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11 Aula DISLIPIDEMIAS U2

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DISLIPIDEMIAS 
PROFª RENATA REIS 
CONCEITO 
 Grupo de patologias caracterizadas por 
alterações na concentração de níveis de 
lípideos (colesterol, triglicerídeos, HDL e LDL) 
 no sangue, que apresentam risco à saúde. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 Alto risco de provocar enfermidades 
cardiovasculares. 
 Causa mais comum de morte prematura. 
 
 1:5 
 
 1:4 
 
Metabolismo dos lipídeos 
 As lipoproteínas permitem a solubilização e o 
transporte dos lípides, que são substâncias 
geralmente hidrofóbicas, no meio aquoso 
plasmático. 
 
 São compostas por lípides e proteínas 
denominadas apolipoproteínas (apos). 
 
Lipoproteína 
 
Lípideos predominantes 
 
Apolipoproteínas 
HDL alta densidade Esteres colesterol A-I, A-II, C,E,D. 
LDL baixa densidade Esteres colesterol B-100,B-74, B-26 
IDL intermediária Esteres colesterol, TG B-100, algunas C y E. 
VLDL muito baixa Triglicérideos B-100, C, E. 
Quilomícrons Triglicérideos B-48, C, E, A-I, A-II, A-IV, 
Lp (a) Esteres colesterol B-100,Lp (a). 
 
Causas <HDL >TG 
Dislipidemia primária 
 O acúmulo de quilomícrons e/ou de VLDL no compartimento 
plasmático resulta em hipertrigliceridemia e decorre da diminuição 
da hidrólise dos TGs destas lipoproteínas pela lipase lipoproteica ou 
do aumento da síntese de VLDL. 
 Variantes genéticas das enzimas ou apolipoproteínas relacionadas 
com estas lipoproteínas podem aumento de síntese ou redução da 
hidrólise. 
Aterosclerose 
 Na doença arterial coronária o principal 
mecanismo patogênico é a obstrução 
causada por uma placa aterosclerótica. 
 
 A aterosclerose é uma doença inflamatória 
crônica de origem multifatorial que ocorre 
em resposta à agressão endotelial, 
acometendo principalmente a camada íntima 
de artérias de médio e grande calibres. 
 
 A formação da placa aterosclerótica inicia-se 
com a agressão ao endotélio vascular devido a 
diversos fatores de risco como dislipidemia, 
hipertensão arterial ou tabagismo. 
 
 A hipercolesterolemia é o maior fator de risco 
documentado para o desenvolvimento da 
aterogênese. 
 
 A chave do processo inicial de aterosclerose é a 
retenção subendotelial de apo lipoproteína B 
contendo lipoproteína. 
 
Sinais clínicos 
 Exame físico 
 Geralmente a primeira manifestação é a de 
doença aterosclerótica, especialmente DAC 
 Em alguns casos pode ocorrer 
 arco corneano em adolescente e adulto jovem 
 Em idosos é comum e tem pouca importância 
 xantomas eruptivos (tumores benignos na pele 
compostos de lipídeos), tendinosos, tuberosos e 
túbero-eruptivos 
 xantelasmas (pequenos depósitos de matéria 
gordurosa, só que concentrados na região das 
pálpebras). 
 
Sinais clínicos 
 Hipercolesterolemia familiar 
 Xantomas tuberosos tendíneos 
 Arco corneal 
 Xantelasmas 
 Hipertrigliceridemia 
 Xantomas eruptivos 
 Alterações retinianas 
Sinais clínicos 
Xantelasmas 
Sinais clínicos 
Arco 
corneano 
Sinais clínicos 
Xantomas 
Sinais clínicos 
Xantomas tuberosos 
Avaliação laboratorial 
 A determinação do perfil lipídico deve ser 
feita em indivíduos com dieta habitual, 
estado metabólico e peso estáveis por pelo 
menos duas semanas antes da realização do 
exame 
 Deve-se evitar 
 Ingestão de álcool – 72 horas 
 Atividade física vigorosa – 24 horas 
 
Classificação 
 A classificação fenotípica ou bioquímica 
considera os valores do CT, LDL-C, TG e HDL-C 
 
 Compreende quatro tipos principais: 
 Hipercolesterolemia isolada 
 Hipertrigliceridemia isolada 
 Hiperlipidemia mista 
 HDL baixo 
Classificação 
 Hipercolesterolemia isolada 
 Elevação isolada do LDL-C (≥ 160 mg/dL) 
 
 Hipertrigliceridemia isolada 
 Elevação isolada dos TG (≥150 mg/dL), 
 Reflete o aumento do volume de partículas ricas em 
TG como VLDL, IDL e quilomícrons 
 
