Buscar

DIREITO PENAL II AULAS (Av.1)- Daniela Portugal

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

DIREITO PENAL II – AULAS
CRIME
	Fato típico
	Ilicitude/Antijuridicidade
	Culpapidlidade
	
	Não estar em:
	
	Conduta
	Estado de necessidade
	1. Impultabilidade
	Resultado
	Legítima Defesa
	2. Potencial consciência da ilicitude
	Nexo de Causalidade
	Estrito cumprimento de um dever legal
	3. Exigibilidade de conduta diversa
	Tipicidade
	Exercício Regular de um direito 
	
	
	5*. Consentimento do ofendido
	
CONCEITO DE CRIME
1. LEI
Crime é a infração penal, punida por pena de reclusão ou detenção (LICP).
LICP: Infração Penal (Gênero) Conceito bipartido de infração penal:
CRIMES = DELITOS Pena => Reclusão (Regime fechado, semi-aberto e aberto) e Detenção (Regime Semi-aberto e aberto)
CONTRAVENÇÕES Pena => Prisão Simples (Regime semi-aberto e aberto)
A lei não diferencia na essência CRIMES de CONTRAVENÇÕES.
2. MATÉRIAL
Crime é a ofensa ao bem jurídico.
3. ANÁLITICO
Para o conceito analítico, o conceito é dividido. Para a Teoria Bipartida, crime é o FATO TÍPICO + ILICITUDE. Para a Teoria Tripartida, crime é FATO TÍPICO+ILICITUDE+CULPABILIDADE.
OBS: Crime deve atender a todos os elementos, se não, não é crime.
FATO TÍPICO
CONDUTA
Conceito
Seguindo a teoria finalista de Hans Welzel, conduta é um comportamento humano comissivo ou omissivo, livre e consciente, direcionado a um determinado fim. 
Responsabilidade Penal da pessoa jurídica
A lei 9.695/86 (Lei dos Crimes Ambientais), ela inovou e trouxe, no seu Art. 3º, a responsabilidade penal da pessoa jurídica para crimes ambientais. Mas questiona-se: essa lei é constitucional? E para responder essa pergunta, utilizou-se os Art. 225 e o 173, §5º da Constituição Federal de 88.
Quanto ao Art. 255, temos duas correntes: 
1) A Constituição consagra a responsabilidade penal da pessoa jurídica
2) A disposição das palavras do texto possuem um sentido de ser, condutas das pessoas físicas no ambto penal, e as atividades das pessoas jurídicas no ambto administrativo.
Já no Art. 173, §5º, essa disputa é acirrada mais ainda:
1) Sanção Penal compatível à pessoa jurídica
2) Sanção Penal incompatível com pessoa jurídica
No entanto, o art. 225 fala de meio ambiente, já o art.173 fala sobre ordem econômica, ordem financeira e economia popular. Para o STF, tal lei é constitucional. E qual seria o âmbito de incidência da responsabilidade penal da pessoa jurídica?
Mais uma vez, a doutrina se divide:
a) Ela vai para qualquer crime;
b) Somente para crimes ambientais;
c) Vincula à um grupo de crimes, aqueles referidos na constituição (Meio ambiente, ordem econômica, ordem financeira e economia popular). 
No entanto, os 3 ultimos crimes se constituiriam normas de eficácia limitada, havendo apenas lei infraconstitucional para o crime ambiental (Lei 9.695/86, Lei dos Crimes Ambientais). Portanto, hoje existe apenas, no Brasil, a responsabilidade de pessoa jurídica para casos de crimes ambientais.
Quais seriam então os argumentos pró e contra à responsabilidade da pessoa jurídica:
Favorável:
- Nova realidade;
- Teoria da Realidade: A Pessoa Jurídica é uma realidade (se contrapõe à ficção jurídica);
- Se a pessoa jurídica tem autonomia para celebrar contratos, ela terá também a responsabilidade;
- Dificuldade da percepção da pessoa física;
- Tendência mundial, que começa com países de Common Law, e mais modernamente, os países de tradição romano-germânica estão passando a admitir essa responsabilização.
