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José Renato Casagrande GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO José Tadeu Marino SECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE Geraldo Correa Queiroz SUBSECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE PARA ASSUNTOS DE REGULAÇÃO E ATENÇÃO À SAÚDE Lucio Fernando Spelta SUBSECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE PARA ASSUNTOS DE ADMINISTRAÇÃO E FINANCIAMENTO DA ATENÇÃO À SAÚDE Gisele Aparecida de Lima Oliveira e Oliveira SUBSECRETÁRIA DE ESTADO DA SAÚDE PARA ASSUNTOS DE GESTÃO HOSPITALAR Maria Gorette Casagrande dos Santos GERENTE DE REGULAÇÃO ASSISTENCIAL Pedro Benevenuto Junior GERENTE DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE VITÓRIA, 2011 DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL Primeira Reimpressão SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO ESPÍRITO SANTO VITÓRIA, 2011. PRODUÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E INFORMAÇÕES: SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO ESPÍRITO SANTO Gerência de Regulação e Assistência à Saúde Gerência de Vigilância em Saúde Endereço: Av. Mal. Mascarenhas de Morais, 2025 Bento Ferreira, Vitória/ES - CEP 29050-625; Telefone (27) 3137-2397 - FAX (27) 3137-2310 E-mail: gera@saude.es.gov.br e gevs@saude.es.gov.br Site: www.saude.es.gov.br 1ª Edição, 2008 Primeira Reimpressão, 2011 SUMÁRIO I. O Sistema Único de Saúde ............................................................................................................................... 9 1.1 Atenção Primária à Saúde ............................................................................................................................. 9 II. A política nacional de saúde mental .........................................................................................................15 III. A política de saúde mental e o plano diretor de regionalização do Espírito Santo ..........................................21 IV. Pontos de atenção da rede de saúde mental .......................................................................................25 4.1 A rede de atenção psicossocial .................................................................................................................25 4.2 Atribuição dos profissionais de saúde mental ...................................................................................30 V. A rede de saúde no atendimento aos transtornos mentais ..............................................................39 VI. Atribuições dos pontos de atenção no atendimento às situações de urgência e emergência ......................................................................................................................................................43 6.1 Unidades Básicas de Saúde (US e USF) ...................................................................................................43 6.2 Pronto-atendimento ....................................................................................................................................44 6.3 Pronto-socorro ...............................................................................................................................................45 VII. Grandes áreas clínicas ..................................................................................................................................47 7.1 Patologias ..........................................................................................................................................................47 7.2 Psicoses ..............................................................................................................................................................48 7.3 Depressão .........................................................................................................................................................60 VIII. Atenção a usuários de álcool e outras drogas ....................................................................................65 8.1 Classificação quanto ao consumo ............................................................................................................66 8.2 O acolhimento ................................................................................................................................................66 8.3 Evento agudo ..................................................................................................................................................67 8.4 Risco por overdose ......................................................................................................................................69 8.5 Evento Crítico ................................................................................................................................................71 8.6 Outras drogas e seus efeitos mais importantes ................................................................................72 IX. Crianças e adolescentes ...............................................................................................................................87 9.1. Atenção à criança e ao adolescente .......................................................................................................87 9.2. Prioridades para a atenção à saúde mental da criança e do adolescente ................................88 X. Pessoa idosa ......................................................................................................................................................93 10.1 Modelo de atenção à saúde mental do idoso ...................................................................................94 10.2 Direitos e legislação – estatuto da pessoa idosa ............................................................................101 XI. Situações específicas ...................................................................................................................................103 11.1 Agitação psicomotora ..............................................................................................................................103 11.2 Transtorno mental orgânico ..................................................................................................................105 11.3 Psicoses ........................................................................................................................................................ 106 11.4 Suicídio ..........................................................................................................................................................110 XII. Direitos das pessoas com transtornos mentais .................................................................................121 12.1 Cidadania e direitos humanos ...............................................................................................................121 Anexos ....................................................................................................................................................................125 Lista de siglas e abreviaturas ..........................................................................................................................163 Referências bibliográficas ................................................................................................................................165 7DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL APRESENTAÇÃO A Secretaria de Estado da Saúde, a fim de estabelecer estratégias e diretrizes para a melhoria das condições de saúde da população ca-pixaba, apresenta coletânea intitulada “Coleção uma nova saúde”, composta por linhas-guia e manuais que orientam a organização das redes de atenção à saúde. Compõem a primeira etapa da coletânea as linhas-guia Hipertensão e Diabetes, Saúde do Idoso, Saúde Mental, Saúde Bucal, DST/Aids, Hanseníase e os manu- ais da Atenção Primária e do Prontuário da Família. As linhas-guia são a base para a organização sistêmica dos serviços e um meio para se alcançar a racionalização dos recursos,a otimização do trabalho, a ma- nutenção e melhoria da qualidade do atendimento. Todas as linhas-guia foram elaboradas por especialistas e avalizadas por socie- dades de especialidades afins e seu conteúdo orienta os profissionais quanto à gestão da clínica, conforme a complexidade de cada ponto de atenção, e quanto ao fluxo de atendimento aos usuários desses serviços. 8 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE Acreditamos que, ao fortalecermos a Atenção Primária como eixo estruturan- te da rede de atenção, estaremos avançando no propósito de consolidação e aprimoramento do sistema estadual de saúde, possibilitando maior acesso do usuário e melhorando a integralidade da atenção almejada pela população.. Secretaria de Estado da Saúde 9DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL I. O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE O Sistema Único de Saúde (SUS), fruto do Movimento da Reforma Sa-nitária iniciado na década de 80, tem em seus princípios e diretrizes buscando construir a atenção integral à saúde da população brasilei- ra. Nesse processo, expresso em Normas Operacionais Básicas e da Assistên- cia, portarias e construção de consensos entre gestores e a sociedade brasi- leira, é que se busca a reorientação do modelo assistencial e a estruturação de sistemas de serviços de saúde. 1.1 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE O manejo e tratamento de transtornos mentais no contexto da atenção primária é um passo fundamental que possibilita ao maior número pos- sível de pessoas ter acesso mais fácil e rápido aos serviços (...) Isso não só proporciona uma atenção melhor como também reduz o desperdício resultante de exames supérfluos e tratamentos impróprios ou não-espe- cíficos (OPAS/OMS, p. 148, 2001). 10 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE A atenção primária à saúde (APS), do ponto de vista conceitual, é concebida como organizadora do sistema de serviços de saúde e não apenas como nível de atenção. Para Mendes (2002), “[...] a Atenção Primária da Saúde vem sendo adotada, na história recente de diversos países, para organizar e ordenar os recursos do sis- tema de saúde para que respondam de maneira apropriada às necessidades de suas populações” (ibidem, p. 7). Já para o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS. 2004) “[...] é um conjunto de intervenções de saúde no âmbito individual e coletivo que envolve: promoção, prevenção, diagnóstico, tratamen- to e reabilitação” (ibidem, p.7). O Manual da Atenção Primária (Espírito Santo, 2007) destaca que os sistemas de saúde estruturados a partir dos princípios ordenadores da APS são mais efi- cazes e de melhor qualidade e que a Estratégia Saúde da Família, adotada para reorganizar o modelo de atenção brasileiro, propõe novas práticas sanitárias centradas no estabelecimento de vínculos, na criação de laços de compromis- so e co-responsabilidade entre profissionais e população. A base conceitual da Estratégia Saúde da Família é o princípio da vigilância à saúde concebida a partir dos seguintes pilares: a territorialização - não só como espaço geofísico, mas como produto de uma dinâmica política, cultural e social, onde se tensionam conflitos de interesses, projetos e sonhos; o enfoque por problema - representação social de necessidades sanitárias, decorrentes das condições de vida; e a intersetorialidade - onde o enfrentamento dos problemas em um território requer ações que transcendam a responsabilidade única do setor saúde. Para o Ministério da Saúde (2005), as ações de saúde mental na APS, funda- mentadas nos princípios do SUS e da Reforma Psiquiátrica, devem obedecer o modelo de redes de cuidado, de base territorial e atuação transversal com outras políticas específicas e que busquem o estabelecimento de vínculos e acolhimento. Essa articulação entre saúde mental e atenção primária à saúde pode ser sintetizada nos seguintes princípios fundamentais entre: 11DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL noção de território; organização da atenção à saúde mental em rede; intersetorialidade; reabilitação psicossocial; multiprofissionalidade / interdisciplinaridade; desinstitucionalização; promoção da cidadania; construção da autonomia possível de usuários e familiares. APOIO MATRICIAL DA SAÚDE MENTAL ÀS EQUIPES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE A articulação das ações de saúde mental na atenção primária deve se constituir a partir do apoio matricial que se constitui como “[...] um arranjo organizacional que visa outorgar suporte técnico em áreas específicas às equipes responsá- veis pelo desenvolvimento de ações básicas de saúde para a população” (BRA- SIL, p. 36, 2005). Nesse arranjo, as equipes de saúde mental e da APS compartilham as situações encontradas no território numa atitude de co-responsabilização pelos casos, que podem se efetivar através de discussões conjuntas de caso, intervenções junto às famílias e comunidades ou em atendimentos unificasos. A responsabilização compartilhada exclui a lógica do encaminhamento, pois visa a aumentar a capacidade resolutiva de problemas de saúde pela equipe local. Assim, ao longo do tempo e gradativamente, também estimula a interdis- ciplinaridade e a ampliação da clínica na equipe. A ampliação da clínica significa o resgate e a valorização de outras dimensões, que não somente a biológica e a 12 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE dos sintomas, na análise singular de cada caso. Assim, riscos1 como os sociais e outros se incorporam à avaliação clínica (BRASIL, 2005). RESPONSABILIDADES COMPARTILHADAS ENTRE AS EQUIPES DE SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE O texto a seguir foi produzido pela Área Técnica de Saúde Mental do Ministério da Saúde (2001) e foi reproduzido na íntegra, tendo em vista sua relevância e contribuição. São apresentadas as ações que devem ser compartilhadas entre as equipes: Desenvolver ações conjuntas, priorizando casos de transtornos mentais se-a) veros e persistentes, uso abusivo de álcool e outras drogas, egressos de internações psiquiátricas, pacientes atendidos nos CAPS, tentativas de sui- cídio, vítimas de violência doméstica intradomiciliar; Discutir casos identificados pelas equipes da atenção básica que necessi-b) tem de uma ampliação da clínica em relação às questões subjetivas; Criar estratégias comuns para abordagem de problemas vinculados à vio-c) lência, ao abuso de álcool e outras drogas, às estratégias de redução de danos, etc. nos grupos de risco e nas populações em geral; 1 Exemplos de situações de risco: Exclusão social (pacientes egressos de hospital psiquiátrico, em prisão domiciliar, em situação de rua, idoso em abandono, crianças e adolescentes em risco pessoal e social etc.); Transtornos mentais severos e persistentes (graves); Suicídios e tentativas de suicídio em adolescentes e adultos jovens; Violência intrafamiliar; Problemas clínicos relacionados ao uso e abuso de álcool e outras drogas; Abuso e dependência de benzodiazepínicos. Fonte: Oficina de trabalho para discussão do Plano Nacional de Inclusão das Ações de Saúde Mental na Atenção Básica. Brasília, março de 2001. 13DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL Evitar práticas que levem à psiquiatrização e medicalização de situações d) individuais e sociais, comuns à vida cotidiana; Fomentar ações que visem à difusão de uma cultura de assistência não ma-e) nicomial, diminuindo o preconceito e a segregação com a loucura; Desenvolver ações de mobilização de recursos comunitários, buscando f) construir espaços de reabilitação psicossocial na comunidade, como ofi- cinas comunitárias, e destacando a relevância da articulação intersetorial (conselhos tutelares, associações de bairro, grupos de auto-ajuda, etc); Priorizar abordagens coletivas e de grupos como estratégias para atenção g) em saúde mental, que podem ser desenvolvidas nas unidadesde saúde, bem como na comunidade; Adotar a estratégia de redução de danos nos grupos de maior vulnerabilida-h) de, no manejo das situações envolvendo consumo de álcool e outras dro- gas. Avaliar a possibilidade de integração dos agentes redutores de danos a essa equipe de saúde mental; Trabalhar o vínculo com as famílias, tomando-a como parceira no tratamen-i) to, e buscar constituir redes de apoio e integração. 15DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL II. A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL A Política de Saúde Mental no Brasil, até a década de 70, era essencial-mente privatizante, hospitalocêntrica e cronificadora do sofrimento psíquico. Essa forma de assistência acentuava a deterioração psíqui- ca e dificultava a participação do paciente na vida coletiva. Os extensos perío- dos de internação traziam, como conseqüência, a perda dos vínculos sociais e familiares, chegando a uma situação em que uma imensa população passou a residir nos hospitais psiquiátricos. Em conseqüência de tal situação, os profissionais de saúde mental passaram a questionar essa realidade assistencial, numa série de eventos do campo da saúde mental que se sucederam nos anos 70 e 80, consolidando o movimento da reforma psiquiátrica e influenciando a definição de uma nova Política de Saú- de Mental em implantação no país. Uma das discussões importantes ocorreu em 1987, na “I Conferência Nacional de Saúde Mental”, com o estabelecimento do consenso sobre a necessidade de mudança do modelo assistencial e de que o melhor modo de tratamento era o realizado em serviços extra-hospitalares de base comunitária. 16 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE Várias discussões sucederam-se na década de 90, sendo que as decisões polí- ticas mais importantes foram: a divulgação, na sociedade, do diagnóstico da assistência em que os indi- cadores demonstravam e justificavam a necessidade premente de mudan- ça do modelo assistencial; a “Declaração de Caracas” como documento que refletiu uma discussão ampliada sobre a situação da assistência, resultando numa “carta de inten- ções” clara e facilitando, nesse sentido, a negociação com os gestores; a pactuação social estabelecida na “II Conferência Nacional de Saúde Men- tal”, em 1992; a decisão do Ministério da Saúde de assumir a condução do processo de reformulação da assistência com o estabelecimento das portarias. Podemos considerar esses marcos, como os que efetivamente respaldaram a definição dos rumos da Política de Saúde Mental, ou seja, a definição norteado- ra a ser seguida, a substituição progressiva dos hospitais. A partir desse ponto, o Ministério da Saúde toma, então, para si a responsabi- lidade e a tarefa de conduzir o processo de implantação da Política de Saúde Mental, no contexto da construção do Sistema Único de Saúde que tinha sido aprovado em dezembro de 1990. Assim, no início da década de 90 foi tomada uma importante decisão política pelo Ministério da Saúde, que colocou a público o diagnóstico da situação da assistência psiquiátrica no Brasil. Esse diagnóstico permitiu trazer à luz várias distorções, indicadores precisos da má qualidade da assistência psiquiátrica, sob o ponto de vista da política pública no Brasil. Dentre os principais, estava uma taxa de 19,9% de ocupação dos leitos do Sis- tema Único de Saúde (SUS) por internações psiquiátricas. Um outro indicador 17DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL referia-se à proporção de leitos por habitantes que era de 0,56 por mil habi- tantes, superior ao recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Por fim, o gasto com a internação psiquiátrica era o segundo maior do SUS, só superado pelas de clínica médica, fato que demonstrava a utilização de apenas um tipo de recurso para a assistência psiquiátrica. Essa situação da assistência auxiliou a sensibilização dos gestores para o tema saúde mental, na medida em que era impossível a um gestor não se compro- meter diante de indicadores tão claros da má qualidade. Permitiu, também, trazer a sociedade para o debate desse grave problema de saúde pública. Outra contribuição importante para a implantação da Política Nacional de Saú- de Mental a partir da década de 90 foi o investimento do Ministério da Saúde (MS) em normatizações, que permitiram avanços visíveis e conquistas concre- tas para essa política pública, possibilitando aos municípios a implantação de ações e serviços de saúde mental. Sabemos que é essencial, para a consolidação de uma política pública, estar munida dos recursos financeiros para a sua efetivação. Nessa direção, o Minis- tério da Saúde tem trabalhado na instituição de “normatizações” que viabilizem o incentivo financeiro adequado à estruturação de serviços e à re-alocação dos recursos centralizados nos hospitais, para a implantação das moradias e a cria- ção de bolsas de incentivo, tendo em vista a ressocialização da clientela de longa permanência. O estabelecimento inicial das portarias SNAS/MS189/1991 e SAS/MS224/1992 permitiram respectivamente a remuneração dos procedimentos necessários à implantação das ações de saúde mental e o estabelecimento do padrão míni- mo necessário ao funcionamento dos serviços ambulatoriais e hospitalares de saúde mental no país. A discussão sobre a implantação da política pública específica para a área de saúde mental, a definição do norte a ser seguido e a pactuação das diretrizes da política encontraram, na década de 90, o contexto necessário ao seu desenvol- vimento e consolidação. As “normatizações” lançadas nessa época e as experi- 18 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE ências pioneiras que se concretizaram no Brasil ainda nos anos 80 provaram ser possível a efetivação de ações para a conversão do modelo hospitalocêntrico. Em 2001, a aprovação da Lei Federal da Reforma Psiquiátrica1 traz o processo para um novo estágio, colocando-o definitivamente na luz do debate sobre a cidadania e as políticas públicas e selando com isso uma das mais importantes conquistas políticas da reforma psiquiátrica. Podemos dizer que a implantação da Política de Saúde Mental foi possível por- que se apoiou essencialmente nas “normatizações” do Ministério da Saúde, no consenso estabelecido entre gestores técnicos e sociedade e no sucesso das experiências nos novos serviços. Progressivamente, as novas práticas foram se expandindo pelo país, passando a serem respaldadas por legislações específicas de iniciativas estadual, federal e municipal, que trouxeram o respaldo legal e viabilizaram a sua consolidação. Hoje, a inclusão da saúde mental nos cuidados prestados pela Atenção Básica tem sido discutida no sentido de se conquistar a integralidade no cuidado e levando-se em conta também a abrangência do cuidado prestado pela rede de Atenção Básica. Segundo dados da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) de 2001, os transtornos mentais têm alta prevalência na população ge- ral, estando situados dentre as dez principais causas de incapacitação.2. O Mi- nistério da Saúde estima que 1/5 das pessoas são de alguma forma afetadas, ao longo de sua vida, por problemas mentais, psicológicos ou neurológicos, e que 10% da população geral necessitam de alguma forma de acompanhamen- to, mesmo que eventual. Um outro motivo para que a atenção às pessoas em situação de sofrimento 1 Lei 10.216, de 4 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. 2 Segundo dado apresentado no “Relatório Sobre a Saúde Mental no Mundo” da Organização Pan-ame- ricana de Saúde (OPAS)/Organização Mundial da Saúde, de 2001, os transtornos mentais já representam quatro das dez principais causas de incapacitação em todo o mundo. 19DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL mental possam ter acesso e acolhimento adequado na atenção básica é que os dados nos indicamque as unidades básicas de saúde são responsáveis por suprir 80% das necessidades de saúde da população, incluído aí a mental. A necessidade de inserir a atenção aos transtornos mentais na Atenção Primária à Saúde, apresenta-se também em consonância com a diretriz da integralidade prevista no SUS. Diante dessa realidade e tendo em vista as diretrizes da política que discute as formas para inclusão da saúde mental na atenção básica, o Ministério da Saúde afirma que o ponto atual de desenvolvimento do SUS coloca o imperativo de os campos da Saúde Mental e da Atenção Primária se entrecruzarem e se poten- cializarem um ao outro. Por fim, tendo em vista a necessidade de ampliação dos cuidados em saúde mental, podemos concluir que a atenção em saúde mental deve ser feita dentro de uma rede de cuidados. Estão incluídos aí a atenção primária, os serviços re- sidenciais terapêuticos, os ambulatórios, os leitos em Hospital Geral, os centros de convivência, os clubes de lazer, entre outros. Além disso, a rede de saúde mental deverá extrapolar a de saúde. Ela é complexa e deve ser intersetorial, se pretende dar conta da complexidade da assistência proposta. 21DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL III. A POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL E O PLANO DIRETOR DE REGIONALIZAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO A s Normas Operacionais de Saúde e, em especial Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOAS) de 2002, reforça a importância da im-plantação de serviços regionalizados que atendam a uma população adstrita. Portanto, trabalha-se numa perspectiva de uma assistência territoriali- zada que extrapole exclusivamente o aspecto geográfico e inclua os aspectos e as referências socioculturais, afetivas e econômicas. A NOAS – 2002, ao ampliar as responsabilidades dos municípios na garantia de acesso a serviços na Atenção Básica e definir o processo de regionalização da assistência, torna-se, segundo o Ministério da Saúde, o elemento central para o avanço do processo de implementação do SUS. O processo de regionalização da assistência é uma estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e “(...) deverá contemplar uma lógica de planejamen- to integrado, compreendendo as noções de territorialidade na identificação de prioridades de intervenção (...)” Brasil, (2002), que visa a garantir o acesso dos cidadãos aos serviços que atendam aos problemas de saúde de uma determi- nada população. 22 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE O Plano Diretor de Regionalização, no Espírito Santo (PDR/ES) foi elaborado e coordenado pela equipe técnica da Secretaria de Estado da Saúde com a parti- cipação dos gestores e a aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), em consonância com o Plano Estadual de Saúde, objetivando: (...) promover a descentralização de ações e serviços de saúde e reduzir as desigualdades mediante criteriosa alocação de recursos, garantindo o acesso da população a serviços e ações de saúde com integralidade e resolubilidade (Espírito Santo, 2003). O desenho das regiões no Estado passou a constitui-se de 16 módulos assis- tenciais, com base populacional acima de 30 mil habitantes, oito microrregiões com população acima de 150 mil habitantes e três macrorregiões, com popula- ção acima de 500 mil habitantes. O PDR define um conjunto de ações e serviços que deverá ser oferecido aos cida- dãos o mais próximo de sua residência. Em saúde mental esse conjunto é descrito como o tratamento dos distúrbios mentais e psicossociais mais freqüentes. O desenho da rede de atenção em saúde mental - CAPS, Serviço Residencial Terapêutico e leitos psiquiátricos em hospital geral seguiram os parâmetros es- tabelecidos através de um conjunto de fatores que se entrecruzaram com os já definidos no PDR: a cobertura populacional, o coeficiente de internação psiquiá- trica, os dados epidemiológicos disponíveis, a existência de serviço ambulatorial e de recursos humanos disponíveis, e a existência de hospital geral público ou conveniado ao SUS. Foram previstos CAPS por cada módulo assistencial, leitos em hospital geral por microrregião e CAPS ad (Caps ad - para usuários de álcool e outras drogas) e i (Caps i - para infância e adolescência) por macrorregião. Essa rede de atenção em saúde mental vem se delineando a partir da absorção das diretrizes da política, de forma compartilhada com novos atores, gestores, profissionais de saúde, usuários e familiares. O canal de comunicação entre esses novos atores tem se constituído a partir de espaços deliberativos, como nas Conferências Macrorregionais e Estadual 23DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL de Saúde Mental, em 2001, e em colegiados locais, como o Fórum Estadual de Saúde Mental e o Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial, que se conso- lidaram como espaços de veiculação de informações, troca de experiências, pactuação, planejamento, socialização e reivindicação. O desenho proposto no PDR por si só não garante a implementação e efetiva- ção da atenção integral aos cidadãos, demandando um processo contínuo de reflexão e articulação. Para tanto, o plano diretor deverá ser sensível, contínuo, dinâmico e reconstruído sempre que necessário, para atender à demanda, se- guindo a racionalidade política descrita por Rivera (1989) segundo o qual “(...) o planejamento responde a pressões políticas que se fazem sentir na direção da legitimidade e da mudança (...)”. Portanto, a consolidação do PDR deve “captu- rar” as condições subjetivas da realidade e considerar a correlação de forças e os interesses dos distintos segmentos constantes no campo da saúde coletiva. 25DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL IV. PONTOS DE ATENÇÃO DA REDE DE SAÚDE MENTAL 4.1 A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL C onsideramos que a rede de atenção à saúde mental é constituída pe-las Unidades Básicas de Saúde com a equipe de saúde mental, pe-los Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Ambulatórios de Saúde Mental, Pronto-socorro Psiquiátrico, Leitos Psiquiátricos em Hospitais Gerais, Serviço Hospitalar de Referência em Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas (SHR-ad), Hospital Especializado em Psiquiatria e Serviços Resi- denciais Terapêuticos (SRT). As características gerais dos serviços são fundamentadas no documento “PRINCÍPIOS PARA A PROTEÇÃO DE PESSOAS COM PROBLEMAS MENTAIS E PARA MELHORIA DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE MENTAL”1. 1 O documento “PRINCÍPIOS PARA A PROTEÇÃO DE PESSOAS COM PROBLEMAS MENTAIS E PARA MELHORIA DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE MENTAL” pode ser encontrado na íntegra nos ANEXOS deste Protocolo. 26 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE A assistência em Saúde Mental abrange não só a Psiquiatria, mas também assistência médica, odontológica, social, jurídica, reabilitação, educação e ga- rantia de trabalho protegido ou não. A atenção em Saúde Mental não deve ser realizada em manicômios (instituição fechada), mas em serviços abertos, o menos restrito possível, tais como: Hospital Geral, Centro e Núcleos de Aten- ção Psicossocial, Centros de Convivência, Cooperativas, Grupos de Trabalho, Micro-empresas, Hospitais - Dia e Noite, Lares e Pensões Abrigados, Associa- ções Comunitárias, Grupos de Auto-ajuda, Oficinas Abrigadas, etc2. Os serviços de saúde devem permitir e incentivar os usuários a se organizarem em grupos, conselhos populares, associações de usuários, familiares, traba- lhadores de saúde mental e comunidade, que objetivem a transformação do preconceito sobre a loucura, na sociedade em geral, nas leis, na organização e na fiscalização. Além disso, devem ser o mais próximo possível do local de moradia dos usuá- rios, de forma descentralizada, garantindo-se o direito de escolha pelos profis- sionais de sua preferência. Também deverá garantir o bem-estar físico, mental e emocional de seus usu- ários e as exigências mínimas de higiene, segurança, condições ecológicas e ambientais, conforto, privacidade ealimentação de qualidade com supervisão profissional. Todo usuário terá direito ao meio de transporte que garanta o acesso gratuito ao serviço, bem como a sua medicação, sem com isso induzir a discriminação ou preconceito. As crianças e os adolescentes não poderão ser tratados em serviços que não garantam os direitos reconhecidos pelo Estatuto dos Direitos da Criança e do Adolescente. 2 A partir da portaria GM nº 336/2002, os serviços que se consolidaram no país foram os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). A Portaria GM nº106/2000 institui os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT). Outros serviços previstos são os Centros de Convivência e as Cooperativas de Trabalho para a geração de renda. 27DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL Os serviços especializados devem ser adequados ao atendimento de crianças, adolescentes, adultos e idosos, que apresentem problemas relacionados a al- coolismo, autismo, toxicomania, deficiência, HIV positivo, dentre outros. Todo serviço de Saúde Mental deve oferecer orientação, suporte e terapêutica para os familiares dos usuários, bem como mecanismos de participação nas decisões e fiscalização dos serviços. OS DISPOSITIVOS DE CUIDADO Consideramos que a rede de atenção à saúde mental é constituída pelas Uni- dades Básicas de Saúde com equipe de saúde mental, CAPS, Ambulatórios de Saúde Mental, Pronto-socorro Psiquiátrico, leitos psiquiátricos em Hospital Geral, SRT, Serviço Hospitalar de Referência para Atenção Integral aos Usuários de Álcool e outras drogas (SHR-ad), Hospital Especializado em Psiquiatria. UNIDADES BÁSICAS COM EQUIPE DE SAÚDE MENTAL – UBS São Unidades de Saúde onde estão localizadas equipes de saúde mental cons- tituídas por médico psiquiatra ou clínico e dois outros profissionais de nível superior, cuja função é implantar as ações dos Programas Municipais de Saúde Mental. O Estado possui atualmente 39 municípios com equipes de saúde mental e 44 com algum serviço de saúde mental em funcionamento. Em 2000, a definição do indicador estadual na Programação Pactuada Inte- grada da Epidemiologia e Controle de Doenças (PPI-ECD), pela Sesa, criou a possibilidade para a composição das equipes de saúde mental nos municípios independente de sua base populacional3. 3 Considerando a característica dos municípios do Estado, onde 74,3% são de pequeno porte (abaixo de 30 mil habitantes), a previsão de uma equipe mínima por município, sem o requisito do tamanho da população, é uma conquista da política local. 28 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS) São serviços abertos de base comunitária e caracterizam-se por ofertar cuida- do intensivo à clientela com transtornos mentais graves. Desenvolvem atividades de grupos, oficinas, atendimento à família, e atendi- mento médico e psicológico, através de equipe multidisciplinar. Devem estar inseridos na comunidade e trabalhar em parceria com a atenção primária e recursos comunitários. As formas de inserção no serviço deverão ser definidas de acordo com o perfil de cada usuário e poderão se dar em regime intensivo, semi-intensivo e não- intensivo. Funcionam de segunda a sextas-feiras em horário integral4. AMBULATÓRIOS DE SAÚDE MENTAL São unidades ambulatoriais específicas para o atendimento em saúde mental. Compostas por equipe multidisciplinar podem desenvolver atividades de gru- pos, oficinas, atendimento à família, e atendimento médico e psicológico. Funcionam de segundas a sextas-feiras em horário integral. PRONTO-SOCORRO PSIQUIÁTRICO Serviço específico para o atendimento das urgências e emergências em saúde mental com funcionamento 24 horas. 4 A Portaria GM nº336/2002 prevê a criação dos CAPS III. Trata-se de serviço de maior complexidade, com funcionamento 24 horas e leitos para internação. No Estado ainda não houve a criação desses servi- ços, embora esteja previsto no planejamento da Política Estadual de Saúde Mental. 29DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL Constituído por equipe com psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfer- meiros e outros profissionais necessários ao desenvolvimento das atividades. Deve possuir leitos de apoio para internação que são de observação de até 72 horas como suporte para estabilização das crises, reduzindo o fluxo para as internações em hospital psiquiátrico. É regido pela Portaria SNAS nº 224/1992, que prevê o padrão mínimo para o funcionamento desses serviços. LEITOS PSIQUIÁTRICOS EM HOSPITAL GERAL Leitos especializados em psiquiatria e que devem obrigatoriamente funcionar em hospital geral. Destinam-se ao atendimento de curta permanência dos ca- sos de internações em psiquiatria, devendo funcionar com equipe específica. São dispositivos importantes para a descentralização do atendimento para as microrregiões do Estado, evitando a concentração das internações nos hospi- tais psiquiátricos, muitas vezes distantes do local de residência dos usuários, levando à quebra dos vínculos familiares e sociais. SERVIÇO HOSPITALAR DE REFERÊNCIA NA ATENÇÃO INTEGRAL A USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS (SHR - AD) O Serviço Hospitalar de Referência em hospital geral para atenção em urgência e outros procedimentos relacionados ao uso excessivo de álcool e/ou outras dro- gas constitui-se de quatro a 16 leitos clínicos em período de internação de até 15 dias, para usuários nas faixas etárias de 12 a 16 anos e de 17 anos acima. Destina-se ao atendimento de pessoas que apresentam síndrome de abstinên- cia, dependência do álcool ou de outras drogas, intoxicação aguda, e síndrome de abstinência grave com complicações clínicas e/ou psiquiátricas. O SHR-ad, composto por equipe multidisciplinar, deverá trabalhar com a huma- nização do cuidado e da convivência nas lógicas da atenção psicossocial e da redução de danos. 30 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE O serviço é regido pela Portaria do Ministério da Saúde Nº. 1612 de setembro de 2005. A implantação progressiva de SHR’s - ad em municípios com CAPS ad e cober- tura por microrregiões no ES consistirá em um dispositivo inovador na assistên- cia hospitalar. HOSPITAL ESPECIALIZADO EM PSIQUIATRIA Deve funcionar de acordo com as normas definidas pela Portaria GM nº 251/2002, que estabelece as diretrizes e normas para o funcionamento dos leitos psi- quiátricos, instituindo o processo sistemático de avaliações da rede hospitalar psiquiátrica, efetuadas pelo Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hos- pitalares/Psiquiatria (PNASH). A condução do processo de avaliação tem sido efetuada de forma gradativa e prima pelo cuidado e pela não-desassistência. O objetivo é reconfigurar a rede hospitalar, atingindo a meta de substituição dos macro-hospitais por outros de pequeno porte com maior qualidade no atendi- mento. SERVIÇOS RESIDENCIAIS TERAPÊUTICOS (SRT) Destinados à moradia de pacientes egressos de hospitais psiquiátricos com tempo de permanência na hospitalização de no mínimo dois anos. São conside- rados, por unanimidade, dispositivos imprescindíveis para a política de desins- titucionalização. A Portaria GM nº. 106/2000 oferece os instrumentos para a criação dos Servi- ços Residenciais Terapêuticos, garantindo a desinstitucionalização da clientela internada, sem causar desassistência. 4.2 ATRIBUIÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE MENTAL Busca-se ênfase na hierarquização da assistência para garantia de complemen- tariedade entre os serviços, desenvolvendo um trabalho em rede. A perspecti- 31DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL va do trabalho em rede introduz a idéia de cuidados progressivos, ininterruptos, passando de um âmbito para outro, conforme complexidade de resposta de cada caso face às necessidades. A rede básica de saúde (atenção primária) ocupa lugar estratégico e complexo de atribuições, tanto mais resolutivas para conjuntos cada vez maiores deproblemas. À rede de atenção à saúde mental, indica-se a incorporação do conceito de in- tegralidade, investindo no acolhimento e nas concepções de responsabilidade e resolutividade. Considerando os preceitos da Reforma Psiquiátrica e as políticas da desospi- talização e desinstitucionalização que norteiam os serviços de saúde mental atuais, cabe às equipes multiprofissionais de saúde mental organizadas com perspectiva de atuação interdisciplinar, dentro de um modelo de atenção psi- cossocial nas respectivas UBS’s, CAPS-ad, CAPS i e CAPS transtornos, prioriza- rem o atendimento às seguintes demandas: Egressos de internação psiquiátrica; Pessoas com transtornos mentais graves (psicoses e neuroses graves); Usuários abusivos e dependentes de substâncias psicoativas (álcool e ou- tras drogas); Pacientes em situação de risco e vítimas de violência (agressão sofrida ou auto-infringida: abuso sexual, tentativas de suicídio, etc). Psiquiatra: Participação nos Grupos de Acolhimento; Atendimento psiquiátrico individual/ familiar/ grupal; Realizar visitas domiciliares quando verificada a necessidade; Fornecer laudos psiquiátricos à demanda que está no serviço. 32 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE Clinico Geral: Participação nos Grupos de Acolhimentos; Atendimento ambulatorial na clinica médica diária individual/ familiar/ grupal; Realizar visitas domiciliares quando verificada a necessidade. Psicólogo: Realizar atendimento psicoterapêutico individual, grupal e educativo, se- guindo prioridade estabelecida neste protocolo; Realizar grupos terapêuticos e de atenção psicossocial com os demais pro- fissionais da equipe, de acordo com a necessidade e perfil da clientela; Realizar visitas domiciliares quando verificada a necessidade; Elaborar relatórios específicos do acompanhamento quando necessário. Assistente Social: Realizar atendimento social individual, grupal e de educação em saúde, se- guindo prioridade estabelecida neste protocolo; Realizar atendimento grupal, participar de grupos terapêuticos e de aten- ção psicossocial com os demais profissionais da equipe, de acordo com a necessidade e perfil da clientela; Realizar visitas domiciliares quando verificada a necessidade; Orientar e viabilizar o acesso aos recursos sociais e comunitários necessá- rios, visando a promover a inclusão social; Elaborar relatórios, realizar estudo social e emitir parecer e laudo social quando verificada a necessidade. 33DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL Terapeuta Ocupacional Atender o paciente individualmente e em grupos; Realizar atendimento domiciliar; Realizar atividades sociais, culturais e artesanais com cunho terapêutico; Participar das reuniões de equipe, atendimento à família e acolhimento dos usuários; Realizar oficinas terapêuticas; Realizar atendimento externo: procedimento desenvolvido fora do espaço terapêutico institucional; Orientar atendimentos das atividades da vida diária, prática, de trabalho, e lazer; Participar do processo de alta da Terapia Ocupacional e da Instituição. Enfermeiro / Técnico de Enfermagem: Atender o paciente e/ ou familiar para orientação e administração (quando necessária) da medicação psicotrópica prescrita; Promover orientação sobre os cuidados geral e integral à saúde e ativida- des da vida diária aos pacientes e familiares; Realizar grupos terapêuticos e de atenção biopsicossocial com os demais profissionais da equipe, de acordo com a necessidade e perfil da clientela; Participar dos grupos de acolhimento com equipe multidisciplinar; Realizar visitas domiciliares quando verificada a necessidade. 34 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE Farmacêutico: Encaminhar periodicamente à equipe de saúde mental informação sobre a medicação psicotrópica disponível (uso do formulário); Dispensar medicação conforme prescrição médica do Programa de Saúde Mental / Estratégia de Saúde da Família; Orientar e/ ou estimular o paciente e a família sobre a importância da conti- nuidade do acompanhamento/tratamento; Utilizar e atualizar o cadastro dos pacientes em acompanhamento para con- trole da medicação em uso, sua dispensação e o retorno; Fornecer periodicamente para a Gerência de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Estado da Saúde o número de pacientes em acompanhamen- to /tratamento medicamentoso e o consumo mensal de psicotrópicos; Realizar grupos terapêuticos e de atenção biopsicossocial com os demais profissionais da equipe de acordo com a necessidade e perfil da clientela. Auxiliar administrativo: Assessorar a equipe multidisciplinar em cada período de trabalho; Orientar e acompanhar o fluxo de pacientes; Ajudar a organizar o espaço físico; Agendar e marcar retorno às consultas dos pacientes ou reforçar a neces- sidade do reagendamento no setor específico; Atualizar diariamente os dados de atendimento dos pacientes cadastrados; Realizar visita institucional quando verificada a necessidade. 35DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL Coordenador de Saúde Mental: Realizar planejamento e avaliações constantes das ações desenvolvidas; Conhecer os níveis de complexidade dos serviços e práticas de saúde; Desenvolver habilidades técnicas e políticas em Saúde Mental/ Transtorno Mental; Promover capacitação das equipes do Programa de Saúde Mental; Organizar reuniões periódicas com a equipe multidisciplinar; Estimular nos profissionais das equipes a utilização de maior coeficiente de autonomia para a construção de projetos terapêuticos eficientes e eficazes; Acompanhar a organização do trabalho de equipe através de discussões democráticas; Promover discussões intersetoriais. Atribuições comuns à equipe multidisciplinar: Acolher a demanda; Avaliar a demanda dos outros programas de saúde existentes nas unidades com vistas a um possível atendimento; Desenvolver intervenções diárias diversificadas para os pacientes e seus familiares; Realizar o cadastramento dos pacientes com psicoses e neuroses graves para sistematizar o acompanhamento biopsicosocial, garantindo o recebi- mento da medicação, conforme a necessidade; Conscientizar e/ou estimular sobre a importância da continuidade do acom- panhamento/tratamento; 36 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE Organizar cronograma para reunião técnica da equipe; Participar efetivamente das reuniões técnicas conforme cronograma; Realizar visitas domiciliares em equipe, quando solicitadas e/ ou verificada a necessidade; Programar atividades/intervenções prioritariamente coletivas, atendendo a necessidade da área de abrangência; Incluir e reagendar os pacientes assegurando o acompanhamento sempre que necessário, de acordo com a organização do serviço; Identificar e relacionar os pacientes mais graves e egressos de internação psiquiátrica, viabilizando o encaminhamento para nível de assistência de maior complexidade (CAPS - ad / CAPS Transtorno e Urgência Psiquiátrica); Fornecer dados precisos sobre os diagnósticos dos pacientes atendidos de modo a subsidiar planejamento estratégico em saúde; Organizar plano de ação anual em saúde mental. Atribuições da Equipe de Saúde Mental: Divulgar a noção de saúde mental como qualidade de vida e direito do ci- dadão; Atuar segundo o enfoque comunitário, priorizando a família e os recursos saudáveis da comunidade; Viabilizar o acesso ao serviço de saúde mental, quando necessário; Sensibilizar para a não existência de preconceitos aos portadores de trans- tornos mentais; Realizar atendimento em conjunto com as equipes da Estratégia de Saúde da Família, quando verificada a necessidade; 37DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL Realizar visitas domiciliares quando verificada a necessidade; Instrumentalizar, de forma contínua, as equipes da Estratégia de Saúde da Família, com vistas a uma maior resolutividade dos casos de transtornos mentais; Divulgar a política nacional, Estadual e Municipal de Saúde Mental junto aos atores sociais (conselheiros tutelares, professores, pedagogos, admi- nistradores de escolas e de unidades de saúde etc.), objetivando o funcio- namento em rede. 39DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL V. A REDE DE SAÚDE NO ATENDIMENTO AOS TRANSTORNOS MENTAIS A s pessoas com transtornos mentais deverão ter acesso ao atendi-mento em todos os pontos de atenção da rede de saúde, ou seja, nas Unidades Básicas de Saúde, Centros de Atenção Psicossocial, Pronto Atendimentos, Pronto-socorros e leitos em Hospital Geral. Para tanto, os profissionais desses serviços deverão ser capacitados e ampa- rados por recursos materiais e humanos dos serviços de referência em saúde mental municipal e microrregional. Os serviços da rede de saúde, por exemplo, os Hospitais Gerais e os Pronto- socorros, poderão também investir na contratação de recurso humano especia- lizado (psiquiatras, psicólogos) ou capacitar a equipe de clínicos, enfermeiros e assistentes sociais etc. para o atendimento da população. EVENTOS AGUDOS Nos eventos agudos os profissionais das US/USF, PA e PS deverão, prestar o atendimento aos usuários. 40 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE Após, os usuários deverão ser referenciados para os pontos de atenção ade- quados a cada situação, estabelecidos neste protocolo, ou permanecer no ser- viço caso seja indicado1. Os municípios que possuem equipes de saúde mental (matriciais ou não), loca- lizadas em Unidades Básicas de Saúde, ou então, serviços específicos da rede de saúde mental, poderão acionar essas equipes para apoio e orientação. Caso necessário poderá ser acionado o Serviço Móvel de Urgência (SAMU) ou a intervenção das Centrais de Regulação de Vagas. Nos casos de necessidade de internação, essa deverá ser feita preferencialmente em leitos de hospital geral. EVENTOS CRôNICOS O acompanhamento dos casos estabilizados poderá ser feito pela equipe das US/USF capacitadas e com a supervisão e o apoio das Equipes de Saúde Men- tal localizadas em UBS e/ou pelas equipes dos CAPS. 1 Observar os agravos e os pontos de atenção definidos e pactuados neste Protocolo Clínico. 41DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL ALGORITMO DE REFERÊNCIA E CONTRA-REFERÊNCIA EM SAÚDE MENTAL RECURSOS SOCIAIS, COMUNITÁRIOS, GRUPOS DE MÚTUA AJUDA 43DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL VI. ATRIBUIÇÕES DOS PONTOS DE ATENÇÃO NO ATENDIMENTO ÀS SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 6.1 UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE (US E USF) A s atribuições e prerrogativas das unidades básicas de saúde e das unidades de saúde da família em relação ao acolhimento/atendimento das urgências de baixa gravidade/complexidade devem ser desem- penhadas por todos os municípios brasileiros, independentemente de estarem qualificados para atenção básica (PAB) ou básica ampliada (Paba), conforme Portaria GM nº. 2048/2002. Nesse sentido, os agravos da saúde mental que deverão ser atendidos nas US são os descritos abaixo: Síndromes extra-piramidais (parkinsonismo, acatisia, distonia); 1 Fugas do lar e deambulação excessiva e vaga, sem agitação psicomotora; 1 Definições e outras informações consultar a página 57. 44 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE Crise convulsiva em paciente com transtorno mental associado (epiléptica); Crise histérica (epileptiformes); Estados de embriaguez; Situações de risco psicossocial sem quadro agudo (pessoa incapaz de cui- dar de si mesma, desestruturação familiar, recusa do tratamento, popula- ção de rua, deambulação); Vítimas de maus tratos e abuso sexual; Crise de ansiedade; Transtornos depressivos leve e moderado. 6.2 PRONTO-ATENDIMENTO Trata-se de unidade não-hospitalar de atendimento às urgências e emergências. Essas deverão funcionar 24 horas por dia, todos os dias da semana, oferecendo assistência e dispondo de leitos de observação de até 24 horas. Deverá dispor minimamente de equipe de saúde composta por médico e enfer- meiro nas 24 horas, para atendimento contínuo de clínica médica e clínica pedi- átrica. Os agravos da área de saúde mental que deverão ser atendidos nessas Unida- des estão discriminados abaixo: Comportamento histriônico com ingestão moderada de substâncias psico- ativas; 45DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL Transtorno mental com condições clínicas associadas (sem risco de vida); Intoxicações/abstinência por álcool e/ou drogas (comprometimento mode- rado e leve); Agitação psicomotora por quadro de uso prejudicial de álcool e outras dro- gas; Agitação psicomotora leve e moderada por quadro de transtorno mental 2. 6.3 PRONTO-SOCORRO São serviços que funcionam exclusivamente para a assistência às urgências. Abertos nas 24 horas do dia, acabam por funcionar como “porta de entrada” do sistema de saúde, acolhendo as urgências propriamente dita, quadros percebi- dos como urgências, pacientes desgarrados da atenção primária e especializa- da e urgências sociais. Essas unidades devem estar habilitadas a prestar assistência correspondente ao primeiro nível de assistência da média complexidade. Devem estar aptas a prestar atendimento resolutivo aos pacientes acometidos por quadros agudos ou crônicos agudizados. São estruturas de complexidade intermediária entre as unidades básicas de saúde e de saúde da família e as Unidades Hospitalares de Atendimento às Urgências e Emergências (Portaria GM nº 2.048). 2 Os três últimos agravos descritos (relacionados ao uso prejudicial de álcool e outras drogas) deverão ser atendidos preferencialmente nos Centros de Atenção Psicossocial onde houver a presença desses serviços. Lembramos que os serviços específicos para essa clientela são os CAPSad e os CAPS I. Nas microrregiões com menor capacidade instalada em saúde (inclusive saúde mental) e sem a presença dos CAPS deverá ser adotado como ponto de atenção de referência o PA ou o PS. 46 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE Essas unidades devem contar, no mínimo, com equipe de saúde composta por médico e enfermeiro nas 24 horas para atendimento contínuo de clínica médica e pediátrica. Essa equipe deverá ser capacitada para o atendimento dos agra- vos em saúde mental. No caso dos transtornos mentais agudos, essas unidades deverão possuir pro- fissional treinado ou especializado com o objetivo de interromper o fluxo de internação em leitos psiquiátricos. Devem ainda possuir retaguarda de maior complexidade previamente pactua- da, com fluxo e mecanismos de transferência claros, mediados pela Central de Regulação, a fim de garantir o encaminhamento dos casos que extrapolem sua complexidade (Portaria GM nº 2.048). Dentre os agravos da saúde mental, os abaixo discriminados deverão ser refe- renciados para esse ponto de atenção: Intoxicações/abstinência por álcool e outras drogas (comprometimento grave)3; Overdose; Risco de suicídio; Auto e heteroagressividade (com risco de vida para si mesmo ou para ou- trem); Síndrome neuroléptica maligna; Condições clínicas associadas que levem a situação de risco de vida. 3 Conforme definido no Protocolo Clínico da Saúde Mental. Caso necessário a equipe da ES deverá referen- ciar para serviço de urgência de maior complexidade ou para leito psiquiátrico (Micro ou Macrorregional). 47DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL VII. GRANDES ÁREAS CLÍNICAS 7.1 PATOLOGIAS A s doenças mentais não são “entidades anátomo-clínicas”, mas formas de existência ou consciência patológica que se distinguem e diferem por sua fisionomia clínica, estrutura e evolução. As psicoses se definem, geralmente, pelo caráter grave dos distúrbios psíqui- cos (e, sobretudo, pelo Delírio ou pelos Distúrbios doHumor) e pelas circuns- tâncias de seu aparecimento, tanto “endógenas” quanto “exógenas”. Designam-se por: Neuroses, as doenças mentais que desorganizam menos profundamente a consciência e a personalidade; Demências, as que acarretam uma deteriorização profunda da atividade psíquica; Estados de retardo mental ou oligofrenias, as formas congênitas de insuficiên- cia do desenvolvimento intelectual. 48 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE 7.2 PSICOSES DEFINIÇÃO E SINTOMAS MAIS CARACTERÍSTICOS A descrição a seguir tem como finalidade instrumentar o clínico para o diagnós- tico sindrômico desse transtorno. O clínico deverá estar atento para a possibilidade de causas orgânicas que jus- tifiquem os sintomas e também para a existência de doenças clínicas associa- das. Dessa forma, os transtornos psicóticos caracterizam-se pela presença de alucinações e/ou delírios: Alucinações: são alterações do senso-percepção, nas quais o paciente apre- senta percepções falsas (na ausência de um estímulo real), que podem ocor- rer nas diferentes modalidades sensoriais (auditiva, gustativa, visual e tátil). Delírios: são alterações do conteúdo do pensamento, geralmente envol- vendo interpretação incorreta dos fatos. Também podem ocorrer alterações do curso do pensamento, o que reflete no discurso que se torna desorganizado. O paciente com psicose pode apresentar comportamento desorganizado, even- tualmente com agitação importante ou catatonia, e alterações do afeto, que pode estar embotado (menos intenso do que o esperado) ou incongruente com o estímulo. Vários transtornos mentais podem apresentar sintomas psicóticos, descritos acima: a esquizofrenia, o mais grave deles, a depressão grave e o transtorno bipolar, a demência e o dellirium tremens. ACOLHIMENTO Espera-se dos profissionais de saúde uma constante postura de acolhida ao receber usuários com transtornos mentais em serviços de saúde. Sendo assim, é importante: 49DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL Ter respeito às diferenças, pois o que se busca é conhecer o paciente; Buscar estabelecer um vínculo, o que será essencial para sua adesão ao tratamento e confiança na equipe; Abordar a família no sentido da importância da adesão ao tratamento; Atenção aos pontos de vulnerabilidade e quebra de vínculos familiares e sociais; Estreitamento dos vínculos entre a equipe e familiares de portadores de transtorno mental; Escuta cuidadosa e atenta para a identificação das demandas; Orientações quanto ao convívio familiar com o portador de transtorno men- tal; Orientação em relação aos procedimentos adotados; Discutir com a família sobre o encaminhamento para outro serviço de refe- rência mais adequado à situação, inclusive, a possibilidade de internação hospitalar. EVENTO AGUDO Avaliação: Agitação psicomotora; Risco de suicídio; Risco psicossocial (pessoa incapaz de cuidar de si mesma, desestrutura- ção familiar, recusa de tratamento); Transtornos graves com resposta insatisfatória à medicação usual; 50 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE Todos os pacientes com quadro psicótico, mesmo com história anterior de psicose devem ser submetidos a uma avaliação clínica geral, afastando-se causas orgânicas e identificando co-morbidades clínicas; O diagnóstico de transtornos psicóticos deve ser firmado pelo especialista, quando o indivíduo, com quadro agudo, em geral está agitado, incoerente e incapaz de informar sua história adequadamente; Quadros decorrentes de efeitos colaterais dos antipsicóticos (extra-pirami- dais). Procedimentos: Seguir protocolo geral caso tenha agitação ou risco de suicídio (contenção mecânica e/ou medicamentosa); Efetuar diagnóstico diferencial com quadros orgânicos cerebrais e outras doenças; Os principais efeitos colaterais dos antipsicóticos, que podem caracterizar evento agudo, estão descritos no quadro 2, juntamente com o seu manejo. Nesses casos não esquecer de explicar ao paciente e seus familiares o que está acontecendo; Há necessidade de diferenciar quadros orgânicos cerebrais e outras doen- ças, como intoxicações medicamentosas, que podem cursar com sintomas de psicose. Contenção física: É um método seguro, eficiente e reversível, não afetando o nível de consci- ência do paciente; Havendo risco da integridade dos profissionais, poderá ser solicitada ajuda da polícia militar para fazer a contenção; 51DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL É necessária a participação de, no mínimo, quatro profissionais; O material para a contenção é constituído de quatro faixas (uma para cada membro), de aproximadamente 12 metros de comprimento por 40 cm de largura, com tiras finas em uma das extremidades (figura 1). TÉCNICA DA CONTENÇÃO O paciente deverá ser deitado sobre uma cama, maca ou colchão e três ou 1. mais pessoas devem segurar os membros do paciente, estendidos (nos ossos longos; não fazer pressão sobre as articulações); Retirar do paciente: cinto, pulseiras, relógios, anéis, colares, objetos nos 2. bolsos, chaves ou outros que possam machucá-lo; Desenrolar cerca de 1 metro da faixa, juntar as duas partes fazendo uma 3. alça e colocar a mão direita pelo espaço da alça (figura 2); 52 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE Dobrar a laçada que ficou sobre a mão, colocando-a por cima da junção das 4. faixas (figura3); Firmar o laço que se formou com a mão esquerda, deixando a mão direita 5. dentro da laçada (figura 4); Cada uma das 6. quatro faixas deverá ser colocada em um dos punhos e tor- nozelos do paciente (por um dos quatro profissionais envolvidos), utilizando- se a mesma laçada (figura 5); 53DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL Introduzir, a seguir, a ponta mais curta da faixa dentro da laçada, o que evi-7. ta que ela aperte o paciente que está sendo contido, mantendo sempre a mesma tensão (pode-se verificar se a tensão está adequada introduzindo os dedos indicador e médio entre a faixa e o corpo do paciente); O restante da ponta mais curta deve ser amarrado à estrutura da cama, 8. imobilizando o paciente (o ideal é que a pessoa mais treinada faça as quatro laçadas, enquanto as outras contêm o paciente); Com a parte da faixa que estava enrolada envolver por três vezes o membro 9. que já está imobilizado pela laçada, sempre no sentido distal-proximal1, de forma a envolver joelhos e cotovelos; A seguir, 10. quatro pessoas, duas de cada lado da cama, farão a contenção propriamente dita, passando as faixas (duas pessoas para superiores e duas para inferiores) sobre o paciente e por baixo da cama (figura 6); As faixas que prendem os membros superiores devem vir dos ombros até 11. o abdome e as que prendem os membros inferiores dos tornozelos até a cintura (figura 7); 1 A imobilização acontece das extremidades para o tronco. 54 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE As faixas deverão ser colocadas na horizontal ou com pequenas inclinações, 12. o que dificulta que o paciente afrouxe a contenção (figura 8); É fundamental que as faixas fiquem bem esticadas. Para tanto, sempre que 13. uma volta for concluída puxar a faixa para dar a tensão necessária (nem muito apertada nem frouxa), e firmar os membros estendidos (nos ossos longos; não fazer pressão sobre as articulações); 55DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL No caso de pacientes que necessitem soroterapia ou medicação endove-14. nosa, após a imobilização dos braços com a laçada, as faixas são passadas por cima de um dos braços, do ombro até a cintura, e por baixo do outro, de modo a deixar livre parte do mesmo, permitido o acesso venoso (figura IV.9). CUIDADOS COM O PACIENTE CONTIDO Nunca deixá-lo sozinho − a presença de cuidadores junto ao paciente con- tribui para acalmar; Observá-lo constantemente em relação à segurança e ao conforto da con- tenção (observar a pressãoda faixa sobre a região contida); Manter tronco e cabeça levemente elevados; Monitorar sinais vitais e o nível de consciência, a cada 15 minutos e anotá- los na ficha de contenção (anexo 3); Caso a contenção seja mantida por mais de 1 hora, o paciente deverá ser reavaliado pelo médico de hora em hora (ou com maior freqüência); Não permitir que seja alimentado ou fume nesse período; Em caso de sede, molhar o algodão e passar nos seus lábios; Não administrar medicação por via oral nesse período; Não desfazer a contenção em situações de necessidades fisiológicas; Desfazer a contenção imediatamente em casos de emergência clínica, como dificuldades respiratórias, crises convulsivas e outras; Ao transportar o paciente para outro local, deixá-lo contido com faixa de segurança e explicar que esse procedimento é rotina; Caso a contenção física não seja suficiente para o controle da situação de crise, pode ser indicada a química. 56 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE CONTENÇÃO MEDICAMENTOSA PSICOFÁRMACOS UTILIZADOS NA CONTENÇÃO QUÍMICA: PRINCIPAIS INDICAÇÕES E INCONVENIENTES PSICOFÁRMACO POSOLOGIA INDICAÇÕES INCONVENIENTES HALOPERIDOL (Antipsicótico de alta potência) 5 mg, IM, cada 30 minutos, até a diminuição dos sintomas Máximo: 6 doses Primeira escolha: Quadros psicóti- 9 cos; Episódios manía- 9 cos. S 9 intomas extrapirami- dais; Contra-indicado em into- 9 xicações por inalantes. CLORPROMAZINA (Antipsicótico de baixa potência) 25 mg, IM Segunda escolha: Quadros Psicóti- 9 cos. Maior poder de sedação; 9 Risco aumentado de 9 formação de abscessos e reações granulomatosas; Causa hipotensão e efei- 9 tos anticolinérgicos; Contra-indicado em into- 9 xicações por inalantes. DIAZEPAM (Ansiolítico) 10 a 20 mg, VO Dose máxima, VO: 120 mg ao dia Primeira escolha: 9 Intoxicação alcoóli- ca aguda; Abstinência de ál- 9 cool ou de drogas hipnótico sedati- vas; Intoxicaçã 9 o por cocaína, alucinó- genos inalantes, maconha e antico- linérgicos; Quadros não-psi- 9 cóticos; tratamen- to das convulsões. Início da ação não é 9 rápido; Efeito sedativo; 9 Risco de depressão res- 9 piratória; Efeito paradoxal eventual; 9 N 9 ão usar via IM em intoxicações por alucinó- genos, maconha,cocaína e anticolinérgicos. 57DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL EFEITOS COLATERAIS DOS ANTIPSICÓTICOS E SEU TRATAMENTO PARKINSONISMO DISTONIA ACATISIA SÍNDROME NEUROLÉPTICA MALIGNA Q ua dr o C lín ic o Alterações de 9 marcha (marcha à petitpas) Bradicinesia 9 Facies em máscara 9 Rigidez tipo roda 9 denteada Salivação excessiva 9 Tremor de repouso 9 Desenvolvimen- 9 to súbito de con- trações breves ou prolongadas dos músculos agonistas e antagonistas, produzindo posturas anor- mais da cabeça, pescoço, tronco ou membros Desejo subjeti- 9 vo de estar em constante movi- mento Dificuldade em 9 permanecer parado: caminha, mexe os pés, cruza e descruza os braços, etc Sensação interna 9 de inquietação pode ser confun- dida como piora da agitação ou ansiedade Delirium 9 Febre 9 Hipertensão 9 arterial Rigidez muscular 9 Sudorese 9 Fatal em cerca 9 de 20% dos casos Fa to re s/ P er ío d o d e Ri sc o Primeira semana 9 de tratamento Aumento da 9 dosagem do antipsicótico 3 primeiros 9 meses de tra- tamento com antipsicóticos de alta potência (ex. haloperidol) Antipsicóticos 9 de alta potência, especialmente na forma depot Aumento rápido 9 da dose Desidratação 9 Desnutrição 9 Outras intercor- 9 rências clínicas M an ej o da C ris e Substituir o antipsicótico em uso, ou reduzir a dose pela metade Biperideno 2 mg, 1 ampola via intramuscular, visando ao alívio rápido (antes de uma hora) da sintomatologia; Substituir o antipsicótico em uso, ou reduzir a dose pela metade Propanolol 40 mg 2 a 3 vezes ao dia Emergência clínica – transferir para UTI (suspender o uso de antipsicóticos) M an ut en çã o Biperideno 2 mg, 1 comp. via oral 2 a 3 vezes ao dia, por 14 a 21 dias. Encaminhar para o ambulatório. 58 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE ENCAMINHAMENTOS: Identificação dos casos pela equipe PACS/ESF/ESM; Encaminhamento para avaliação por ESM; Após avaliação na U.S., encaminhar, caso necessário, para atendimento no PA/Urgência em Hospital Geral local, microrregional ou macrorregional; Encaminhamento pela ESM da U.S., caso necessário, para o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) para avaliação e elaboração de PTI2 (Projeto Terapêutico Individual) e seguimento por equipe multidisciplinar (ESM ou CAPS); Seguimento em serviço extra-hospitalar (CAPS), caso necessário, munici- pal ou microrregional, por indicação da Equipe de Saúde Mental (ESM); Atendimento e internação para tratamento em Pronto Atendimento/Pronto- socorro local3; Internação prioritariamente em leito psiquiátrico em Hospital Geral (HG), municipal, regional ou microrregional; Internação em hospital psiquiátrico se esgotadas todas as possibilidades de tratamento em leito psiquiátrico em HG local, micro ou macrorregional; Internação em hospital clínico no caso de doenças orgânicas; Atendimento e orientação à família pela equipe da U.S. sobre aspectos da doença, incentivando sua participação na continuidade do cuidado; 2 O Projeto Terapêutico Individual (PTI) é um conjunto de atendimentos que respeite a particularidade, personalize o atendimento de cada pessoa e proponha atividades durante a permanência no serviço se- gundo suas necessidades. 