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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – UEPB CAMPUS I – CAMPINA GRANDE DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DISCIPLINA: METODOLOGIA CIENTÍFICA PROFESSOR: ROBERTO SILVA MUNIZ ALUNO: MATHEUS RAMOS SANTANA MATRÍCULA: 152290125 JOHAN HUIZINGA E A SUA CRÍTICA CULTURAL EM O OUTONO DA IDADE MÉDIA CAMPINA GRANDE 2016 UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – UEPB CAMPUS I – CAMPINA GRANDE DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA JOHAN HUIZINGA E A SUA CRÍTICA CULTURAL EM O OUTONO DA IDADE MÉDIA Artigo elaborado para a primeira nota do componente curricular Metodologia Científica, ministrado pelo Professor Roberto Silva Muniz. Campina Grande 2016 JOHAN HUIZINGA E A SUA CRÍTICA CULTURAL EM O OUTONO DA IDADE MÉDIA Matheus Ramos Santana RESUMO Johan Huizinga (1872- 1945) foi um dos maiores historiadores no que se refere à História Cultural clássica. O presente autor foi um grande crítico cultural da antiguidade, destacando- se com o livro O Outono da Idade Média. No livro mencionado, o autor argumenta sobre o entardecer de uma cultura e o florescer de outra. O presente trabalho tem como objetivo mostrar as formas que levaram Huizinga a escrever seu livro, expondo suas críticas aos fins da Idade Média, e as opiniões de outros autores sobre a maneira que o levou a elaborar sua obra. PALAVRAS- CHAVE: Huizinga; Idade Média, Cultural. JOHAN HUIZINGA AND HIS CULTURAL CRITIC IN THEAUTUMN OF THE MIDDLE AGES ABSTRACT Johan Huizinga (1872- 1945) was one of the greatest historians considering the Classic Cultural History. The author has been considered as the biggest cultural critic from Antiquity; Huizinga has been emerged for the writing of the autumn of the middle ages. The author has been argue about the culture’s evening and the blossom of another culture in his book. The aims of this paper is to portrait the way that Huizinga writes exposing his criticism in the end of middle ages. In addition, to demonstrate the other authors’ opinions about what motivates the writing of his book. KEY-WORDS: Huizinga, Middle Ages, Cultural Critic Graduando em Licenciatura Plena em História pela Universidade Estadual da Paraíba Email: matheusramos280297@gmail.com I INTRODUÇÃO Neste presente artigo, abordaremos a vida de Johan Huizinga como crítico cultural da Idade média, mostrando as formas que o levou a escrever o seu livro “O Outono da Idade Média”, seus comentários aos fins daquele período, e expondo as críticas que Johan Huizinga recebeu como historiador cultural. Partiremos dos motivos que levou nosso historiador a optar por um tipo de História Cultural, relatando as formas como seu livro surgiu, as maneiras como o escreveu, mostrando suas observações ao “Outono da Idade Média”, e os motivos dele ter sido tão criticado como historiador cultural. Por fim mostraremos a importância dele como historiador cultural. II OS MOTIVOS QUE LEVARAM A SER UM HISTORIADOR CULTURAL Johan Huizinga era formado “na área de estudos de lingüística comparada na Universidade Leipzig” (NACHMAN FALBEL, 2010, p. 261), possuía um conhecimento profundo da cultura indiana, além do domínio de várias línguas, como o árabe, Hebraico, Sânscrito, e o Grego. Até esse momento Huizinga não dispunha de nenhum interesse de trabalhar com a História da cultura. No ano de 1897 ele terá a oportunidade de ministrar essa disciplina, dizia ele que “era um professor de História, mas de maneira nenhuma um historiador” 1. O que influenciou Johan Huizinga a seguir a profissão de historiador é o ingresso dele a Universidade de Groningen, onde se sentirá completo no campo da História. Porém o que acarretou para que ele optasse por uma História cultural? Para Naiara Damas Ribeiro (2008, p. 54), a exposição de arte flamenga dos séculos XIV e XV, que aconteceu na Bélgica, cidade de Bruges, teve como destaque as obras dos irmãos Van Eyck, essas coletâneas foram essenciais para Huizinga dedicar-se a um tipo de História cultural que foi o prelúdio para o surgimento de seu livro “O Outono da Idade Média”, que se centrava na região da Borgonha, nos séculos XIV e XV na França, este