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Limites Materiais da Edição das Medidas Provisórias, Comparadas antes e depois da Emenda 32

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL III
PROFESSOR: Prof. Dr. MARCELO LABANCA C DE ARAUJO
ALUNA: PALOMA MARINHO CORREIA
TURMA: ND1
LIMITES MATERIAIS DA EDIÇÃO DAS MEDIDAS PROVISÓRIAS, COMPARADAS ANTES E DEPOIS DA EMENDA 32/2001.
A medida provisória era, e continua sendo após a Emenda Constitucional nº 32 de 11 de Setembro de 2001, um recurso de providência legislativa excepcional e de caráter emergencial. O não enquadramento conjunto da relevância e da urgência proíbe o chefe do Poder Executivo Federal de editá-la. Trata-se de competência constitucional excepcional de edição, de uma competência juridicamente delimitada.
O antecedente da medida provisória no Brasil foi o decreto-lei, previsto pela Emenda Constitucional n° I de 1969. A comparação entre medida provisória e decreto-lei torna mais evidente o sentido e a finalidade constitucionais daquela. Salienta-se uma pequena diferença de redação e uma diferença significativa na prática devido ao uso da expressão “ou” no decreto-lei, que poderia ser editada como “interesse público relevante” ou “urgência”. Já na medida provisória, os requisitos não podem mais ser alternativos e sim cumulativos, sendo “relevância e urgência”. Todavia a expressão agora utilizada é “e”.
Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve, de madeira descontrolada, um grande número de edição e reedição de medidas provisórias. Desde o início da vigência da CF, em 5.10.1988, até a promulgação da EC 32, em 11.9.2001, foram editadas 619 medidas provisórias (originárias) e reeditadas 5.491 medidas provisórias, totalizando, somadas edições e reedições, 6.110 medidas provisórias. Tornando o Poder Executivo o principal legislador da República Federativa do Brasil. Para o Poder Executivo, praticamente, todas as matérias passíveis de providência legislativa tornaram-se relevantes e urgentes. Indiscutivelmente, o Poder Executivo violou o princípio democrático, assim como o da separação de poderes ao editar tantas medidas provisórias.
A Emenda Constitucional nº 32/2001 alterou a redação do artigo 62 da Constituição Federal, na tentativa de evitar o abuso na edição de medidas provisórias pelo Poder Executivo, o que redunda no comprometimento do princípio da separação de poderes e do próprio Estado Democrático de Direito. 
Porém, mesmo com as significativas modificações provocadas pela Emenda Constitucional nº 32/2001, ainda se percebe que a tramitação das Medidas Provisórias no Congresso Nacional, uma possível exceção devidamente fundamentada nos motivos de relevância e urgência, na realidade, absorve a maioria dos trabalhos parlamentares ordinários numa clara demonstração que o Poder Legislativo se encontra à reboque do Poder Executivo federal.
A emenda constitucional n. 32 de 2001, que acrescentou o § 1º ao art. 62 da Constituição, estabeleceu vedações ou limites materiais às medidas provisórias. Dessa forma, além dos pressupostos de urgência e relevância, as medidas provisórias também deveriam observar limites materiais expressos constitucionalmente, limites estes que vedam a deliberação de determinadas matérias mediante o instituto da medida provisória.
O entendimento do constituinte é que a medida provisória é uma espécie normativa de caráter excepcional, elaborada e editada pelo Poder Executivo como função atípica, atendendo a critérios de urgência e relevância. Dessa forma, não seria adequado que determinadas matérias, em razão de sua complexidade e importância, fossem deliberadas nessas circunstâncias, sem um processo legislativo comum, que passasse por todas as fases e procedimentos necessários e estabelecidos constitucionalmente, de forma a garantir que o ato legislativo seja amplamente discutido pelos parlamentares, em ambas as casas, bem como pela sociedade e, em seguida, seja submetido ao veto ou sanção presidencial.
Existem quatro grupos de matérias que não podem ser deliberadas mediante medida provisória. Primeiramente, a emenda constitucional n. 32/2001 veda a adoção de medidas provisórias para tratar de temas relativos à: nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral. De fato, seria inconcebível, no âmbito de um Estado Democrático de Direito e da ordem político-constitucional instituída pelo Poder Constituinte, que o Presidente da República pudesse elaborar atos normativos relativos aos referidos temas através de medida provisória.
A Constituição também veda a adoção de medidas provisórias para tratar de direito penal, direito processual penal e direito processual civil. O direito penal, sendo o ramo do direito que tipifica as condutas que lesam os bens jurídicos mais relevantes à sociedade e estabelece as formas mais gravosas de punição a quem pratica tais condutas, não pode ter suas normas elaboradas e editadas sem um processo legislativo que faça jus à sua gravidade. Ora, as normas de caráter penal estabelecem sanções que incidem diretamente sobre a liberdade do indivíduo, não sendo coerente que, no âmbito de um Estado Democrático garantidor dos direitos fundamentais, se permita que normas de direito penal sejam criadas através de medida provisória. O mesmo pode ser dito das normas de direito processual penal e civil, visto que o processo é uma garantia constitucional e uma das bases da democracia, sendo inaceitável que qualquer norma que verse sobre essas matérias sob nenhuma justificativa podem ser deliberadas em caráter de urgência, mediante um ato normativo excepcional originário do Poder Executivo, de vigência que pode ou não vir a ser permanente.
Outra matéria que não pode ser objeto de medida provisória, segundo a Constituição, é a relativa à organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, bem como as carreiras e garantias de seus membros. O Poder Judiciário, como poder autônomo e independente, não poderia ter suas normas regimentais e organizacionais deliberadas pelo chefe do Poder Executivo mediante um procedimento provisório e excepcional tal como é a medida provisória, sobretudo em respeito à separação dos poderes e ao princípio da não ingerência indevida. Já o Ministério Público, como fiscal da lei, também goza da mesma autonomia do Poder Judiciário e de forma análoga não pode ter seus regimentos e normas de organização, bem como as garantias institucionais da carreira, deliberadas por medida provisória.
Por fim, a Constituição proíbe a adoção de medida provisória para tratar sobre planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamentos e créditos adicionais e suplementares. Essa vedação parte da idéia de que o Poder Executivo não pode elaboras atos normativos que tratem de leis orçamentárias e contas públicas em razão dessa ser uma função que cabe ao Poder Legislativo. Além criar leis, o Poder Legislativo tem a função típica de fiscalizar o Poder Executivo, sobretudo no que se refere aos orçamentos e contas públicas. Seria inconcebível que o próprio Executivo fiscalize a si mesmo, usurpando uma função que constitucionalmente cabe ao Legislativo.

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