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SISTEMAS AGROSILVIPASTORIS PARA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

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1 
Sistemas Agrosilvipastoris para Recuperação de Áreas Degradadas. 
 
 Ivan Silvério de Oliveira1 
 Harlen Inácio dos Santos 2 
 
Universidade Católica de Goiás – Departamento de Engenharia – Engenharia Ambiental 
AV. Universitária, Nº 1440 – Setor Universitário – Fone (62)3946-1351. 
CEP: 74.605-010 – Goiânia - GO. 
 
RESUMO: O meio ambiente que sempre cumpriu sua função de depurar eficientemente, hoje 
está sobrecarregado pelas ações antrópicas: sofrendo o risco de exaustão dos seus recursos, 
não alcançando em certas situações, recuperar-se por si só, precisando do auxílio do homem. 
No entanto, tendo os atuais modelos de produção e desenvolvimento que dão prioridade 
econômica em prejuízo à conservação ambiental, a solução definitiva dessas questões parece 
estar distante de ser encontrada. De modo recente, essa preocupação ganhou simpatizantes em 
todo o mundo provocando uma maior conscientização às causas ambientais, incluindo casos 
de sucesso nos procedimentos de recuperação e propostas viáveis para o desenvolvimento 
sustentável, que deve ser o objetivo maior, como é apresentado neste trabalho os sistemas 
agrosilvipastoris, ampliando as chances para que os resultados sejam mais efetivos e 
duradouros. 
Palavras-chave: ações antrópicas, desenvolvimento sustentável, meio ambiente, solo. 
 
ABSTRACT: The environment that always accomplished its function of purifying 
efficiently, today is overloaded by the actions antrópicas: Suffering the exhaustion risk of 
their resources, not reaching in some situations, recover itself by itself, needing the man's 
help. However, having the production and development current models that give economic 
priority in prejudice to the environmental preservation, the definitive solution of these matters 
seems to be distant to of being found. In a recent manner, this preoccupation won 
sympathizers all over the world provoking a larger understanding to the environmental 
causes, including success cases in the recovery procedures and viable proposals for the 
sustainable development, that should be the larger goal, as it is presented in this work the 
systems agrosilvipastoris, enlarging the chances so that the results be more effective and 
lasting. 
Key-words: actions antrópicas, sustainable development, environment, soil. 
 
1 Graduando em Engenharia Ambiental pela Universidade Católica de Goiás. 
2 Biólogo, Doutor, Professor do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Católica de Goiás. 
 2 
1. INTRODUÇÃO 
 
A ação antrópica e a ocupação desordenada do solo, gerada pelo desenvolvimento da 
fronteira agrícola e pela constituição de pastagens, contribui para um procedimento de 
fragmentação da cobertura florestal nativa. 
A ocupação do território brasileiro tem como característica o aumento consecutivo de 
áreas degradadas. A degradação do solo está normalmente integrada ao dano da matéria 
orgânica, o que diminui a disponibilidade de nutrientes, principalmente nitrogênio, fósforo e 
enxofre, como também a capacidade de retenção da água. O que ocorre é que as tecnologias 
de recuperação possuem alto custo ou somente transferem o solo bom de uma área para outra 
degradada. 
A retirada da cobertura vegetal, aliada a práticas impróprias de cultivo, tem instigado 
os solos à degradação, seja pelo prejuízo à fertilidade ou diretamente pela perda de solo 
através de mecanismos erosivos. Em decorrência disto, pode-se verificar diminuição na vazão 
de mananciais hídricos e assoreamento de córregos, rios e lagos. A fundamental implicação 
de tudo isso é a redução da viabilidade da atividade agrícola, o que suscita um choque direto 
no homem do campo. 
Considera-se que mais de 100 milhões de hectares de solo no Brasil se encontram em 
estado de degradação, em conseqüência de mecanismos erosivos originários de 
empreendimentos transformadores do meio físico, como: desmatamento, exploração agrícola, 
grandes obras civis, expansão de áreas urbanas e exploração mineral (UFV, 2004). 
O reaproveitamento do terreno, a drenagem e o plantio de espécies vegetais 
estabelecem maneiras de minimizar estes choques. A pluralidade dos planos de recuperação 
de áreas degradadas possui finalidades somente de curto prazo, o que intervém nos resultados 
da revegetação. 
Para que ocorra a recuperação de áreas degradadas é necessário criar uma íntima 
relação entre os animais e as plantas, através de um manejo interligado dos animais que, por 
exemplo, propiciam esterco que, transformado em húmus, devolve ao solo a força vital que 
lhe é retirada pelas plantas, recompondo o fluxo de energia para a manutenção da vida no solo 
(SOUZA, 2005). 
 3 
Os sistemas agrosilvipastoris, em que convivem em harmonia árvores e arbustos com 
pastos, têm provado ser uma opção que gera algumas vantagens com relação à melhoria das 
condições do solo, dos pastos, do gado e da área em redor. 
2. OBJETIVO 
 
O presente trabalho objetiva discutir sobre os sistemas agrosilvipastorís existentes e 
utilizados na recuperação de áreas degradadas. 
3. METODOLOGIA 
 