Contrários
- Incompatibilidade desse sistema com o sistema jurídico penal;
- Violação ao princípio da Responsabilidade Pessoal e da Intranscendência das Penas;
- Direito Penal meramente simbólico, um Direito Penal de fachada. Estaremos punindo menos, já que pessoa jurídica não pode ser presa, então haverá uma punição menor, já que o direito penal não é necessário para punir, seja por multa, encerramento de atividades etc. Pode ser feito por áreas como o Direito Administrativo, por exemplo.
- Direito Penal na contramão.
Voltamos então ao Art. 3º da Lei dos Crimes Ambientais: 
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
A infração deve ser cometida pelo Representante Legal ou do Orgão Colegiado, e...
Ser cometido no proveito/ interesse da pessoa jurídica.
Obs: Se só interessou à pessoa física, apenas ela responderá.
Duplo Concurso (= Concurso Necessário = Imputação simultânea = dupla imputação)
MP pode denunciar: 
-só Pessoa Jurídica
-Só Pessoa Física 
- PJ + PF
STJ podia denunciar:
- Só Pessoa Física
- PJ + PF (Concurso Necessário)
No entanto, recentemente, o STF estabeleceu:
-Só Pessoa Física 
- Só Pessoa Jurídica
- PJ + PF
Ou seja, extinguindo o Duplo Concurso (Concurso Necessário). Então, no ano passado, em 2016, o STJ então, adotou essa posição do STF.
OBS¹: (...)
OBS²: Quando não existia a responsabilidade penal da pessoa jurídica, o STJ pegava o quadro societário e denunciava a todos. 
3. Causas de exclusão da conduta
A conduta será um comportamento humano voluntário, direcionado para um determinado fim (conceito tradicional). Nós temos alguns comportamentos que são passíveis de exclusão da conduta:
a) Força Física Irresistível: uma conduta humana que esta esvaziando outra conduta, totalmente, de sua voluntariedade. 
Obs.: Não confundir força física irresistível com Coação Moral Irresistível, que é uma coação de ordem psicológica. A coação física exclui conduta, já a coação moral, de ordem psicológica, é a exclusão da culpabilidade. Não exclui conduta em nenhum caso, mas o que muda é o motivo.
a.2) Força Física da Natureza: Não à conduta voluntária, mas algo que ocorre por fatores da natureza.
b) Ato de Inconsciência: é um ato produto exclusivo do inconsciente humano, por isso não se caracteriza conduta. Ex.: Hipnose 
c) Ato Reflexo: é um impulso orgânico, não temos nenhum tipo de domínio sobre ele. Ex.: Alguém está tendo ataque de epilepsia e acaba mordendo e arrancando o dedo de alguém.
RESULTADO 
1. CONCEITO
O resultado produzido pelo crime será jurídico e/ou naturalístico. Todo o crime que se consuma produz, pelo menos, resultado jurídico.
Resultado Naturalístico: é um resultado que altera a natureza das coisas, é um estado material (que pode ser visto). 
Obs.: Todo crime que se consuma produz resultado jurídico, mas nem todo crime que se consuma possui resultado naturalístico.
2. CRIMES FORMAIS X MATERIAIS X MERA CONDUTA
MATERIAIS: são crimes que dependem do resultado naturalístico, ele é imprescindível. Não haverá consumação do crime, sem que o resultado naturalístico tenha sido produzido.
FORMAIS: são crimes que se consumam com a produção do resultado jurídico. 
Obs.: Esses crimes nem sempre produzem resultado naturalístico e, se produzem, será mero exaurimento.
Ex.: Extorsão (a consumação da extorsão independe da vantagem econômica). Mas então, como se consumaria a extorsão? A jurisprudência e a doutrina então, dividiram as fases da extorsão: 1) Exigência; 2) Constrangimento da vítima; 3) Obtenção da vantagem.