 
Classificação 
 Hiperlipidemia mista 
 Valores aumentados de ambos 
 LDL-C (≥ 160 mg/dL) 
 TG (≥150 mg/dL) 
 Nos casos com TG ≥ 400 mg/dL, considerar-se-á 
hiperlipidemia mista se o CT for maior ou igual a 
200 mg/dL 
 
Classificação 
 HDL-C baixo 
 Redução do HDL-C 
 Homens <40 mg/dL 
 Mulheres <50 mg/dL 
 Isolada ou em associação com aumento de LDL-C ou 
de TG 
 
Dislipidemia secundária 
 Doenças 
 Obesidade ( CT ,  TG  HDL ) 
 Diabetes ( TG,  HDL ) 
 Hipotireoidismo ( CT ,  TG ) 
 Síndrome nefrótica ( CT ,  TG ) 
 Insuficiência renal crônica ( CT ) 
 Hepatopatias colestáticas crônicas (  CT ) 
 
Dislipidemia secundária 
MEDICAMENTO CT TG HDL-C 
 
Diuréticos tiazídicos 
 
– 
 
 
 
 
Beta bloqueadores 
(sem at. simpatomimética intrínseca ) 
 
– 
 
 
 
 
 
Anticoncepcionais 
 
 
 
 
 
– 
 
Corticosteróides 
 
 
 
 
 
– 
Estradiol 
(Transdérmico não altera TG ) 
 
 
 
 
 
 
 
Ciclosporínas 
 
 
 
  
 
 
 
Inibidores de Protease 
 
 
 
   
 
– 
Estratificação do risco 
cardiovascular 
1. Presença de doença aterosclerótica significativa 
ou de seus equivalentes 
2. Escore de risco 
3. Fatores agravantes 
4. Metas terapêuticas e reavaliação do risco 
 
Doença aterosclerótica 
 O risco de doença aterosclerótica é estimado com 
base na análise conjunta de características que 
aumentam a chance de um indivíduo desenvolver a 
doença. 
 O mais claro identificador de risco é a manifestação 
prévia da própria doença ou de seus equivalentes 
 Indivíduos assim identificados possuem risco maior do 
que 20% em 10 anos de apresentar novos eventos 
cardiovasculares 
 
 
Equivalentes 
Doença Arterial Coronária manifesta atual ou prévia 
(angina estável, isquemia silenciosa, síndrome 
coronária aguda ou cardiomiopatia isquêmica) 
Doença Arterial Cerebrovascular (acidente vascular 
cerebral isquêmico ou ataque isquêmico transitório) 
Doença aneurismática ou estenótica de aorta 
abdominal ou seus ramos 
Doença arterial periférica 
Doença Arterial Carotídea (Estenose maior ou igual a 
50%) 
Diabete melito tipo 1 ou 2 
Escore de risco 
 Pode-se estimar pelo Escore de Risco de Framingham 
(ERF) 
 
 Risco baixo (probabilidade menor que 10% de infarto ou 
morte por doença coronária no período de 10 anos) 
 Risco intermediário (probabilidade entre 10% e 20% de 
infarto ou morte por doença coronária no período de 10 
anos), maior atenção deverá ser dada aos fatores 
agravantes 
 Risco alto (probabilidade maior do que 20% de infarto 
ou morte por doença coronária no período de 10 anos) 
 
 
 
Escore de Framingham 
 Idade 
 Gênero 
 Colesterol total 
 Colesterol HDL 
 Tabagismo 
 Pressão sistólica 
 Tratamento 
 
