Buscar

Inglês para a área de TI

Prévia do material em texto

Aluno:________________________________Data:___/___/_____
Curso: ______________________ semestre: __________
Professora: Raquel Queiroz – Língua Inglesa
Inglês para a área de TI
Inglês é fundamental
Jacqueline Lafloufa 
In: http://br.noticias.yahoo.com/especiais/mercadoti_artigo2
Houve um tempo em que saber inglês era um diferencial para a carreira profissional. Hoje, em especial na área de TI, o conhecimento do idioma é fundamental, já que grande parte das atividades relacionadas envolve seu uso. Essa necessidade básica advém da globalização do mercado, que atualmente conta com multinacionais que elegem o inglês como língua 'universal' dentro da empresa. "Em multinacionais, muitos dos líderes e gestores são estrangeiros, fazendo com que as reuniões e comunicações internas sejam realizadas em inglês, mesmo que você utilize a língua local para conversar com seus colegas de mesmo nível hierárquico", explica Bruno Franciscon Mazzotti, recém-formado em Ciência da Computação pela Universidade de São Paulo (USP), campus São Carlos.
Em geral, grande parte dos processos seletivos para a área de TI requer inglês, ainda que em nível 'instrumental' – quando não se tem o domínio do idioma, mas é possível compreender assuntos, porém sem muitos detalhes – para compreender manuais, textos técnicos e para utilizar programas desenvolvidos nessa língua. Nas multinacionais, alguns dos processos seletivos costumam ter uma etapa em inglês, como forma de avaliar a desenvoltura do candidato no idioma. "São provas e exercícios realizados em inglês, e a desenvoltura no idioma é certamente um destaque", conta Guilherme Junqueira, Analista de Desempenho da Inmetrics.
Logicamente, o conhecimento do inglês não é algo determinante na carreira de um profissional talentoso. "Muita gente que só fala português consegue se destacar nas empresas, principalmente se forem empreendedores. Estes não 'precisam' falar uma língua estrangeira porque, no momento em que precisarem, podem contratar alguém que o faça", pontua Bruno Mendes dos Santos, produtor de games da Tectoy Digital. Contudo, o idioma está tão infiltrado na área de TI que é complicado conseguir atravessar a formação acadêmica sem ao menos ter de lidar com o idioma de maneira 'instrumental'. "Eu diria que 99,9% da documentação de TI está disponível em inglês. Se não houver fluência, é necessário ao menos compreender o inglês instrumental. Quem ocupa cargos gerenciais, precisa do inglês para dar conta do relacionamento com clientes e fornecedores internacionais", lembra dos Santos.
Para os jovens graduandos da área, o básico pode ser aceitável, mas professores e profissionais do ramo destacam que apenas o conhecimento dos jargões técnicos pode não ser suficiente no dia a dia dentro das empresas. "Com a globalização da economia e a ocorrência cada vez mais frequente de projetos que envolvem clientes em outros países, o nível de conhecimento de inglês exigido dos profissionais de TI vem aumentando gradativamente", lembra Roberto Carlos Mayer, presidente de Assespro São Paulo e diretor da MBI. "O conhecimento técnico somente não é suficiente para que o profissional lide bem com a demanda do trabalho.
De modo geral, os jovens conhecem os termos técnicos e jargões da área. O que lhes prejudica é a pronúncia inadequada desses termos, o que pode causar sérios ruídos de comunicação", alerta Lizika Goldchleger, gerente acadêmica da escola de idiomas Cultura Inglesa. "O cotidiano de um profissional jovem da área de TI em uma multinacional envolve interagir intensamente em inglês com clientes e colegas de várias partes do mundo. O que falta, normalmente, é a fluência e a assertividade na hora de explicar um problema, dar uma solução com clareza e objetividade, dar e pedir esclarecimentos, concordar e/ou discordar de forma assertiva, porém educada, e saber lidar com situações de alto grau de urgência de forma calma e precisa", esclarece ela.
