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Caderno de Resumos "III Simpósio de Tecnologia e Engenharia Eletrônica - III SIMTEEL". Campo Mourão - PR, Novembro de 2016. 1 Desenvolvimento de um Conversor CC-CC Buck de 20W em Malha Fechada Fabio Henrique Fudoli Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Departamento Acadêmico de Eletrônica - DAELN Via Rosalina Maria dos Santos, 1233 – Campo Mourão/PR e-mail: fabiofudoli@alunos.utfpr.edu.br Resumo – O presente artigo apresenta de forma sucinta e objetiva o desenvolvimento prático de um conversor CC-CC abaixador de tensão operando e macha fechada. O conversor Buck possui uma entrada de 25V e saída fixa em 15V com potência de 20W. A etapa de comando e controle foi desenvolvida a partir do circuito integrado SG3524. Foi produzido um protótipo em placa de circuito impresso e os resultados obtidos são apresentados através de figuras. Palavras-Chave – Conversores estáticos; Buck; eletrônica de potência. Development of a 20W CC-CC Buck Converter in a closed loop operation – This paper presents the practical development of a CC-CC converter in a closed loop operation. The Buck converter will operate with 25V in and a fixed out of 15V providing 20W. The control stage was built using the IC SG3524. A printed circuit board was made and all the results will be provided by figures. 1 Keywords – Static converters; Buck; Power electronic. I. INTRODUÇÃO Conversores CC-CC são sistemas formados por semicondutores de potência operando como chave juntamente com elementos passivos como por exemplo, indutores e capacitores. O chamado conversor Buck é um conversor de corrente contínua para corrente contínua (CC-CC) com característica de abaixador de tensão. Esse conversor possui característica de fonte de tensão na entrada e uma fonte de corrente na saída. Estes conversores chaveados são utilizados em alta potência e utilizam componentes semicondutores que operam em dois estados, ligado e desligado. Estes estados definidos proporcionam baixas perdas e a operação em altas frequências permite o projeto de filtros menores, ou seja, os indutores e capacitores utilizados serão fisicamente menores [1-2]. O conversor Buck é geralmente constituído por uma fonte de entrada, uma chave controlada, um diodo, indutor, capacitor de filtro e uma carga resistiva. O estado de trabalho deste conversor onde a corrente no indutor nunca é zero, é chamado de modo de condução contínua (MCC) [1]. Existe uma dificuldade de implementação da etapa de comando pois este conversor não compartilha a mesma Artigo aprovado pelo Conselho Editorial. ISSN 2318-5864. referência (GND) entre a fonte de entrada, a carga e o interruptor [2]. Nesse trabalho será apresentado o desenvolvimento prático e resultados do circuito conversor Buck operando em malha fechada com uma saída fixa em 15V e potência de 20W. Os softwares utilizados para a modelagem e testes foram Matlab 2015, Simulink 2015 e NI Multisim 14. Para elaboração de esquemáticos e layout da PCI foi utilizado o software Eagle CADsoft. II. DESENVOLVIMENTO II.1 ESPECIFICAÇÕES DE PROJETO Foram utilizados como dados para o projeto do conversor: 𝑉𝑜 = 15𝑉 𝑉𝑖𝑛 = 25𝑉 𝑃𝑜 = 20𝑊 𝑓𝑠 = 30 𝑘𝐻𝑧 ∆𝑖𝐿= 5% ∆𝑣𝐶= 1% Onde 𝑉𝑜 representa a tensão de saída do conversor, 𝑉𝑖𝑛 a tensão de entrada, 𝑃𝑜 a potência de saída, 𝑓𝑠 a frequência de chaveamento, ∆𝑖𝐿 e ∆𝑣𝐶 representam a variação máxima de corrente e variação máxima de tensão na carga, respectivamente. II.2 CÁLCULO DO INDUTOR E CAPACITOR Com estes dados, obtém-se a razão cíclica 𝐺, a corrente eficaz 𝐼𝑒𝑓, e os valores máximos admitidos para a variação da corrente e tensão, através de ∆𝑖𝐿 e ∆𝑣𝐶 respectivamente. 