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TRABALHO DE MEDIAÇÃO

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“É produzindo o bem que o mal desaparecerá. É conquistando os direitos do amor que o ódio será banido do planeta. É sustentando a paz que a guerra será vencida. É desativando as fronteiras da alma que o mundo se unirá como irmão.”
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
Basicamente, pode-se dizer que a mediação é uma forma de lidar com um conflito (como, por exemplo, em caso de separação, divórcio, brigas entre vizinhos, etc.) através da qual um terceiro (o mediador ou a mediadora) ajuda as pessoas a se comunicarem melhor, a negociarem e, se possível, a chegarem a um acordo.
A mediação é um processo orientado a conferir às pessoas nele envolvidas a autoria de suas próprias decisões, convidando-as à reflexão e ampliando alternativas. É um processo não adversarial dirigido à desconstrução dos impasses que imobilizam a negociação, transformando um contexto de confronto em contexto colaborativo. É um processo confidencial e voluntário no qual um terceiro imparcial facilita a negociação entre duas ou mais partes onde um acordo mutuamente aceitável pode ser um dos desfechos possíveis (2001, p. 46).
A definição do processo de mediação de conflitos está diretamente relacionada à orientação teórica de seu/sua autor(a).
Alguns autores enfatizam a resolução de conflitos, então a Mediação seria uma forma de resolução de conflitos.
Outros destacam o acordo entre as partes, de tal forma que a Mediação teria como objetivo principal o acordo.
Outros, ainda, ressaltam a comunicação; logo, a Mediação seria um meio de proporcionar uma melhor comunicação entre as pessoas em conflito.
Há aqueles que salientam a transformação, de maneira que a Mediação transformativa é mais enfatizada, não importando se as pessoas chegam a um acordo ou não.
O processo de mediação é complexo, podendo comportar os conceitos de “resolução de conflitos” (ou gestão de conflitos), “acordo”, “comunicação”, “transformação”. Não deve ser visto, porém, de forma simplista, atado a apenas um desses conceitos.
A definição de mediação também se enquadra como espaço de criatividade pessoal e social, um acesso à cidadania. A mediação encontra-se num plano que aproxima, sem confundir, e distingue, sem separar”.
O INSTITUTO DA MEDIAÇÃO
Técnica extrajudicial de solução de conflitos como forma de pacificação social, prevenção e solução de conflitos.
Aliada á mudança de mentalidade necessitamos de profissionais habilitados e competentes na matéria.
O homem como cidadão moderno vai defender por si mesmo seu próprio interesse através do dialogo honesto, de boa-fé, simples, despindo-se das burocracias, formalidades e fantasias criadas num conflito. Com a necessidade da implantação de uma justiça mais humana, mais célere, vêem esforços para fortalecer, com idéias práticas, as soluções extrajudiciais dos conflitos.
Esse modelo de prevenção e solução de conflito é para solução de conflitos pacificamente, com autonomia e maturidade sem a imposição de uma decisão que geraria insatisfação a uma das partes envolvidas.
A mediação reconstrói relações que se desgastam ao longo do tempo por discórdias e divergências de opiniões, refaz laços, fomenta o amadurecimento do diálogo entre as partes, transforma pontos divergentes em comum, valoriza o instituto da família, tutela de menores que são colocados como objeto de disputa num conflito entre pais.
Objetivos: trabalhar com boa vontade e esforço perseverante de cada uma das partes para evitar o conflito, minimizá-lo ou resolvê-lo. 
JESUS: O MAIOR MEDIADOR DE TODOS OS TEMPOS
Os valores ensinados por Jesus Cristo há mais de dois mil anos atrás é a ferramenta de trabalho da mediação.
Jesus Cristo, jamais se posicionou contra alguém, deduzindo sempre a favor de todos. Não há mediação sem entendimentos e todos têm os seus motivos.
3. PERFIL DO MEDIADOR
A sociedade busca um novo profissional que seja capaz de oferecer alternativas aos inúmeros conflitos sociais do dia-a-dia.
Investimento para formação do conciliador:
- Na relação constante entre teoria e prática
- Na importância das atividades de pesquisa e extensão
- Na interdisciplinariedade e multidisciplinariedade
- Na integração entre outros cursos e áreas de conhecimento
- Numa formação humanista, ética e responsável, abordando humanos e sociais atuais. 
Autêntico mediador:
- Formação espiritual e humanista, cientifica e filosófica
- Solucionar conflitos com ética, respeito, responsabilidade, solidariedade, valorização do outro, compreensão, compaixão, senso de coletividade e coerência
- Disposição para o crescimento pessoal, através do esforço diário e constante de vencer as próprias dificuldades
- Deduzir sempre a favor de todos os envolvidos no conflito
Segundo Jesus: “ A paz jamais será uma dádiva, senão uma conquista do próprio espírito.”
4. SESSÕES DE MEDIAÇÃO
Primeira sessão
- Explicar o conflito para as partes e os objetivos da mediação
- Enfatizar necessidade do respeito mútuo
- Restabelecer o diálogo nas sessões
- Enfatizar o objetivo da mediação sobre aproximação e refazimento de laços
- Estabelecer que o acordo é conseqüente ao amadurecimento do conflito
- Estabelecer que o acordo é um instrumento construído pelas próprias partes
- Esclarecer que a verdade de uma das partes não significa a falsidade das outra
Segunda sessão
 - Entrevista do mediador ou da comissão de mediação com as partes, interdisciplinar ou não
- Entrevista individual
- Separação das pessoas do problema
- Partes expondo os motivos do conflito 
- Escuta do mediador
- Mediador extraindo do entrevistado pontos positivos da outra parte
- Partes colocadas frente a frente
- Desabafo
- Alivio das pessoas após serem ouvidas
Terceira Sessão
- Partes na presença do mediador ou da comissão de mediação
- Inicio da sessão explicando sobre respeito mútuo, e dando chance ao início do diálogo
- Mediador administrando os ânimos na sessão
- Intervenção do mediador quando necessário
- Aplicação das técnicas de escuta
- Suspender sessão quando os ânimos estão acirrados
- Exposição dos pontos positivos falados 
Quarta Sessão 
- Partes ouvidas separadamente
- Percepção do conflito real
- Fomento de pequenos ajustes 
- Desvinculação dos rancores e mágoas e possibilidade de pequenos acordos
- Colocações mais ponderadas e menos agressivas
- Mediador ouve sugestões apresentadas pelas partes
Quinta Sessão
- Inicio da sessão com a solicitação das propostas
- Apresentação dos pontos positivos dito por cada uma das partes
- Mediador atento às falhas e aos ruídos da comunicação
- Prazo para a próxima sessão, de uma semana
- Mediador Repetindo propostas enfatizando pontos convergentes
- Mediador pede que as partes pensem sobre as propostas
- Mediador pede que as partes se coloque uma no lugar da outra
- Prazo de uma sessão para outra, essencial para amadurecimento das propostas
Sexta Sessão
- Relato dos acordos cumpridos ao longo do processo
- Visualizações do futuro
- Partes depositando confiança no mediador
- Partes demonstrando vínculos de afetividade e carinho
- Partes flexíveis e dispostas ao acordo
- Mediador relembrando que os termos do acordo são definidos pelas próprias partes
- Reforço dos termos do acordo
Sétima Sessão
- Laços refeitos, cumprimento do acordo
- Mediador ressaltando a disposição das partes para solucionar o conflito
- Amadurecimento da relação
- Compreensão das partes de que o acordo assinado foi na conseqüência do amadurecimento dos envolvidos no conflito
MEDIAÇÃO COMO DISCIPLINA ACADÊMICA
A mediação é instituto fundamental para a solução de conflitos sociais que integrarão os projetos pedagógicos dos cursos de Direito, Psicologia, Administração, Serviço Social, Pedagogia e outros e desempenharão suas funções especializadas de compor os litígios com celeridade, informalidade e oralidade, visando sempre o reestabelecimento das relações e colocando o ser humano no foco processo.
Os mediadores devem encontrar na metodologia de ensino mediadoro recurso conveniente para a composição do conflito de maneira que o mesmo seja solucionado na sua integralidade, ou seja, no seu aspecto emocional, legal, psicológico e financeiro.
MEDIADORES E MEDIADORAS: QUE CONFLITO É ESSE?
A relação entre mediadores e mediandos pressupõe um relacionamento interpessoal que, como qualquer interação humana, esta passível de interpretações e julgamentos, afinidades e dissabores. As características de personalidade e vivencias anteriores do mediador gerarão impactos sobre sua forma de ver o mundo, o que poderá, em muitos casos, afetar diretamente o processo de mediação, caso ele esteja atento. É importante o mediador investir em seu processo de autoconhecimento, paralelamente à sua preparação acadêmica.
Os estudos começaram a se preocupar com a identidade do mediador.
