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Perdão Judicial

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PERDA JUDICIAL, NOS CASOS PREVISTOS EM LEI
 O perdão judicial não se dirige a toda e qualquer infração penal, limitando-se apenas àquelas previamente determinadas pela lei.
 Quanto à natureza da sentença que concede perdão judicial, existem 3 correntes principais, sendo elas: 
 1ª) Trata-se de decisão condenatória, subsistindo todos os efeitos secundários da condenação, tais como a inclusão do nome do réu no rol dos culpados, a possibilidade de gerar maus antecedentes
 2ª) Trata-se de decisão declaratória, mas que é capaz de gerar efeitos secundários, como o lançamento do nome do réu no rol dos culpados e a possibilidade de gerar maus antecedentes. Nesse sentido, Frederico Marques.
 3ª) É decisão declaratória de extinção da punibilidade, que nenhuma consequência gera para o réu. É também a posição do Superior Tribunal de Justiça (vide Súmula 18 do STJ). Posição que prevalece.
 A forma como o perdão judicial normalmente vem previsto a fim de ser aplicado a determinada infração penal nos deixa a dúvida se ele é uma faculdade do juiz ou um direito subjetivo do agente. Por exemplo: 
 § 5 - do art. 121 do Código Penal diz que, na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
 Damásio de Jesus afirma tratar-se de:
 "Um direito penal público subjetivo de liberdade. Não é um favor concedido pelo juiz. É um direito do réu. Se presentes as circunstâncias exigidas pelo tipo, o juiz não pode, segundo puro arbítrio, deixar de aplicá-lo. A expressão 'pode' empregada pelo CP nos dispositivos que disciplinam o perdão judicial, de acordo com a moderna doutrina penal, perdeu a natureza de simples faculdade judicial. no sentido de o juiz poder, sem fundamentação, aplicar ou não o privilégio. Satisfeitos os pressupostos exigidos pela norma, está o juiz obrigado a deixar de aplicar a pena."
PERDÃO JUDICIAL NO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
 Embora existisse um projeto de lei que previa o perdão judicial no Código de Trânsito Brasileiro, o Presidente achou por bem vetá-lo por considerar que o perdão já é consagrado pelo Direito Penal. Entretanto, o perdão judicial, por sua natureza, é somente aplicado nos casos previstos em lei. E no código penal, já há previsão nos crimes cometidos na direção de um veículo. Como não é previsto expressamente no Código de Trânsito, devido ao veto presidencial, o perdão judicial deve ser aplicado nas hipóteses de homicídio culposo e lesão corporal culposa na direção de automotor? 
 Em sua maioria, os doutrinadores posicionam-se favoravelmente à aplicação do perdão judicial no Código de Trânsito, mesmo não sendo previsto expressamente no Código de Transito, além de também apoiar essa ideia.
Rui Stoco, que se vê “diante de absurda injustiça ou desajuste legal, na medida em que o ordenamento jurídico passa a estabelecer critérios diversos para situações idênticas. Aquele que vitima um parente e comete homicídio culposo na direção de uma aeronave, de uma composição férrea, no metrô, na intervenção cirúrgica etc., terá possibilidade de obter o perdão judicial, enquanto a ocorrência do mesmo fato, nas mesmas circunstâncias, mas na condução de um veículo automotor, não poderá ensejar a obtenção do benefício. Não havendo como buscar razão lógico-jurídica onde ela não existe, só cabe lamentar a impropriedade e falta de sensibilidade da autoridade, que insiste em negar vigência à Constituição Federal e escarnecer o princípio da isonomia.”
PERDÃO JUDICIAL E A LEI 9.807/99
 Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judicial e a consequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado:
 I - a identificação dos demais coautores ou partícipes da ação criminosa;
 ll - a localização da vítima com a sua integridade física preservada;
 lll - a recuperação total ou parcial do produto do crime.
Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade do beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso.
Analisando as exigências do artigo, a tese da coexistência dos requisitos restringe a aplicação do perdão judicial ao crime de extorsão mediante sequestro (Código Penal, art. 159), executado por pelo menos duas pessoas. Único crime que, por suas características, permite conjuntamente a identificação de coatores ou partícipes, localização da vítima com a sua integridade física preservada e a recuperação total ou parcial do produto do crime.
PERDÃO JUDICIAL E A LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA Lei n° 12.850
 Art. 4. O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
 I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas;
 II- a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;
 III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;
 IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa:
 V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.

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