𝐺 = 𝑉𝑜 𝑉𝑖𝑛 = 15 25 = 0,6 (1) 𝐼𝑒𝑓 = 𝑃𝑜 𝑉𝑜 = 20 15 = 1,33 𝐴 (2) ∆𝑖𝐿= 𝐼𝑒𝑓 ∙ 5% = 1,33 ∙ 5% = 66,67𝑚𝐴 (4) ∆𝑣𝑐= 𝑉𝑜 ∙ 1% = 15 ∙ 1% = 150𝑚𝑉 (5) Caderno de Resumos "III Simpósio de Tecnologia e Engenharia Eletrônica - III SIMTEEL". Campo Mourão - PR, Novembro de 2016. 2 Com os valores acima obtidos, é possível calcular então o valor do indutor e do capacitor através de (6) e (7), respectivamente. 𝐿 = (𝑉𝑖𝑛 − 𝑉𝑜) ∙ 𝐺 ∆𝑖𝐿 ∙ 𝑓𝑠 = (25 − 15) ∙ 0,6 66,667 ∙ 10−3 ∙ 30 ∙ 103 = 2,99𝑚𝐻 (6) 𝐶 = 1 8 ∙ ∆𝑖𝐿 ∆𝑣𝑐 ∗ 𝑓𝑠 = 1 8 ∙ 66,67 ∙ 10−3 0,15 ∙ 30 ∙ 103 = 1,852 µ𝐹 (7) II.3. Projeto Físico do Indutor Com base em [3], obtém-se os valores para o projeto físico do indutor a ser utilizado como corrente de pico 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑜 e o valor de janela 𝐴𝑒𝐴𝑤 do núcleo de ferrite através de (8) e (9). 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑜 = 𝐼𝑒𝑓 + ∆𝑖𝐿 2 = 1,33 + 66,67 ∙ 10−3 2 = 1,363 𝐴 (8) 𝐴𝑒𝐴𝑤 = 𝐿 ∙ 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑜 ∙ 𝐼𝑒𝑓 𝐽𝑚𝑎𝑥 ∙ 𝐾𝑤 ∙ 𝐵𝑚𝑎𝑥 = 2,99 ∙ 10−3 ∙ 1,363 ∙ 1,33 450 ∙ 0,7 ∙ 0,35 = 0,4916 (9) Conforme tabela do fabricante de núcleos de ferrite Thornton, o tipo de núcleo para a janela 𝐴𝑒𝐴𝑤 de 0,49 é o núcleo EE30/14 cujo 𝐴𝑒 = 1,2 e 𝐴𝑤 = 0,85. Ainda segundo [3], calcula-se então o número de espiras 𝑁 (10) e o tamanho do entreferro 𝑙𝑔𝑎𝑝 (11). 𝑁 = 𝐿 ∙ 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑜 𝐵𝑚𝑎𝑥 ∙ 𝐴𝑒 = 2,99 ∙ 10−3 ∙ 1,363 ∙ 103 0,35 ∙ 1,2 = 98 [𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠] (10) 𝑙𝑔𝑎𝑝 = 𝑁2 ∙ 𝜇0 ∙ 𝐴𝑒 𝐿 ∙ 102 = 982 ∙ 4 ∙ 𝜋 ∙ 10−7 ∙ 1,2 2,99 ∙ 10−3 ∙ 102 = 4,08𝑚𝑚 (11) Para o cálculo da bitola do condutor deve-se considerar que a utilização de condutores em altas frequências deve levar em conta o efeito pelicular (skin efect). É sabido que, à medida que a frequência aumenta, a corrente no interior de um condutor tende se distribuir pela periferia, ou seja, existe maior densidade de corrente nas bordas e menor na região central. Esse efeito causa uma redução na área efetiva do condutor. Em outras palavras, o efeito pelicular atua de maneira a limitar a área máxima do condutor a ser empregado [3]. O valor da profundidade de penetração pode ser obtido através da expressão (12). ∆= 7,5 √𝑓𝑠 = 7,5 √30 ∙ 103 = 43,301 ∙ 10−3 (12) Desta forma, o condutor utilizado não deve possuir um diâmetro superior a 2∆. Através da tabela AWG (American Wire Gauge), obtém-se para esse diâmetro o condutor AWG 20. II.3 MODELAGEM DINÂMICA E COMPENSADOR O modelo da planta conversor Buck no domínio da frequência obtido foi: 𝐹𝑡(𝑆) = 𝑉𝑖𝑛 (𝐿𝐶) ∙ 𝑆2 + 𝐿 𝑅⁄ ∙ 𝑆 + 1 (13) Substituindo os valores, sendo R = 11,25 ohms, obtém-se: 𝐹𝑡(𝑆) = 4,515𝑒9 𝑆2 + 48𝑒3 ∙ 𝑆 + 180,6𝑒6 (13) Para implementação do controlador PI obtido através dos cálculos no domínio da frequência é necessário a correta associação de componentes discretos como resistores, capacitores e amplificadores operacionais para que eles assumam os polos e zeros desejados no projeto do controlador. O controlador PI obtido através do software Matlab e com o uso da função rltool() tem a seguinte função transferência de primeira ordem: 𝐶(𝑆) = 20 𝑆 + 8621 𝑆 (14) Foram utilizados como critérios práticos para manter a estabilidade e tempo de resposta uma frequência de cruzamento de ganho menor que 1 5⁄ da frequência de chaveamento (30kHz), uma margem de fase entre 40º e 90º e uma inclinação na curva de ganho de -20dB/década [4]. Com base na equação (15), obtém-se o controlador por componentes discretos. 