A metodologia utilizada foi baseada em revisão bibliográfica e sites de renome na 
área de sistemas agrosilvipastoris. 
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
No Brasil e na América Latina os sistemas silvipastoris têm despertado interesses, 
nos últimos anos, entre os pesquisadores e produtores, devido à ampla gama de possibilidades 
para combinar arranjos de plantas no espaço e no tempo com múltiplos atributos. Podem ser 
associadas árvores madeiráveis, frutíferas e leguminosas rasteiras (VALE, 2004). 
De acordo com Franke & Furtado (2001), os sistemas agrosilvipastoris diminuem os 
impactos ambientais negativos, inerentes aos sistemas convencionais de criação de gado, por 
favorecerem a restauração ecológica das pastagens degradadas, diversificando a produção das 
propriedades rurais, gerando lucros e produtos adicionais, ajudando a depender menos de 
insumos externos, como adubos, postes e mourões, permitindo e intensificando o uso 
sustentável do solo, além de outros benefícios (Franke & Furtado, 2001) 
Baseando-se em princípios éticos e ecológicos pode-se demonstrar que é possível 
harmonizar a produção agrícola e a reabilitação ambiental, de maneira economicamente 
viável e socialmente eqüitativa, com o objetivo de atingir uma melhor qualidade de vida para 
todos os envolvidos. Sistemas silvipastoris podem fornecer alimento para pessoas e para o 
gado, frutos e resinas, pasto apícola, entre outros produtos. Nas áreas de cultivo anual, bianual 
e perene deve ser realizada a correção do solo e adubação verde, com a finalidade de repor a 
condição natural do solo visando impedir ao máximo o uso de produtos industriais, como 
fertilizantes e agrotóxicos. As áreas de cultura devem ser interligadas com a atividade 
 4 
pecuária, abastecendo com forrageiras aos animais (rotação de cultura) e também subprodutos 
da secagem dos grãos (VALE, 2004). 
Para MONTOYA et al (1994), as árvores são sub-utilizadas nas propriedades rurais. 
A arborização das pastagens permite repovoar de uma forma ordenada áreas de pastagens a 
céu aberto, para proteger o rebanho dos extremos climáticos e ainda obter serviços ambientais 
e diversificação de produtos florestais e pecuários. 
As árvores são um investimento de longo prazo, e podem ser utilizadas no manejo 
do risco econômico, no planejamento da aposentadoria e como forma de transferir 
riquezas entre gerações. É necessário um planejamento cuidadoso para capturar 
todos os benefícios da presença das árvores no espaço rural. As árvores produzem 
madeira e outros bens florestais (resinas, produtos medicinais),combatem a 
salinidade e problemas de alagamento, protegem e conservam os solos, provém 
sombra e abrigo para outras plantas e animais, conservam e encorajam a 
biodiversidade, melhoram a beleza cênica (ABEL et al, 1997). 
 
O cultivo mínimo e o plantio direto que são utilizados comumente nas áreas de 
culturas, têm como finalidade diminuir a movimentação do solo deixando-o coberto pela 
palhada das culturas anteriores. Em decorrência, dá-se a redução da desagregação do solo, o 
acréscimo da matéria orgânica, a arrefecimento do encostamento superficial, do adensamento 
(pé de grade) e dos gastos com o seu preparo. Com isso há o controle da erosão e a 
conservação da umidade, minimizando os problemas de queda de produção devido à 
ocorrência de veranicos (VALE, 2004). 
Contudo, tendo como premissa o caráter de longo prazo da atividade florestal e o fato 
de a maioria dos agricultores serem imediatistas em analogia aos investimentos e suportarem 
obstáculos de capital de giro e de investimento, o sistema de monocultura pode se tornar uma 
opção pouco viável do ponto de vista socioeconômico, quando comparado com as outras 
atividades agrícolas que oferecem retornos a curto prazo. Para atender à progressiva demanda 
da agricultura, silvicultura e pecuária, com as especificidades mercadológicas, a utilização da 
terra foi intensificada, VALE (2004) afirma que: 
Por causa disto, novas fronteiras foram abertas em detrimento de uma degradação 
dos recursos naturais, promovendo uma drástica redução da biodiversidade, em 
substituição a plantios homogêneos. As monoculturas sucessivas provocaram uma 
queda da fertilidade natural dos solos e, conseqüentemente, uma produtividade 
incompatível com o esperado (VALE, 2004). 
 
