando a nova Constituição deixa de ser um PROJETO DE CONSTITUIÇÃO e passa a ser uma nova constituição. A positivação pode ser por: 1) OUTORGA (ato de força do poder totalitário); 2) PROMULGAÇÃO (último ato da assembleia constituinte) ou 3) REFERENDO (aprovação posterior pelo povo).
Poder Constituinte Derivado ou Secundário
As constituições obedecem ao princípio da IMUTABILIDADE RELATIVA, ou seja, não são eternas, mas, por outro lado, não podem ser modificadas de forma contumaz. Essas modificações não podem ferir o espírito da constituição, só quem pode fazer isso é o poder originário, mediante um processo de ruptura. Essas alterações podem ser: 1) FORMAIS – há Estados que não diferenciam as emendas da revisão, no Brasil, não há essa nítida distinção, já que a previsão de revisão foi pontual. a) Emenda – será uma revisão pontual; b) Revisão – será uma revisão total; c) Tratados equivalentes à emenda (EC/45); 2) INFORMAIS – são as que modificam a CF sem alterar o seu texto; ocorrem por meio de: interpretação evolutiva, jurisprudência, doutrina, aplicação de conceitos jurídicos indeterminados. A isso se dá o nome de MUTAÇÃO, que a doutrina admite. Neste ponto, destaca-se o que parte da doutrina chama de “Poder Constituinte Difuso”.
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL não ofende o texto da lei, a sua literalidade (artigo 5o., XI, CF).
MUTAÇÃO INCONSTITUCIONAL (artigo 102, § 2o., CF) – as decisões definitivas de mérito admitem efeito vinculante, mas, por meio de decisão do STF admitiu-se o efeito vinculante da decisão liminar, com nítida ofensa à literalidade da constituição; dizer que a liminar tem efeito vinculante viola-se a literalidade da CF, sem mudar o texto.
As mutações informais são fruto de um “PODER CONSTITUINTE DIFUSO” (JELLINEK).
Características do Poder Constituinte Derivado ou Secundário
Estão mais relacionadas aos mecanismos formais: 1) Derivado: decorre do poder constituinte originário e da constituição; 2) Subordinado: hierarquicamente em plano inferior, ou seja, está abaixo do poder constituinte originário; 3) Condicionado ou Limitado: só pode ser exercitado nos casos previstos pelo poder constituinte originário, que estabelece regras que determinam a contenção do seu exercício. É o poder para alterar uma ordem constitucional pré-existente; além das limitações metajurídicas terá também limitações jurídicas.
Espécie de Poder Constituinte Derivado ou Secundário
Ele pode ser de duas espécies: 1) Decorrente (Poder de estabelecer uma nova constituição em um segundo nível – Estadual). Art. 11, ADCT; 2) Reformador ou de revisão: poder de alterar a própria constituição. Há quem negue a existência do poder constituinte derivado, somente existindo o poder constituinte originário. A reforma da constituição seria um PODER CONSTITUÍDO (MIN CARLOS AYRES DE BRITO). Não é possível imaginar o poder de constituir o estado sem imaginar o correlato poder de DESCONSTITUIR o estado anterior, ou seja, o PODER DESCONSTITUINTE. Enquanto, é escrito algo novo, a ordem antiga é apagada. Somente quem tem esse poder de desconstituir o estado anterior é o poder constituinte originário. O que classicamente se chama de poder constituinte reformador não tem a força de desconstituir o Estado anterior, assim, muitos doutrinadores defendem que somente é poder constituinte o originário, que tem essa capacidade correlata de desconstituir a ordem posta. Há quem diga também que somente é poder constituinte uma única espécie de poder: PODER FUNDACIONAL, qual seja, aquele que faz a primeiraconstituição do Estado. 
Limites do Poder Constituinte Reformador
Na CF/88, os limites do poder constituinte derivado reformador estão fixados no art. 60.
Limite Temporal - Esse limite consiste no estabelecimento de prazo. A Constituição Federal de 1988 não tem. A Constituição Federal de 1824 tinha.
Limite Circunstancial - A Constituição não pode ser alterada em algumas circunstâncias, sob o fundamento legitimador de que o ânimus do legislador estará alterado: estado de defesa; estado de sítio e intervenção federal (§ 1o.). Esse limite é absoluto, mas provisório; a emenda pode ser proposta, mas, se for discutir, há divergência doutrinária; agora a partir de votar não pode. A emenda pode ser até discutida.
Limite Material - Por força desse limite, excluem determinada matéria do Poder Constituinte derivado reformador, por ser superior no ordenamento nacional. Os limites materiais podem ser: EXPRESSOS ou IMPLÍCITOS:
Limite Expresso - Limitação material expressa. PROPOSTA de emenda tendente a abolir. O limite expresso trata das cláusulas de intangibilidade ou cláusulas pétreas (art. 60, § 4º ). Não será objeto de DELIBERAÇÃO, ou seja, o processo sequer pode chegar ao final, o vício é anterior à deliberação da emenda, hipótese de controle de constitucionalidade preventivo e judicial, cabimento de MS impetrado por parlamentar (STF). O voto obrigatório NÃO é cláusula pétrea, ele existe na CF, mas, pode ser abandonado por emenda, adotando-se voto facultativo. Quanto aos direitos e garantias individuais há uma discussão sobre qual a interpretação que deve ser utilizada. Assim, dependendo da interpretação, haverá consequências distintas em relação à aplicação da limitação prevista no dispositivo. Se a INTERPRETAÇÃO for: 1) LITERAL: ficam afastados os direitos sociais, difusos, coletivos; sendo objeto de proteção somente os direitos e garantias puramente individuais. O STF ainda não foi decisivo quanto a isso, mas, já entendeu que existem cláusulas pétreas fora do artigo 5o; 2) TELEOLÓGICA OU SISTEMÁTICA: é uma posição mais moderna, por meio da qual, deve-se entender como objeto da proteção do artigo todos os DIREITOS FUNDAMENTAIS. O inciso IV, do § 4o, deve ser interpretado ampliativamente, para restringir a emenda. Deve ser entendido que os DIREITOS FUNDAMENTAIS são cláusulas pétreas, sejam individuais, coletivos, difusos ou sociais. Há direitos fundamentais que são FORMALMENTE FUNDAMENTAIS, mas não têm substância de direitos fundamentais, assim, não são cláusulas pétreas, somente os que têm substância de direito fundamental não poderão ser abolidos, sem os quais não há vida humana digna. Fazendo interpretação sistemática e teleológica, o STF entendeu que medida provisória pode tratar de matéria penal, desde que seja para beneficiar o réu. (RE 254818/PR, julgado em 08/11/2000)
