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Constitucionalismo Clássico

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Texto: Estudo descritivo de algumas experiências constitucionais estrangeiras
Autor: Marcelo Caetano
Aluno: Guilherme Francisco de Souza Xavier
Capítulo 1 – A Grã-Bretanha
A Constituição Britânica: Uma constituição Histórica
A Grã-Bretanha não possui uma constituição escrita, em que só algumas leis constitucionais paralelas estão escritas. A Constituição da Grã-Bretanha é uma construção histórica regida pelos costumes. Os textos não estão codificados, mantendo assim seu caráter histórico.
Magna Carta (1215): Barões impuseram ao rei João Sem-Terra. Se comprometia a respeitar os privilégios e liberdades dos outros três estados do reino. A liberdade da igreja, as prerrogativas municipais, moderação da tributação dos mercadores e o direito a julgamento.
Petition of Right (1628): Luta de poder entre o Parlamento e o rei Carlos I. Protesta contra o lançamento de impostos sem o consentimento do Parlamento, contra prisões arbitrárias, contra o uso de lei marcial em tempos de paz e contra o alojamento permanente de soldados em residências de particulares.
Bill of Rights (1689): Resultado da chamada Revolução Gloriosa. Assegura o direito de petição, a inviolabilidade dos parlamentares, reunião regular das câmaras, condena os tribunais de excepção. O rei está proibido de suspender leis por si só ou levantar tributos de exceção ou um exército próprio.
Act of Settlement (1701): Só poderia subir ao trono um príncipe anglicano.
Parliament Act (1911): Restringiu o poder da Câmara dos Lordes e estabeleceu um mandato de 5 anos para a Câmara dos Comuns.
Statute of Westminster (1931): Regulou a relação entre o Reino Unido e seus domínios ultramarinos.
Minister of the Crown Act (1937): Vencimento dos Ministros.
Regency Acts (1937 e 1954): Regula a constituição e os poderes da regência.
Parliament Act (1949): Novas restrições à Câmara dos Lordes
Life Peerages Act (1958): Nomeação de lordes à título vitalício
Peerages Act (1963): Permitiu a todos os pares da Escócia assentos na Câmara dos Lordes.
O Parlamento da Grã-Bretanha:
Órgão supremo do governo. Compete-lhe reformar a constituição, fazer leis e dirigem os ministros que formam o gabinete. Estes devem dirigir sua política conforme a maioria do parlamento.
Composição:
A Coroa: Individualiza a unidade do Estado na figura de um Rei. Teoricamente possui os poderes chamados de royal prerrogatives que, na prática, são exercidos pelo Primeiro Ministro. Teoricamente possui o poder de vetar leis, mas não o faz desde o século XVIII.
Câmara dos Lordes: Número ilimitado de pares temporais (atualmente está próximo de 900), 26 lordes espirituais (dois arcebispos e 24 bispos da igreja anglicana) e 9 lordes judiciais. O título de pares temporais é dado a nobiliárquicos que sucederam por hereditariedade ou que são agraciados pelo rei. É presidida pelo Lorde Chanceler, que atua como um Ministro da Justiça. A Câmara funciona como tribuna política e conselho técnico, nada mais que isso.
Câmara dos Comuns: Composta por 630 parlamentares eleitos a cada 5 anos e concentra em si praticamente todo o poder.
Até 1689 (Bill of Rights), houve a preponderância da Coroa. De 1689 até 1832 (Reform act) a da Câmara dos Lordes. De 1832 até os dias de hoje, é a preponderância da Câmara dos Comuns pelo sufrágio universal, tornando a Grã-Bretanha em um regime democrático.
Os partidos políticos: 
Partido Conservador: Originou-se dos Tories no século XVII (proprietários rurais, anglicanos e partidários do rei Carlos II). É guardião das tradições políticas e religiosas. Defendem o capitalismo e a iniciativa privada. Tem o apoio dos profissionais liberais, industriais e proprietários rurais.
Partido Liberal: Originou-se dos Whigs junto aos Tories. Eram temerosos quanto a tolerância do rei aos católicos. Eram compostos por mercadores e protestantes dissidentes da igreja anglicana. Foi sacrificado após o ganho de espaço do partido trabalhista, limitando-se a poucos membros no parlamento. Isso ocorreu pela necessidade de haver um partido indiscutivelmente vencedor nas eleições.