O mediador é um novo elemento de uma relação pré-existente entre mediandos, que propiciará um novo equilíbrio no sistema de interação entre as partes. 
A mediação se apresenta como uma relação de ajuda na busca de uma solução comum entre as partes, facilitada por um terceiro elemento neutro à relação, e, tanto mediadores quanto mediandos estão sujeitos à interferências emocionais diversas durante a mediação.
Elementos que compõem a identidade psicossocial do mediador: modo de viver, classe econômica, experiência cultural, formação, sexo, entre outros.
Sexo: independentemente do sexo e da opção sexual em que o mediador se inserir, ele trará com ele idéias de feminino e masculino consideravelmente subjetivas e nem sempre facilmente observáveis num primeiro momento, mas sempre presentes no momento da atuação.
O mediador representa a figura da neutralidade, mas em si só carrega toda uma gama de experiências em sua personalidade, será necessário ampliar a visão de quem se propõe a atuar como mediador, para que ele ou ela entrem para uma mediação um pouco menos vulnerável aos próprios conceitos e pré-conceitos nos quais se tornam arraigados.
Quando há a preparação para a mediação, imagina-se que existe um problema, conflito a ser solucionado e qual forma a ser feito.
Há diferença no gênero, entre homens e mulheres, o que dificulta a percepção das particularidades que envolvem o universo imaginário. A população dá suporte a idéia de que existem características de mulheres e de homens. São analisadas causas sociais, biológicas, educacionais e psicológicas para tentar afirmar e distinguir as características de cada sexo.
É através dos comportamentos que o mediador terá elementos de análise para definir o seu posicionamento. As formas de perceber o problema em questão sofrerão impactos consideráveis em sua atuação.
Em alguns casos será o mediador o responsável por sugerir às partes um encaminhamento à justiça comum, embora este não seja o objetivo primário de um Tribunal Especial.
Ex: fragilização de um dos lados, como por exemplo, em uma disputa pós-matrimonial pela guarda de filhos. 
A tendência dos tribunais comuns tem sido a de formar equipes multidisciplinares, geralmente formadas por psicólogos, assistentes sociais, promotores e juízes, ou seja, o mediador, sozinho, não está suficientemente preparado para lidar com o manejo dos casos.
Nossas estruturas sociais nem sempre se apresentam lúcidas para lidarem com as diferenças apresentadas pelos seres humanos.
Sabemos que muitos casais chegam a uma sessão de mediação prontos para dissolver o relacionamento, porem, outros encontram-se apenas confusos e incapazes de lidar com discordâncias, caracterizando-se muito mais a necessidade de acompanhamento emocional que de uma mediação. O mediador, nesse momento é o responsável por observar a demanda e efetivar o encaminhamento adequado. 
A proliferação dos tribunais de mediação e conciliação ensinam as pessoas a aprenderem a lidar com a possibilidade de reconhecer no outro algo de si próprio. 
O mediador deve estar pronto para acreditar na solução de um conflito, por mais difícil que ele lhe pareça no primeiro momento e alem disso deve ser capaz de distinguir suas percepções intuitivas sobre cada um dos mediandos, porque isto pode, muitas vezes, definir a condução de seu posicionamento.
O medidor auxilia os mediandos a exercitarem empatia e fraternidade e deve olhar primeiramente para si, melhorando-se a cada dia, para conseguir lidar com a série de conflitos que passarão por suas mãos.
Hoje os seres humanos buscam a paz, e, devagar, vão se cansando de evidenciar as diferenças e começam a enfatizar as semelhanças, buscando o ponto comum que pacifica a relação.
Se o conceito de dicotomia ainda persiste em ser mantido por alguns estudo acadêmicos, a população vai se exaurindo da exclusão e, devagar, grandes barreiras vão sendo rompidas, em todos os aspectos e na maioria das mentes.
As famílias vão sendo diversificadas e os serviços voluntários vão aproximando corações pertencentes a classes sociais distintas. O bom senso vai sendo internalizado.
Para lidar com o ideal do consenso, ele deve ser cultivado em nós para nos sintonizarmos com o movimento universal q busca a paz. 
Os mediadores precisam observar cada situação, com pureza de coração, reconhecendo as próprias limitações, desnudando-se de preconceitos e tornando-se mais conscientes para se perguntarem a cada momento: Que conflito é este?
ESCUTATÓRIA- A ARTE DE OUVIR COM A MENTE E COM O CORAÇÃO
No universo que nos cerca somos constelação. Sozinhos, temos tênue brilho, mas já compreendemos que, juntos, podemos intensamente...
Precisamos outros, por isso, construímos relações. Desde o nascimento nos relacionamos, com os olhos, com as mãos, com os sentimentos... Em todos os lugares: no âmbito familiar, na escola, no trabalho, no lazer. Dessas relações ,sem as quais não sobrevivemos,surgem os conflitos.
Quando permitimos que se faça silencio dentro de nós, passamos a nos entregar ao ato de escuta e nos capacitamos a compreender, em toda a sua profundidade, o que o outro está dizendo ou tentando dizer. Ouvir é buscar compreender o que realmente está sendo dito.
Conseguir ouvir?
Muitas indagações insistem em nos visitar a mente: Por que não nos sentimos ouvidos? Será que sabemos ouvir?
Demonstramos nossa pouca aptidão para ouvir em gestos que são muito presentes no nosso di-a-dia:
-agimos com indiferença, imaginando que já sabemos o que o outro vai nos dizer;
-não prestamos atenção na fala do outro porque enquanto ele expõe seu ponto de vista ficamos pensando tão somente na resposta que iremos dar quando o outro se calar
-muitas vezes interrompemos a fala do outro, porque julgamos que temos uma opinião melhor a dar ou um fato mis interessante a ser contado.
Queremos mudar este cenário. Buscamos ser ouvidos, então... Exercitemos o saber escutar.
Para a prática da escuta ansiosa:
-busque ouvir os interesses concretos e reais de cada pessoa;
-procure não deixar por esclarecer;
-tenha uma atitude aberta á apresentação de novas ideias
-procure não interromper a fala do outro;
-se possível reproduza verbalmente o que você entendeu, para verificar se escutou corretamente;
-ao final do encontro pense: o que você deixou de bom no outro
Como reagimos diante do que ouvimos?
Ampliar recursos da mente e do coração para o bem coletivo é fundamental para uma escutatória lúcida que, definitivamente não permite que as falsas notícias e os falsos juízos determinem o rumo de nossas vidas.
Por outro lado, é necessário saber que nossas atitudes não vão agradar a todos. O compromisso que temos é atender a nossa consciência.
A valiosa lição de ouvir
Estudando o conflito de interesses ousamos afirmar que as agressões verbais e físicas quase sempre são dores que transbordam. Nem sempre o que é dito através de palavras ou gesto é manifesto de um sentimento real. Fia evidente a necessidade de compreender o que realmente existe por detrás das palavras. Assim fica definido o poder da “escutatória”.
Jesus, nosso maior mestre, ensinou-nos a valiosa lição de ouvir. Encantava a todos com a sua entrega a escuta dosproblemas de todos que O procuravam. Mesmo alguém que lhe fazia descabida pergunta, jamais respondia com repreensão. Usava recursos de um sentimento de amor que acalmava todos os aflitos. Vem daí as inesquecíveis parábolas do meigo e do maior conciliador de os tempos. sua historias foram entrando em nossos corações, ao longo dos séculos, para que pudéssemos compreender uns aos outros.
Na verdade, nenhum de nos se sente confortável na hora do conflito:
-somos fracos para sairmos sozinhos da situação conflituosa;
-temos a “boca torta” (“o uso do cachimbo...”) e não conseguimos “desentortá-la” na velocidade do desejo do outro;
-temos dificuldades para ceder no campo das opiniões;
-julgamos, quase sempre, que o outro não tem razão...
A um bom conciliador não falta uma boa escutatória. Se queremos alcançar este estágio, sigamos a regra áurea do Maior Conciliador.
Quer ser ouvido? Ouça
Quer ser perdoado? Perdoe
Não quer ser caluniado, não calunie.
Quer que os outros lhe tolerem as fragilidades, seja tolerante...
Enfim, ”fazei aos homens tudo o que queirais que vos façam”.
O QUE DIZER DA ARTE DE FALAR
Parece no irrelevante refletir a respeito do ato de falar nos dias atuais, uma vez que vivemos rodeados por tanta tecnologia. Informações novas surgem de todos os lugares e percorrem todos os espaços em questão de minutos.
Ponderar a respeito da fala parece nos regredir a instâncias primitivas, básicas, que aparentemente já fazem parte de uma habilidade dominada e bem apreendida pelo ser humano.
O homem avança, a olhos vistos no campo tecnológico, mais ainda surpreende-nos a seguinte indagação: “será que conseguimos usar as modernas tecnologias em beneficio de todos e em todas as situações?”.
