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Bioética Resumo Prova

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Aborto
Definições:
Interrupção eugênica da gestação (IEG): são os casos de aborto ocorridos em nome de práticas eugênicas, isto é, situações em que se interrompe a gestação por valores racistas, sexistas, étnicos, etc. (medicina nazista)
Interrupção terapêutica da gestação (ITG): são os casos de aborto ocorridos em nome da saúde materna, isto é, situações em que se interrompe a gestação para salvar a vida da gestante
Interrupção seletiva da gestação (ISG): são os casos de aborto ocorridos em nome de anomalias fetais, isto é, situações em que se interrompe a gestação pela constatação de lesões fetais (ex anencefalia)
Interrupção voluntária da gestação (IVG): são os casos de aborto ocorridos em nome da autonomia reprodutiva da gestante ou do casal, isto é, situações em que se interrompe a gestação porque a mulher ou o casal não mais deseja a gravidez, seja ela fruto de relação consensual ou não.
Com exceção da IEG, todas as outras formas de aborto, por princípio, levam em consideração a vontade da gestante ou do casal em manter a gravidez. (principio da Autonomia, no caso, reprodutiva) complicações do aborto apresentam ameaças sérias à saúde pública e recomendam que, onde o acesso ao aborto não é contra a lei, ele deve ser efetuado em condições seguras...”(11). O aborto, juntamente à prática do coito interrompido, tem sido durante os séculos XIX e XX o método de controle de natalidade mais utilizado e difundido.
Segundo dados do Instituto Alan Guttmacher sobre o aborto na América Latina, há uma correlação acentuada entre renda e acesso ao aborto praticado por médicos. Enquanto apenas 5% das mulheres pobres rurais têm acesso ao aborto médico, este número é de 19% entre as mulheres pobres urbanas e de 79% entre as mulheres urbanas de renda superior
O argumento principal dos defensores da legalização ou descriminalização do aborto é o do respeito à autonomia reprodutiva da mulher e/ou do casal, baseado no princípio da liberdade individual. Já os oponentes do aborto têm como nó a heteronomia, isto é, a idéia de que a vida humana é sagrada por princípio. O principal direito – e o mais alardeado pelos oponentes da questão do aborto – é o direito à vida. Na Bioética, os oponentes do aborto não são apenas aqueles vinculados a crenças religiosas, sendo, ao contrário, esta uma idéia bastante difundida até mesmo entre os bioeticistas laicos
Em geral, quando os argumentos favoráveis ao aborto se afastam do princípio da autonomia reprodutiva, o alvo é desconstruir a retórica contrária ao aborto, especialmente as duas teorias acima expostas
Atualmente no Brasil o aborto é considerado crime, exceto em duas situações: de estupro e de risco de vida materno. A proposta de um Anteprojeto de Lei, que está tramitando no Congresso Nacional, alterando o Código Penal, inclui uma terceira possibilidade quando da constatação anomalias fetais. 
Esta situação já vem sendo considerada pela Justiça brasileira, apesar de não estar ainda legislada. Desde 1993, foram concedidos mais de 350 alvarás  para realização de aborto em crianças mal formadas, especialmente anencéfalos . Os juízes inicialmente solicitavam que o médico fornecesse um atestado com o diagnóstico da mal formação, além de outros três laudos para confirmação, um outro laudo psiquiátrico sobre o risco potencial da continuidade da gestação e um para a cirurgia. Ao longo deste período estas exigências foram sendo abrandadas.Em algumas solicitações os juízes não aceitaram a justificativa, e não concederam o alvará tendo em vista a falta de amparo legal para a medida. Em 2000 um advogado entrou com uma solicitação de medida liminar para impedir uma autorização de aborto de bebe anencéfalo no Rio de Janeiro. A mesma foi concedida. 
Este tema tem sido discutido desde inúmeras perspectivas, variando desde a sua condenação até a sua liberação inclusive descaracterizando-o como aborto, mas denominando o procedimento de antecipação terapêutica de parto. 
