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Ponto 4 Resumão (150p.) TRF5 2016

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PONTO 04
DIREITO CONSTITUCIONAL - Poder Executivo. Evolução do conceito. Atribuições e responsabilidade do Presidente da República. Poder regulamentar, poder regulador e as agências administrativas. Do Conselho da República. Do Conselho de Defesa Nacional. 
PODER EXECUTIVO. É um poder estrutural do Estado (ou órgão político) que tem por competência a condução das atividades de estado, de governo e de administração pública. São formas de Executivo (Maurice Duverger): a) monocrático: exercido por um só órgão ou pessoa (ex. presidente); b) colegial: exercido por dois homens com poderes iguais (ex. cônsules romanos); c) diretorial: exercido por grupos de pessoas reunidos em comitê (ex. URSS); d) dual: próprio do parlamentarismo, havendo compartilhamento entre o chefe de Estado e um conselho de ministros (governo).
EVOLUÇÃO DO CONCEITO. Aristóteles (em “A política”) identificou as funções estatais de fazer normas gerais e abstratas, a função de aplica-las ao caso concreto e a função de dirimir conflitos. Montesquieu identificou as funções estatais e distinguia os poderes legislativo e o executivo, partindo este último em dois: “há, em cada Estado, três espécies de poderes: o poder legislativo, o poder executivo das coisas que dependem do direito das gentes, e o executivo das que dependem do direito civil. Pelo primeiro, o príncipe ou magistrado faz leis por certo tempo ou para sempre e corrige ou ab-roga as que estão feitas. Pelo segundo, faz a paz ou a guerra, envia ou recebe embaixadas, estabelece a segurança, previne as invasões. Pelo terceiro, pune os crimes ou julga as querelas dos indivíduos. Chamaremos este último o poder de julgar e, o outro, simplesmente o poder executivo do Estado”. A partir da revolução francesa – dada a hipertrofia do dogma da soberania popular – o poder de legislar não se inseria no espaço reservado ao Poder executivo. Ademais, reserva-se ao PE a função de fazer cumprir a lei, tal como escrito pela Legislatura e interpretado pelo sistema judicial. Na noção atual de divisão das funções estatais, ao PE foram atribuídas as funções de chefia de Estado, chefia de governo e chefia de administração. A multiplicidade das funções, típicas e atípicas, levaram Konrad Hesse a anotar que “a expressão Poder Executivo acabou por transformar-se numa referência geral daquilo que não está compreendido na atividade do Poder Legislativo e Judiciário”. Por outro lado, se não há monopólio judicial na interpretação da lei, ao Executivo não é vedado fazê-lo ao aplicá-la ou fazer aplicá-la. Na CF-88 está autorizada a edição de lei delegada e de MPs (poder de legislar). Entende-se que a edição de MP representa exercício de função atípica por parte do PE, mas a edição de lei delegada é uma exceção ao princípio da indelegabilidade e não exercício de função atípica. Por fim, defende-se que o PE “julga” quando resolve o contencioso administrativo (fiscal, disciplinar, licitatório, etc), embora não haja o atributo da definitividade.
GOVERNO. SISTEMA DE GOVERNO. É o modo como se dá a relação e a interação entre os Poderes executivo e legislativo. PARLAMENTARISMO X PRESIDENCIALISMO. No presidencialismo, criação norte-americana, o Presidente exerce as funções de chefe de Estado e de Chefe de Governo (incluindo a chefia da administração), de forma independente do Parlamento. O exercício e a duração do seu mandato não são afetados ou diminuídos por ação do Parlamento. Já no parlamentarismo, fruto de evolução histórica e com contornos atuais influenciados pelo sistema inglês, o Poder executivo é dual, pois há compartilhamento das funções, podendo ser: a) parlamentarismo monárquico constitucional: o rei ou monarca é o chefe de estado, enquanto o chefe de governo é o primeiro ministro (ex. Espanha); b) parlamentarismo republicano: o Presidente exerce a chefia de Estado e o primeiro ministro a chefia de governo (ex. Itália, França, Israel, etc). O Primeiro-Ministro não exerce mandato por prazo determinado e pode ocorrer sua queda por dois motivos: a) perder a maioria parlamentar; b) voto de desconfiança. Logo, deve haver uma necessária afinidade institucional entre o Parlamento e o Primeiro-Ministro. O Brasil já teve duas experiências parlamentaristas. A 1ª, no império, entre 1847 a 1889. Diferentemente do modelo inglês, o Poder Moderador (Pedro II) escolhia o presidente do conselho de ministros e o primeiro ministro indicava os demais membros do ministério, submetido à aprovação da Câmara. Em caso de discordância, caberia a Dom Pedro demitir o ministério ou dissolver a Câmara. Já no período republicano, entre setembro/1961 a janeiro/1963, foi instituído o parlamentarismo através de emenda constitucional, após a renúncia de Jânio Quadros, permitindo a posse do vice João Goulart, com prerrogativas reduzidas, vez que o governo passou a ser exercido por gabinete ministerial. Embora a medida provisória seja um instrumento próprio do parlamentarismo, ficou prevista na CF-88 em razão de a assembleia constituinte, inicialmente, inclinar-se pela adoção de um modelo parlamentarista. O regime/sistema de governo não é uma cláusula pétrea (discussão sobre os efeitos do plebiscito de 1993).
PRESIDENCIALISMO. No presidencialismo, o mandato do Presidente é exercido sem ingerência do Parlamento. Na verdade, a Constituição não prevê um mecanismo institucionalizado de ingerência. O presidencialismo de coalizão – expressão utilizada em artigo publicado em 1988 pelo cientista político Sergio Abranches – é um arranjo institucional, através do qual, o chefe do Poder executivo, não dispondo de maioria parlamentar (tanto mais difícil quanto maior for a fragmentação de representações ideológicas e partidárias), vê-se na contingência de costurar blocos de partidos que permitam a governabilidade. A gestão da coalizão se dá, no geral, através dos instrumentos da distribuição das responsabilidades administrativas e da liberação de recursos para execução de emendas parlamentares. Não é necessariamente um arranjo problemático, quando haja uma presidência forte (no plano das capacidades e deveres constitucionais) e uma série de estruturas independentes de controle que limitam o campo de ação presidencial. Entretanto, Abranches salientam que variadas razões (crises políticas, econômicas, situações de emergência, tensões ideológicas, etc) podem gerar crise institucional, propondo, ao final, que a mudança ao sistema parlamentarista não é, necessariamente a solução, senão a necessidade de um suficiente e adequado quadro institucional do Estado para a resolução de conflitos e de mecanismos institucionais para a manutenção do equilíbrio constitucional.
PRESIDENCIALISMO. INVESTIDURA. São condições de elegibilidade do Presidente da República e do Vice-Presidente: a) ser brasileiro nato; b) estar no pleno exercício dos direitos políticos; c) filiação partidária; d) idade mínima de 35 anos. As eleições, realizadas conjuntamente para Presidente e Vice-Presidente (chapa), ocorrem no último ano do mandato presidencial vigente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno e, caso houver segundo turno, no último domingo de outubro. Será vencedora a chapa que obtiver a maioria absoluta dos votos válidos (excluídos os brancos e nulos). A posse acontecerá em sessão conjunta (unicameral) da CD e do SF, no 1º de janeiro do ano seguinte à eleição (art. 82, CF). Salvo motivo de força maior, se decorridos dez dias (até 11.01), não assumir o cargo o PR ou o Vice, serão declarado vagos pelo CN os cargos. O mandato é de 04 anos, admitida a reeleição. LINHA SUCESSÓRIA. O Vice-Presidente, além de substituto natural do Presidente da República, em caso de impedimento, é o seu sucessor em caso de vacância, funcionando como auxiliar do Presidente sempre que convocado para missões especiais, cabendo-lhe, ainda, outras atribuições cometidas por lei complementar. A vacância é a impossibilidade definitiva de exercer o cargo (cassação, renúncia ou morte), enquanto o impedimento tem caráter temporário (férias, doença, afastamentos). Em ambos os casos o substituto ousucessor natural do Presidente da República é o seu Vice. Contudo, em caso de impedimento de ambos, serão chamados os substitutos eventuais ou legais, na seguinte ordem: Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Presidente do STF. Se o Presidente da CD tiver menos de 35 anos em caso de substituição, poderá assumir a Presidência da República? 1ª posição: não, pois a CF deu importância ao princípio da idade mínima de 35 anos. 2ª posição: sim, uma vez que, as condições de elegibilidade para o cargo de deputado federal foram preenchidas, de forma que exercerá todos os ônus e bônus do cargo. Em caso de vacância dos cargos de Presidente e Vice, os substitutos legais serão chamados para o exercício temporário, até que se preencha o cargo pelas formas adiante: [substitutos eventuais exercendo a função temporária e:] 1- se a vacância se der nos dois primeiros anos de mandato, serão convocadas novas eleições diretas, no prazo de 90 dias, e o eleito completará o mandato; 2- se a vacância se der nos dois últimos anos de mandato, far-se-ão eleições indiretas pelo Congresso Nacional, na forma da lei. José Afonso da Silva afirma que se não houver lei, a eleição será feita pelo Congresso, na forma do regimento interno. MINISTROS DE ESTADO. Os Ministros de Estado são auxiliares do Presidente da República no exercício da função executiva. São escolhidos dentre brasileiros, maiores de 21 anos, no exercício de seus direitos políticos [não precisa de filiação partidária!]. Compete-lhes a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades vinculadas às suas pastas, bem como expedir instruções para execução das leis, decretos e regulamentos (art. 87). Para Pontes de Miranda a ausência de referendo aos atos e decretos assinados pelo PR é causa de inexistência do ato, enquanto que para José Afonso, o ato persiste válido, mas a negativa do Ministro tem repercussão administrativa (exoneração). ATRIBUIÇÕES DO PR. As atribuições privativas do Presidente da República (art. 84, da CF) partem do princípio de que no Brasil existe uma concentração de funções, pois o nosso presidencialismo é do tipo monocrático (art. 76), eis que há cumulação das funções de chefe do Estado e do governo. Uadi Bulos faz a seguinte classificação das atribuições privativas do Presidente da República: a) Chefe de Estado – art. 84, VII, VIII, XIV, XV, XVI, 1ª parte, XVIII, 2 ª parte, XIX, XX, XXI, e XXII; b) Chefe de governo – art. 84, I, III, IV, V, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XVIII, 1ª parte, XXIII, XXIV e XXVII; c) Chefe da Administração federal – art. 84, II, VI, XVI, 2 ª parte, XXIV e XXV; d) Atribuições outras: Art. 84, XVII – o que denota que o rol de atribuições constantes do art. 84 é meramente exemplificativa; Delegação de atribuições constitucionais: art. 84. Parágrafo único.
RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. Uma marca distintiva do regime republicano é a possibilidade de responsabilização dos agentes públicos por seus atos, incluindo-se o PR. Há dois regimes diversos de processo e julgamento do Presidente da República, nos casos de imputação de crimes de responsabilidade ou de crimes comuns. Os crimes de responsabilidade são infrações de natureza política (responsabilidade político-administrativa), cujas sanções são a perda do cargo e a inabilitação para o exercício de funções públicas por oito anos. Já os crimes comuns são os relacionados com a responsabilidade penal, abrangendo crimes e contravenções cujas penas podem ser privativas de liberdade, restritiva de direitos ou multa. O PR goza de imunidade penal relativa: durante a vigência do mandato (não é da diplomação!), não pode o PR ser penalmente responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções (art. 86, §4º), sejam imputações de crimes anteriores ao mandato, sejam posteriores. Em relação a estes atos “extra officium”, haverá a suspensão da persecução penal e – mesmo sem previsão explícita na CF/88 –, se entende (Alexandre de Moraes), da prescrição, já que entendimento contrário violaria o princípio republicano, afinal sempre que a ordem jurídica determina a suspensão do processo em virtude de direito ou prerrogativa do agente, também se determina a suspensão do curso prescricional (imunidade parlamentar, art. 366/CPP, PAES). Note-se que não se impede a investigação do crime durante o mandato, somente o seu processamento. Para que o Presidente da República possa ser julgado tanto pelo STF (crime comum) como pelo Senado (crime de responsabilidade), necessita-se (imunidade de processamento), previamente, de autorização da Câmara dos Deputados, que deverá ocorrer por votação de 2/3 de seus membros (art. 86, da CF). NOS CRIMES COMUNS. O juízo de admissibilidade (na verdade, de autorização ao processamento) é exercido pela CD, exigindo aprovação pelo quórum mínimo de 2/3 de seus membros. Admitida a acusação pela Câmara, o STF receberá ou não a denúncia ou queixa-crime, não sendo obrigatória a instauração do processo, pois o STF funciona como órgão judiciário, vinculado apenas à ordem jurídica vigente. Recebida a denúncia ou queixa-crime pelo STF, o Presidente da República ficará suspenso (afastado) de suas funções (art. 86, §1º, I, CF). Se decorrido o prazo de 180 dias do afastamento, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento, sem prejuízo da continuidade do processo. Transitada em julgado a decisão condenatória, provocará a suspensão dos direitos políticos do Presidente (art. 15, III, CF) e, por conseguinte, a perda do mandato. O PR não é passível de prisão cautelar, só podendo ser recolhido quando sobrevier sentença condenatória transitada em julgado (art. 86, §3º). As prerrogativas do art. 86, §3º e §4º (imunidade à prisão e persecução penal por atos extra officium) são exclusivas do Presidente da República, não se estendendo aos demais chefes do Poder Executivo, ainda que previsto em norma local (ADI 1634/MC). Logo, só se estende a imunidade de processamento (autorização por 2/3 do parlamento). NOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE. A União tem competência privativa para legislar sobre crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento (SV-46, STF e Súmula 722, STF). A lei prevista no p. único, do art. 85 é a Lei 1.079/50, que foi recepcionada, em parte, pela nova CF/88. Entretanto, ela não regula todos incisos do artigo 85 (p.ex. “livre exercício do Ministério Público”). Qualquer cidadão é parte legítima para oferecer a acusação contra o PR à CD, pela prática do crime de responsabilidade (art. 14, Lei 1079/50). Estão sujeitos ao julgamento pelo Senado por crimes de responsabilidade: a) PR, Vice, bem como Ministros e Comandantes militares quando conexos com aqueles; b) Ministros do STF, membros do CNJ, membros do CNMP, PGR e AGU. Mas para estes o processo se inicia, diretamente, perante o Senado (art. 41, L1079). A apresentação da renúncia após iniciado o julgamento não afeta o curso do impeachment. O Vice não pratica crime de responsabilidade sem estar no exercício da PR (José Afonso da Silva). Proposta a denúncia na CD, caberá a uma comissão especial emitir parecer sobre o envio à deliberação ou arquivamento. Na primeira hipótese, é remetida cópia autêntica ao denunciado que poderá contestá-la e indicar os meios de prova. Após o processamento, será elaborado parecer que será sujeito à votação pelo plenário. Admitida a acusação (2\3), é encaminhado decreto de acusação ao SF e enviado o respectivo processo. O julgamento da câmara é eminentemente político e tange à conveniência e oportunidade. O SF votará a instauração do processo (maioria simples), a partir de elaboração de parecer por comissão especial. Aceita, haverá a instrução probatória, seguirá o interrogatório e por fim votado o impeachment (2/3), através de resolução do senado (art. 35, L1079/50). Proferida a sentença condenatória, o acusado estará ipso facto destituído do cargo e será condenado à inabilitação para o exercício de funções públicas por oito anos. O mérito da decisão do SF é inapelável e não se sujeitaa controle jurisdicional. [1: Ao STF compete processar e julgar os casos de crimes comuns e de crimes de responsabilidade não conexos com PR: os Ministros de Estado e os Comandantes militares. Também crimes comuns e de responsabilidade (sempre) os membros de Tribunais superiores, do TCU e os chefes de missão diplomática de caráter permanente. ]
CRIMES DE RESPONSABILIDADE E O STF. ADPF 378 (12.2015).
a) apresentada a denúncia contra ao PR por crime de responsabilidade, compete à CD autorizar a instauração do processo, exercendo o juízo político sobre os fatos narrados. É condição de procedibilidade da denúncia. Ao SF compete processar e julgar o PR, locução que abrange a realização de um juízo inicial de instauração ou não do processo (recebimento da denúncia autorizada pela CD). O STF baseou-se na interpretação literal, histórica e sistemática do art. 51, I e 52, II da CF, bem como na repetição das teses jurídicas adotadas pela corte no julgamento do impeachment de Collor, o que gera segurança jurídica. Logo, entendeu não recepcionados pela CF/1988 os arts. 23, §§ 1º, 4º e 5º; 80, 1ª parte (que define a CD como tribunal de pronúncia) e 81, todos da Lei nº 1.079/1950; 
b) com a CF-88, o Plenário da Câmara deve deliberar uma única vez, por maioria qualificada de seus integrantes, sem necessitar, porém, desincumbir-se de grande ônus probatório. Cabe-lhe apenas autorizar ou não a instauração do processo. O rito do impeachment perante a Câmara, previsto na Lei nº 1.079/1950, partia do pressuposto de que a tal Casa caberia, nos termos da CF/1946, pronunciar-se sobre o mérito da acusação. Em razão disso, estabeleciam-se duas deliberações pelo Plenário: a primeira quanto à admissibilidade da denúncia e a segunda quanto à sua procedência ou não. Havia, entre elas, exigência de dilação probatória. A ampla defesa do acusado no rito da Câmara dos Deputados deve ser exercida no prazo de dez sessões (RI/CD, art. 218, § 4º), tal como decidido pelo STF no caso Collor (MS 21.564, Rel. para o acórdão Min. Carlos Velloso). 
c) o rito do impeachment perante o SF, previsto na Lei 1079/50 deve ser estendido diante da ampliação da competência desta Casa, fazendo aplicar as regras da própria lei relativas a denúncias por crime de responsabilidade contra Ministros do STF ou contra o PGR. Incorpora-se uma etapa inicial de instauração ou não do processo (deliberação da maioria simples de seus membros, a partir de parecer elaborado por Comissão Especial), bem como uma etapa de pronúncia ou não do denunciado, etapas estas essenciais ao exercício, pleno e pautado pelo devido processo legal.
d) na formação da comissão especial processante, é incompatível com o art. 58, caput e § 1º, da Constituição que os representantes dos partidos políticos ou blocos parlamentares deixem de ser indicados pelos líderes, na forma do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, para serem escolhidos de fora para dentro, pelo Plenário, em violação à autonomia partidária. Em rigor, portanto, a hipótese não é de eleição. Porém, é cabível a eleição pelo Plenário, se limitada a ratificar ou não as indicações pelos líderes de partidos ou blocos (assim se deu no caso Collor).