Então coloque-se no lugar de seu ouvinte,imagine que sonhos tem,sua vida pessoal e profissional. Suas palavras podem estar carregadas de afetividade ou de agressividade, causando reações que podem erguer e destruir o seu ouvinte por um longo tempo. “A palavra não foi criada para converter se em raio de morte”. Somos responsáveis únicos por tudo que falamos.
A fala reflete quem somos realmente. O orador que grita nas as relações diárias quer na verdade intimidar o ouvinte. Esta postura leva-nos a pensar em duas possibilidades. A primeira é que o orador se acha absoluto, detentor de todo saber e,portanto incapaz de aceitar opiniões. A segunda, é que a sua insegurança é tão grande, que o ato de gritar torna-se sua “bengala” nos momento que lhe falta habilidade e humildade para lidar com as situações. Quando falamos ou gritamos somos incapazes de ouvir o outro e assim estabelecer um diálogo construtivo.
Serenidade, amenidade, transparência e sinceridade são elemento que não podem faltar e precisam ser usados com equilíbrio e sabedoria no momento da fala. Encontrar o equilíbrio destes elementos não é tarefa fácil, pois exige esforço vontade, observação e prática diária.
Saber que somos iguais, que temos dificuldades em expor nossos sentimento e desejos, nossas angústias e frustrações, nossos arrependimento e erros, é fundamental na arte de falar,pois nem sempre falamos o que realmente queremos,precisamos de tempo para expor o que realmente precisamos.
Por fim, confiar e acreditar no ouvinte é ter certeza se que ele não irá manipular nem distorcer nossas palavras. Confiar e acreditar no orador e ter a certeza de que será transparente e não ocultará a verdade.
TÉCNICAS DE MEDIAÇÃO
A Constituição brasileira de 1988, já no seu preâmbulo, destacou a Justiça como um dos valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada no comprometimento com a solução pacífica dos conflitos, salvaguardando o exercício dos direitos individuais e coletivos e suas garantias. A República Federativa brasileira, constituída em Estado Democrático de direito, erigiu, dentre seus pilares fundamentais, a cidadania e a dignidade da pessoa humana. Verificamos que o aludido Diploma Constitucional deu um passo marcante na história do Judiciário, ao traçar e imprimir as balizas de instrumentos eficientes e eficazes para o exercício democrático da cidadania - os meios alternativos de solução de litígios. 
O Poder Judiciário caminha, atualmente, ao encontro de formas alternativas de resolução das demandas. E, dentro desse raciocínio, insere-se, em última ratio, toda a filosofia e o próprio idealismo daqueles que estão empenhados em mudanças razoáveis e factíveis para que outras perspectivas e outros horizontes se abram, para a efetividade da Justiça, com a utilização de meios e instrumentos alternativos. Na promoção da cultura de paz surgem novos paradigmas - os chamados métodos alternativos de resolução de conflito (conciliação, mediação e arbitragem) - como formas de desafogar o Poder Judiciário. 
A conciliação, a mediação e a arbitragem possuem características próprias e são, especialmente, diferenciadas pela abordagem do conflito. O papel desempenhado pela conciliação, pela mediação e pela arbitragem dentro do sistema processual tradicional sempre foi muito tímido, talvez pela grande influência da cultura do litígio. Na conciliação, as partes têm uma posição mais proeminente, devido a participarem da solução do conflito. Trata-se de um método não adversarial, na medida em que as partes atuam juntas e de forma cooperativa. A conciliação é um procedimento mais rápido. Na maioria dos casos se limita a uma reunião entre as partes e o conciliador. É muito eficaz nos conflitos onde, não há, necessariamente, relacionamento significativo entre as partes no passado ou contínuo entre as mesmas no futuro, que preferem buscar um acordo de maneira imediata para terminar a controvérsia ou por fim ao processo judicial. São exemplos: conciliações envolvendo relação de consumo, reparação de danos materiais, etc. 
A mediação difere da conciliação em vários aspectos. Nela o que está em jogo são meses ou anos de relacionamento. Assinala Weingärtner, no tocante a mediação, "demanda um conhecimento mais aprofundado do terceiro com referência a inter-relação existente entre as partes." A mediação não tem como objetivo primordial o acordo, e sim a satisfação dos interesses e dos valores e necessidades das pessoas envolvidas na controvérsia. Na mediação as pessoas passam, de forma emancipada e criativa, a resolver um conflito pelo diálogo cooperativo, na construção da solução. Ex: mediação na àrea de família, etc. 
A arbitragem é o meio utilizado para conflitos que versem sobre direitos patrimoniais disponíveis. Pode ser de grande eficácia quando se tratar de questões muito específicas, pois um especialista melhor decidirá a controvérsia. As negociações entre parceiros comerciais internacionais apontam pela necessidade de maior utilização deste instrumento tão eficaz, econômico e célere - a arbitragem comercial - na resolução de conflitos de grande complexidade. Ex: controvérsias entre países envolvendo a construção de hidroelétricas e termoelétricas, etc. 
Instala-se a conscientização, na sociedade atual, de que a conciliação, a mediação e a arbitragem são técnicas eficazes de solução de conflitos. Isto, fortalece a confiança, não só pela celeridade com que resolve a demanda, mas também, pelo estado psicológico de paz que envolve os litigantes. Tal panorama instiga a percepção de que estamos passando por uma revolução na forma de fazer Justiça, caminhando, com a reengenharia do processo, para uma modificação estrutural e funcional do Judiciário. De outra face, como bem assevera Luiz Flávio Gomes,"(...) Não existem recursos materiais, humanos e financeiros disponíveis, em parte nenhuma do mundo, que suportem os gastos do modelo clássico de Judiciário." Nesse trilhar, acreditamos que os meios alternativos de solução de conflitos - a conciliação, a mediação e a arbitragem - são instrumentos de pacificação social e afirmação da cidadania, consubstanciando-se, dessa forma, como poderosos instrumentos a serviço da população e para desburocratizar o Judiciário num efetivo pluralismo jurídico, no universo de umanova gestão democrática do Poder 
Judiciário, no sentido da plena concretização dos Direitos de cidadania e do fortalecimento da cultura de Direitos humanos. 
FORMAS ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS
Fátima Nancy Andrighi
Ministra do Superior Tribunal de Justiça
Venho a tempo perquirir se estamos preparados para responder aos anseios e às necessidades sociais dos jurisdicionados?
A tempestade de críticas habitualmente interfere no comportamento humano e provoca desgastes que levam ao desalento e à desesperança. 
No entanto, face às exacerbadas críticas encetadas ao Poder Judiciário, e sem medo de ser injusta ou equivocar-me, tenho para mim que foi com a criação dos Juizados de Pequenas Causas, ocorrida em 1984, que se processou a mais significativa mudança na estrutura do Judiciário brasileiro, pois, por meio deles foi aberta mais uma porta de acesso à Justiça no País.
Nesse contexto, as necessidades sociais multifacetadas tem exigido do Poder Judiciário um papel singular, como nos mostra o compromisso internacional assumido pelo Brasil em março de 1998 junto aos Supremos Tribunais de Justiça Ibero-Americanos em Caracas, no sentido de modernizar a administração da Justiça, tal como sugerido pelos Chefes de Estado e de Governo Ibero-Americanos na Declaração de Margarita em novembro de 1997.
O Supremo Tribunal Federal brasileiro, naquele ato representado pelo Ministro Carlos Mário Velloso, na época Vice-Presidente da Excelsa Corte, com os demais representantes das Cortes Supremas dos demais países, após concluírem que a crise de nossas sociedades é a crise de nossas instituições, e enfatizarem a importância da independência e autonomia do Poder Judiciário como instrumento de garantia dos direitos humanos; ressaltando, que ações conjuntas, como intercâmbio recíproco de experiências e informações, devem ser adotadas entre as nações, subscreveram compromisso cujo teor é o seguinte:
“As Cortes e Supremos Tribunais Ibero-americanos presentes nesta Reunião de Cúpula, conscientes da importância de garantir de maneira eficaz o acesso à Justiça, reconhecemos a necessidade de promover mecanismos alternos de resolução de conflitos através das seguintes políticas:
Promover a utilização dos mecanismos alternos de resolução de conflitos.
As Cortes e Supremos Tribunais deverão estabelecer o âmbito de aplicação dos mecanismos de solução alterna de conflitos.
Realizar as políticas mediante as seguintes ações:
1. Elaborar projetos relacionados com a tipificação dos assuntos que devem ser submetidos aos mecanismos alternos na resolução de conflito.
2. Elaborar um estudo de custos econômicos e da oportunidade dos mecanismos de solução alterna de conflitos.
3. Avaliar a eficiência da conciliação, da resolução de controvérsias em igualdade (juízes de paz) e da arbitragem interna e internacional.