Um jeito de dar uma 'arrancada' no inglês é fazer um curso de imersão no exterior. A grande vantagem é que ao passar uma temporada em um país anglófono, o esforço para falar em inglês é diário, já que praticamente todas as suas atividades precisam ser realizadas no idioma. Mas se você não tem essa possibilidade, não se preocupe: cursos nacionais podem te dar o mesmo traquejo que uma viagem internacional. A dica é se dedicar e se esforçar. "Não são exceções os casos de alunos brasileiros que nunca viajaram [para fora do país] e que têm extremo sucesso e níveis de proficiência avançados", afirma o professor doutor Marcos Cesar Polifemi, diretor do Centro de Linguística Aplicada da Yázigi Internexus. "Uma forma de abreviar o tempo de aprendizagem é organizar-se e dedicar pelo menos 30 minutos por dia para autoestudo", sugere Lizika, da Cultura Inglesa.
Quem já tem inglês em nível básico pode se interessar também por cursos específicos para a área de TI, que dão ênfase aos termos técnicos e assuntos discutidos no setor de TI. "Trabalham-se os jargões da área e também o vocabulário relacionado à carreira e a entrevistas de emprego em cursos voltados tanto para a leitura como para a conversação e compreensão oral", esclarece Charles Niza, sócio-fundador da escola IT Passport, especializada em cursos de inglês para a área de tecnologia.
É importante frisar também que, atualmente, ter desenvoltura em outro idioma além do inglês é considerado um diferencial. Isso porque mais do que uma ferramenta de comunicação, o conhecimento de outro idioma demonstra vontade de crescer. "Saber outra língua significa ter ao seu alcance muito mais informação disponível e mostrar que tem disposição para aprender além do necessário para sua especialidade profissional", afirma Bruno Mendes dos Santos, da Tectoy Digital. E ao se esforçar para falar o idioma nativo de um estrangeiro, ganha-se muito em termos de relacionamento. "Poucas coisas deixam um estrangeiro não anglófono tão feliz do que falar a língua dele. Já conquistei a confiança de alemães, suíços e austríacos porque falava em alemão com eles, mesmo que só um pouco, pois a língua-padrão em emails e conferência é o inglês. Assim como os brasileiros, eles entendem que falar a língua deles significa que você se interessa pelo mundo deles", revela dos Santos.
Inglês para leitura
Estratégias que conduzem à compreensão dos idiomas
Viviane Heberle de Oliveira* - Diário do Sul
Várias pesquisas sobre leitura em língua estrangeira vêm sendo realizadas tanto no Brasil como no exterior, mas parece-nos que certas questões relativas a tais estudos ainda não foram suficientemente divulgadas e apreciadas por nossas comunidades educacionais de segundo grau. Como a leitura em língua estrangeira tem papel fundamental na formação do aluno brasileiro pela oportunidade que lhe oferece de conhecer outros modos de perceber a realidade e de criticá-la, é importante discutirmos algumas dessas questões.
Em primeiro lugar, tem-se constatado a validade de se relacionar o assunto do texto com a experiência prévia ou o conhecimento de mundo do leitor para uma compreensão eficaz do texto, pois tal associação ativará a memória e facilitará a interação entre o leitor e o texto. Por exemplo, se o texto tiver como título "O esporte boxe e o cérebro", já se pode antecipar algumas ideias que, provavelmente, estarão presentes no texto, tais como problemas cerebrais sofridos por boxistas ou consequências físicas mais graves. Assim, o aluno de língua estrangeira deve passar os olhos pelo texto para tentar descobrir o assunto. O título, os subtítulos, as palavras-chaves e ideias principais de cada parágrafo do texto remeterão à memória certos "quadros mentais" relacionados ao assunto e prepararão o aluno para uma leitura efetiva.
Outra consideração importante para um leitor de uma língua estrangeira refere-se à sua capacidade de ler por grupos ou sequências de palavras e não por palavras isoladas e de guardar na mente o significado enquanto vai lendo. Ao tentar traduzir palavra por palavra, ou às vezes, até mesmo tentar analisar o sistemade sons da língua estrangeira, o leitor ineficaz perde o significado do texto conforme vai lendo.