HOMEM MULHER 
Idade Pontos Idade Pontos 
20-34 - 9 20-34 - 7 
35-39 - 4 35-39 - 3 
40-44 0 40-44 0 
45-49 3 45-49 3 
50-54 6 50-54 6 
55-59 8 55-59 8 
60-64 10 60-64 10 
65-69 11 65-69 12 
70-74 12 70-74 14 
75-79 13 75-79 16 
HOMEM 
Colesterol Idade idade Idade idade idade 
Total 
Mg\dl 
20 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 
< 160 0 0 0 0 0 
160 a 199 4 3 2 1 0 
200 a 239 7 5 3 1 0 
240 a 279 9 6 4 2 1 
> 280 11 8 5 3 1 
MULHER 
Colesterol Idade idade Idade idade idade 
Total 
Mg\dl 
20 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 
< 160 0 0 0 0 0 
160 a 199 4 3 2 1 1 
200 a 239 8 6 4 2 1 
240 a 279 11 8 5 3 2 
> 280 13 10 7 4 2 
HOMEMFumo Idade idade Idade idade idade 
20 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 
Não 0 0 0 0 0 
Sim 8 5 3 1 1 
MULHER 
Não 0 0 0 0 0 
Sim 9 7 4 2 1 
HOMEM MULHER 
HDL Colesterol mg/dl Pontos HDL Colesterol mg/dl Pontos 
≥ 60 - 1 ≥ 60 -1 
50-59 0 50-59 0 
40-49 1 40-49 1 
< 40 2 < 40 2 
HOMEM MULHER 
PA sistólica Não tratada tratada PA sistólica Não tratada Tratada 
< 120 0 0 < 120 0 0 
120-129 0 1 120-129 1 3 
130-139 1 2 130-139 2 4 
140-159 1 2 140-159 3 5 
≥ 160 2 3 ≥ 160 4 6 
HOMEM MULHER 
Total Risco absoluto em 10 
anos 
Total Risco absoluto em 10 
anos 
< 0 < 1 < 9 < 1 
0 1 9 1 
1 1 10 1 
2 1 11 1 
3 1 12 1 
4 1 13 2 
5 2 14 2 
6 2 15 3 
7 3 16 4 
8 4 17 5 
9 5 18 6 
10 6 19 8 
11 8 20 11 
12 10 21 14 
13 12 22 17 
14 16 23 22 
Fatores agravantes 
História familiar de doença coronária prematuro (parente de primeiro 
grau masculino < 55 anos ou feminino < 65 anos) 
Síndrome metabólica 
Micro ou macroalbuminúria (>30 μg/min) 
Hipertrofia ventricular esquerda 
Insuficiência renal crônica (creatinina ≥1,5 mg/dL ou clearance de 
creatinina < 60 ml/min) 
Proteína-C-reativa de alta sensibilidade >3 mg/L (na ausência de 
etiologia não aterosclerótica) 
Exame complementar com evidência de doença aterosclerótica 
subclínica 
Escore de cálcio coronário > 100 ou > percentil 75 para idade ou sexo 
Espessamento de carótida (IMT) máximo > 1 mm. 
Índice tornozelo braquial-ITB < 0,9 
Metas e Reavaliação 
 Todos os pacientes com dislipidemia isolada e 
aqueles com risco cardiovascular aumentado 
devem ser orientados para a instituição de 
medidas não farmacológicas relacionadas à 
mudança do estilo de vida (MEV). 
 
Metas e Reavaliação 
Estrato Medida 
terapêutica inicial 
Reavaliação das 
metas 
Baixo risco MEV 6 meses 
Risco 
intermediário 
MEV 3 meses 
Alto risco MEV + tratamento 
farmacológico 
3 meses 
Aterosclerose 
manifesta 
MEV + tratamento 
farmacológico 
individualizada 
Estilo de vida 
 Terapia nutricional 
 Colesterol e ácidos graxos saturados 
 Ácidos graxos insaturados 
 Ácidos graxos trans 
 Fibras 
 Fitosteróis 
 Proteína da soja 
 Antioxidantes 
Estilo de vida 
 Intervenção recomendada 
 Adequar as calorias ao gasto energético 
 Limitar gordura saturada ( 7% Caloria total) e 
CT(300mg/d ) 
 Incentivar peixes 
 Carnes magras 
 Aves 
 Leite e derivados desnatados 
Estilo de vida 
 Intervenção recomendada 
 Diminuir ácidos graxos trans (gordura 
hidrogenada) 
 Incrementar carboidratos complexos (grãos) 
 Incentivar verduras, legumes , frutas 
 Moderar consumo de sal (5g/dia) 
 Limitar álcool em mulheres a uma dose/dia e 
homens a duas. 
 
CALORIAS TOTAIS DIÁRIAS (CALT) ADEQUADAS 
PARA MANTER O PESO IDEAL 
NUTRIENTES INGESTÃO RECOMENDADA 
Carboidratos* 50 a 60% das CALT 
Proteínas 15% das CALT 
Gordura totais 25 a 35% das CALT 
Colesterol 200 mg/dia 
Gorduras monoinsaturadas Até 20% das CALT 
Gorduras poli-insaturadas Até 10% das CALT 
Gorduras saturadas** <7% das LCAT 
Fibras 20-30g/dia*** 
Opções para  LDL Fitosteróis (2g/dia) 
*Preferencialmente carboidratos complexos (grãos) 
**Ingestão baixa de ácidos graxos “trans” gordura hidrogenada 
*** 6g de fibras solúveis 
Estilo de vida 
 Fitosteróis 
 A ingestão de 2 a 3 gramas por dia reduz o LDL 
colesterol entre 6 a 15% 
 Ingestão normal 150 a 350 mg/dia 
 1,6g equivale a ingestão de 340 tomates ou 168 
cenouras 
 Alimento auxiliar na redução do colesterol 
 São acrescentados a margarinas e iogurtes 
 