A consumação e o resultado jurídico está em (2). Já o resultado naturalístico (dispensável, expurimento) está em (3). 
Por este motivo, os crimes formais são chamados também, de crimes formais de consumação antecipada. Além disso, crimes formais admitem tentativa, e ela se estende de (1) até imediatamente antes de (2).
Maria recebe ligação em que, um rapaz afirma que matará a sua filha, caso não lhe transfira 20 mil reais. Maria imediatamente vai à uma delegacia de polícia, informa o caso e, sobre orientação da autoridade policial, armando uma emboscada para o agente, que é preso no encontro em que Maria lhe entregaria o dinheiro. Isso é extorsão tentada, extorsão consumada ou crime impossível pelo flagrante preparado?
MERA CONDUTA: os crimes de mera conduta são crimes nos quais o tipo penal não descreve
um resultado, mas sim um verbo, que em si representa a consumação do crime.
Ex.: Violação de Domicílio
3. ITER CRIMINIS
É o itinerário do crime.
Alguns pressupostos:
1) Esse itinerário só se aplica para crimes dolosos;
2) Nem todos os crimes dolosos possuem todas essas fases.
FASES:
1ª) COGITAÇÃO
Fase estritamente mental; momento que o sujeito pensou o crime. A cogitação NUNCA será punível.
2ª) ATOS PREPARATÓRIOS
Fase em que o sujeito se cerca de todos os cuidados para viabilizar a prática futura do crime. Em regra, não são puníveis, mas comporta exceções.
3ª) ATO EXECUTÓRIO
Há uma dúvida muito grande para o momento que começa a execução do crime:
Teoria Objetivo-Formal: Para essa teoria, a execução começa quando o agente começa a praticar o verbo nuclear do tipo penal.
Teoria Material: O perigo concreto de lesão marca o início da execução.
Obs.: Da Execução até o momento que antecede imediatamente a Consumação, chamamos de tentativa.
5ª) EXAURIMENTO
É tudo aquilo que se causa/provoca pós-consumação. Via de regra, o exaurimento é um post factum impunível.
4. CONSUMAÇÃO X TENTATIVA 
Está no Art. 14 do C.P.
4.1) CONCEITO
Crime Consumado (Art.14, I): 
Quando reúne todos os elementos de sua definição legal. Quando se analisa TIPO INCRIMINADOR, é importante saber que se divide em:
TIPO OBJETIVO, sendo este:
Descritivo ou Normativo (envolve alto grau de valoração), análise do que está descrito na norma;
e TIPO SUBETIVO (tipos dolosos, culposos, preterdolosos), análise da intenção do agente.
Crime Tentado (Art. 14, II): 
Verifica-se quando, iniciado a execução, o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Não podemos chamar de tentativa um ato meramente preparatório. Só podemos falar em tentativa quando o crime não se consumou, não podemos dizer que um crime é tentado cujo resultado já tenha sido antecipado (crimes formais de consumação antecipada).
 Existem casos na qual o indivíduo acaba mudando de ideia por circunstâncias alheias após iniciar o ato executório (só vale para crimes dolosos). A tentativa tem natureza jurídica na causa de diminuição de pena e de norma de extensão da tipicidade, de acordo com o Parágrafo Único do Artigo 14 (Exemplo: Artigo 121 c/c 14, II, Parágrafo Único, CP). É capaz de o próprio legislador tipificar a tentativa, não precisando usar a norma de extensão e a consequente diminuição de pena (Artigo 352, CP/40).
OBS.: A Lei de Contravenção Penal, de maneira expressa, descreve que não é punível a tentativa de contravenção.