e) no impeachment, todas as votações (inclusive sobre a escolha dos membros da comissão especial) devem ser abertas, de modo a permitir maior transparência, controle dos representantes e legitimação do processo. Mesmo no silêncio da Constituição, da Lei nº 1.079/1950 e do Regimento Interno sobre a forma de votação, não é admissível que o Presidente da Câmara dos Deputados possa, por decisão unipessoal e discricionária, estender hipótese inespecífica de votação secreta prevista no RI/CD, por analogia, à eleição para a Comissão Especial de impeachment. 
e) no curso do procedimento de impeachment, o acusado tem a prerrogativa de se manifestar, de um modo geral, após a acusação. Concretização da garantia constitucional do devido processo legal (due process of law). 
f) o CPP aplica-se subsidiariamente ao rito (art. 38, Lei 1079/50). Contudo, não há lacuna legal no regramento de impedimento e suspeição dos julgadores no impeachment. Ademais, a diferença de disciplina se justifica pela distinção entre magistrados, dos quais se deve exigir plena imparcialidade, e parlamentares, que podem exercer suas funções, inclusive de fiscalização e julgamento, com base em suas convicções político-partidárias, devendo buscar realizar a vontade dos representados. 
g) não há direito à defesa previamente ao ato do presidente da CD que inicia o processo naquela casa. A apresentação de defesa prévia não é uma exigência do princípio constitucional da ampla defesa: ela é exceção, e não a regra no processo penal. Não há, portanto, impedimento para que a primeira oportunidade de apresentação de defesa no processo penal comum se dê após o recebimento da denúncia. 
h) o procedimento acusatório estabelecido na Lei nº 1.079/1950, parcialmente recepcionado pela CF/1988, não impede que o Senado adote as medidas necessárias à apuração de crimes de responsabilidade, inclusive no que concerne à produção de provas, função que pode ser desempenhada de forma livre e independente. 
i) é possível a aplicação subsidiária do RI-CD ou do RI-SF (não violando a regra de lei especial), desde que as normas regimentais sejam compatíveis com os preceitos legais e constitucionais pertinentes, limitando-se a disciplinar questões interna corporis.
j) o interrogatório do acusado, instrumento de autodefesa que densifica as garantias do contraditório e da ampla defesa, deve ser o último ato de instrução do processo de impeachment. Aplicação analógica da interpretação conferida pelo Supremo Tribunal Federal ao rito das ações penais originárias. 
PODER REGULAMENTAR. O poder regulamentar é prerrogativa haurida diretamente da CF, por meio da qual o Poder executivo edita atos normativos gerais e abstratos. Conquanto não disponha de capacidade legislativa e política, o administrador expede decretos e regulamentos para a fiel execução das leis. Trata-se, de regra, de atos normativos secundários, de modo que não inovam no ordenamento jurídico, mas explicitam o modus faciendi da administração pública. Entende-se que só é cabível o manejo da competência regulamentar quando a lei se refira à matéria administrativa. Ex.: A Lei n. 10.520/2002 (pregão) estabelece que o pregão deve ser utilizado para bens e serviços comuns, que é aquele que pode ser conceituado com expressão usual de mercado. Essa lei depende de complementação para saber o que é expressão usual de mercado. Um ato no exercício do poder regulamentar complementa essa previsão legal, permitindo a sua fiel execução. Exemplos de atos regulamentares: regulamentos, portarias, instruções normativas, resoluções, deliberações, regimentos. O decreto é a forma pela qual se veiculam matérias regulamentares (quando normatizam uma situação) ou não regulamentares (ex. nomeação de servidor, homologação de concurso, etc). Logo, decreto e regulamento não são sinônimos. Regulamento e lei são atos normativos, mas guardam diferenças: de regra, o regulamento é ato normativo secundário, enquanto é próprio da lei (art. 59, CF) ter aptidão para inovar na ordem jurídica (ato normativo primário). A lei é feita através de processo legislativo, com deliberação parlamentar e executiva, de onde se presume a discussão e participação de variadas representações de interesses na formação da norma. Já a formação do regulamento não é procedimentalizada e, em regra, é efetuada pelo Chefe do Poder Executivo. “Estão sujeitos ao controle de constitucionalidade concentrado os atos normativos, expressões da função normativa, cujas espécies compreendem a função regulamentar (do Executivo), a função regimental (do Judiciário) e a função legislativa (do Legislativo). Os decretos que veiculam ato normativo também devem sujeitar-se ao controle de constitucionalidade exercido pelo Supremo Tribunal Federal. 2. O Poder Legislativo não detém o monopólio da função normativa, mas apenas de uma parcela dela, a função legislativa”(ADI 2950 AgR, Relator(a):  Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão:  Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, DJ 09-02-2007).[2: Os poderes e deveres do administrador público são atribuídos à autoridade para que ela possa remover, por ato próprio, as resistências particulares à satisfação do interesse público. Possuem a natureza instrumental (mecanismo para a efetivação da função administrativa: poderes de execução ou consecução), ao contrário dos poderes políticos que possuem natureza estrutural (organização dos três poderes: poderes de formação ou de composição).]
DECRETO DE EXECUÇÃO (regulamento executivo). É instrumento de complementação da lei, com vistas à sua fiel execução, fundada no art. 84, IV da CF. É o poder regulamentar tradicional. Veiculam regras jurídicas gerais, abstratas e impessoais, editadas em função de uma lei que deva ser executada pela Administração. O decreto de execução deve restringir-se aos limites e ao conteúdo da lei, apenas explicitando-a, nunca a ampliando (extra ou ultra legem) nem a contrariando (praeter legem). Tais decretos, ainda, funcionam como meio de disciplinar a atuação discricionária administrativa (os atos individuais têm de obedecer às prescrições regulamentares) e como instrumento de uniformização de critérios de aplicação da lei e de procedimentos (uniformização material e processual), já que a atuação concreta da administração será igual em todos os casos. É, assim também, legítima a criação de obrigações subsidiárias ou derivadas, desde que adequadas às obrigações legais originárias. São atos normativos secundários, sujeitos a controle parlamentar (art. 49, V, CF – é competência do CN sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar – meio: decreto legislativo) e ao controle jurisdicional, bem como à autotutela administrativa. Não se admite ação direta de inconstitucionalidade que tenha por objeto ato normativo não autônomo ou secundário, que regulamenta disposições de lei (ADI 2398 AgR / DF, 2007), já que a questão relativa ao decreto que, a pretexto de regulamentar determinada lei, extrapola o seu âmbito de incidência, é tema que se situa no plano da legalidade, e não no da constitucionalidade. Já o ato normativo autônomo, assim considerando quando tenha conteúdo de lei ordinária em sentido material ou quando não se limitando a regulamentar a lei, introduza novidade normativa, é suscetível de controle concentrado de constitucionalidade (ADI 3664 / RJ, 2011).[3: No DL 424/2013 o CN sustou os efeitos da Resolução TSE nº 23.389/2013, que dispunha sobre o número de membros da Câmara dos Deputados e das Assembleias e Câmaras Legislativas para as eleições de 2014.]
DECRETO AUTÔNOMO. São atos normativos primários, cuja edição é prerrogativa conferida pela própria Constituição. Podem ser internos, quando dizem respeito à competência, organização e funcionamento da Administração, ou externos, quando contiverem normas dirigidas aos administrados em geral. A EC 32/2001, ao alterar o art. 84, VI, previu a edição de decretos autônomos, de efeitos internos, limitada às hipóteses de “organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, e de extinção de funções ou cargos quando vagos”. Neste caso, a competência é privativa do chefe do Poder executivo, mas é delegável (art. 84, p.único) aos Ministros de Estado, ao PGR ou ao AGU, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. Na doutrina, há três posições acerca do decreto autônomo: a) Hely Lopes: é possível a edição de decreto autônomo, em qualquer caso, pois cabe ao administrador disciplinar o que não foi regulado pela lei; b) JSCF e Celso Antônio: mesmo após a edição da EC 32/01, não caberia decreto autônomo, afinal o que estaria facultado pela CF seria a edição de atos ordinatórios para dispor sobre seus serviços e organização interna=os, de modo que apenas reflexamente afetam a esfera jurídica de terceiros; c) Diógenes Gasparini, STF: extrai-se do art. 25 do ADCT, a proibição de regulamento autônomo, já que matérias sob reserva de lei não poderia ser tratada mediante Decreto. Contudo, a alteração do art. 84, VI da CF teria ressalvado a existência de decretos autônomos no direito brasileiro, restrita às hipóteses ali estabelecidas. A competência normativa das agências reguladoras, mesmo no caso da Anatel e da ANP, cuja criação foi prevista em norma constitucional (EC 08/95 e EC 09/95), não seria caso de regulamento autônomo, porquanto deva ser exercida nos limites da lei. Frise-se que se consideram autônomos os decretos cuja edição deriva diretamente da CF, embora contenha caráter político, como o decreto de intervenção (art. 36, §1º), de estado de defesa (art. 136, §1º) e de estado de sítio (art. 138), assim como também gozam de autonomia os regimentos de Tribunais e as resoluções de órgãos legislativos.[4: No DL 273/2014, o CN sustou a Resolução RDC 52/2011, da ANVISA que proibia o uso de substâncias anfepramona (inibidor de apetite) e outras. ]
REGULAMENTO AUTORIZADO. É o regulamento que complementa disposições da lei, em razão de expressa determinação, nela contida, para que o Poder executivo o faça. Para a doutrina tradicional da separação de poderes, não caberia ao legislativo, fora das hipóteses constitucionais, subtrair-se de sua competência e delegar poder legiferante aos órgãos administrativos. Tem-se entendido, modernamente, dada a crescente complexidade das atividades técnicas e fiscalizatórias da administração, que é possível a transferência de competência para regular certas matérias do domínio da lei para o domínio do ato regulamentar. É o fenômeno da deslegalização ou delegificação. Entende-se como vedada a delegação em branco, permitida, portanto, a delegação com parâmetros (delegation with standards), de modo que deverá estabelecer as condições, os limites e os contornos da matéria a ser regulamentada. Para Celso A. B. Mello, há delegação disfarçada (inconstitucional), quando fica deferido ao regulamento definir as condições ou requisitos necessários para o nascimento do direito material, obrigação, dever ou restrição. O STF assim já se pronunciou: “A nova Constituição da Republica revelou-se extremamente fiel ao postulado da separação de poderes, disciplinando, mediante regime de direito estrito, a possibilidade, sempre excepcional, de o Parlamento proceder a delegação legislativa externa em favor do Poder Executivo. A delegação legislativa externa, nos casos em que se apresente possível, só pode ser veiculada mediante resolução, que constitui o meio formalmente idôneo para consubstanciar, em nosso sistema constitucional, o ato de outorga parlamentar de funções normativas ao Poder Executivo. A resolução não pode ser validamente substituída, em tema de delegação legislativa, por lei comum, cujo processo de formação não se ajusta a disciplina ritual fixada pelo art. 68 da Constituição. A vontade do legislador, que substitui arbitrariamente a lei delegada pela figura da lei ordinária, objetivando, com esse procedimento, transferir ao Poder Executivo o exercício de competência normativa primaria, revela-se irrita e desvestida de qualquer eficácia jurídica no plano constitucional. O Executivo não pode, fundando-se em mera permissão legislativa constante de lei comum, valer-se do regulamento delegado ou autorizado como sucedâneo da lei delegada para o efeito de disciplinar, normativamente, temas sujeitos a reserva constitucional de lei.[...] ( ADI-MC 1296 / PE. Relator(a):  Min. CELSO DE MELLO. DJ 10-08-1995).
