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DISLIPIDEMIAS PROFª RENATA REIS CONCEITO Grupo de patologias caracterizadas por alterações na concentração de níveis de lípideos (colesterol, triglicerídeos, HDL e LDL) no sangue, que apresentam risco à saúde. EPIDEMIOLOGIA Alto risco de provocar enfermidades cardiovasculares. Causa mais comum de morte prematura. 1:5 1:4 Metabolismo dos lipídeos As lipoproteínas permitem a solubilização e o transporte dos lípides, que são substâncias geralmente hidrofóbicas, no meio aquoso plasmático. São compostas por lípides e proteínas denominadas apolipoproteínas (apos). Lipoproteína Lípideos predominantes Apolipoproteínas HDL alta densidade Esteres colesterol A-I, A-II, C,E,D. LDL baixa densidade Esteres colesterol B-100,B-74, B-26 IDL intermediária Esteres colesterol, TG B-100, algunas C y E. VLDL muito baixa Triglicérideos B-100, C, E. Quilomícrons Triglicérideos B-48, C, E, A-I, A-II, A-IV, Lp (a) Esteres colesterol B-100,Lp (a). Causas <HDL >TG Dislipidemia primária O acúmulo de quilomícrons e/ou de VLDL no compartimento plasmático resulta em hipertrigliceridemia e decorre da diminuição da hidrólise dos TGs destas lipoproteínas pela lipase lipoproteica ou do aumento da síntese de VLDL. Variantes genéticas das enzimas ou apolipoproteínas relacionadas com estas lipoproteínas podem aumento de síntese ou redução da hidrólise. Aterosclerose Na doença arterial coronária o principal mecanismo patogênico é a obstrução causada por uma placa aterosclerótica. A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial que ocorre em resposta à agressão endotelial, acometendo principalmente a camada íntima de artérias de médio e grande calibres. A formação da placa aterosclerótica inicia-se com a agressão ao endotélio vascular devido a diversos fatores de risco como dislipidemia, hipertensão arterial ou tabagismo. A hipercolesterolemia é o maior fator de risco documentado para o desenvolvimento da aterogênese. A chave do processo inicial de aterosclerose é a retenção subendotelial de apo lipoproteína B contendo lipoproteína. Sinais clínicos Exame físico Geralmente a primeira manifestação é a de doença aterosclerótica, especialmente DAC Em alguns casos pode ocorrer arco corneano em adolescente e adulto jovem Em idosos é comum e tem pouca importância xantomas eruptivos (tumores benignos na pele compostos de lipídeos), tendinosos, tuberosos e túbero-eruptivos xantelasmas (pequenos depósitos de matéria gordurosa, só que concentrados na região das pálpebras). Sinais clínicos Hipercolesterolemia familiar Xantomas tuberosos tendíneos Arco corneal Xantelasmas Hipertrigliceridemia Xantomas eruptivos Alterações retinianas Sinais clínicos Xantelasmas Sinais clínicos Arco corneano Sinais clínicos Xantomas Sinais clínicos Xantomas tuberosos Avaliação laboratorial A determinação do perfil lipídico deve ser feita em indivíduos com dieta habitual, estado metabólico e peso estáveis por pelo menos duas semanas antes da realização do exame Deve-se evitar Ingestão de álcool – 72 horas Atividade física vigorosa – 24 horas Classificação A classificação fenotípica ou bioquímica considera os valores do CT, LDL-C, TG e HDL-C Compreende quatro tipos principais: Hipercolesterolemia isolada Hipertrigliceridemia isolada Hiperlipidemia mista HDL baixo Classificação Hipercolesterolemia isolada Elevação isolada do LDL-C (≥ 160 mg/dL) Hipertrigliceridemia isolada Elevação isolada dos TG (≥150 mg/dL), Reflete o aumento do volume de partículas ricas em TG como VLDL, IDL e quilomícrons Classificação Hiperlipidemia mista Valores aumentados de ambos LDL-C (≥ 160 mg/dL) TG (≥150 mg/dL) Nos casos com TG ≥ 400 mg/dL, considerar-se-á hiperlipidemia mista se o CT for maior ou igual a 200 mg/dL Classificação HDL-C baixo Redução do HDL-C Homens <40 mg/dL Mulheres <50 mg/dL Isolada ou em associação com aumento de LDL-C ou de TG Dislipidemia secundária Doenças Obesidade ( CT , TG HDL ) Diabetes ( TG, HDL ) Hipotireoidismo ( CT , TG ) Síndrome nefrótica ( CT , TG ) Insuficiência renal crônica ( CT ) Hepatopatias colestáticas crônicas ( CT ) Dislipidemia secundária MEDICAMENTO CT TG HDL-C Diuréticos tiazídicos – Beta bloqueadores (sem at. simpatomimética intrínseca ) – Anticoncepcionais – Corticosteróides – Estradiol (Transdérmico não