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Modo de navegação social: a malandragem e o jeitinho

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O modo de navegação social: a malandragem e o “jeitinho
	O autor Roberto DaMatta, escreve no 7° capítulo de seu livro “O que faz do brasil, Brasil”, que para os brasileiros sempre existe uma maneira de satisfazer suas vontades e desejos, mesmo que isso se esbarre nas normas do bom senso e da coletividade em geral, Ou seja, mesmo que existam leis que limitem alguns atos dos brasileiros, sempre haverá algum modo de mediação que desmoralizará um pouco a norma, mas em seguida tudo se estabelece e fica numa boa.
	É comum acontecer com alguns brasileiros uma reação estranha após serem limitados a algo, como a proibição de fumar, de estacionar, de fazer barulho, de ingerir bebidas alcoólicas, enfim, Roberto DaMatta diz que quando um brasileiro presencia alguma dessas situações, é comum que se desenvolva uma indisciplina, um jeitinho de burlar, a famosa malandragem, para que de fato ele consiga satisfazer sua vontade. 
	O autor cita três países como bons exemplos em seu texto, os Estados Unidos, a França e a Inglaterra, onde as normas são seguidas, ou não existem. E a população brasileira, de um certo modo fica encantada com a disciplina existente nesses países, como se fosse algo de outro mundo, quando na verdade não nada além de uma adequação entre a prática social e o mundo constitucional e jurídico. Nessas sociedades existem além da disciplina, a transparência entre o público e privado, de modo que gere confiança das pessoas com seus governantes, fenômeno em que é uma carência no Brasil. O resultado dessa confiança, consequentemente provoca uma aplicação correta da lei, deixando de privilegiar pessoas distintas de acordo com sua influência ou poder aquisitivo, como acontece frequentemente no Brasil, onde a pessoa é julgada e condenada de acordo com sua posição social.
	O Brasil é um país que a lei é sinônimo de proibido, mas de uma maneira processual, formal. E essas leis são capazes de acabar com muitas coisas, desejos, projetos e até iniciativas. E foi devido à esse “não” que a legislação impõe sobre os indivíduos brasileiros, que se desenvolveu um jeito, um estilo de driblar essas barreiras, denominado de o famoso jeitinho brasileiro.
	O “jeitinho”, segundo Roberto DaMatta pode ser conceituado em “[...]Um modo simpático, desesperado ou humano de relacionar o impessoal com o pessoal, nos de permitir juntar um problema pessoal com um problema impessoal”. Mas de um modo geral, o “jeito” é um modo mais fácil de resolver as coisas burocráticas, um caminho mais pacifico do que o normal a ser seguido, o autor faz um divisão em 3 atos que todos conhecem: O 1° ato é quando um pessoa comum, que não exerce muita influência na sociedade chega à um local público, e será atendido por um servidor, que na hierarquização social, é superior a ele, enfim, esse cidadão chega ao local e é atendido perfeitamente. No 2° ato o servidor cria um impasse para realizar a solicitação do cidadão, criando burocracias e complicando o processo, e neste caso o solicitante também não é visto pela sociedade como alguém importante, que exerce influência, e seu problema será complicado de se resolver por se tratar de um caso mais específico. E por um o 3° ato, que acontece diante à complicação da solicitação, o impasse, quando o funcionário estabelece normas e regras a serem cumpridas antes da realização do pedido e o solicitante provoca um impasse do impasse, promovendo uma hierarquização entre o atendente e ele, ele sendo alguém de certa influência na sociedade, e o atendente apenas um servidor público, e agora, a complicação na realização do problema dependerá de quem o implicou.
	De modo geral, o autor diz que o “jeito” foi dado. Uma maneira de ligação entre a lei e o caso concreto, ficando positivo para ambas as partes. 
	A malandragem também é uma forma de navegação social brasileira, o profissional do “jeitinho” seria o malando. Segundo DaMatta um forte exemplo de um bom malandro seria o despachante, 
O despachante, esse especialista em entrar em contato com as repartições oficiais para a obtenção de documentos que normalmente implicam as confusões que mencionei linhas antes, ao descrever detalhadamente o “jeitinho”. O despachante, como figura sociológica, só pode ser visto em sua enorme importância quando novamente nos damos conta dessa enorme dificuldade brasileira de juntar a lei com a realidade social diária. (DAMATTA, 1984).
	Devido a essas circunstâncias, não existe no território brasileiro quem não conheça a malandragem ou o jeitinho, é um modo de proceder perante à sociedade, de resolver coisas burocráticas, conciliar ações impossíveis, e também um modo de driblar a legislação. O malandro é um personagem nacional, típico brasileiro, que pode exercer sua função em qualquer lugar, mais privilegiadamente à região do prazer e da sensualidade, segundo DaMatta. 
	A malandragem não é apenas uma característica única brasileira, nem o afeto pelo que é desonesto, é mais complexo do que isso, realmente é um modo, um estilo, que são originais do Brasil, onde esse estilo pode ser a maneira de sobrevivência da pessoa, num país onde as leis não tem coerência com as boas regras de moralidade. Em um sistema completamente divido, a malandragem e o jeitinho proporcionam a esperança de tudo se harmonizar.

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