O uso indistinto dos solos, provocando cultura de vegetais muito inferiores das 
almejadas, determinou empenhos vultosos dos pesquisadores no sentido de determinar 
processos de obtenção de uma produção vegetal com rentabilidade ótima, de maneira que a 
 5 
sociedade como um todo tenha a seu dispor no mercado produtos vegetais com qualidade e 
preço de acordo com as suas exigências e possibilidades. 
O sucesso da agricultura, sob uma ótica mais contemporânea, vai depender da 
utilização racional das terras, alcançando uma sustentabilidade com maior rentabilidade por 
unidade-área, sem, no entanto, degradar o solo, que é o nosso maior patrimônio. 
É relevante salientar, no entanto, que o avanço dos modelos atuais de agricultura para 
sistemas mais intensos de utilização do solo só pode ser efetivado de modo mais gradual, sem 
grandes transformações no sistema tradicional. Assim sendo, qualquer sistema alternativo 
para alcançar sucesso deve abarcar, ao nível do agricultor, o plantio de culturas de 
subsistência e comercial com capacidade de instigar um processo de captação em beneficio do 
produtor rural (SOUZA, 2005). 
Por conseguinte, a agrosilvicultura aparece como uma alternativa para o 
desenvolvimento florestal sustentável, pois propicia a variação da produção, probabilidade de 
aquisição de renda com o cultivo de espécies agrícolas durante o período de crescimento da 
floresta na mesma unidade de área, e promoção de empregos no campo além das benesses 
ambientais pela melhor ocupação da área, fixação de carbono da atmosfera, maior proteção do 
solo, regulação do regime hídrico e aumento da diversidade de espécies, embora se tratando 
de um sistema de utilização do solo objetivando a aquisição de produtos agrícolas e florestais 
(FRANKE & FURTADO, 2001). 
As árvores auxiliam a conservação do solo de várias maneiras: reduzem a erosão do 
solo, aumentam a matéria orgânica do solo, melhoram a estrutura do solo e aceleram a 
ciclagem de nutrientes. As árvores ajudam a reduzir a erosão pela redução do fluxo do vento e 
da água, mantendo o solo agregado e aumentando a infiltração. A recuperação de áreas 
degradadas pode ser auxiliada pela deposição de restos vegetais, incluindo tocos, galhos e 
liteiras, ao longo de curvas de nível, onde eles podem segurar matéria orgânica e sementes. O 
aumento nos teores de matéria orgânica do solo e da liteira das árvores ajuda a melhorar a 
estrutura do solo e aumenta a infiltração de água plucial. A germinação das sementes e o 
desenvolvimento de uma faixa de vegetação ao longo dessas linhas aumentam com o tempo, o 
controle dos fluxos de água e de vento, bem como a ciclagem de nutrientes. As raízes de 
algumas árvores podem penetrar mesmo em solos bastante compactados, auxiliando a 
melhorar a capacidade de infiltração de água (ABEL et al., 1997) 
 6 
Em uma conceituação genérica, a agrosilvicultura apresenta diversas modalidades de 
utilização, em que se agregam culturas e/ou animais, com o objetivo de aumentar o lucro por 
unidade de área. Ademais, a agregação traz um ganho ecológico, pois são respeitadas as 
exigências das plantas e dos animais em simultaneidade com o ambiente, possibilitando que 
as atividades sejam sustentáveis (VALE, 2004) 
Assim sendo, considera-se que os sistemas agroflorestais se mostram como 
protótipos alternativos de sustentabilidade, uma vez que estão fundamentados em princípios 
econômicos de uso racional dos recursos naturais renováveis, sob exploração ecologicamente 
sustentável, sendo capazes de gerar benefícios sociais, porém, sem comprometer o potencial 
produtivo dos ecossistemas (PEREIRA, J.M., REZENDE, C.P. , 1997). 
A agrosilvicultura é a ciência que estuda os sistemas agroflorestais. Por conseguinte, 
os sistemas agroflorestais passam a ser elemento de estudos dessa ciência, isto é, fazem parte 
do conjunto de atividades racionais e sistemáticas do conhecimento gerado por esta. 
O sistema agrossilvipastoril, de acordo com Combe e Budowski, citados em 
MARQUES (1990), versa na combinação de árvores com cultivos agrícolas e com atividade 