Limite Implícito - Redução de cláusula pétrea e a titularidade do Poder Constituinte Originário (não pode existir emenda que restrinja a titularidade do poder constituinte originário); emenda modificando o exercente do poder reformador; as limitações metajurídicas; modificação do processo de emendas futuras, facilitando ou dificultando (há quem diga que pode dificultar) os processos de emenda, se permitir que dificulte, o reformador está limitando a si próprio o que não é possível juridicamente. Pode haver uma nova revisão constitucional como foi em 1993? Está relacionado com a possibilidade de poder facilitar a revisão constitucional; o rol de cláusulas pétreas, o conteúdo é fluido no tempo, a questão é saber se pode ou não modificar o rol, há quem diga que pode aumentar (ROBÉRIO acha que não, mesmo motivo acima), a possibilidade de reduzir traz a discussão de possibilidade de DUPLA REVISÃO. JORGE MIRANDA afirma que existem 03 posições: 1) insuperáveis, não podem ser reduzidas; 2) ilegítimas, há quem diga que não pode existir porque o povo de hoje não pode condicionar o povo do futuro, a geração atual não pode criar amarras para as gerações futuras; 3) Legítimas, mas superáveis, pela DUPLA REVISÃO = 1a. emenda para retirar do rol de cláusulas pétreas que está incomodando; 2a. modificar realmente. APROFUNDAR seria falar em plebiscito ou referendo. A República e o Presidencialismo são cláusulas pétreas? Houve a possibilidade de modificação em revisão. Há quem diga que a república é uma cláusula implícita, porque dentro da ideia de forma federativa de Estado, a proteção do voto periódico também, protegeria a república. ROBÉRIO: são limitações implícitas, mas especiais (artigo 2o., ADCT), o povo decidiu assim não pode haver emenda contra a vontade, mas pode ser superada por meio de uma outra consulta direta ao povo. Artigo 127, CF o MP é instituição permanente, pode ser extinto por emenda? Pode ter suas atribuições extintas por emenda? MP é cláusula pétrea ou instituição permanente? HUGO NIGRO MAZZILLI é cláusula pétrea. Forças armadas, polícia federal, rodoviária e ferroviária também são instituições permanentes.[8: As limitações materiais ao poder de reforma não estão exaustivamente enumeradas no art. 60, § 4º, da Carta da República. O que se puder afirmar como ínsito à identidade básica da Constituição ideada pelo poder constituinte originário deve ser tido como limitação ao poder de emenda, mesmo que não haja sido explicitado no dispositivo. Recorde-se sempre que o poder de reformar a Constituição não equivale ao poder de dar ao País uma Constituição diferente, na sua essência, daquela que se deveria revigorar por meio da reforma. (GILMAR MENDES, fl. 133).]
Limite Processual ou Formal - INCISOS I a III – limitações formais, no inciso I, troca-se o OU pelo E. O STF não se posicionou sobre a possibilidade de iniciativa popular para proposta de emenda, mas pode-se defender isso, a maioria dos autores não aceita.
DIREITOS HUMANOS
O que são direitos humanos. Direitos humanos e direitos fundamentais.
Numa primeira abordagem, é possível definir direitos humanos como conjunto de direitos que materializam a dignidade humana; direitos básicos, imprescindíveis para a concretização da dignidade humana. É extremamente comum utilizar também a expressão “direitos fundamentais” para se referir aos direitos que materializam a dignidade humana, cabendo perquirir se haveria, entre os direitos humanos e os direitos fundamentais, alguma diferença. Em essência, não há basicamente diferença: direitos humanos e direitos fundamentais representam, muitas vezes, os mesmos direitos. Entretanto, construiu-se uma diferenciação quanto ao plano de positivação; a expressão “direitos fundamentais” ficou reservada aos direitos positivados na ordem jurídica interna do Estado, enquanto a expressão “direitos humanos” passou a ser utilizada para referir aos direitos positivados na ordem internacional. É possível haver direito humano que não seja consagrado como direito fundamental e vice-versa; basta que um tratado internacional preveja um direito não previsto na ordem jurídica interna do Estado ou que ocorra o contrário. De todo modo, essa não é a regra, pois, atualmente, a maioria dos direitos previstos nas constituições têm previsão, outrossim, em documentos internacionais.
Centralidade dos Direitos Humanos. Por que Direitos Humanos São Tão Importantes?
Os direitos humanos constituem ponto central nos Estados Constitucionais, sendo inerentes à ideia de Estado Democrático de Direito, e a razão é simples. Um Estado no qual as pessoas não tenham liberdades básicas reconhecidas é um Estado arbitrário e, como bem demonstra a História, onde há arbitrariedade estatal, não há vida harmônica em sociedade, mas sim temor, perseguição e desrespeito ao ser humano. O Estado Brasileiro adota a dignidade humana como um dos seus fundamentos, conforme positivado no art. 1º, III, CF, a denotar um comprometimento com a afirmação dos direitos humanos.
Quais São os Direitos Humanos. Tipos de Direitos
A relação de direitos que materializam a dignidade humana é bastante ampla, abrangendo vida, liberdade, igualdade, saúde, educação, acesso à cultura, proteção ao ambiente,e tantos outros. Os diversos direitos estão “agrupados” sob a seguinte rubrica:• Direitos civis; • Direitos políticos; • Direitos sociais; • Direitos econômicos; • Direitos culturais; • Direitos difusos. Esses direitos foram sendo reconhecidos gradativamente no curso da História, tendo sido institucionalizados em diferentes momentos históricos, daí surgindo a teoria das gerações, que será analisada mais adiante.