PODER REGULADOR. É atividade estatal de intervenção indireta sobre a conduta de sujeitos públicos e privados, de natureza repressiva e promocional, visando a alterar-lhe o modo de conduta. Para a doutrina majoritária, a regulação difere da regulamentação, pois esta corresponde ao desempenho de função normativa infra-ordenada, pela qual se detalham as condições de aplicação de uma norma de cunho abstrato e geral, tal como dispõe o art. 84, inc. IV, daConstituição. O poder regulador abrange (Alexandre Aragão) atribuições normativa, fiscalizadora (baseada no poder de polícia, no caso das agências que atuam na ordem econômica – ANP, ANVISA – ou baseada no vínculo de delegação, no caso das que regulam serviços públicos – ANEEL, ANATEL –), sancionadora e julgadora (solução de conflitos). A atribuição normativa é a que provoca maiores discussões. 
PODER REGULADOR. DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA. Para José dos S. Carvalho Filho, o poder regulador é uma “forma especial do poder regulamentar”, cuja característica básica não é a da simplesmente complementar a lei através de normas de conteúdo organizacional, mas de criar normas técnicas não contidas na lei, proporcionando, em consequência, inovação no ordenamento jurídico. Seria uma forma de regulamentar, já que em ambas as situações (comum ou regulatória), o órgão administrativo estará complementando a lei e possibilitando a sua execução. Funda-se na técnica da deslegalização, já que o próprio Legislativo, ao se ver incapaz de criar a regulamentação sobre algumas matérias de complexidade técnica, delega ao órgão ou pessoa administrativa (delegação com standards) a função específica de instruí-la.
PODER REGULADOR. DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA. Para Di Pietro, regulação é gênero, do qual regulamentação é espécie. Regular significa estabelecer regras, independentemente de quem as edite, sejam órgãos políticos, sejam órgãos da administração direta ou indireta. Quando se fala em “desregular”, como instrumento de reforma do Estado, quer-se significar a diminuição do regramento da atividade privada, reduzindo-se a intervenção do Estado nas liberdades do indivíduo. Já regulamentar também significa ditar regras jurídicas, mas, no direito brasileiro, é competência exclusiva (indelegável) do Poder Executivo (art. 84, IV, CF), quando de caráter executivo ou delegável na forma autônoma (art. 84, VI, CF), restrita esta às hipóteses previstas na própria Constituição. Os outros órgãos do Poder Executivo podem praticar atos normativos, como portarias, resoluções, etc. Porém não possuirão caráter regulamentar, vez que é privativo do chefe do Executivo. Daí porque estes atos só serão válidos quando dispuserem sobre aspectos exclusivamente técnicos ou limitarem os seus efeitos ao âmbito interno da atuação administrativa, como forma de instruir os subordinados sobre a forma de cumprir as leis e regulamentos. Para a autora não há substrato na Constituição para que as agências exerçam função reguladora (normativa), exceto em favor da ANATEL e da ANP, às quais se reconheceria a capacidade de editar normas que se equiparariam aos regulamentos autônomos, já que estão previstas na Constituição como “órgãos reguladores”, expressão que deve ser entendida em seu sentido usual no direito estrangeiro, reconhecendo-se a possibilidade de regulamentar a lei a partir de conceitos genéricos, princípios, standards, tal como as agências reguladoras norte-americanas. No caso da ANATEL e da ANP, porém, as matérias que podem ser por elas reguladas são exclusivamente as que dizem respeito aos respectivos contratos de concessão, observados os parâmetros e os princípios estabelecidos em lei. Em relação às agências que não têm sede constitucional, sua função normativa não poderia, sob pena de inconstitucionalidade, ser maior que a exercida por qualquer órgão administrativo ou entidade da administração indireta. A atuação normativa, portanto, seria produzir apenas efeitos internos, dirigidos à própria agência, ou esmiuçar regras já constantes em leis e regulamentos prévios, tais como a disciplina das licitações.
PODER REGULADOR. DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA. Celso Antônio B. Mello entende que as determinações normativas advindas das agências reguladoras há de se cifrar a aspectos estritamente técnicos, os quais podem – sem infringir o princípio da legalidade – provir de providências subalternas. Também admite que é legítima a expedição de normas e determinações da alçada do poder concedente ou para quem esteja incluso no âmbito doméstico da administração. Porém, salienta que tais providências jamais poderão contrariar ou distorcer comando legal, principalmente para agravar a posição jurídica dos destinatários da regra ou de terceiros. Tampouco poderá ferir princípios jurídicos.
PODER REGULADOR. DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA. Para o Prof. Francisco Queiroz (Revista de Direito Administrativo. Rio de Janeiro, v. 219, p. 253-270, jan./ mar., 2000), o poder normativo das agências deve estar lastreado em um mínimo conteúdo material constante em lei. Cuida-se da necessidade de conciliar as necessidades de legitimação popular no ato normativo (de ordenação) e de regramento técnico, alheio à influência política. O standard (conceito jurídico indeterminado) seria o instrumento legitimador do poder normativo da agência. As leis atributivas de poder normativo às entidades reguladoras independentes possuem baixa densidade normativa, a fim de – ao estabelecer finalidades e parâmetros genéricos – propiciar o desenvolvimento de normas setoriais aptas a, com autonomia e agilidade, regular a complexa e dinâmica realidade sócio-econômica subjacente. O legislador, de fato, se limita a fixar poucos princípios, sobretudo a indicar os valores a serem perseguidos pela autoridade. A autoridade independente, por sua vez, possui uma discricionariedade consideravelmente ampla conferida pela lei para preencher os espaços por ela deixados e para desenvolver os princípios nela estabelecidos. Não se trata, portanto, de regulamentação autônoma, mas de execução/concretização da norma autorizativa. 
PODER REGULADOR. DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA. Leila Cuéllar (in as agências reguladoras e seu poder normativo) entende que não se trata de delegação de poderes legislativos, eis que implicaria na possibilidade, ainda que teórica, de extinção da agência (ou esvaziamento de sua função), pela simples cassação do poder delegado pelo delegante. Para a autora, o que existe é um poder normativo/regulamentar diverso daquele que existe em outros países. Trata-se de um poder temperado, que no ordenamento brasileiro, não pode: a) inovar de forma absoluta, ab ovo, na ordem jurídica; b) contrariar a lei e o direito; c) desrespeitar o princípio da tipicidade; d) impor restrições à liberdade, igualdade e propriedade ou determinar alteração do estado das pessoas; e) ter efeito retroativo (em princípio). Ademais, a expedição de regulamentos deve ser fundamentada, precisa respeitar a repartição de competências entre os entes da Federação, e se submete a controle pelo Poder Judiciário. O fundamento do poder normativo regulador legitima-se na natureza das atividades que desempenham, dos objetivos traçados com sua instituição, assim como da foram como atuam (imparcial, técnica, especializada, participativa) e da forma pela qual foram instituídas (mediante lei aprovada pelo Parlamento).
PODER REGULADOR. POSIÇÃO DO STF. O Supremo Tribunal Federal chegou a examinar a questão na ADI 1668-MC (pendente de julgamento), no que tange Às competências regulatórias da ANATAL. Restou consignado que “nada impede que a agência tenha funções normativas, desde, porém, que absolutamente subordinadas à legislação, e, eventualmente, às normas de segundo grau	, de caráter regulamentar, que o Presidente da República entenda baixar”, conferindo-se interpretação conforme aos dispositivos da Lei 9472/97.
