Buscar

TEORIA GERAL DO ESTADO 07 - O ESTADO e a CONSTITUIÇÃO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
_____________________________________________________________________________________________________________ 
 
 
 
TEMA TGE- 07 – O ESTADO E A CONSTITUIÇÃO 
 
1. FUNDAMENTOS DA TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 
Inicialmente, a “Teoria da Constituição”, de acordo com a tese defendida por José Joaquim 
Gomes Canotilho, “é uma ciência que estuda a teoria política e científica da Constituição”. 
Explica que é política porque pretende compreender a ordenação constitucional através 
da análise, discussão e crítica da força normativa, possibilidades e limites do Direito 
Constitucional. 
É também, científica porque procura descrever, explicar e refutar os fundamentos, ideias, 
postulados, construção, estruturas e métodos do Direito Constitucional. (CANOTILHO, 
1999, 1246) 
Portanto em síntese, a Teoria da Constituição procura: estudar, analisar, compreender e 
aplicar as regras políticas estabelecidas pela sociedade e o modo estrutural do Estado. 
 
 
2. INTRODUÇÃO AO ESTADO CONSTITUCIONAL 
 
De acordo com o Prof. Miguel Reale, Estado é ao mesmo tempo uma realidade social 
(fatos), política (valores) e jurídica (normas). Num Estado democrático de Direito, é a 
ordem jurídica que organiza o Estado, determina sua finalidade e limita o seu poder. A lei 
que organiza o Estado, determina a sua finalidade e limita o poder é a Constituição. 
(REALE. 2000, 8). 
 
Na linguagem comum, Constituição é a forma ou ainda a composição de um objeto, ou 
um ato de constituir ou formar algo novo. Em nossas vidas, tudo que temos ou fazemos, 
tem uma constituição e desta forma o Estado e a sociedade também precisam de uma 
constituição. Portanto, Constituição é o particular modo de ser de um Estado, conforme 
parecer de Aristóteles, após estudar muitas constituições do Estados na antiguidade. 
 
Na atualidade, temos a nova visão da Constituição, com o surgimento de estudiosos que 
consideram o Constitucionalismo, como um conceito formal de Constituição, que pretende 
qualificar criticamente o objeto da definição de Constituição, como afirma Manoel 
Gonçalves Ferreira Filho. 
 
Afirmam que Constituição não é qualquer lei, mas sim a lei suprema que tenha certas 
características especiais, bem definidas. (FERREIRA FILHO. 2006. 3) 
 
Desde a antiguidade tem-se a ideia de que entre as leis, temos algumas que organizam o 
próprio poder. Estas leis determinam os seus órgãos, estabelecem as suas atribuições, 
ou seja, são consideradas de Constituição. 
 
Aristóteles em sua obra “A política”, esclarece que entre o universo de leis, existe distinção 
entre as constitucionais e as demais leis, comuns ou ordinárias. 
 
2 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
_____________________________________________________________________________________________________________ 
 
 
Esta distinção entre as leis constitucionais e as leis ordinárias, somente passaram a ser 
valorizadas a partir do século XVIII, na Europa ocidental. Aconteceu justamente para 
limitar o poder, destacando a existência de leis que seriam anteriores e superiores e 
deveriam ser respeitadas, quando da elaboração de leis recentes. 
 
A partir disto, a denominação de “Constituição” passou a ser adotada para denominar as 
regras definidoras da organização fundamental do Estado. 
 
 
 
3. ORIGEM DO CONSTITUCIONALISMO – acontecimentos importantes 
 
O movimento do Constitucionalismo nasceu com o surgimento do Estado Moderno, 
buscando dotar os Estados de uma lei superior, de preferência escrita, que além de 
organizar o Estado, pudesse limitar o poder e garantir os direitos individuais do povo. 
Pode-se afirmar que foi uma reação do arbítrio do absolutismo e teve influência do 
iluminismo e contratualismo (humanismo, individualismo e racionalismo). 
 
