Buscar

O mesmo TEXTO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Fique por dentro!
CURSO: ___________________ PERÍODO: ____________ DATA: ____/____/_____ 
DISCIPLINA: Língua Portuguesa PROFESSORA: Raquel Queiroz
ALUNO (A): _________________________________________________________ 
O ‘Mesmo’ – há um maníaco nos elevadores?”A prova da segunda fase da UNICAMP, realizada no mês de janeiro deste ano, trouxe à tona uma antiga questão gramatical: o uso inadequado do pronome “mesmo”, com destaque à tão conhecida frase de advertência endereçada aos usuários dos elevadores – “Antes de entrar no elevador, verifique se o ‘mesmo’ encontra-se parado neste andar”.
A questão pretendeu demonstrar a incrível propagação de um equívoco gramatical, destacando a existência de uma comunidade no Orkut denominada “Eu tenho medo do Mesmo”, que conta com mais de 100 mil membros – crentes na existência de um tal “Mesmo, o maníaco dos elevadores”. Trata-se de inteligente jogo de palavras, que traduz a personificação do termo com um refinado viés humorístico.
 	A brincadeira do Orkut é oportuna. Hoje em dia, tem sido recorrente a utilização equivocada do pronome “mesmo”. Ouve-se com frequência o vocábulo no lugar do nome de uma pessoa (ou coisa) ou substituindo um pronome pessoal. Tal prática virou moda, e a “praga” parece ter se espalhado, aparecendo com as repetidas expressões “o mesmo fez” e “a mesma faz”. Trata-se de modismo que empobrece o texto e fragiliza o discurso.
Em bom português, não se deve dizer, por exemplo:
Conversei com o professor, e “o mesmo” me confirmou o ocorrido. 
No intuito de evitar a expressão, sugerimos três boas soluções para a frase:
 1ª. Elimine a expressão:
“Conversei com o professor, e me confirmou o ocorrido.” 
2ª. Substitua o pronome por palavra equivalente:
“Conversei com o professor, e o mestre me confirmou o ocorrido.”
 3ª. Substitua o pronome por outro pronome equivalente:
“Conversei com o professor, e ele / o qual me confirmou o ocorrido.” 
 Deve-se registrar, todavia, que as expressões “o mesmo” ou “a mesma” podem ser toleradas em alguns casos, conforme se nota abaixo:
 1. Quando seguidas de substantivo, ocupando a classe gramatical de adjetivo:
“O professor ensinou a mesma regra.”
“Foi sempre pelo mesmo caminho.” 
2. Como advérbio, na acepção de “justamente, até, ainda, de fato”:
“É lá mesmo que comprei o carro.”“Esta moto é mesmo veloz?” 
3. Como palavra de realce, após substantivo ou pronome:
“Eles mesmos retornaram à escola.”
“As professoras mesmas foram à festa.”
“Eles feriram a si mesmos.” 
4. Como forma masculina invariável, no sentido de “a mesma coisa”:
“O professor ensinou a regra; esperamos que os demais façam o mesmo.”
“Disse a ela o mesmo que disse ao irmão.”
“Acatar não é o mesmo que acolher.” 
É perceptível, à luz dos exemplos em epígrafe, que o vocábulo “mesmo” será bem empregado quando acompanhar substantivo, pronome ou adjetivo. Entretanto, não os substitui. Em nenhum caso de boa redação será permitida a substituição, embora saibamos que muitos estudiosos da língua portuguesa, mais liberais em seus ensinamentos, até aceitam o uso do “mesmo” como pronome substantivo, isto é, substituindo um termo anterior.
Apesar disso, entendemos que se deve evitar o uso. Ainda que não seja “erro”, caracteriza inegável pobreza de estilo. A nosso ver, muitas vezes usa-se a palavra "mesmo", ou porque falta vocabulário, ou porque não se sabe usar outros pronomes.
Isso nos faz voltar à paradigmática frase explorada no vestibular:
“Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado no andar.” 
O aviso, transitando em plaquinhas aqui e acolá, recomenda algo importante, mas o faz com pouca elegância e clareza. Além disso, o descuido na elaboração do aviso desafia os cânones da colocação pronominal. É que há vício na forma “se o mesmo encontra-se”. Nesse caso, recomenda-se a chamada “próclise”, isto é, a antecipação do pronome, alterando-se inicialmente para “se o mesmo se encontra”. Portanto, procedendo-se à colocação pronominal adequada e buscando-se uma “solução mais abrangente” para o impasse, seguem algumas sugestões de correção:
1ª. Substitua o vocábulo por pronome pessoal ou por pronome demonstrativo, preferindo-se a próclise:
“Antes de entrar no elevador, verifique se ele/este se encontra parado no andar.”
2ª. Faça a inversão e elimine o pronome:
“Antes de entrar, verifique se o elevador encontra-se parado no andar.”
3ª. Utilize forma mais concisa:
"Não entre sem ver se o elevador está parado no andar.”
Assim, a questão da UNICAMP merece elogios, principalmente quando pretende provocar no vestibulando a ideia de que a inadequada substantivação do pronome “mesmo”, no aviso dos elevadores, é exatamente o motivo da brincadeira bem-humorada da comunidade do Orkut, que, inteligentemente, no jogo de palavras, continuou “substantivando” o pronome ao associá-lo a uma pessoa – o tal Mesmo, maníaco dos elevadores.
O teste é atual – por provar que o estilo deve ser adequado, e o pensamento, preciso – e atemporal, quando demonstra que “a primeira qualidade do estilo é a clareza” – uma máxima, aliás, de Aristóteles. Prof. Eduardo Sabbag

Outros materiais