Alguns tipos de tentativa:
-Tentativa Vermelha/Cruenta x Tentativa Branca/Incruenta: na tentativa vermelha, existe uma lesão parcial ao bem jurídico (tentativa de matar o indivíduo, porém, apenas causa uma lesão na perna, por exemplo) , enquanto uma tentativa branca é quando o indivíduo consegue causar um perigo concreto de lesão ao bem jurídico, mas não consegue lesionar parcialmente o bem jurídico (quando há a tentativa de homicídio, onde os tiros acabam atingindo a parede).
-Tentativa Perfeita x Tentativa Imperfeita: Na tentativa perfeita, também chamada de crime falho, o autor executa tudo aquilo que planejou mas, ainda assim, o crime não se consuma (quando uma execução é encomendada, todas etapas são concluídas, porém o homicídio não se concretiza, o indivíduo sobrevive). Já na tentativa imperfeita, o agente não consegue executar todo seu plano de autoria, não conseguindo executar tudo que foi planejado, pois o mesmo será impedido por algo ou por alguém (um alarme da casa toca, e o indivíduo, com medo de ser preso em flagrante, desiste de cometer o crime).
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
DESISTENCIA VOLUNTÁRIA
Desistência Voluntária verifica-se quando iniciada a execução, porém, antes da consumação, o agente desiste voluntariamente de prosseguir e abandona a execução. Como consequência, não será punido por tentativa, mas apenas pelos atos até então praticados. Para que possamos falar de desistência voluntária, não houve a consumação e é indispensável a voluntariedade. É feita durante a execução do crime e modifica a tipicidade, pois o indivíduo responde apenas pelos atos praticados até o momento da desistência. A desistência voluntária se dá através de uma “omissão”, deixar de continuar a execução.
ARREPENDIMENTO EFICAZ 
Já o arrependimento eficaz, também previsto no Artigo 15, verifica-se quando após a execução do plano do autor, todavia, antes da consumação, o sujeito ativo se arrepende e adota postura ativa direcionada a “reverter” a situação, impedindo a consumação. Se ele consegue impedir, fala-se em arrependimento eficaz. Como consequência, o agente responde somente pelos atos até então praticados. O arrependimento eficaz se dá através de uma ação (levar o indivíduo ao hospital após atirar nele).
Obs.: Arrependimento Posterior 
Previsto no Artigo 16, verifica-se quando após a consumação, o agente, voluntariamente, repara o dano ou restitui a coisa antes do recebimento da denúncia. Só se aplica para crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa. Produzirá como consequência a diminuição de pena (de 1/3 a 2/3).
O furto de um carro de R$40.000,00 por exemplo, passa por um inquérito policial, em que o delegado manda o resultado da investigação para o promotor/MP (oferecimento de denúncia) e, por fim, o juiz vai receber ou rejeitar a denúncia. O arrependimento posterior se dá em qualquer momento antes do recebimento da denúncia.
NEXO DE CAUSALIDADE
Conceito
É o vínculo que conecta a conduta ao resultado, demonstrando que este efetivamente derivou daquele comportamento que se quer punir. 
Teorias 
Vão tentar explicar o que é que é causa em D.P.
2.1. Teoria da Causalidade Adequada
Só é causa o evento suficientemente idôneo (= adequado/determinante) à produção do resultado. Ou seja, escolhe um único evento para ser a causa. Essa teoria, portanto, não é adotada.
2.2. Teoria da Representação
Para esta teoria, funcionarão como causa, os eventos fáticos relevantes para o resultado, entendendo-se como tais, aqueles em face dos quais se manifesta previsível a ocorrência do resultado. Essa teoria também comporta falhas.
2.3. Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais
É a teoria adotada pelo Código Penal brasileiro. É também chamada de Teoria da Conditio Sine Qua Non. 
Causa é a condição sem a qual, não teria ocorrido o resultado tal qual ocorreu. Essa teoria não quer saber se essa causa é mais ou menos relevante, ela vai dizer que tudo aquilo que está atrás do resultado, ligando-se a ele pelo mínimo que seja, tudo isso é causa.