A nova redação proposta para o Código Penal, altera todos os três itens, é a seguinte: 
Exclusão de Ilicitude
Art. 128. Não constitui crime o aborto praticado por médico se:
I - não há outro meio de salvar a vida ou preservar a saúde da gestante; II - a gravidez resulta de violação da liberdade sexual, ou do emprego não consentido de técnica de reprodução assistida;
III - há fundada probabilidade, atestada por dois outros médicos, de o nascituro apresentar graves e irreversíveis anomalias físicas ou mentais. 
Parágrafo 1o. Nos casos dos incisos II e III e da segunda parte do inciso I, o aborto deve ser precedido de consentimento da gestante, ou quando menor, incapaz ou impossibilitada de consentir, de seu representante legal, do cônjuge ou de seu companheiro;
Parágrafo 2o. No caso do inciso III, o aborto depende, também, da não oposição justificada do cônjuge ou companheiro.
A Morte e o Morrer
O sofrimento no fim da vida é um dos grandes desafios, que assume novos contornos neste fim de milênio diante da medicalização da morte e do poder que as novas tecnologias dão à profissão médica para abreviar ou prolonger o processo de morrer. Qualidade e quantidade de vida na fase terminal da existência humana assumem conotações insuspeitadas há cinqüenta ou cem anos.
A morte saiu do ambiente domestico, velorios no lar, e passou mais para o ambiente hospitalar, assim as reações à morte se tornaram mais mitificadas, devido a distância que assumiu no context atual., inclusive, houve mudança no conceito de morte, antigamente se valorizava a ausência de batimentos cardiacos e a ausência de movimentos respiratórios, hoje no entanto, os parâmetros clínicos a serem observados para constatação de morte são: coma aperceptivo com ausência de atividade motora supra-espinal e apnéia. Cabe aqui ressaltar, que deve ser diferenciado o estado vegetative persistente (salvável, coma profundo) do permanente (não salvável, morte encefálica)
Estágios da Morte Kubblee-Ross: Lembrar que esses estágios não necessariamente acontecem na ordem em que serão citados, e não necessariamente acontecem todos. Ele são: Negação, Raiva, Barganha, Depressão e Aceitação.
Decisões sobre o fim da vida:
A eutanasia se preocupa prioritariamente com a qualidade da vida humana na sua fase final – eliminando o sofrimento (abreviação da vida sem sofrimento nem dor).
Quanto aos tipos de eutanasia: 
Eutanásia voluntária: solicitada por aquele que sofre; suicídio assistido ou homicídio por requisição
Eutanásia involuntária: decisão da sociedade ou de um indivíduo em pôr fim à vida daquele que sofre, sem que este exprima sua vontade.
Eutanásia Não-voluntária: aquela realizada em uma pessoa que não está em condições de optar.
Eutanásia ativa: quando a morte é provocada.
Eutanásia Passiva: quando a morte advém da omissão de medidas indispensáveis para salvar a vida.
Obs: No Brasil a Eutanasia voluntária ativa é considerado Homicídio Doloso Privilegiado.
A distanásia se dedica a prolongar ao máximo a quantidade de vida humana, combatendo a morte como o grande e último inimigo (manter a vida a todo custo)
A ortotanásia permite ao doente que já entrou na fase final de sua doença, e àqueles que o cercam, enfrentar seu destino com certa tranqüilidade porque, nesta perspectiva, a morte não é uma doença a curar, mas sim algo que faz parte da vida (Aqui não consta abreviação da vida, mas sim a manutenção do doente, para que a morte ocorra no seu curso natural, garantindo apenas o alivio da dor e do sofrimento)
Quanto retirada do suporte vital: Há amparo do CFM pela resolução 1805/2006 
Art. 1º É permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que
prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável,
respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal.
§ 1º O médico tem a obrigação de esclarecer ao doente ou a seu representante
legal as modalidades terapêuticas adequadas para cada situação.
§ 2º A decisão referida nocaput deve ser fundamentada e registrada no
prontuário.
§ 3º É assegurado ao doente ou a seu representante legal o direito de solicitar uma
segunda opinião médica.