pecuária, seguindo-se, habitualmente, uma série temporal entre os componentes. No entanto, 
Catie, citado em MARQUES (1990) nomeia sistema agrossilvipastoril ou agroflorestal 
pastoril como sendo a combinação de árvores madeireiras ou frutíferas com animais, com ou 
sem a presença de cultivos. Por conseguinte, Torres, citado em MARQUES (1990), ressalta 
que os sistemas agrosilvipastoris abrangem cultivos de alimentos herbáceos e outros 
componentes contidos nos sistemas silvipastoris, isto é, árvores ou arbustos, pastos e animais. 
Neste sistema, a interação entre as árvores, os cultivos e os animais se encontra refletida nas 
condições do microambiente e nas produções biológica e econômica. Catie, citado em 
MARQUES (1990), faz referência a algumas interações entre os componentes, tendo destaque 
as seguintes: 
• A presença do animal muda e pode acelerar alguns aspectos da ciclagem de 
nutrientes. 
• Se a carga animal é alta, a compactação do solo pode afetar o crescimento 
das árvores e outras plantas combinadas. 
• As preferências alimentares dos animais podem afetar a composição do 
bosque. 
 7 
• As arvores proporcionam microclima favorável para os animais (sombra, 
ambiente mais fresco etc.). 
• Os animais podem participar da disseminação ou escarificação de 
sementes, favorecendo a germinação ( Catie em MARQUES, 1990). 
A atividade pecuária, de acordo com Pottier, citado em MARQUES (1990), provoca 
receitas que, no período anterior ao do corte das árvores, representem o principal benefício 
econômico, ainda que se vendam eventualmente árvores procedentes de desbastes. “Sempre 
que o animal não for introduzido demasiado cedo nas plantações e, portanto, não ocasionar 
danos às árvores em crescimento, podem-se eliminar as ervas daninhas e reduzir os custos” 
(MARQUES, 1990). 
Para a expressão sistemas agroflorestais existem diversas definições, no entanto a 
mais completa e objetivaé a seguinte: “são sistemas de uso da terra e dos recursos naturais 
que combinam a utilização de espécies florestais, agrícolas e, ou, criação de animais, numa 
mesma área, de maneira simultânea e, ou, escalonada no tempo” (VALE, 2004). 
Tendo como premissa que dinamismo e interações são aspectos inerentes aos 
sistemas agroflorestais, Montagnini et al. citado em VALE (2004), analisam o vocábulo 
“sistema” dando-lhe o significado de “um conjunto de componentes que se relaciona 
formando uma unidade, como um todo. Os componentes incluem populações de plantas 
cultivadas e animais, com características estruturais e funcionais”. (VALE, 2004). 
Refletindo sobre o lado estrutural, um sistema agropecuário é um desenho físico de 
cultivos e animais no espaço ou por intermédio do tempo; segundo sua função, tem como 
característica uma unidade processadora de ingressos, como radiação solar, água, nutrientes e 
produtor de egressos (alimentos, lenha e fibras). 
Segundo DUBÉ (1999), o sistema agroflorestal é uma modalidade exeqüível de uso 
da terra, de acordo com o princípio de rendimento sustentado, que possibilita aumentar a 
produção total e combinar, ao mesmo tempo ou de uma maneira escalonada, cultivos 
agrícolas com florestas e, ou, com criações, aplicando as práticas de manejo compatíveis com 
os padrões culturais da população local. 
Para ICRAF, citado em VALE (2004), os sistemas agroflorestais são práticas de 
utilização e manejo dos recursos naturais por intermédio de espécies lenhosas, arbustivas e 
herbáceas, usadas juntamente com culturas agrícolas e/ou com animais na mesma área, 
 8 
respectivamente ou em seqüência temporal, com interações ecológicas e/ ou, econômicas 
significativas entre os componentes (VALE, 2004). 
SANTOS (2000) afirma que a degradação das pastagens ocorre dentro das seguintes 
etapas: implantação e estabelecimento das pastagens, utilização das pastagens (ação climática 
e biótica, práticas culturais e de manejo) e queda da produtividade – efeito na capacidade de 
suporte; queda na qualidade nutricional. Também especifica que o acompanhamento da 