4. A criação de um sistema de conciliação e arbitragem ibero-americano.
5. Educar para a negociação dos conflitos, tanto os cidadãos quanto os que participarem de cada mecanismo.
6. Promover a criação de Centros de Mediação como outro mecanismo de resolução alterno de conflito.”
Cingidos a esse compromisso internacional, devidamente chancelado pelo Supremo Tribunal Federal, entendemos que é dever do Poder Judiciário brasileiro apoiar as iniciativas de adoção de vias alternativas de resolução de conflitos.
A introdução das formas alternativas de solução de conflito – ADR, teve sua razão de ser fulcrada na chamada crise do processo, que vem sendo motivo de preocupação para muitos países, dentre os quais, os EE.UU que por mais de vinte anos investem maciçamente nesse instrumento eficiente de desobstrução do Poder Judiciário.
A determinação de avançar na adoção de soluções alternativas de conflito ocorreu logo após uma histórica manifestação do Presidente da Universidade de Harvard, Prof. Derek Bok, respeitado membro da comunidade jurídica americana, que avaliando o sistema processual tradicional utilizado pelo Poder Judiciário americano, a ele referiu-se como “... um sistema que foi semeado de esperanças tiradas daqueles que encontram demasiada dificuldade de compreender, demasiado quixotesco para impor respeito e demasiado caro para obter resultado prático, concluindo que: “... os resultados não justificam os custos: muitas leis e pouca Justiça, muitas normas e poucos resultados”.
Nesse quadro de desânimo, chegando às raias da indignação, os jurisdicionados americanos promoveram então um movimento que acabou por inspirar a história comercial americana. As associações comerciais e determinados setores industriais, o marítimo, o mercado de valores, de peles e sedas, criaram formas privadas de resolução de conflitos.
A eficiência do novo método de resolução de controvérsia logo foi comprovada e, para incentivar o uso desse instrumento, importantes personalidades americanas passaram a adotá-lo para assuntos pessoais, como são exemplos:
 George Washington – quando incluiu uma cláusula de arbitragem em seu testamento para que eventual disputa que sobreviesse a seus herdeiros fosse solucionada por este “meio alterno”;
Abraham Lincoln – quando exerceu a advocacia, atuou como árbitro em uma célebre disputa entre granjeiros acerca da delimitação de suas propriedades.
A experiência bem sucedida na área comercial levou os americanos durante a Segunda Guerra Mundial, por meio do Congresso, a estender o novo método para a solução de conflitos trabalhistas, evitando tumultos que poderiam ser provocados por trabalhadores em prejuízo dos acontecimentos bélicos. E, foi assim que nasceu a Junta Laboral de Guerra e, em l947, criada pelo Congresso americano uma oficina independente para resolução de conflitos trabalhistas denominada Instituto Federal de Mediação e Conciliação.
Acredito que todos os segmentos que integram a carreira jurídica (advogados, juízes e membros do ministério público) estão preocupados com o resultado do seu trabalho, não só sob o prisma pessoal da eficiência e da qualidade dos serviços prestados, mas também, sob uma ótica social, que não perde de vista os custos que envolvem a jurisdição emperrada pela burocracia, bem como, seus reflexos sobre o erário público e, acima de tudo, com a consciência de que, tal como hoje é perseguida, a solução dos conflitos não se apresenta senão impotente ao alcance da paz social - seu fim maior.
Inumeráveis fatores nos levam a concluir que é preciso mudar o quadro desolador e aflitivo que envolve a qualidade e eficiência da prestação dos serviços judiciários que vem sendo desenhado desde os anos 60, época em que já se comentava acerca da crise do Supremo Tribunal Federal.
Ouso dizer, salientando que é pensamento pessoal, que é preferível ao juiz não deter o monopólio do ato de julgar a tê-lo e prestar um serviço jurisdicional ineficiente e extemporâneo.
Já é hora de democratizarmos a Justiça brasileira. Receio, e volto a gizar que se trata de pensamento próprio, que a manutenção deste sistema ineficiente de prestação jurisdicional pode ser instrumento de fracasso da Justiça, enquanto pilar da democracia, porque ao invés de cumprir sua função de promover a paz social, estará, a contrario sensu, inviabilizando a própria convivência social. Por que não dizermos até ser possível que alguém conclua ser desnecessária a própria instituição?
Urge afastar a nossa formação romanista, baseada na convicção de que só o juiz investido das funções jurisdicionais é detentor do poder de julgar.
Há muito que os processualistas italianos já visualizavam e afirmavam a equivalência das jurisdições. O fenômeno da globalização que une inexoravelmente os povos em mercados comuns; as relações jurídicas cada vez mais complexas; as novas formas de contratação; os novos institutos em face da posse e da propriedade exigem do juiz contínuo aperfeiçoamento técnico, realidade hoje inviável no Brasil, em função do volume exagerado de trabalho nos Tribunais em número sempre crescente de processos, graças ao incentivo que o cidadão tem recebido para exercitar a cidadania, procurandoo leito adequado para solucionar os conflitos.
É imperioso salientar que muito se tem feito para amenizar esse quadro desanimador. A própria Reforma Processual teve essa finalidade, e, após localizar os pontos de estrangulamento do processo, introduziu as tutelas diferidas como a antecipação da tutela, a adoção do procedimento monitório e o aumento significativo do rol dos títulos executivos, tudo com vistas a evitar o alongamento do processo.
Não podemos negar que a criação dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais abriu novos horizontes, mas faltava ainda tirar o Brasil da contramão da história, isto é, colocá-lo no rol dos países que incluíram no ordenamento jurídico uma forma “alterna” de solução de conflito.
O significativo passo foi dado com a Lei 9.307/96, cognominada carinhosamente Lei Marco Maciel. Aproveito a oportunidade para convidar a todos a prestar uma singela homenagem ao então Senador Marco Maciel, que se empenhou de maneira apostólica para fazer tramitar com sucesso no Congresso Nacional a Lei de Arbitragem e ainda obter a sanção presidencial.
A Lei de Arbitragem tem por fim solucionar conflitos relativos aos direitos patrimoniais disponíveis, por meio da intervenção de uma ou mais pessoas, com poder delegado de decisão que seja imposto aos conflitantes e, como conseqüência, seja por eles acatada, e apresenta como vantagens tornar prescindível a intervenção estatal, e ser a sentença arbitral reconhecida como título executivo judicial.
Sabemos que a ineficiência na prestação jurisdicional leva-nos ou de volta aos primórdios da humanidade, quando prevalecia a justiça pelas próprias mãos, o olho por olho, dente por dente, ou ao câncer social do desequilíbrio comportamental, porquanto, está cientificamente comprovado que a falta de acesso ao Judiciário, bem como, a pendência indefinida de processos, tem reflexos nocivos sobre os cidadãos, que passam a vivenciar sentimento de descrença, revolta com a impunidade, aflição e angústia, que podem evoluir para males psicossomáticos, como depressão, apatia, agressividade, desânimo e desesperança.
Neste aspecto, abro um parênteses para citar a valiosa experiência Uruguaia, que, por intermédio de um Convênio Interinstitucional entre o Poder Judiciário e o Ministério da Saúde, instalou em cada hospital público um balcão de atendimento ao cidadão, mantendo plantão com um funcionário da Justiça, um mediador e visita diária de um juiz.
Tenho absoluta certeza que a almejada mudança passa necessariamente por uma revolução de mentalidade e pela assunção de uma nova postura de todos membros dos vários segmentos jurídicos, bem como, da própria sociedade, e se consubstancia na conscientização de que o árbitro, o mediador e os conciliadores também são capazes de solucionar conflitos jurídicos com as mesmas condições técnicas de um juiz de direito investido nas funções jurisdicionais.
Precisamos experimentar um novo modelo de Justiça participativa, que redundará na necessária e imperiosa democratização da Justiça.
Importante ressaltar também o instituto da Conciliação, procedimento que prioriza a comunicação livre entre os pensamentos em conflito, desarmando os espíritos e proporcionando a continuidade das relações sociais entre os contendores, com a descoberta da visão produtiva que o conflito pode ensejar.
Nessa esteira, pinço uma das mudanças mais recentes e bem sucedidas de criação de mecanismos céleres de negociação, transcorrida no Direito do Trabalho, como foi o caso das Comissões de Conciliação Prévia, as quais contribuíram para agilizar a conciliação de conflitos individuais do trabalho.
Hoje, segundo dados do Ministério do Trabalho, há aproximadamente 1500 Comissões constituídas, com 1 milhão e 500 mil acordos trabalhistas concretizados em um período médio de 7 dias, quando a tramitação de processos concernentes a direitos subjetivos idênticos pode se perpetuar por sete a dez anos.
