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PLANTAS TÓXICAS AULA 1 - PARTE GERAL PLANTA TÓXICA DE INTERESSE PECUÁRIO: Aquela que, quando ingerida em condições naturais pelos animais domésticos de fazenda, e que, causam danos a saúde ou mesmo a morte. - Para se comprovar a toxicidade, é necessário fazer estudos com a espécie em questão, visto que há diferença na susceptibilidade das diversas espécies animais aos efeitos. Ou seja, o que é tóxico pra um, não necessariamente é tóxico pra outro. CRENDICES: - As plantas tóxicas seriam lactescentes ou a lactescência seria uma característica que indica toxidez (a toxicidade nada tem a ver com a lactescência, a planta mais acusada é a Oxypetalum banksii, conhecida como ‘cipó-de-leite’ e ‘timbó’. - Ainda outros aspectos morfológicos caracterizariam as plantas tóxicas (variam de região para região, por ex: no RJ acredita-se que todas as leguminosas trifloriares sejam toxicas. Resumindo, não há característica morfológica comum que permita reconhecer as plantas tóxicas, elas pertencem a diversas familias, diversos formatos). - Quantidades ínfimas da planta tóxica seriam suficientes para causar a morte do animal (mesmo as plantas mais tóxicas tem que ser ingeridas em quantidades bem maiores para causar a morte ou sintomas de intoxicação. Por exemplo, Baccharis coridifolia ‘mio-mio’, que é a planta mais tóxica do Brasil em fase de floração e frutificação, para ser letal, tem que ser ingerida em doses de 0,25 a 0,5g/kg, isto é, um bovino de 300kg tem que comer 75g da planta para intoxicar-se. Já a Palicourea marcgravii, que é a mais tóxica do Brasil, o bovino teria que comer 180 folhas para se intoxicar. A maioria das plantas tóxicas tem que ser ingeridas em grandes quantidades para causar efeitos tóxicos. Ha ainda plantas que devem ser ingeridas em períodos prolongados para causar efeitos nocivos, como a samambaia). - Os efeitos das plantas tóxicas se fariam sentir imediatamente após a sua ingestão (Em geral, com excessão das plantas cianogênicas, os animais só apresentam os primeiros sintomas da intoxicação horas após a ingestão da planta, pois a absorção dos princípios tóxicos se faz nesse tempo. É necessário procurar pela planta onde o animal esteve nos últimos dois dias +-). - As plantas tóxicas sempre causariam perturbações digestivas, principalmente sob forma de timpanismo e diarréia (poucas são as plantas que causam perturbações digestivas. A maioria tem ação remota, a absorção dos princípios ocorre pela mucosa do tubo digestivo, alterações em outros órgãos e tecidos). - O instinto seria capaz de proteger os animais, isto é, faria com que eles não ingerissem plantas tóxicas (Apenas uma planta, que existe onde esses animais nasçam, não comem. Porém, caso entre animais novos, os mesmos a ingerem e morrem (Baccharis coridifolia) e mesmo nesse caso, não é instinto, os animais passam por um aprendizado, devido ao efeito caustico da planta, o instinto não protege os animais). AÇÃO DAS PLANTAS TÓXICAS: Para causarem efeitos nocivos, elas tem que ser ingeridas em certas quantidades, relacionadas com o peso do animal. Pode se ter infecção aguda (superaguda, aguda e srubaguda) e crônica. As plantas podem ser dividas em plantas com ação direta (tem ação sobre o tubo digestivo e são minorias) e ação remota (grande maioria, o principio tóxico é absorvido e através da circulação porta é levado ao figado). A microflora ruminal pode alterar a toxicidade. O fígado também pode alterar a toxicidade. Após a absorção, o organismo tenta eliminar (através da bile, mucosa intestinal, urina, suor, leite) e algumas plantas tem princípios que são eliminados rapidamente, nestes casos, para ocorrer a morte do animal a dose letal tem que ser ingerida em curto prazo. Quando o principio tem eliminação lenta, as mesmas tem que ser ingeridas em subdoses repetidas, e assim o principio vai ficando retido no organismo até alcançar um nível tóxico. FATORES QUE INFLUENCIAM A TOXICIDEZ DA PLANTA (PLANTA OU