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Ponto 10 Resumão (150p.) TRF5 2016

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Ponto 10 - Direito de propriedade. Função social da propriedade. Desapropriação por necessidade ou utilidade pública. Desapropriação por interesse social. Desapropriação judicial. Regime das jazidas. Direito urbanístico. Ordem Econômica. Princípios. Intervenção no domínio econômico. Formas e limites de intervenção. Repressão do abuso do poder econômico. Empresa pública e sociedade de economia mista. Da comunicação social. O planejamento na ordem constitucional. Os direitos constitucionais dos trabalhadores. Organização sindical. Família, Educação e Cultura. Da Ciência e da Tecnologia. Da criança, do adolescente e do idoso.
DIREITO DE PROPRIEDADE
Conceito: E o direito real que consiste na faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou a detenha (CC, art. 1228). É um direito absoluto (no sentido da oponibilidade erga omnes). 
São atributos do direito de propriedade: usar, gozar, dispor e reivindicar.
Propriedade e domínio: para uma corrente, são expressões sinôminas (Tartuce); para uma segunda corrente, são expressões distintas (Rosenvald). O domínio seria o conteúdo interno do direito de propriedade, consubstanciado nos poderes de usar, gozar e dispor.
Propriedade na CF/88
A propriedade é um direito fundamental de primeira dimensão, com função social. Não é absoluto (como no liberalismo). Além do filtro da função social, pode sofrer limitações pela intervenção do Estado na propriedade (ex: desapropriação, requisição, ocupação temporária etc.). A propriedade e sua função social também são princípios da ordem econômica. 
A CF não assegura apenas o direito à propriedade imobiliária (concepção privatística estrita), fazendo menção a diversos bens corpóreos e incorpóreos, como as pretensões salariais, as participações societárias, direito de herança (art. 5º, XXX) direitos de patentes e marcas (art. 5º, XXIX) e os direitos autorais (art. 5º, XXVII); participação no resultado da lavra de minerais (art. 176, §2). A garantia constitucional da propriedade abrange não só os bens móveis ou imóveis, mas também outros valores patrimoniais.
Função social da propriedade
A propriedade não pode mais ser concebida com viés individualista (Estado Liberal), passando a ostentar relevante função social. Não se pode confundir a função social da propriedade com a coletivização do direito de propriedade. A propriedade que descumpre a sua função social não goza do mesmo nível de proteção que as demais.
Origem da função social da propriedade no Brasil: CF/46. No mundo: Constituição Mexicana de 1917.
Função social da propriedade na CF/88
A CF/88 trouxe ferramentas específicas para a verificar o atendimento concreto da função social da propriedade rural e diretrizes para a aferição da função social da propriedade urbana.
O CC, nos parágrafos do art. 1228, também cuidou da função social da propriedade. Observa-se, pois, que a função social da propriedade apenas legitima o uso da propriedade se esse uso respeitar direitos da sociedade como um todo, a exemplo do meio ambiente, da ordem econômica, do patrimônio histórico, dentre outros, e desde que não cause prejuízos a outrem.
Função social da propriedade rural
A função social é atendida quando atende, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
O desatendimento da função social da propriedade rural poderá ensejar a desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária.
Proteção à pequena propriedade rural produtiva: imunidade ao ITR e impenhorabilidade em relação ao pagamento dos débitos decorrentes de sua atividade produtiva, desde que trabalhada pela família (arts. 5º, XXVI e 156, §4º, II, CF).
Função social da propriedade urbana
A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor (CF, art. 182, §2º). 
O desatendimento da função social da propriedade urbana poderá ensejar desapropriação (CF, art. 182, §4º)
DESAPROPRIAÇÃO POR NECESSIDADE OU UTILIDADE PÚBLICA
Necessidade e utilidade pública são conceitos jurídicos indeterminados. Necessidade pública revela situações de urgência. Utilidade pública identifica situações de conveniência, embora não seja imprescindível.
As desapropriações por necessidade ou utilidade pública são reguladas pelo Decreto-Lei nº 3.365/41, que, em seu art. 5º, elenca os casos de utilidade pública.
DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL
O interesse social realça a função social da propriedade, em que o Poder Público busca reduzir as desigualdades coletivas na distribuição da propriedade por meio de um melhor aproveitamento, utilização ou produtividade.
A CF/88 previu duas espécies de desapropriação por interesse social: a) por interesse social comum (constante do art. 5º, XXIV. Regulada pela Lei nº 4.132/62, que em seu art. 2º elenca os casos de interesse social); b) por interesse social, para fins de reforma agrária, prevista no art. 184 da CF. 
O Decreto-lei 3.365/41 (Lei Geral das Desapropriações) aplica-se subsidiariamente no processamento das desapropriações por interesse social (art. 5º da lei 4.132/62).
A LC 76/93 regulamenta o art. 184, §3º, da CF, estabelecendo o procedimento especial sumário para a desapropriação. Já a Lei nº 8.629/93 regulamenta dispositivos constitucionais sobre a reforma agrária, tais como o sentido de propriedade produtiva, critérios para distinção entre solo e benfeitorias.
A desapropriação para fins de reforma agrária de imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, há de ser efetivada pela União, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão. Contudo, deverão ser pagas em dinheiro as benfeitorias úteis e necessárias. As voluptuárias são pagas em títulos da dívida agrária (CF, art. 184).
ATENÇÃO! Apenas a União pode realizar a desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária. 
DESAPROPRIAÇÃO JUDICIAL
O art. 1.228, §§ 4º e 5º, do CC/02 dispõe:
“(...). § 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.
§ 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.”
Existe divergência quanto à natureza jurídica do instituto. 1ª corrente (dominante): desapropriação judicial indireta. 2ª corrente: usucapião. 
Fundamento do instituto: função social da posse. É um exemplo de direito civil dos pobres, que é uma expressão de um autor mexicano para se referir a institutos do direito civil para a proteção da população de baixa renda
A indenização deve ser paga pelos próprios possuidores, salvo caso de população de baixa renda. Se se tratar de população de baixa renda e com finalidade de moradia, reforma agrária ou urbana, o Poder Público paga (a União, se for na zona rural; o município, se for na zona urbana). Para que eles realizem um pagamento, a Fazenda Pública tem que ser citada e isso gerará deslocamento de competência (para a vara da Fazenda, se for município; ou para a justiça federal, se for União).
O MP pode ter legitimidade para a desapropriação judicial indireta quando disser respeito a relevante interesse público.
Obs.1:enquanto não for paga a indenização não será lavrado o registro.
Obs.2: En. 305 do CJF – Art.1.228. Tendo em vista as disposições dos §§ 3º e 4º do art. 1.228 do CC, o MP tem o poder-dever de atuação nas hipóteses de desapropriação, inclusive a indireta, que envolvam relevante interesse público, determinado pela natureza dos bens jurídicos envolvidos.
Obs. 3: só será possível a desapropriação judicial indireta ser não for o caso de usucapião. Trata-se, pois, de caso de medida residual.
REGIME DAS JAZIDAS
Jazida é "toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando à superfície ou existente no interior da terra e que tenha valor econômico" (art. 6º do Decreto nº 62.934/68, que aprovou o Regulamento do Código de Mineração).
A mina é a jazida em lavra, ainda que suspensa. A jazida é fenômeno geológico, enquanto a mina é o resultado de exploração da jazida, traduzindo uma atividade econômica e produtiva.
Características das jazidas: a) natureza imobiliária; b) produz atividade extrativa; c) autonomia em relação ao solo; d) rigidez locacional; e) exaurível; f) não renovável.
As jazidas e os demais recursos minerais constituem patrimônio da União (art. 20, IX, e 176 da CF).
Ver art. 176 da CF.
Segundo o art. 2º do Código de Mineração (Decreto-Lei nº 227/67), os regimes de exploração para o aproveitamento das substâncias minerais são:
“I - regime de concessão, quando depender de portaria de concessão do Ministro de Estado de Minas e Energia; II - regime de autorização, quando depender de expedição de alvará de autorização do Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM; III - regime de licenciamento, quando depender de licença expedida em obediência a regulamentos administrativos locais e de registro da licença no Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM; IV - regime de permissão de lavra garimpeira, quando depender de portaria de permissão do Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM; V - regime de monopolização, quando, em virtude de lei especial, depender de execução direta ou indireta do Governo Federal. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos órgãos da administração direta e autárquica da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sendo-lhes permitida a extração de substâncias minerais de emprego imediato na construção civil, definidas em Portaria do Ministério de Minas e Energia, para uso exclusivo em obras públicas por eles executadas diretamente, respeitados os direitos minerários em vigor nas áreas onde devam ser executadas as obras e vedada a comercialização.”