capacidade de suporte possibilita prever fases mais graves no processo de degradação, 
especialmente quando os recursos naturais já iniciam o processo de deteriorização. 
Dessa forma, observamos que o manejo da pastagem tem como premissa a 
preservação do equilíbrio entre o rendimento e a qualidade da forragem produzida e a 
manutenção da composição desejada para o pasto, com analogia na produção ótima por 
animal e por área. Dessa forma, o conhecimento das inter-relações dos componentes 
abarcados é de extrema relevância no controle e na manipulação dos sistemas de pastejo 
(DUBÉ, 1999). 
De modo geral, os fatores que provocam a degradação das pastagens estão ligados ao 
manejo das mesmas. No entanto, falhas de natureza técnica no período de semeadura e 
estabelecimento podem concorrer para tal degradação. 
Segundo MARQUES (1990), a classificação dos SAF’s mais disseminada é aquela 
que avalia as características funcionais e estruturais como fundamento para agregar estes 
sistemas em categorias: 
• Sistemas silviagrícolas (agrosilvícolas ou agrosilviculturais): 
combinação de cultivos florestais e cultivos agrícolas numa mesma área. 
• Sistemas silvipastoris: combinação de cultivos florestais e criação de 
animais numa mesma área, de forma simultânea ou escalonada no tempo. 
• Sistemas agrosilvipastoris: combinação de cultivos florestais, cultivos 
agrícolas e criação de animais numa mesma área, de forma simultânea ou 
escalonada no tempo, conceituado anteriormente. 
A classificação tem como intuito primordial promover a análise dos sistemas 
agroflorestais. Para tanto, agregam-se os sistemas que mostram aspectos análogos, para serem 
analisados entre si e para possibilitar a generalização dos seus resultados, assim como definir 
o estabelecimento de regras que possam orientar as atividades do setor. 
 9 
Os sistemas silvipastoris (SSP's), uma das formas dos sistemas agroflorestais 
(SAF's), fazem referências às técnicas de produção, nas quais se interagem animais, plantas 
forrageiras e árvores na mesma área. Tais sistemas concebem uma forma de uso da terra, 
cujas atividades silviculturais e pecuárias são combinadas a fim de provocar produção de 
forma complementar através da agregação dos seus componentes (GARCIA e COUTO, 
1997). Quando se acrescenta, além dos componentes anteriores, o cultivo de lavouras anuais, 
mesmo que apenas na fase de implantação do sistema, estes passam a ser chamados de 
sistemas agrosilvipastoris. 
A aquisição de sistemas silvipastoris sustentáveis está sujeita ao nível de 
conhecimento das agregações que existem entre seus componentes, especialmente em relação 
aos diferentes níveis de exigência e utilização dos fatores naturais de produção, enfocando-se 
luz, água e nutrientes (PEREIRA e REZENDE, 1997). Ainda que o uso de várias 
especificidades de sistemas agroflorestais não constitua uma prática contemporânea, as 
pesquisas sobre o seu funcionamento o são, embora ainda limitadas. 
Além do mais, estes sistemas oferecem várias probabilidades de uso de diferenciadas 
espécies e arranjos, cada um tendo como resultado um conjunto variado de integrações entre 
seus componentes. Esses intercâmbios são também extremamente influenciados pelas 
condições ambientais do local (clima e solo). De acordo com SANTOS (2000), a 
complexidade e a extensa duração dos sistemas agroflorestais tornam difíceis as investigações 
dos mecanismos e processos, sendo que, sem o conhecimento desses mecanismos, é difícil 
generalizar e superar os resultados de um estudo para diferentes condições. 
Um ponto a destacar é que a influência das árvores sobre a produção das pastagens, 
analisando a interferência da radiação solar, pode diminuir a sua capacidade produtiva. 
Entretanto, MAGALHÃES et al (2004) consideram que 
 “quando o componente arbóreo não é muito denso, permitindo que a 
radiação solar penetre pela copa até o solo, as gramíneas existentes sob esse 
dossel mantêm por mais tempo seus níveis de proteína e maior 
digestibilidade do que aquelas que estão fora da influência dessa cobertura 
vegetal” (MAGALHÂES et al, 2004). 
 