𝐶𝑃𝐼 = 20 ∙ 𝑆 + 8621 𝑆 = 𝑅4 𝑅5 ∙ ( 𝑆 + 1 𝑅4 ∙ 𝐶 𝑆 ) (15) Foi adotadoo valor de 220nF para o capacitor, e com isso, obtém-se o valor do resistor 𝑅4 de 600Ω. Obtém-se também o valor de 𝑅2 para que o ganho seja de 20. Esse valor é 30Ω. A figura 1 mostra a topologia com amplificador operacional do controlador PI aplicado. Os valores dos componentes foram arredondados para serem compatíveis aos valores comerciais. Nos sistemas SISO realimentados, o sinal de erro mostrado na figura 1 representa a subtração da referência pela leitura do valor de saída, ou seja, a referência de 15V menos a tensão sobre a carga. A saída do controlador é denominada Lei de Controle. Figura 1. Topologia do controlador PI utilizando amplificador operacional. ampop2 C1 220nF R4 527.25Ω R5 30Ω Erro LeiDeControle Caderno de Resumos "III Simpósio de Tecnologia e Engenharia Eletrônica - III SIMTEEL". Campo Mourão - PR, Novembro de 2016. 3 II.4 PROJETO PRÁTICO Por razões de segurança, foi dividido em duas partes a montagem do circuito. Uma parte com a circuitaria de comando e controle e uma parte com a circuitaria de potência. Na figura 2 podemos observar o esquemático do circuito conversor Buck representado no software Multisim 14. Figura 2. Conversor Buck desenvolvido. Na parte de controle, o circuito integrado SG3524 foi utilizado, e para geração da onda dente de serra de 30kHz, base para o PWM, foi utilizado o par Rt/Ct de 3k Ω e 10nF com base no datasheet. Como o SG3524 trabalha com tensão em seu AmpOp interno de no máximo 5V, foi necessário o projeto de circuitos divisores de tensão resistivos. Como a tensão de alimentação máxima é de 25V e a tensão máxima admitida no CI é de 5V, foi efetuada uma divisão por cinco da leitura de tensão na saída. Utilizando de regra de três, obtém-se o valor da referência de 3V para que o a saída seja de 15V. Os circuitos divisores de tensão resistivos podem ser vistos na figura 3. Um diodo zener de 5,1V foi utilizado para garantir que a tensão não passe da tensão máxima admitida pelo circuito integrado e garantindo assim sua integridade. A grande quantidade de resistores utilizada foi para garantir os valores corretos de tensão projetados com base nos componentes disponíveis. Figura 3. Componentes externos ao SG3524. Os nomes I+ e I- referem-se as entradas não-inversora e inversora do AmpOp interno do SG3524. Na parte da realimentação mostrada na figura 3 é possível observar a implementação do controlador Proporcional- Integral projetado. Foi utilizado também um opto-acoplador de alto desempenho para fazer o isolamento do circuito de controle com o circuito de potência. O modelo utilizado foi o HCPL3120 da Avago. Uma fonte adicional de 15V é requerida para alimentar o lado de saída do opto-acoplador driver e garantir que os terras (GND) dessas fontes não estejam conectados. III. RESULTADOS Durante a fase de modelagem e simulação em ambiente Matlab, foi obtido como gráfico de tensão em função do tempo a figura 4. Nota-se uma entrada de carga em degrau de 50% para 100% de carga (23 Ω para 11,5 Ω). É possível observar a rápida resposta do sistema a variação de carga e a tensão fixa em 15V. Figura 4. Tensão na carga quando um degrau de 50% para 100% de carga é acionado. Na figura 5, nota-se a variação de potência de saída quando há um degrau de potência, é possível observar também a potência de projeto de 20W sendo atingida. Figura 5. Degrau de potência na carga. Para