O regime de monopólio é disciplinado por leis especiais e compreende, nos termos do art. 177 da CF/88, a pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos, bem como a pesquisa, a lavra o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados.
Ver art. 177 da CF.
	Segundo o STF, embora o art. 20, IX, da CF/1988 estabeleça que os recursos minerais, inclusive os do subsolo, são bens da União, o art. 176 garante ao concessionário da lavra a propriedade do produto de sua exploração (ADI 3.273 e ADI 3.366, Rel. p/ o ac. Min. Eros Grau, julgamento em 16-3-2005, Plenário, DJ de 2-3-2007.)
DIREITO URBANÍSTICO
Segundo José Afonso da Silva, o Direito Urbanístico é o conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos, sistemáticos e informados por princípio apropriados, que tenha por fim a disciplina do comportamento humano relacionado aos espaços habitáveis, ou seja, arte e técnica social de adequar o espaço físico às necessidades e à dignidade da moradia humana.
A CF/88 menciona o Direito Urbanístico no inciso I, do art. 24 que trata das competências concorrentes da União, Estados e Distrito Federal o que, para alguns autores, indica a autonomia da matéria no contexto da ciência jurídica.
As normas urbanísticas encontram-se dispersas em diversas leis.
A matéria de direito urbanístico, longe de se esgotar no art. 24 da CF, encontra relevante disposição no art. 182 que trata da política de desenvolvimento urbano executada pelo Poder Público Municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, com o objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. 
Prevalece a posição de que o Direito Urbanístico é ramo autônomo do Direito, uma vez que este possui princípios e disciplina próprios, ampliados com a aprovação do Estatuto da Cidade, apesar de guardar larga identidade com o Direito Administrativo.
O princípio da função social da propriedade constitui o núcleo central do Direito Urbanístico.
São princípios Constitucionais que conferem ao Direito Urbanístico autonomia e relevância material:
a) princípio da dignidade da pessoa humana;
b) princípio da igualdade;
c) função social da propriedade.
Considerando a vinculação da Administração Pública ao princípio da igualdade, esta deve se traduzir na elaboração e aprovação de planos que estabelecem regras respeitantes à ocupação, uso e transformação do solo urbano ou rural. A todo cidadão deve estar garantido, igualitariamente, o acesso à cidade.
É com a Lei nº 10.257/2001, o "Estatuto da cidade" que fica definitivamente consolidada a chamada "Ordem Urbanística", entendida como conjunto de normas de direito urbanístico.
Sobre o tema, há a recente Lei nº 13.089/2015, que instituiu o “Estatuto da Metrópole”. 
Objeto do Direito Urbanístico
O Direito Urbanístico objetivo tem por objeto regular a atividade urbanística, disciplinar a ordenação do território. Visa precipuamente a ordenação das cidades, mas os seus preceitos incidem também sobre as áreas rurais, no vasto campo da ecologia e da proteção ambiental, intimamente relacionadas com as condições da vida humana em todos os núcleos populacionais, da cidade e do campo.
Natureza jurídica das normas de Direito Urbanístico
Normas de ordem pública (cogentes), fruto do poder de polícia do Estado que, intervindo na disciplina das relações jurídicas, condiciona o exercício do direito de propriedade ao bem-estar social e à utilidade coletiva.
São instrumentos constitucionais relativos ao Direito Urbanístico para o Município promover a política de desenvolvimento urbano:
a) plano diretor: de acordo com o art. 182, §1, da CF, o Plano Diretor, obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana;
b) competência para legislar sobre assuntos de interesse local (art. 30, I);
c) competência para promover adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
d) desapropriação em razão de necessidade ou utilidade pública, ou interesse social (CF, art. 182, 3º);
e) Estatuto da Cidade – Lei 10.257/2001;
f) desapropriação-sanção para o imóvel incluído no plano diretor, não edificado, subutilizado ou não utilizado, cujo proprietário não tenha dado adequado aproveitamento (CF, art. 182, §4º).
	g) Estatuto da Metróple (Lei nº 13.089/2015) – enquanto o Estatuto da Cidade estabelece normas para regular o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança, do bem-estar dos cidadãos e do equilíbrio ambiental, o Estatuto da Metrópole, de outro lado, estabelece normas gerais para regular as funções públicas de interesse comum que são realizadas nas regiões metropolitanas e em aglomerações urbanas instituídas pelos Estados-membros.
ORDEM ECONÔMICA
Conceito e finalidade
Segundo Eros Grau, ordem econômica é “o sistema normativo voltado à ordenação do processo econômico, mediante a regulação, sob o ponto de vista macrojurídico, da atividade econômica, de sorte a definir uma disciplina destinada à efetivação da política econômica estatal” 
Aspecto material ou econômico: representa o conjunto de riquezas presentes no território de uma nação e sujeitas aoius imperi.
Aspecto formal ou jurídico: traduz-se no ordenamento constitucional e legal que disciplina as formas pelas quais a exploração da atividade econômica deverá ser efetuada.
A finalidade da ordem econômica é assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social.
Fundamentos e Princípios
Os fundamentos da ordem econômica são: a) valorização do trabalho humano; e b) livre-iniciativa. O art. 1º, IV, CF, estabelece serem fundamentos da República Federativa do Brasil: a) os valores sociais do trabalho; e b) os valores sociais da livre-iniciativa.
São princípios da ordem econômica (CF, art. 170):
I - soberania nacional. Trata-se da soberania nacional econômica. Constituição econômica é esse conjunto de regras da ordem econômica previstos da Constituição. O Estado, para ser soberano tem que ter força econômica. Tal princípio visa a evitar a influência descontrolada de outros países em nossa economia ou de agentes econômicos dotados de grande poder. 
II - propriedade privada e sua função social. Trata-se da propriedade privada dos meios de produção e da possibilidade de se apropriar dos resultados decorrentes da atividade desenvolvida. Lembrar que o direito de propriedade também é um direito fundamental, tendo, porém, que atender à sua função social, ou seja, deve se harmonizar com os interesses da sociedade.
III - função social da propriedade. Essa propriedade privada dos meios de produção deve garantir a função social da propriedade.
IV - livre concorrência - impõe ao Estado abrigar uma ordem econômica fundada na rivalidade dos entes exploradores do mercado. O mercado deve ser explorado pela maior quantidade de agentes possíveis, e o Direito deve garantir a entrada e a capacidade de concorrer a quem quer explorá-lo. A livre concorrência garante melhores condições de competitividade entre as empresas. A CF diz que a lei deve reprimir o abuso de poder econômico que visar a dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros (art. 173, §4º). Livre iniciativa: é a possibilidade de todos poderem exercer a atividade econômica. Livre concorrência: cuida das regras do exercício da atividade econômica, para que o seu livre funcionamento não reste turbado pelo abuso do poder econômico;
V - defesa do consumidor. O consumidor, último sujeito do ciclo da atividade econômica, é a parte mais frágil da relação, devendo receber proteção por regras específicas (CDC). A defesa do consumidor é direito fundamental previsto no art. 5º, XXXII, da CF.
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (EC 42/03). Traz a ideia de desenvolvimento sustentável, de modo que a atividade econômica deve estar orientada pela proteção e defesa do meio ambiente. Observar que a EC nº42/2003 estabeleceu, no art. 170, VI, CF, na defesa do meio ambiente, a possibilidade de tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.
VII - redução das desigualdades regionais e sociais. Constitui também um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (art. 3º, III). Esse princípio pode ser implemento com o auxílio de diversos instrumentos, a exemplo da criação de regiões administrativas (art. 43); através da lei que institui o plano plurianual (art. 165, §1º); dos orçamentos fiscal e de investimentos (art. 165, §7º), bem como através da possibilidade de concessão de incentivos fiscais, na forma do art. 151, I, etc. É também um dos objetivos da República Federativa do Brasil (art. 3º, III, da CF).
VIII - busca do pleno emprego. Não se trata da confirmação do princípio do pleno emprego, mas do princípio da “busca” do pleno emprego. Ao falar em “busca”, o legislador admite apenas a possibilidade de se alcançar uma situação próxima de pleno emprego desconsiderando a possibilidade de se alcançar uma situação concreta de pleno emprego.