Objetivos dos sistemas agroflorestais 
Os sistemas agroflorestais têm como finalidade aperfeiçoar a produção por unidade 
de superfície, respeitando sempre o princípio de rendimento contínuo, especialmente pela 
 10
conservação/manutenção do potencial produtivo dos recursos naturais renováveis (MACEDO 
& CAMARGO, 1994). 
De acordo com VALE (2004) para que este intuito possa ser alcançado é preciso que 
os sistemas agroflorestais promovam a concretização dos seguintes pré-requisitos: 
• Manter-se sustentável; 
• Aumentar a produtividade vegetal e animal; 
• Direcionar técnicas para uso racional do solo e água; 
• Diversificar a produção de alimentos; 
• Estimular a utilização de espécies para usos múltiplos; 
• Diminuir os riscos do agricultor; 
• Minimizar os processos erosivos; e 
• Combinar a experiência rural dos agricultores com o conhecimento 
científico (VALE, 2004). 
Vantagens dos sistemas agroflorestais 
VALE (2004) prossegue dizendo que a prática de sistemas agroflorestais em todo o 
mundo possibilita tornar evidentes algumas vantagens biológicas em relação às outras 
modalidades de uso da terra, sendo algumas citadas a seguir: 
• Melhor ocupação do sítio ecológico; 
• Aumento da matéria orgânica; 
• Melhoria das propriedades físico-químicas e biológicas do solo; 
• Retenção e conservação de água no solo; 
• Controle da erosão; 
• Aumento da produtividade por unidade de superfície; 
• Redução das variáveis microclimáticas; 
• Diminuição dos riscos de perdas de produção; 
• Tutor ousuporte para plantas trepadeiras; 
• Uso adequado do sombreamento; e 
• Agrega valores (VALE, 2004). 
 A melhor ocupação espacial do sítio ecológico acontece com a existência de uma 
maior variedade de espécies vegetais ocupando os vários extratos, tanto acima quanto abaixo 
 11
do solo, uma vez que as diversificadas necessidades por nutrientes, água e radiação solar, 
possibilitem uma utilização mais eficaz dos recursos ambientais. 
O aumento ou a manutenção da matéria orgânica ao solo acontece por intermédio da 
queda de folhas, galhos e frutos que serão decompostos por microrganismos do solo, bem 
como da degeneração sucessiva ou apodrecimento das raízes. O processo de decomposição 
possibilita gradativamente nutrientes que serão agregados ao solo e absorvidos novamente 
pelas plantas (ALBIERE, 2005). 
A ciclagem e a reciclagem de nutrientes, proporcionadas pelas espécies florestais, 
acrescem na fertilidade do solo pela translocação dos nutrientes das camadas mais profundas 
do solo para as superficiais, assim como pela queda e deposição do litter (VALE, 2004). 
Os diferenciados extratos de copa diminuem o choque das gotas de chuva no solo, 
possibilitando maior infiltração, ancoragem e conservação da água. A cobertura das copas 
amortiza a temperatura do solo, diminuindo assim a evaporação e, conseqüentemente, a perda 
de água. 
A amortização do choque das gotas de chuva no solo, pela presença de vários 
extratos de copas (consórcios), assim como a presença de resíduos orgânicos, são fatores que 
colaboram para a redução dos riscos de erosão e perdas de solo. 
O acréscimo da utilização subsuperficial e superficial do solo, em conseqüência de 
vários extratos de raízes, tem como resultado um avanço no potencial de produção de 
biomassa, devido ao aumento na produtividade total do sistema. 
O dossel de copas dos elementos do sistema agroflorestal funciona como protetor do 
solo à radiação solar direta durante o dia, e à noite impossibilita a perda de energia, 
amortecendo a intensidade de alteração de temperatura e de umidade. 
A biodiversidade da produção dos sistemas agroflorestais pode diminuir os riscos de 
perdas totais na produção por causa dos fatores climáticos e biológicos. O consórcio de 
variadas culturas provoca um fator de segurança, no qual a produção de uma cultura pode 
contrabalançar a perda de outra. 
As árvores, nos sistemas agroflorestais, podem servir como tutores ou suportes para 
espécies trepadeiras de valor econômico, como: chuchu, maracujá, pimenta-do-
reino, baunilha, cará etc. O sombreamento proporcionado pelo dossel de copas 
pode favorecer determinados cultivos como: cacau, café, palmito, inhame etc. Isso 
ocorre principalmente quando as condições locais de solo, temperatura e 
pluviosidade são desfavoráveis (VALE, 2004). 
 12
 