3.a. O Constitucionalismo liberal-burguês 
 
Surgiu das teorias dos jusnaturalistas como Locke, Montesquieu, Rousseau e outros, onde 
afirmavam que a burguesia buscava ascensão política, limitação do poder e garantia dos 
direitos individuais como a propriedade privada, liberdade religiosa, liberdade de 
associação e outros que eram importantes, naqueles tempos. 
As principais manifestações aconteceram na Inglaterra, nos Estados Unidos e França. 
 
3.b. O Constitucionalismo Inglês 
 
Foi na Inglaterra que teve a formação precoce como Estado Moderno, devido à 
centralização decorrente da denominação pelos reis normandos no século XI. 
 
Em 1215, barões e o clero se revoltaram e obrigaram o rei João Sem Terra a assinar um 
documento, denominado de Magna Carta, aceitando algumas limitações em seu poder, 
como a necessidade de autorização para a criação de impostos, o habeas corpus e o 
julgamento dos crimes por seus pares e segundo a lei (júri e devido processo legal). 
 
Em 1265 aconteceu a criação do Parlamento, com representantes da nobreza, do clero e 
alguns burgueses, para exercer o Poder Legislativo, elaborando leis do interesse do povo. 
 
O Parlamento em 1332, dividiu-se em duas casas como: Câmara dos Lordes e Câmara 
dos Comuns. 
 
Outros acontecimentos importantes, na luta constante entre o rei e o Parlamento, 
seguiram-se a Petition of Rights (1628), o Habeas Corpus Act (1679) e finalmente a 
Revolução Gloriosa e o Bill of Rigths (1689), que reforçaram a limitação do poder real e a 
garantia dos direitos individuais. (DALLARI. 2014. 208) 
 
A partir do século XVIII, a Câmara dos Comuns, composta por representantes eleitos pelo 
povo, passa a prevalecer e desenvolve-se o Parlamentarismo, sistema em que a chefia 
de governo cabe a um representante da corrente política majoritária segundo a votação 
3 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
_____________________________________________________________________________________________________________ 
 
 
popular, cabendo ao rei apenas chefia de Estado. Todos esses documentos e costumes 
políticos formam a Constituição Inglesa, que tem a peculiaridade de não ser condensada 
num único documento legal escrito. 
 
3.c. Constitucionalismo Norte-americano 
 
As colônias inglesas da América do Norte foram formadas por pessoas sem título de 
nobreza e que buscavam a liberdade religiosa e de comércio. 
 
Em 1620, no navio que trouxe os primeiros colonos, foi assinado o Mayflower Compact, 
uma espécie de contrato social fixando as normas de convivência na colônia. Contra a 
opressão praticada pela Inglaterra e sob a influência das ideias de Locke, as colônias 
declararam a independência em 1776 e redigiram a Declaração de Independência, 
proclamando que a finalidade do governo é a garantia dos direitos naturais (vida, 
liberdade, propriedade e busca da felicidade). 
 
Em 1787 as 13 ex-colônias se uniram num Estado de tipo federal e redigiram 
uma Constituição, incorporando os princípios de declaração e organizando o Estado 
seguindo a teoria de Montesquieu da tripartição do poder. 
 
Em 1791, foi promulgado o Bill of Rights, consistente nas 10 primeiras emendas à 
Constituição, explicitando os direitos individuais a serem garantidos pelo governo. 
 
Em 1803, no julgamento do caso Marbury x Madison, a Suprema Corte afirmou 
a supremacia da Constituição e estabeleceu o controle de constitucionalidade, 
determinando que o governo está submetido à Constituição e nenhuma lei pode contrariá-
la, (conforme já abordado no Tema 06). 
 