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (EC 6/95). Este inciso traduz-se em uma AÇÃO AFIRMATIVA, com o fim de proteger as empresas de pequeno porte e de microempresas. Esse tratamento favorecido visa a afastar as desigualdades fáticas entre as grandes empresas, que são, em geral, mais automatizadas, enquanto as menores são responsáveis pela empregabilidade de pessoas.
A LC 123/06, implementando tal tratamento previsto constitucionalmente estabeleceu normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às ME’s e EPP’s no âmbito das três esferas federativas, sobretudo no que se refere ao 1) modo de recolhimento de impostos (SIMPLES); 2) cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias; e 3) acesso ao crédito.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. (eficácia contida).
Intervenção no Domínio Econômico. Formas e Limites de Intervenção
Segundo Eros Grau, a intervenção estatal pode ser direta (absorção e participação) ou indireta (direção e indução).
a) absorção: atuação em regime de monopólio. O regime de monopólio da União será exercido unicamente nos casos estritamente elencados pela CF/88 (petróleo, gás natural e minerais nucleares).
b) participação: o Estado atua paralelamente aos particulares, exercendo atividade econômica ou serviços públicos. Empresas públicas e sociedades de economia mista.
c) direção: atuação do Estado na economia através de instrumentos normativos de pressão, seja pela edição de leis ou outros atos normativos;
e) indução: incentivo do Estado. Ex: benesses creditícias, incentivos fiscais, aberturas de linhas de crédito etc.
Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
Ressalvados os casos previstos na Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
Com o advento da EC 9/95 (§1º do art. 177 da CF), houve uma flexibilização no monopólio estatal, podendo a União contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades retromencionadas, exceto quanto à pesquisa, à lavra, ao enriquecimento, ao reprocessamento, à industrialização e ao comércio de minérios e minerais nucleares, que, por uma questão de segurança nacional, continuam exclusivos daquele ente federativo.
Como exemplo de intervenção indireta do Estado no domínio econômico, com o objetivo de corrigir distorções em determinados segmentos da economia, podem ser mencionadas as contribuições sociais de intervenção no domínio econômico (art. 149, da CF).
As medidas fiscais de incentivo ao turismo (art. 180 da CF) como fator de desenvolvimento social e econômico; a intervenção do Estado na propriedade como forma de efetivar a reforma agrária (art. 184 da CF) e permitir o desenvolvimento das funções das cidades por meio da elaboração de plano diretor para os municípios com mais de 20 mil habitantes (art. 182 da CF), dentre outras, são formas de determinar o planejamento da atividade econômica.
REPRESSÃO AO ABUSO DO PODER ECONÔMICO 
A CF não reprime o poder econômico em si, o que ela reprime é o abuso, ou seja, há uma forma normal de exercício do poder econômico, a anormalidade é que deve ser combatida.
Direito Antitruste
Conceito: o direito dos países de economia de mercado trata das situações que desregulam a economia por meio de normas denominadas direito antitruste ou direito da concorrência. Tem o objetivo de identificar os praticantes do abuso, os órgãos que irão regulamentar, os que irão fiscalizare quais as normas aplicáveis.
Natureza jurídica: é um ramo dos direitos difusos (por isso não é direito comercial).
O parágrafo único do art. 1º da Lei 12.529/2011 expressamente afirma que a tutela do direito antitruste está voltada para a proteção da coletividade, um comando que resulta da Constituição econômica brasileira. Logo, a proteção da concorrência, mediante a vigilância do abuso do poder econômico, é forma de garantia da própria economia de mercado.
Conseqüências da natureza jurídica de direito difuso: responsabilidade objetiva e solidária, até como garantia da efetividade da tutela.
Truste designa as empresas ou grupos que, sem perder a autonomia, se reúnem com o objetivo de dominar o mercado e suprimir a livre concorrência. Geralmente, são grandes grupos ou empresas que controlam todas as etapas da produção, desde a retirada de matéria-prima da natureza até a distribuição das mercadorias. A expressão foi adaptada da expressão em inglês trust, que significa "confiança".
Formas de abuso do poder econômico: há duas formas de abuso do poder econômico:
a) Concentração (truste): um agente econômico muito grande que abusa de seu poder econômico.
b) Colusão (cartel): vários agentes econômicos unindo forças em acordo expresso ou implícito (alinhar conduta com a conduta do outro, mesmo que não tenham um vínculo, trata-se de uma linguagem comportamental). Essa forma é tratada com mais rigor do que a forma acima.
A CF previu três formas de abuso de poder econômico, “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.” Essas formas previstas na CF não podem ser extrapoladas pelo legislador, que não pode criar nenhuma forma que não tenha como contexto fático básico o domínio dos mercados, porque o direito da livre concorrência não está preocupado com conflitos meramente interindividuais, que não são capazes de abalar as estruturas do sistema de economia de mercado.
Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista
Regime jurídico: de direito privado, com influxo de regras de direito público.
Para o STF, os bens das empresas públicas e sociedades de economia mista são bens privados, embora exista divergência doutrinária. Contudo, o STF já decidiu que os bens das EP e SEM exploradoras de serviços públicos, bem como os bens das concessionárias de serviços públicos, quando vinculados diretamente à exploração do serviço público, gozam as prerrogativas dos bens públicos. Fundamento: princípio da continuidade dos serviços públicos, e não a natureza pública dos bens.
Empresa Pública
Suas características são:
a) objeto: exploração de atividade econômica de titularidade privada ou pública (serviço público);
b) personalidade jurídica: direito privado;
c) sócios: exclusivamente pessoas de direito público (ou de suas entidades de administração indireta) – art. 37, XX, da CF;
d) tipo societário: qualquer um;
e) criação: autorizada por lei;
f) não sujeição à Lei de Falências (lei 11.101/2005)
g) foro competente: se forem federais, a competência será da Justiça Federal;
Sociedade de Economia Mista
Suas características são:
a) objeto: exploração de atividade econômica de titularidade privada ou pública (serviço público);
b) personalidade jurídica: direito privado;
c) sócios: exclusivamente pessoas de direito público (ou de suas entidades de administração indireta) – art. 37, XX, da CF;
d) tipo societário: obrigatoriamente sociedade anônima;
e) criação: autorizada por lei;
f) não sujeição à Lei de Falências (lei 11.101/2005)
g) foro competente: Justiça Estadual
OBS1: as empresas públicas e sociedades de economia mista, quando exploradoras de serviços públicos, serão titulares de imunidade tributária recíproca e serão sujeitas ao regime de responsabilidade civil objetiva.
	OBS2: empresas públicas e sociedades de economia mista não integram o conceito de Fazenda Pública. No entanto, o STF já concedeu privilégios processuais típicos da Fazenda Pública às empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de serviços públicos.
	OBS3: A Lei 13.303/2016 disciplina o estatuto das empresas públicas e sociedades de economia mista.
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
A garantia constitucional de liberdade de comunicação social, prevista no art. 220, da CF/88, é complemento da norma prevista no art. 5º, IX, que consagra a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente, de censura ou licença.
Conceito de comunicação social: é o ramo da comunicação que tem como cujo objeto os meios de comunicação de massa (também chamados de Mídia) principalmente o Jornalismo e a Comunicação Organizacional (Publicidade, Propaganda, Relações Públicas, Comunicação de Marketing) de empresas e de organizações governamentais ou não-governamentais.
A publicação em veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade (art. 220, §6º, da CF/88). Por outro lado, os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagem serão explorados diretamente pela União ou mediante autorização, concessão ou permissão (art. 21, XII, a, e 223, CF).
A comunicação social também é orientada por uma série de princípios, dentre os quais destacamos:
 	a) inexistência de restrição: a manifestação de pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto na CF. Isto significa que as restrições e limites só poderão ser aqueles previstos na CF.
b) plena liberdade de informação jornalística: nenhuma lei conterá dispositivo que possa embaraçar a plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV (liberdade de manifestação pensamento, vedado o anonimato), V (direito de resposta, proporcional ao agravo, além de indenização por dano moral ou material) , IX (liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença), X (inviolabilidade da vida privada, da intimidade, da honra e da imagem, sob pena de indenização pelo dano moral ou material) XIII (liberdade de exercício de profissão, atendidas as qualificações que a lei estabelecer) e XIV (liberdade de locomoção no território nacional em tempo de paz), CF.
Em 17.06.2009, o STF derrubou a exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista, entretanto, tramita no congresso um projeto de lei prevendo a necessidade do diploma para o exercício da profissão.
c) vedação de toda censura de natureza política, ideológica e artística.