Labour Party: Surgiu somente na virada do século XX da organização da classe trabalhador em sindicatos (trade unions) em busca de reformas socialistas. Hoje é composto por membros de outras religiões, pela classe média e operária. Defendem o socialismo de Estado e o planejamento centra da economia.
 
Governo e gabinete:
É composto pelos seniors Ministers (de maior importância) e os juniors Ministers (de menor importância).
Primeiro Ministro: Chefe de governo. Também desempenha funções de Primeiro Lorde do Tesouro, permitindo-lhe a superintendência das finanças públicas.
Lorde Chanceler: Presidente da Câmara dos Lordes e Ministro da Justiça.
Lorde Presidente do Conselho: Preside ao Conselho Privado
Chancelex Exchequer: Ministro das Finanças
Chanceler do Ducado de Lencastre: Atualmente sem pasta
Secretários de Estado (7): Dirige o Home Office, Foreing Office, Exército, Ar, da Escócia, dos Serviços Sociais e da Administração e Parlamento Regional.
Primeiro Lorde do Almirantado: Dirige a Marinha
President do Board of Trade: Ministério do Comércio
Ministério da Defesa
Ministério da Saúde
Ministério da Educação
Ministério da Ciência
Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação
Ministério das Obras Públicas
Ministério da Tecnologia
Ministério do Emprego e Produtividade
Postmaster General: Dirige os Correios
Lorde do Selo Privado
Juniors Ministers: Secretários Parlamentares que todos os Ministros têm, subsecretários de Estado, Financial Secretary que alguns ministérios têm e os cinco Lords of Tresure, que são os secretários do grupo parlamentar maioritário.
Law Offices: Attorney General e o Solicitor General
O Primeiro Ministro escolhe alguns Seniors Ministers para compor o gabinete. Este definirá os rumos do governo.
Aparecimento do Primeiro Ministro:
Em 1714, a Rainha Ana morreu sem deixar herdeiros. Quem a sucedeu foi Jorge I, alemão que dominava pessimamente o inglês. Assim, Walpole foi escolhido para intermediar o Parlamento e o Soberano. Nota-se que:
O Gabinete passou a ser o Governo, não apenas um conselho do rei
Membros do Gabinete puderam ser plenamente responsáveis perante o Parlamento.
Gabinete passou a depender da confiança do parlamento
Destacou-se um ministro que representava o Gabinete perante o rei e o parlamento.
Sistema de governo parlamentar:
Governo depende da Câmara dos Comuns e só pode manter-se apoiado na maioria dos parlamentares. Sem o apoio, o Primeiro Ministro pode pedir ao rei a demissão do governo ou a dissolução do Parlamento. Neste último caso, precisará de uma consulta popular para confirmar a opinião popular em choque com a do Parlamento.
Privy Council e as Orders in Council:
Possui mais de 300 membros selecionados de acordo com seus méritos. Reúnem-se nos seguintes casos:
Novo rei cinge a Coroa
O monarca anuncia seu casamento
Como Supremo Tribunal das Colônias (Tribunal Committee)
Aprovação dos Orders in Council (espécies de decretos-lei do Governo
Capítulo II – Os Estados Unidos da América
A Constituição de 1787: Origens e Espírito da Constituição Americana
Primeiramente era composta por sete artigos, embora alguns fossem muito extensos. É mais do que um diploma jurídico, é um culto popular como símbolo de independência e liberdade. Instaurou na colônia britânica recém-independente uma República Federal.
É a Constituição mais velha do mundo em vigor
Uma das mais curtas existentes
Um dos mais bem escritos
A sabedoria de seus autores se expressa tanto em suas disposições expressas quanto pelas suas omissões
Pouca novidade, baseando-se nas leis e práticas inglesas, na experiência colonial e nas constituições de colônias emancipadas durante a Revolução.
As Emendas Constitucionais
Houve 25 emendas desde sua criação. Os dez primeiros artigos da Constituição (influência de Jefferson e iniciativa de Madison) constitui o Bill of Rights dos EUA. As emendas devem ser aprovadas por dois terços das duas casas americanas e precisamda ratificação de três quartos do número total de estados federados. De mais de 300 emendas aprovadas pelo Congresso, apenas 25 vieram a ser ratificadas.
O que a prática acrescentou nos textos:
Muitas das normas que regem o Estado não estão nos textos constitucionais, mas sim em práticas oficiais e extraoficiais. É a “Constituição Vitalizada”, como diz o professor Johnson.
Certas leis ordinárias que possuem que têm forte apelo popular tem tanta importância quanto uma norma Constitucional
Interpretação judicial que que tem desenvolvido o sentido de preceitos constitucionais.