Obs.: A Teoria da Equivalência dos Antecedentes Casuais identifica o que é e o que não é causa a partir de um Juízo Hipotético de Eliminação. O problema, é que esse Juízo Hipotético terá como grande crítica, é que a aplicação desse raciocínio tende ao infinito; tudo vai ser causa. Esse problema hoje é solucionado com o exame do dolo e culpa.
O C.P. é muito criticado por ter adotado esse teoria.
Mais modernamente, existe uma teoria que não está no código, mas que vem sendo associando à teoria da equivalência, que é a chamada Teoria da Imputação Objetiva.
Concausas
É mais de um evento causal relacionado a um mesmo resultado. Se divide em duas grandes espécies:
A) CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES 
São aquelas que não guardam entre si, nenhum vínculo. São analisadas de maneira autônoma. Nestes casos, identificaremos aquela à qual se atribui a consumação e para todas as demais, somente será possível imputar tentativa.
Ex¹ Preexistente:
Um sujeito A atira em B com intensão de matar, só que minutos antes, B havia tomado um veneno. B morre, mas a perícia constata morte por envenenamento. A responde então, a tentativa de homicídio.
Ex² Concomitante:
A e B, coincidentemente, querem matar C, mas nenhum sabe do plano do outro, e ambos atiram exatamente na mesma hora contra C. O tiro de A pegou na cabeça, o tiro de B pegou na perna. A perícia constata que o tiro fatal foi o tiro de A. B responde, portanto, por tentativa de homicídio,
porque existe um concausa, independente e concomitante.
Ex³ Superveniente:
A quer matar B, e coloca veneno na comida de B. Antes do veneno fazer efeito, e sem que B soubesse que estava envenenado, B resolve se suicidar. A responde, portanto, por tentativa de homicídio.
B) CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES
Assim chamadas, porque entre elas existe um vínculo que nos permite dizer, que o resultado derivou, não de uma ou outra isoladamente, mas sim do somatório de ambas. Como consequência, os eventos causais são somados, atribuindo-se a ambos a consumação.
Ex¹ Preexistentes:
A sabe que B é hemofílico, e ele atira na perna de B com a intensão de matar. B morre. A responde por homicídio doloso consumado.
Ex² Concomitante:
A e B querem matar C, e combinam entre si para fazer isso. Ambos atiram contra C. C morre em decorrência da hemorragia. A e B respondem por homicídio doloso consumado.
Ex³ Superveniente (está no CP no Art. 13, §3º):
Situação 1: A atira em B com intensão de matar. B é levado ao hospital com vida, em estado grave, lá contrai infecção hospitalar e morre.
Situação 2: A atira em B com intensão de matar. B sobrevive e é levado em ambulância, mas a caminho do hospital, a ambulância cai do viaduto e todos que estavam dentro morrem. 
O CP impõe aqui um critério de solução: “nas concausas relativamente independentes supervenientes, observaremos a natureza do evento superveniente. Se ele está dentro de uma margem probabilística razoável, estará mantido o nexo, imputando-se a consumação. De outro lado, se o evento exorbita (=transborda) completamente essa margem razoável, probabilística, significa que o evento superveniente rompeu o nexo, e o agente responderá por tentativa”. 
Situação 1: O agente responde por homicídio doloso consumado. Para a jurisprudência, pequenos erros médicos estão dentro do desdobramento comum.
Situação 2: O agente responde por tentativa de homicídio.
Questões para pensar:
1) A e B, coincidentemente, querem matar C. Cada um colocou 2 gotas de veneno na xícara de C, sem saber um da conduta do outro. C morre. A perícia constata que, para ser letal, a dose mínima deveria ser de 3 gotas.
Garantidor
Para entendermos melhor os garantidores, antes vamos entender a “Omissão”:
A omissão se divide em:
- Omissão Própria (Pura)
Aqui eu tenho um tipo penal omissivo, e uma conduta que é igualmente omissiva. Portanto, o encaixe é perfeito; tem-se uma tipicidade perfeita. 