Diversões e espetáculos públicos: lei federal deve regular, informando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada.
Defesa contra programações de rádio e televisão que contrariem princípios constitucionais: lei federal deve regular.
Restrições legais à propaganda comercial: tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias. Na forma da lei 9.294/96. Se necessário, a propaganda deve conter advertência sobre os malefícios decorrentes do uso.
Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.
A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País (art. 222, caput). No caso de pessoa jurídica proprietária, setenta por cento do capital total e do capital votante das empresas deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação (art. 222, §1º). A participação de capital estrangeiro nessas empresas será definida em lei (art. 222, 4º)e as alterações de controle societário deverão ser comunicadas ao Congresso Nacional (art. 222, §5º)
Em qualquer meio de comunicação social, a responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção da programação veiculada são privativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos (art. 222, §2º).
Os meios de comunicação social eletrônica, independentemente da tecnologia utilizada para a prestação do serviço, deverão observar os princípios enunciados no art. 221, na forma de lei específica, que também garantirá a prioridade de profissionais brasileiros na execução de produções nacionais (art. 222, § 3º).
Ver art. 223 da CF.
O PLANEJAMENTO NA ORDEM CONSTITUCIONAL
Planejamento consiste num processo de intervenção estatal no domínio econômico com o fim de organizar as atividades econômicas para obter resultados previamente colimados.
Natureza jurídica do planejamento: 1ª corrente – ato jurídico (vinculante); 2ª corrente – ato político (não vinculante).
Segundo Celso Ribeiro Bastos, o planejamento é ato jurídico, sendo vinculante apenas para o setor público.
Existem basicamente dois sistemas básicos que organizam a vida econômica, que são o capitalismo e o socialismo. O capitalismo é o sistema econômico no qual as relações de produção estão assentadas na propriedade privada dos bens em geral e tem por pressuposto a liberdade de iniciativa e de concorrência. Já o socialismo propõe não somente a intervenção do Estado, mas a supressão da liberdade da iniciativa privada e o comando do Estado na esfera econômica.
A CF/88 conferiu ao Poder Público competência para planejar a atividade econômica global, sendo esse planejamento meramente indicativo para o setor privado, porém determinante para o setor público. Conferiu, ainda, ao Poder Público, no campo da atividade regulatória estatal, competência para reprimir o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
Os Direitos Constitucionais dos Trabalhadores
São direitos fundamentais de segunda dimensão (CF, art. 6º), mas existem direitos individuais dos trabalhadores.
Os direitos relativos aos trabalhadores são de duas ordens: a) direitos dos trabalhadores em suas relações individuais de trabalho, que são os direitos dos trabalhadores do art. 7º da CF; b) direitos coletivos dos trabalhadores (arts. 8º a 11), que são aqueles que os trabalhadores exercem coletivamente ou no interesse de uma coletividade deles, e são os direitos de associação profissional ou sindical, o direito de greve, o direito de participação e o direito de representação classista. (tópico a ser tratado no próximo item: organização sindical).
Ver arts. 7 a 11 da CF.
Obs.1: A EC 56/2006, deu nova redação ao inciso XXV, do art. 7º, alterando período de assistência gratuita, em creches e pré-escolas, aos filhos e dependentes do trabalhador: desde o nascimento até os 5 (cinco) anos de idade. Antes, o direito era assegurado até os 6 (seis) anos. A mudança para cinco anos de idade parece ter sido para adequar a regra à nova duração da educação infantil. Discute-se se isso não se configura inconstitucional, já que feriria a cláusula pétrea constante do inciso IV do § 4º do art. 60 da CF, bem como o princípio da “proibição de vedação do retrocesso”.
Obs.2: a EC 72/2013 ampliou os direitos dos empregados domésticos, acrescentando-lhes os previstos nos incisos VII (salário-mínimo), X (proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa), XIII (duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais), XV (repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos ), XVI (remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal), XVII (gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal), XXII (redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança), XXVI (reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho), XXX (proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil), XXXI (proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência) e XXXIII (proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos) do art. 7º, da CF.
O STF tem se posicionado pela possibilidade de efetivação de direitos sociais via Poder Judiciário, excepcionalmente. 
Quanto ao FGTS, o STJ editou a Súmula 353, reconhecendo a natureza de direito trabalhista e social (artigo 7º, III, da CF), afastando o entendimento de que teria natureza tributária.
Súmula 353 do STJ - “As disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às contribuições para o FGTS.”
ORGANIZAÇÃO SINDICAL
O art. 8º menciona dois tipos de associações: profissional e sindical. Em verdade, ambas são associações profissionais, com algumas diferenças. O sindicato é uma associação profissional com prerrogativas especiais, tais como: defender os direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, até em questões judiciais e administrativas; participar de negociações coletivas de trabalho e celebrar acordos e convenções coletivos; eleger ou designar representantes da respectiva categoria; impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais representadas. A associação profissional não sindical se limita a fins de estudo, defesa e coordenação dos interesses econômicos e profissionais de seus associados.
O sistema de liberdade sindical previsto na CF (art. 8.º) institui ampla autonomia coletiva para a fundação e direção desse ente associativo, não podendo o Estado intervir ou condicionar o exercício desse direito. Pode, contudo, ser exigida a inscrição do sindicato em órgão próprio (Ministério do Trabalho), bem como admite-se que a lei disponha genericamente sobre regras básicas de organização sindical.
No art. 8º, inciso IV, da CF/88, há previsão de uma contribuição confederativa, fixada pela assembleia geral da categoria, e uma outra contribuição prevista em lei, conhecida como contribuição sindical. É evidente que uma contribuição instituída por assembleia de categoria profissional não pode ser tributo, não cabendo sua imposição compulsória aos não filiados do sindicato. Totalmente diversa é a contribuição sindical prevista na parte final do dispositivo. Esta, porque instituída por lei, é compulsória e encontra sua regra matriz no art. 149 (contribuições de interesse das categorias profissionais), possuindo natureza de tributo (Súmula 666 do STF: A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo).
Direito de substituição processual
Consiste no poder que a CF conferiu aos sindicatos de ingressar em juízo na defesa de direitos e interesses coletivos e individuais da categoria. É algo diferente da representação nas negociações ou nos dissídios coletivos de trabalho. Trata-se de substituição processual, já que ele ingressa em nome próprio na defesa de interesses alheios.
Alexandre de Moraes menciona mais alguns direitos sindicais: direito de auto-organização interna dos sindicatos; direito de exercício da atividade sindical na empresa; direito democrático: eleições periódicas; direito de independência e autonomia; e direito de proteção especial dos dirigentes eleitos dos trabalhadores.
Sobre o tema, colaciona-se o seguinte julgado:
“RE 210029 / RS - 12/06/2006 - O artigo 8º, III da CF/88 (...) legitimidade extraordinária é ampla, abrangendo a liquidação e a execução dos créditos reconhecidos aos trabalhadores. Por se tratar de típica hipótese de substituição processual, é desnecessária qualquer autorização dos substituídos.”
Direito de Greve
Oart. 9º da CF assegura o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender e determina que a lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, inclusive responsabilizando os abusos cometidos.
A disciplina do art. 9º refere-se aos empregados de empresas privadas, entre as quais se incluem as sociedades de economia mista e as denominadas empresas públicas, uma vez que, em relação a essas, se aplica o art. 173, § 1º, da CF, que determina sua sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias.
A greve é o instrumento mais enérgico do qual os trabalhadores podem lançar mão para a defesa de seus direitos ou reivindicações. É importante que a CF/88 a ela se refira, em seu art. 9.º, mas é importante também não perder de vista a noção de abuso, além do que a sociedade não pode ser prejudicada com a realização de movimentos dessa natureza. Assim sendo, a lei define no Brasil (Lei n.º 7.783/89) os casos em que a greve será considerada abusiva, assim como as medidas a serem tomadas para que os serviços essenciais sejam mantidos. Para a maior parte da doutrina brasileira, a greve a que alude a Constituição deve ter sempre finalidades relacionadas ao desenvolvimento das relações de trabalho, não se admitindo greves de protesto, de natureza político-partidária e outras. 
Sobre o direito de greve dos servidores públicos, convém explicitar o entendimento do STJ a respeito. Nos moldes de entendimento jurisprudencial desta Corte, é assegurado ao servidor público o direito de greve, mas não há impedimento, nem constitui ilegalidade, o desconto dos dias parados (STJ, 5ª T., Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, 04.02.2003).