altera TG ) Ciclosporínas Inibidores de Protease – Estratificação do risco cardiovascular 1. Presença de doença aterosclerótica significativa ou de seus equivalentes 2. Escore de risco 3. Fatores agravantes 4. Metas terapêuticas e reavaliação do risco Doença aterosclerótica O risco de doença aterosclerótica é estimado com base na análise conjunta de características que aumentam a chance de um indivíduo desenvolver a doença. O mais claro identificador de risco é a manifestação prévia da própria doença ou de seus equivalentes Indivíduos assim identificados possuem risco maior do que 20% em 10 anos de apresentar novos eventos cardiovasculares Equivalentes Doença Arterial Coronária manifesta atual ou prévia (angina estável, isquemia silenciosa, síndrome coronária aguda ou cardiomiopatia isquêmica) Doença Arterial Cerebrovascular (acidente vascular cerebral isquêmico ou ataque isquêmico transitório) Doença aneurismática ou estenótica de aorta abdominal ou seus ramos Doença arterial periférica Doença Arterial Carotídea (Estenose maior ou igual a 50%) Diabete melito tipo 1 ou 2 Escore de risco Pode-se estimar pelo Escore de Risco de Framingham (ERF) Risco baixo (probabilidade menor que 10% de infarto ou morte por doença coronária no período de 10 anos) Risco intermediário (probabilidade entre 10% e 20% de infarto ou morte por doença coronária no período de 10 anos), maior atenção deverá ser dada aos fatores agravantes Risco alto (probabilidade maior do que 20% de infarto ou morte por doença coronária no período de 10 anos) Escore de Framingham Idade Gênero Colesterol total Colesterol HDL Tabagismo Pressão sistólica Tratamento HOMEM MULHER Idade Pontos Idade Pontos 20-34 - 9 20-34 - 7 35-39 - 4 35-39 - 3 40-44 0 40-44 0 45-49 3 45-49 3 50-54 6 50-54 6 55-59 8 55-59 8 60-64 10 60-64 10 65-69 11 65-69 12 70-74 12 70-74 14 75-79 13 75-79 16 HOMEM Colesterol Idade idade Idade idade idade Total Mg\dl 20 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 < 160 0 0 0 0 0 160 a 199 4 3 2 1 0 200 a 239 7 5 3 1 0 240 a 279 9 6 4 2 1 > 280 11 8 5 3 1 MULHER Colesterol Idade idade Idade idade idade Total Mg\dl 20 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 < 160 0 0 0 0 0 160 a 199 4 3 2 1 1 200 a 239 8 6 4 2 1 240 a 279 11 8 5 3 2 > 280 13 10 7 4 2 HOMEMFumo Idade idade Idade idade idade 20 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 Não 0 0 0 0 0 Sim 8 5 3 1 1 MULHER Não 0 0 0 0 0 Sim 9 7 4 2 1 HOMEM MULHER HDL Colesterol mg/dl Pontos HDL Colesterol mg/dl Pontos ≥ 60 - 1 ≥ 60 -1 50-59 0 50-59 0 40-49 1 40-49 1 < 40 2 < 40 2 HOMEM MULHER PA sistólica Não tratada tratada PA sistólica Não tratada Tratada < 120 0 0 < 120 0 0 120-129 0 1 120-129 1 3 130-139 1 2 130-139 2 4 140-159 1 2 140-159 3 5 ≥ 160 2 3 ≥ 160 4 6 HOMEM MULHER Total Risco absoluto em 10 anos Total Risco absoluto em 10 anos < 0 < 1 < 9 < 1 0 1 9 1 1 1 10 1 2 1 11 1 3 1 12 1 4 1 13 2 5 2 14 2 6 2 15 3 7 3 16 4 8 4 17 5 9 5 18 6 10 6 19 8 11 8 20 11 12 10 21 14 13 12 22 17 14 16 23 22 Fatores agravantes História familiar de doença coronária prematuro (parente de primeiro grau masculino < 55 anos ou feminino < 65 anos) Síndrome metabólica Micro ou macroalbuminúria (>30 μg/min) Hipertrofia ventricular esquerda Insuficiência renal crônica (creatinina ≥1,5 mg/dL ou clearance de creatinina < 60 ml/min) Proteína-C-reativa de alta sensibilidade >3 mg/L (na ausência de etiologia não aterosclerótica) Exame complementar com evidência de doença aterosclerótica subclínica Escore de cálcio coronário > 100 ou > percentil 75 para idade ou sexo Espessamento de carótida (IMT) máximo > 1 mm. Índice tornozelo braquial-ITB < 0,9 Metas e Reavaliação Todos os pacientes com dislipidemia isolada e aqueles com risco cardiovascular aumentado devem ser orientados para a instituição de medidas não farmacológicas relacionadas à mudança do estilo de vida (MEV). Metas e Reavaliação Estrato Medida terapêutica inicial Reavaliação das metas Baixo risco MEV 6 meses Risco intermediário MEV 3 meses Alto risco MEV + tratamento farmacológico 3 meses Aterosclerose manifesta MEV + tratamento farmacológico individualizada Estilo de vida Terapia nutricional Colesterol e ácidos graxos saturados Ácidos graxos insaturados Ácidos graxos trans Fibras Fitosteróis Proteína da soja Antioxidantes