Nesta etapa do processo de leitura está o problema de como enfrentar palavras novas. Cabe ao aluno partir das palavras conhecidas e não se "apavorar" com o vocabulário desconhecido ou difícil. No caso da língua inglesa, não precisamos enumerar aqui as palavras conhecidas pelos alunos - sempre haverá no texto algumas semelhantes ao português que poderão lhes auxiliar a entender o texto. Entretanto, caso tal estratégia não resolva o problema do significado, há ainda dois caminhos a seguir. As palavras mais difíceis podem ser esclarecidas pelo contexto - onde o aluno tenta adivinhar o significado pelo tema e por sua experiência prévia - ou pelo conhecimento de algumas regras de formação e derivação de palavras em inglês (tais como prefixos, sufixos, etc.). Mostraremos dois exemplos:
1) John was taken to X as soon as he had fallen and the doctors were able to save his life. Nesta frase, X só pode ser o hospital ou pronto-socorro, pois o texto nos informa que João caiu e logo foi levado até lá, onde os médicos conseguiram salvá-lo.
2) O significado de undoubtedly pode ser esclarecido decompondo-se esta palavra: un - doubt - ed - ly. Se o aluno souber o que é doubt (dúvida), ele chegará até indubitavelmente.
O terceiro ponto a ser mencionado entre vários outros não menos importantes diz respeito à leitura de tipos diferentes de textos. O aluno deve saber distinguir um texto narrativo de um argumentativo. Ele tem de saber se o autor mostra causas e efeitos, ou dá alguma definição, ou descreve um processo, etc. Para realizar tal estudo, o aluno tem de ter acesso a vários tipos de textos que sejam autênticos, isto é, não histórias simples elaboradas especialmente para o ensino de inglês, mas sim textos retirados de revistas, jornais ou manuais preferivelmente estrangeiros. Ler uma língua estrangeira não significa decodificar palavras e analisar aspectos gramaticais: o conhecimento de vocabulário e de gramática são importantes, mas é necessário tentar captar as ideias e os conceitos e mais tarde procurar resolver problemas linguísticos detalhados.
*Professora do Instituto de Letras e Artes da PUC-RS
Estrangeirismos no português brasileiro
Yes, nós falamos English 
Fernanda Scalzo - Revista Veja
João da Silva teve um dia estressante. Enfrentou um rush danado e chegou atrasado ao meeting com o sales manager da empresa onde trabalha. Antes do workshop com o expert em top marketing, foi servido um brunch, mas a comida era muito light para sua fome. À tarde, plugou-se na rede e conseguiu dar um download em alguns softwares que precisava para preparar seu paper do dia seguinte. Deletou uns tantos arquivos, pegou sua pick-up e seguiu para o point onde estava marcada uma happy hour. Mais tarde, no flat, ligou para o delivery e traçou um milk-shake e um hambúguer, enquanto assistia ao Non Stop na MTV. À noite, pôs sua camisa mais fashion, comprada num sale do shopping, e foi assistir a Shine no cinema. Voltou para o apart-hotel a tempo de ver um pedaço do seu talk-show peferido na TV.
Para o fictício João da Silva, assim como para muitos brasileiros, a língua portuguesa já não basta para descrever ou compreender o cotidiano. Cercado por anúncios de TV em inglês, músicas em inglês no rádio, cartazes (outdoors) em inglês nas ruas, expressões inglesas no trabalho, pratos em inglês nos cardápios, o brasileiro é quase um estrangeiro em sua própria terra. As grandes cadeias de alimentação espalham suas placas de fast food ou delivery pelas ruas das cidades. A publicidade adora usar palavras em inglês nos seus slogans, como se pode ver pelos casos da Nike (Just do it), do Citibank (The city never sleeps) ou da Wella (Perfectly you). Recentemente, uma conhecida marca de chocolates estampou: "Páscoa by Kopenhagen". Nos shoppings, as lojas de roupas não fazem liquidação, fazem sale. Nem dão descontos de 30% - são 30% off. Em São Paulo, uma placa esclarece que a churrascaria está open today (aberta hoje). Nem os títulos de filmes são mais traduzidos. Lançamentos recentes são Shine ou Crash. Para as distribuidoras, isso significa economia na impressão de cartazes e na criação de um título chamativo em português.