A maioria dos doutrinadores posiciona-se no sentido de a norma esculpida no art. 37, inc. VII da CF/88 ter eficácia limitada. O STF, em que pese não haver negado a eficácia limitada da norma que trata do direito de greve do servidor público, conferiu efeitos concretos aos Mandados de Injunção ajuizados pelos Sindicatos de Servidores Civis. O Tribunal, por maioria, conheceu dos mandados de injunção e propôs a solução para a omissão legislativa com a aplicação, no que couber, da Lei 7.783/89, que dispõe sobre o exercício do direito de greve na iniciativa privada. Isto, porém, não quer dizer que a norma do art. 37, VII, da CF deixou de ter eficácia limitada.
Família, Educação e Cultura
Educação
Segundo Gilmar Mendes, constituem princípios informadores da educação a Universalidade, igualdade, pluralismo (tem um sentido muito mais amplo do que apenas o pluralismo político, mas também de linhas de pensamento ou de transmissão do conhecimento, culturas, modo de pensar, etc. Se a sociedade é plural, então a Constituição deve ser pluralista), gratuidade do ensino público, gestão democrática da escola e padrão de qualidade.
Obs: a EC 59/2009 alterou a redação do art. 208, I, da CF para: “I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria”. Todavia, o art. 6º da referida emenda estabelece que a implementação da alteração deverá ocorrer progressivamente, até 2016, nos termos do Plano Nacional de Educação, com apoio técnico e financeiro da União.
Recomenda-se a leitura do art. 205 a 214 da CF.
Cultura
O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais, devendo proteger as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional, bem como fixar as datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
A própria CF já define o conteúdo do patrimônio cultural brasileiro como os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira; estabelece a obrigatoriedade do poder público, com a colaboração da comunidade, de promover e proteger o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
Recomenda-se a leitura dos arts. 215 e 216 da CF.
Da Ciência e da Tecnologia
Compete, constitucionalmente, ao Estado promover e incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas (art. 218), sendo, inclusive, facultado aos Estados e ao DF vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.
A pesquisa científica básica receberá tratamento igualitário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso das ciências. A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.
Recomenda-se a leitura dos arts. 218 e 219 da CF.
Observação: Atentar à emenda constitucional n. 85 de 2015, que inseriu os artigos 219-A e 219-B, permitindo expressamente que sejam firmados instrumentos de cooperação entre os órgãos e entidades públicos e privados e criou o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso
Tutela constitucional da família
A família foi reconhecida como base da sociedade e recebe proteção do Estado, nos termos dos artigos 226 e seguintes. Gustavo Tepedino, destaca que, na CF/88:
"a milenar proteção da família como instituição, unidade de produção e reprodução dos valores culturais, éticos, religiosos e econômicos, dá lugar à tutela essencialmente funcionalizada à dignidade de seus membros, em particular no que concerne ao desenvolvimento da personalidade dos filhos".
A instituição família é vista hoje deixando de lado o patriarcalismo, alicerçando-se em uma compreensão dos Direitos Humanos, a partir da noção da dignidade da pessoa humana, da qual decorrem alguns princípios que regem a família, tais como:
1) Princípio do pluralismo familiar ou da liberdade de constituição de uma comunhão de vida familiar (A norma constitucional abrange a família matrimonial, bem como quaisquer outras entidades familiares, como a união estável e família monoparental, mesmo que note-se certa resistência ao reconhecimento de famílias simultâneas pela jurisprudência do STF, justamente invocando a tutela da família);
2) Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges e companheiros (Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher);
3) Princípio da igualdade jurídica de todos os filhos (Decorre do princípio da dignidade da pessoa humana, iguala a condição dos filhos havidos ou da relação do casamento, ou por adoção, não mais admitindo-se qualquer diferenciação entre os mesmos); e
4) Princípio da paternidade responsável e planejamento familiar (O planejamento familiar é livre decisão do casal, fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável).
Tutela Constitucional do Idoso
No Capítulo destinado à família, o art. 229, da CF, reconheceu o princípio da solidariedade nas relações familiares, incumbindo os pais do dever de ampararem os filhos menores e estes ampararem aqueles na velhice, carência ou enfermidade. E como desdobramento natural do princípio da solidariedade, a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida (art.230, CF). 
Com vistas assegurar a afirmação dos direitos fundamentais da pessoa idosa e tutelar em diplomaslegislativos próprios, foram publicadas as Política Nacional do Idoso (Lei 8.842/94), e o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03), atribuindo a guarda da integridade destas à família, à sociedade e ao Estado. Tais diplomas trouxeram uma série de princípios e garantias assecuratórios da dignidade humana na terceira idade (ex.: a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida.)
Tutela constitucional da Criança, do Adolescente e do jovem
Sobressai da ordem social preconizada na CF/88, no Capítulo VII, Título VIII, a explícita priorização na proteção da criança, do adolescente e do jovem, com o estabelecimento de uma ordem de proteção máxima e especial que lhes fora atribuída, conforme se constata do caput do art. 226, “A Família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado” combinado com o art. 227 e seu § 3º, “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao laser, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” e “o direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos.
Tal função garantista da CF deve ser compreendida com a convocação do meta-princípio da dignidade da pessoa humana, em face da condição peculiar de pessoa em desenvolvimento em que sem encontram as crianças e adolescentes. No entanto, também deve-se identificar o adolescente como sujeito de suas ações; como sujeito de direitos, mas também de obrigações.
Obs.: a EC 65/2010 inclui o jovem no mesmo âmbito de proteção das crianças e adolescentes, além de inserir o §8º no art. 227 da CF, com a seguinte redação:
“(...); § 8º A lei estabelecerá: (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens; (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas. (Incluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010).”
DIREITO ADMINISTRATIVO
Ponto 10 - Domínio público. Conceito. Bens públicos. Conceito e características, regime e espécies. Regime jurídico dos recursos minerais. Terras devolutas. Terrenos de marinha e seus acrescidos.
Domínio Público: Conceito
Segundo Hely Lopes Meirelles, em sentido amplo, é o poder de dominação ou de regulamentação que o Estado exerce sobre bens do seu patrimônio (bens públicos), ou sobre os bens do patrimônio privado (bens particulares de interesse público), ou sobre as coisas inapropriáveis individualmente, mas de fruição geral da coletividade (res nullius ou adéspotas). 
Teremos em seus desdobramentos político e jurídico, a exteriorização do domínio público em poderes de soberania e em direitos de propriedade, respectivamente. Aqueles se exercem sobre todas as coisas de interesse público, sob a forma de DOMÍNIO EMINENTE; estes só incidem sobre os bens pertencentes às entidades públicas, sob a forma de DOMÍNIO PATRIMONIAL.
O DOMÍNIO EMINENTE é o PODER POLÍTICO pelo qual o Estado submete à sua vontade todas as coisas em seu território. É uma das manifestações da Soberania interna; não é direito de propriedade. Alcança não só os bens pertencentes às entidades públicas como a propriedade privada e as coisas inapropriáveis, de interesse público. Esse poder superior é geral, mas não é absoluto, pois está condicionado à ordem jurídico-constitucional. É o domínio GERAL e POTENCIAL sobre bens alheios, que FUNDAMENTA a desapropriação, a servidão administrativa, etc.
O DOMÍNIO PATRIMONIAL do Estado sobre seus bens é DIREITO DE PROPRIEDADE (pública) sujeito a um regime administrativo especial. Advirta-se, porém, que as normas civis não regem o domínio público; suprem, tão somente, as omissões das leis administrativas.
Bens Públicos
São aqueles bens móveis ou imóveis pertencentes às pessoas de direito público.
O CC/02 restringiu bastante os bens públicos, afirmando que em seu artigo 98 que: “São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem”. Esse conceito restringe os bens públicos à titularidade das pessoas jurídicas de direito público. Nada obstante, os bens de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público também gozam de prerrogativas de direito público, como as garantias da impenhorabilidade e não onerabilidade; assim, mesmo não abrangidas no conceito de bens públicos, os regimes e garantias aplicam-se a esses bens, afetados ao interesse da coletividade. Já as empresas estatais exploradoras de atividades econômicas não têm qualquer garantia inerente aos bens públicos (CARVALHO, Matheus, 2014).