Direitos e Garantias. Tipos de Garantias
Um direito representa um determinado bem em si, atrelado ao valor nele existente, enquanto que as garantias representam bens de caráter instrumental, bens que estão atrelados a outro valor, visando protegê-los, sendo as garantias instrumentos de proteção de direitos. Existem garantias da constituição, visando preservá-la de situações que coloquem em risco sua supremacia e a normalidade constitucional, podendo ser citadas a rigidez constitucional, a jurisdição constitucional e os mecanismos de legalidade extraordinária (estados de defesa e sítio); garantias institucionais, que constituem verdadeiras prerrogativas das Instituições; e garantias de direitos subjetivos, que constituem instrumentos de proteção de direitos subjetivos, extremamente importantes na busca da efetivação dos mesmos, pois de nada adiantaria reconhecer direitos se não houvesse instrumentos capazes de torná-los efetivos e protegê-los de atuações arbitrárias. Algumas das garantias de direitos subjetivos possuem feição típica de ação processual e, bem por isso, são conhecidas como ações constitucionais. São: 1) habeas corpus - uma garantia do direito à liberdade de locomoção; 2) habeas data - garantia do direito à liberdade de informação de caráter pessoal; 3) mandado de segurança - garantia de direitos em geral; 4) mandado de injunção - garantia de direitos inviabilizados por falta de regulamentação; 5) ação popular – garantia do direito de proteção ao patrimônio público.
Características dos Direitos Humanos
Costuma-se indicar, no plano de uma teoria geral, características que seriam inerentes aos direitos humanos como um todo. Essas características gerais são: • Historicidade (caráter evolutivo – sentido e conteúdo dependem do contexto histórico em que inserido);• Universalidade (todo ser humano é titular);• Relatividade (podem sofrer limitações quando enfrentam outros direitos humanos);• Irrenunciabilidade;• Inalienabilidade;• Imprescritibilidade;• Unidade, indivisibilidade e interdependência.
HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL
Toda a hermenêutica constitucional procura a CONCRETIZAÇÃO DA NORMA CONSTITUCIONAL, considera, além do objeto do texto, os fatos do mundo real, ou seja, deve ser levada em consideração a realidade concreta do mundo. A tarefa de hermenêutica constitucional trará consequências para toda a sociedade. Para evitar que a interpretação seja desarrazoada, há o estabelecimento de regras, métodos e princípios de hermenêutica, que permitirão um certo controle sobre a atividade interpretativa, garantindo uma certa uniformidade, ou seja, alguns pontos comuns estarão presentes na atividade interpretativa, busca do EQUILÍBRIO. A liberdade do operador existe, mas não é absoluta, já que se encontra limitada por determinadas regras.
Características da Hermenêutica Constitucional
	PREÂMBULO
	Mesmo que o STF não o reconheça como norma constitucional, é regra interpretativa
	PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
	São decididos antes da elaboração do texto, no momento de construção das normas, deve-se lembrar dos conceitos – VETORES INTERPRETATIVOS QUE IMPRIMEM COESÃO, HARMONIA E UNIDADE AO SISTEMA
	UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO
	A Constituição é um sistema único, não pode ser uma colcha de retalhos
	INTERPRETAÇÃO INTRÍNSECA
	A Constituição será interpretada dentro dos parâmetros positivos da constituição, a Constituição não pode ser interpretada à luz da lei ordinária. A lei ordinária que é interpretada a partir da constituição – NEOCONSTITUCIONALISMO – CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO
Espécies de Interpretação Constitucional
I) Interpretação Judicial - Irá produzir uma NORMA DE DECISÃO, concretizando a constituição no caso concreto. O STF é um legislador negativo, na medida em que retira do ordenamento as normas inconstitucionais. Entendendo-se a norma como resultado da interpretação, não há como afastar a noção de que o Judiciário produz norma (PRODUZ A NORMA DO CASO CONCRETO). O limite da norma de decisão é o STF, a partir da interpretação do STF, não há nada que se possa fazer, senão a REVOLUÇÃO, para que surja uma nova ordem constitucional;
II) Interpretação Administrativa - Quando o chefe do executivo entende que a lei é inconstitucional, ele pode deixar de dar cumprimento a lei. *Obs: o STF ainda não se manifestou sobre tal possibilidade;[9: LUIS ROBERTO BARROSO (O Controle de constitucionalidade..., P. 70) informa que: “No Brasil, anteriormente à Constituição de 1988, a doutrina e a jurisprudência haviam se consolidado no sentido de ser legítimo o Chefe do Executivo deixar de aplicar uma lei que considerasse inconstitucional, bem como expedir determinação àqueles submetidos a seu poder hierárquico para que procedessem da mesma forma”. Após a CF/88 este poder passou a ser questionado, visto que, com a ampliação do rol dos legitimados à propositura de ADI´s, os Chefes do Executivo poderiam agora ajuizar eles mesmo a ação direta de inconstitucionalidade, devendo aplicar as leis até que a inconstitucionalidade das mesmas fosse reconhecida. Contra este último argumento objeta-se que a referida legitimidade não inclui os Prefeitos Municipais (em relação à CF). Além disso, alega-se que obrigar o Poder Executivo a cumprir uma lei que ele entenda inconstitucional seria ferir o princípio maior da supremacacia da Constituição. Após a CF/88, o STJ (Resp 23221) já se manifestou pela possibilidade de o Executivo deixar de aplicar lei que entenda inconstitucional. O STF, contudo, ainda não se manifestou expressamente sobre o tema após a CF/88. A nova redação conferida ao art. 102, par. 2º da CF/88, pela EC 3/93 e posteriormente pela EC 45/04, previu que as ADI´s e ADC´s teriam efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Com isso, BARROSO argumenta que: “ao estabelecer que a declaração de constitucionalidade vincula o Executivo, o dispositivo pressupõe que até que ela ocorra poderia ele considerar a norma inconstitucional.]
III) Intepretação Doutrinária - Pode servir para a interpretação de algum conceito aberto;
IV) Interpretação autêntica - É questão dividida na doutrina: a) entendem que sim, por meio de emendas constitucionais; b) entendem que não existe a interpretação autêntica, porque quem faz a CF é o poder constituinte originário, assim, a emenda não é da mesma fonte criadora (POSIÇÃO MAJORITÁRIA). No Brasil, isso não tem consequência prática, porque, a utilidade dessa interpretação é a retroatividade da lei nova em relação à lei interpretada, o que não pode ocorrer com as emendas constitucionais, que não têm efeitos retroativos.
Métodos de Hermenêutica Constitucional (Os métodos de interpretação são caminhos que não se excluem, podem ser usados ao mesmo tempo, no processo de interpretação constitucional. Métodos clássicos: gramatical ou literal; histórico; sistemático; lógico; teleológico).