livro teve como tradução brasileira “O Declínio da Idade Média”. No prefácio de sua obra, o nosso autor retrata: Sucede que o facto comum às várias manifestações daquele período se mostrou inerente mais aos elos que as ligavam ao passado do que aos germes que continham o futuro. O significado, não só dos artistas, mas 1 Trecho presente em HUIZINGA, J. My path to History, 1943, p. 262- 263. também dos teólogos, poetas, cronistas, príncipes e estadistas, podia ser mais bem apreciado se fossem considerados não como precursores de uma cultura vindoura, mas como agentes de aperfeiçoamento e conclusão de uma cultura antiga. 2 Dessa maneira, Johan Huizinga nos leva a ver que as manifestações culturais dos fins da idade média faziam parte do outono de uma cultura e não da chegada da primavera, nesta comparação, somente quando a saturação dessa sociedade chega-se no limite máximo é que o florescer de outra cultura haveria de brotar, era como se fosse uma sociedade querendo colher algo novo e ao mesmo tempo em que presa ao passado. III AS FORMAS DE FAZER HISTÓRIA CULTURAL A partir do momento em que Huizinga ficou impactado com as artes dos irmãos Van Eyck, seu caminho como historiador tendia a mudar para um tipo de história cultural relacionada com a estética desde as artes e da literatura. Dessa forma, a História vista por nosso autor não era positivista. Este tipo de conhecimento em que o historiador fotografa o passado tal como ele aconteceu para Huizinga não existe, sua idéia é mostrar que “O historiador nunca fotografa o passado: Representa-o” 3. Consequentemente a compreensão histórica para Huizinga passa a ter um teor artístico, ele era um amante da arte, da cultura, da literatura, por isso a base central de sua obra era a estética. Naiara Damas afirma que para o nosso autor “a dimensão estética do conhecimento histórico era entendida como elemento principal de toda compreensão histórica” (BENTIVOGLIO & ANTÔNIO, 2013, p. 152). Logo, o historiador deveria construir uma imagem, reviver o passado, criar formas, interpretar as artes, seguir suas intuições. Naiara Damas (2008, p. 56) em outra passagem cita: A partir de uma escrita refinada e próxima da estética literária, esse historiador pretendia dar forma, cor e sentido, ao espírito do homem tardo-medieval. E isso só foi possível porque sua investigação histórica havia ido além dos documentos oficiais, e incluindo os sonhos, as paixões, as artes, a poesia e as ilusões como dados relevantes da compreensão do passado. Dessa maneira podemos compreender que o bom historiador para Johan Huizinga é aquele que vai além das fontes documentais, é a pessoa que põe suas próprias intuições, imaginações e interpretações, é o mesmo que descreve “os 2 HUIZINGA, J. O Declínio da Idade Média. Op.cit. p.07. 3 HUIZINGA, J. El elemento estético de las representaciones históricas, p. 97. pensamentos e sentimentos característicos de uma época e suas expressões ou incorporações de literatura e arte”. 4 Sendo assim, o historiador partiria a ter uma visãosensível, compreendendo dessa forma melhor os fatos históricos, a partir das criações artísticas e literárias. Porém se o historiador opta somente pelo saber estético, como ficaria o saber científico? Naiara Damas diz que para Huizinga, “Optar pelo estético, pela visualidade (aanschouwelijkheid) do passado, não implicava, em nenhuma instância, a abolição da dimensão empírica do trabalho do historiador” (BENTIVOGLIO & ANTÔNIO, 2013, p. 154). Portanto, a História cultural segundo Huizinga é morfológica, é o estudo da vida, ele estava “preocupado com o estilo de toda uma cultura, bem como com o estilo de pinturas e poemas individuais” 5. É dessa forma que ele se propõe a escrever “O Outono da Idade Média”, com uma nova roupagem na História Cultural, inovando as fontes, assim como abrangendo a cultura como um todo. João Antonio de Paula nos relata a grandeza da obra de Huizinga: “Trata-se aqui, com O Outono da Idade Média, não só do pioneirismo da pergunta, mas do uso inovador das fontes, de uma abertura para a interdisciplinaridade, para a pluralidade que só faz reforçar a grandeza da obra de Huizinga.” (ANTONIO, 2005, p. 145). IV