A maneira de proceder dos Presidentes
Usos e costumes que foram acrescentando instituições.
Origens da Constituição:
Independência Americana: A constituição americana remonta as revoltas populares das 13 colônias da América, tendo a Lei do Selo (1765) como a gota d’água para o que viria a ser os Estados Unidos da América. Em 1776, o Congresso Continental recomendou que cada colônia fizesse sua própria Constituição. No mesmo anos, em 4 de julho, foi declarada a Independência dos EUA.
A confederação de 1781: Como todas as colônias tinham um esforço de guerra comum – esforço que um simples Congresso Continental não tinha capacidade de articular – as colônias formaram uma confederação pela Articles of Confederation (1788). A confederação colocava todos os Estados em pé de igualdade, dando m voto para cada Estado. Deliberações mais importantes precisavam de pelo 9 votos para ser sancionadas. Eis algumas de suas tarefas:
Manter um exército e uma marinha
Cunhar moedas
Organizar serviços postais
Contrair dívidas
Diplomacia
Recomendações de Leis (cada Estado tinha suas leis)
Devido à falta um poder central e coesão entre os Estados, a Confederação falhou, resultando em insubordinação dos membros e da população, além de uma grave crise econômica e social.
Confederação da Filadélfia (1787): Notou-se a necessidade de, por um lado os Estados cederem um pouco a sua independência para a constituição de um forte Poder eficaz, por outro conciliar interesses diferentes – e muitas vezes opostos. A solução foi a formação de uma Federação. Ficou decidido, assim, que tudo o que estava na Constituição era responsabilidade do Estado Federal, o resto seria responsabilidade dos Federados. Temos assim competências exclusivas da União, competências não especificadas dos estados e competências concorrentes entre estados e União. É responsabilidade do Governo Federal:
Cobrar impostos federais
Forças Armadas
Diplomacia
Legislar sobre naturalização de estrangeiros
Organização dos serviços postais
Cunhar moeda
Contrair impostos
Regular o Comércio Exterior
Superintender nos câmbios
Etc... (art 1º Secção VIII)
Alargamento do poder central: Para transformar os EUA em uma potência mundial, foi necessária uma vigorosa política econômica e social que começara com o democrata Roosevelt. A centralização de poder foi justificada pela Teoria dos Poderes Implícitos, pelo qual os órgãos federais têm de fazer o necessário para que cumpram as tarefas que a Constituição lhes confere.
Partidos Americanos: Ao contrário dos partidos britânicos, os partidos americanos têm mais flexibilidade, como se existissem partidos menores dentro dos próprios partidos. Por exemplo, republicanos do Norte podem aliar-se com democratas do sul. Logo, maioria parlamentar nem sempre significa forte governabilidade.
Republicanos: Vencedores da Guerra Civil e antiescravagista. Partido dos antigos colonos, das classes abastadas, das populações rurais do Norte, conservadores protestantes. Foi o partido da não-intervenção estatal e do isolacionismo.
Democratas: Vencidos na Guerra Civil. Partido que, durante o longo período de oposição aos republicanos (1860-1932) incorporou para si várias lutas de oposição. Partido das minorias, das reivindicações sócias e dos operários. É o partido da intervenção estatal e defendiam os EUA como a potência condutora da política mundial.
O Presidente dos Estados Unidos da América: A autoridade mais forte da União:
Surgimento: Veio da necessidade de um governo executivo forte, capaz de colocar em prática os planos da União. Assim, criaram a figura do presidente, eleito para um mandato de 4 anos e que possuía os poderes que o Rei confiara aos Primeiros Ministros ingleses.
Eleição: A cada 4 anos podendo reeleger-se apenas uma vez. É eleito por sufrágio universal e por voto indireto. O voto popular elege os delegados (eleitores presidenciáveis) iguais ao número de senadores e deputados que o estado possui e estes votam nos candidatos à presidência. O sufrágio indireto, contudo, é mera ficção. Na prática, os delegados escolhidos não têm qualquer liberdade de escolha, pois são simples mandatários do seu partido.