I) Método Tópico – Problemático
O intérprete deve preferir a verificação da finalidade prática da interpretação para resolver um problema prático. Ou seja, valoriza a solução de um determinado problema. Isto é, o intérprete quer discutir o problema que está posto diante de si para solucioná-lo, está ligado à ideia de constituição aberta. É a PRIMAZIA DO PROBLEMA (MPF). O método tópico foi desenvolvido pelos juristas alemães THEODOR VIEHWEG e JOSEF ESSER. A principal crítica feita ao método tópico é a de que "além de poder conduzir a um casuísmo sem limites, a interpretação não deve partir do problema para a norma, mas desta para os problemas." Com a tópica, anorma e o sistema perdem o primado: são rebaixados à condição de meros pontos de vista ou "tópoi", cedendo lugar à hegemonia do problema.
II) Método Integrativo ou Científico-Espiritual[10: Enxerga-se a Constituição como um sistema cultural e de valores de um povo, cabendo à interpretação aproximar-se desses valores subjacentes à Constituição. (GILMAR MENDES, fl. 92)]
Na doutrina de RUDOLF SMEND, a base de valoração, vale dizer, os valores expressos e tutelados pela Constituição (econômicos, sociais, políticos e culturais) operam como valores de interpretação coletivos dos cidadãos e, destarte, devem ser compreendidos e aplicados. Como acentua PAULO BONAVIDES: "A concepção de Smend é precursoramente sistêmica e espiritualista: vê na Constituição um conjunto de distintos fatores integrativos com distintos graus de legitimidade. Esses fatores são a parte fundamental do sistema, tanto quanto o território é a sua parte mais concreta. O intérprete constitucional deve prender-se sempre à realidade da vida, à "concretude" da existência, compreendida esta sobretudo pelo que tem de espiritual, enquanto processo unitário e renovador da própria realidade, submetida à lei de sua integração."
III) Método Concretizador ou Método Concretista - Concretismo Interpretativo
O intérprete sempre deve ter uma noção de que a interpretação é a concretização da Constituição pela importância que se deve dar aos fatos reais. Ou seja, o intérprete deve ter uma compreensão prévia da constituição para permitir a concretização em uma determinada ambiência histórica. O método concretista foi desenvolvido por três juristas alemães Konrad Hesse, Friedrich Müller e Peter Häberle. Cada um deles ofereceu valiosas contribuições para o desenvolvimento desse método, gravita em torno de três elementos essenciais: a norma que vai concretizar, a compreensão prévia do intérprete e o problema concreto a solucionar. Como salienta Paulo Bonavides: "Os intérpretes concretistas têm da Constituição normativa uma concepção diferente daquela esposada pelos adeptos de outros métodos, porquanto não consideram a Constituição um sistema hierárquico-axiológico, como os partidários da interpretação integrativa ou científico-espiritual, nem como um sistema lógico-sistemático, como os positivistas mais modernos. Ao contrário, rejeitam o emprego da ideia de sistema e unidade da Constituição normativa, aplicando um "procedimento tópico" de interpretação, que busca orientações, pontos de vista ou critérios-chaves, adotados consoante a norma e o problema a ser objeto de concretização. É uma espécie de metodologia positivista, de teor empírico e casuístico, que aplica as categorias constitucionais à solução direta dos problemas, sempre atenta a uma realidade concreta, impossível de conter-se em formalismos meramente abstratos ou explicar-se pela fundamentação lógica e clássica dos silogismos jurídicos".
	MÉTODO CONCRETISTA DE 
KONRAD HESSE
	MÉTODO CONCRETISTA DE 
FRIEDRICH MÜLLER
	MÉTODO CONCRETISTA DE 
PETER HÄBERLE
	
O teor da norma só se completa no ato interpretativo. A concretização da norma pelo intérprete pressupõe uma compreensão desta; essa compreensão pressupõe uma pré-compreensão.A concretização e a compreensão só são possíveis em face do problema concreto, de forma que a determinação do sentido da norma constitucional e a sua aplicação ao caso concreto constituem um processo unitário. A interpretação adequada é aquela que consegue concretizar, de forma excelente, o sentido da proposição normativa dentro das condições reais dominantes numa determina da situação.
Não existe interpretação constitucional desvinculada dos problemas concretos.
	
Tem sua base medular ou inspiração maior na tópica, a que ele faz alguns reparos, modificando-a em diversos pontos para poder chegar aos resultados da metodologia proposta. O texto de um preceito jurídico positivo é apenas a parte descoberta do iceberg normativo. Além do texto, a norma constitucional compreende também um domínio normativo, isto é, pedaço da realidade concreta, que o programa normativo só parcialmente contempla. A norma constitucional não se confunde com o texto da norma. Ela é mais que isso: é formada pelo programa normativo e pelo domínio normativo. A normatividade constitucional consiste no efeito global da norma com seus dois componentes (programa normativo e domínio normativo), no processo de concretização, que só se completa quando se chega à norma de decisão, isto é, à norma aplicável ao caso concreto
	A construção teórica de Häberle parece desdobrar-se através de três pontos principais: a) o alargamento do círculo de intérprete da Constituição; b) o conceito de interpretação como um processo aberto e público; c) a referência desse conceito à Constituição mesma, como realidade constituída Propõe-se: no processo de interpretação constitucional estão potencialmente vinculados todos os órgãos estatais, todas as potências públicas, todos os cidadãos e grupos, não sendo possível estabelecer-se um elenco cerrado ou fixado com numerus clausus de intérpretes da Constituição. Interpretação constitucional coisa de uma sociedade fechada. Dela tomam parte apenas os intérpretes jurídicos "vinculados às corporações" e aqueles participantes formais do processo constitucional. A interpretação constitucional é, em realidade, mais um elemento da sociedade aberta. Todas as potências públicas, participantes materiais do processo social, estão nela envolvidas, sendo ela, a um só tempo, elemento resultante da sociedade aberta e um elemento formador ou constituinte dessa sociedade. Os critérios de interpretação constitucional hão de ser tanto mais abertos quanto mais pluralista for a sociedade. 
Princípios de Hermenêutica Constitucional
Sendo a hermenêutica constitucional uma hermenêutica de princípios, é inegável que o ponto de partida do intérprete há de ser os princípios constitucionais, que são o conjunto de normas que espelham a ideologia da Constituição, seus postulados básicos e seus fins. LUÍS ROBERTO BARROSO assinala ainda que "a dogmática moderna avaliza o entendimento de que as normas jurídicas, em geral, e as normas constitucionais, em particular, podem ser enquadradas em duas categorias diversas: as normas-princípio e as normas-disposição." As normas-princípio (ou simplesmente princípios) distinguem-se das normas-disposição (também referidas como regras) pelo seu maior grau de abstração e por sua posição mais destacada dentro do ordenamento. São formuladas de maneira vaga e indeterminada, constituindo espaços livres para a complementação e desenvolvimento do sistema, por não se limitarem a aplicar-se a situações determinadas, podendo concretizar-se num sem número de hipóteses. As normas-disposição, por sua vez, comparativamente às normas-princípio, apresentam um grau de abstração reduzido e têm eficácia restrita às situações específicas às quais se destinam.