SUAS CRÍTICAS EM O OUTONO DA IDADE MÉDIA No que se refere ao seu livro “O Outono da Idade Média”, Johan Huizinga procura nos relatar como era a vida nos fins daquele período na região da Borgonha, situada na França, onde a fase é repleta de contrastes, uma cultura borgonhesa decadente, onde “a vida era tão violenta e tão variada que consentia a mistura do cheiro do sangue com o das rosas” 6. Dessa forma, a vida nos fins da Idade Média era tão saturada, ingênua, melancólica e nostálgica, assim como cheias de ódios e misérias, que se via o desejo de se libertar de todas as amarguras que oprimiam aquele povo. Como dizia Huizinga, era “uma fuga do tempo presente, o desejo de se libertar do ódio e da miséria” 7. 4 BURKE, P, O que é história cultural? P. 18-19. 5 Ibid., p. 19. 6 HUIZINGA, J. O Declínio da Idade Média. Op.cit.p.07. 7 HUIZINGA, J. “Historical Ideals of Life”. Men and Ideals, p. 77. Quando o nosso historiador cultural se refere a “fuga do tempo presente”, ele está relacionando-se ao fato das pessoas nos fins da Idade média procurar um estilo de vida passada que se diferencia das quais eles tinham. Mas que tipo de vida era essa? Era um tipo de vida sonhadora, fictícia, falsa e ilusória, que imitava uma fase cavalheiresca que se passou, tendo como sentido colorir aquela vida pacata, saturada e decadente. Dessa maneira Huizinga nos faz refletir “a idéia de que a tardo Idade Média não era tanto o prelúdio do futuro, mas uma época de desvanecimento e declínio”8. Então, a cultura nos fins da Idade Média, segundo Huizinga, não se tratava da chagada do Renascimento, porém “uma cultura em vias de desaparecimento” (BENTIVOGLIO & ANTÔNIO, 2013, p. 157). Pensando dessa forma, O Outono da Idade Média se trata do término daquele período. É dessa forma que Johan Huizinga nos leva a ver o quanto à vida naquela sociedade era cheias de contrastes, entre uma mistura de medo e heroísmo. Naiara Damas Ribeiro (2008, p. 57) ao relatar sobre os contrates que Huizinga retrata em sua obra, nos mostra que: Esses contrastes podiam ser observados nas mais diversas expressões da cultura borgonhesa decadente. Tinha um impacto latente numa cultura que, diferentemente do mundo contemporâneo, experimentava com uma estranha afetação a diferença entre o som e o ruído, entre a doença e a saúde, entre a morte e a vida, entre a crueldade e a devoção. Tomando essa linha de raciocínio, O Outono da Idade Média para Johan Huizinga, é o período dos sonhos, onde as pessoas viviam em um mundo das ilusões, marcadas por vidas violentas, as quais tinham como sentido colorir a vida, de modo que resultasse em uma forma ideal de vivência. Huizinga relata que: “Quando a realidade terrena é tão perdidamente trágica e a renúncia ao mundo tão difícil, não nos resta nada além de colorir a vida com o brilho claro, vivê-la no país dos sonhos, temperar a realidade com o êxtase do ideal” 9. Dessa forma, o homem no “Outono da Idade Média” é destacado por um amor cavalheiresco, onde para Huizinga se tornou “uma fonte de energia e ao mesmo tempo uma capa para todo o mundo de violência e do interesse pessoal” 10, assim como um pessimismo arraigado, e um tipo de vida brilhante, que destaca o nosso autor: 8 HUIZINGA, J. My path to History, p. 272. 9 HUIZINGA, J. O outono da Idade Média, p. 56. 10 HUIZINGA, J. O Declínio da Idade Média. Op.cit.p. 57. Todavia este profundo pessimismo é a base de onde a alma deles voará para a aspiração de uma vida de beleza e serenidade. Porque em todos os tempos a visão de uma vida sublime se instalou na alma dos homens e quanto mais sombrio é o presente mais fortemente se fará sentir esta aspiração 11 . Sendo assim, as pessoas nos fins da Idade Média procuraram um método estético para viverem, sabendo o quanto aquele período era sombrio, cheios de doenças, como a peste negra que dizimou um terço da população européia, assim como as angústias e perseguições, “O Outono da Idade Média” teve como uns dos seus estopins, o grande medo da morte, como relata Huizinga: Nos fins da Idade Média a visão total da morte pode ser resumida na palavra macabro, no significado que actualmente lhe damos. Este significado é sem dúvida o resultado