CONSELHO DA REPÚBLICA. O Conselho da República é o órgão superior de consulta do Presidente da República, sendo que as suas manifestações não terão, em hipótese alguma, caráter vinculatório. Cabe-lhe o pronunciamento acerca da intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio, bem como sobre questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. Regulado pela Lei 8041/90. Sua composição compreende: o Vice, Presidente da CD, Presidente do SF, líderes da maioria e da minoria na CF e no SF, Ministro de Justiça e 06 cidadãos brasileiros natos, com mais de 35 anos (dois nomeados pelo PR, dois eleitos pelo SF e dois pela CD, com mandatode 3 anos, vedada a recondução). Nos impedimentos (exceto dos cidadãos), por motivo de doença ou ausência do País, serão convocados os que estiverem no exercício dos respectivos cargos ou funções. Já os cidadãos serão substituídos pelos seus suplentes (com eles juntamente eleitos ou indicados). A participação do conselho é não remunerada (art. 3º, §2º, Lei 8041). O Conselho da República reunir-se-á por convocação do Presidente da República, sendo por este presidido. Incumbe à Secretaria-Geral da Presidência da República prestar apoio administrativo ao Conselho da República. O Conselho da República poderá requisitar de órgãos e entidades públicas as informações e estudos que se fizerem necessários ao exercício de suas atribuições.
CONSELHO DE DEFESA NACIONAL. É órgão de consulta do Presidente da República, cabendo-lhe opinar nas hipóteses de declaração de guerra e celebração de paz, opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal, propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacional. Regulado pela Lei 8183/91. Sua composição compreende: o Vice, presidente da CD, presidente do DF, Ministro da Justiça, Ministro de Estado da Defesa, Ministro das RE, Ministro do Planejamento e Comandantes militares. O Presidente da República poderá designar membros eventuais para as reuniões do Conselho de Defesa Nacional, conforme a matéria a ser apreciada (mas não terá direito a voto). O Conselho de Defesa Nacional terá uma Secretaria-Geral para execução das atividades permanentes necessárias ao exercício de sua competência constitucional. O Conselho da República poderá requisitar de órgãos e entidades públicas as informações e estudos que se fizerem necessários ao exercício de suas atribuições.
→ Notem-se: em ambos os conselhos, há representantes que ocupam cargos privativos de brasileiro nato (PR, vice, presidentes da CD e do SF, Comandantes militares, Ministro de Estado da Defesa, cidadãos do Conselho da República). Mas, há cargos em que não é condição (ministros de Estado, líderes das maiorias e minorias). 
DIREITO ADMINISTRATIVO - Formas de intervenção do Estado na propriedade. Limitações administrativas, tombamento, requisição, servidão e desapropriação. Fundamentos e requisitos constitucionais para as desapropriações. Espécies de desapropriações. Desapropriações por utilidade ou necessidade pública ou por interesse social, desapropriações por interesse social para fins de reforma agrária. O art. 243 da CF/88. Retrocessão. Desapropriação indireta. Procedimento expropriatório. 
CONCEITO E FORMAS. A intervenção do Estado na propriedade é a atividade estatal que tem por fim ajustar, conciliar o uso da propriedade particular com os interesses da coletividade. A intevenção pode ser restritiva (condiciona as faculdades do direito de propriedade – jus utendi, abutendi, disponiendi e rei vindicatio) ou supressiva (transferência da propriedade). A competência legislativa para dispor sobre direito de propriedade, desapropriação e requisição é privativa da União (art. 22, I, II e III, CF/88). Entretanto, a competência administrativa para impor restrições e condicionamentos é comum entre todos os entes. São formas de intervenção na propriedade: limitação administrativa, ocupação temporária, requisição, tombamento, servidão administrativa, desapropriação. A doutrina ainda aponta o confisco e o perdimento de bens, e a autointervenção. Esta é reconhecida nas raras hipóteses em que os mecanismos estatais de intervenção na propriedade alcançam o próprio patrimônio público, como na submissão às normas sobre direito de construir, que obrigam também os prédios públicos; diz-se própria quando a propriedade intervinda pertence à mesma pessoa interveniente e imprópria a que se dá em bem de pessoa diversa. 
LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS. São medidas de caráter geral, previstas em lei com fundamento do poder de polícia do Estado, gerando para os proprietários obrigações positivas ou negativas, com o fim de condicionar o exercício do direito de propriedade ao bem-estar social. É uma imposição pela administração, de caráter geral, abstrato, gratuito e unilateral. Restringe o caráter absoluto da propriedade. É geral porque aplicada indistintamente a todos os que estão na mesma situação descrita na lei. Como todos estarão dividindo a imposição, não há que se falar em indenização (como regra). Possui, portanto, natureza jurídica de direito pessoal: o poder de polícia manifesta-se, como regra, por meio de obrigações de não fazer (ex. limite de altura de prédio) impostas ao proprietário, e não sobre o bem em si mesmo considerado. Mas também pode ter conteúdo de obrigação de fazer (ex. instalação de extintores). Características: a) atos legislativos ou administrativos de natureza geral (as demais formas interventivas são atos singulares com indivíduos determinados); b) tem caráter de definitividade; c) tem como motivos interesses públicos abstratos; 5) ausência de indenização; 6) incide preferencialmente na propriedade imóvel; 7) obriga os particulares, o próprio ente que a instituiu e as demais pessoas políticas. Diferencia-se da servidão administrativa, pois está é imposta em favor de determinado bem afetado a fim de utilidade pública, ao passo que a limitação é imposta de forma geral. A servidão é ônus real e será indenizável quando implicar real declínio do valor do bem ou lhe retirar uma utilidade fruída por seu titular. Na limitação administrativa não há ônus real, vez que decorre da lei ou ato geral e, em regra, não obriga a indenizar os proprietários. "A regra é que a área 'non aedificandi', situada as margens das rodovias públicas, não é indenizável, porquanto decorre de limitação administrativa ao direito de propriedade, estabelecida por lei ou regulamento administrativo (C. Civ, art. 572)”. (REsp 760498/SC, DJ 12/02/).  É devida indenização por limitação administrativa à propriedade quando caracterizar uma verdadeira desapropriação indireta, já que obstativa do direito de construir do proprietário (esvaziamento do conteúdo econômico da propriedade) (TRF5. AC 00115505920114058300, Desembargador Federal José Maria Lucena, DJE - Data::12/06/2014). “A pretensão reparatória do esvaziamento do conteúdo econômico da propriedade decorrente de limitações administrativas prescreve em cinco anos, nos termos do art. 10, parágrafo único, do Decreto-Lei n. 3.365/1941 (“Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público).Os danos eventualmente causados pela limitação administrativa devem ser objeto de ação de direito pessoal, cujo prazo prescricional é de cinco anos, e não de direito real, que seria o caso da desapropriação indireta. A limitação administrativa distingue-se da desapropriação: nesta, há transferência da propriedade individual para o domínio do expropriante, com integral indenização; naquela, há apenas restrição ao uso da propriedade imposta genericamente a todos os proprietários, sem qualquer indenização”. (STJ, AgRg no REsp 1.317.806-MG, Inf. 508).
TOMBAMENTO. É a declaração pelo Poder Público do valor cultural, histórico, artístico, turístico, paisagístico ou arqueológico de coisas ou locais que, por esta razão, devem ser preservados, de acordo com inscrição em livro próprio (Livro de Tombo). É um procedimento administrativo (Di Pietro) ou um ato administrativo (Carvalho Filho) pelo qual o Poder Público sujeita a restrições parciais os bens de qualquer natureza cuja conservação seja de interesse público, por sua vinculação a fatos memoráveis da história ou por seu excepcional valor arqueológico ou etnológico, bibliográfico ou artístico. Há divergência sobre a natureza jurídica: Celso Antônio entende se tratar de espécie de servidão, enquanto Cretella Jr espécie de limitação administrativa. Di Pietro e Carvalho Filho entendem que é uma categoria própria, não se confunde com servidão porque não há coisa dominante, nem com limitação administrativa por não serevestir de caráter geral (mesmo no caso de tombamento coletivo, já que os imóveis atingidos são especificados). Carvalho Filho ainda entende que quanto ao motivo, o tombamento é ato vinculado, pois tem como pressuposto a defesa do patrimônio cultural, mas é discricionário no que tange à qualificação do bem e à necessidade de sua proteção. O tombamento pode atingir a propriedade material (móveis e imóveis) ou imaterial (ex. receita culinária, torcida do flamengo, tombamento do jeito de ser do carioca, etc). O problema do tombamento do bem imaterial é que impede o caráter dinâmico da manifestação cultural, razão porque a União tem usado o registro para o patrimônio imaterial (Decreto 3551). O art. 3º do DL 25/37 indica bens insuscetíveis de tombamento: a) que pertençam às representações diplomáticas ou consulares acreditadas no país; b) que adornem veículos pertencentes a empresas estrangeiras; b) bens do de cujus situados no estrangeiro; d) que pertençam a casas de comércio de objetos históricos ou artísticos; e) que sejam trazidas para exposições; e) que sejam importadas por empresas estrangeiras expressamente para adorno dos respectivos estabelecimentos. O tombamento de uso é inconstitucional, por obrigar o proprietário a dar destinação específica (RE 219292). A indenização ao proprietário inexiste, exceto nos casos em que reste comprovado o esvaziamento econômico da propriedade (REsp 220.983/SP, DJ 25/09/2000). O bem tombado é completamente disponível, podendo até ser hipotecado. Mas, haverá direito de preferência no caso de hasta pública (art. 892, CPC-15), não mais a havendo no caso de alienação onerosa, pois o CPC-15 revogou o art. 22 do DL 25/37. Previsão: art. 216, CF/88 e DL 25/37. Há competência legislativa concorrente (art. 24, VII, CF) e competência comum para preservação dos bens culturais (art. 23, III, CF). A competência para tombar é definida de acordo com a predominância de interesse (nacional, regional ou local). O mesmo bem pode ser tombado por mais de um ente federativo. Neste caso, há uma gradação de poder sobre o bem, com preferência para a União, depois do Estado. Como o tombamento não implica em transferência de propriedade, não se aplica a limitação do art. º, §2º DL 3365/1941, que proíbe o Município de expropriar bem do Estado (RMS 18952/RJ, DJ 30/05/2005). ESPÉCIES DE TOMBAMENTO. Quanto à constituição ou procedimento: a) de ofício: recai sobre bem público. Processa-se mediante simples notificação à entidade a quem pertencer ou sob cuja guarda estiver a coisa; b) voluntário: não há resistência por parte do proprietário, o qual anui ou requer o tombamento; c) compulsório: há resistência por parte do proprietário, que se opõe à pretensão de tombamento. A oposição ocorrerá no prazo de 15 dias da notificação de interesse de tombamento. A notificação gera efeitos de tombamento provisório. Quando à eficácia: a) provisório: é gerado pela simples notificação. Quando ainda está em curso o processo administrativo instaurado pela notificação, produzindo os mesmos efeitos do definitivo (“limitando o exercício dos direitos inerentes ao bem, mas também obrigando o proprietário a tomar as medidas necessárias à sua conservação”, STJ, REsp 753.534-MT), apenas dispensando a transcrição no registro de imóveis; b) definitivo: ocorre com o efetivo registro no livro do tombo. Quanto aos destinatários: a) geral: atinge todos os bens situados em um bairro ou em uma cidade; b) individual: que atinge um bem determinado. O tombamento provisório de bens não é fase procedimental a priori do tombamento definitivo, mas uma medida assecuratória de preservação do bem até a conclusão dos pareceres técnicos e da sua inscrição no livro de tombo. (STJ. RMS 8.252-SP). “O valor cultural do bem é anterior ao próprio tombamento. A diferença é que, não existindo qualquer ato do Poder Público que formalize a necessidade de protegê-lo, descaberia responsabilizar o particular pela não conservação do patrimônio” (STJ, REsp 753.534-MT).