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS:
1) quanto à titularidade: a) bens da União – art. 20, CF; b) bens estatais ou distritais – art. 26, CF; c) bens municipais – não foram expressamente contemplados na Constituição, mas há vários bens que lhes pertencem pela sua localização.
2) quanto à destinação: a) de uso comum – Art. 99, I, CC. Destinados ao uso indistinto de todos, em virtude de sua natureza ou por lei. Ex: praias (em razão da natureza) e praças (em razão da lei de parcelamento do solo urbano); b) de uso especial – Art. 99, II, CC. Destinam-se especialmente à execução do serviço público, sendo, por esta razão, instrumentos desses serviços. Ex: cemitério ou prédio da prefeitura; c) dominicais/dominiais – Art. 99, III, CC. São bens do Estado como objeto de direito real ou pessoal, i.e., os que constituem o patrimônio DISPONÍVEL. 
3) quanto à disponibilidade, são: indisponíveis (bens de uso comum: mares, ruas, logradouros públicos), patrimoniais indisponíveis (bens de uso especial: afetados ao serviço público) e patrimoniais disponíveis (dominicais em geral).
Características dos Bens Públicos
São características dos bens públicos: 
a) inalienabilidade relativa: os bens de uso comum e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem essa qualidade. É possível a alienação de bens públicos dominicais. 
b) impenhorabilidade: não se sujeitam a penhora. Os bens das empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica, por não serem considerados bens públicos, não podem ser penhorados. São impenhoráveis os bens de empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de serviços públicos, bem como os bens de concessionárias de serviços públicos vinculados a exploração do serviço público explorado.
c) imprescritibilidade: não são passíveis de usucapião (prescrição aquisitiva).
d) não onerabilidade: o credor da Fazenda Pública não pode ajustar garantia real incidente sobre bem público, sob pena de nulidade absoluta da garantia.
Alienação dos bens públicos
Requisitos para alienação de bens públicos: interesse público, prévia avaliação, licitação e, caso se trate de bem imóvel, autorização legislativa (art. 17, Lei 8.666/93)
1.8 Instrumentos de outorga de uso privativo
	São instrumentos de outorga de uso privativo de bens públicos:
a) autorização de uso: há o predomínio do interesse particular. É um ato administrativo discricionário, precário e, como regra, sem previsão de prazo de duração. Não há licitação prévia. É revogável a qualquer tempo, sem indenização, exceto se outorgada por prazo certo e determinado. Após a autorização, o uso do bem é facultativo. Ex: fechamento de rua para festa.
	b) permissão de uso: equilíbrio entre interesse público e particular. É um ato administrativo discricionário e precário e, como regra, sem previsão de prazo de duração. Em regra, dependede licitação (divergência). É revogável a qualquer tempo, sem indenização, exceto se outorgada por prazo certo ou se for condicionada.
	c) concessão de uso: é um contrato administrativo de direito público, oneroso, sinalagmático e intuitu personae. Exige licitação, não é precária, possui prazo determinado, só admite rescisão nos casos previstos em lei (não revogação), pode ser remunerada ou não. Após a concessão de uso, a utilização do bem é obrigatória pelo particular.
	d) concessão de direito real de uso: é o contrato administrativo que confere um direito real resolúvel. Exige prévia licitação. È transmissível por ato inter vivos ou causa mortis.
REGIME JURÍDICO DOS RECURSOS MINERAIS
No regime constitucional brasileiro de aproveitamento dos recursos minerais, o Estado detém o domínio e o controle sobre os recursos minerais e consente sua exploração ao particular. 
O subsolo constitui unidade distinta do solo para FINS DE aproveitamento mineral.
 Os recursos minerais, por princípio constitucional, são propriedade distinta do solo e pertencem à União. Daí derivam-se todas as modalidades legais, regimes de aproveitamento, os procedimentos necessários para tal, e a existência do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), encarregado de normatizar e fiscalizar esses procedimentos. 
Para fundamentar tais argumentos a Constituição Federal de 1988 (CF/88) prevê no art. 20, IX, que são bens da União: “os recursos minerais, inclusive os do subsolo”. Por força do art. 20, § 1º é garantida à União, Estados e Municípios PARTICIPAÇÃO no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou COMPENSAÇÃO FINANCEIRA por essa exploração.
Quanto à competência para legislar, o art. 22, XII, prevê que compete privativamente a União legislar sobre jazidas, minas, recursos minerais e metalurgia.
A CF/88 contemplou o mandamento legal previsto no Código de Mineração, diferenciando os termos mais utilizados: 
JAZIDA é toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando à superfície ou existente no interior da terra, com valor econômico (art. 4º); 
MINA é a jazida em lavra, mesmo que esteja suspensa; 
PESQUISA MINERAL (art. 14) consiste na execução de todos os trabalhos necessários à definição, avaliação, determinação da jazida e exigibilidade do seu aproveitamento econômico;
LAVRA (art. 36) são operações coordenadas que visam o aproveitamento industrial da jazida, desde a extração até o beneficiamento das substâncias minerais. 
RECURSO MINERAL é uma concentração ou depósito na crosta da Terra, de material natural, sólido, em quantidade e teor e/ou qualidade tais que, uma vez pesquisado, exibe parâmetros mostrando, de modo razoável, que seu aproveitamento pode ser factível na atualidade ou no futuro.
Subsolo é a parte inferior do solo; é constituído por camadas geológicas mineralizadas, superficiais ou não, contendo minerais com utilidade econômica.
MINÉRIO é qualquer substância metalífera
Referente à propriedade dos recursos minerais, o art. 176 da CF/88 institui que: As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.
O mandamento constitucional deixa claro que os recursos minerais não pertencem aos proprietários do solo, mas à União. O proprietário do solo tem garantido constitucionalmente o direito de participação nos resultados da lavra, tida como uma INDENIZAÇÃO, um ressarcimento, que deverá ser pago tanto na fase de pesquisa, quanto para a lavra, podendo ser feito através de um acordo entre o pesquisador ou minerador com o superficiário, ou, no Poder Judiciário, ocasião em que o DNPM fará uma avaliação mediante procedimento simplificado, acompanhado pelas partes e apurará os valores a serem pagos pelo titular do direito minerário.
As substâncias minerais só podem ser utilizadas legalmente através dos Regimes de aproveitamento dos Recursos minerais, de maneira que o parágrafo primeiro do art. 176 descreve os requisitos constitucionais para atividade, nos seguintes termos: § 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais (...) somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.
Sendo os recursos minerais pertencentes à União, constituem MONOPÓLIO da União (art. 177, V, CF/88) a PESQUISA, LAVRA, ENRIQUECIMENTO, REPROCESSAMENTO, INDUSTRIALIZAÇÃO e o COMÉRCIO de minérios. Em teoria econômica, sabe-se que monopólio é a exploração de certo setor de atividade por alguém em caráter singular.
Prescreve o art. 225, § 2º da Carta Política, que os recursos minerais têm natureza jurídica de bens ambientais, essenciais a qualidade de vida dos brasileiros e estrangeiros residentes no País. Ler artigos 176 e 177, CF.
Bens de domínio hídrico
A primeira disciplina foi do Código das Águas (D.L. 24.643/34). 
Quando foi elaborado, a idéia era de que as águas não acabariam, por isso, as águas foram divididas em:
1) ÁGUAS PARTICULARES – Obs. Citadas apenas para fins de classificação.
A Justiça Federal já tem decisão nesse sentido, entendendo a água como bem de domínio público. A Lei 9.493/97 regulamenta a utilização das águas, tratando-as como bens de domínio público e de fornecimento finito. Há doutrinadores de peso defendendo esse entendimento de que NÃO há mais águas privadas.
2) ÁGUAS PÚBLICAS – que, por sua vez, foram divididas em:
a) águas correntes: mar territorial, rios e riachos, 
b) águas dormentes: lagos, lagoas e açudes,
c) potenciais de energia hidráulica (estabelecidos pela CF/88)
RIOS PÚBLICOS – são os situados dentro de terrenos públicos, bem como os navegáveis e os flutuáveis. Navegáveis são os rios que comportam navegabilidade de qualquer espécie de embarcação. Flutuáveis são os rios que comportam o transporte de hastes de lenha. Os braços de rios que saem desses rios e os que influenciam na construção de um rio navegável, também são públicos.
LAGOS E LAGOAS PÚBLICAS – mesma definição dada aos rios públicos.
MAR TERRITORIAL – oceano a partir da baixa-mar, costa, 12 milhas.