de um longo processo. Mas o sentimento que ele encarna, algo horrível e funesto, é precisamente a concepção da morte que surgiu durante os últimos séculos da Idade Média 12 . Dessa maneira, o homem medieval, preso ao laço da morte, procurou um método de alimentar a sua alma para não morrer de demasiada tristeza, a Igreja Católica teve um papel fundamental para nutrir a vida daquelas pessoas, que foi o método da imaginação, a mente humana no Outono da Idade média se voltava para as imagens religiosas, elas eram de extremas importâncias para fugir daqueles tempos sombrios. Sendo assim, os povos medievais viviam em uma peleja entre céu e o inferno, eles tinham um grande medo de ao partirem desse mundo suas almas ficarem perdidas por toda a eternidade no inferno, por isso as imagens foram os meios que eles encontraram para chegar a até Deus. O mundo, segundo Huizinga, variava “entre o medo do Inferno e do Céu e a mais ingênua satisfação entre a crueldade e a ternura, entre o ascetismo áspero e o insensato apego às delícias do mundo, entre o ódio e a bondade, indo sempre dum extremo ao outro” 13. Porém as pessoas no Outono da Idade Média já estavam saturadas da religião, o mundo estava entregue as banalidades da vida, aos sentimentos profanos e pecaminosos, cheios de orgulhos e vaidades, as pessoas iam às igrejas para se gabarem, não se tinham mais respeitos nos templos religiosos, tornaram-se templos de encontros para os jovens. Johan Huizinga nos mostra que no Outono da Idade Média: 11 Ibid., p. 27. 12 Ibid., p. 108. 13 Ibid., p. 19. A vida estava tão saturada de religião que o povo corria constantemente o risco de perder de vista a distinção entre o espiritual e o temporal. Se, por um lado, todos os pormenores da vida ordinária podem santificar-se, por outra parte tudo o que é sagrado cai na banalidade pelo facto de se misturar à vida quotidiana. Na Idade Média a demarcação da esfera do pensamento religioso e das preocupações mundanas estava quase obliterada 14 . No que se refere às imagens, as pessoas perderamo controle da situação, adoravam todos os tipos de santos na esperança de milagres e bonança, para que assim alimentassem suas almas repletas de ilusões, para eles era como se os santos ali representados ganhassem formas físicas, “tornados tão reais e tão familiares na religião corrente que se encontrava, ligados aos mais superficiais impulsos religiosos” 15. Outro fator decadente para Huizinga é o simbolismo, em O Declínio da Idade Média ele afirma: O simbolismo está na verdade gasto. Encontrar símbolos e alegorias tinha-se tornado um passatempo intelectual sem sentido, uma fantasia oca. A santidade do objecto ainda lhe confere algum valor espiritual. Mas logo que a mania do simbolismo se estende as coisas profanas ou materiais a sua decadência é manifesta 16 . Dessa forma, através das críticas formadas por Johan Huizinga sobre O Outono da Idade Média, podemos compreender que os fins desse período não foi tanto prefácio de uma nova cultura, mas sim uma sociedade saturada que estava em decadência, dominada por um amor cavalheiresco, pelo pessimismo, por um ideal de vida brilhante, pelo medo da morte, pelo dualismo, pelo imagético e o simbolismo. O nosso autor nos mostra que: Quando a maré da mortal decadência da vida se invertesse e um vento fresco e agradável começasse a soprar; quando a consciência alegre amadurecesse a idéia de que se pode recuperar toda aquela glória do mundo antigo, no qual o homem por tanto tempo se espalhou 17 . Logo, para Johan Huizinga, os fins da Idade Média caracterizavam-se como o Outono de uma cultura que estava em declínio, se findando, despedindo-se, da mesma forma que outra cultura estava chegando, uma cultura mais forte e simples, como relata Huizinga no final de seu livro: “Uma elevada e forte cultura decai, mas ao mesmo 14 Ibid., p. 117. 15 Ibid., p. 125. 16 Ibid., p. 155-156. 