PRINCÍPIOS DE HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL ELABORADOS POR CANOTILHO: 1) PRINCÍPIO DA UNIDADE – as normas constitucionais pertencem a um todo único, as normas constitucionais têm que ser interpretadas tendo em vista a noção globalizada da CF; a CF é um sistema; o princípio da unidade da Constituição, segundo o ilustre constitucionalista português, conduz à rejeição de duas teses ainda presentes na doutrina do direito constitucional: a tese das antinomias normativas e a tese das normas constitucionais inconstitucionais; 2) PRINCÍPIO DO EFEITO INTEGRADOR – na interpretação da CF, devem ser utilizados critérios que reforcem a integração política e social da sociedade, ou seja, pretende-se a integração política e social da sociedade; por força desse princípio NÃO HÁ HIERARQUIA ENTRE AS NORMAS CONSTITUCIONAIS; 3) PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE OU DA EFICIÊNCIA – será atribuído à constituição sempre que possível o maior grau de eficácia. Existindo dois caminhos interpretativos, o intérprete, sempre que possível, deverá optar pela interpretação que garanta mais efetividade à norma constitucional; 4) PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIAPRÁTICA ou DA HARMONIZAÇÃO – na tarefa da interpretação constitucional, o intérprete tentará fazer com que os princípios constitucionais não se excluam mutuamente, ou seja, os princípios devem estar harmonizados; no choque entre dois princípios deve-se buscar a harmonia entre ambos e não a exclusão de um pelo outro. PONDERAÇÃO DE INTERESSES. O princípio da concordância prática ou da harmonização parte da noção de que não há diferença hierárquica ou de valor entre os bens constitucionais; 5) PRINCÍPIO DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO – quando há um embate entre a CF e a soma das forças reais de poder, a CF pode sair vencedora. Também formulado por Konrad Hesse, esse princípio estabelece que, na interpretação constitucional, deve-se dar primazia às soluções ou pontos de vista que, levando em conta os limites e pressupostos do texto constitucional, possibilitem a atualização de suas normas, garantindo-lhes eficácia e permanência; 6) PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO – é também uma técnica de controle de constitucionalidade (CONSTITUCIONALIDADE SEM REDUÇÃO DE TEXTO e outros); A aplicação do princípio da interpretação conforme à Constituição só é possível quando, em face de normas infraconstitucionais polissêmicas ou plurissignificativas, existem diferentes alternativas de interpretação, umas em desconformidade e outras de acordo com a Constituição, sendo que estas devem ser preferidas àquelas. Entretanto, na hipótese de se chegar a uma interpretação manifestamente contrária à Constituição, impõe-se que a norma seja declarada inconstitucional; 7) PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE – trata-se de norma essencial para a proteção dos direitos fundamentais, porque estabelece critérios para a delimitação desses direitos. O princípio da proporcionalidade desdobra-se em três aspectos fundamentais: a) Adequação: significa que o intérprete deve identificar o meio adequado para a consecução dos objetivos pretendidos; b) Necessidade (ou exigibilidade): o meio escolhido não deve exceder os limites indispensáveis à conservação dos fins desejados e c) Proporcionalidade em sentido estrito: o meio escolhido, no caso específico, deve se mostrar como o mais vantajoso para a promoção do conjunto de valores em jogo.
Regras de Interpretação Constitucional
1) A interpretação é OBJETIVA, buscando a vontade da lei e não do legislador; 2) a interpretação é INTRÍNSECA, porque se move dentro dos padrões constitucionais; 3) inadmissibilidade da interpretação autêntica, porque EC não é derivada do poder constituinte originário; 4) exclusão da interpretação a partir da lei, ou seja, é a interpretação conforme dita de outra maneira.
Moderna Hermenêutica Constitucional
Esse movimento doutrinário diz que toda a tarefa de interpretação da CF deve estar voltada para um único objetivo: CONCRETIZAR os direitos fundamentais. O movimento constitucionalista cresce junto com o movimento de concretização dos direitos fundamentais, ou seja, constituição e direitos fundamentais são a mesma coisa, assim, toda a tarefa de interpretação deve estar voltada para a concretização dos direitos fundamentais. Concretização dos direitos fundamentais é toda a função da moderna hermenêutica.