Embora existam muitas vantagens para se escolher os sistemas agroflorestais, 
algumas restrições devem ser consideradas: 
• Aumento na competição entre os componentes do sistema; 
• Potencial para aumento de perdas de nutrientes; 
• Danos mecânicos durante a colheita e tratos culturais; 
• Danos promovidos pelo componente animal; 
• Efeitos alelopáticos; 
• Aumento dos riscos de erosão; e 
• Habitat ou hospedeiros para pragas e doenças. 
A ocupação do mesmo espaço físico pelos variados elementos (arbustivo-arbóreo e 
culturas agrícolas) pode provocar acréscimo na competição pelos recursos do meio. Essa 
competição por nutrientes, espaço de crescimento, luminosidade e umidade, pode reduzir a 
produtividade dos cultivos (VALE, 2004). 
Os nutrientes permitidos na decomposição da matéria orgânica podem ser perdidos 
por lixiviação, erosão eólica e hídrica (SOUSA, 2005). 
As características econômicas e sociais dos sistemas agroflorestais são fáceis de 
compreender através dos produtores rurais, pois eles trabalham diretamente com sementes, 
adubos, defensivos, máquinas e implementos agrícolas, trabalhadores rurais etc. 
Esses sistemas possibilitam considerar algumas vantagens tanto econômicas quanto 
sociais em relação às outras modalidades de uso da terra, como: 
• Aumento da renda do produtor rural; 
• Maior variedade de produtos e, ou, serviços; 
• Melhoria da alimentação do homem do campo; 
• Redução do risco de perdas totais; 
• Redução dos custos de plantio; 
• Melhoria da distribuição da mão-de-obra rural; e 
• Redução da necessidade de capinas (VALE, 2004). 
A variedade de culturas estando no mesmo espaço físico oportuniza a obtenção de 
vários produtos colhidos em diferenciados períodos, produzindo maior renda distribuída ao 
longo do ano. Esses vários produtos, provindos dos sistemas agroflorestais, podem ser: lenha, 
 13
madeira, postes, forragem, alimentos, produtos medicinais, óleos essenciais, taninos entre 
outros. 
A maior variedade de culturas propicia um acréscimo da quantidade de alimentos 
disponíveis ao longo do ano, com a benesse nutricional de abastecer grande quantidade da 
necessidade calorífica de uma família rural. Veja logo abaixo as vantagens biológicas, 
econômicas e sociais dos sistmeas agroflorestais. 
Quadro 1: Vantagens biológicas, econômicas e sociais dos sistmeas agroflorestais, adaptado de 
SOUZA e SANTOS, 2000 e 2005. 
Vantagens biológicas Vantagens econômicas e sociais
• Melhor ocupação do local. A consorciação 
de plantas com diferentes exigências de luz, 
água e nutrientes possibilita o uso mais 
eficiente desses fatores de produção, 
resultando em maior produção de biomassa. 
• Melhoramento das propriedades químicas, 
físicas e biológicas do solo. As árvores 
promovem a ciclagem de nutrientes das 
camadas mais profundas do solo para as 
camadas superficiais, via translocação 
desses nutrientes para os galhos, as folhas 
e outras partes da planta, que, ao cair no 
solo, promoverão o aumento do teor de 
matéria orgânica do solo. 
• Aumento da produtividade. A produção 
integrada dos sistemas agroflorestais é, 
freqüentemente, maior que nos 
monocultivos. 
• Controle da erosão do solo. Os sistemas 
agroflorestais que incluem consórcios de 
plantas que ocupam diferentes estratos de 
copas podem reduzir o impacto das chuvas 
e os riscos da erosão do solo. 
• Redução de variáveis microclimáticas. O 
dossel de copas das árvores nos sistemas 
agroflorestais funciona como protetor do 
solo contra a radiação solar direta durante o 
dia e impede que ele perca energia à noite, 
diminuindo a amplitude de variação de 
temperatura e umidade locais. 
• Redução do risco de perda de produção. A 
biodiversidade pode reduzir o risco de perda 
de produção devido a ataques de pragas e 
doenças ou a condições climáticas 
desfavoráveis. 
• Aumento das oportunidades de renda 
por unidade de área. Os sistemas 
agroflorestais aumentam a receita do 
produtor rural. 
• Maior variedade de produtos e, ou, 
serviços. A utilização de sistemas 
agroflorestais permite a obtenção de um 
número maior de produtos e, ou, 
serviços a partir de uma mesma área de 
terra, do que quando se utilizam 
monocultivos. 
• Melhoria da alimentação e nutrição 
humana. A grande diversidade de 
plantas e as diferentes alternativas de 
consorciação de espécies agrícolas com 
árvores e 
• espécies arbustivas permitem a 
obtenção de vários produtos para o 
consumo humano. 
• Diversidade de culturas e redução de 
riscos. A grande diversidade de plantas e 
as diferentes alternativas de 
consorciação de espécies agrícolas com 
árvores e espécies arbustivas permitem 
a obtenção de variada gama de 
produtos. 
• Amortização dos custos de plantio e 
manutenção florestal. Os custos de 
estabelecimentos de plantações 
florestais podem ser reduzidos quando 
outras culturas são plantadas 
simultaneamente, ou quando se utilizam 
consorciações com bovinos e ovinos.• Melhoria da distribuição de mão-de-obra 
rural ao longo do ano. Há uma melhor 
 14
• Tutor ou suporte para trepadeiras. Nos 
sistemas agroflorestais, as árvores podem 
funcionar como tutores ou suportes para 
espécies trepadeiras de valor econômico. 
• Uso adequado do sombreamento. Isso é 
verdade principalmente em locais onde as 
condições de solo não são adequadas, 
quando a pluviosidade é muito grande ou 
quando a temperatura é muito alta 
(SANTOS, 2000). 
distribuição da demanda de mão-de-obra 
no decorrer do ano, em oposição ao que 
ocorre nas monoculturas. 
• Redução das necessidades de capinas. 
A presença da cobertura arbórea pode 
reduzir a radiação solar em nível de 
superfície do solo, diminuindo, por 
conseguinte, o crescimento de ervas 
invasoras não-tolerantes à sombra. 
• Contribuição no manejo de paisagens. A 
recomposição paisagística de uma área 
degradada pode ser feita com o uso de 
sistemas agroflorestais, pois estes 
proporcionam maior diversidade cultural 
e beleza cênica do que as monoculturas 
arbóreas, por exemplo (SOUZA, 2005). 
 