ANIMAL): - Fatores ligados a planta: I. FASE DE CRESCIMENTO: Há uma serie de plantas que são mais tóxicas quando em brotação, outras quando maduras. II. PARTES TÓXICAS: A maioria das plantas as partes tóxicas são as folhas, porém pode ser os frutos, ou ambas as partes causando o mesmo efeito. Ou, cada parte tendo um efeito diferente. III. ESTADO E ARMAZENAMENTO: Algumas plantas perdem a toxicidez com a dessecagem, outras já mantém o principio tóxico por anos, porém a maneira que é guardada também influencia, por exemplo, uma guardada no saco de pano perde aos poucos a toxicidez, já em vidros fechados não. IV. SOLO E PROCEDÊNCIA: Pouquíssimas plantas podem ser influenciadas por esse fator. - Fatores ligados ao animal: 1. Espécie animal: É o mais importante. As diversas espécies animais não tem a mesma sensibilidade á ação tóxica de muitas plantas. Pode se ter também reação diferentes, em um pode causar ação radiomimética e em outra especaie deficiência de vitamina B. 2. Idade: pouca importancia. 3. Pigmentação: Animais despigmentados são mais sensíveis a plantas fotossensibilizantes. 4. Exercício: importante em plantas que interferem no funcionamento do coração ou SNC, especialmente plantas que causam morte subita. CONDIÇÕES EM QUE OCORRE A INTOXICAÇÃO POR PLANTAS • FOME: + frequente, principalmente em epoca de estiagem e seca, os animais tendem a ingerir plantas que normalmente não comem. Surtos podem ocorrer quando colocam animais em pastos queimados a pouco, inicio da estação da chuva, animais recém- introduzidos nas pastagens e as que possuem boa palatabilidade, existindo na fazenda, eles irão comer • VICIO • ESTREITA ASSOCIAÇÃO: Estão próximas de plantas com boa palatabilidade. • FENAÇÃO: Plantas ingeridas junto com o feno, devido a seu feitio conter tal planta. • TRANSFERENCIA DE ANIMAIS. O diagnóstico de intoxicação pode ser feito através de um conjunto de dados, como os aspectos epidemiológicos (histórico), como idade, época do ano, classe, espécies acometidas, achados clínicos-patológicos, e através da inspeção de pastos, e por fim, exames laboratoriais (histopatologia, que vai confirmar, analises e testes químicos e diagnostico diferencial). O tratamento muitas vezes é a retirada do animal do pasto, tratamento sintomático e dificultar a absorção dos princípios tóxicos. A profilaxia na maioria das vezes é a eliminação das plantas do pasto, cercar áreas, impedir acesso em determinadas épocas do ano, criação de diferentes espécies no mesmo pasto e cuidado com transferencias de pasto. A intoxicação pode causar mortalidade, perda/redução no ganho de peso, alt. reprodutivas e medidas terapêuticas e profiláticas. Pode ocorrer intoxicação indireta carne, leite e mel. AULA 2 - PLANTAS CARDIOTÓXICAS PLANTAS QUE CAUSAM MORTE SÚBITA PALICOUREA MARCGRAVII: Causa morte subita, tem como nome popular cafézinho, erva de rato. Ela se encontra na beira de matas (1/2 de sombra), capoeiras, pastos recém-formados (até 2-3 anos). Ela se encontra em todo Brasil (EXCETO região sul e MS). As espécies sensíveis são bovinos, bubalinos e caprinos. A intoxicação ocorre pois a planta tem boa palatabilidade e também quando o animal tem acesso a orla desmatada ou pastos recém formados. Onde há a planta há mortalidade de bovinos. HISTÓRIA: Foi a primeira planta estudada no Brasil, e é a numero do Brasil devido sua acentuada toxidez, ampla distribuição, efeito acumulativo e boa palatabilidade. O inicio dos sintomas dependem da dose, e a evolução muitas vezes é a morte-súbita (minutos). Os sintomas súbitos vão ter: tremores musculares e queda ao solo, movimentos de pedalagem e morte entre 1 e 10 minutos. Pode acontecer jugulares ingurgitadas, pulso positivo, e relutância em caminhar. Na necropsianão tem alterações significativas. HISTOPATOLOGIA: Degeneração hidropico-vacuolar das células epiteliais. DIAGNÓSTICO: Histórico de morte súbita, sobretudo á movimentação e lesão do rim em 2/3 dos casos. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Carbunculo hematico, picada de cobra, outras plantas que causam morte subita, plantas cianogenicas. Não existe tratamento. Profilaxia: evitar a entrada dos animais nas matas, cercandooas, cuidar da movimentação e fazer a erradicação (inspeção enxada, herbicida granulado). PSEUDOCALYMMA ELEGANS: ‘A ERVA’. Só é encontrada no RJ e na encosta de morros. Acomete bovinos. A intoxicação ocorre na maioria das vezes quando há escassez de pastos e queimadas. Profilaxia: Cercar encostas. PLANTAS QUE CAUSAM INTOXICAÇÃO SUBAGUDA A CRÔNICA Tetrapterys spp: Tem como nome popular cipó ruão. Podem ser encontradas no ES, MG, RJ, SP, MS. Tem grande importância na região sudeste. É encontrada nas encostas. As intoxicações ocorrem principalmente na época da seca (agosto a outubro) e na fase de brotação. A evolução do quadro vai de 6 a 28 dias e é proporcional as doses. SINTOMAS: Causa edema de barbela, veia jugular ingurgitada e pulsando, arritmia cardiaca, lerdeza, dificuldade de locomoção, anorexia, tremores musculares e leve dispneia. Pode causar abortos, natimortos e bezerros fracos. NECROPSIA: Áreas esbranquiçadas, nítidas no miocárdio, ás vezes mais firmes, hipertrofia concêntrica, edema e derrames cavitários, fígado com labutação nítida até com aspecto de noz-moscada. HISTOPATOLOGIA: Fibrose intersticial ou localmente extensiva, alterações regressivas e (necrose e degeneração), status esponjoso na substancia branca. DIAGNÓSTICO: Características são as alterações macro e microscópicas do coração associados á epidemiologia. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Ateleia glazioviana, plantas que causam morte súbita (rara), leucose, endocardite valvular, pericardite traumatica, deficiencia de selênio e intoxicação por antibióticos ionóforos. AULA 3 - PLANTAS RADIOMIMÉTICAS Essas plantas causam prejuízos econômicos e são suspeitas de ser cancerigena para o homem. Acomete principalmente os bovinos. No Brasil estão presentes no RS a BA, AC, AM, PE, MT. Pteridium aquilinum: conhecida pelos nomes populares como samambaia. Ela exerce seu efeito através de dois princípios tóxicos: um principio radiomimético, responsável por quadros clinico patológicos e tiaminase, responsável por quadros em monogastricos. A intoxicação ocorre principalmente pela fome e vício, atém da carência de material fibroso e rizomas. As partes ingeridas é a brotação. QUADRO CLÍNICO-PATOLÓGICO: Ele varia com a quantidade ingerida e o tempo de ingestão. Apresenta diátese hemorrágica, hematúria enzoótica e carcinoma de vias digestivas superiores. Para ocorrer a diátese hemorrágica, a dose ingerida tem que ser maior que 10g/kg do animal durante varias semanas. A evolução pode ser aguda e o animal pode manifestar febre, hemorragia generalizada. O exame de sangue pode ver o aumento do tempo de coagulação e anemia. NECROPSIA: Hemorragia generalizada HISTOPATOLOGIA: Rarefação do tecido hematopoiético. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Intoxicação por varfarina, pasteurelose septicêmica e acidente botrópico. TRATAMENTO: Transfusão de sangue e sulfato de protamina 1%. Hematúria Enzoótica a dose ingerida tem que ser menor que 10g/kg durante vários meses e tem evolução crônica. Irá manifestar urina com sangue, emagrecimento, anemia. NECROPSIA: Neoplasias na bexiga. HISTOPATOLOGIA: Vários tumores DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Pielonefrite e Cálculo uretral Não existe tratamento. Carcinoma de vias digestivas superiores, a dose ingerida tem que ser bem menos que 10g/kg durante alguns anos. Tem evolução crônica e as manifestações clínicas variam conforme a localização dos tumores. De forma geral, caracteriza-se por disfagia e emagrecimento progressivo. NECROPSIA: Tumores no TDS HISTOPATOLOGIA: carcinomas epidermóides DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Actinobacilose, doenças caquetizantes e tuberculose. Não existe tratamento. PROFILAXIA: Erradicar a planta através de aragem e calagem do solo, dificil em áreas ed morro. AULA 4 - PLANTAS