Modernas Técnicas de Interpretação Constitucional
Dentre as modernas técnicas de interpretação constitucional existentes, destacam-se: a) declaração de inconstitucionalidadesem a pronúncia da nulidade; b) declaração de inconstitucionalidade com apelo ao legislador; c) interpretação conforme à Constituição. - A) Declaração de Inconstitucionalidade sem a Pronúncia de Nulidade - Encontra suas raízes na jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal alemão. Nessa técnica de interpretação, "o Tribunal rejeita a arguição de inconstitucionalidade, anunciando, todavia, uma possível conversão dessa situação ainda constitucional ("noch verfassungsgemass") num estado de inconstitucionalidade."(48) Essa técnica de interpretação constitucional pode ser admitida desde que a norma em exame não seja integralmente inconstitucional, isto é, inconstitucional em todas as hipóteses interpretativas que admitir. A declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia de nulidade contém um juízo de desvalor em relação à norma questionada, obrigando o legislador a empreender a medida requerida para a supressão do estado de inconstitucionalidade, bastando para tanto apenas alguma alteração fática. B) Declaração de Inconstitucionalidade com Apelo ao Legislador - Também tem origem na jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal alemão. Nessa técnica de interpretação, "busca-se não declarar a inconstitucionalidade da norma sem antes fazer um apelo vinculado a "diretivas" para obter do legislador uma atividade subseqüente que torne a regra inconstitucional harmônica com a Carta Maior. Incumbe-se ao legislador a difícil tarefa de regular determinada matéria, de acordo com o que preceitua a própria Constituição."(49) C) Interpretação Conforme a Constituição - A interpretação conforme à Constituição, na qual o órgão jurisdicional declara qual das possíveis interpretações se mostra compatível com a Lei Maior, origina-se da jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal alemão. Quando, pela redação do texto no qual se inclui a parte da norma que é atacada como inconstitucional, não é possível suprimir dele qualquer expressão para alcançar essa parte, impõe-se a utilização da técnica de concessão da liminar para a suspensão da eficácia parcial do texto impugnado sem a redução de sua expressão literal, técnica essa que se inspira na razão de ser da declaração de inconstitucionalidade sem redução do texto em decorrência de este permitir interpretação conforme à Constituição. Como destacou o Min. Moreira Alves, ao votar na Representação 1.417-7, "O princípio da interpretação conforme à Constituição ("Verfassungskonforme Auslegung") é princípio que se situa no âmbito do controle da constitucionalidade, e não apenas simples regra de interpretação. Mas se a única interpretação possível para compatibilizar a norma com a Constituição contrariar o sentido inequívoco que o Poder Legislativo lhe pretendeu dar, não se pode aplicar o princípio da interpretação conforme à Constituição, que implicaria, em verdade, criação de norma jurídica, o que é privativo do legislador positivo." No Brasil, tal como acontece na Alemanha, a interpretação conforme à Constituição resulta na procedência da ação de inconstitucionalidade. O Supremo Tribunal Federal abandonou o entendimento que equipava a interpretação conforme à Constituição à declaração de nulidade parcial sem redução do texto. (ex: ADI 4274 (marcha da maconha), julgada em 23.11.11)[11: “(...) a suspensão de aplicação da norma constitui consequência fundamental da decisão que, em processo de controle abstrato da inconstitucionalidade por omissão e no mandado de injunção, reconhece a existência de omissão parcial. Todavia, ter-se-á de reconhecer, inevitavelmente, que a aplicação da lei, mesmo após a pronúncia de inconstitucionalidade, pode ser exigida pela própria Constituição. Trata-se daqueles casos em que a aplicação da lei mostra-se, do prisma constitucional, indispensável no período de transição, até a promulgação da nova lei”. (GILMAR MENDES, fl. 1283)]
Bloco de Constitucionalidade ou Parâmetro Constitucional
Estão no bloco as normas que buscam a concretização da constitucionalidade global. A igualdade não é o que está apenas escrito na CF, é, na verdade, um bloco que engloba o que está no texto, o que está fora do texto e até mesmo o que esteja em normas infraconstitucionais, que estejam voltadas para a concretização de uma norma constitucional (princípio ou regra). O constitucionalismo brasileiro. A ordem constitucional vigente. Emendas à Constituição. Disposições gerais e transitórias.
CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO
História constitucional brasileira
I) Constituição de 1824
Constituição outorgada por Dom Pedro I, teve uma única alteração formal, em 1834, que substituiu a regência trina pela uma; Forma de Estado: unitário, comdescentralização meramente administrativa, com as antigas capitanias sendo transformadas em províncias (art. 1°); Forma de governo: monarquia (art. 3°); O poder estava dividido entre quatro órgãos: Legislativo, Moderador, Executivo, Judicial (art. 10); O Imperador acumula o Poder Moderador e a Chefia do Executivo (art. 98 e art. 102); Já havia uma declaração de direitos (art. 179); Constituição semi-rígida (art. 178); Baseada na concepção inglesa de supremacia do parlamento, e no dogma francês da rígida separação de poder, não adotou nenhum sistema de controle de constitucionalidade; Durante sua vigência, construiu-se um arremedo de parlamentarismo; Em 1847, um decreto de D. Pedro II cria o cargo de Presidente do Conselho de Ministros, a quem cabia a formação do gabinete; Durante sua vigência, mantinha-se e se alimentava o patrimonialismo, o desprezo pelos direitos fundamentais e a escravidão.
II) Constituição de 1891
A primeira a estabelecer o controle difuso de constitucionalidade das leis. Antes da promulgação da CF de 1891, ocorre a proclamação da República e o documento jurídico que passa a valer em lugar da CF de 1824 é o decreto n° 1, imposto pelo governo provisório desde a data da proclamação da República. Em 1890, convoca-se uma Assembleia Constituinte que promulga uma nova Constituição em 24/02/1891, sob revisão de Rui Barbosa; Constituição promulgada: preâmbulo; Forma de Estado: federal (art. 1°) – federalismo dual, ainda que mais centralizado aqui que no modelo americano; Forma de Governo: República (art. 1°); Sistema de Governo: presidencialismo (art. 41), também de inspiração americana, tão venerada por Rui Barbosa; Ela rompe com a divisão quadripartite do poder (doutrina de Benjamin Constant) e adota a de Montesquieu; Concede-se autonomia às antigas províncias, que passam a constituir Estados-membros da República Federativa do Brasil e são autorizadas a editar suas próprias Constituições estaduais (havia previsão simplesmente da autonomia municipal); A CF de 1891 foi o texto mais enxuto de todos (90 arts. do corpo permanente e 09 do ADCT); O Judiciário foi organizado em Justiça Federal e Estadual. O seu art. 72 trouxe um leque de liberdades públicas. Nela o HC foi constitucionalizado.
III) Constituição de 1934
Após a Revolução de 1930, Vargas ascende ao poder, na qualidade de líder civil que derrubou a República velha. Em 1933, é convocada uma nova Assembleia Nacional Constituinte que promulga a 2ª Constituição da República e terceira brasileira; A CF/34 mantém a República, a Federação (modelo cooperativo), a divisão tripartida dos poderes, o presidencialismo e o regime representativo. No entanto, o Legislativo passa a ser unicameral (art. 22); Ao contrário da Constituição de 1891, a de 1934 não se limitou a declarar a autonomia municipal, conferiu fonte de renda própria (determinação dos tributos municipais) que possibilitaram o efetivo exercício desta autonomia; Por outro lado, houve uma tendência centralizadora, evidenciada pela ampliação da competência privativa da União, e, dentro de seu âmbito, o aumento dos poderes do Executivo (arts. 5° e 56); Também é a primeira a instituir o voto feminino (art. 108); Criou a chamada representação interventiva (hoje ADI interventiva), embrião do futuro controle concentrado e abstrato das leis; A grande inovação da CF/34 foi a inscrição de um título dedicado à ordem econômica e social (art. 115) e outro dedicado à família, à educação e à cultura (art. 144), por influência da Constituição Mexicana de 1917 e alemã de 1919; Ela estatuiu grande elenco de direitos e garantias individuais, figurando neste rol, pela primeira vez, o mandado de segurança; Ela inaugurou o chamado constitucionalismo social no Brasil.