Poderes: O presidente dos EUA é, ao mesmo tempo, Chefe de Estado e Chefe de Governo. Define as linhas gerais de seu programa e executa sem a depender do Congresso. Eis alguns dos poderes do Presidente:
 Executar leis
Superintender nos serviços de Administração
Chefe das Forças Armadas
Nomear funcionários da União – Com aprovação do Senado ou por sua própria delegação – alguns serão os secretários, ministros e funcionários que irão compor seu Gabinete e seu Executive Office (Gabinete Particular):
Gabinete:
Secretaria do Estado dos Negócios Estrangeiros
Departamento da Tesouraria
Departamento da Defesa
Departamento do Interior
Departamento da Agricultura
Departamento da Justiça
Departamento dos Correios
Departamento do Comércio
Departamento do Trabalho
Departamento da Saúde, Educação e Bem-Estar
Executive Office:
Serviço do Orçamento
Divisão do Comércio e Finanças
Trabalho e Bem-Estar
Militar
Internacional
Recursos de Obras
O Presidente não faz parte do Congresso. Assim, comunica-se com este por mensagens. Crises de governabilidade não são raras. Afinal, o Presidente depende do Congresso para propor e votar nas leis consideradas necessárias para o programa de governo. Já o Presidente possui o poder de veto das leis votadas pelo Congresso. Assim, um depende do outro. Obs: As leis vetadas pelo Presidente voltam ao Congresso em até 10 dias com a justificativa do veto. Caso contrário, a lei será validada. 2/3 do Congresso pode derrubar o veto presidencial.
O Congresso:
Estrutura Bicameral:
Câmara dos Representantes: Representam toda a população dos EUA
Mandato de dois anos
Proporcional à população de cada estado
O presidente é o Speaker, que lidera a maioria parlamentar
Eleitos por voto direto
Senado: Representam os estados federados
Dois senadores por estado
Eleitos por voto direto
O presidente do Senado é o Vice-Presidente dos EUA
Autoriza o Presidente a fazer acordos e nomear funcionários do alto escalão.
Caso as duas casas entrem em contradição com alguma decisão, é realizada uma comissão mista com igual número de representantes e senadores.
Justiça Americana
Organização: Há as justiças estaduais e há a justiça federal. Os dois possuem tribunais de primeira e segunda instância.
Tribunais estaduais: Aplicam a lei civil e criminal privada dos estados
Tribunais federais: Julgam casos em que se aplica a Constituição, leis federais, normas do Direito Internacional Público e casos em que as partes intervenientes ou pelo direito aplicar transcendam o âmbito de um estado Federado. Juízes federais são nomeados pelo Presidente. São vitalícios, inamovíveis e não podem ter seus vencimentos diminuídos enquanto exercem a função
Supremo Tribunal: Tem tido uma função social e política, o que tem gerado conflito entre os parlamentares. Até 1936 havia quem falasse num “governo de juízes”. Contudo, a interferência vem caindo bastante por conta de uma forte decaída de prestígio. É composto por um Chief Justice e nove juízes. Tem a função de atuarem como árbitros entre estados e a União e de defender a Constituição alegando inconstitucionalidade de leis. O Supremo Tribunal Federal sintetizou quatro princípios basilares do Direito Constitucional norte-americano:
Regra da proteção de direitosindividuais: As leis que ofendam o Bill of Rights (10 primeiros artigos da Constituição) ou que enfraqueçam a força obrigatória dos contratos (Secção X do Artigo 1º da Constituição) são considerados inconstitucionais.
Due process of Law: Nenhum Estado pode privar alguém de sua vida, liberdade ou propriedade sem o devido processo de Direito.
Rule of Reasonableness: Leis que imponham sacrifício de alguns em detrimento dos demais ou que estejam em desproporção com as vantagens da coletividade são inconstitucionais.
Equal protection of the Law: Nenhum estado pode negar a qualquer pessoa sob a sua jurisdição a proteção por igual das leis.
Capítulo III – As experiências constitucionais da França
Um povo em busca de sua Constituição: Ao contrário dos EUA e da Grã-Bretanha, a França não teve estabilidade em suas Constituições. Isso se deve ao movimento Iluminista, que julgava o tempo anterior ao movimento uma época de obscuridade e ignorância. Desejava-se então uma quebra com o passado e a criação de uma nova era, onde a razão guiaria o homem para o progresso. Isso causou um desprezo pela tradição e uma busca de novas formas de governas os povos – quando essa nova forma fracassava, buscava-se outra alternativa no arsenal filosófico.
A Constituição de 1791: Reúne a Declaração dos direitos do homem e do cidadão e as leis orgânicas dos poderes do Estado. Tentativa de monarquia parlamentarista.