HEPATOTÓXICAS Podem causar intoxicação aguda (necrose coagulava) e intoxicação crônica (cirrose hepática). A insuficiência hepática é apenas parte dos sintomas que ocorre em cada animal ou surto (casos de livros: raros) e alguns sintomas são indicativos de doença aguda ou de doença crônica. Alguns sintomas podem se manifestar em outros sistemas. PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES DE INSUFICIENCIA HEPÁTICA: Alterações no tubo digestivo (constipação, diarréia, parada ruminal, anorexia e vômito em pequenos animais), alterações no SNC (hiperexcitabilidade, agressividade, tremores e fraqueza muscular, sonolência, apatia, indiferença ao meio, andar compulsivo, convulsões e coma), fotossensibilização, dor abdominal (resistencia ao movimento, dorso arqueado, gemidos na palpação), diátese hemorrágica (quedas dos níveis de protrombina, fibrinogênio e tromboplastina), edema (baixo anabolismo de AA e proteinas, quedas das proteínas plasmáticas e aumento da pressão portal), icterícia. PLANTAS QUE CAUSAM INTOXICAÇÃO AGUDA: CESTRUM LAEVIGATUM: Presente na região sudeste, conhecida como coerana. Ela se encontra nas partes mais baixas, não alagadas dos pastos. E as espécies mais sensíveis são os bovinos, búfalos e cabras. A intoxicação geralmente ocorre devido a fome (geral) seca, entre agosto e setembro e na fase que a mesma está em brotação. Os sintomas vão ter inicio após 15 a 24h e a evolução clínica entre 6 a 48h, geralmente 24h. Levando a um quadro de letalidade alta. SINTOMAS: Anorexia, parada ruminal, constipação, hiperexcitabilidade, agressividade ou apatia, tremores musculares, andar cambaleante, sialorréia. ACHADOS DE NECROPSIA: Figado em noz-moscada, ressecamento do conteúdo do omisso e intestino grosso e hemorragias. HISTOPATOLOGIA: Necrose coagulava nas zonas central intermediárias e degeneração gordurosa na região portal. DIAGNÓSTICO: Figado de noz-moscada em bovinos que morreram de forma aguda na época da seca, nas áreas onde a planta existe, sinais de comprometimento do SNC. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Plantas hepatotóxicas, aflatoxicose aguda, fígado cardiaco, raiva, e outras doenças do SNC. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE CESTRUM E RAIVA: A cestrum mata na seca, a raiva o ano todo. A cestrum acomete bovinos, a raiva bovinos, equinos, etc. A destruem tem evolução entre 6 e 48h, a raiva acima de 48h. Na necropsia se acha ficado em noz moscada na intoxicação por cestrum, na raiva não tem achados. Na histopatologia se acha necrose centro-lobular na destruem, na raiva encefalite não purulenta e corpúsculo de negri. TRATAMENTO: Glicose EV e purgantes oleosos, protetores hepáticos e erradicação. SESSEA BRASILIENSIS: Conhecida como peroba-d’agua e se localiza em pastos mais altos, afastados da margem do rio paraiba. Acomete bovinos. A intoxicação ocorre principalmente devida a fome (na época de estiagem) e quando há brotação de troncos cortados ou raízes gemiferas. Ela também tem efeito acumulado e pode causar cirrose. Ela é menos tóxica na época da chuva. Os sintomas tem inicio após 12h da ingestao, e evoluem entre 12h e 36h. Possui diagnostico parecido com a Cestrum laevigatum, porem se considera a área de distribuição. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Parecido com a cestrum, porem onde há Sessea brasilienses (parte mais alta do vale do rio paraíba do sul, não há coreana, pois coreana está na parte mais baixa. TRATAMENTO igual cestrum. PROFILAXIA: Tratar troncos com herbicidas ou arrancá-los, impedir acesso a árvores derrubadas. PLANTAS CRÔNICAS SENECIO SPP: Causa cirrose hepática, também é conhecida como maria-mole, flor das almas. As encontramem campos (capoeiras). São encontradas no sul e em alguns lugares do RJ e MG. PRINCIPIO TÓXICO: Alcaloides (em variáveis e diferentes proporções). Pode causar megalocitose. A intoxicação ocorre devido a palatabilidade (bovino e ovino) e fome (mais brotação e diminuição de forragem, planta adulta, feno e silagem ou estreia associação). A evolução vai de 1 a 10 dias. Quadro clinico pode se observar apatia, anorexia, emagrecimento progressivo, prolapso retal, icterícia, fotossensibilização, edemas e alt. nervosas. NECROPSIA: Cirrose hepática, edemas, ictericia e fotossensibilização. Crônica: cirrose hepática, edema de mesentério, dobras do abomasos, ascite, edema subcutâneo. HISTOPATOLOGIA: Cirrose hepática. DIAGNÓSTICO: Necropsia + histopatologia + epidemiologia e casos podem passar despercebidos (a morte ocorrer meses após a ingestão), presença de ovinos, fome, evolução, sintomas. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Aflatoxina, fasciolose, etc. Raiva, outras doenças do SNC. PROFILAXIA: Ovinos, feno, silagem, estreita associação. AULA 5 - PLANTAS CIANOGÊNICAS São consideradas plantas cianogênios aquelas que contem glicosideos cianogenicos. O acido cianídrico é uma das substancias mais tóxicas que se conhecem, não se encontra nas plantas em estado livre, mas quase sempre combinado com um aldeído ou uma cetona e um ou mais açúcares. Estes apresentam-se como substancias incolores, cristalizadas, estáveis, inócuas que só se tornam perigosas ao sofrerem hidrólise na presença de certas enzimas. Geralmente, as plantas desse grupo possuem ao mesmo tempo os citados glicosídeos e as enzimas que os desdobram. Enquanto a planta está intacta, as enzimas não exercem sua função, pois encontram-se em células diferentes dos glicosideos. Quando o material é esmagado ou dilacerado, mediante a mastigação, a enzima e o glicosideo entram em contato, ocorrendo o desdobramento desse ultimo. No rumen não é necessário a presença da enzima vegetal, visto que as bactérias ruminais podem hidrolisar os glicosideos com rapidez. A toxicidade das plantas desse grupo está em função direta do seu conteúdo de glicosídeos cianogênio, mas também depende da velocidade da liberação do HCN. Quando ingere uma planta desse grupo, o HCN é rapidamente absorvido no tubo digestivo (rúmen) e dai passa para a circulação. Intoxicação so ocorre quando doses tóxicas são ingeridas em período curto. Causa anoxia dos tecidos (pois bloqueia a cadeia respiratória). Como tem absorção rapida, os sintomas aparecem durante a ingestão ou logo após. Doses altas podem provocar a morte em segundos. Doses menores causam respiração acelerada, taquicardia, mucosas de cor vermelho-viva, depois cianóticas, sialorréia, tremores musculares, andar cambaleante, dispneia cada vez mais grave, coma. A morte é causada pela parada respiratória. NECROPSIA: Sem achados significantes. HISTOPATOLOGIA: Sem achados significantes. DIAGNÓSTICO: Histórico, evolução e planta no rúmen (bem visível). E teste do papel picro-sódico. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: C. hemático, plantas tóxicas que causam morte súbita e intoxicação por uréia. TRATAMENTO: Tiossulfato de sódio ou nitrito de sósio + tiossulfato de sósio + agua destilada. TOXICOLOGIA RODENTICIDAS Esses produtos foram fabricados para o controle de roedores, porém o ser humano não utiliza somente com este intuito, muitas vezes acabam usando de forma criminosa, como por exemplo: envenenam os animais. O grande problema desses produtos é que, em qualquer lugar acha-se para comprar. É uma "arma" sendo vendida de forma indiscriminada. São substâncias extremamente tóxicas, utilizadas principalmente como controle de roedores, tanto nas áreas urbanas quanto nas áreas rurais. São tóxicos para a maioria dos mamíferos, e são bastante comuns intoxicações em cães, e bem raro em gatos e animais pecuários. Eles possuem uma margem bem estreia entre a dose letal e a dose tóxica (É uma margem muito pequena, e o grande problema dessas iscas atrativas é que quanto mais o animal come, mais ele quer comer.). São comercializados em diversas formas, como blocos parafinados, granulados, pó de arrasto, e são atrativas e palataveis. ANTICOAGULANTES: Esses produtos provocam hemorragia no paciente. Estes interferem na cascata de coagulação, atrapalhando