3 O atendimento em Pronto-socorro psiquiátrico deverá ser feito nos casos em que a rede não conseguir a remissão do quadro de pacientes da região metropolitana. 59DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL Utilização de recursos comunitários e intersetoriais como parte do PTI (pro- jetos de diferentes áreas que possam auxiliar na reinserção social). EVENTO CRôNICO Avaliação: Paciente com quadro estabilizado; Aceita medicação; Com suporte familiar ou social. Procedimentos: Avaliação especializada por ESM em U. S. para diagnóstico; Avaliação clínica para afastar possíveis causas orgânicas ou doença clínica associada. Encaminhamentos: Acompanhamento por Equipe de Saúde Mental (ESM) multidisciplinar com elaboração de PTI voltado para reabilitação psicossocial; Utilização de recursos comunitários e intersetoriais (projetos de diferentes áreas que possam auxiliar o trabalho de inserção social); Caso não haja no município profissional especializado ou capacitado, o pa- ciente deverá primeiramente ser avaliado em serviço/equipe especializada, micro ou macrorregional, para diagnóstico e orientação sobre a continuida- de do tratamento, com revisões periódicas por esse serviço/equipe; Na situação acima o paciente deverá ser acompanhado por equipe da ESF com atendimento regular e visitas domiciliares com freqüência programada para cada caso. 60 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE 7.3 DEPRESSÃO DEFINIÇÃO, TIPOS E SINTOMAS MAIS CARACTERÍSTICOS Os transtornos do humor caracterizam-se por rebaixamento ou elevação do humor, que também pode ser irritável. Eles interferem intensa e negativa- mente na qualidade de vida dos indivíduos; O transtorno depressivo maior se caracteriza por um ou mais episódios depressivos maiores; A distimia é um transtorno com sintomas menos intensos, porém com du- ração de pelo menos dois anos, quando ocorrem episódios de elevação do humor, ou mania (período com aumento da atividade, gastos excessivos, aumento da libido, euforia ou irritabilidade). Em geral, associados a outros de humor depressivo, temos os transtornosbipolares; O risco de um adulto apresentar transtorno depressivo maior é de 10 a 25% em mulheres e 5 a 12% em homens, durante a vida (American Psychiatric Association, 1994); Cerca de 15% dos indivíduos com transtorno depressivo maior morrem por suicídio; 80% dos indivíduos que receberam tratamento para um episódio terão um segundo episódio na vida, sendo quatro a média ao longo da vida; A duração de um episódio é de seis meses ou mais; 12% dos pacientes têm um curso crônico sem remissão dos sintomas; A depressão é a quarta causa específica de incapacitação. EVENTO AGUDO Avaliação: Idéias e/ou comportamento suicida; Transtornos Graves (pacientes não sai do leito, não se alimenta, não se cuida); 61DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL Risco psicossocial (pessoa incapaz de cuidar de si mesma, desestrutura- ção familiar, recusa de tratamento); Agitação, ansiedade, pânico; Efeitos colaterais graves da medicação (vide quadro de sintomatologia de- corrente da intoxicação por medicamentos antidepressivos). Procedimentos: Avaliação especializada por ESM e encaminhamento para tratamento no PA; É fundamental afastar causas orgânicas, por isso torna-se imprescindível efetuar diagnóstico diferencial com quadros orgânicos cerebrais e outras doenças. Encaminhamentos: Identificação dos casos pelas equipes PACS/ESF/ESM; Avaliação por ESM; Após avaliação, a ESM deverá encaminhar, caso necessário, para atendi- mento no PA/Urgência em Hospital Geral local, micro ou macrorregional; Encaminhamento pela ESM da U.S., caso necessário, para o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) para avaliação e elaboração de PTI4 (Projeto Terapêutico Individual) e seguimento por equipe multidisciplinar (ESM ou CAPS); Seguimento em serviço extra-hospitalar (CAPS), caso necessário, munici- pal ou microrregional, por indicação da Equipe de Saúde Mental (ESM); 4 O Projeto Terapêutico Individual (PTI) é um conjunto de atendimentos que respeita a particularidade, personaliza o atendimento de cada pessoa e propõe atividades durante a permanência no serviço segun- do suas necessidades. 62 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE Atendimento e internação para tratamento em Pronto Atendimento/Pronto- socorro local5; Internação prioritariamente em leito psiquiátrico em Hospital Geral (HG), municipal, regional ou microrregional; Internação em hospital psiquiátrico se esgotadas todas as possibilidades de tratamento em leito psiquiátrico em HG local, microrregional ou macror- regional; Internação em hospital clínico no caso de doenças orgânicas; Atendimento e orientação à família, pela equipe da U.S. sobre aspectos da doença, incentivando sua participação na continuidade do cuidado; Utilização de recursos comunitários e intersetoriais deverão fazer parte do PTI (projetos de diferentes áreas que possam auxiliar na reinserção social). EVENTO CRôNICO Avaliação: Paciente com quadro estabilizado; Aceita medicação; Com suporte familiar ou social. Procedimentos: Avaliação especializada por ESM em U. S. para diagnóstico; Avaliação clínica para afastar possíveis causas orgânicas ou doença clínica associada. 5 O atendimento em pronto-socorro psiquiátrico deverá ser feito nos casos em que a rede não conseguir a remissão do quadro de pacientes da região metropolitana. 63DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL Encaminhamentos: Acompanhamento por Equipe de Saúde Mental (ESM) multidisciplinar, com elaboração de PTI voltado para reabilitação psicossocial; Utilização de recursos comunitários e intersetoriais (projetos de diferentes áreas que possam auxiliar o trabalho de inserção social); Caso não haja no município profissional especializado ou capacitado, o pacien- te deverá primeiramente ser avaliado em serviço/equipe especializada, micro ou macrorregional, para diagnóstico e orientação sobre a continuidade do tra- tamento, com revisões periódicas determinadas por esse serviço/equipe; Na situação acima o paciente deverá ser acompanhado por equipe da ESF do município, com atendimento regular e visitas domiciliares com freqüên- cia programada para cada caso. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE OS PSICOFÁRMACOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS DO HUMOR Categoria Droga Apresentação Dose diária Antidepressivos tricíclicos Cloridrato de Amitriptilina 25 mg cápsula 50-300 mg Cloridrato de Clomipramina 10 mg cápsula 50-300 mg 25 mg cápsula Nortriptilina 50 mg compr 50 – 300 mg Estabilizadores do humor Carbamazepina 200 mg compr 400-1600 mg Carbonato de Lítio1 300 mg compr 900-2100 mg* Ácido Valpróico 250 mg cápsula 400-1600 mg Clonazepam 0,5 mg compr 0,5 – 6 mg 2 mg compr ISRS Cloridrato de Fluoxetina 20 mg cápsula 20 – 80 mg *1 – A dosagem laboratorial da litemia é indispensável, devido ao risco de intoxicação. No tratamento da fase aguda, o nível sérico de lítio deve ser de 0,9 a 1,2 mEq/l, e na manutenção, de 0,6 a 0,9 mEq/l. 65DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL VIII. ATENÇÃO A USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS 15 a 30% da população adulta, em algum momento da vida, tem problemas associados ao uso de álcool; 12,3% da população brasileira de 12 a 65 anos apresentam dependência do álcool (CEBRID, 2006); Constam 20.472 registros de alcoolismo referido no Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), em 2006; Das internações psiquiátricas no ES de 2002 a 2006, 13.444 foram por ál- cool e outras drogas; Com relação às outras drogas (exceto álcool e tabaco), o uso entre estudan- tes de 1º e 2º graus, em dez capitais brasileiras, variou de 18 a 23%; Cada dependente químico afeta diretamente a vida de pelo menos quatro ou mais pessoas; Aproximadamente 20% dos pacientes tratados na rede primária fazem uso de bebida alcoólica, um nível considerado de alto risco; No caso de mulheres grávidas ou que estão amamentando, o abuso do álcool pode provocar malformações no bebê. 66 COLEÇÃO UMA NOVA SAÚDE 8.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO CONSUMO É útil distinguir vários tipos de usuários de drogas, segundo critérios científicos, para desfazer o preconceito de que todos sejam “viciados”, “marginais” ou “ma- conheiro”. Assim, a Unesco distingue quatro tipos: Experimentador: limita-se a experimentar uma ou várias drogas, em geral, por curiosidade, sem dar continuidade ao uso; Usuário ocasional: utiliza uma ou várias substâncias, quando disponível ou em ambiente favorável, sem rupturas nas relações afetivas, sociais ou profissionais; Usuário habitual: faz uso freqüente, ainda controlado, mas já se observam sinais de rupturas nas relações; Usuário dependente (toxicômano, drogadito, dependente químico): faz uso intenso, vivendo pela droga e para a droga, descontroladamente, com rupturas em seus vínculos sociais, com marginalização e isolamento. 8.2 O ACOLHIMENTO Orienta-se aos profissionais de saúde uma constante “postura” de acolhida ao receber usuários de álcool e outras drogas em serviços de saúde. Sendo assim, é importante: Ter respeito às diferenças, pois o que se busca é conhecer o nosso paciente; Levantar dados sobre sua personalidade, e sócio-culturais; Investigar o lugar que a droga ocupa em sua vida, as dificuldades trazidas pelo uso, as razões que levaram ao uso e as que fizeram continuar usan- do; Abordar as perdas sofridas, os recursos internos e externos que podem au- xiliar no tratamento, entre outros, para podermos melhor traçar seu plano de tratamento; 67DIRETRIZES DA SAÚDE MENTAL Buscar estabelecer um vínculo com o paciente, o que será essencial para sua adesão ao tratamento e confiança na equipe. 8.3 EVENTO AGUDO Estados de intoxicação; Estados de abstinência; Psicose alcoólica; Síndrome de abstinência
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