TOMBAMENTO E DESAPROPRIAÇÃO. Diferenciando os âmbitos de incidência entre tombamento e desapropriação, o STF se manifestou no sentido de que o tombamento é aplicável aos casos de defesa do patrimônio cultural quando vinculado a fato memorável da história ou de excepcional valor artístico. À proteção da memória nacional, conceito mais amplo, fica reservada a desapropriação: "No tocante ao § 1º do art. 216 da Constituição Federal, não ofende esse dispositivo constitucional a afirmação constante do acórdão recorrido no sentido de que há um conceito amplo e um conceito restrito de patrimônio histórico e artístico, cabendo a legislação infraconstitucional adotar um desses dois conceitos para determinar que sua proteção se fará por tombamento ou por desapropriação, sendo que, tendo a legislação vigente sobre tombamento adotado a conceituação mais restrita, ficou, pois, a proteção dos bens, que integram o conceito mais amplo, no âmbito da desapropriação." (RE 182.782, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 09/02/95). → Trecho do voto: o ato de tombamento é vinculado quanto à existência fática e jurídica dos motivos, eis que, o Decreto-Lei n. 25/37, exige que a realidade factual esteja juridicamente qualificada, de forma hábil, para que um bem possa, licitamente, sofrer os ônus, não indenizados, do selo de sua integração no patrimônio histórico e artístico nacional. Necessidade de que o bem esteja vinculado a fato memorável da histórica pátria ou que seja de excepcional valor artístico. Adoção, in casu, do conceito mais amplo que o de patrimônio histórico e artístico, de “memória nacional”, conforme se lê no laudo judicial pericial, para cuja conservação o caminho não é o do ato gratuito de tombamento, mas o da desapropriação onerosa (art. 5º, “k” e “l”, do DL 3365/41). Cabe ao Poder Judiciário a aferição de respeito a este sistema e do respeito aos limites do poder discricionário. Na lição de Victor Nunes Leal, dizer-se se um bem foi acertada ou erradamente qualificado como de valor histórico ou artístico não é exame de conveniência ou oportunidade, mas indagação sobre se foi devida ou indevidamente aplicada a Lei.
TOMBAMENTO. PROCEDIMENTOS. Procedimento iniciado pelo Poder Público: 1) manifestação do órgão técnico (na esfera federal, é o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional - IPHAN).; 2) notificação do proprietário para anuir ao tombamento dentro de 15 dias; 3) caso haja anuência do proprietário à notificação ou ele não impugne, tem-se o tombamento voluntário, com a inscrição no Livro do Tombo; 4) havendo impugnação, caberá ao órgão que tomou iniciativa do tombamento sustentar suas razões em 15 dias; 5) o IPHAN terá 60 dias para decidir a respeito; 6) se a decisão for contrária ao proprietário, será determinada a inscrição no Livro do Tombo; se for favorável, o processo será arquivado; 7) a decisão do Conselho Consultivo terá que ser apreciada pelo Ministro da Cultura, que examinará o procedimento, anulando-o se houver ilegalidade ou revogando a decisão do órgão técnico, se contrária ao interesse público, ou, finalmente, homologando. Tombamento voluntário, requerido pelo proprietário: será ouvido o órgão técnico e, em caso de preencher os requisitos, será determinada a inscrição no Livro do Tombo. O tombamento se torna definitivo com a inscrição em um dos Livros do Tombo. Em se tratando de imóveis, exige a lei que se faça a transcrição no Registro de Imóveis. Essa transcrição não integra o procedimento do tombamento. A sua falta, contudo, impede as entidades públicas de exercerem o direito de preferência para aquisição do bem tombado (art. 22, DL 25). Cabimento de recurso - Decreto-Lei nº 3.866/41 – O Presidente da República, atendendo a motivos de interesse público, poderá determinar, de ofício ou em grau de recurso, interposto por qualquer legítimo interessado, que seja cancelado o tombamento. Modo de instituição: Parte da doutrina tem o entendimento de que a instituição tanto pode ser fixada por ato administrativo como por lei. STF: tombamento é da competência do Poder Executivo.Excepcionalmente é possível que o tombamento se origine da própria Constituição (ex.: art. 216, § 5º, CF: “ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos”, denominado pela doutrina de tombamento constitucional).
TOMBAMENTO. EFEITOS. 1) Se recaiu sobre bem imóvel, há a necessidade de averbação no RGI, para garantir publicidade e assegurar ao poder público o direito de preferência. O proprietário, antes de alienar o bem tombado, deve notificar o ente federativo, para exercer, dentro de 30 dias, o referido direito de preferência. Caso não observado, a lei comina de nulidade o negócio jurídico translativo e autoriza os entes públicos a sequestrarem o bem e a impor ao proprietário e ao adquirente a multa de 20% do valor do contrato; 2) Inalterabilidade do bem, sem anuência do Poder Público; 3) Restrições à alienação do bem: se público, será inalienável e se privado e a alienação for onerosa, o Poder Público tem preferência na aquisição (União, Estado, Município); 4) sujeita-se a fiscalização pelo Poder Público; 5) Se imóvel, haverá restrição para os vizinhos em relação à visibilidade do bem tombado, nos termos do artigo 18, DL 25/37. Trata-se de servidão administrativa em favor do bem tombado. Impõe aos proprietários dos prédios servientes a obrigação de não fazer construções que impeçam ou reduzam a visibilidade da coisa tombada e de não colocar cartazes ou anúncios. A esse encargo não corresponde qualquer indenização.