17 HUIZINGA, J. O outono da Idade Média, p. 566. tempo, e na mesma esfera, estão nascendo coisas novas. É uma viragem da maré, um ritmo de vida que vai mudar” 18. V SEUS CRÍTICOS Johan Huizinga foi bastante criticado por sua forma de fazer história cultural, pelo fato dele usar as fontes literárias e artísticas, este tipo de História Cultural, como conta Peter Burke (2005, p. 17): “foi descartada pelos seguidores de Leopold Von Ranke, considerada marginal ou amadorística, já que não era baseada em documentos oficiais dos arquivos e não ajudava na tarefa de construção do estado”, fato é que Huizinga foi bastante crítico dessa história dita positivista, da qual o historiador fotografa o passado tal como aconteceu. Porém as críticas não pararam por aí, Peter Burke (2005, p. 33) relata que Jacob Burckhardt 19 e Johan Huizinga, “foram muitas vezes criticados, chamados de impressionistas ou mesmo anedóticos”. Dessa forma, estes tipos de História Cultural baseadas nas fontes literárias e artísticas não foram bem aceito pelos historiadores que ainda seguiam um tipo de história positivista. Fato é que para Huizinga, o historiador cultural deveria dar sua forma, colocar suas inspirações e intuições na história proposta. Como nos mostra nosso autor: “A história da cultura é, em uma medida considerável, produto do livre espírito do investigador e do pesquisador” 20. VI CONCLUSÃO Portanto, podemos compreender, o quanto Johan Huizinga foi de extrema importância para a historiografia cultural. Ele observou através da estética, que os fins da Idade Média não foram tanto o anúncio do Renascimento, mas sim o outono de uma cultura que estava se despedindo. Para Huizinga, essa cultura estava saturada, repleta de contrastes, uma sociedade dualista, onde as pessoas estavam arraigadas ao pecado, mas ao mesmo tempo buscando está junto a Deus, um período profano, em que buscavam coisas novas, porém vivendo no passado, as pessoas viviam no mundo das ilusões, onde procuraram na estética uma forma de sobreviver, as coisas novas era embelezar as vidas, deixá-las mais bonitas e aprazíveis. Por isso para o nosso autor, a primavera só 18 HUIZINGA, J. O Declínio da Idade Média. Op.cit.p. 343. 19 Assim como Huizinga, Jacob Burckhardt foi um dos maiores historiadores no que se trata a História Cultural Clássica, seu livro de maior destaque foi “O Estado como Obra de Arte”, referente a política Italiana dos séculos XIV e XVI. 20 HUIZINGA, J. Problemas de historia de la cultura, p. 23. chegaria quando o teor da vida mudasse, era uma cultura entardecendo-se e uma nova surgindo. Apesar das críticas, Johan Huizinga, foi um dos maiores historiadores no que se refere à História cultural clássica. Ele nos proporcionou um novo jeito de se fazer História, através da estética, das fontes literárias e artísticas, o historiador passaria agora a estudar a cultura de uma sociedade como o todo, fugindo da linha de raciocínio dos positivistas, onde diziam que a verdadeira história era as dos grandes homens. Mesmo que Huizinga não tenha tido seu verdadeiro reconhecimento como historiador cultural, ele deixou o seu legado, que influenciou inclusive muitos historiadores culturais da Escola dos Annales, na França. VII REFERENCIAS ANTONIO, P. “Lembrar Huizinga”. Belo Horizonte: UFMG, 2005. BETIVOGLIO, J & ANTONIO, M. “A constituição da História como Ciência/ de Ranke a Braudel”. (organizadores). – Petrópoles, RJ: Vozes, 2013. BURKE, P. “O que é História Cultural?”. Tradução: Sérgio Goes de Paula. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2005. FALBEL, N. “O outono da Idade média”. São Paulo: Cosac Naify, 2010. HUIZINGA, J. “El elemento estético de las representaciones históricas”. Prismas- Revista de História intelectual, n. 9, 2005. HUIZINGA, J. “Historical Ideals of Life”. Men and Ideals: History, the Middle Ages, the Renaissance. Nova York: Meridian Books, 1959. HUIZINGA, J. “My path to history”. Dutch Civilization in the Seventeenth Century and Other Esssays, 1943. HUIZINGA, J. “O Declínio da Idade Média”. Lisboa: Ed. Ulisseia, 2ª ed. s/d. HUIZINGA, J. “O Outono da Idade Média”. São PAULO: Cosac & Naify, 2010. HUIZINGA, J. “Problemas de Historia de la Cultura”. In: El concepto de la historia y otros ensayos. México: Fondo de Cultura Económica, 1992. RIBEIRO, N. “A Europa em Jogo: as críticas de Johan Huizinga à cultura de seu tempo (1926-1945)”. Rio de Janeiro: UFRJ/IFCS, 2008.
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