IV) Constituição de 1937
Getúlio Vargas, presidente eleito indiretamente pela Assembleia Constituinte, em 1934, dá um golpe de Estado e, antes do fim de seu mandato, outorga uma nova Constituição em 10/11/37, que dá início ao Estado Novo; Esta Constituição foi apelidada de “Polaca” pela influência exercida pela Carta Constitucional da Polônia, de 1935; Previa, em seu art. 187, um plebiscito para sua ratificação que nunca veio a ocorrer. No art. 186, houve a conversão do Estado de Emergência (situação tradicionalmente excepcional) em artigo permanente da Constituição. Com isso, a suspensão de direitos e garantias individuais poderia ser decretada a qualquer momento. Este artigo só veio a ser revogado momentos antes de Vargas deixar o poder em 1945; O Pacto federativo foi alterado, com a possibilidade de se nomearem interventores para o exercício do Poder Executivo estadual (art. 9°), a autonomia municipal tampouco foi respeitada, já que o cargo de prefeito passou a ser preenchido por livre nomeação de Governador de Estado. Neste período, o Brasil tornou-se um autentico Estado unitário. (Sarmento); No âmbito do Poder Judiciário, não havia alusão à Justiça Eleitoral e a Justiça Federal de 1º e 2º graus foi suprimida (SURGIU COM A CF 1891 E FOI SUPRIMIDA EM 1937). A Carta não contemplou a proteção do direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada, nem o MS e ação popular, presentes da CF de 1934; Os direitos fundamentais foram abundantemente violados; Em verdade, a Constituição de 1937 não teve vigência efetiva. Havia sim um Governo de fato, personalizado na figura do Presidente. O Congresso Nacional permaneceu fechado durante todo o governo de Vargas. A legislação era produzida pelo próprio Presidente, por meio de Decretos-lei (art. 180). Até Emendas Constitucionais foram editadas pelo ditador!
V) Constituição de 1946
Terminada a 2ª Guerra Mundial, iniciam-se os movimentos de redemocratização do país, que solicitavam também o estabelecimento de uma nova Constituição para o Brasil; Ciente de que não mais reunia condições para permanecer no poder, Getúlio Vargas edita a Lei Constitucional n° 9, de 28/02/45 (na verdade uma Emenda Constitucional) e convoca eleições para presidente, para governador de Estado, para o parlamento e para as assembleias legislativas (art. 4° da Lei Constitucional n° 9); Em 12/11/45, Getúlio edita uma nova lei constitucional, a de n° 13 e atribui poderes constituintes ao parlamento, cujos membros seriam eleitos um mês depois; Em 18/09/46 é promulgada a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil; No que tange à organização do Estado, a Constituição de 46 manteve a federação, a República, e resgatou, de fato, a tripartição de poderes. Ela foi realmente inovadora em sua declaração de direitos e na delimitação das diretrizes econômicas e sociais, assuntos tratados de modo detalhado (arts. 141 a 175; exemplos art. 141, § 4°, art. 168, I, art. 147; art. 157 IV); Ao Poder Judiciário foi integrada a Justiça do Trabalho (que antes esta inserida no Executivo). A Justiça Eleitoral volta a ser constitucionalizada. Instituiu-se um Tribunal Federal de 2ª instância, o Tribunal Federal de Recursos (art. 103 a 105). Por outro lado, não previa a existência da Justiça Federal de 1º grau, só recriada durante o governo militar; As garantias previstas na CF de 34 foram reinseridas na Lei Maior. A inovação relevante foi a consagração do direito à inafastabilidade da prestação jurisdicional. Foram vedadas as penas de morte, banimento, confisco e de caráter perpétuo, salvo, quanto à primeira, o caso de guerra. Dedicou um título à família (mantendo a indissolubilidade do casamento, por influência religiosa), educação e cultura. Contudo, durante a vigência da Constituição de 1946, o país viveu um momento de grande instabilidade política. Um primeiro momento vai de 46 a 61, quando, no contexto de crise política, foi aprovada a EC nº 4, que instituiu o parlamentarismo, após a renúncia de Jânio Quadros (sucessor de Juscelino Kubitschek), com apenas sete meses de governo. Os militares se opunham à posse de João Goulart (vice de Jânio). Neste ínterim, em 1947, durante o governo Dutra, o partido comunista teve seu registro cancelado pelo TSE. Em 1950, Vargas volta ao poder pregando a defesa do trabalhador e da economianacional, mas encontra forte oposição principalmente dos militares e da burguesia industrial e financeira, tanto nacional quanto estrangeira. Em 1954, o então presidente G. Vargas, que havia sido eleito em 1950, suicida-se após pressão para renunciar ao cargo. O segundo momento vai de 61 até o golpe militar de 64. O presidente João Goulart, que se tornara primeiro ministro, consegue submeter a mudança do sistema a um plebiscito popular que decide pelo retorno ao presidencialismo. Assim, em janeiro de 63, o Congresso aprova a EC n° 6 restabelecendo os poderes do Presidente da República, que cada vez mais se aproximava da esquerda, o que causava inquietude dos militares, empresários, proprietários rurais, classe média, com apoio da mídia e do governo americano. Assim, em 31/03/64 ocorre o golpe militar. Com isso, as forças vitoriosas investem-se no poder constituinte originário e apesar de não revogar a Constituição de 1946, decretam um ato institucional (que posteriormente viria a ser chamado de n°1) em 9 de abril de 1964 que, de fato, situava-se acima da Constituição. Seguiram-se ao AI n° 1, o AI n° 2 de 65 (que extinguiu o pluripartidarismo no Brasil), o AI n° 3 e o AI n° 4 de dezembro de 66, que convocou o Congresso Nacional para se reunir extraordinariamente e discutir, votar e aprovar o projeto de Constituição encaminhado pelo Presidente da República. OBSERVAÇÃO: Presidentes da ditadura militar: 1) Castelo Branco (64 a 67); 2) Costa e Silva (67 a 69); 3) Médici (69 a 74); 4) Geisel (74 a 79); 5) Figueiredo (79 a 85).