TOMBAMENTO. OBRIGAÇÕES. OBRIGAÇÕES POSITIVAS: a) conservação do patrimônio, que deve ser acompanhada pelo poder público. Qualquer conserto deve ser autorizado (art. 17, DL 25/37). Quando o proprietário não tiver condições de arcar com a conservação ou reparação, o poder público deve arcar com os custos ou promover a desapropriação. Se não o fizer, o particular pode requerer o cancelamento do tombamento (art. 19, DL); b) bem público tombado é inalienável, ressalvada a possibilidade de transferência entre os entes federados; b) bem particular tombado é alienável, mas o proprietário deve garantir o direito de preferência ao ente que registrou o tombo, sob pena de nulidade do negócio jurídico. OBRIGAÇÕES NEGATIVAS: A) obrigação de não danificar e não mutilar ou destruir a coisa (art. 17, DL 25/37). A propósito, “destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada” é crime (art. 165, CP), com pena de detenção de seis meses a dois anos. A pichação ou conspurcação de monumento urbano tombado também é crime (art. 65, LCA); b) não retirar a coisa do país, exceto por curto espaço de tempo, sem transferência de domínio ou propriedade (art. 14). Em caso de roubo ou furto, o proprietário deve comunicar ao poder público em 05 dias, sob pena de multa. OBRIGAÇÃO DE TOLERAR. O proprietário tem que suportar a fiscalização do poder público (art. 20, DL 25/37). O tombamento não impõe o dever de reconstrução, apenas de conservação. Não é possível impor ao proprietário atual que recrie prédio histórico destruído ou totalmente descaracterizado por obras feitas por terceiro décadas antes da aquisição, dando origem a novo prédio com características distintas. Logo, não pode ser exigido do novo proprietário a reconstrução (REsp 1047082)
REQUISIÇÃO. Utilização coativa de bens ou serviços particulares, pelo Poder Público, por ato de execução imediata e direta (ato administrativo auto-executório) da autoridade requisitante e indenização ulterior, para atendimento de necessidades coletivas urgentes e transitórias. É intervenção supressiva temporária. Pode recair sobre bem fungível ou infungível, consumível ou não (importante: o bem, mesmo sendo consumido, não configura desapropriação para fins de indenização prévia). Mas há divergência doutrinária sobre a requisição sobre bem infungível ou consumível. Seu fundamento constitucional está no art. 5º, XXV, CF/88: “no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”. A requisição administrativa pode ser civil (LD 04/62) ou militar. A militar (Lei 4812/42) objetiva o resguardo da segurança interna e a manutenção da soberania nacional, diante de conflito armado, comoção interna, etc. Já a requisição civil visa a evitar danos à vida, à saúde aos bens da coletividade, etc. O serviço privado não pode ser desapropriado, mas pode requisitar. No Estado de Defesa, permite-se a ocupação e o uso temporário de bens e serviço público, os quais possuem a natureza jurídica de requisição. Não é possível a requisição de bens públicos em situação de normalidade institucional: conforme Diogo Figueiredo (2015), ao analisar requisição federal de hospitais públicos municipais, o STF entendeu que a requisição administrativa tem por objeto, em regra, bens e serviços privados, apenas cabendo a requisição de bens e serviços públicos após a observância de declaração forma de Estado de Defesa ou Estado de Sítio. Compete privativamente à União legislar sobre requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; (art. 22, III, CF). A competência para requisitar é comum. Seu pressuposto é o perigo público iminente (mas a legislação prevê requisição sem perigo, no caso da Justiça Eleitoral). O controle judicial é possível quanto ao aspecto de legalidade. Todavia, é certo que existe certa discricionariedade na avaliação do administrador sobre a configuração da situação de perigo. 
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA. É intervenção restritiva de alguns poderes do proprietário da coisa serviente em benefício de coisa/serviço dominante (ex. servidão de passagem de cabos de concessionária de energia elétrica). É direito real de gozo sobre coisa alheia. A doutrina aponta que a relação de dominação não é de um bem em relação a outro, mas de uma finalidade sobre um bem (finalidade pública sobre a finalidade privada do bem): serviço dominante e bem serviente. É uma obrigação de deixar fazer; não há perda da propriedade; incide sobre o caráter de exclusividade da propriedade. Para a doutrina majoritária, é possível a incidência de servidão administrativa sobre bens públicos, desde que seja respeitada a "hierarquia federativa", por analogia ao art. 2°, §2°, do Decreto-Lei 3.365/41. CARACTERÍSTICAS: 1) Natureza de direito real na coisa alheia; 2) Situação de sujeição da coisa serviente em relação à coisa (ou serviço) dominante; 3) O conteúdo da servidão é uma utilidade inerente à coisa. Dá ao titular do direito real a possibilidade de usar, gozar ou extrair determinados produtos; 4) Incide sobre imóvel (no caso de bem público, deve ser observado o princípio da hierarquia federativa e deve contar com autorização legislativa). 5) Perpetuidade; 6) Indenização em razão de prejuízos (dano efetivo). A indenização não deve corresponder ao valor total do bem, mas apenas compensar as restrições impostas - para Di Pietro, não cabe indenização se a servidão decorrer de lei, exceto existência de prejuízo maior que os demais afetados. 7) Inexistência de autoexecutoriedade: só se constitui mediante lei, acordo ou sentença judicial. PRINCÍPIOS INFORMADORES. 1) Perpetuidade; 2) Não se presume; 3) Uso moderado; 4) Não se institui sobre coisa própria. CONSTITUIÇÃO. 1) Por lei, independentemente de qualquer ato jurídico, unilateral ou bilateral. É a regra (ex: servidão sobre as margens dos rios navegáveis e servidão ao redor de aeroportos). Servidão administrativa decorrente de fato: nasce de ato administrativo para colocá-la em execução, apesar de já prevista em lei (ex.: servidão em virtude de serviços de energia elétrica). Obs.: alguns autores não admitem essa forma de constituição, entendendo que, nesses casos, ter-se-á limitação administrativa (Carvalho Filho). 2) Por acordo, precedido de ato declaratório de utilidade pública (art. 40, DL 3365/41 – Súmula 56 STJ). Ex.: servidão de aqueduto, oleoduto, gasoduto; 3) Por sentença judicial (art. 40, DL 3365/41 – Súmula 56 STJ - Na desapropriação para instituir servidão administrativa são devidosos juros compensatórios pela limitação de uso da propriedade). Não observadas as formalidades necessárias à implementação da servidão administrativa (decreto de declaração de utilidade pública), em atenção ao princípio da eficiência e da continuidade do serviço público, deve ser mantida a servidão, com a indenização correspondente à justa reparação dos prejuízos e das restrições ao uso do imóvel, como ocorre com a desapropriação indireta. (REsp 857.596/RN, DJe 19/05/2008). O registro público da servidão é desnecessário quando for estabelecida por lei. Nas demais hipóteses é necessária para que se torne oponível erga omnes. EXTINÇÃO. 1º) Desaparecimento da coisa gravada; 2º) Cessação da necessidade pública ou da utilidade do prédio serviente; 3º) Incorporação do imóvel serviente ao patrimônio público. OBS: As servidões administrativas não se extinguem pelo não uso (prescrição). HIPÓTESES COMUNS. 1) Servidão De Terrenos Marginais: Há muitos autores que falam que se trata de uma limitação. Essa é uma questão polêmica. 2) Servidão ao lado do Aeroporto: quem mora próximo ao aeroporto sofre limitação de suas atividades e direito de construir. Ex.: altura e utilização de rádio-amador. Muitos autores também consideram como limitação. 3) Servidão de Patrimônio Tombado: as propriedades próximas ao patrimônio tombado ficam obrigadas a respeitar a visibilidade do patrimônio tombado. 4) Servidão De Fortificações Militares: proteção da segurança nacional. 5) Servidão de aqueduto: para aproveitamento de águas no interesse público
OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA. É intervenção supressiva temporária, através da qual se dará a utilização provisória de imóveis privados, como meio de apoio à execução de obras ou serviços públicos. Art. 36, DL 3365: “É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização”. CARACTERÍSTICAS. 1) Recai apenas sobre bens imóveis (no que se distingue da requisição); 2) Transitória; 3) Pressuposto é a necessidade de realização de obras e serviços públicos normais (ao contrário da requisição, que exige situação de perigo público) e 4) Indenização a depender da modalidade: se instituto complementar à desapropriação, há dever indenizatório (v. art. 36, DL 3365/41); nas demais hipóteses, só há direito à indenização se houver prejuízos para o proprietário.
DESAPROPRIAÇÃO. É procedimento por meio do qual se efetua a transferência compulsória de propriedade particular (ou pública de grau inferior para a superior) para o Poder Público ou seus delegados, por utilidade ou necessidade pública ou, ainda, por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro (art. 5º, XXIV, CF), salvo as exceções constitucionais. É forma originária de aquisição da propriedade, pois não decorre de nenhum título anterior. Assim, o bem expropriado torna-se impossível de reivindicação e eventuais credores ficarão sub-rogados no preço. Pela ótica da destinação dos bens, a desapropriação pode dar lugar à integração definitiva, quando o bem se integra definitivamente ao patrimônio do ente ou integração provisória, quando o bem será utilizado e desfrutado por terceiros (como na desapropriação para fins de reforma agrária e na desapropriação confiscatória). Tem como objeto bem móvel ou imóvel, corpóreo ou incorpóreo, público ou privado. Não são desapropriáveis bens ligados ao direito de personalidade, direitos autorais, vida, imagem e alimentos. A insuscetibilidade de alguns bens à desapropriação pode decorrer de impossibilidade jurídica (decorrente da lei/constituição, como a propriedade produtiva para fins de reforma agrária) ou de impossibilidade material (moeda corrente, direitos personalíssimos). Carvalho Filho defende a possibilidade de desapropriação de bens inalienáveis. Também entende possível a desapropriação de bens particulares tombados por outro ente federativo: a “entidade maior” pode desapropriar bem tombado pela “entidade menor”, desde que comprovado que o interesse público a ser atendido pela desapropriação tem prevalência sobre o que gerou o tombamento. Contudo, a situação diversa não seria possível, “porque é de se supor que o interesse atendido por esta última prevalece sobre a proteção do patrimônio local objeto do ato restritivo. A desapropriação somente seria admissível se houvesse autorização da autoridade maior”. A competência legislativa é privativa da União (art. 22, II, CF), mas os Estados podem ser autorizador a legislar sobre questões específicas por LC (art. 22, p. único, CF). Sujeito ativo ou com competência material é (declaratória) é concorrente das entidades federativas, com exceções: competência exclusiva da União no caso de desapropriação para fins de reforma agrária; 2) competência do DNER para declarar, com vistas à abertura de estradas e outras atividades do gênero – DL 512/69 3) competência da ANEEL para declarar, com vistas a instalações de concessionários ou permissionários de energia elétrica – Lei 9.648/98. A competência para executar é de União, Estados, Municípios, Distrito Federal, autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e concessionárias ou permissionárias de serviços públicos, sendo que a autorização para executar a desapropriação pela administração indireta e concessionárias ou permissionárias pode ser feita por meio de lei ou de contrato. O sujeito passivo da desapropriação é o proprietário que pode ser pessoa física ou jurídica, pública ou privada. Indenização: será identificada em cada tipo específico de desapropriação. A desapropriação, ensina Marco Aurélio Greco, deve configurar uma operação branca, sem enriquecer nem empobrecer o proprietário. A justa indenização deve manter íntegro o patrimônio do expropriado, cobrindo o prejuízo causado pelo desapossamento dos bens. PRESSUPOSTOS. o DL 3365/1941 só menciona o termo utilidade pública, enquanto a CF menciona a utilidade pública, a necessidade pública e o interesse social: a) utilidade pública: a transferência do bem é conveniente, embora não seja imprescindível; b) necessidade pública: decorre da emergência, cuja solução depende da transferência; c) interesse social: realça a função social da propriedade. São a desapropriação urbanística (art. 182, §4º, III, CF), a desapropriação rural (art. 184) e a desapropriação confiscatória (art. 243). Qualquer ente da Federação possui competência para efetuar desapropriação de imóvel rural para fins de interesse social, com vistas à implantação de colônias ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola, mediante o pagamento de prévia e justa indenização em dinheiro, nos termos do art. 5º, XXIV, da Constituição Federal c/c o art. 2º da Lei n. 4.132/1962. (RMS 13.959/RS, DJ 03/10/2005).