Ex.: Crime de Omissão de Socorro (Art. 135 – “deixar de”, “não pedir”)
- Omissão Imprópria (Comissivos por Omissão)
Aqui a situação é diferente. Eu tenho um tipo penal comissivo (que descreve um fazer, uma ação), e uma conduta omissiva. É uma ação atípica, mas o legislador estabelece que essa ação será típica, desde que estejamos diante de um sujeito ativo garantidor. A omissão do garantidor é mais grave, é a chamada Omissão Penalmente Relevante (Art. 13, §2º).
A Omissão do garantidor é mais grave, sendo denominada Omissão Penalmente Relevante. Desta maneira, se o garantidor podia tentar impedir o resultado (ainda que correndo risco pessoal), mas nada faz, responderá como se ele próprio tivesse ativamente causado o resultado que ele não impediu.
Quem são então, esses garantidores?
O conceito de garantidor cumula dois elementos:
1) PODER AGIR (ainda que com risco pessoal) *Razoabilidade
2) DEVER DE AGIR
Quem tem esse dever de agir? (Art. 13, §2º)
a) Quem tem por Lei, obrigação de cuidado, proteção e vigilância;
b) Quem assumiu a responsabilidade de impedir o resultado (Ex.: Segurança particular, babá, professor de crianças pequenas, etc.);
c) Quem, com seu comportamento anterior, criou risco de ocorrência do resultado (Ex.: Pintor que tirou as redes de proteção para poder pintar a parede).
Exemplos:
Obs: A Salva vidas em serviço
 B Banhista se afogando
 C Banhista na areia 
1º. A está vendo B se afogando e não faz nada A responde por homicídio doloso omissivo
2º. A esta destraido no celular, B está se afogando, A não vê e B morre A responde por homicídio culposo 
3º. A está conversando com C, e ambos percebem B se afogando, e ambos não fazem nada. B morrre. A responde por homicídio doloso omissivo impróprio e C responde por omissão de socorro.
4º. A e C estão conversando, e B está se afogando, A e C estão distraídos na conversa e não reparam que B está afogando, e este morre. A responde por homicídio culposo omissivo impróprio, e C não responde por nada (omissão de socorro é crime doloso).
5º. A e C estão conversando e B esta se afogando. No momento que B esta se afogando, A não percebeu, mas C percebeu, e não falou nada pra A. C é inimigo de B, e por isso não falou nada. A responde por homicídio culposo omissivo impróprio, e C responde por omissão de socorro.
Teoria da Imputação Objetiva
Tem sido ultimamente utilizada, visando conter esse regresso ao infinito da Teoria da Equivalência, criando filtros de imputação.
É criada por Klaus Roxin, que sistematizou esses filtros, já tratados na doutrina, e criou alguns novos. A base de raciocínio dessa teoria é o risco; o que Roxin analisa é que toda sociedade complexa convive com o risco, e esses riscos podem produzir lesões, sabendo diferenciar o risco permitido do risco proibido. O grande desafio do ordenamento jurídico é saber dosar esse risco, precisando o estado admitir quais riscos ele tolera, e qual ele não tolera. O risco proibido irá gerar uma imputação por parte do estado. 
Filtros de Imputação
1. Diminuição do Risco
Não se pune a conduta que, muito embora lesiva, visava a diminuir um risco maior.
Ex.: Amputar perna de pessoa, mesmo contra a vontade, para salvar vida, isso não é crime.
2. Risco Juridicamente Irrelevante
Não se pune o risco juridicamente irrelevante, isto é, aquele que não seja capaz, efetivamente, de interferir no resultado.
Ex.: O marido quer que a esposa morra, e compra sempre passagem de avião, torcendo sempre pro avião cair. Rezar para uma pessoa morrer não é conduta imputável.
3. Inexistência de Aumento do Risco
Não se pune uma conduta quando se comprovar que o resultado final era inevitável.