Monarquia absoluta passou a ser limitada
Separação dos poderes de Montesquieu
Soberania Popular de Rousseau
Influência inglesa e americana
Igualitário
Antiaristocrático 
Assembleia Nacional Legislativo: Único corpo representativo. Eleito por Sufrágio Censitário e indireto.
Constituição de 1793: 1ª República
Ditadura Jacobina
Promulgada por voto popular
Sem separação de poderes
Ideal radical de República democrática
Câmara única (corpo legislativo) que apresenta projetos de lei para voto popular e nomeia o executivo
Renovada todos os anos por sufrágio universal
Época do Terror
Acabou com o golpe de Estado de Thermidor
Constituição de 1795: Diretório
Liderado pelos deputados moderados do centro
Preocupação em não deixar nada para decisões arbitrários pelo terror de regresso ao despotismo jacobino
Bicameral com eleições por voto censitário
Renovação anual de 1/3
Tripartição dos poderes
Poder executivo confiado ao diretório (com 5 membros), com eleição de um deles por ano pelo Conselho dos Anciãos, que escolhia entre uma lista de dez nomes votados pelo Conselho dos Quinhentos
Extrema rigidez causou grave crise política e 4 golpes de Estado, o último foi o de 18 de Brumário.
Constituição de 1799: Consulado
Nasceu de uma sede de ordem e estabilidade
80 senadores vitalícios e 3 Cônsules eleitos a cada 10 anos, sendo o 1º Cônsul tinha o poder executivo e os outros dois nomeavam ministros. Só os cônsules podiam propor leis. As leis passavam pelo Tribunado (100 membros) para ser votado, depois era apresentado à Corpo Legislativo (300 membros)
Constituição de 1802: Consulado Vitalício
Plebiscito nomeou Napoleão Bonaparte cônsul vitalício
Primeiro Cônsul passou a propor nomes para o consulado e indicar seu sucessor
Senado passou a ter poder legislativo e de dissolver a Tribunado e o Corpo Legislativo em nome da segurança do Estado
 Senadores passaram a ser escolhidos entre uma lista de 3 nomes para cada vaga apresentada pelo Primeiro Cônsul
Tribunado reduzido a 50 membros
Constituição de 1804: Primeira Monarquia Cesarista
Só o rei podia propor leis e também tinha o poder de dissolver a Câmara dos Deputados 
Câmara dos Deputados eleita por voto censitário
Constituição senatorial de 1814: Tentativa de Monarquia Parlamentar
Carta Constitucional de 1814: Restauração (Monarquia Constitucional)
Ato Adicional à Constituição do Império de 1815: Primeira Império Liberal
Carta Constitucional de 1830: Monarquia Parlamentar de Julho
Diminuiu o poder do Rei e aumentou o poder das Câmaras
Câmaras passaram a propor leis
Bicameralismo
Voto ainda censitário, mas duplicou o número de eleitores
A Monarquia caiu em 1848 com uma revolta popular romântica de intenção social
Constituição de 1848: 2ª República
Veio de reivindicações de melhores condições de trabalho, dignidade e igualdade social.
Sufrágio Universal e direto
Tentativa de um socialismo frustrado, pois foram eleitos republicanos moderados
Baseou-se na República norte-americana
Termino com um golpe de Estado pelo príncipe Napoleão (sobrinho do imperador) apoiado pela maioria da população em plebiscito.
Constituição de 1852: Segunda Monarquia Cesarista
Presidente da República passou a propor leis.