A Constituição de 1787, possui 27 emendas, vigora até hoje nos EUA, sendo 
constantemente reinterpretada pela Suprema Corte. (DALLARI. 2014. 198) 
 
 
3.d. Constitucionalismo Francês 
 
Na França, o absolutismo sobreviveu até o final do século XVIII, quando foi derrubado 
pela Revolução de 1789. Em meio a uma crise social e econômica, o rei Luís XVI 
convocou os “Estados Gerais”,com representantes das três classes em que estava 
rigidamente dividida a sociedade francesa (clero, nobreza e povo). 
 
Liderado pela burguesia e representando a grande maioria da população, o “terceiro 
estado” predominou sobre os outros e declarou-se “Assembleia Nacional Constituinte”, 
passando a redigir uma Constituição para a França. 
 
Seguem a teoria do Abade de Sieyès, segundo a qual o Poder Constituinte Originário 
(poder de elaborar a Constituição, superior aos poderes constituídos) pertence à nação e 
é exercido por seus representantes. Em 1789 editam a Declaração de Direitos do Homem 
e do Cidadão, cujo artigo 16 resume o credo do Constitucionalismo. 
4 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
_____________________________________________________________________________________________________________ 
 
 
Em 1791 é promulgada uma Constituição tendo a Declaração de Direitos como 
preâmbulo, estabelecendo a tripartição do poder e implantando a monarquia 
constitucional. No entanto aconteceu um movimento radical, denominado de “jacobinos” 
é implantado o terror, onde o rei é guilhotinado e editada a Constituição republicana de 
1793. Movimentos estes que não se sustentaram e em 1795 foi promulgada uma 
Constituição conservadora, propondo apaziguar a situação. 
 
Seguem-se outras Constituições e, já no século XIX, o Império Napoleônico. Por influência 
da França, o Constitucionalismo é espalhado pela Europa e pela América Latina. A 
Constituição passa a ser vista como um documento de cunho político, uma declaração de 
princípios sem eficácia jurídica. O Código Civil francês de 1804 (“Código Napoleão”) é 
visto como a lei eficaz para a garantia dos direitos individuais. (DALLARI. 2014. 208) 
 
3.e. Constitucionalismo Social. 
 
Com a revolução industrial, surge no século XIX o proletariado, sendo uma massa de 
trabalhadores urbanos pobres e que enfrentam péssimas condições de trabalho. 
Predomina o pensamento liberal segundo o qual a desigualdades sociais são decorrências 
naturais de relações livres, nas quais o Estado não deve interferir. 
 
Os trabalhadores se unem em sindicatos para reivindicar melhores condições de trabalho, 
mas são duramente reprimidos. Marx e Engels criticam a concepção burguesa de direitos 
individuais, que se preocupa apenas com a liberdade e não garante a igualdade social, 
permitindo a exploração dos trabalhadores pelos detentores do capital. Pregam a 
revolução para acelerar o processo de extinção do capitalismo. Segundo eles, numa 
primeira fase seria necessária a ditadura do proletariado para possibilitar a extinção da 
propriedade privada e a expropriação dos meios de produção pelo Estado (socialismo). 
Em seguida, o Estado seria extinto e não haveria mais classes sociais nem exploração 
(comunismo). 
 
Em 1891, a Igreja Católica lança a sua doutrina social, exposta na encíclica Rerum 
Novarum, pregando a solidariedade social ao invés da luta de classes, a garantia de 
condições de vida digna a todos os seres humanos e a função social da propriedade. A 
propriedade não deve ser extinta, mas deve servir para um fim socialmente útil. 
 
Na Rússia, a Revolução bolchevique de 1917, liderada por Lênin, implanta o socialismo, 
com a ditadura do partido comunista, apresentado como a vanguarda do proletariado. As 
Constituições da URSS de 1919 e 1933 implantaram direitos sociais, mas, na prática, 
suprimiram a liberdade. 
 