a biotransformação da vitamina K, essa vitamina é encontrada nos alimentos de maneira geral, e ela no organismo tem ação coagulante, só que a vitamina K ingerida através da alimentação, é um tipo de vitamina K inativa, então ela quando ingerida não funciona, só que existe uma enzima no organismo chamado K2 epóxido redutase, essa enzima transforma a vitamina K inativa em ativa, e essa vitamina é importantíssima para alguns fatores de coagulação funcionar. Só que esse tipo de produto inibe a enzima de exercer a sua função, com isso não terá a vitamina K ativa e os fatores de coagulação serão incompletos. Ex: varfarina, brodifacoum, difenacoum, pindona, difacinona). Dentro do grupo de anticoagulantes, existem 2 grupos, um mais antigo e outro mais moderno. o de 1 geração e 2 geração. A forma de intoxicação é a visita aos locais onde as iscas estão (ingestão, lambedura das patas - caso de gatos e ingestão de roedores. Eles tem absorção alta e distribuição prolongada. SINTOMAS/NECROPSIA: Depressão, anorexia, hemorragia generalizada em vários tecidos (pele, mucosas, articulação, SNC, trato digestivo e urinário). Pode se fazer exames laboratoriais e toxicológicas (figado) Como diagnostico diferencial tem a aflatoxicose e intoxicação por samambaia. TRATAMENTO: Antidoto Vit. K e transfusão sanguinea (tratamento de suporte), eméticos, lavagem gástrica com carvão aditivado. CARBAMATOS É para uso exclusivo agrícola, é desviado ilegalmente para uso como raticidas e no exterminio de animais de companhia. Famoso chumbinho. Possui alta toxicidade e é fácil de adquirir os produtos. Por via oral é rapidamente absorvida no estômago – efeito em 5 minutos após a ingestão; também é altamente lipofílico e absorvido efetivamente pela derme qdo na forma líquida. Em roedores, mostrou-se tóxico 5 minutos após alta toxicidade. Ele inativa temporariamente a acetilcolinesterase permitindo a acumulação transitória do neurotransmissor acetilcolina nas terminações nervosas. EXPOSIÇÃO: Os grânulos são usados como raticidas ou misturados alimentos, bebidas. SINTOMAS: Início rapido com quadro de agitação, evoluindo para hipoexcitabilidade. Sialorréia, tremores musculares, miose, micção frequente, diarreia, emese, bradicardia, dor abdominal, cianose e dispneia. O principal achado de necropsia são grânulos enegrecidos no conteúdo estomacal. Tem poucas evidencias macro e micro, e quando presentes inespecificas como hemorragia, edema, congestão pullmonar, hepática e renal. O diagnostico é feito através de sangue heparinizado, e cérebro congelado. Contendo estomacal e alimentos suspeitos. TRATAMENTO: fazer a interrupção da absorção do agente tóxico: Êmese, lavagem gástrica, adsorvete (carvão aditivado), fazer o controle dos sinais com atropina, e pode se usar fluidoterapia, bicarbonato de sodio, oxigenoterapia e anti-convusionantes. INTOXICAÇÃO POR AMITRAZ É um acaricida, usado no exterminio de ácaros e carrapatos. Pode ser usado na forma de coleira, aspersão ou banho. Tem como nome comercial Triatox e é indicado para cães, bovinos, suinos, ovinos e cães. Não é recomendado para equinos e felinos. Sua exposição ocorre no descuido da aplicação, no uso de espécies não recomendadas e na ingestão de coleiras anti-pulgas. INTOXICAÇÃO EM EQUINOS: Sua epidemiologia tá relacionada aos banhos, e muitas pessoas usam a dose recomendada para bovinos (0,025) em equinos, causando a intoxicação. Sua patogenia consistente na ação agonista alfa2 adrenérgico-decréscimo da atividadee simpática periférica e quadro de sedação, hipotensão e alteração do peristaltismo, causando lesão no tronco encefálico. Sintomas: diminuição do peristaltismo, cólica, sonolência, incoordenação, alterações proprioceptivas. DIAGNÓSTICO: Sinais clínicos + histórico DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Para os quadros digestivos: outras causas de impactação. Para quadro neurológico: raiva, herpesvírus 1, leucoencefa-lomacia, mieloencefalite por protozoario. TRATAMENTO: Cólica (analgesicos, fluido, enemas, laxantes, estimulantes de motilidade intestinal). INTOXICAÇÕES EM CÃES Apresentam sonolência, ataxia, vômito e diarréia. Tratamento: banho, emético (pra provocar o vomito), carvão ativado, diazepan e atropina. INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS E CARBAMATOS É um grupo de inseticidas numeroso e importante, existem inseticidas de contato, sistêmico na proteção de plantas, sistêmicos menos tóxicos, entre outros. São muito usados em frutas, grãos armazenados, solo e animais para tratar ou prevenir infestações por insetos ou nematóides. Usam no controle de moscas, formigas e baratas. A contaminação dos alimentos por inseticidas pode sem acidentais ou criminosas, ou doses excessivas ou uso indevido como exemplo: rodenticidas ou em espécies animais não recomendadas. Ele pode ser exposto via oral, dérmica ou inalado. Ele inibe a AchE. Tem como sinais clínicos os sinais muscarinicos, nicotinicos. DIAGNÓSTICO: Avaliação da atividade colinesterase, observar residuos no pelo, conteudo gástrico e urina. TRATAMENTO: Desintoxicação dérmica, atropina e pralidoxina. INTOXICAÇÃO POR CHUMBO EPIDEMIOLOGIA: Pintura da instalações, baterias jogadas nas pastagens, fábricas que jogam dejetos em córregos ou pastos e jornais em camas de filhotes. MACROSCOPICAMENTE: Você pode não achar nada ou achar tumefação cerebral, achatamento dos giros, congestão meningeana e hemorragias ocasionais. MICROSCOPICAMENTE: Degeneração neuronal cortical laminar, macrófagos e necrose de liquefação, inclusões granulares. INTOXICAÇÃO POR SAL/SÍNDROME DA PRIVAÇÃO HÍDRICA ``INTOXICAÇÃO POR ÁGUA`` EPIDEMIOLOGIA: Fonte de água salobra, alimentos salgados, privação de sal em ruminantes. Ocorre mesmo com níveis normais de sal se houver restrição hídrica. Caso os animais tenham acesso livre a água, os mesmos toleram bem o sal. Na intoxicação crônica se encontra sinais neurológicos, já na aguda gastroenterite e sinais neurológicos. MACROSCOPIA: Ausentes ou edema cerebral, edema das leptomeninges, zona de necrose cerebrocortical, gastroenterite, ulcera gástrica, dilatação cardiaca, desidratação, cianose da pele, degeneração de músculos e hidropericárdio. MICROSCOPIA: Perivasculite eosinofílica, necrose isquêmica cortical laminar, cistite e gastroenterite. COLETAR: Analise química (SNC, FÍGADO E MÚSCULO) Histopatologia: SNC, estômago/intestino. TRATAMENTO: Êmese, acesso limitado e controlado a água, sedativos, diuréticos e corticóides. INTOXICAÇÃO POR ANTIBIOTICOS IONÓFOROS São produtos metabólicos de Streptomyces spp. Seu uso é indicado para cocoidiostáticos, aditivo alimentar para ganho de peso e crescimento e no controle de timpanismo. São seguros para uso desde que que respeitada sua dose e a espécie animal destinada. As principais espécies acometidas são coelhos, equinos, ovinos e bovinos no Brasil; aves e cães também. As doses tóxicas variam com o tipo do AI e a espécie e o uso para equino não é recomendada. CONDIÇÕES EM QUE OCORRE A INTOXICAÇÃO: Erro durante a mistura do premiê ou mistura não homogênea, administração para espécies não-alvo, cama de frango para bovinos, uso com medicamentos potencializadores e ingestão por animais dominantes. AIs usados no BRASIL: narasina, monensina. MODO DE AÇÃO: O AI favorece o transporte de cátions através de membranas celulares, causando alteração na homeostase celular. Alterações bioquímicas incluem alteração do pH intracelular, sobrecarga de cálcio, liberação de catecolaminas e peroxidação lipídica. Resultando assim em um influxo de Ca intracelular - necrose e degeneração muscular. SINTOMATOLOGIA: Em bovinos vai ter inicio de 18h a 4 dias, causando anorexia, diarréia, parada ruminal, fraqueza muscular, ataxia, andar incoordenado, arrastar de pinças, mioglobinúria, a morte pode vir semanas de ingestão, geralmente associadas a exercicios. Já em equinos, tem inicio entre 2-5 dias após o consumo. Ocorre cardiomipatia e envolvimento de músculos esqueléticos. Em casos superagudos o animal é encontrado