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
Os problemas ligados á degradação dos recursos naturais se acentuaram, devido o 
desmatamento da cobertura florestal através de derrubadas e queimadas. Com isso começa 
exigir o sistema alternativo de recuperação das áreas degradadas, pela qual combina 
benefícios produtivos, econômicos, sociais e ambientais. 
As formas de uso da terra onde arvores e arbustos são cultivados juntos a culturas 
agrícolas, pastagens e animais visa múltiplos propósitos e são uma opção viável de manejo 
sustentado da terra e aumento da produção agrícola, animal e floresta. 
O que falta é investir na divulgação dos projetos de integração floresta – agricultura 
– pecuária, que venham oportunizar esclarecimentos e preocupações com os impactos 
florestais, além de transmitir recomendações técnicas, para que os produtores reconheçam os 
grandes benéficos ambientais, econômicos e sociais, que o sistema oferece e que venham a 
estimular sua implantação. 
Os resultados desse sistema vem assegurar a sustentabilidade, equidade social e a 
proteção ução ambiental do nosso planeta. 
 
 
 
 15
6. COMENTÁRIOS FINAIS 
 
Mesmo com uma vocação regional para a utilização das atividades agrícolas e 
pastoris, aliada à otimização no uso de recursos naturais disponíveis, bem como a necessidade 
de diversificação e a oportunidade de agregar o valor na propriedade, o emprego de sistema 
agrosilvipastoril ainda é visto com certa reserva por parte da sociedade. 
Os técnicos afirmam que o processo equilibrado entre os componentes arbóreo, 
forrageiro/agrícola e animal ocorrem em harmonia pelos espaçamentos entre as árvores, o que 
provoca uma diminuição na competição entre as espécies. Esse fator é primordial para uma 
produção eficiente com eucaliptos integrada à outras culturas e sem causar danos ao campo 
nativo. 
Grande parte dos produtores rurais necessita de alternativas de aumento de emprego 
e renda. Nesses casos, o produtor pode usar suas melhores terras com plantios agrícolas e, 
obedecendo à legislação, ocupar as terras de relevo mais acidentado, pobres ou abandonadas, 
principalmente com o plantio de árvores, também em sistemas consorciados. Sistemas 
agroflorestais melhoram a distribuição da mão-de-obra ao longo do ano, diversificando a 
produção, melhorando as condições de trabalho no meio rural e da qualidade de vida do 
produtor. Este é o argumento de FRANKE & FURTADO (2001), que afirma que a 
lucratividade de sistemas silvipastoris tem sido demonstrada por vários trabalhos, 
exemplificando que, segundo os indicadores obtidos na região Sul, plantios florestais e 
sistemas agroflorestais apresentam rentabilidade significativamente maiores que a respectiva 
rentabilidade dos cultivos anuais de feijão + milho e soja + trigo. 
No entanto, é necessário cuidado na seleção das espécies adequadas às condições 
ecológicas do lugar; compatíveis com outros componentes do sistema (por exemplo, evitar 
árvores que produzam frutos tóxicos aos bovinos); espécies adequadas à prática agroflorestal 
que se quer implantar (por exemplo, raízes profundas para as espécies de barreiras quebra-
vento, leguminosas quando se deseja aumentar a fertilidade do solo, tolerância ao corte de 
forrageiras); espécies de silvicultura conhecidas (MONTOYA et al. 2000). 
Outra vantagem do sistema agrosilvipastoril é que os animais também recebem 
benefícios no habitat da floresta. Em termos econômicos e sociais, a diversificação das 
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atividades tem sempre influência positiva em qualquer região, com a geração de novos 
horizontes de trabalho (MONTOYA et al, 2000) 
Apesar de algumas recomendações elencadas por estudiosos em alguns trabalhos, 
não há dúvida de que existem mais vantagens do que desvantagens no uso dos sistemas 
agrosilvipastorís. O reconhecimento do valor potencial desses sistemas está em crescimento 
no Brasil, mas sua utilização ainda é baixa, e depende da geração de maior volume de 
informações e da divulgação de seus benefícios econômicos e ambientais. As pesquisas 
auxiliarão a compreender melhor as interações entre os fatores e a caracterizar as necessidades 
dos componentes do sistema. 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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http:www.mtg.unimelb.edu.au./designbook.htm. Citado em Documentos EMBRAPA, 
Minstério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 
ALBIERE, Ricardo Crivano. Contribuições didáticas para o curso de agropecuária 
orgânica do Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro: 
floricultura orgânica em agroecossistemas. Seropédica, RJ, 2005. 
DUBÈ, Francis, M.S. Estudos técnicos e econômicos de sistemas agroflorestais com 
Eucalyptus sp. no noroeste do Estado de Minas Gerais: o caso da Companhia Mineira de 
Metais. Viçosa: UFV, 1999. 
FRANKE & FURTADO, Sistemas Silvipastorís: Fundamentos e Aplicabilidade, Embrapa, 
Acre 2001, (Documentos Embrapa, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). 
GARCIA, R., COUTO, L. Sistemas silvipastoris: tecnologia emergente de sustentabilidade. 
In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE PRODUÇÃO ANIMAL EM PASTEJO, 1997, 
Viçosa. Anais... Viçosa: DZO/UFV, 1997, p.447-471. 
KARLIN, U. O.; AYERSA, R. O programa da algaroba na República Argentina. In: 
SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE ALGAROBA, 1; Natal, RN., 1982. Anais... Natal, 
1982. p. 146-97. 
 17
MACEDO, R. L. G.; CAMARGO, I. P. Sistemas agroflorestais no contexto do 
desenvolvimento sustentável. In: CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE SISTEMAS 
AGROFLORESTAIS, 1. Porto Velho, 1994. Anais... Porto Velho, Embrapa, 1994. 
MAGALHÃES, João Avelar. COSTA, Newton de Lucena. PEREIRA, Ricardo Gomes de 
Araújo. TOWNSEND, Cláudio Ramalho. BIANCHETTI, Arnaldo. Sistemas silvipastoris: 
alternativa para Amazônia. Bahia Agríc., v.6, n.3, nov. 2004. 
MARQUES, Luciano Carlos Tavares. Comportamento inicial de parícá, tata juba e 
eucalipto, em plantio consorciado com milho e capim-marandu, em Paragominas, Pará. 
Viçosa: UFV, 1990. 
MONTOYA et al., Aspectos de Arborização de Pastagens e Viabilidade técnica-
econômica da alternativa silvipastoril, EMBRAPA, 1994, citado em Documentos 1994, 
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 
PEREIRA, J.M., REZENDE, C.P. Sistemas silvipastoris: fundamentos agroecológicos e 
estado da arte no Brasil. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 13, 1996, 
Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1997. p. 199-219. 
SANTOS, Mário Jorge Campos dos. Avaliação econômica de quatro modelos 
agroflorestais em áreas degradadas por pastagens na Amazônia Ocidental. Piracicaba: 
USP, 2000. 
SOUZA, Maurício Novaes.Recuperação de áreas degradadas. Gestão Ambiental: EVATA. 
Viçosa: UFV, 2005. 
VALE, Rodrigo Silva do. Agrossilvicultura com eucalipto como alternativa para o 
desenvolvimento sustentável da zona da Mata de Minas Gerais. Viçosa: UFV, 2004.

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