As águas públicas podem ser: 
1) FEDERAIS – se situam em território da União; que atravessam mais de um Estado; que servem de limite para mais de um país; que nascem em território estrangeiro e se estendem ao Brasil e vice-versa; mar territorial e potenciais de energia elétrica.
2) ESTADUAIS – todas aquelas que não forem do domínio da União.
Não existem águas municipais (artigo 20, III e artigo 26, I, da CF/88).
Bens de domínio terrestre
São as terras devolutas, os terrenos de marinha, os acrescidos de marinha, os terrenos marginais, ribeirinhos ou reservados, e as ilhas.
TERRAS DEVOLUTAS – são conceituadas POR EXCLUSÃO, isto é, seu conceito é RESIDUAL. São terras vagas, abandonadas, não utilizadas quer pelo Poder Público quer pelos particulares. Seu conceito é residual justamente porque não se encontram destinadas a qualquer uso público, nem incorporadas ao domínio privado.
As terras, no Brasil, foram divididas em 03 etapas: SESMARIAS, OCUPAÇÕES e a PRIMEIRA REGULAMENTAÇÃO DA LEI 601/1850. 
As SESMARIAS estão associadas à ideia de capitanias hereditárias, no Brasil Colônia; aqui surgiu a presunção de que todas as terras pertenciam ao Poder Público, pois todas pertenciam a Portugal (que era a Coroa). Sesmaria era um pedaço de terra que o donatário da capitania outorgava ao interessado, que tivesseinteresse em ocupá-la, demarcá-la, fazer dela sua residência, cultivá-la. A outorga era feita por meio de uma CARTA DE SESMARIA (eram os primórdios da enfiteuse, porque o sesmeiro não tinha o domínio pleno, que permanecia à Coroa Portuguesa). Caso os deveres do sesmeiro não fossem cumpridos, a sesmaria caía em comisso, ou seja, voltava para a coroa.
As OCUPAÇÕES substituíram as sesmarias e consistiam na ocupação desordenada pelos posseiros, sem registro. Em 1850, foi editada a Lei 601, que regulamentou a questão das terras: foram legitimadas as ocupações, foram revogadas as sesmarias, proibidas novas ocupações e quem assim agisse seria considerado delinqüente; foi estabelecido, ainda, o primeiro conceito de terra devoluta. Atualmente, o conceito de terras devolutas é: são aquelas terras que não são utilizadas pelo poder público e não estão no domínio privado.
PROCEDIMENTO DISCRIMINATÓRIO foi criado pela Lei 6.383/76, que buscou uma forma de separar as terras públicas das privadas, é a esse fim que se destina o procedimento discriminatório; que é composto por 02 fases:
1) Fase Administrativa – no ES, o órgão responsável é o IDAF; nessa fase são feitas as publicações de editais para reclamação da terra, se ninguém comparece, passa a ser o Estado; se comparece e há título passa a ser titular.
2) Fase Judicial – ocorre por meio da AÇÃO DISCRIMINATÓRIA de rito especial, sendo a titularidade de seu ajuizamento do poder público.
Se o Estado não discrimina as terras, elas poderão ser usucapidas e o ajuizamento da usucapião impede a instauração do procedimento discriminatório.
As terras devolutas pertencem ou a União ou aos Estados, pela CF/88, artigo 20. São da União as terras devolutas indispensáveis à:
1) Defesa das fronteiras (faixas de fronteira são as áreas consistentes na faixa de terra para dentro do território nacional na distância de 150 km da fronteira com outros países) – as terras devolutas que estejam dentro da faixa de fronteira (que é bem particular com limitações) serão de titularidade da União e não dos Estados;
2) Defesa das fortificações e construções militares;
3) Defesa das vias federais de comunicação;
4) Preservação ambiental, definidas em lei.
Entendeu o STF, na ADI255/RS, Informativo 619, que somente aos aldeamentos indígenas extintos antes da Constituição de 1891 teriam sido excluídas do domínio da União (pertenceriam aos Estados) e os demais a ela pertenceriam, de modo que o Estado-membro não poderia legislar sobre a matéria (Por haverem perdido o caráter de bens destinados a uso especial, passaram à categoria de terras devolutas).
SÚMULA Nº 477 STF - AS CONCESSÕES DE TERRAS DEVOLUTAS SITUADAS NA FAIXA DE FRONTEIRA, FEITAS PELOS ESTADOS, AUTORIZAM, APENAS, O USO, PERMANECENDO O DOMÍNIO COM A UNIÃO, AINDA QUE SE MANTENHA INERTE OU TOLERANTE, EM RELAÇÃO AOS POSSUIDORES.
TERRENOS DE MARINHA (DL 9760/46) – são bens dominicais e pertencem à União.
OCUPAÇÃO DAS ÁREAS DE MARINHA – é a posse precária sem a existência de contrato com a União, que então cataloga o ocupante e cobra uma TAXA DE OCUPAÇÃO.
Súmula 496 STJ: "Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União."
O STJ, no julgamento do REsp 1.150.579-SC, sob o regime de recurso repetitivo, entendeu que (...) compete ao Serviço do Patrimônio da União a atualização anual da taxa de ocupação dos terrenos de marinha. (...); a classificação de certo imóvel como terreno de marinha depende de prévio procedimento administrativo, com contraditório e ampla defesa, porque aí há, em verdade, a imposição do dever. Ao contrário, a atualização das taxas de ocupação, que se dá com a atualização do valor venal do imóvel, não se configura como imposição ou mesmo agravamento de um dever, mas sim recomposição de patrimônio devida na forma da lei. (...) No caso das taxas de ocupação dos terrenos de marinha, é despiciendo o procedimento administrativo prévio com participação dos administrados interessados, bastando que a Administração Pública siga as normas do Dec. n. 2.398/1987 no que tange à matéria. Após a divulgação da nova planta de valores venais e da atualização dela advinda, aí sim os administrados podem recorrer administrativa e judicialmente dos pontos que consideram ilegais ou abusivos. (...).
TERRENOS MARGINAIS OU RESERVADOS: são aqueles que, banhados pelas correntes navegáveis, fora do alcance das marés, se estendem até a distância de 15 metros para a parte da terra, contados desde a linha média das enchentes originárias (DL 9.769/46, Art. 4º). 
José dos Santos Carvalho alerta que há grande controvérsia sobre o domínio dos terrenos reservados, mas entende que pertencem aos Estados os localizados à margem de correntes ou lagos navegáveis, isto se, por algum título, não estiverem no domínio federal, municipal ou particular. Em relação aos rios não navegáveis, dispõe o art. 12 do Código das Águas que, dentro de uma faixa de 10 metros, fica estabelecida servidão de trânsito para os agentes da Administração, quando em execução de serviço.
Mas existe súmula do STF regulando o assunto: STF, 479. As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização. 
Para MARIA SYLVIA: os terrenos reservados podem ser bens públicos ou bens particulares. A presunção é a de que sejam bens públicos. 
 
	UNIÃO
	Terrenos marginais dos rios navegáveis, em territórios federal, se por título legítimo não pertencerem a particulares.
	Terrenos marginais de rios e ilhas situadas nos territórios, na faixa de fronteira e nas zonas onde se faça sentir a influência das marés.
Os terrenos marginais são as faixas de terras particulares, marginais aos rios, lagos e canais públicos na largura de 15 metros (TRF1). Essa é posição também de HELY LOPES MEIRELLES.
Os terrenos marginais pertencerão ao titular do rio (Federal ou Estadual). 
Os rios não navegáveis são bens particulares, mas que estão gravados pela servidão de passagem de agentes públicos na distância de 10 metros da margem para dentro do terreno. 
ILHAS – A CF/88 tornou públicas as ilhas, que podem ser estaduais ou federais (artigo 20, IV). As federais são as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limites com outros países; as ilhas oceânicas e costeiras, excluídas destas as pertencentes ao domínio dos Estados. Esse dispositivo constitucional foi objeto de emenda constitucional EC/46.
1) OCEÂNICAS – estão fora da plataforma continental
2) COSTEIRAS – estão dentro da plataforma continental
Art. 20. IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, EXCLUÍDAS, destas, as que contenham a SEDE de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
Cabe citar que o ADCT define que a ilha de Fernando de Noronha integra o Estado de Pernambuco.
PLATAFORMA CONTINENTAL: é a extensão das áreas continentais sob o mar até a profundidade de cerca de duzentos metros. Não está incluída na CF/88 como bem da União, mas sua posição já se encontrava definida na Constituição Federal anterior e assim foi mantida por força do disposto no art. 20, I, CF: “São bens da União: I – os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos.”