VI) Constituição de 1967
A Constituição que entrou em vigor em 15 de março de 1967 foi formalmente promulgada pelo Congresso Nacional. Contudo, esta Constituição foi, de fato, outorgada já que, como dito, ela foi meramente homologada pelo Congresso Nacional que, reunido extraordinariamente, teve pouco mais de 1 mês para apreciar o conteúdo do projeto de Constituição encaminhado pelo Presidente da República. Esta Carta Constitucional inspirou-se na Constituição de 1937. Enfatizou a preocupação com a segurança nacional, que passou a ser responsabilidade de toda pessoa natural ou jurídica (art. 89), ampliou em muito as competências da União (art. 8°) e estendeu também as atribuições do Presidente da República (art. 83). Reduziu a autonomia individual prevendo a possibilidade de suspensão dos direitos políticos daqueles que abusassem dos direitos individuais e dos próprios direitos políticos (art. 151). Em 1968, é editado o AI n° 5 que foi o instrumento mais autoritário da história da República no Brasil. Novamente, é rompida a ordem constitucional, porque os atos institucionais não foram previstos constitucionalmente. O AI 5 dava competência ao Presidente de decretar o recesso do Congresso Nacional (o que foi desde logo determinado). E dava a ele os mais amplos poderes para atuar em todas as esferas. Com o AI 5, inicia-se a ditadura plena.
VII) Constituição de 1969 (Emenda N° 1 à Constituição de 1967)
Ainda com o Congresso Nacional fechado, os comandantes das três armas que estavam no exercício da Presidência da República (em virtude da enfermidade do então Presidente Costa e Silva) outorgam a Emenda Constitucional n° 1 à Constituição de 1967 que, dada a amplitude das reformas estabelecidas por ela, pode ser considerada uma nova Constituição (ela foi elaborada em conformidade com o art. 2°, § 1° do AI 5). A Constituição de 1969 teve vigência meramente nominal em grande parte de seus preceitos. Toda a declaração de direitos e garantias individuais (arts. 153 e 154 daquela Carta), por exemplo, via sua aplicação diminuída pelos dispositivos autoritários do AI 5. Incorporou-se à Constituição a possibilidade, estabelecida no AI-14, de imposição de pena de morte em outros casos além da guerra externa (art. 160, § 11). O nome oficial de país foi alterado de “Brasil”, em 1969, para República Federativa do Brasil. Afora a posição de alguns juristas mais próximos ao regime militar, a maioria da doutrina sustenta que o texto consubstanciou nova Constituição. O mais forte argumento está amparado na circunstância de que as emendas têm seu fundamento na própria Constituição que modificam. Porém, a chamada Emenda nº 1 não foi outorgada com base na CF/67. Mas sim, com apoio no suposto poder constituinte originário da “revolução vitoriosa”, que se corporificava nos atos institucionais editados pelos militares.
VIII) Constituição de 1988
(Em 15/01/85 Tancredo se elege, indiretamente, presidente). O problema da EC n° 26 de 27/11/85: desde logo é importante ressaltar que a EC n° 26 é uma emenda à Constituição de 1967 porque, oficialmente, a Emenda Constitucional n° 1 de 1969 não representou uma nova Constituição. Esta emenda convocou a Assembleia Nacional Constituinte. Promulgada a Constituição, a Constituinte foi dissolvida e os seus membros voltaram a ocupar os cargos para os quais foram eleitos, ou seja, deputados ou senadores. Desta forma, pode-se dizer que uma emenda constitucional delegou poderes constituintes a um poder constituído, ou seja, ao Congresso Nacional. Criteriosamente, a Emenda Constitucional n° 26 não pode ser considerada uma emenda. Isto porque a função de emenda constitucional não é a de abolir o fundamento jurídico a partir do qual ela foi editada. A função de uma emenda constitucional é exatamente oposta, ou seja, permitir a permanência da Constituição ao longo dos tempos, possibilitando sua alteração simplesmente para se conformar às novas situações de fato, à nova realidade. Segundo JOSÉ AFONSO DA SILVA a EC n° 26 foi, em verdade, um ato político. (p. 88); foi redigida sem que houvesse um projeto previamente elaborado. Foram então formadas 24 subcomissões que depois se transformaram em 8 comissões, cada uma delas elaborando um anteprojeto parcial, todos encaminhados à Comissão de sistematização. Em 25 de junho de 1987, o relator desta comissão, deputado Bernardo Cabral, apresentou um trabalho em que reuniu todos estes anteprojetos em uma peça de 551 artigos, apelidada de Frankenstein. Ao longo do ano de 1988 houve várias emendas e substitutivos ao Frankenstein inicial e o texto definitivo da Constituição acabou sendo promulgado em 5 de outubro de 1988. Dentre as principais mudanças estabelecidas com a Constituição estão: 1) a retomada dos direitos fundamentais, tão violados durante a ditadura militar; 2) resgatou um certo equilíbrio entre os poderes; 3) implementou uma real descentralização política, promovendo a autonomia de todos os entes federativos, principalmente no que tange aos municípios, extremamente beneficiados pela Constituição de 1988. Até hoje [12/2015] já foram editadas 90 Emendas à Constituição. A primeira em 31/03/92 e a última de nº 90 de 15.09.2015.
Estrutura das Constituições
Em um plano formal, as constituições são divididas em 03 partes: PREÂMBULO, PARTE DOGMÁTICA e as DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS: 1) PREÂMBULO – é a parte precedente da CF, é por onde tudo começa. Há autores que defendem que há força normativa e outros que afirmam que não têm. A invocação de Deus no preâmbulo exclui os ateus, os agnósticos e os politeístas, por isso, há muitas críticas sobre essa invocação. O STF se posicionou pela inexistência da força normativa do preâmbulo. O preâmbulo é mero vetor interpretativo do que se acha inscrito no "corpus" da lei fundamental, ou seja, horizontalmente, o preâmbulo é vetor da hermenêutica constitucional; 2) PARTE DOGMÁTICA – é criada para ser permanente, pois é feita para durar, mesmo que eventualmente possa ser modificada; 3) DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS – têm papel relevante para fazer a transição entre a realidade existente e a nova realidade que virá, como novo texto, que projeta uma realidade diferente. Essas disposições depois de cumprido o seu papel de transição, deixam de ter utilidade, não são revogadas, mas perdem a eficácia. –NORMA DE EFICÁCIA EXAURIDA, ou seja, NORMA QUE VIGENDO POR DETERMINADO TEMPO DE TRANSIÇÃO PERDE SUA EFICÁCIA (NÃO É REVOGADA) 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
O compromisso a que se refere o

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