Milhões de soviéticos são assassinados ou mandados para campos de concentração 
(Gulag) por serem vistas como inimigos do regime. Diz Lênin: “Temos gasto muito tempo 
em discussões e tenho que dizer que agora é muitíssimo melhor ‘discutir com fuzis’ que 
com teses de oposição. Não necessitamos de oposições, camaradas! Não é o momento 
disso. Deste lado ou do outro – com um fuzil, não com oposição.” (DALLARI. 2014. 210) 
Na Alemanha, em 1919, a República de Weimar edita uma Constituição social-democrata, 
procurando compatibilizar a democracia, os direitos sociais e o capitalismo. 
5 
Edison Yague Salgado 
Advogado e Professor de Direito 
_____________________________________________________________________________________________________________ 
 
 
Por influência de Kelsen, a Constituição passa a ser vista como norma suprema, mas a 
supremacia é apenas formal, porque sua efetividade prática é reduzida pela teoria 
predominante, que vê a maioria das normas constitucionais como programáticas, sem 
aplicabilidade imediata, dependendo de regulamentação pelas leis. 
 
4. Neoconstitucionalismo 
Após as atrocidades da II Guerra Mundial, é editada pela ONU a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos (1948), determinando que os Estados devem garantir a todos os 
seres humanos os direitos políticos, civis e sociais, compatibilizando 
liberdade e igualdade. (DALLARI. 2014. 211) 
Na Itália (1947), Alemanha (1949) Portugal (1976), Espanha (1978), Brasil (1988) e outros 
países editam novas Constituições segundo esses princípios. 
Com isto surge uma nova teoria constitucional, sustentando a força normativa da 
Constituição e a sua aplicabilidade imediata, vinculando os legisladores e aplicadores da 
lei. É o neoconstitucionalismo ou Constitucionalismo Humanista, segundo Dalmo Dallari. 
Essa nova visão constitucional vem encontrando respaldo no Brasil, inclusive no Supremo 
Tribunal Federal. 
“Em conclusão, pode-se afirmar que a proclamação dos Direitos Humanos, com a 
amplitude que teve, objetivando a certeza e a segurança dos direitos, sem deixar de exigir 
que todos os seres humanos tenham a possibilidade de aquisição e gozo dos direitos 
fundamentais, representou um progresso. Mas sua efetiva aplicação ainda não foi 
conseguida, apesar do geral reconhecimento de que só o respeito a todas as suas normas 
poderá conduzir a um mundo de paz e de justiça social”. (DALLARI. 2014. 212) 
 
NOTA IMPORTANTE: 
Este trabalho não pretende esgotar o tema. Consiste em um resumo de apoio, organizado 
com o objetivo de ser prático e apenas servir de orientação para o desenvolvimento de 
mais estudos e pesquisas, pelos alunos do Curso de Direito e não exclui a leitura da 
legislação, jurisprudência, bibliográfica básica e complementar indicadas. 
 
Portanto, complemente seu estudo realizando a leitura da Bibliografia básica e 
complementar. 
Cordialmente, 
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA 
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição.3.ed. Lisboa: Livraria Almedina, 1999. 
REALE, Miguel. Teoria do Direito e do Estado. 5,ed. São Paulo: Saraiva. 2000. P. 8 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 32.ed. São Paulo: Saraiva. 2014. P. 197 a 221 
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional, 32.ed. São Paulo: Saraiva. 2006. P.3 
FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de Teoria Geral do Estado e Ciência Política. 7.ed. Rio de Janeiro: Forense 
Universitária. 2009. P. 228 
BONAVIDES, Paulo. Teoria do Estado. 5.ed. São Paulo: Malheiros. 2004. P. 334 
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10.ed. São Paulo: Malheiros. 2003.p.281 
DE CICCO, Cláudio de, GONZAGA, Álvaro de Azevedo. Teoria Geral do Estado e Ciência Política. 5.ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais. 2013. P43 
Direito Constitucional Esquematizado. Pedro Lenza, São Paulo: Saraiva. 
Informações obtidas pelo Google na Internet 
 
EYS/TEMA TGE- 07 – O ESTADO e A CONSTITUICAO.docx

Outros materiais