Há de se ressaltar ainda instituto singular, a respeito do qual alguns asseveram tratar-se da Justiça do Terceiro Milênio, qual seja: a Mediação – técnica de resolução de conflitos não adversarial largamente utilizada em países do Oriente e Ocidente, cuja eficiência reside na diluição do conflito. O mediador auxilia as partes na busca da solução do litígio, sem imposição de sentenças ou de laudos, preservando-lhes os interesses por meio de acordos criativos de benefícios recíprocos.
Como se vê, os ventos da modernidade indicam, nas atuais circunstâncias, a necessidade imperiosa de mudar a tradicional forma de trabalhar, tanto dos juízes quanto dos advogados, no sentido de evitar o máximo possível a beligerância, investindo no esgotamento das tentativas de solução extrajudiciais, abandonando as atitudes formalistas de “manter por manter” o antagonismo estéril e a postura de confrontação inútil dos contendores.
A adoção de formas alternativas de solução de conflitos propugna seu entrelaçamento profícuo com os membros do Poder Judiciário, porque a colaboração mútua é a única forma de fazer vingar tais vias alvissareiras no País.
Insisto que devemos investir incessantemente, ainda que sob a forma de catequese, na imprescindível mudança de mentalidade dos Juízes de direito a quem serão direcionados eventuais pedidos de providências em favor da adoção de formas alternativas de solução de conflitos, porque o hábito que nos atrela ao formalismo e ao tecnicismo, que orientam o Código de Processo Civil, poderá frustrar os objetivos perseguidos pelos procedimentos diferenciados.
Entre o juiz e o árbitro, por exemplo, o relacionamento deve ser idêntico àquele utilizado no cumprimento das cartas precatórias. É um colega solicitando ao outro colega auxílio para o efetivo desempenho do trabalho jurisdicional.
E, nesse momento, é de fundamental importância gizar o fato de que foi a exacerbação do tecnicismo e do formalismo que fizeram com que o excesso de papéis que compõem os autos do processo nos levassem a esquecer a relação humana existente em cada processo.
Creio que seria inteligente manter viva em nossa lembrança a trajetória de desgaste sofrido pelo Poder Judiciário, a fim de não transportarmos para o campo das novas formas de solução de litígios uma das causas que maculou a imagem da Justiça brasileira.
A adoção de formas alternativas de solução de conflitos está abrindo portas de esperança para todos os segmentos sociais e, sem dúvida alguma, realizará o sonho de liberdade e de ampliação da cidadania.
Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a pacificação social, sem jamais olvidar que tal propósito requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de se pensar a humanização da Justiça.
POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCENTIVO A AUTOCOMPOSIÇÃO DOS CONFLITOS
O presente texto tem como escopo analisar as políticas públicas que estimulam a prática da autocomposição no âmbito da atividade jurisdicional no Estado de Minas Gerais.
Autocomposição na atividade jurisdicional
Carreira Alvim (2005 p. 15),preleciona que este termo, autocomposição, deve se carnelutti, tratar dos equivalentes jurisdicionais aí a inclui. Completa na esteira de Carnelutti, afirmando que o termo é composto" do prefixo auto(próprio) e do substantivo composição que na linguagem carneluttiana, equivale a solução, resolução ou decisão do litígio por obra dos próprios litigantes.
Carreira Alvim (2005) seguindo Alcalá- Zamora Y castilho, acentua que a autocomposição expresso altruísmo, uma vez que comporta atitudes renúncia em favor do adversário. Outra característica necessária a autocomposição é a espontaneidade, no sentido de sacrificar o próprio intere Pense como noção de autocomposição a ocorrência da solução quando uma das partes ou ambas abre mão do interesse conflitante que gerou o conflito ou pelo menos parte dele.
 Autocomposição pode ocorrer basicamente de três formas, segundo Grinover:
a) desistência (renúncia a pretensão)
B) submissão (renúncia a resistência oferecida pretensão)
C)transação (concessões recíprocas) 
Carreira Alvim (2005) Destaca que os ordenamentos jurídicos modernos consentem e em muitos casos estimulam autocomposição. Acentua ele que esse meio de solução de conflitos pode ocorrer anterior ou posterior a deflagração do processo jurisdicional.
Nos termos do artigo 331 do código de processo civil, preconiza se ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes versará causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar se no prazo de 30 dias, para qual serão as partes intimadas a comparecer podendo fazer representar por procurador ou preposto com poderes para transigir.
De acordo com § 1º do artigo 331, estabelece que obtida a conciliação, será reduzida a termo a homologação, por sentença. Nesse momento o juiz irá ditar para escrivão as condições da transação para que tudo fique reduzido a termo.
Costa Machado (2006 p.478), leciona quê" termo de conciliação é o instrumento formal desta, do qual constarão nome do juiz, número da vara e dos autos, tipo de ação, nome das partes e seus advogados, bem como outros elementos identificadores da mesma.Continua ainda Costa Machado, lavrado e assinado o termo," o acordo normas e irretratável, ainda que por alguma circunstância o juiz não tenha homologado", todavia é ato conseguinte homologação pelo juiz com aposição do sua assinatura, tornando a sentença um título executivo.( artigos 269,III, e 584,III,do código de processo civil).
Marinoni e Arenhart (2006,p. 249) esclarecem ainda," que a conciliação permite as coisas mais aguda do conflito sejam consideradas de temperadas, viabilizando a eliminação do litígio não apenas na forma jurídica, mas no plano sociológico".
Na visão dos doutos juristas, a conciliação atingir as causas primárias dos conflitos, possibilitando o reatamento das relações intersubjetivas que possuindo grande relevância na pacificação social.
Hernani Fidelis (1999) assevera em comentário a lei 9.099/95 que institui os juizados especiais que" a participação do juiz ou conciliador, na conciliação, não é de simples espectador. A proposta de conciliação deve ser insistente,[...] deverá entregar todos os esforços para fazer as partes chegarem a um acordo".
A lei dos juizados especiais criou importante espaço conciliatório no processo, pois que regida pelos princípios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade determinando a busca, sempre que possível da conciliação ou transação, conforme estabelece o artigo 2º da lei 9.099/ 95.
Projeto do centro de conciliação de família do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
 Segundo a cartilha do próprio Tribunal de Justiça de Minas Gerais(2006), motivação do projeto deu-se porque:
"O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, na procura de maior agilidade na prestação jurisdicional e na pacificação dos conflitos de família, quem envolvem questões sociais intimamente ligadas à violência urbana institui o" projeto conciliação" que culminou com a criação da Central de Conciliação de Belo Horizonte".
Competências centrais de conciliação no projeto as causas que envolver direito de família, conforme informação do TJMG,(2006).
A conciliação prévia ocorre preferencialmente nos processos de família referentes a:
- Pedido, oferta, revisional exoneração e execução de alimentos.
 -Separação consensual ou litigiosa
 -Divórcio consensual ou litigioso
 -Reconhecimento de união estável
 -Investigação de paternidade
 -Guarda e regulamentação de visita de Acordo com TJMG nas sessões de conciliação, juiz orientador da central, e assistentes comparecem a audiência, se solicitado. Quem conduz o encontro entre as partes seus advogados é o "conciliador", estagiário de direito ou de psicologia, somente nas ações de guarda e regulamentação de visita obrigatória a presença de psicólogos e assistentes sociais judiciais.
Nos processo de família, depois do parecer do ministério publico, os acordos são homologados pelo juiz , e imediatamente encerrados.
Caso não seja possível a conciliação, o feito volta a sua tramitação normal, sob a direção do juiz titular para qual processo tenha sido inicialmente distribuído. Caso não haja conciliação a parte ré defesa o prazo legal que começará a correr da data da audiência, o da tentativa frustrada de composição amigável do litígio.
Projeto dos juizados de conciliação informais
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (2006) assinala sobre os juizados de conciliação, que:
É um espaço criado pelo poder judiciário em parceria com a sociedade para oferecer aos grupos mais vulneráveis da população apoio na resolução consensual de seus conflitos. O objetivo é promover acordo entre as pessoas de forma rápida, eficaz e gratuita, é também uma iniciativa para mudar a cultura do litígio para cultura da conciliação.
É um projeto vanguardista com a participação da sociedade civil, implementou aos juizados de conciliação, organismos extrajudiciais de solução de controvérsias instituídos em escolas, universidades, igrejas, associações de bairro com total apoio logístico do tribunal de justiça.
Trata se de organismos extrajudiciais, daí a denominação informal, portanto, não possuem relação direta com o processo jurisdicional. O que significa dizer que eu procurar o juizado de convidar a parte adversária essa não tem qualquer compromisso em comparecer à sessão de conciliação, nesse sentido informa o TJMG.
O Juizado de conciliação não tem função jurisdicional e conta com trabalho de conciliadores voluntários, que não detém qualquer autoridade ou poder. Os conciliadores devem sempre agir como pacificadores e não como autoridades, estimulando o diálogo e colaborando na busca de uma solução harmônica para o conflito.
A transação efetivada perante o juizado é um negócio jurídico como outro qualquer e não afasta a possibilidade de ingresso com ação judicial em caso de descumprimento do que for acordado.
Na concepção do tribunal mineiro a conciliação busca resgatar uma concepção, positiva dos conflitos que passam a ser vistos como oportunidade para diálogo construtivos, empreendimentos mútuos aprendizagem de formas mais harmoniosa de cooperativas de convivência humana.(TJMG 2006).
Dados estatísticos
Centrais de atendimento em BH: 03
Postos instalados na comarca de Belo Horizonte: 66
Comarcas do interior com juizados instalados: 112
Total de postos instalados no interior: 251
Total de postos instalados no estado: 317
O CONFLITO COM POSSIBILIDADE DE CONSTRUÇÃO DA PAZ
 
Os conflitos, as crises e as oportunidades de mudança.
Situações de crise se caracterizam, quase sempre, por diminuir o consenso e a habilidade das pessoas para agirem cordialmente.
Através dos conflitos que temos oportunidade de evoluir, estejamos falando de uma nação, uma instituição, uma família, ou indivíduos. O conflito não é mal nem bom, é como a crise consubstancialmente ao ser humano. E pode sim ser gerador de paz, entre as nações, entre os cidadãos, começando pela paz pessoal. A paz nega violência, mas não o conflito, que é parte inerente à condição evolutiva do homem. A forma como lidamos com conflitos encerra a dificuldade, a dor e o medo quando pretendemos resolvê-los com violência, autoridade, pela força, posição de superioridade emocional, cultural ou econômica, frente ao outro.
Como evitar então o conflito seja destrutivo? Conflito é determinado pelo que é valorizado pelas partes conflitantes e por quais crenças e percepções elas detêm. A que se ter uma mistura de interesses cooperativos e competitivos entre os envolvidos não de uma gama de resultados seja possível, como ganha e perda mutua, aceitação de regras que estabeleçam uma não vantagem pessoal em prol do outro, a fim de que se viabilize crie-se um contexto para essa possível composição.
Há uma diversificação cada vez maior nas trocas, novos papéis a serem assumidos, sem que significa a perda dos anteriores.Mas é necessário enfatizar que o divorcio aumentou em muito o número de conflitos nas famílias
OS CONFLITOS NO ÂMBITO JURÍDICO
No âmbito jurídico vemos um crescente número de conflitos familiares onde a criança, quase sempre é palco das mais extenuantes disputas.
O conflito anteriormente era visto pelos juristas famosos que deveria ser combatido como Alexandre Costa.
Uma das percepções fundamentais é de que a disputa não é conflito. Portanto, resolver a disputa não põe fim ao conflito subjacente. Quando o juiz determina com quem fica a guarda de um filho. Isso não põe fim à disputa ou litígio, mas, além de não resolver a relação conflituosa, muitas vezes acirra o próprio conflito, criando novas dificuldades para os pais e filhos. Então se torna claro que o conflito, ao menos em muitos casos não pode ser resolvido pelo acordo. As tensões nós somos frutos apenas de interesses divergentes mas de diferentes maneiras de perceber o mundo. Essas diferenças não podem ser reduzidas sem violentar o direito de cada um a sua própria identidade.
Como o judiciário percebe e reflete essas mudanças?
 Uma Equipe multidisciplinar não teria melhores condições de lidar com a disputa, com o conflito, e com as relações familiares, atuando como facilitadora para que os envolvidos se auto responsabilizem e criados em soluções sustentáveis para suas próprias vidas.
Os conflitos no âmbito escolar
No âmbito educacional, é necessário atentar para o crescente número de conflitos nas instituições de ensino. Algumas instituições escolares sofrem de uma deficiência de regulação, pois as formas tradicionais autoridades não são adaptadas o manejo dos conflitos. Modelo disciplinar repousa sobre oposição das partes e o pronunciamento de uma sanção que vai da censura e exclusão.
Este modelo regulador de conflito reproduz o velho modelo em vigor na sociedade, quer seja inquisidor ou acusatório. Nesse modelo conversacional, um contexto mais propício seria criado de onde tantos alunos, professores e diretores poderiam virar manejar de modo, mais eficiente seus conflitos inter- relacionais, advindo de suas experiências pessoais e familiares.
Seria necessário criar um espaço onde a família pudesse ser auxiliado na recuperação de sua confiança em sua aptidão para educar, assumindo seu papel formador de seres humanos, cidadãos.
A mediação como alternativa para a solução de conflitos
A mediação como alternativa na solução de conflitos, visa proporcionar aos indivíduos uma nova maneira de se comunicar e de se relacionarem. Nova abordagem para tratar os conflitos, onde a cooperação e à disponibilidade em solucioná-los, se torna imprescindíveis para a possibilidade de um acordo satisfatório. Não se trata de uma técnica de intervenção, mas sim de uma forma diferente de ver o conflito interpessoal e intergrupal. Esse modelo de intervenção dá bastante desenvolvida estruturados no Canadá, Estados Unidos e Inglaterra.
A referida técnica ganha importância ao se vislumbrar que, por vezes, o conflito pressupõe a ocorrência de patologia social enquanto choque desequilibrado de interesses opostos, de fundo psicológico, econômico e sociológico. Econômico e sociológico. Diante disso, dependendo do nível de realidade em que esses interesses forem compostos, vislumbra se na mediação a resolução do conflito, como terapêutica pacificadora, forma de promover a autonomia do indivíduo, e sua cidadania e a paz social.
A mediação consolida se como instrumento complementar e eficaz, de contribuição para uma cultura de paz, sem tanta desigualdade social. Citando Gandhi: " cada um de nós procuremos ser a mudança que queremos ver no mundo"
MEDIAÇÃO: UMA FORMA EFETIVA DE PACIFICAÇÃO SOCIAL NO ESTADO CONTEMPORÂNEO
Mediação: uma forma efetiva de pacificação social no estado contemporâneo.
Resumo: O presente artigo tem por finalidade apresentar a mediação como uma das formas mais eficazes de pacificação de conflitos no Estado Democrático de Direito visando não apenas a pacificação jurídica mas também a social vislumbrando a evolução da sociedade como coletividade
Os conflitos de interesses são percebidos sob uma dupla dimensão, de um lado o conflito jurídico envolvendo direitos violados ou supostamente violados, e, de outro o conflito social envolvendo as relações entre indivíduos que desestabilizam a sociedade e nem sempre são reestruturados, muito embora, juridicamente, tenha-se solucionado o conflito emergente, pois que a insatisfação permanece latente entre os indivíduos; em realidade não se trata, o conflito, de meras questões materiais, mas subjetivas e emocionais.
Figueira Junior menciona que a insatisfação entre os litigantes é conseqüência de sentenças judiciais e arbitrais em que se tem a solução de um conflito em seu aspecto jurídico apenas, mencionando o autor que "a sentença ou a decisão arbitral que acolhe ou rejeita o pedido formulado inicialmente pelo postulante não solucionam o conflito sociológico, mas simplesmente compõem a lide processual que, por sua vez, significa nada mais do que a parcela do litígio que foi levado ao conhecimento do juiz ou árbitro". Neste contexto tem-se a mediação como forma hábil de solucionar os conflitos sociológicos viabilizando a efetiva pacificação social além de promover o exercício da cidadania, uma vez que o próprio indivíduo passa a exercer sua autonomia no sentido de dirimir seus conflitos e gerenciá-los.
Warat refere que: As práticas sociais de mediação se configuram num instrumento ao exercício da cidadania, na medida em que educam, facilitam e ajudam a produzir diferenças e a realizar tomadas de decisões sem a intervenção de terceiros que decidem pelos afetados por um conflito. Falar de autonomia, de democracia e de cidadania, em um certo sentido, é se ocupar da capacidade das pessoas para se auto determinarem em relação e com os outros; autodeterminarem-se na produção da diferença (produção do tempo com o outro). A autonomia como uma forma de produzir diferenças e tomar decisões com relação a conflitividade que nos determina e configura, em termos de identidade e cidadania.
Como mecanismo alternativo de caráter extrajudicial e autônomo, a mediação, privilegia a conciliação entres as partes e o restabelecimento das relações sociais. Nas palavras de Morais, "com o auxílio do mediador, os envolvidos buscarão compreender as fraquezas e fortalezas de seu problema, a fim de criar uma solução onde todos ficarão satisfeitos." O objetivo principal da mediação seria, desta forma, não a busca do direito a ser aplicado ao conflito, mas, a busca do apaziguamento das partes envolvidas na controvérsia percebendo-se como indivíduos sociais.
Numa análise do desenvolvimento da mediação entre os indivíduos propugna Warat que: à diferença do que ocorre em um processo judicial, no qual na realidade são os advogados que intervêm e manejam o conflito, na mediação são as partes os principais atores, as donas do conflito que mantêm, em todos os momentos, o controle do mesmo, dizendo quais são as questões que estão envolvidas, assim como o modo de resolvê-las. O acordo decorrente de uma mediação, satisfaz, em melhores condições, as necessidades e os desejos das partes, já que estas podem reclamar o que verdadeiramente precisam e não o que a lei lhes reconheceria. Permite o encontro de alternativas que escapam das possibilidades que a justiça ou o árbitro podem oferecer, limitados pelas disposições legais e jurisprudenciais.
As partes contam para a composição do conflito com a figura do mediador, que exerce papel fundamental o processo de mediação e, na concretização da justiça, as funções do mediador podem ser resumidas da seguinte forma: cooperador, eis que ajuda a discutir com respeito; coordenador da discussão entre as partes; ressalta as convergências e divergências em torno do objeto do conflito de interesses; identificador dos pontos de atrito entre as partes que originaram o conflito; motivador da criatividade na busca de alternativas para a solução do conflito bem como auxilia as partesa descobrir seus reais interesses, permitem que o acordo firmado por elas seja justo, eqüitativo e duradouro.
Características do Instituto Mediação
Como instituto jurídico, a mediação apresenta características que lhe são peculiares como o sigilo, pois não tem o caráter da publicidade tal como ocorre na justiça comum; a controvérsia solucionada via mediação fica adstrita ao conhecimento das partes envolvidas e do mediador; a informalidade, em oposição ao formalismo existente no procedimento judicial, eis que não requer formulação de pedidos ou defesas na forma escrita; o baixo custo, resultante do fato de que com a mediação o único gasto é para com a figura do mediador, o qual deverá ser pago por ambas as partes, não há despesas judiciais, não há custas a serem pagas e nem mesmo honorários advocatícios eis que a participação de advogados não se faz obrigatória; a celeridade, resultante da própria informalidade, salientando-se que a maior celeridade será obtida nas hipótese de menor conflituosidade emocional entre as partes envolvidas; a redução do desgaste emocional das partes, pois o mediador tem o condão de facilitar a conversação dos indivíduos de modo que possam de uma forma pacífica sem cargas emocionais chegarem a um acordo.
Nesse mesmo sentido, acerca da análise conceitual da mediação, Morais apresenta, diversas características, as quais ressalta tratarem-se em realidade de vantagens oferecidas pelo instituto, tais como: a privacidade pois desenvolve-se em ambiente secreto sendo divulgado somente mediante autorização das partes; a economia financeira e de tempo pois o conflito é solucionado no menor lapso temporal possível havendo consequentemente um menos custo do processo; a oralidade possibilitando que as próprias partes debatam em busca de uma solução para o conflito concretizando a informalidade do procedimento; a reaproximação das partes, pois enquanto o processo judicial tem como objetivo sentenciar impondo uma decisão as partes a mediação, como justiça informal, tem como objetivo prevenir conflitos pacificando as relações sociais entre as partes; autonomia das decisões dispensando a homologação pelo Judiciário pois cabe as partes decidirem sobre o conflito o que farão de acordo com o que for melhor para cada uma, em prol do restabelecimento social e o por último, o equilíbrio das relações entre as partes, estando estas em perfeita igualdade de tratamento viabilizando a pacificação das relações entre elas.
A mediação transcende à solução de conflitos, dispondo-se a transformar o contexto adversarial em colaborativo, estimulando e vitalizando a comunicação entre os indivíduos em conflito de modo a proporcionar o que a jurisdição pública certamente não possui condições de oferecer, celeridade e restabelecimento da relação social entre as partes.
Nesta perspectiva, faz-se necessário perceber que a justiça acompanha a evolução do homem dentro de suas necessidades, resultantes da evolução tecnológica, social, política, jurídica e econômica sendo necessário uma adaptação eis que do processo evolutivo o aumento da procura por soluções eficazes as quais podem ser obtidas não apenas por meios estatais, mas pela própria participação dos litigantes através de meios alternativos.
O Estado exerceu papel fundamental quando da organização do homem em sociedade, porém, ao mesmo tempo, representou o principal empecilho de seu acesso à justiça no momento em que concede inúmeros direitos e garantias ao cidadão sem, no entanto, possuir uma estrutura que suporte a realização material de tais direitos e garantias, e consequentemente impede o pleno exercício da cidadania.
Neste contexto, embrenhado na sistematização tradicional de composição de controvérsias, surge a mediação promovendo a autonomia do indivíduo, promovendo a sua cidadania e a concretização da democracia então base do Estado, comenta, Warat a respeito informando que a mediação tem o condão de educar e ajudar a identificar as diferenças e a promover a tomada de decisões sem a intervenção de terceiros que decida o conflito pelo indivíduo, simbolizando, portanto, o instrumento de exercício da cidadania.
A busca constante pela justiça e a inoperância do Poder Judiciário em face de sua inadequação às exigências sociais atuais fez (re)surgir mecanismos alternativos que evoluem na sociedade oferecendo a rapidez e a eficácia almejada na composição dos conflitos. Assevere-se ao fato de que as garantias elencadas na Constituição Federal com o objetivo de resguardar o jurisdicionado, mas de pouca efetividade em face da crise enfrentada pelo direito, não podem representar obstáculos do cidadão à justiça a que garantem devendo dar-se respaldo aos novos meios compositivos de conflitos numa perfeita concretização do justo impedindo-se desta forma a injustiça legalizada pois caminham lado a lado o Poder Judiciário e os mecanismos alternativos devolvendo ao Estado a legitimidade perdida.
 
AS SOLUÇÕES ALTERNATIVAS DE CONFLITOS COMO GARANTIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
O acesso à justiça é um direito fundamental, o mais básico dos direitos humanos, garantido pela Constituição Federal de 1988.
Mais do que alcançar a justiça, se pretende garantir um acesso célere e efetivo, todo cidadão prima por uma resposta rápida do Poder Judiciário, o que o atual modelo de jurisdição não tem garantido.
Demonstrada a incapacidade do Estado de monopolizar a jurisdição, tendem a se desenvolver procedimentos jurisdicionais alternativos, como a arbitragem, a mediação, a conciliação.
As soluções alternativas de conflitos passam a ser um meio eficaz para alcançaros direitos e garantias fundamentais, alcançando às necessidades humanas. 
Conforme lição de JOEL DIAS FIGUEIREDO JUNIOR (2002 p. 169-181):
 “Os meios ou formas alternativas de solução de conflito não visam o enfraquecimento do Poder Judiciário. A escolha entre a solução do conflito através da tutela estatal ou paraestatal não significa que uma é melhor ou pior, mas duas formas distintas colocadas a disposição dos jurisdicionados para a solução de seus conflitos.”
A mediação segundo SALES (2004, p. 23):
“Vem a ser “um procedimento em que e através do qual uma terceira pessoa age no sentido de encorajar e facilitar a resolução de uma disputa, evitando antagonismos, porém sem prescrever a solução”. Os objetivos da mediação são os de solucionar os conflitos de caráter preventivo, a inclusão social e a paz nas relações sociais. A proposta da mediação é que o mediador não interfira no acordo, a solução deve vim das partes de forma não imediatista”.
Na mediação temos o esclarecimento do conflito
A mediação é uma chave para que consigamos nos libertar da estrutura do poder judiciário para que os conflitos sejam dirimidos
O CNJ publicou a Resolução 125/2010 que trabalha sobre Mediação e Conciliação 
Um dos princípios da mediação é o Princípio da Autonomia da Vontade das Partes
Outro princípio é o Princípio da Credibilidade, o mediador tem que ter confiança das partes
Princípio da Confidencialidade, o processo da mediação tem que ser confidencial (total sigilo)
Deveres do Mediador – contactar as partes para explicar o que é mediação, busca da solução, ele não pode sugerir a solução, apenas conduzir as partes.
A arbitragem por sua vez tem como característica um terceiro a elaborar a decisão final da solução de um conflito.  São as partes que definem o método a ser adotado durante todo o procedimento da arbitragem, escolhem do árbitro e também o prazo para finalizar essa forma alternativa de resolução de conflitos.
É a solução privada de um conflito.
A arbitragem tem a lei 9.307/ 96.
A arbitragem sempre existiu no Brasil, em 1973 optou o legislador a arbitragem ser uma ferramenta de apoio.
Arbitragem é solução de conflito através de um arbitro.
 “Os processos são métodos alternativos de ajudar as pessoas a resolver problemas jurídicos antes de ir para tribunal. ADR envolve uma pessoa independente, chamada de "neutro" que tenta ajudar a resolver ou diminuir as áreas de conflito”.
A conciliação possibilitaa solução pacífica de um conflito, é uma forma de resolução de conflitos por um terceiro, sendo ele neutro e imparcial, denominado conciliador, com autoridade ou indicado pelas partes.