Art. 2º O doente continuará a receber todos os cuidados necessários para aliviar os
sintomas que levam ao sofrimento, assegurada a assistência integral, o conforto
físico, psíquico, social e espiritual, inclusive assegurando-lhe o direito da alta hospitalar.
Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em contrário.
Quanto a morte encefálica: Há definição pelo CFM pela resolução 1480/1997
Art. 3º. A morte encefálica deverá ser conseqüência de processo irreversível e de causa
conhecida.
Art. 4º. Os parâmetros clínicos a serem observados para constatação de morte encefálica
são: coma aperceptivo com ausência de atividade motora supra-espinal e apnéia.
Art. 6º. Os exames complementares a serem observados para constatação de morte
encefálica deverão demonstrar de forma inequívoca:
a) ausência de atividade elétrica cerebral ou,
b) ausência de atividade metabólica cerebral ou,
c) ausência de perfusão sangüínea cerebral.
BIOÉTICA E SAÚDE MENTAL:
ÉTICA= “Juízo do comportamento das pessoas entre si numa sociedade”.
CÓDIGO= “Coleção de leis”.
SAÚDE MENTAL “É o silêncio da alma, quer a entendamos como entidade espiritual, atividade cerebral ou como funcionalidade psíquica.”
Internação Involuntária e Compulsória:
Involuntária= Não há a voluntariedade do paciente. Compulsória= É por ordem judicial.
Ordem Judicial – Internação Compulsória
Internação involuntária:
Psicoses (Surtos Maníacos de TAB ,Surtos Esquizofrênicos, Transtornos delirantes)
Risco de Suicídio
Risco de Agressão a alguem conhecido.
Risco de Destruição de patrimônio público
Abuso de álcool e drogas
Dilema ético: Beneficência e da Justiça X AUTONOMIA.
Sigilo Médico e Confidencialidade
SIGILO MÉDICO: é a obrigação devida às confidências feitas pelo paciente ao médico ou de tudo que vier a perceber ou a deduzir em sua relação com o paciente, cuja revelação possa lhe causar danos.
O prontuário é propriedade do paciente, e o médico é o seu fiel guardador. 
Situações em que pode haver quebra do sigilo médico:
Notificação compulsória de doenças transmissíveis às autoridades sanitárias (HIV).
Comunicação de HIV a familiares e parceiros sexuais.
Lesões por agressão e violência.
Abuso infantil.
Pedidos judiciais.
Dilema ético envolvido: Princípio da beneficência e não maleficência X princípio da autonomia.
Consentimento Informado
É uma decisão voluntária, verbal ou escrita, protagonizada por uma pessoa autônoma e capaz, tomada após um processo informativo, para aceitação de um tratamento específico ou experimentação, consciente de seus riscos, benefícios e possíveis conseqüências
Capacidade do paciente para consentir
Informação
Entendimento
Voluntariedade
Situações que limitam ou impedem o consentimento informado:
Crianças ou adolescentes menores de idade
Adultos com problemas neurológicos e/ou psiquiátricos graves como: (Demências, delirium, psicoses, depressões graves, uso de drogas psicoativas)
Situações de urgências
Situações que obrigam a quebra do sigilo médico
Quando o próprio paciente se recusar a receber informações
Contenção Física e/ou Química
Indicações da Contenção Física: (Prevenção de danos iminentes para si e para outros, Prevenção de danos ao ambiente físico, Prevenção contra interrupção de tratamento [RF], Diminuição do nível de estímulo para agitação psicomotora, Quando o paciente solicitar)
Protocolo de uso em Unidades de Internação
Recusa de tratamento
Avaliar a capacidade de julgamento
Informação adequada
Cria condições para tomada de decisão
Testemunhas de Jeová
 emergência(risco iminente)
 sem risco imediato
Violação de Fronteiras (Quando a relação médico paciente, ultrapassa esse limite, e adquiri caráter amoroso, sexual, etc)
Assimetria da Relação Médico-Paciente
Pacientes mais suscetíveis
Baixa auto-estima
Personalidades dependentes
Grande sensibilidade à rejeição
Formas de exploração
Vida Pessoal do médico
Favores sexuais
Prevalência: EUA 19-67%
Maioria mulheres
Abusadores são homens em 85 a 90% casos
Em 559 pacientes, 90% sofreram algum prejuízo (isolamento social, vergonha, culpa, transtornos de ansiedade e depressivos, conflitos familiares), 11% hospitalizados, 1% suicídio.
Dilema ético: Beneficência e Não maleficência X Autonomia
Médico mentalmente enfermo
Transtorno Mental
Dependência química
Síndrome de “Burnout” (Quando há stress mental por excesso de trabalho)
Empatia e Firmeza (Conselho de Ética - É dever de o médico denunciar seu colega em más práticas, seja por qualquer motivo, stress mental, abuso de drogas,até por enfermidades).
Aspectos Éticos dos Transplantes de Órgãos
Os transplantes de órgãos vem provocando inúmeros questionamentos éticos a cerca da origem, forma de obtenção do material a ser transplantado e tipo de procedimento a ser realizado. Quanto a origem, os órgãos podem ser oriundos de outras espécies animais ( xenotransplante), de seres humanos vivos (alotransplante intervivos) ou mortos (alotransplante de doador cadáver). Quanto a forma de obtenção, especificamente falando em órgãos oriundos de seres humanos, a questão mais importante é a do resguardo da voluntariedade e da espontaneidade no ato de doar órgãos, ou aceita que o bem comum está acima da vontade do indivíduo e permitir a apropriação dos órgãos de cadáveres ou que o indivíduo é proprietário do seu corpo e, desta forma, pode dispor do mesmo como melhor lhe aprouver. O tipo de procedimento também apresenta inúmeros questionamentos. Os transplantes de órgãos internos foram os primeiros, mas alguns transplantes já foram realizados com manifestação externa das partes transplantadas, como o transplante de mão e mais recentemente o transplante parcial de face. 
 A utilização de órgãos de outros animais em seres humanos vem atraindo a atenção de cientistas desde o início do século. Exemplo disto é o caso Baby Fae. 
A obtenção de órgãos de doador vivo tem sido muito utilizada, ainda é útil, porém é igualmente questionável desde o ponto de vista ético. Este tipo de doação somente tem sido aceito quando existe relação de parentesco entre doador e receptor. A doação de órgãos por parte de amigos ou até mesmo de desconhecidos tem sido fortemente evitada. As questões envolvidas são a autonomia e a liberdade do doador ao dar seu consentimento e a avaliação de risco/benefício associada ao procedimento, especialmente com relação à não-maleficência (mutilação) do doador. 
A utilização de órgãos de doadores cadáveres tem sido a solução mais promissora para o problema da demanda excessiva. O problema inicial foi o estabelecimento de critérios para caracterizar a morte do indivíduo doador. A mudança do critério cardiorrespiratório para o encefálico possibilitou um grande avanço neste sentido. Os critérios para a caracterização de morte encefálica foram propostos, no Brasil, pelo Conselho Federal de Medicina através da resolução CFM 1480/97 (Art. 3º. A morte encefálica deverá ser conseqüência de processo irreversível e de causa conhecida; Art. 4º. Os parâmetros clínicos a serem observados para constatação de morte encefálica são: coma aperceptivo com ausência de atividade motora supra-espinal e apnéia). Na doação de órgãos por cadáver muda-se a discussão da origem para a forma de obtenção: doação voluntária, consentimento presumido, manifestação compulsória ou abordagem de mercado. 
 Em 16 de janeiro de 1997, foi aprovada , pelo Congresso Nacional, após uma longa discussão, a nova lei de transplantes ( Lei 9434/97), sancionada pelo Presidente da República em 4 de fevereiro de 1997, que altera a forma de obtenção para consentimento presumido. A legislação anteriormente vigente (Lei 8489/92 e o Decreto 879/93) estabeleciamo critério da doação voluntária. A Lei n. 9.434/97 regulamenta a doação de órgãos tanto de pessoas vivas quanto de moribundos, todavia ela faz uma opção, dentro de uma escala de valores bioéticos, por dar preferência a transplante de morto a vivo. Esse princípio legal de dar primazia a transplantes de órgãos provenientes de cadáveres a órgãos de pessoas vivas é reflexo dos princípios bioéticos da beneficiência e da não-maleficência.
 	Em março de 2001 houve uma nova mudança, através da lei 10211, que dá plenos poderes para a família doar ou não os órgãos de cadáver. Todas as manifestações de vontade constantes em documentos  foram tornadas sem efeito. Portanto, o atual sistema brasileiro afigura-se da seguinte forma. Se a pessoa não manifestar negativa em doar órgãos em vida, a família desta poderá fazê-lo após a morte. Isso se dará de forma a suplementar a manifestação de vontade do de cujus. Destarte, para que a doação ocorra são necessárias duas manifestações de vontade: uma que é presumida pelo silêncio daquele que morreu e outra é dada pela família que não se opõe à retirada de órgãos, devendo ser necessariamente expressa. No caso de não haver parentes do falecido, entende-se que não poderá ocorrer a retirada dos órgãos em razão de que o silêncio exclusivo do morto não é suficiente para autorizar a doação
Ao longo de poucos anos, houve uma mudança muito grande na abordagem desta questão no Brasil . No período de 1968 a 1997 era válida a vontade do individuo, na sua ausência a família poderia se manifestar. A partir de 1997 houve a mudança para a possibilidade da utilização dos cadáveres sem a participação da família, salvo manifestação individual em contrário. Desde março de 2001, apenas a família tem poderes para permitir ou não a doação, sem que haja espaço legal para a manifestação do indivíduo. Recentemente foi apresentada uma proposta inusitada. Um projeto de lei, de junho de 2004, propõe a utilização intervivos de órgãos de condenados a penas superiores a 30 anos de reclusão. 
A Lei de transplantes (art.11) veda terminantemente qualquer veiculação, nos meios de comunicação, de publicidade sobre estabelecimentos hospitalares que realizem transplantes, apelo público para que se doem órgãos, à pessoa determinada ou não, ou apelo público para arrecadação de fundos para viabilizar transplantes de particular, prática corriqueira na sociedade que quer ajudar. A infração deste dever é tipificada pela Lei como crime: publicar anúncio ou apelo público em desacordo com a Lei resulta em pena de multa (art. 20). Ademais, está sujeita às penas do art. 59 da Lei n. 4.117/62 a empresa de comunicação social que veicular tal anúncio (art. 23).
O objetivo da Lei de transplantes é coibir qualquer prática mercantilista em torno dos transplantes. Esse posicionamento desdobra-se em duas considerações. Primeiramente, visa resguardar o direito a igualdade de tratamento no campo da saúde, configuração do princípio bioético da justiça e do princípio constitucional da isonomia, a saber, todo cidadão tem direito aos mesmos acessos às práticas biomédicas. Em segundo plano, a Lei propugna resguardar o cidadão de prática arrecadatória sedimentada em estelionato, ou seja, o cidadão comovido com apelo público contribui para uma campanha fictícia.
A única publicidade que pode ocorrer em matéria de transplantes deve se dar por iniciativa dos órgãos estatais como o Ministério da Saúde e Sistema Único de Saúde. Essa publicidade, de amplo espectro, tem como escopo deflagrar campanhas de esclarecimento público e de estímulo à doação de órgãos (art. 11, par. único).
Obs: Notificação de morte cerebral é mandatória nas CTI’s; O sistema de LISTA ÚNICA - Isonomia e a igualdade são respeitadas (Princípio da Justiça)
Bioética e Deontologia
A ética por definição é teórica, portanto, a bioética é o estudo que tenta justificar os costumes e práticas relacionadas as ciência biologicas (vida humana, animal e responsabilidade ambiental) abordando questões onde não existe consenso moral, bem como a responsabilidade moral dos cientistas e suas pesquisas, enquanto a Deontologia é normativa, como um código de condutas, pauta quais condutas são moralmente aceitas e quais são moralmente proibidas, assumnido caráter de dever. Assim a bioética assume uma postura mais reflexiva e a Deontologia uma postura mais prática.
Bioética e Genética
As doenças genéticas são doenças incuráveis, sendo que algumas tem tratamento. Em vários casos existem genes que aumentam os fatores de risco para outras doenças. Entre os adultos com doenças crônicas, 10% tem algum problema de origem genética, e 33% das internações pediátricas tem problemas genéticos associados. Em 1966, eram conhecidas 564 doenças genéticas, em 1992 eram 3307 doenças caracterizadas. No início do século XX, 3% das mortes perinatais eram devidas a causas genéticas, já na década de 90 este valor atingiu o valor de 50%. Com as informações produzidas pelo Projeto Genoma Humano, o número de doenças caracterizadas como tendo componente genético tende a aumentar.
 Estas doenças trazem consigo alguns dilemas éticos: 
É eticamente adequado diagnosticar doenças sem cura ? 
É eticamente adequado testar indivíduos portadores assintomáticos, com risco apenas para a prole ? 
É eticamente adequado realizar estes testes em pacientes com possibilidade de doenças degenerativas de início tardio ? 
 A alternativa mais promissora para o tratamento destas doenças é a terapia gênica, a partir de técnicas de Engenharia Genética. 
A terapia gênica somática só é utilizada para tratar doenças genéticas recessivas em células de diferentes tecidos não relacionados a produção de gametas. A sua característica básica é a de provocar uma alteração no DNA do portador da patologia, através da utilização de um vetor, que pode ser um retrovírus ou um adenovírus. Os problemas operacionais desta técnica são: o tempo de vida da célula hospedeira; a baixa expressão do gene; o controle da expressão gênica; a dificuldade de atingir o tecido-alvo e o seu potencial oncogênico. 
 A terapia gênica germinativa baseia-se na alteração de células reprodutivas (óvulos, espermatozóides ou células precursoras). Além das questões éticas, esta terapia apresenta inúmeros problemas operacionais: alta taxa de mortalidade; desenvolvimento de tumores e malformações; alteração de embriões potencialmente normais e a irreversibilidade das ações. 
Algumas diretrizes podem ser propostas no sentido orientar as ações na área da genética humana: 
aconselhamento genético deve ser o mais não-diretivo possível; (dotado de imparcialidade)
toda assistência genética, incluindo rastreamento, aconselhamento e testagem, devem ser voluntária, com a exceção do rastreamento de recém-nascidos para condições nas quais um tratamento precoce e disponível possa beneficiar o recém-nascido; 
a confidencialidade das informações genéticas deve ser mantida, exceto quando um alto risco de um sério dano aos membros da família em risco genético e a informação possa ser utilizada para evitar este dano; 
a privacidade de um indivíduo em particular deve ser protegida de terceiros institucionais, tais como empregadores, seguradoras, escolas, entidades comerciais e órgãos governamentais, 
diagnóstico pré-natal deve ser feito somente por razões relevantes para a saúde do feto e somente para detectar condições genéticas e malformações fetais. 
 De acordo com as novas Diretrizes e Normas de Pesquisa em Seres Humanos - Resolução 196/96, todas as pesquisas que envolvem genética humana, realizadas no Brasil, devem ser aprovadas pelo Comitê de Ética em Pesquisa e pelo Comitê de Biossegurança de cada instituição e submetidos, posteriormente, à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). 
Em 1998 a Organização Mundial da Saúde propôs Diretrizes Internacionais para Aspectos Éticos em Genética Médica e Serviços de Genética com o objetivo de uniformaizar os critérios mínimos de adequação ética para a utilização de métodos diagnósticose de tratamento. Este documento inclui questões que envolvem o aconselhamento genético, "screening" genético, consentimento informado para testagem genética, testagem de suscetibilidade e de indivíduos pré-sintomáticos, confidencialidade e revelação de informações, diagnóstico pré-natal, armazenamento em bancos de DNA, e as relações da genética médica e reprodução assistida.

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