Ex.: Um caso verdadeiro que aconteceu na Alemanha, em uma fábrica de pincéis. Essa fabrica fazia os pinceis com pelos de animais, e pelas normas da vigilância, os pelos dos pinceis deviam ser esterilizados de maneira X. Em um dado momento, o dono da empresa não fez a esterilização adequada, mantendo uma bactéria no pelo, o que provocou a morte de muitos funcionários. No entanto, quando submetida à esterilização recomendada pela vigilância, essa bactéria também não morria. Dessa forma, os funcionários acabariam morrendo do mesmo jeito, já que a bactéria se mantinha viva de qualquer jeito.
4. Esfera de Proteção da Norma
Não se pune a conduta que se situe fora da esfera de proteção da norma jurídica.
Ex.: Um policial avisa a uma mãe que o filho havia morrido em uma troca de tiros com a polícia. Com a notícia, a mãe enfarta e morre. A morte da mãe é considerada algo natural, não se situando na esfera de proteção da norma jurídica. 
CRIME IMPOSSÍVEL
1. CONCEITO
Previsto no Art. 17, verifica-se quando a conduta do agente jamais seria capaz, ainda que exaurida, de levar à consumação do delito, seja pela absoluta ineficácia do meio, seja pela absoluta impropriedade do objeto.
Absoluta ineficácia do meio: É um meio que independente da quantidade, independente da intensidade, jamais levará ao resultado desejado.
Ex.: Quando A quer matar B por envenenamento e A acaba pegando um frasco com água, achando que é veneno e despejando no copo de B, ou seja, a água é um meio completamente inofensivo para esse fim. 
 A eficácia ou ineficácia do meio depende do crime que será cometido, ou seja, uma arma de brinquedo é um meio eficaz para um assalto, mas é um crime impossível para homicídio, pois a execução, ainda que exaurida, jamais levaria ao resultado desejado (morte). 
Absoluta impropriedade do objeto: Objeto impróprio é aquele que não se perfaz no tipo/ não se encaixa no
tipo.
Ex.: Vontade de matar e atirar em pessoa que já morreu. Não tem como matar alguém ou ferir quem já morreu, pois só se pode matar ou tentar matar uma pessoa viva, dessa forma, não se configura crime.
2. INEFICÁCIA/IMPROPRIEDADE RELATIVAS
Entretanto, se a ineficácia ou a impropriedade forem relativas, a conduta sempre será punível.
Ex.: Estou verdadeiramente grávida e quero abortar. Compro remédio abortivo, mas que estava passado da validade; tomei, e nada aconteceu. Mesmo assim, será tipificado crime de tentativa de aborto.
Ex².: Atirar em alguém com arma quebrada, na qual o tiro teria atingido o teto. Mesmo que a arma não tenha chegado a disparar, a pericia constatando que a arma estava quebrada, podendo ou não disparar, seria crime de tentativa de homicídio. No entanto, se a arma estivesse quebrada, e a perícia constatasse que ela JAMAIS atiraria, seria uma ineficácia/impropriedade absoluta. 
3. QUESTÕES ESPECIAIS
a) Delito Putativo (Sinônimo de imaginário): O sujeito acha que está praticando um crime, mas na verdade a conduta dele é plenamente lícita.
b) Furto em supermercado com sistema de vigilância com câmera: Há um mercado grande, com sistema de câmeras, e a equipe do supermercado já sabe quem é o cara que furta. Espera ele furtar, e assim que ele sai, prende o individuo.
A tese que prevalece é a tese do MP, de que isso é uma tentativa de furto. 
PESQUISAR EM CASA (PODE CAIR NA PROVA): EM QUE CONSISTE O FLAGRANTE PREPARADO? TRATA-SE DE CRIME IMPOSSÍVEL? COMO OS TRIBUNAIS TRABALHAM A MATÉRIA NO TRÁFICO DE INTORPECENTES? (SÚMULA 145 do STF)

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes