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UNIFAVIP | DeVry CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO IPOJUCA COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA CIVIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL HYGOR MARCELL FREITAS LIMA FERRAMENTAS DE GESTÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA AUXILIO DE APLICAÇÃO DO KANBAN E SUAS ADAPTAÇÕES Caruaru 2016 HYGOR MARCELL FREITAS LIMA FERRAMENTAS DE GESTÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA AUXILIO DE APLICAÇÃO DO KANBAN E SUAS ADAPTAÇÕES Caruaru 2016 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário do Vale do Ipojuca, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientadora: Profª Mra. Morgana Giorgia Catalogação na fonte - Biblioteca do Centro Universitário do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE L732f Lima, Hygor Marcell Freitas. Ferramentas de gestão da construção civil para auxilio de aplicação do kanban e suas adaptações / Hygor Marcell Freitas Lima. – Caruaru: UNIFAVIP | DeVry, 2016. 60 f.: il. Orientador (a): Profª Mra. Morgana Giorgia. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Civil) – Centro Universitário do Vale do Ipojuca. 1. Sistema Kanban. 2. Ferramentas de Gestão. 3. Adaptação. 4. Construção Civil. 5. Just-in-Time. I. Título. CDU 624[16.2] Ficha catalográfica elaborada pelo setor de Processamento técnico HYGOR MARCELL FREITAS LIMA FERRAMENTAS DE GESTÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA AUXILIO DE APLICAÇÃO DO KANBAN E SUAS ADAPTAÇÕES _______________________________ Morgana Giorgia Costa dos Santos (Me. em Engenharia de Produção) _______________________________ Antônio Romão Alves da Silva Filho (Dr. em Engenharia Civil) _______________________________ Avaliador(a) (Titulação) Caruaru 2016 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário do Vale do Ipojuca, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientadora: Profª Mra. Morgana Giorgia Aprovado em __/__/__ Você pode encarar um erro como uma tolice a ser esquecida, ou como um resultado que aponta uma nova direção. Steve Jobs RESUMO Este trabalho partiu de uma recente verificação desfavorável no setor da construção civil nacional, no qual há grande necessidade de otimizar a gestão para reduzir desperdícios, sustentabilizando os empreendimentos. Com isto, surge uma das ferramentas amplamente estudadas em diversos setores industriais, o kanban, advindo do Sistema Toyota de Produção. Esta ferramenta fornece informações precisas para que as empresas localizem onde ocorrem os principais desperdícios para que possa realizar o tratamento necessário, possibilita o controle dos recursos, dá mais autonomia ao operário, dentre outras vantagens. Entretanto esta ferramenta ainda é pouco difundida no setor da construção civil. Assim sendo, este trabalho tem como objetivo: verificar quais ferramentas de gestão da construção civil são necessárias para implantação do kanban no canteiro de obras. Estas ferramentas foram identificadas através de levantamento bibliográfico, e, através destas informações, foi elaborado um questionário e aplicado em 4 construtoras de Caruaru-PE. Como resultado foi identificado que uma dessas empresas possui alta capacidade para implantar o kanban e outras três com capacidade mediana. Foi concluído que nenhuma destas empresas utiliza ferramentas do sistema Toyota, e todas elas necessitam de ajustes em sua gestão para implantar o kanban. Palavras-Chave: Sistema Kanban. Ferramentas de Gestão. Adaptação. Construção Civil. Just-in-Time. Processo por projetos. Construção Enxuta. ABSTRACT This work was based on a recent unfavorable selection in the national construction sector, there is no great need to optimize a management to reduce costs and the sustainability of the projects. With this, arises one of the tools widely studied in several industrial sectors, the kanban, coming from the Toyota System of Production. This tool provides accurate information for companies to locate where the main waste takes place so that it can perform the necessary treatment, control resources, more autonomy to the worker, and other advantages. However, this tool is still not widespread in the civil construction sector. Therefore, the objective of this work is to see which construction management tools are necessary for the implementation of kanban at the construction site. These tools were identified through a bibliographic survey, and, on this information, a questionnaire was elaborated and applied in 4 Caruaru-PE constructors. As a result, it was identified that one of the companies has high capacity to implement kanban and another three with medium capacity. Toyota, and all of them need adjustments in their management to deploy kanban. Keywords: Kanban system. Management tools. Adaptation. Construction. On the right time. Process by projects. Lean Construction. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Cronograma de Gantt ................................................................... 18 Figura 2 – Composição de custo unitário por m² ........................................ 19 Figura 3 - kanban de produção ..................................................................... 23 Figura 4 - kanban de aquisição ..................................................................... 23 Figura 5 - Painel de kanbans ......................................................................... 25 Figura 6 - Círculo de Deming: retroalimentação de qualidade ................... 27 Figura 7 - Informação de processo sucessor e predecessor no kanban .. 37 Figura 8 - Informação de materiais necessários para produção ................ 38 Figura 9 - Informação da quantidade de cartões ......................................... 39 Figura 10 - Informação do local de estoque no kanban .............................. 40 Figura 11 - Painel de kanbans de produção adaptado ................................ 44 Figura 12 - Pontuação obtida pelas empresas ............................................ 45 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 9 1.1 Problematização ........................................................................................ 9 1.2 Hipótese .................................................................................................... 10 1.3 Objetivo Geral .......................................................................................... 111.4 Objetivos Específicos .............................................................................. 11 1.5 Justificativa .............................................................................................. 11 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 13 2.1 Sistema Toyota de Produção (STP)........................................................ 13 2.2 A Construção Civil e o Sistema Toyota ................................................. 14 2.3 Padronização na construção civil .......................................................... 15 2.4 Sistema de Produção Just in Time (JIT) ................................................ 16 2.4.1 Comparação entre a filosofia JIT e a filosofia tradicional ......................... 16 2.4.3 Layout para JIT ........................................................................................ 19 2.4.4 Gerencia da linha para JIT ....................................................................... 20 2.5 Kanban ...................................................................................................... 21 2.5.1 Funcionamento do kanban ...................................................................... 22 2.5.1.1 Cartões ................................................................................................ 23 2.5.1.2 Contenedores Padronizados ............................................................... 24 2.5.1.3 Painel de Kanbans............................................................................... 24 2.5.1.4 Área de entrada dos kanbans .............................................................. 25 2.5.1.5 Área de saída dos kanbans ................................................................. 25 2.6 Aspectos da indústria seriada e de construção civil ............................ 25 2.6.1 Ciclo PDCA .............................................................................................. 27 2.7 Projeto....................................................................................................... 28 2.8 Planejamento e Controle de Produção (PCP) ........................................ 29 3 METODOLOGIA .......................................................................................... 31 3.1 Classificação da pesquisa ...................................................................... 31 3.2 Organização e análise dos dados .......................................................... 31 3.3 Universo e Amostra ................................................................................. 33 3.4 Instrumentos de coleta de dados ........................................................... 33 4 ANÁLISE E RESULTADO DOS DADOS .................................................... 36 4.1 Aplicação do sistema “puxar” em obras ............................................... 36 4.1.1 Padronização do processo – SiQ 2000 .................................................... 36 4.1.2 Gráfico de Gantt ....................................................................................... 37 4.1.3 Composição unitária e ciclo PDCA .......................................................... 38 4.1.4 Layout para JIT em obras ........................................................................ 40 4.1.5 Gerencia da linha para JIT em obras ....................................................... 41 4.1.6 MRP II ...................................................................................................... 41 4.2 Kanban na construção civil .................................................................... 42 4.2.1 Contenedores padronizados para a construção civil ............................... 42 4.2.2 Painel de kanbans de produção na construção civil. ............................... 43 4.2.3 Área de entrada dos kanbans na construção civil.................................... 44 4.2.4 Área de saída dos kanbans na construção civil ....................................... 45 4.3 Resultado da coleta de dados ................................................................ 45 4.3.1 Interpretação do resultado geral .............................................................. 46 4.3.2 Interpretação individual dos resultados .................................................... 48 5 ANÁLISE E RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO ...................................... 50 REFERENCIAS ................................................................................................ 53 APENDICE ....................................................................................................... 56 ANEXOS .......................................................................................................... 58 9 1 INTRODUÇÃO 1.1 Problematização O mundo produtivo industrial observou no Japão, a partir da década de 50, uma reestruturação na gestão da produção e na forma de organização do trabalho, isto decorrente do desenvolvimento do Sistema Toyota de Produção (STP) na Toyota Motor Company, esse sistema também é conhecido como Produção Enxuta. Dentre as ferramentas utilizadas pela Toyota, destaca-se o kanban. Conforme exposto por Ohno (1997), o kanban é uma poderosa ferramenta que tem por objetivo a eliminação de desperdícios e permite um estudo criativo e de propostas de melhorias. Na linha de produção o kanban reduz mão-de-obra e estoque, além de eliminar produtos defeituosos e impedir a recorrência de erros. Segundo White e Prybutok (2001), muitos gerentes fizeram uma série de esforços e tentativas de implantação sistema Toyota, entretanto, vários dos conceitos associados a essa prática continuam sendo pouco entendidos. O sistema kanban, é aplicado muitas vezes de forma incorreta ou em condições impróprias para sua utilização. Além disto, como o kanban originou-se na indústria automobilística, por isto, há dificuldades para que o ele seja adaptado e utilizado em obras da construção civil. Uma das principais causas para isto ocorrer é a falta de literatura referente especificamente ao tema na construção civil. Ainda existem outras dificuldades inerentes as características da construção civil, como por exemplo: Projetos únicos: Cada projeto é somente utilizado em uma única obra com raras exceções (KOSKELA, 1992). Portanto, o método que se utiliza o kanban para um produto, não será necessariamente o mesmo para outro, assim tendo que ser alterado a cada nova obra. Alta rotatividade da mão-de-obra (VIEIRA, 2006): isto dificulta a implantação do STP, pois para aplicar efetivamente a ferramenta, necessita-se de treinamento especifico para o seu uso, conforme os operários mudem, os novos devem receber novamente o treinamento. 10 Dinâmica complexa (YAZIGI, 2011): a programação é constantemente alterada, e deve rapidamente se adaptar para o prosseguimento de acordo com o planejamento esperado e a cada novo planejamento, o kanban deverá ser recalculado para se adaptar à nova programação. Além destes aspectos, Yazigi (2011) ressalta que a cadeia produtiva que forma a construção civil é complexa e heterogênea, com produção parcial da totalidade, subdivididas em muitas etapas ao longo do tempo, estas, com diferentes padrões de qualidade e índices de produtividade. Vale ressaltar que alguns serviços ocorrem simultaneamente, gerando várias células de produção, e a equipe gerencial, formada por engenheiros, auxiliares, técnicos, mestres e encarregados, devem ter total controle sobre o que ocorre no canteiro de obras, isto se torna complexo sem nenhum auxilio de ferramentas de controle que ajudem a tomar decisões rápidas. É notável que quandoutilizado em obras, a maneira de utilização do kanban deve ser adaptada, levando em consideração os aspectos que diferem de sua ideologia original e verificado quais as ferramentas de gestão que a empresa construtora utiliza. Portando, para este estudo levantou-se o seguinte questionamento: Quais são as características e ferramentas de gestão que as empresas construtoras devem ter em seu empreendimento para a implementação da kanban? 1.2 Hipótese Esta pesquisa levanta a hipótese de que para facilitar a aplicação do kanban em diferentes obras, é relevante uma verificação de quais características de gestão que a empresa possui. Além disto, é relevante verificar se há ferramentas de gestão, que já são utilizadas no setor, que possam servir de auxílio para implantação do kanban. A verificação das características de gestão de uma empresa, podem vir a facilitar ou dificultar a implantação do kanban. Já a verificação das ferramentas, podem servir para descrever as informações contidas no cartão kanban, além de quantificar o número dos cartões e os de materiais que cada serviço virá a utilizar. 11 1.3 Objetivo Geral Verificar quais ferramentas de gestão da construção civil são necessárias para implantação do kanban no canteiro de obras. 1.4 Objetivos Específicos Abordar as diferenças entre o a produção seriada e a produção por projetos da construção civil; Realizar levantamento bibliográfico para comparar a indústria de processo de produção seriada com a indústria de processos por projetos; Identificar ferramentas de gestão da construção civil que servem de auxílio para implantação do kanban; Identificar qual o nível em que algumas construtoras de Caruaru-PE estão para que possa implantar o kanban. 1.5 Justificativa Este trabalho foi realizado para entender quais os motivos que, segundo White e Prybutok (2001), levam as empresas a sentirem dificuldades, e muitas vezes se frustrarem na implantação do kanban. Entretanto este trabalho é específico para as empresas do ramo da construção civil. Sendo assim, este trabalho pode levar ao entendimento do funcionamento do kanban em sua concepção original, e, realizando elo com as ferramentas de gestão já consolidadas da construção civil, também pode servir como ferramenta auxiliar para implantação desta ferramenta, trazendo os benefícios que ela oferece para a cadeia produtiva. Moura (2007), aponta alguns benefícios do kanban, sendo eles: Estimular a iniciativa por parte dos empregados da área; controlar informações; controlar 12 estoque; ressaltar o senso de prioridade entre os empregados; simplificar os mecanismos de administração do trabalho; visualizar fisicamente o processo. Com isto, a apuração das ferramentas de gestão que as empresas construtoras utilizam, irá realizar um diagnóstico do nível enquadrado para a aplicação do kanban. Esta apuração servirá como base para uma abordagem futura de possível implantação da ferramenta. Com este entendimento formado, os gestores das empresas construtoras, também poderão visualizar adicionar ou remover ferramentas que julgarem necessárias, para que assim, consigam implantar em suas obras o kanban. Dessa forma, espera-se que os resultados deste trabalho sirvam de referência para que a academia consiga ampliar as ideias iniciais e potencializar os benefícios desta ferramenta. Também pretende-se evoluir os resultados dentro da indústria da construção civil, levando os benefícios de preços mais acessíveis para a sociedade e diminuindo desperdícios para alcançar empresas mais sustentáveis. 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Sistema Toyota de Produção (STP) Em países ao redor do mundo, pessoas estão estudando métodos de produção, para melhorar o desempenho das empresas e evitar os desperdícios, um destes métodos foi desenvolvido no Japão, que é denominado Sistema Toyota de Produção. O histórico do Sistema de Toyota de Produção conforme Wolmack et al. (2004), se deu a partir dos anos 30, quando o governo japonês impediu que a Toyota vendesse carros de passeio. Depois disto, no fim dos anos 50 houve um colapso nas vendas da Toyota que forçou a companhia a dispensar grande parte de sua equipe. Mas o ápice para a obrigar uma mudança na concepção da produção da Toyota aconteceu após uma grande greve, quando o diretor (fundador da Toyota) renunciou a companhia. Após a turbulência na empresa, os autores ainda afirmam que Eiji Toyoda não desistiu da companhia e, após visitar indústrias como a fábrica Rouge da Ford, notou que o tipo de sistema de produção em massa não seria válido para o Japão, então deu partida a Produção Enxuta com o “toyotismo” que, logo após, o engenheiro de produção Taiichi Ohno desenvolveu as ideias de Eiji para firmar o Sistema Toyota de Produção. Conforme foi pensado por Ohno (1997), os pilares desse sistema são o sistema Just in Time (JIT) e a Autonomação. De acordo com Correa e Gianesi (1993), o JIT é mais do que uma técnica, de administração da produção, sendo considerada uma “filosofia” incluindo aspectos de administração de materiais, gestão da qualidade, arranjo físico, projeto do produto, organização do trabalho e gestão dos recursos humanos. O autor ainda afirma que a ferramenta utilizada para controle do JIT é o kanban, que nada mais é do que instruções colocadas num cartão que, rapidamente, comunicam as informações necessárias na estação de trabalho. Posteriormente será dada ênfase ao tema. 14 2.2 A Construção Civil e o Sistema Toyota De acordo com Yazigi (2011), nos últimos anos, vêm sendo realizados grandes esforços para introduzir na construção civil a Qualidade Total, que é a meta do JIT, e atualmente predomina em vários setores industriais. A construção requer uma adaptação específica de tais teorias, devido à complexidade do processo, no qual intervém muitos fatores. Um marco acadêmico referente ao estudo da adaptação dos princípios Toyota de Produção na construção civil foi elaborado pelo Finlandês Lauri Koskela em 1992 com a publicação do trabalho “Application of the New Production Philosophy to Construction” pelo CIFE – Center for Integrated Facility Engineering, ligado à Universidade de Stanford, EUA. Desta publicação iria surgir o conceito de Lean Construcction (Construção Enxuta), uma filosofia que vem sendo estudada até hoje. Conforme Koskela (1992), mesmo que existam inúmeros exemplos de sucesso da implementação da filosofia Toyota e, há também exemplos de falhas e falsas partidas. Afinal, a maioria das empresas ainda não lançaram esforços completamente para adotar essas ideias. Conforme exposto por Picchi (1993), os conceitos e metodologias de gestão da qualidade no STP, foram desenvolvidos em geral em setores da indústria de transformação, tais como: mecânica, eletrônica, etc. Diferente das industrias anteriormente citadas, a produção na indústria da construção civil, conforme Slack (2009), ocorre em processo por projeto, sendo único, e que obedece às necessidades individuais. Com início e fim bem definidos, alto custo e pouca repetibilidade. No setor da construção civil, Vieira (2006), compara a cadeia de suprimentos com a da indústria seriada, entende-se que o canteiro seria a unidade fabril com os variados departamentos. Os agentes internos de produção do canteiro seriam as equipes de sondagem, armadores, carpinteiros, pedreiros, etc. Os agentes administrativos seriam os engenheiros, técnicos, mestres e encarregados.A matéria-prima seriam as ferragens, madeiras, tijolos, cimento, areia, brita, canos, dentre tantos outros. Portanto, com esta analogia, é possível adaptar alguns parâmetros do sistema Toyota para a produção nas empresas da construção civil. 15 Além disto, o autor afirma que deve haver uma administração competente, para proporcionar uma boa, senão perfeita, integração e coordenação de todas as atividades produtivas e agentes envolvidos para garantir a maximização da produtividade e aumento do nível do serviço desejado pelo cliente final. No STP, a ferramenta que proporciona os requisitos que Vieira (2006) explana é o kanban pois que controla a produção e auxilia o JIT, Ohno (1997) afirma que deve haver algumas adversidades em seu processo de implantação. [...] se o sistema kanban for introduzido sem fazer parte de uma filosofia total, eu acho que vão surgir problemas. O sistema não foi criado da noite para o dia, mas através de uma série de inovações - um método desenvolvido durante 30 anos para aumentar a eficiência global e melhorar o ambiente de trabalho. (OHNO, 1997, p. 19). Comparando os pensamentos expostos por Vieira (2006) e Ohno (1997), nota-se que as construtoras devem ter a sua gestão alinhada e padronizada para integrar o sistema kanban, este sistema pode ser auxiliado pelas normas ISO. 2.3 Padronização na construção civil Yazigi (2011), afirma que no ano de 2000, após a publicação da nova norma NBR ISO 9001:2000 (norma que padroniza produtos ou serviços para melhorar a gestão empresarial), o governo federal brasileiro criou o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade na Construção Civil (PBQP-h), normatizado pelo Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras – Construtoras, chamado de SiQ – Construtoras:2000, Ainda conforme o autor, esta norma é similar a NBR ISO 9001:2000, apenas adaptada para itens da construção civil. Foram elaborados requisitos para os níveis de qualificação das construtoras, conforme as construtoras cumpram certos requisitos, passam a níveis superiores, D, C, B e A, respectivamente, conforme anexo I. Para este trabalho, verificou-se que conforme a tabela do SiQ- Construtoras “Requisitos de Sistema de Gestão”, no item 7.1.2, é exigido que a construtora deva ter planejamento de execução da obra para que esteja no nível B. Então, observou-se que somente a partir deste nível seria possível a implementação do kanban em seu sistema de gestão, pois conforme será exposto durante o trabalho, a implantação da ferramenta necessita de 16 planejamento, embora ainda não exista referências específicas sobre os critérios do SiQ para a inserção das ferramentas do sistema Toyota. Contudo, não necessariamente a empresa deve ter vínculos com o SiQ – Construtoras:2000, mas sim, obedecer às condições mínimas para conseguir aplicar o kanban. Como é perceptível, os tipos de indústrias seriadas e de projetos, diferem em alguns aspectos. Para Ohno (1997), a correta aplicação da filosofia Toyota deve-se adaptar a metodologia do JIT e da ferramenta kanban, assim, compatibilizando os conceitos para ser aplicável trazendo os seus benefícios. 2.4 Sistema de Produção Just in Time (JIT) O sistema Just in Time foi desenvolvido pela Toyota desde a década de 40 e posteriormente melhor elaborado e descrito por Ohno (1992). Para o autor, este sistema permitiu que o Japão escapasse da crise que assolou a economia no país em 1973, com o choque do petróleo. Mais tarde, esta política veio a surpreender empresas americanas e europeias, que então, se dedicaram a entende-la e desenvolve-la para implementar versão do sistema. Atualmente tem se mostrado um dos modelos de referência das indústrias seriadas. Segundo Imai (1998), o sistema de produção JIT (no momento certo), visa a identificação e eliminação de atividades que não acrescentam valor e conseguir um sistema de produção ágil e suficientemente flexível que se adapte às flutuações dos pedidos dos clientes. JIT reduz de forma significativa o custo, entrega o produto a tempo e aumenta em muito a disponibilidade da empresa. 2.4.1 Comparação entre a filosofia JIT e a filosofia tradicional Conforme Correa e Gianesi (1993), no sistema denominado “puxar”, a produção ocorre de acordo com a demanda, produzindo a cada etapa da produção somente os itens necessários, nas quantidades necessárias e no momento correto. Esta filosofia ficou conhecida nos países ocidentais como sistema Kanban, que é o nome designado aos cartões utilizados para autorizar a produção e a movimentação dos itens produzidos ao longo dos processos. 17 Ainda conforme o autor, o sistema JIT apresenta muitas diferenças de abordagem em relação aos sistemas tradicionais de produção. A principal diferença seria o método de “puxar”. O sistema tradicional tem como característica “empurrar” a produção. Neste caso, as operações de produção são iniciadas do momento que os recursos estão disponíveis para as operações de acordo com a ordem de serviço, isto significa que, a partir do momento que os recursos estão disponíveis já se pode produzir. Uma vez completada a operação, o lote produzido é “empurrado” para a operação posterior, que entra na fila de lotes a serem processados em outra fase do processo. 2.4.2 Sistema “puxar” em obras Slack et al (2009) afirma que o projeto deve ter a sequência do processo bem definido, e estas operações necessitam de cronograma detalhado, mostrando em que momento os trabalhos devem começar e terminar podendo assim, prever onde serão alocados os recursos no momento necessário. Para Mattos (2010) uma ferramenta comumente utilizada na construção civil, é o gráfico de Gantt (criada por H. L. Gantt em 1917). Ele aplicação de um filtro no cronograma geral da obra, deixando a visualização mais objetiva do processo de que ocorrerá em um curto prazo. A programação serve como uma agenda devendo ser seguida à risca, transformando as atividades em um roteiro dirigido as equipes de campo para obedecer ao planejamento global. Ainda conforme o autor, o cronograma de Gantt é um gráfico simples onde à esquerda, figuram as atividades e à direita, as suas respectivas barras desenhadas em uma escala de tempo. O comprimento da barra representa a duração da atividade, cujas datas de início e fim podem ser lidas nas subdivisões da escala de tempo, sendo possível visualizar as atividades predecessoras e sucessoras, previsão de compras de materiais. Um exemplo simples é visto na figura 1. 18 Figura 1 - Cronograma de Gantt Fonte: Mattos (2010) p. 205. Mattos (2010) afirma que o cronograma de Gantt constitui uma importante ferramenta de controle, porque é visualmente atraente, fácil de ser lido e apresenta de maneira simples e imediata a posição relativa das atividades ao longo do tempo. Qualquer pessoa com um mínimo de instrução pode manusear um cronograma e dele extrair informação sem dificuldade. Entretanto, no cronograma, isoladamente, não está visível as informações necessárias para implantar o JIT. Para conseguir alocar os materiais na quantidade necessária, no momento necessário para produzir o necessário, o planejador deve ter levantado os quantitativos de índices e consumo de material de cada etapa, estas informações são retiradas das composições unitárias. As composições unitárias (figura 2) para Mattos (2010) são tabelas que contêm os insumos do serviço em questão, com seus respectivos índices (ou coeficiente de consumo), custo unitário e custo total. Índice é a ocorrência de cada insumo na execuçãode uma unidade do serviço. Portanto o índice é sempre expresso como unidade de tempo por unidade de trabalho (h/kg, h/m², min/un, dia/m³, semana/t, etc). Ainda conforme o autor, inversamente, produtividade é definida como a taxa de produção de uma pessoa, equipe ou equipamento, normalmente sua unidade é dada em horas. Não se deve confundir produtividade com produção, a produção é quantidade de unidades feita em um período de tempo, a produtividade é a velocidade com que o operário finaliza um serviço. 19 Figura 2 – Composição de custo unitário por m² Fonte: Adaptado da Caixa Econômica Federal1 2.4.3 Layout para JIT Na construção civil, deve-se pensar no canteiro de obras como chão de fábrica. Viera (2006) fala que o projeto do canteiro tem grande influência no tempo dos deslocamentos e na movimentação de materiais, tendo impacto sobre a produtividade. “Apesar de toda essa influência bastante significativa no desenvolvimento de uma obra, ainda existe no Brasil pouca preocupação, por parte das empresas, com a elaboração de tal projeto. ” (VIEIRA, 2006, p. 155). Portanto, para facilitar a implantação do sistema JIT em obras, os gestores da construção civil devem remeter-se a visualizar o sistema original e organizar o canteiro conforme os preceitos lá estabelecidos, realizando algumas adaptações. Seguindo o raciocínio de Ohno (1997), o sistema JIT otimiza os estoques, pois só estaria disponível a quantidade essencial para a produção no momento em que se necessita, e por consequência, com menos material estocado, otimizaria o espaço. O sistema também permite que o fluxo do processo siga de forma continua, logo, melhora a organização da fábrica, no caso da construção civil, o canteiro de obras. 1 http://www.caixa.gov.br/site/Paginas/downloads.aspx#categoria_653 acessado em mai. 2016, adaptado. 20 No suposto dado por Correa e Gianesi (1993), para a implantação do JIT, deve-se haver um projeto inteligente, que seja possível visualizar os processos durante o projeto do produto. O autor ainda aborda que o JIT impões mudanças no arranjo físico disponível, devendo diminuir a movimentação de materiais e pessoas, para diminuir o lead time2. O arranjo físico utilizado nas empresas que adotam o JIT, é o arranjo celular, onde tenta-se linearizar o layout, favorecendo o fluxo contínuo. Conforme Moura (2007), para o kanban funcionar corretamente, as equipes deverão seguir algumas regras, e os postos de trabalho deverão estar organizados para isto. No chão de fábrica, uma ferramenta de auxilio seria o gerenciamento visual. 2.4.4 Gerencia da linha para JIT De acordo com Correa e Gianesi (1993), a gerência da linha para o JIT, destaca o balanceamento da produção, ou seja, alocar os recursos necessários para cada posto de trabalho, fazendo com que assim tenham cargas de trabalhos equivalentes. Este conceito, no sistema Toyota de Produção é chamado de heijunka, que é o nivelamento das quantidades e tipos de produtos (GHINATO, 2000). Conforme Liker (2005), a Toyota percebeu que ao utilizar um plano de produção nivelado numa operação, não produzindo somente por pedido, ao invés de atender a uma demanda que acelera e desacelera, ou seja, demanda flutuante. Na construção civil existe um tipo de sistema de construção que pode afetar a demanda, ele é denominado Construção em Sistema de Condomínio. Conforme Mattos (2010), é um tipo de obra em que os clientes custeiam a construção através de parcelas (geralmente mensais) e que caso haja atrasos nos pagamentos o cronograma é afetado na mesma proporção. Portanto, para se manter o nivelamento da produção, também se deve ter alinhamento com os prazos de entregas dos fornecedores. Se o fornecedor 2 Tempo de geração da necessidade até a entrega e disposição ao uso de algum recurso (MOURA, 2007) 21 atrasa as entregas dos recursos no momento necessário e não haver estoque suficiente até a próxima entrega, a produção planejada pode ficar comprometida. “A fim de evitar esse problema potencial, buscamos formas de nivelar toda a produção. Desejávamos nos afastar da obrigação de produzir tudo por volta do fim do mês, então começamos a procurar dentro da própria Toyota. Então, quando precisávamos de fornecedores externos, primeiro ouvíamos as suas necessidades e depois pedíamos que cooperassem nos ajudando a conseguir uma produção nivelada. Dependendo da situação, discutíamos a cooperação do fornecedor em termos de mão-de-obra, materiais e dinheiro. ” (OHNO, 1997, p. 33) Para execução desde controle, que Ohno aborda, existe uma ferramenta utilizada para produção manufatureira que já está sendo utilizada na construção civil, é a MRP II (Manufacturing Resources Plane)3. De acordo com Vieira (2006), O MRP II permite que as empresas visualizem as demandas futuras dos seus recursos. Moura (2010) afirma que o MRP II é um algoritmo de gestão dos recursos que recomenda a emissão de ordens de serviços e reprogramações se necessário, realocando todos os componentes e matéria prima. O autor ainda afirma que o MRP II possibilita que a informação seja passada diretamente ao fornecedor da matéria-prima. 2.5 Kanban No sistema Just-in-Time, cada parte do processo que resulta no produto final está conectado, e deve ser sincronizado. A ferramenta de controle criada por Ohno (1997) para auxiliar o sistema foi o kanban. O kanban é basicamente um sistema manual de controle da produção. Ele assegura a existência de peças suficientes disponíveis para a formação do produto numa base de tempo na estação de trabalho correta. “O Kanban é o meio usado para transmitir informação sobre apanhar ou receber a ordem de produção”. (OHNO, 1997, p. 27). Com o kanban transmitindo as informações precisas, facilita a comunicação nas indústrias, seja ela seriada ou processo por projetos. 3 Planejamento dos Recursos de Manufatura 22 Ohno (1997) afirma que a meta do kanban é estoque zero, pois com ele estimasse que seja produzida uma peça somente quando for necessário, no momento em que for necessário, sem tempo de espera, em sincronização perfeita na linha de produção. Sabe-se que isto é utópico, inatingível. 2.5.1 Funcionamento do kanban Conforme Junior (2007) explana em seu trabalho, o funcionamento do kanban pode variar conforme as características da produção. Destaca-se em seu trabalho dois tipos básicos: Sistema Kanban CNE (controle do nível de estoque) Sistema Kanban H (hibrido) No sistema kanban CNE, o autor afirma que são basicamente utilizados dois tipos de cartões, o de produção e o de aquisição. Ele afirma que este tipo de sistema é empregado quando os postos de trabalho estão localizados distantes dos pontos de estoques dos materiais ou quando o transporte das peças exige tratamento diferenciado. Este tipo de produção ocorre constantemente na construção civil, onde a localização do almoxarifado é distante dos postos de trabalho, além de que, este último, não é fixo conforme andamento da produção. Ainda conforme Junior (2007), o funcionamento do sistema kanban H funciona de forma similar ao sistema CNE, com exceção de que no último estágio da produção, é programado, invés de responder ao nível do estoque final. O autor ainda afirma a existência de outros tipos de sistemas e cartões que foi verificada a necessidade para ajustes de produção e estoques pela diversidade de sistemas produtivos. ParaMoura (2007), para que este sistema funcione adequadamente, é preciso conhecer, além do cartão, seus componentes básicos. O sistema consiste basicamente em: 1- Cartões 2- Contenedores padronizados 23 3- Centros de trabalhos 4- Painel de Kanbans de produção 5- Áreas de entrada 6- Áreas de saída 2.5.1.1 Cartões De acordo com Junior (2007), no sistema tradicional da Toyota existem basicamente 2 tipos de cartões kanbans que são comumente utilizados, são eles o de produção, conforme figura 3, e aquisição/movimentação conforme figura 4. Cada um deles, conforme o nome esclarece, com uma função especifica. Entretanto na construção de edifícios por exemplo, o cartão que predomina é o de produção, pois como visto anteriormente, durante planejamento já são fechados os pacotes de serviços, descriminando todo o material que será necessário para a execução do serviço. No caso do cartão de aquisição, poderá ser utilizado em casos específicos, como centrais de trinchos ou carpintaria. Figura 3 - kanban de produção Fonte: Adaptado de Moura (2007) Figura 4 - kanban de aquisição Fonte: Adaptado de Moura (2007) 24 Conforme expõe Junior (2007), um cartão de aquisição típico contém basicamente cinco informações: a descrição da peça (número, nome etc.), o tamanho do contenedor (quantas peças estão no contenedor), o número de liberação do kanban (total de contenedores em uso), o centro anterior de trabalho (nome, local de armazenagem etc.) e o processo seguinte ou estação subsequente. Já o cartão de ordem de produção típico possui basicamente seis informações: a descrição da peça, o tamanho do contenedor, a descrição do centro de trabalho, o local de estocagem, as necessidades de materiais (itens ou número de componentes necessários para fazer a peça) e de onde os componentes necessários devem vir. O autor ainda afirma que muitas outras informações podem estar presentes nestes cartões, como se observa na prática, como, por exemplo, código de barras e cores de identificação. 2.5.1.2 Contenedores Padronizados Conforme descrito por Moura (2007), o contenedor padrão é qualquer recipiente que contenha o número autorizado de peças. Estes devem ser padronizados para que os operários possam rapidamente identificar as peças requeridas. 2.5.1.3 Painel de Kanbans Para Junior (2007), o painel de kanbans geralmente é dividido em linhas e colunas. As linhas são geralmente coloridas nas cores verdes, amarelas e vermelhas, como indicado na figura 4, as cores simbolizam a prioridade relativa dos materiais que foram utilizados, proporcionalmente a quantidade de cartões que estão alocados no painel. Ou seja, se os cartões estiverem prioritariamente na linha vermelha, se verifica crítica a necessidade da peça no estoque, pois a maior parte delas (representados pelo kanban) já foi utilizado. De acordo com Moura (2007), na parte superior do painel está descrito a peça que está em processo, e nas colunas, estão as etapas de produção da peça. Quando não existem kanbans nas colunas, indica que a peça está em 25 produção, conforme a quantidade de kanbans vá aumentando no painel, significa que o processo está avançando, pode-se visualizar na figura 5. Figura 5 - Painel de kanbans Fonte: Adaptado de Moura (2007) 2.5.1.4 Área de entrada dos kanbans Para Moura (2007) a área de entrada é o local onde se estoca os materiais que fornece a produção o material necessário para produzir a peça seguinte. É o local onde o contenedor e o cartão de anexo são mantidos até que o seu conteúdo tenha sido esgotado. 2.5.1.5 Área de saída dos kanbans Ainda conforme Moura (2007), a área de saída é o local onde se estoca os produtos finalizados até serem requisitados pelo processo que o necessita. 2.6 Aspectos da indústria seriada e de construção civil Como alguns exemplos das diferenças destes segmentos industriais, Thomaz (2001) explicita as diferenças entre os dois tipos de indústrias conforme Quadro 1: 26 Quadro 1: Características da Construção Civil em relação às indústrias seriadas Características Detalhes Indústria Nômade Processos, mão de obra, matérias primas e equipamentos mudam de local para local Produtos Únicos Baixa repetibilidade Produção Concentrada Operários móveis, atuando sobre produto fixo Indústria Tradicional Grande inércia, quase todas as pessoas acham que dominam as técnicas Processos artesanais Pouco investimento em tecnologia Interferências entre tarefas, operações unitárias em paralelo Equipes de pedreiros, azulejistas, encanadores, eletricistas, marceneiros e outros Mão-de-obra pouco qualificada Absorvida do setor primário, do campo Rotatividade da mão-de-obra Falta de motivação, pequena possibilidade de ascensão social e profissional Trabalho ao ar livre Sujeição às intempéries, roubo, vandalismo Responsabilidades dispersas Áreas de sombra, zonas sem responsável Insumos muito variados Estima-se cerca de 13.000 a 15.000 itens Trabalhos com boa dose de perigo Escavações, trabalhos em locais altos Indefinições do produto final Projetos executivos normalmente fornecidos com as obras em andamento Produto deve atender necessidades muito complexas Higiene, conforto, saúde, lazer, trabalho, anseios psicológicos Produtos com vida muito longa Avaliações dos clientes ao longo dos anos Fonte: Thomaz (2001) Contudo, o autor afirma a baixa repetibilidade referente a totalidade do produto. O conceito de repetibilidade é diferente de variabilidade, que. Neste contexto Koskela (1992) afirma que outro problema no que se refere a qualidade da construção é a variabilidade excessiva de processos. Ainda conforme Thomas (2001), ainda existem outros fatores que influenciam na cadeia produtiva da construção civil, como a produção intermitente, planejamento falho, submissão a prazos políticos, influência de normas técnicas e grande número de stakeholders4. Além disto, Picchi (1993) afirma que a construção de edifícios apresenta uma estrutura de produção bastante diferenciada e uma defasagem, em relação aos demais setores, quanto à utilização destes conceitos e metodologias. Esta defasagem se reflete em problemas de qualidade, baixa produtividade e 4 Conforme Freeman (2010), Stakeholder é uma pessoa ou grupo que fez um investimento ou tem ações ou interesse em uma empresa, negócio ou indústria. 27 elevados índices de desperdício, estimados em pelo menos 30%5, em relação ao custo da obra. Portanto, para que se consiga transportar a metodologia do sistema kanban para a construção civil, deve-se atentar a cada aspecto diferenciado entre os segmentos industriais, adaptando corretamente. 2.6.1 Ciclo PDCA Conforme Thomaz (2001), Deming, um dos especialistas norte-americano que visitaram o Japão pós-guerra, reconhecido mundialmente, considera que deve haver continuidade nas ações de planejamento, execução, controle e realimentação, representado na formatação da figura 6: Figura 6 - Círculo de Deming: retroalimentação de qualidade Fonte: Thomaz, 2001, p. 49 O mérito do ciclo é deixar patente para a equipe do projeto que não basta planejar. Para Mattos (2010) não é suficiente delinear previamente a metodologia, os prazos e os recursos requeridos, sem que haja o monitoramento da atividade e a comparação dos resultados reais com aqueles desejados. Ainda conforme Mattos (2010), na construção civil, são inúmeras asvariáveis envolventes, como as intempéries, mão-de-obra com diferentes índices de produtividade, interferências, dentre outras. Portanto o ciclo PDCA se encaixa perfeitamente, durante a execução ocorrem estas variáveis (D), cabe a equipe 5 Desde a realização da pesquisa de Picchi (1993), não foram encontrados novos dados que pudessem atualizar a informação. 28 técnica interna conferir (C), ao setor de qualidade realimentar as informações obtidas (A), e a equipe de planejamento inserir os dados obtidos (P), fechando assim um ciclo. 2.7 Projeto Os projetos não se referem unicamente aos desenhos de arquitetura e engenharia, onde na verdade é um conceito muito mais amplo que é plenamente estudado na engenharia de produção. De acordo com Slack et al. (2009), o projeto se refere a tradução física do conceito que deve satisfazer as exigências das pessoas pela aquisição do produto ou serviço. Estes são divididos entre projeto do produto e projeto do processo. Nos quais estão voltados para o desempenho de qualidade, rapidez, confiabilidade, flexibilidade e custo. Ainda conforme Slack et al. (2009), o projeto do produto ao qual se refere a indústria da construção civil se refere aos desenhos executivos de arquitetura, estrutura, instalações, detalhes, orçamento, memoriais, especificações dos materiais e equipamentos, dentre outros. Para Thomaz (2001) o projeto do processo, na construção civil se refere aos cronogramas, fluxograma de atividades, gráfico de Gantt, gráfico do tempo x caminho, dentre outros projetos em que a empresa achar pertinente a elaboração. Este tipo de projeto, de acordo com Melhado (2001) deve definir também a metodologia de produção, de maneira que garanta as características exigidas para o produto, ordenando os recursos físicos de forma coerente. Slack et al. (2009) afirma que, quão mais especificado forem os projetos, menores as chances de erros. O projeto envolve uma redução progressiva da quantidade de alternativas até que o projeto final seja obtido. Os gestores em obra, necessitam visualizar com excelência todo o processo construtivo com a variável tempo, assim, fazendo o seu planejamento e controle da produção com os dados obtidos através do projeto do processo nas especificações do projeto do produto. Para que se dimensione o kanban e ele consiga entrar em funcionamento, estas etapas devem estar bem definidas. Algumas destas ferramentas são 29 essenciais para que a aplicação seja possível. Nesta pesquisa será dada ênfase em tais ferramentas explicando os motivos de tais necessidades. 2.8 Planejamento e Controle de Produção (PCP) Em todos os processos produtivos, a meta do gestor é a resolução dos problemas advindos deles, e a eficiência de como ele é resolvido depende do planejamento, programação e controle do sistema (TUBINO, 2000). Ou seja, para a otimização da administração dos recursos necessário para a produção, deve haver coordenação entre as atividades. O propósito do Planejamento e Controle, de acordo com Slack et al. (2009), é garantir que a produção ocorra com eficácia e produza os produtos e serviços como especifica o projeto. Isto requer que os recursos necessários para a produção estejam disponíveis na quantidade adequada, no momento adequado, e no nível de qualidade adequando. O planejamento de uma obra é complexo, e deve compor toda sua duração, não é difícil encontrar obras que durem anos. Conforme Mattos (2010), se uma obra é de longa duração, torna-se difícil que se manipule cronogramas diários que constem atividades que serão executadas anos a frente. Para isto, é feita uma programação, onde visualiza-se somente uma linha de tempo específica, seja semanal, quinzenal, mensal; variando de acordo com o projeto. No trabalho de Fernandes e Filho (2009) afirmam que o PCP é a atividade gerencial responsável por compatibilizar a demanda e a capacidade de produção e, assim, tomar decisões de intenção de forma agregada em termos de: a) O que produzir, comprar e entregar; b) Quanto produzir, comprar e entregar; c) Quando produzir, comprar e entregar; d) Quem e/ou onde e/ou como produzir; Contudo, Fernandes e Filho (2009) ainda diferenciam o Planejamento de Produção (PP), do Controle de Produção (CP), sendo o PP, as informações de longo prazo, como decisões relacionadas com a elaboração de contratos de fornecimento, subcontratação temporária, terceirização, política de banco de 30 horas, contratações e demissões no médio prazo, aquisição de novos equipamentos. O CP é a atividade gerencial responsável por regular o fluxo de materiais por meio de informações e decisões para execução em curto prazo. Em empresas da construção civil o kanban se aplica predominantemente nas programações de curto prazo, pois conforme Mattos (2010), nenhum serviço produtivo inicia e finaliza juntamente com a obra. 31 3 METODOLOGIA 3.1 Classificação da pesquisa Esta pesquisa se classifica como exploratória. Este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses (GIL, 2007). Este trabalho busca identificar ferramentas que são utilizadas na construção civil, que podem servir de auxílio para que o kanban seja aplicável no segmento. Após esta etapa, o trabalho busca verificar o nível em que algumas empresas se encontrar para que seja possível implementar o kanban nos seus canteiros de obras. Conforme Gil (2007), do ponto de vista da forma de abordagem do problema, a pesquisa pode ser quantitativa, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las e qualitativa, onde o ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o principal instrumento. A abordagem desta pesquisa é qualitativa. Ghauri e Gronhaug (2005) enfatizam que esta é adequada para a realização de estudos de assuntos complexos como o comportamento organizacional, permitindo a obtenção de detalhes pelo pesquisador. 3.2 Organização e análise dos dados Sendo este trabalho de cunho exploratório, foi dividido em duas fases distintas. Na primeira fase é utilizado como método revisão da literatura e organização de dados para montagem do modelo. Na segunda fase, coleta de dados através de questionário e observação não participante que tem como objetivo identificar quais construtoras se encaixam no perfil necessário para a implantação do kanban. Essas fases estão divididas de acordo com o quadro 2: 32 Quadro 2: Fases, procedimentos e abordagens da pesquisa Fase Procedimento Abordagem Exploratória Levantamento Bibliográfico Qualitativa Observação e Questionário Qualitativa Fonte: Gil (2002) 1ª Etapa – Levantamento Bibliográfico Conforme Gil (2002), esse levantamento bibliográfico preliminar pode ser entendido como um estudo exploratório, posto que tem a finalidade de proporcionar a familiaridade do aluno com a área de estudo no qual está interessado, bem como sua delimitação. A primeira etapa tem por finalidade explorar quais as principais referências que discutem o tema, assim auxiliando a identificar as variáveis: a) Livros; b) Artigos científicos; c) Monografias, dissertações e teses; Após esta parte da pesquisa, tem por finalidade coletar as informações especificas sobre os requisitos de implantação do traçando um paralelo com a aplicabilidade na construção civil. 2ª Etapa – Observação e Questionário Aorganização deve atender a alguns requisitos básicos ao estabelecer o padrão, sob pena de tornar ineficaz a utilização deste. Entre esses requisitos, Ambrozewicz (2003) destaca: ser mensurável: o padrão deve permitir que se avalie a qualquer instante, obtendo-se resultados que possibilitem comparar claramente o estado atual com o estado anterior; ser de fácil compreensão. Portanto, a observação e o questionário têm como objetivo verificar o nível de conhecimento das empresas construtoras da região de Caruaru referente aos conceitos de construção enxuta, identificar o nível de planejamento das obras e ter condições dos seus dados serem mensuráveis. 33 Conforme o idealizador do kanban, Ohno (1997) afirma que a menos que se compreenda inteiramente como funciona a produção e que se realize o trabalho de forma que as coisas fluam, portanto é impossível entrar direto no sistema kanban. O grupo Toyota foi capaz de adotá-lo e, de certa forma, digeri- lo, porque a fábrica já compreendia e praticava a ideia de estabelecer a sincronização. Por este motivo com os dados obtidos pelo questionário, foi verificada a possibilidade de implementação da ferramenta kanban na região, pois como verificado através do referencial teórico, é necessário um planejamento das atividades para a produção do kanban. 3.3 Universo e Amostra O universo da pesquisa se refere a todas as construtoras da cidade de Caruaru-PE, que atualmente realizam obras verticais e horizontais de cunho residencial ou comercial. Nesta pesquisa, amostra retirada foram 4 empresas que se encaixam no perfil. O critério utilizado para a aplicação do questionaria nas empresas, foi a possibilidade de padronização dos serviços através de PES (Procedimento de Execução de Serviços), pois o para dimensionamento do kanban, é exigido que uma mesma operação seja executada da mesma maneira em diversas frentes de serviços. Além deste critério, também foi considerada a possibilidade de repetibilidade de pavimentos em edifícios verticais, e repetibilidade de residências ou salas comerciais, em obras horizontais. Foi realizado levantamento de dados referente a estas 4 empresas construtoras da cidade de Caruaru-PE, para validação do questionário e verificação numérica. As construtoras foram denominadas no trabalho como: Empresa 1, Empresa 2, Empresa 3 e Empresa 4. 3.4 Instrumentos de coleta de dados Para atingir os objetivos foram utilizados como instrumentos de coleta de dados a observação participante e o questionário. 34 No que se refere a observação participante, foi verificado a existência de algumas ferramentas gestão de obras citadas no trabalho, no qual haja auxilio para aplicabilidade do kanban. No que se refere ao questionário, estes, foram dirigidos aos técnicos responsáveis por obras em suas empresas. O motivo do questionário ter sido direcionado para os responsáveis técnicos é que possuem conhecimento técnico da área de gestão da construção civil, por formação e experiência. Os questionários foram preenchidos na presença do pesquisador que dirimiu duvidas referentes ao questionário, e os mesmos foram recebidos assim que o responsável finalizou o preenchimento. O local de pesquisa das “Empresas 2”, “Empresa 3” e “Empresa 4” foram os canteiros de obras. Já o local de respostas do responsável técnico da “Empresa 1” foi o escritório seda da construtora. Conforme Fontelles et al. (2009), a abordagem qualitativa dá-se seu entendimento de fenômenos mediante descrições, interpretações e comparações, desconsiderando o aspecto numérico em termos de regras matemáticas e estatísticas. Portanto, para esta pesquisa, a interpretação dos resultados deu-se por elucidação geral e individualmente por empresa, seguindo o seguinte critério: Caso possuísse uma ferramenta, foi acrescentando um ponto. Caso a empresa não possuísse a ferramenta, não seria acrescentado nenhum ponto. Caso o responsável não soubesse identificar a ferramenta, não foi acrescentado nenhum ponto. Caso a empresa trabalhasse em sistema de condomínio, esta receberia um ponto negativo. Caso a empresa trabalhasse em sistema de condomínio, esta receberia um ponto positivo. As empresas poderiam receber no máximo, pontuação 8 e no mínimo, pontuação 0. 