 
Estilo de vida 
 Fitosteróis 
 Creme Vegetal 
 20 g de creme vegetal - 1,6 g de fitosteróis 
 Iogurte Desnatado 
 340 g de iogurte - 1,6 g de fitosteróis 
 Bebida Láctea 
 400 mg - 1,6g de fitosteróis 
 
Estilo de vida 
 Orientação dietética geral 
 Laticínios 
 Leite e iogurte desnatados, queijos magros 
 Evitar manteiga, nata e creme de leite 
 Carboidratos 
 Preferir carboidratos complexos 
 Aumentar o consumo de fibras solúveis 
 Aveia, maçã 
 
Estilo de vida 
 Orientação dietética geral 
 Gorduras 
 Evitar gordura animal (ácidos graxos saturados) 
 Restringir gordura vegetal hidrogenada 
 Entre as margarinas preferir as cremosas 
 Restringir alimentos ricos em colesterol 
 Vísceras em geral 
 
Estilo de vida 
 Orientação dietética geral 
 Gorduras 
 Evitar óleo de coco (apesar dos potenciais benefícios 
do óleo de coco no HDL, os estudos experimentais 
comprovam o efeito hipercolesterolêmico do coco e 
seus subproduto ) e dendê 
 Legumes verduras e frutas 
 Ricos em antioxidantes 
 Incentivar o consumo 
 
 
Estilo de vida 
 Orientação dietética geral 
 Carnes 
 Carnes magras 
 Retirar a gordura antes de cozinhar 
 Preparações com pouca gordura 
 Incentivar o consumo de peixe 
 Evitar embutidos 
 
Estilo de vida 
 Orientação dietética geral 
 Produtos de panificação 
 Cuidar com o conteúdo de gordura hidrogenada 
 Álcool 
 Não incentivar o consumo 
 
Estilo de vida 
 Exercício 
 Mínimo: 30 minutos de exercício moderado 5 
d/sem 
 Ideal : diariamente 
 Intervenção recomendada 
 Pacientes cardiopatas, pneumopatas, 
ortopédicos e neurológicos devem ter avaliação 
médica prévia 
 
Estilo de vida 
 Exercício 
 Atividade física recomendada 
 Atividade aeróbica a 40 a 60% da frequência cardíaca 
máxima 
 Benefícios adicionais com atividade  60% 30 min 3-5 
d/sem 
 Treinamento de resistência com 8 a 10 exercícios 
diferentes com 10 a 15 repetições em 2 d/sem 
 Exercícios de flexibilidade 
 Incrementar atividade física diária 
 
 Ácidos graxos ômega-3 
 Os ácidos graxos ômega-3 são derivados do óleo de 
peixes provenientes de águas frias e profundas, que 
reduzem a síntese hepática dos TG 
 Os mais importantes são o eicosapentaenoico (EPA) e 
o docosahexaenóico (DHA) 
 Em altas doses (4 a 10 g ao dia) reduzem os triglicérides 
 Aumentam discretamente o HDL-C 
 Podem aumentar o LDL-C 
 
 
Influência 
 Perda de peso (5Kg) 
  LDL- C de 5 a 8% 
  TG 15% 
 Exercício regular 
  TG 24% 
 Não altera o Colesterol e LDL- C 
  HDL-C 8% 
 
Influência 
 Dieta 
  Gordura saturada ( LDL- C de 8% a 10%) 
  Colesterol - 200mg/dia - (LDL- C de 3% a 5%) 
  Fibras solúveis 5 a 10g/dia (LDL- C de 3% a 5%) 
 Fitosteróis 2g/dia ( LDL- C 6% a 15%) 
 
Tratamento medicamentoso 
 Os hipolipemiantes devem ser empregados 
sempre que não houver efeito satisfatório das 
MEV ou impossibilidade de aguardar os 
efeitos da MEV por prioridade clínica 
 
 A escolha da classe terapêutica está 
condicionada ao tipo de dislipidemia 
presente 
 
Medicamentos para 
Colesterolemia 
 Na hipercolesterolemia isolada, os 
medicamentos recomendados são as 
estatinas, que podem ser administradas em 
associação à ezetimiba, colestiramina e 
eventualmente a fibratos ou ácido nicotínico 
 
OBRIGADA! 

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