Estilo de vida Intervenção recomendada Adequar as calorias ao gasto energético Limitar gordura saturada ( 7% Caloria total) e CT(300mg/d ) Incentivar peixes Carnes magras Aves Leite e derivados desnatados Estilo de vida Intervenção recomendada Diminuir ácidos graxos trans (gordura hidrogenada) Incrementar carboidratos complexos (grãos) Incentivar verduras, legumes , frutas Moderar consumo de sal (5g/dia) Limitar álcool em mulheres a uma dose/dia e homens a duas. CALORIAS TOTAIS DIÁRIAS (CALT) ADEQUADAS PARA MANTER O PESO IDEAL NUTRIENTES INGESTÃO RECOMENDADA Carboidratos* 50 a 60% das CALT Proteínas 15% das CALT Gordura totais 25 a 35% das CALT Colesterol 200 mg/dia Gorduras monoinsaturadas Até 20% das CALT Gorduras poli-insaturadas Até 10% das CALT Gorduras saturadas** <7% das LCAT Fibras 20-30g/dia*** Opções para LDL Fitosteróis (2g/dia) *Preferencialmente carboidratos complexos (grãos) **Ingestão baixa de ácidos graxos “trans” gordura hidrogenada *** 6g de fibras solúveis Estilo de vida Fitosteróis A ingestão de 2 a 3 gramas por dia reduz o LDL colesterol entre 6 a 15% Ingestão normal 150 a 350 mg/dia 1,6g equivale a ingestão de 340 tomates ou 168 cenouras Alimento auxiliar na redução do colesterol São acrescentados a margarinas e iogurtes Estilo de vida Fitosteróis Creme Vegetal 20 g de creme vegetal - 1,6 g de fitosteróis Iogurte Desnatado 340 g de iogurte - 1,6 g de fitosteróis Bebida Láctea 400 mg - 1,6g de fitosteróis Estilo de vida Orientação dietética geral Laticínios Leite e iogurte desnatados, queijos magros Evitar manteiga, nata e creme de leite Carboidratos Preferir carboidratos complexos Aumentar o consumo de fibras solúveis Aveia, maçã Estilo de vida Orientação dietética geral Gorduras Evitar gordura animal (ácidos graxos saturados) Restringir gordura vegetal hidrogenada Entre as margarinas preferir as cremosas Restringir alimentos ricos em colesterol Vísceras em geral Estilo de vida Orientação dietética geral Gorduras Evitar óleo de coco (apesar dos potenciais benefícios do óleo de coco no HDL, os estudos experimentais comprovam o efeito hipercolesterolêmico do coco e seus subproduto ) e dendê Legumes verduras e frutas Ricos em antioxidantes Incentivar o consumo Estilo de vida Orientação dietética geral Carnes Carnes magras Retirar a gordura antes de cozinhar Preparações com pouca gordura Incentivar o consumo de peixe Evitar embutidos Estilo de vida Orientação dietética geral Produtos de panificação Cuidar com o conteúdo de gordura hidrogenada Álcool Não incentivar o consumo Estilo de vida Exercício Mínimo: 30 minutos de exercício moderado 5 d/sem Ideal : diariamente Intervenção recomendada Pacientes cardiopatas, pneumopatas, ortopédicos e neurológicos devem ter avaliação médica prévia Estilo de vida Exercício Atividade física recomendada Atividade aeróbica a 40 a 60% da frequência cardíaca máxima Benefícios adicionais com atividade 60% 30 min 3-5 d/sem Treinamento de resistência com 8 a 10 exercícios diferentes com 10 a 15 repetições em 2 d/sem Exercícios de flexibilidade Incrementar atividade física diária Ácidos graxos ômega-3 Os ácidos graxos ômega-3 são derivados do óleo de peixes provenientes de águas frias e profundas, que reduzem a síntese hepática dos TG Os mais importantes são o eicosapentaenoico (EPA) e o docosahexaenóico (DHA) Em altas doses (4 a 10 g ao dia) reduzem os triglicérides Aumentam discretamente o HDL-C Podem aumentar o LDL-C Influência Perda de peso (5Kg) LDL- C de 5 a 8% TG 15% Exercício regular TG 24% Não altera o Colesterol e LDL- C HDL-C 8% Influência Dieta Gordura saturada ( LDL- C de 8% a 10%) Colesterol - 200mg/dia - (LDL- C de 3% a 5%) Fibras solúveis 5 a 10g/dia (LDL- C de 3% a 5%) Fitosteróis 2g/dia ( LDL- C 6% a 15%) Tratamento medicamentoso Os hipolipemiantes devem ser empregados sempre que não houver efeito satisfatório das MEV ou impossibilidade de aguardar os efeitos da MEV por prioridade clínica A escolha da classe terapêutica está condicionada ao tipo de dislipidemia presente Medicamentos para Colesterolemia Na hipercolesterolemia isolada, os medicamentos recomendados são as estatinas, que podem ser administradas em associação à ezetimiba, colestiramina e eventualmente a fibratos ou ácido nicotínico OBRIGADA!
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