Leis eram discutidas e regidas pelo Corpo de Estado e votada na Assembleia Legislativa
Assembleia era eleita por voto direto e sufrágio universal
Senado como era no 1º Império, com 150 membros vitalícios e indicados pelo executivo
Enfraquecido por meio de plebiscito
Constituição de 1870: Segundo Império liberal
Bicameralismo (Corpo Legislativo e Senado)
As duas câmaras poderiam propor leis
Império tombou pela Insurreição de Paris (1870) após a derrota na guerra Franco-prussiana
Instituição de um governo provisório em 1871 para continuar com o esforço de guerra
Até 1875 sem nenhuma Constituição
Constituição de 1875: 3ª República
Duas Câmaras que formavam a Assembleia Nacional (Câmara dos Deputados com 4 anos de mandato e Senado com 9 anos de mandato)
Sufrágio Universal e indireto
Presidente podia dissolver a Câmara com o apoio do Senado
Era uma constituição provisória e que, ironicamente, durou mais tempo. Acabou com a derrota francesa na 2ª Guerra Mundial
Constituição de 1946: 4ª República
Foi dada à Assembleia de colocar em referendo uma nova constituição. A primeira de maioria socialista/comunista foi rejeitada. A segunda de maioria socialista e democratas cristão aceita
Assembleia Nacional (única) assistida por outras 3 assembleias:
Conselho da República: Estudar as leis votadas em primeira leitura, devolvendo-as à Assembleia caso não aprovassem
Conselho Econômico: Pronunciava-se sobre questões de interesse econômico
Assembleia da União Francesa: Resolvia as questões de interesse das colônias
Inaugurou o Conselho Superior de Magistratura, presidido pelo Chefe de Estado, como órgão máximo da Justiça
Governos sem maioria homogênea tinham difícil governabilidade (decretos-lei eram proibidos e legislativo não dava conta das demandas de ações governamentais) 
A 4ª República desabou com a crise da Argélia e o descontentamento popular, colocando em referendo popular uma nova Constituição 
Constituição de 1958: 5ª República
Visa o robustecimento da Autoridade de Chefe de Estado e do Governo
Presidente da República eleito por sete anos por um colégio eleitoral da Assembleia Nacional, dos conselhos gerais e dos conselhos municipais. É a o chefe de Estado com os poderes de:
Preside o Conselho Superior de Magistrados – mantido na Constituição)
Promulga as leis, podendo devolvê-las à Assembleia Nacional
Assina ordenanças e decretos (somente matérias reguladas pela Constituição)
Chefe dos Exércitos
Pode dissolver a Assembleia Nacional
Pode assumir poderes extraordinários em grave crise nacional
O presidente nomeia membros do governo e o Primeiro-Ministro. Este tem as funções de:
Nomeia os funcionários civis e militares
Tem o poder de fazer regulamentos
Dispõe da administração e das forças armadas
Responsável perante o Parlamento e sua nomeação implica em perda de mandato parlamentar
O Parlamento é composto pela Assembleia Nacional (5 anos de mandato e sufrágio direto) e Pelo Senado (9 anos de mandato e sufrágio indireto)
Governo deve demitir-se em caso de aprovação das Moções de Censura da Assembleia Nacional. Caso comece (com assinatura de 1/10 dos deputados) e seja rejeitada no final, não poderá haver outra tentativa na mesma legislatura
Um Conselho Constitucional de nove membros (três nomeados pelo Presidente da República, três pelo Presidente do Senado e trêspelo presidente da Assembleia Nacional) zela pela regularidade das eleições e pela constitucionalidade das leis.
Tem o Conselho econômico e social como órgão consultivo
Alterações na Constituição só podem ser feitas mediante aprovação do Presidente, referendo popular e 3/5 do Parlamento
Estados autônomos do ultramar compõe a Comunidade Francesa
Os ciclos e a balança de poder francesa:
A França foi um laboratório das mais diversas aventuras ideológicas. De todas as tentativas de Constituição, a que mais durou foi a que justamente permitiu a que permitiu mais livre desenvolvimento das instituições fora de doutrinas pré-concebidas: A de 1875.
Nota-se claramente um ciclo de poder:
Limitação de um poder pessoal puro
República democrática com governo de assembleia surgido de uma ruptura
Evolui para uma república autoritária e o Cesarismo engendrado pelo próprio poder pessoal ou apelo popular.
Ao longo desses quase dois séculos defrontaram-se dois filhos da Revolução:
Jacobinos: Representam as esquerdas francesas que tiveram como princípios:
A soberania nacional detida pelo eleitorado
Assembleia única sem fiscalização por outro órgão – o que resultava na inadmissibilidade da declaração judicial de inconstitucionalidade 
Submissão do governo à Assembleia
Apagamento da figura de Chefe do Estado
Cesarismo: Imprimiu profunda marca na administração francesa. Tinha como princípios:
Reconhecimento do princípio de soberania nacional, por plebiscito, num chefe de Estado
Livre exercício do poder do chefe de Estado
Forte hierarquia de governo de modo a obedecer ao chefe de Estado
O parlamento pendia ao lado cesarista quando a influência principal pertence ao gabinete. Já pende ao lado jacobino quando a balança pende para a Assembleia. Foram assim pouco hábeis de manter o equilíbrio desejado.
Conclusão da Leitura
O sucesso ou fracasso de uma Constituição se deve ao ajuste conforme a maneira de ser e viver de um povo e à sua época. Uma Constituição que garante ordem e progresso para um para um povo pode ser desastroso para outro. Do mesmo modo que diferenças cronológicas podem proporcionar diferentes resultados.

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