Na conciliação não existe a discussão efetiva do caso concreto, não existe a discussão em cerca da matéria.
 O conciliador é quem tenta aproximá-las, compreender e ajudar as negociações, resolver, sugerir e indicar propostas ao mesmo tempo ao qual ele aponta as falhas, vantagens e desvantagens fazendo sempre jus à composição.
 O papel do juiz na conciliação é tão importante quanto ele o é nas relações processuais tradicionais, além de julgar e manter a justiça faz-se necessário ainda a tentativa de pacificação mediante as partes para que se mantenham as relações da melhor forma possível após o término da conciliação entre as partes em lide.
 Sendo essa uma das principais vantagens do instituto da conciliação. Magistrados, advogados, membros do Ministério Público e da administração pública têm adquirido consciência sobre a importância desse modo alternativo de resolução de conflitos, tanto é que nos últimos anos tal método tem sido utilizado, obtendo sucesso e reduzindo o “congestionamento” processual.
OS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
“ São direitos imprescindíveis ao homem, necessários ao alcance da dignidade humana”
As soluções alternativas de soluções de conflitos vêm sendo um meio adequado e eficaz de aproximação e alcance da efetividade dos direitos fundamentais, vez que além de resolver o litígio, satisfaz ambas as partes em um menor tempo possível.
Segundo Carl schimitt, a história dos direitos fundamentais iniciou-se comas declarações formuladas pelos Estados americanos no século XVIII, iniciada pela declaração do Estado de Virgínia de 12 de junho de 1776.
Sua classificação definida pela doutrina, os distinguem em quatro gerações:
Os direitos fundamentais de primeira geração
É composta dos direitos de liberdade, que correspondem aos direitos civis e políticos, tendo como titular o indivíduo, os direitos de primeira geração são oponíveis ao Estado.
Os direitos fundamentais de segunda geração
Prima pelo princípio da igualdade, os princípios de segunda geração são considerados como sendo os direitos sociais, culturais, coletivos e econômicos, tendo sido inseridos nas constituições das diversas formas de Estados Sociais.
Quando da declaração desses direitos, exigiram do Estado determinadas prestações impossíveis de serem concretizadas naquele dado momento e, dessa forma, com a juridicidade questionada, os direitos de segunda geração foram lançados como diretrizes, ou programas a serem cumpridos, ou seja, esses direitos foram remetidos à esfera programática.
Os direitos fundamentais de terceira geração
Fraternidade ou solidariedade, são identificados como sendo o direito do desenvolvimento, o direito à paz, o direito ao meio ambiente, o direito da propriedade sobre o patrimôniocomum da humanidade e o direito da comunicação.
Norbeto Bobbio assinala que Celso Lafer fala dos direitos de terceira geração como se tratando, sobretudo, de direitos cujos sujeitos não são os indivíduos, mas sim, os grupos de indivíduos, grupos humanos como a família, o povo, a nação e a própria humanidade.
Os direitos fundamentais de quarta geração
Consistem no direito à democracia, no direito à informação e no direito ao pluralismo
Enquanto direito de quarta geração, a democracia positivada há de ser, necessariamente, uma democracia direta, que se torna a cada dia mais possível, graças aos avanços tecnológicos dos meios de comunicação, e sustentada legitimamente pela informação correta e aberturas pluralistas do sistema.
Classificação conforme a Constituição
Existem doutrinadores, tal como José Afonso da Silva, que estudam e classificam os direitos fundamentais da mesma forma consagrada pela Constituição, onde se tem ordenado o direitos e deveres individuais e coletivos, os direitos sociais, os direitos de nacionalidade, de cidadania e por fim, as garantias constitucionais.
OS CONFLITOS NA HISTÓRIA: SOLUÇÕES ALTERNATIVAS DE PACIFICAÇÃO
“Não pode haver justiça sem homens justos “ – Platão.
As técnicas milenares de acesso à justiça e solução de conflitos se apresentam como uma maneira não apenas de resolver as disputas, mas também, e principalmente, de preveni-las.
Ao perceber que Moisés, líder do povo Hebreu, que era também o responsável por julgar os conflitos existentes entre os indivíduos, cuidava de tudo sozinho, Jetro, seu sogro, aconselhou-o a delegar sua autoridade. Era necessário escolher pessoas capazes e de sua confiança, que pudessem receber as leis e julgar os litígios, de maneira que somente chegassem a Moisés os casos mais graves, enquanto que os pequenos seus auxiliares resolveriam. Dessa forma haveria maior eficiência.
Isso aconteceu a 3.400 anos atrás e o que o sogro de Moises fez foi sugerir uma descentralização do poder.
É indiscutível que o acesso à justiça se torna mais eficaz quando existe uma menor burocratização do sistema.
É notório que a sobrecarga dos processos dos tribunais, causam morosidade na análise dos processos, e consequentemente a efetividade da prestação jurisdicional se vê prejudicada.
A crise da justiça preocupa juristas, advogados e doutrinadores, uma legislação processual absoleta aliada à falta de infra-estrutura dos órgãos competentes para julgar é apontada como causas desta crise.
A urgência se faz necessária, para a criação de meios alternativos para prevenir e solucionar os conflitos sociais; obviamente que isso implica a desmopolização judiciária,
Esclarecemos que a desmopolização não fere o princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição.
Ao contrário, a delegação é necessária para que o Estado atue efetivamente em todos os casos, cumprindo assim outro dispositivo constitucional, que determina: 
Art. 5º, LXXVIII, CR, a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantem a celeridade de sua tramitação.
A Lei 9.307/96, Lei de Arbitragem, significou efetivamente a quebra do monopólio estatal e o reconhecimento de formas alternativas de solução de conflitos no ordenamento brasileiro, tendo em vista que imprimiu as decisões dos árbitros escolhidos pelas partes envolvidas o caráter de coisa julgada
A tendência de supervalorização de métodos que desafoguem o judiciário é crescente entre os doutrinadores, juristas e legisladores, brasileiros, tem-se adotado medidas extrajudiciais para casos de separação, divórcio, inventário e partilha.
Neste contexto é que as ADR (Alternativa Dispute Resolution) se apresentam como formas extrajudiciais de resolução de conflitos, tendo como modelos mais conhecidos a negociação, a arbitragem, a conciliação e a mediação.
É indiscutível que estes métodos aliviam a sobrecarga do judiciário, porém , surge uma dúvida, eles atingem o mesmo fim de justiça da decisão convencional ( jurisdição pelo Estado)?
Não obstante a subjetividade do conceito de justiça, o que não se admite é a confusão entre esta e o direito, mas qualquer que seja a definição de Direito e de Justiça, o que importa é que o Direito atinja o anseio social de pacificação buscado pela justiça, obtendo a convivência harmônica dos indivíduos de uma sociedade.
De tudo o que foi exposto acerca da efetividade dos meios alternativos de solução de conflitos, e da grande e urgente necessidade de implementação de suas técnicas, o que se espera não é convencer ninguém de que se trata de uma solução definitiva e milagrosa para um sistema jurisdicional sobrecarregado, mas estes, podem sim, serem grandes auxiliares na solução de conflitos, sejam eles interpessoais, sociais ou internacionais.
REFERÊNCIAS 
Artigo:http://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/artigos/2010/formas-alternativas-de-resolucao-de-conflito-juiza-oriana-piske.
GOMES, Luís Flávio. A dimensão da magistratura no Estado Constitucional e Democrático de Direito: independência judicial, controle judiciário,legitimação da jurisdição, politização e responsabilidade do juiz. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997.
HIGHTON, Elena I.; ALVAREZ, Gladys S. Mediación para resolver conflictos. Buenos Aires: Ad Hoc, 1995. 
MONTEIRO, Sônia Valesca Menezes. A arte da negociação no mundo globalizado. Publicado na Revista Justilex, ano VII, nº 76, abr. 2009, p. 55-56. 
 MORAES, Silvana Campos. Juizados de Pequenas Causas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1991. 
SANTOS, Paulo de Tarso. Arbitragem e poder judiciário: mudança cultural. São Paulo: LTR, 2001. 
VIANNA, Luis Werneck et. al. A judicialização da política e das relações sociais no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 1999. 
WEINGÄRTNER, Lis. Mediação é escolha alternativa para resolução de conflitos. Publicado na Revista Justilex, ano VII, nº 76, abr. 2009, p. 12-15.
Manual de Mediação.Teoria e Prática. Organização: Fernanda Maria Dias de Araújo Lima. Rosane Maria Vaz Fagundes. Vânia Maria Vaz Leite Pinto
WWW.ambito-juridico.com.br
11. José Maria Rossani Garcez. ADRS. Mediação. Conciliação e Arbitragem. 2ªedição. Revista ampliada. 2ª Triagem revista. Juris Editora.

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