FAIXA DE FRONTEIRAS: é a área de 150 KM de largura, que corre paralelamente à linha terrestre demarcatória da divisa entre o território nacional, como dita o art. 20, § 2º, da CF. Essa área não é, em sua integralidade, bem de domínio público. O que a CF registra é que pertencem à União as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras (art. 20, II), o que significa que nem todas as áreas situadas na referida faixa se caracterizem como bens públicos.
É vedada a ampliação de terra indígena já demarcada, salvo em caso de vício de ilegalidade do ato de demarcação e respeitado o prazo decadencial de 5 anos. (Inf. STJ/564)
DIREITO PENALPonto 10 - Direito Penal Econômico. Bem jurídico supraindividual. Responsabilidade penal das pessoas jurídicas. Crimes contra o meio ambiente. Crimes contra a economia popular. Crimes contra as relações de consumo no Código de Defesa do Consumidor. Crimes contra a ordem tributária e econômica e contra as relações de consumo. Crimes contra a ordem econômica e o Sistema de Estoques de Combustíveis.
DIREITO PENAL ECONÔMICO. BEM JURÍDICO SUPRA-INDIVIDUAL.
A consolidação do direito penal econômico como objeto de estudo sistemático somente adveio com os problemas de escassez e racionamento de mercadorias, após a eclosão da Segunda Grande Guerra. A retomada de seu estudo e de sua importância sobreveio com os anos 70, marcada por duas graves crises petrolíferas (1973 e 1979). 
De tradição liberal, não por acaso a expressão ordem econômica empregada na legislação penal brasileira limitou-se a abarcar a proteção de normas sobre preços, ou sobre a concorrência desleal, sendo a primeira delas a Lei 1.521/1951, que dispõe sobre “crimes contra a economia popular”, e cujos dispositivos, em grande parte, ainda se encontram em vigor.
É possível vislumbrar sob a ótica da composição típica dos crimes econômicos a inevitável interdependência do Direito Econômico e do Direito Penal. Além disso, o resultado que produz é, de um modo geral, incerto e,habitualmente, é anônima ou indeterminada a pessoa ofendida. Por fim, o terceiro elemento deconfiguração seria o elemento subjetivo, consistente no propósito, por parte do autor, de obter um lucro adicional ou uma utilidade complementar no giro normal dos negócios; mediante a execução das manobras constitutivas do delito, este afã de lucro busca materializar-se em uma ganância desorbitada.
Elementos de identificação do direito penal econômico: “direito de superposição”, que visa à regulamentação econômica; indeterminação do sujeito passivo (coletividade); elemento subjetivo do lucro e atividade econômica.
As Constituições contemporâneas, dentre as quais a CF/88, incorporam princípios do Estado Liberal, bem como do Estado Social, o que se reflete na própria conformação do direito penal hodierno. Com efeito, ao lado de princípios liberais que resguardam interesses individuais e fixam limites ao poder punitivo estatal, há de se notar preceitos que ampliam a intervenção jurídico-penal, ao alargarem o campo dos bens objeto de sua proteção, nele incluindo os de natureza supraindividual.
Pontua L. Regis Prado que “o exercício do poder econômico que não tenha e não possa ter o efeito de dominância de mercado, eliminação da concorrência ou aumento arbitrário de lucros não é considerado abusivo e, por conseguinte, não é objeto de repressão legal. Somente quando a própria competição está em risco, configurando exercício abusivo, é que há a repressão” (Direito Penal Econômico, 5ª ed, p. 45).
A Ordem Econômica encontra fundamento constitucional nos artigos 1º, IV, bem como nos artigos 170 e seguintes da CF.
Prevalece como fundamento do Direito Penal Econômico a corrente dualista. A despeito das coerentes ponderações que respaldam principalmente o posicionamento monista-pessoal (de que sujeitos passivos seriam indivíduos ou a soma de interesses individuais), acolhe-se, uma concepção dualista, a qual concebe tanto bens jurídicos individuais quanto coletivos. Os bens jurídicos a serem selecionados pela lei penal não se limitam mais aos “naturais” e ao patrimônio individual. Daí um novo bem jurídico: a ordem econômica, que possui caráter supra-individual e se destina a garantir a política econômica do Estado, além de um justo equilíbrio na produção, circulação e distribuição da riqueza entre os grupos sociais. Esse bem jurídico, entretanto, não é arbitrário, pois decorre do tipo de Estado definido nas Constituições (Marinucci).
Costuma-se definir o direito penal econômico sob uma perspectiva ampla e outra restrita: a)AMPLA, diz respeito às infrações que afetam a regulamentação jurídica da produção, distribuição ou consumo de bens e serviços; b) RESTRITA, abarca as infrações penais que lesionam ou põem em perigo a ordem econômica, entendida como regulação jurídica do intervencionismo estatal na economia de um país. 
Vê-se que a definição em sentido amplo busca abarcar não apenas os delitos contra a “planificação estatal da economia”, mas aqueles relacionados com a atividade econômica, bem como os direcionados contra as normas estatais que organizam e protegem a vida econômica. 
Em outra direção, também é possível definir o direito penal econômico como a disciplina especial do direito penal que, em último grau, protege bens jurídico-penais (econômicos), com alcance meta ou supraindividual, de condutas que os lesionem ou que sejam capazes de lesioná-los, perturbando, ou desestabilizando, a ordem econômica desse Estado,
Renato de Mello Jorge Silveira entende que a proteção da ordem econômica abarca a tutela do sistema financeiro nacional, da ordem tributária, do adequado funcionamento das empresas e do mercado, podendo ainda englobar, por determinação constitucional, as relações de consumo e o meio ambiente, mencionados, respectivamente, no art. 170, V e VI, da CF/1988. Luciano Anderson de Souza, por sua vez, identifica que, sob a rubrica do direito penal econômico, comumente se encontram as infrações penais contra a ordem econômica, tributária, financeira, previdenciária e relações de consumo.
Uma primeira particularidade dos crimes econômicos se observa quanto ao modus operandi mais elaborado, mais sutil, mascarando, no mais das vezes, por trás de “aparências perfeitamentelícitas”, complexos e intrincados esquemas, o que torna os bens jurídico-econômicos alvos especialmente suscetíveis a danos ou a serem expostos a perigo. Esta distinção se baseia, em parte, na especificidade social do agente, que, via de regra, pertence a elevados e esclarecidos estratos sociais, o que deu margem à categoria criminológica do “colarinho branco”. Tais características, segundo a doutrina, justificaram a criação de tipos criminais de perigo abstrato, ou o abuso de normas penais em branco, e mesmo o abrandamento de garantias processuais-penais.
Ainda, a enorme danosidade social, ou a magnitude da lesão ao bem jurídico, (aliada às evidentes dificuldades de quantificação do montante dos danos) é um traço distintivo dos crimes econômicos, o que traz à tona o debate sobre a inclusão de crimes patrimoniais tradicionais entre os crimes econômicos, quando atingirem grandes proporções.
Contudo, a distinção mais marcante entre os novos bens jurídicos, dentre os quais os bens jurídico-econômicos, e os bens jurídicos tradicionais reside, sem dúvida, em seu caráter supraindividual e permanente, o que remete tanto à impossibilidade de identificação de uma vítima individualizável quanto à impossibilidade de precisar o momento da consumação dos ilícitos (para não tornar a mencionar suas dimensões).
Durante algum tempo, a dogmática jurídico-penal hesitou na aceitação desta categoria de bem jurídico, em razão da vocação do direito penal - herdada de suas tradições liberais - para a tutela exclusiva dos bens jurídicos atinentes à pessoa humana, relacionados. Contudo, segue a ensinar Figueiredo Dias, a história trouxe o reconhecimento de outra categoria de bens jurídicos “que, sendo concretizações dos valores constitucionais ligados aos direitos sociais e à organização económica, se relacionam com a atuação da personalidade do homem como fenômeno social, em comunidade e em dependência recíproca dela; ainda estes pertencem ao direito penal, em regra de caráter secundário, especial, extravagante ou económico-social”.
Conclusões
I - Da convicção de que a economia necessita ser organizada, de modo a manter sua estabilidade, é que se originou o direito penal econômico. Seu desenvolvimento faz perceber que o conteúdo do direito penal econômico depende em grande parte do modelo político-econômico do Estado.
II - No Brasil, a ordem econômica supõe a busca de justiça social.
III

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