DESAPROPRIAÇÃO. ESPÉCIES. DESAPROPRIAÇÃO COMUM (ORDINÁRIA, REGULAR). Pode ser realizada por todos os entes políticos. Disciplinada pelo DL 3.365/41 (utilidade e necessidade pública) e Lei 4.132/62 (interesse social). 
DESAPROPRIAÇÃO. ESPÉCIES. DESAPROPRIAÇÃO SANCIONATÓRIA: POR INTERESSE SOCIAL PARA POLÍTICA URBANA (art. 182, §4º, III, CF). De competência exclusiva dos municípios, tendo como fundamento o descumprimento da função social da propriedade urbana. Esta cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. Só poderá ser promovida pelo Município após 3 providências sucessivas e infrutíferas: 1) exigência de promoção do adequado aproveitamento; 2) ordem de parcelamento, utilização ou edificação compulsória e 3) cobrança do IPTU progressivo no tempo, durante 5 anos, observada a alíquota máxima de 15%.A indenização é paga através de pagamento por títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais (art. 182 da CF). Os títulos da dívida pública não terão poder liberatório para pagamento de tributos. 
DESAPROPRIAÇÃO. ESPÉCIES. DESAPROPRIAÇÃOSANCIONATÓRIA: POR INTERESSE SOCIAL PARA REFORMA AGRÁRIA (art. 184, CF). Competência exclusiva da União, tendo como fundamento o descumprimento da função social da propriedade rural. Pelo art. 186 da CF, a função social da propriedade rural é cumprida quando atende ao aproveitamento racional e adequado, utilização adequada dos recursos naturais, observância das disposições que regulam as relações de trabalho e exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. A indenização é paga títulos da dívida agrária (TDA), com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis em até 20 anos, a partir do 2º ano de sua emissão; as benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro (sujeitos a precatório ou RPV). O valor das voluptuárias integra o TDA. São insuscetíveis à desapropriação para reforma agrária: 1) pequena e média propriedade, desde que o dono não possua outra; 2) propriedade produtiva. Obs.: para diferenciar propriedade urbana e rural o direito administrativo emprega o critério da destinação predominante (cuidado, o direito tributário utiliza o critério da localização – art. 32, CTN). DESAPROPRIAÇÃO DE BENS PÚBLICOS. O art. 2º, §2º do DL 3365/41 prevê expressamente a possibilidade de “os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados” mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa (da pessoa jurídica expropriante). Di Pietro e Carvalho Filho (e o STF) entendem que não há inconstitucionalidade na disposição, afinal da soberania – atributo exclusivo da União - resulta o domínio eminente do Estado (poder que a União detém sobre todas as coisas que estão no seu território), que é o fundamento da desapropriação, portanto, mais forte que a simples autonomia dos outros entes federados. Em regra, esta ação de desapropriação não provocará a competência do STF, inexistindo efetivo conflito federativo. A norma inscrita no art. 102, I, f, CF restringe-se, tão somente, àqueles litígios cuja potencialidade ofensiva se revele apta a vulnerar os valores que informam o princípio fundamental que rege o pacto federativo. Não há conflito federativo quando o objeto da ação em nada afeta as relações políticas entre as unidades federadas, sem densidade suficiente para abalar o pacto federativo. (STF, ACO 644 AgR, DJe 20-05-2013). O § 3º do art. 2º da LGD proíbe a desapropriação, pelos Estados, DF e Municípios de ações, cotas e direitos representativos do capital de instituições e empresas cujo funcionamento dependa de autorização do Governo Federal (ex. instituição financeira), salvo mediante prévia autorização, por decreto do Presidente da República. [5: O art. 2º, §1º do Estatuto da Terra especifica que a propriedade rural atende sua função social quando favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores, assim como de suas famílias; mantém níveis satisfatórios de produtividade; assegura a conservação dos recursos naturais; observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivem]
DESAPROPRIAÇÃO. ESPÉCIES. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. É fato administrativo, por meio do qual o Estado se apropria de bem particular, sem observância dos requisitos da declaração e da indenização prévia. É o esbulho possessório praticado pelo Estado, do qual decorre a incorporação de fato de um bem ao patrimônio público, através da através da concretização de obras públicas ou afetação a serviço público (antes, poderão ser ajuizadas ações possessórias e petitórias). A indenização compreende as mesmas parcelas da desapropriação direta, inclusive juros compensatórios. O pagamento deve ser feito por meio de precatório, porque resultante de uma decisão judicial. A ação de desapropriação indireta possui natureza real. Com fundamento no art. 550 do CC/1916, O STJ firmou a orientação de que "a ação de desapropriação indireta prescreve em 20 anos" (Súmula 119/STJ) – prazo da usucapião extraordinária. O CC/2002 reduziu o prazo para 10 anos (art. 1.238, parágrafo único), na hipótese de realização de obras ou serviços de caráter produtivo no imóvel, devendo-se, a partir de então, observadas as regras de transição (art. 2028, CC). Tem-se como legítimo, na ação de desapropriação indireta, o possuidor (mesmo sem a titularidade do domínio), restrita a indenização a reparar a afetação de seu patrimônio (REsp 182369). 
DESAPROPRIAÇÃO. ESPÉCIES. DESAPROPRIAÇÃO POR ZONA. É aquela que recai sobre área maior que a necessária, a fim de absorver a futura valorização dos imóveis vizinhos em decorrência da obra realizada. Na dicção do art. 4º do DL 3365, a “desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina e as zonas que se valorizarem extraordinariamente”. Para tanto, deverão tais áreas estar compreendidas na declaração de utilidade/necessidade pública, mencionando-se quais as indispensáveis à continuação da obra e as que se destinam à revenda. Quando a desapropriação destinar-se à urbanização ou reurbanização a ser realizada através de concessão ou PPP, o edital de licitação poderá prever que a receita decorrente da revenda ou utilização imobiliária integra projeto associado por conta e risco do concessionário, garantido ao poder concedente, no mínimo, o ressarcimento com as indenizações, quando estas ficarem sob sua responsabilidade. O STJ diferenciou as hipóteses que fundamentam a desapropriação por zona e a contribuição de melhoria: Na hipótese de valorização geral (beneficia indistintamente grupo considerável de administrados) e ordinária (todos os imóveis lindeiros à obra valorizam-se na mesma proporção), o Poder Público tem em mão o instrumento legal da contribuição de melhoria e, diante da valorização geral (todos os imóveis lindeiros à obra valorizam-se na mesma proporção) e extraordinária (um ou alguns se valorizam mais que outros sujeitos à mais-valia ordinária), tem a desapropriação por zona ou extensiva (art. 4º do DL n. 3.365/1941). Se a valorização for específica (apenas um ou alguns identificados ou identificáveis são beneficiados), pode o Estado abatê-la da indenização a ser paga (art. 27, DL 3365/41) (STJ, REsp 1.092.010-SC, DJe 15/09/2011). 
DESAPROPRIAÇÃO. ESPÉCIES. DESAPROPRIAÇÃO CONFISCATÓRIA. hipótese de desapropriação sem qualquer indenização ao proprietário, relativamente a propriedades rurais e urbanas, de qualquer região do país, onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo, as quais serão destinadas à reforma agráfia e a programas de havitação popular. Como não há indenização, não se trata propriamente de desapropriação, mas de modalidade de confisco ou perdimento de bens. Procedimento na Lei 8.257/91. A expropriação a que se refere aludido dispositivo deverá abranger TODA a propriedade e não apenas a área efetivamente cultivada (Informativo 540 STF). 
DESAPROPRIAÇÃO. ESPÉCIES. DESAPROPRIAÇÃO JUDICIAL. Previsto no art. 1228, §4º, do CC/2002: O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de 05 anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. O juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. Os requisitos referem-se ao exercício da posse (posse de boa-fé, independente de justo título, por cinco anos, exercida por número considerável de pessoas, com realização de obras ou serviços) e ao imóvel (extensa área e imóvel de outrem) objeto da medida. O CJF (enunciado 309), entende que a posse de boa-fé não é exigida em sua acepção subjetiva (desconhecimento de obstáculo que impede a aquisição da coisa). Exerce-se este direito através de defesa em ação reivindicatória (ou eventualmente

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