morto, em casos agudos tem se inquietude, sudorese, dispnéia, taquicardia, congestão de mucosas, diarréia, as vezes mioglobinúria, e os sobreviventes podem desenvolver forma crônica com ICC e mau desempenho. ACHADOS DE NECROPSIA: Focos ou estrias brancas ou branca amarelada na musculatura esqueletoica e cardiaca. BOVINOS/EQUINOS lestes principalmente na musculatura cardiaca. HISTOPATOLOGIA: lesões degenerativas e necróticas na musculatura cardíaca e esquelética. Em casos muito agudos, achados podem ser rescassos. Em casos prolongados pode acompanhar lesões regenerativas e fibrose. O diagnóstico pode ser fechado com o quadro clínico-patológico e analise do alimento consumido. DIAGNÓSTISCO DIFERENCIAL: Bovinos (intoxicação por Tetrapterys, porém não causam lesão na musculatura esquelética, intoxicação por Cassia occidentalis - causa lesão mínima ou inexistente. EQUINOS: Azoturia e cólica. TRATAMENTO: Especifico não há. Suspender a alimentação suspeita e animais com ICC morrem por complicações cardiacas. ACIDENTE OFÍDICO As serpentes peçonhentas vivem a maioria em campos ou áreas cultivadas. Em geral, as serpentes peçonhentas preferem o solo, já as Bothrops sp. eventualmente as árvores. As crotalus preferem locais secos e pedregosos, já as Bothrops locais únicos como lagos e beira de rios. Os animais herbívoros são mais sensíveis á ação do veneno, sendo que equinos e bovinos são os mais sensíveis á ação do veneno. BOTRHOPS SP. : o veneno tem ação proteolítica e necrosante, causando efeito citotóxico. Causa alterações no local da picada (rubor, edema, vesículas e necrose) e a ação vasculotóxica e coagulante contribui para essa lesão), ação vasculho-tóxica (causa lesão endotelial, hemorroida e edema, efeito local e sistêmico. Pode causar hemorragia e isquemia renal. Sinais clínicos: graves alterações no local da picada, hemorragia em diferentes locais, pode causar vesículas, necrose e perda de tecido. EXAMES LABORATORIAIS: Aumento do tempo de coagulação, trombocitopenia, anemia normocítica normocrômica e leucocitose. NECROPSIA: Lesões no local da picada, hemorragia generalizada, efeito local e sistemico. DIAGNÓSTICO: Quadro clínico-patológico e resposta ao tratamento. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Doenças hemorrágicas como intoxicação por samambaia, carbúnculo hemático e sintomático e traumas. CROTALUS (Cascavel) O veneno tem ação neurotóxica, atuando no SNCentral e periférico, causa paralisia motora e respiratória: inibe ação da Ach na placa motora. Ação miotóxica: rabdomiolise sistêmica. Ação coagulante: hemorragias são discretas, consumo do fator de coagulação (incoagulabilidade sanguínea) e por fim, ação nefrotóxica, causando lesão tubular direita e secundária a mioglobinúria. O quadro clínico varia com a espécie e sensibilidade (individuo, peso, idade) e também com a quantidade de veneno inoculada e o tempo até o tratamento. SINAIS: Alterações neurológicas (incoordenação, mioclonia, dificuldade de locomoção, redução do tonus muscular, reflexos superficiais a dor profunda), oftalmoplegia, midríase, disfagia, decúbito, timpanismo, sialorréia, dispnéia, hemoglobinaria, ausência de sinais no local da picada e morte em48h. ACHADOS LABORATORIAIS: Leucositose neutrofilica e linfocitose e elevação de CK. NECROPSIA: Sem alterações (exceto equino) e hemorragia discreta em alguns órgãos. HISTOPATOLOGIA: Necrose coagulativa de fibras musculares esqueléticas. DIAGNÓSTICO: Quadro clinico patologico e resposta ao tratamento. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Botulismo, def. de selenio e intox. ionóforos e plantas que causam morte súbita. TRATAMENTO: Soro antiofídico realizado o mais rápido possível, via endovenosa. SORO ANTICROTÁLICO: Quantidade suficiente para neutralizar no mínimo 50 mg do veneno. SORO ANTIBOTRÓPICO: Varia conforme o quadro e não há dose máxima. Pode se usar também soro polivalente, fluido, predsin, antibioticoterapia, e diuretico.
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