35 Com este resultado, foi discutido o nível de enquadramento das empresas analisadas, visando os aspectos positivos, e, os negativos. Foi analisado as consequências da falta de alguma ferramenta. 36 4 ANÁLISE E RESULTADO DOS DADOS 4.1 Aplicação do sistema “puxar” em obras Conforme visto, para adequar o sistema JIT em obras, é necessário que o gestor visualize todas as etapas de produção do edifício, verificando em qual momento será necessário a entrada de um novo processo no sistema. 4.1.1 Padronização do processo – SiQ 2000 A padronização do processo é essencial para manutenção do planejamento, se a empresa não conseguir padronizar os seus processos, poderá haver uma demanda flutuante, com tempos de duração do mesmo processo diferentes na mesma construtora. Com o selo do SiQ 2000 nível B, conforme é possível verificar no “Anexo A”, sabe-se que a empresa cumpre certos requisitos de padronização, dentre eles: Planejamento de execução da obra (7.1.2); Processo de Aquisição (7.4.1); Verificação do produto adquirido (7.4.3); Controle de operações (7.5.1); Validação de processos (7.5.2); Melhoria continua (8.5.1); Ação corretiva (8.5.2). Portanto, a empresa construtora cumprindo tais requisitos, facilitaria a aplicação do kanban em seu canteiro de obras. Planejando da execução da obra e o controle de qualidade influencia diretamente as informações contidas no kanban. Com o processo de aquisição de materiais, sendo este, projetado para trabalhar com o JIT consegue-se alocar os recursos no tempo necessário. 37 A verificação do produto adquirido, diminui o risco de parar as operações por motivos de material danificado, ou ainda produzir o mesmo produto com diferente padrão. O controle das operações auxilia a manter o nivelamento da demanda em cada processo utilizando somente os recursos necessários. A melhoria se atem as verificações de melhoria do processo para diminuição do lead time e aumento da produtividade, assim, reduzindo desperdícios. 4.1.2 Gráfico de Gantt Com o cronograma de Gantt, o gestor visualiza as etapas da obra, conseguindo identificar os processos predecessores e sucessores de um determinado serviço. Esta informação é útil para alimentar as indicações contidas no kanban, visualizando assim, as etapas que foram concluídas e as que irão se iniciar após o término do kanban que está na etapa de produção, conforme exposto na figura 7. Fonte: Adaptado de Moura (2007) Portanto, sendo o cronograma de Gantt uma ferramenta que auxilia a visualização das etapas da obra, servindo para que o gestor consiga “puxar”, e assim, alocar seus recursos no momento necessário, é verificado como uma ferramenta que auxilia a implantação do sistema Toyota na construção civil. Figura 7 - Informação de processo sucessor e predecessor no kanban 38 4.1.3 Composição unitária e ciclo PDCA O cronograma não se refere às quantidades necessárias para a produção. Isto é feito através do levantamento de custos unitários das obras, devendo ao planejador escolher o método mais eficiente de se chegar ao resultado final, com o menor custo possível. Para a organização desses dados,o planejador deve se basear em parâmetros. Existem várias bases de dados onde se consegue obter os valores de tempo de produção e materiais utilizados para cada serviço, como exemplos mais difundidos no Brasil, temos as seguintes composições unitárias: SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), TCPO (Tabela de Composições de Preços para Orçamentos), ORSE ( Sistema de Orçamento de Obras de Sergipe), EMLURB (Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana), dentre outras. Com estas duas ferramentas sendo utilizadas em conjunto, se consegue visualizar todas as etapas da obra, o tempo de produção de cada processo e o material gasto em cada operação, facilitando assim, a implementação do sistema JIT. Contudo, fica a critério do gestor a maneira que irá apresentar a informação no kanban, a figura 8 apresenta num kanban de produção, somente os materiais necessários para uma operação. Figura 8 - Informação de materiais necessários para produção Fonte: Adaptado de Moura (2007) A quantidade de cartões irá depender da quantidade de produção necessária para completar cada operação. Tendo esta informação, o gestor da obra deverá optar por calcular a produção diária, semanal ou mensal de sua 39 equipe. O número de cartões será de acordo com estas duas informações. Esta também pode estar exposto no próprio cartão, conforme figura 9: Figura 9 - Informação da quantidade de cartões Fonte: Adaptado de Moura (2007) Entretanto, muitas vezes, os números apresentados nestas composições não são condizentes com o que é apresentado na rotina das obras, muitas vezes se tem obras com índices diferentes, seja ela pela mão-de-obra que trabalham em ritmos diferentes, tipo de material utilizado com tempos de cura diferentes, portanto, é relevante a utilização da ferramenta PDCA. A empresa que segue o ciclo PDCA possui um banco de dados do quadrante C (check), contendo os índices de produtividade de seus operários, como também a quantidade de materiais que utilizam para cada serviço; estes dados serão utilizados no quadrante A (act), realimentando os dados para outras obras, tornando mais realista assim o planejamento com base nas experiências anteriores. Portanto, é verificado que para conseguir produzir somente o necessário, no momento necessário, deve-se ter a base de dados onde foi retirado os quantitativos, alocando tais recursos no momento descrito no cronograma de obra. Sendo assim, nota-se que o levantamento de quantitativos (orçamento discriminativo) é uma ferramenta que auxilia a implantação do sistema Toyota. Com os índices e produtividade coerentes e visíveis dentro da obra, auxilia o gestor a calcular e produzir os kanbans que irão circular dentro da obra. A base de dados mais confiável deve ser extraída da ferramenta PDCA, portanto, também auxiliando a implantação do Sistema Toyota. 40 4.1.4 Layout para JIT em obras No setor da construção civil, existem poucos postos fixos de trabalho, em grande parte do processo operário deve se deslocar fisicamente conforme a produção irá avançando. O conceito de linearidade se aplica quando se o roteiro da produção do operário é pensado para que não haja grandes movimentações e um fluxo linear da sua produção. Uma ferramenta que auxilia esta gestão é o layout executivo, onde se descrimina visualmente na planta baixa de execução da obra o sentido em que a produção deverá ocorrer, especificando os operários responsáveis pela produção das peças. O projeto deve ser concebido tanto para a área externa do edifício, onde os materiais devem ser estocados em locais que minimizam a movimentação, quanto para as células de produção, fornecendo os recursos necessários no tempo necessário, estas informações podem estar contidas no kanban, conforme é visível na figura 10. Assim facilita a visualização do local do estoque, eliminando o lead time para procura do material. Figura 10 - Informação do local de estoque no kanban Fonte: Adaptado de Moura (2007) Portanto, para a implantação do JIT em obras, foi constatado que o projeto do canteiro com base nos conceitos de linearidade do fluxo dos recursos auxilia a implantação do sistema Toyota no canteiro de obras. 41 4.1.5 Gerencia da linha para JIT em obras Conforme foi exposto, o sistema de condomínio pode afetar diretamente a demanda da obra. Caso os clientes da empresa construtora não realizem os pagamentos conforme o estabelecido em contrato, e a mesma não possua capital suficiente para manter o planejamento, pode acarretar numa demanda flutuante. Caso o cronograma deva ser corrigido periodicamente, pode desacelerar a produção, seja ele por fata de recursos para aquisição de materiais, falta de pagamento da mão-de-obra. Podendo inclusive gerar desperdícios extras, como multas, mão-de-obra sem parada, despesas com fornecimento de água e energia, dentre outros. Verifica-se que, se isto ocorrer, afetaria diretamente o nivelamento da produção. É perceptível que a gerencia da linha de produção na filosofia JIT fica comprometida caso a construtora opte por este sistema de construção. Para os demais tipos de sistemas de construção, Mattos (2010), fala de uma ferramenta que auxilia a visualização dos recursos alocados nas linhas do cronograma de Gantt e o histograma de recursos, que representa a quantidade requerida do recurso por unidade de tempo. Se necessário, o histograma deve ser otimizado durante o planejamento de obras. Portanto, a partir do histograma de recursos, é possível verificar as quantidades de recursos subdivididos em células de produção, possibilitando o planejador trabalhar com relativa uniformidade de recursos por dia, assim auxiliando a implantação do JIT. É notável que no histograma de recursos, somente é possível nivelar a produção e visualizar os recursos que serão utilizados em um determinado período curto de tempo. Para períodos maiores, utiliza-se o MRP II. 4.1.6 MRP II O MRP II é um algoritmo que controla o tempo em que é necessário o recurso dentro da produção, que auxilia o gestor a visualizar as datas de compras dos materiais necessários. Além de ter comunicação direta com os 42 fornecedores, ele consegue adaptar-se a reprogramações das obras, ajustando as datas de entrega dos materiais. Portanto, com esta ferramenta, pode-se diminuir as quantidades de estoque dentro das obras, além de elevar a segurança de que o recurso esteja disponível no momento necessário, caso haja equívocos no setor de compras da empresa. Com isto, é notável que com o MRP II, a possibilidade de previsão e ajustes de demanda, auxilia os gestores a efetuarem os pedidos de materiais de acordo com a necessidade da programação, sendo assim, é uma ferramenta que auxilia o sistema Toyota de produção. 