a implementação prática foi confeccionado uma placa de circuito impresso para a parte de potência, contendo a chave (IGBT), diodo, KRE’s, LED indicador de funcionamento, indutor e capacitor. O resultado do protótipo montado e em operação pode ser observado na figura 6. Na figura 7 é possível observar o formato da onda de saída juntamente com o chaveamento da modulação por largura de pulso (PWM) diretamente na chave (IGBT). A largura de pulso utilizada corresponde na saída o valor de 15,3V médio. A leitura de tensão foi feita com auxílio do osciloscópio Tektronix presente nos laboratórios do DAELN. O PWM opera em uma frequência de aproximadamente 30KHz. Caderno de Resumos "III Simpósio de Tecnologia e Engenharia Eletrônica - III SIMTEEL". Campo Mourão - PR, Novembro de 2016. 4 Figura 6. Protótipo de potência desenvolvido em placa de circuito impresso. Figura 7. Forma de onda da tensão na carga e chaveamento PWM. O formato da onda de corrente na saída do conversor, quando utilizado uma carga de 10 Ω, pode ser observado na figura 8. Onde a corrente média e RMS de saída é de 1,73A. Com a tensão em 14.9V e corrente em 1,73A, a potência desprendida na carga é de aproximadamente 25W. A forma de onda de corrente foi medida com a ponteira de corrente da Tektronix. Figura 8. Forma de onda da tensão e corrente na carga. Com o auxílio de uma chave mecânica, foram colocados em paralelos associações de resistores para que quando a chave esteja aberta a carga seja de 20 Ω, quando fechada, 10Ω. Este procedimento ilustra a variação de carga de 50 para 100%. A figura 9 resulta no formato de onda obtido pelo osciloscópio quando pausado no momento da entrada de carga. Nota-se na figura 9 o rápido reestabelecimento do sistema às condições ideais de projeto. É possível verificar também que o formato da ondulação bem como o tempo se assemelham com os dados coletados via simulação em ambiente Matlab. IV. CONCLUSÕES Com a elaboração desse trabalho, tanto na parte teórica, na modelagem inicial e aplicação dos conceitos de sinais e sistemas, controle clássico, entre outros, quanto na parte prática final, foi possível observar os processos, metodologias, dificuldades e conhecimentos que exigem a elaboração de um projeto de um circuito conversor Buck que opera em malha fechada. Os resultados aqui apresentados mostram o sucesso na implementação prática desse conversor operando em malha fechada. Desde o início onde foi feito o projeto teórico, como cálculo de razão cíclica, valor do capacitor, valor do indutor, quantidade de espiras e tamanho do condutor isolado no indutor entre outros, findaram numa execução fiel ao projeto teórico com resultados coerentes e coesos. Conclui-se então que com esse trabalho, foi possível compreender o projeto de conversores e executar a proposta inicial. AGRADECIMENTOS Ao DAELN pelo fornecimento dos equipamentos e laboratórios e ao prof. Dr. Moacyr A. G. Brito pelo apoio no desenvolvimento deste projeto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Rashid, Muhammad H. Power electronics handbook: devices, circuits and applications. Academic press, 2010. [2] Lima, F. P. Desenvolvimento de um Reator Eletrônico de Baixo Custo para Iluminação a Led. Trabalho de Conclusão de Curso – UTFPR. Campo Mourão, 2015. [3] Barbi, I.; Font, C. H. I.; Alves, R. L. Projeto Físico de Indutores e Transformadores. Apostila UFSC, Florianópolis, 2002. [4] Brito, M. A. G. Materiais de Aulas – UTFPR. Campo Mourão, 2015.
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