"Yeeeeeeeeeeees" - Na atual edição do Dicionário Aurélio, contam-se 1 116 estrangeirismos, 373 deles anglicismos, ou seja, palavras importadas da língua inglesa (esse número dá conta apenas das palavras que entram em sua forma original, como know-how, por exemplo, mas não inclui palavras aportuguesadas como leiaute, de layout). A próxima edição, que está sendo preparada, terá um contingente ainda maior, impossível de calcular agora, em que já têm lugar reservado expressões como airbag e brunch. "Ainda não dá para quantificar, mas posso garantir que houve um aumento considerável nas palavras de origem inglesa", diz Paulo Geiger, editor da Nova Fronteira e da Lexicon, que publica o Aurélio. Em todo o país, não pára de aumentar a procura nas escolas que ensinam inglês desde o jardim de infância. A Escola Internacional de Curitiba cresceu de 140 alunos em 1995 para 240 neste ano, sendo a metade de brasileiros. Lá os alunos têm todas as aulas em inglês e tiram o diploma internacional de 2º grau, o que possibilita ingressar numa universidade americana. A Escola Americana de Belo Horizonte triplicou seu número de alunos nos últimos quatro anos. No Brasil, existem dezesseis escolas internacionais, que somam mais de 10 000 alunos. Antes, eram filhos de diplomatas e executivos de multinacionais que se matriculavam nesses estabelecimentos. Agora, são filhos de brasileiros - convencidos de que alfabetizar as crianças numa língua estrangeira é uma das melhores providências a tomar quanto a seu futuro. Também existem, hoje em dia, cerca de 4 000 escolas de inglês espalhadas pelo país. É um número estimado, já que muitas abrem e fecham suas portas sem ter chegado a se registrar. Os sindicatos que agrupam essas escolas no Estados estimam que, nos últimos cinco anos, o número de escolas de inglês quadruplicou.
Nenhum pai precisa ficar especialmente inquieto quando vê seu filho cerrar os punhos e gritar, numa hora de alegria, "Yeeeeeeeeeeees". Essa expansão da língua inglesa é um fenômeno conhecido: quanto maior o poder econômico de um país, maior a sua expansão linguística. O latim tornou-se a base da maioria das línguas europeias porque era falado pela grande potência da época, o Império Romano. Num período em que os Estados Unidos se firmam como a potência número 1 do planeta, é natural que seu idioma adquira essa força, não apenas nos países do Brasil, mas tanto nos países ricos da Europa como nos pobres na África. É em função disso que existem países como a Holanda, nações bilíngues onde a população fala a língua original - que só eles entendem - mas uma porção muito grande também fala inglês, presente no rádio e na televisão. Em algumas áreas, o domínio de inglês é ferramenta de trabalho. Nos negócios, por exemplo, um executivo não é ninguém se não domina o jargão, que é todo em inglês. É o equivalente a ser advogado e não saber latim no século passado. No Brasil, as palavras que vêm da tecnologia, da ciência ou da medicina, como Aids (veja quadro no final da reportagem), em geral são assimiladas antes de ganhar tradução. Por exemplo, software (programa), upgrade (expansão), e-mail (correio eletrônico). "O inglês é a língua mãe do computador", argumenta Osvaldo Barbosa, gerente de marketing da Microsoft Brasil. "Se cada país traduzisse seus comandos numa linguagem própria, haveria uma perda de tempo muito grande." (...) A maioria dos habitantes da colônia falava o tupi-guarani até o fim do século XVIII. Com a chegada da família real em 1808, proibiu-se a língua indígena e o português tornou-se obrigatório. A experiência ensina que uma língua pode acabar assim - suprimida, num país colonizado -, mas não em função de estrangeirismos.
Isso porque pesa a força econômica de cada língua, mas tambéma tradição cultural de cada país. O sol nunca se punha sob o império da rainha Vitória, no século passado, mas a língua que mais se queria aprender era o francês, e não o inglês. Eram francesas as peças de teatro que faziam sucesso, os romancistas, os filósofos - foi a matriz francesa do iluminismo que marcou a cultura ocidental como nenhuma outra. Entre os séculos XII e XIII, a Inglaterra, invadida pelos normandos e pelos bárbaros, incorporou à sua língua inúmeros vocábulos do latim e do alemão. Muito mais rico é examinar os valores e a memória que desembarcam no país junto com as palavras estrangeiras. Para identificá-los, um recurso é observar campanhas publicitárias.