4.2 Kanban na construção civil . De acordo com Moura (2007), o kanban funciona como instrumento físico de processamento de informações, se locomovendo em direção oposta ao fluxo dos materiais e o tempo total de processamento é contabilizado a partir de sua retirada, até a hora da apresentação no estágio anterior. Como visto anteriormente, na construção civil, quem determina o ritmo da produção é o cronograma de Gantt e quem determina os quantitativos de recursos utilizados na produção são as composições de custo unitários. Com estas informações, pode-se prever as requisições de materiais no almoxarifado e assim, dimensionar o kanban. Entretanto, necessita-se adaptar os conceitos originais do sistema de funcionamento do kanban,advindo da produção seriada, para as obras da construção civil, que se caracteriza processo por projeto. Portanto, há necessidade de verificar cada componente e adequá-lo ao canteiro de obras. 4.2.1 Contenedores padronizados para a construção civil Na área de produção, os contenedores podem estar dispostos em locais de fácil acesso para os operários, entretanto, na construção civil os operários geralmente se deslocam dentro do canteiro de obras, será necessário também o deslocamento dos contenedores a cada serviço concluído. 43 Em alguns casos específicos, denominados “centrais”, a produção não exige deslocamento do operário, são algumas destas centrais: central de trincho, central de corte e dobra, central de carpintaria, etc. Nestes pontos, a produção pode ocorrer de maneira similar as industrias seriadas. Exemplos práticos de contenedores na construção civil podem ser: paletes de tijolos, os próprios sacos de cimento, contenedores com caixas de tomadas, contenedores com caixas de interruptores, contenedores com canos, contenedores com conexões devidamente separadas, etc. Para melhor controle de materiais, também é aconselhável organização de contenedores no almoxarifado, onde se estoca os materiais de várias dimensões diferentes, pode-se separar por categorias de uso com dispositivos visuais fácil identificação dos mesmos. Com isto, uma opção para o local dos contenedores seria o(s) próprio(s) almoxarifado(s) ou locais de estoques específicos onde se planejou com o projeto do canteiro para facilitar o fluxo de movimentação, deslocando os materiais para os postos de trabalho conforme requisitado pelo operário com o kanban. 4.2.2 Painel de kanbans de produção na construção civil. Existem várias maneiras que o painel de kanbans pode ser utilizado, a forma original pode ser inadequada em alguns casos específicos. Uma das maneiras em que o quadro de adapta no setor da construção civil é invés de utilizar os processos na parte superior da coluna, pode-se utilizar o operário, colocando sua foto / nome e função para o controle das operações por eles realizadas de forma individual conforme figura 11. 44 Figura 11 - Painel de kanbans de produção adaptado Fonte – Autor A estimativa da produção do operário, assim como o cálculo dos kanbans que serão entregues para eles, pode ser realizado através das composições unitárias do SINAPI ou apropriados pelas empresas. Através do painel, será realizado o controle visual por operário para controle da produção por ele realizado, verificando a realização conforme cronograma. Também é possível o controle do estoque através do fornecimento dos kanbans para os operários quando distribuídos pelo responsável do controle dos materiais, no caso da construção, este profissional é o almoxarife, o qual no fim do expediente de trabalho, pode realizar a conferencia dos materiais conforme as quantidades de kanbans recebidos e entregues. 4.2.3 Área de entrada dos kanbans na construção civil Conforme exposto no item anterior, os locais de produção na construção civil geralmente são móveis. Portanto as áreas de entrada podem ser diversas e variáveis se o desenho executivo da obra não fornecer repetibilidade. Caso forneça repetibilidade, pode-se copiar o mesmo locais para tais itens. Nas centrais, entretanto, as áreas de entradas serão fixas, portanto, podem ocorrer similar a produção seriada. 45 4.2.4 Área de saída dos kanbans na construção civil Na construção civil, grande parte dos produtos são fixos, ou seja, seu o local de saída é o mesmo local onde ocorreu sua produção. Há as exceções já explicitadas, como as “centrais”, em que seus produtos finais são estocados nos locais próximos em que o processo sucessor necessita. 4.3 Resultado da coleta de dados Após a aplicação do questionário a 4 empresas da cidade de Caruaru-PE, se obteve os resultados conforme quadro 3 e figura 12: Quadro 3 – Resultado obtido nas empresas Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3 Empresa 4 Já trabalha com o STP 0 0 0 0 Certificação PBQP-h nível "b" 1 1 0 0 Cronograma de Gantt 1 1 1 1 Composição Unitária 1 1 1 1 PDCA 1 0 1 1 Layout Executivo 1 1 0 0 Projeto de Canteiro 1 1 0 1 Sistema de Condomínio 1 -1 1 1 Histograma de recursos 0 0 0 0 MRP II 0 0 0 0 Total 7 4 4 5 Fonte: Autor Figura 12 - Pontuação obtida pelas empresas Fonte: Autor 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3 Empresa 4 46 4.3.1 Interpretação do resultado geral Após o resultado da investigação das quatro empresas, verifica-se que nenhuma delas trabalha com ferramentas do STP. Com isto, não há familiaridade com o sistema, portanto, caso os gestores destas empresas queiram implanta- lo, deverão planejar como isto irá ocorrer e dar treinamento adequado a sua equipe. Duas destas empresas possuem certificação do PBQP-h, nível mínimo “b”. Com isto, estas empresas já possuem alguns dos requisitos para que consigam implantar o sistema de forma coerente. Entretanto, para as outras duas empresas, não significa que não possuam tais características, apenas não estão certificadas pelo SiQ-2000. Todas elas trabalham com o cronograma de Gantt, portanto, se as informações contidas no planejamento estiverem coerentes, esta ferramenta irá auxiliar os gestores a visualizar os processos sucessores e predecessores. Estas informações irão ser apresentadas no cartão kanban, e visualizar as datas de início e término de cada serviço, portanto, colocando ou retirando um kanban do processo nas datas que ali constam. Também foi constatado que todas as empresas realizam o orçamento com as composições de unitárias. Portanto, teoricamente todas elas conseguiriam expor as informações de materiais que seriam utilizados nos processos. Conforme a pesquisa, 3 empresas realizam o PDCA, sendo assim, estas possuem índices mais confiáveis para a realização do cálculo de kanbans. Uma destas empresas não realiza o PDCA, entretanto, retira as informações de composições de base de dados difundido no Brasil, portanto, estas informações poderiam também ser visíveis no cartão, caso a produção não consiga cumprir com o que foi planejado, o gestor deverá realizar o PDCA para gerar maior confiabilidade. Para a ferramenta de layout executivo, foi apurado em que duas das empresas realizam tal projeto. Isto facilita que o operário visualize a ordem em que realizará a produção, diminuindo assim o lead time. Poderá também verificar onde ocorrerá onde ocorrerá a produção ordenada de cada cartão. Duas destas empresas não realizam o projeto de layout executivo, portanto os operários não 47 saberiam em qual ordem seria executada a produção, tendo eles que tomar esta decisão, podendo haver maior desperdício de tempo. Também foi relatado que para 3 das 4 empresas, é realizado o projeto do canteiro antes do início da obra. Entretanto, isto não significa que as empresas obedecem aos critérios de layout linear, como é o JIT, mas, já executar tal projeto, facilita a logística dentro do canteiro. Já ter este projeto no canteiro, também familiariza os conceitos com os operários, o que facilitaria a implantação do layout linear. Uma das quatro empresas não realiza o projeto do canteiro, ou seja, os gestores não locam os seus estoques, deixando a critério dos operários realizarem esta tarefa. Foi detectado que uma destas empresas trabalha em sistema de condomínio, entretanto não foi apurado se a mesma possui recursos próprios para finalizar
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