Exemplos curiosos - "Sale ou off passam mil significados que não estão em liquidação: adotam-se termos em inglês para passar a ideia de que o produto é sofisticado", diz o linguista Dino Preti, professor da PUC-SP. Isso não ocorre apenas nos cartazes de lojas. Os produtos, até os nacionais, abusam em seus rótulos de qualificativos como plus, light, vip, master, diet, clean, dando a entender que também  são para um público de maior poder aquisitivo. Em determinados lugares, sem conhecimentos básicos de inglês, ficou difícil fazer compras. Está embutida no uso de anglicismos uma ideologia de definição de uma camada que se enxerga no topo do país, acima dele, na verdade. "No Brasil, usa-se a língua estrangeira para criar jogos de inferioridade", explica o linguista americano Eric Mitchell Sabinson, que ensina tradução no Departamento de Linguística Aplicada da Unicamp. O que os dois professores querem dizer é que o inglês serve, em alguns casos, para demarcar uma diferença social - como se apreende naquelas tabelas que falam o que é in e o que é out.
(...)
Mesmo em livrarias especializadas em importados, como a Cultura, de São Paulo, o volume de vendas de livros em inglês gira em torno de 20%. "O leitor médio brasileiro não está habilitado a ler um romance em inglês, só lê livros de aprendizado da língua, nos quais o vocabulário limita-se entre 500 e 800 palavras, diz Pedro Hertz, diretor da livraria. Na novela A Indomada, exibida no horário nobre da Globo, a direção da emissora teve de pedir aos autores que moderassem o uso do idioma porque as pessoas não estavam entendendo a trama. A Indomada estava começando a ser vítima da própria mania que pretende denunciar. "A novela é uma sátira, faz crítica social em cima da mania do brasileiro de usar palavras americanas. O brasileiro é deslumbrado com tudo que vem de fora", diz Ricardo Linhares, que assina a autoria de A Indomada junto com Aguinaldo Silva. Analisar as letras das bandas brasileiras de heavy metal, todas em inglês, todas sem pé nem cabeça, mostra também que é falsa a ideia de que o jovem brasileiro domina o idioma apenas porque convive, desde a infância, com a música americana.
	Por que a Sida não emplacou
Por que a palavra Aids (Acquired Imuno-deficiency Syndrome) vingou no Brasil em vez de sua tradução Sida, usada em todos os outros países de língua latina? Segundo Wildney Feres Contrera, vice-presidente do Grupo de Apoio à Prevenção à Aids, Gapa, ao começar a chamar a doença de Sida vieram junto as piadas. "As pessoas diziam: 'Ele está com a sidinha' ou 'A sidinha pegou ele', com um tom pejorativo", lembra. Além do problema com o apelido Cida, muito comum no Brasil - o que poderia ter criado uma situação semelhante à do Bráulio, uma década depois -, a sigla traduzida remetia também à santa padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Para não associar a doença, que quando apareceu no começo dos anos 80 era completamente misteriosa e foi até chamada de "câncer gay", com personagens nacionais, os médicos e a imprensa acabaram optando pela sigla americana, que não remetia a nada conhecido. "Mas é apenas uma hipótese", diz Wildney. "Não se tem certeza se foi isso mesmo que ocorreu."
Realmente, essa explicação parece mirabolante demais para ser verdadeira. A maioria dos médicos acha que o brasileiro passou a falar Aids e não Sida numa atitude coerente com o costume de falar hotdog e não cachorro-quente, mouse e não camundongo, e assim por diante. Para o Ministério da Saúde, o termo Aids vingou porque foi incorporado imediatamente no Brasil pelos médicos. Foram eles que, em entrevistas, disseminaram a palavra na imprensa, que por sua vez a espalhou no país. Desde as primeiras reportagens na imprensa escrita sobre a síndrome, que datam de 1983, aparece o nome em inglês, associado a outras designações como "doença dos homossexuais" - já que, na época, não se sabia direito o que era. Ou seja: é, provavelmente, mais um exemplo dos interessados no transplante direto de palavras inglesas, sem a preocupação de traduzi-las.

Outros materiais