Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SÍNTESE SOBRE COMO INTERPRETAR UM EXAME DE HEMOGRAMA COMPLETO O hemograma é o nome dado ao conjunto de avaliações das células do sangue que, reunido aos dados clínicos, permite conclusões diagnósticas e prognósticas de grande número de doenças. Um exame que analisa as variações quantitativas e morfológicas dos elementos figurados do sangue. Esse exame é solicitado para diagnosticar ou controlar a evolução de uma doença como, por exemplo, anemia e infecções de diversos tipos. A introdução do hemograma na prática médica ocorreu em 1925 por meio de critérios estabelecidos pelo médico e farmacêutico alemão V.Schilling. Entre todos os exames laboratoriais atualmente solicitados pelos profissionais da equipe de saúde, o hemograma é o mais requerido. Por essa razão reveste-se de grande importância no conjunto de dados que devem ser considerados para o diagnóstico clínico/médico, não se admitindo erros ou conclusões duvidosas. Análises que compõem o hemograma O hemograma é composto por três determinações básicas que incluem as avaliações dos eritrócitos (ou série vermelha), dos leucócitos (ou série branca) e das plaquetas (ou série plaquetária). SÉRIE VERMELHA A primeira parte dos dados apresentados num laudo de um Hemograma é a série vermelha (Eritrograma) onde são avaliados os números de hemácias e a concentração de hemoglobina. A análise da série vermelha é constituída pelas seguintes determinações básicas: 1 – Contagem de eritrócitos (CE): /mm3 2 – Dosagem da hemoglobina (Hb): g/dL 3 – Hematócrito (Ht): % 4 – Volume Corpuscular Médio (VCM): μm3 ou fm3 5 – Hemoglobina Corpuscular Média (HCM): pg 6 – Concentração da Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM): g/dL Recentemente com a automatização das avaliações das células do sangue, aliada a programas de informática, obtém-se dados sobre diâmetro ou superfície celular, histograma e gráficos de distribuição de células. Especificamente para a série vermelha a automatização fornece o índice RDW que avalia a amplitude da superfície dos eritrócitos. Referências HOMEM MULHER 40 a 54 36 a 49 % 14 a 18 12 a 16g/dL 4,4 a 6,0 3,9 a 5,4 milhões mm3 80 – 100 fL 27 a 32 pg 31 a 36% 11.5 - 14,5% fL ERITÓRCITOS/HEMÁCIAS: São os glóbulos vermelhos, os valores normais variam de acordo com o sexo e com a idade (todo laboratório coloca os valores de referência no próprio resultado de exame). Valores baixos de hemácias podem indicar um caso de anemia normocítica (aquela que as hemácias têm tamanho normal, mas existe pouca produção dessas células), valores altos são chamados de eritrocitose e podem indicar policitemia (oposto da anemia, pode aumentar a espessura do sangue, reduzindo a sua velocidade de circulação). HEMOGLOBINA é uma proteína presente nas hemácias. É um pigmento que dá a cor vermelha ao sangue e é responsável pelo transporte de oxigênio no corpo. A hemoglobina baixa causa descoramento do sangue, palidez do paciente, e falta de oxigênio em todos os órgãos. HEMATÓCRITO é a porcentagem da massa de hemácia em relação ao volume sanguíneo. Valores baixos podem indicar uma provável anemia e um valor alto também pode ser um caso de policitemia. VCM (Volume Corpuscular Médio): Ajuda na observação do tamanho das hemácias e no diagnóstico da anemia. No exame pode vir escrito: microcíticas (indica hemácias muito pequenas), macrocíticas (hemácias grandes). Todas essas alterações indicam que algo está errado. HCM (Hemoglobina Corpuscular Média): é o peso da hemoglobina dentro das hemácias. Também ajudam a decifrar casos diferentes de anemias. CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média): é a concentração da hemoglobina dentro de uma hemácia. Pode vir escrito: hipocrômica (pouco hemoglobina na hemácia), hipercrômica (quantidade de hemoglobina além do normal). RDW (Red Cell Distribution Width [Variação/amplitude do volume dos eritrócitos]): O RDW normal revela homogeneidade em relação ao volume dos eritrócitos, o que é comum em indivíduos não anêmicos. Valores diminuídos carecem de significância clínica e os valores elevados indicam alterações na maturação eritrocitária, o que reflete ao que chamamos de anisocitose. Uma alteração nesses valores pode ser provocada por abuso de álcool, anemia causada pela deficiência de ácido fólico, anemia hemolítica, anemia ferropriva, anemia perniciosa, anemia falciforme ou pela substância química conhecida como eritropoietina. SÉRIE BRANCA A segunda parte do hemograma é a série branca (leucograma) é constituída pelos glóbulos brancos. Nesta parte, acontece a avaliação do número de leucócitos, além disso, é feita a diferenciação celular. A série branca, por sua vez, é analisada por meio dos seguintes índices: 1 – Contagem total de leucócitos (CTL): /mm3 2 – Contagem diferencial de leucócitos (CDL) Neutrófilos (Bastonetes e Segmentados): % e -/mm3 Eosinófilos: % e /mm 3 Basófilos: % e /mm 3 Linfócitos: % e /mm 3 Monócitos: % e /mm 3 A contagem diferencial de cada leucócito é emitida em % (ou valor relativo) e em /mm 3 (ou valor absoluto). O valor absoluto tem melhor expressão diagnóstica em relação ao valor relativo. LEUCÓCITOS: É o valor total dos leucócitos no sangue. Valores altos, é chamado leucocitose e assinala, principalmente, uma infecção. Claro, mas também pode indicar outras doenças. Quando essa contagem dá mais baixa que o normal (leucopenia) indica depressão da medula óssea, resultado de infecções virais ou de reações tóxicas. Os leucócitos são diferenciados em cinco tipos no hemograma. Seus valores colaboram para esclarecer e diagnosticar doenças infecciosas e hematológicas. Basófilos: Em um indivíduo normal, só é encontrado até 1%, além desse valor indica processos alérgicos. Eosinófilos: Seu número além do normal indica casos de processos alérgicos ou parasitoses. Neutrófilos: É a célula mais encontrada em adultos. Seu aumento pode indicar infecção bacteriana, mas pode estar aumentada em infecção viral. Linfócitos: É a célula predominante nas crianças. Em adultos, seu aumento pode ser indício de infecção viral ou, mais raramente, leucemia. Monócitos: Quando estão aumentados indica infecções virais. Os valores são alterados também, após quimioterapia. CONTAGEM DE PLAQUETAS: As plaquetas são componentes do sangue fabricados pela medula óssea e é responsável pela coagulação do sangue. É por isso que a queda brusca do valor das plaquetas pode indicar, por exemplo, a dengue hemorrágica. As plaquetas são analisadas quantitativamente (CP: /mm3) e com uso de contadores automatizados é possível obter o índice PDW (%) que fornece o resultado da amplitude da superfície das plaquetas quantificadas, bem como o MPV (fm3) que indica o volume médio plaquetário. Todas as avaliações apresentadas até aqui são resultados quantitativos das três séries: vermelha, branca e plaquetária. Entretanto o hemograma deve abranger as análises qualitativas dos eritrócitos, leucócitos e plaquetas que consideram o tamanho e a forma celular, a coloração e as inclusões citoplasmáticas e nucleares, a presença de vacúolos, as atipias celulares, etc. Essas observações são fundamentais para auxiliar o diagnóstico clínico, p.ex.: eritrócitos falcizados nos esfregaço sanguíneo indicam relação com 4.000 a 11.000/ mm3 0 – 2% (0 a 300/mm3) 1 – 5% (20 a 500/mm3) - 0 – 5% (0 – 390/mm3) 40 – 78% (1700 a 7800/mm3) 20 – 50% (1000 a 4500/mm3) 0 – 10% (0 a 200/mm3) 2 – 10% (100 a 1000/mm3) 140 a 400 mil/ mm3doença falciforme; expressivo número de linfócitos atípicos pode estar relacionado a viroses; plaquetas gigantes geralmente estão associadas a determinadas síndromes, etc. Resumo das principais características de alterações das três séries celulares do sangue. QUADRO SINÓPTICO: RELAÇÃO ENTRE A CONTAGEM E A CLÍNICA DOS LEUCÓCITOS TIPOS DE LEUCÓCITOS DIMINUEM A CONTAGEM AUMENTAM A CONTAGEM EOSINÓFILOS Estresse, síndrome de Cushing. Distúrbios alérgicos (asma, sensibilidade a drogas, feno e alimentos), parasitoses (amebíase, ancilostomíase, triquinose, nematódeos), doença de pele (pênfigo, dermatite, psoríase, herpes simples, eczema), doenças neoplásicas (leucemia, mielocítica crônica, metástases). LINFÓCITOS Insuficiência cardíaca, renal, tuberculose, circulação linfática deficiente, imunodeficiência. Infecções virais, hepatite, tuberculose, caxumba, citomegalovírus, rubéola, colite ulcerativa, doenças imunes, leucemia linfocítica; tireotoxicose. MONÓCITOS Carcinomas, leucemias monolíticas, linfomas; infecções (endocardite bacteriana, hepatite, malária, tuberculose); lúpus, artrite reumatoide. NEUTRÓFILOS Deficiência de ácido fólico e vitamina B12, depressão da medula óssea, infecções (febre tifoide, hepatite, sarampo, gripe, caxumba, rubéola), lúpus eritematoso, doenças hepáticas. Doenças inflamatórias (artrite reumatoide, gora aguda, febre reumática), estresse, necrose isquêmica; queimaduras; câncer; infecções (otite média, septicemia, osteomielite, gonorreia, endocardite, herpes, varicela); distúrbios metabólicos (eclampsia, acidose diabética, uremia). BASÓFILOS Estresse, ovulação, gravidez, hipertireoidismo. Colite ulcerativa, leucemia mielocítica crônica, estados crônicos de hipersensibilidade. DESVIO A ESQUERDA – O QUE É? - É o aumento do número de bastonetes ou das formas mais imaturas da série neutrofílica (promielócitos, mielócitos e metamielócitos). - Suas principais causas são as neutrófilias secundárias aos processos infecciosos bacterianos. - Outras causas reacionais são: nas regenerações (cura) das agranulocitoses (falta de granulócitos – neutrófilos), tratamento por fator estimulador de colônias granulocítica (G-CSF), e de colônias granulomonocíticas (GM-CSF), na gestação, nos grandes queimados; politraumatizados etc. - Quando o desvio à esquerda for extremo, caracteriza-se um processo reacional leucemoide (reação leucemoide). Terminologia hematológica A terminologia deve ser padronizada, obedecendo a critérios internacionais. Sua importância é simples de ser explicada por meio do entendimento do seu significado por qualquer profissional de saúde, de qualquer cidade, estado, região ou país. Assim convencionou-se por usar prefixos e sufixos do grego e do latim, conforme mostra na tabela a seguir. Prefixos e Sufixos comuns do Grego e Latim usados no vocabulário hematológico. Avaliação da coagulação e hemostaria Normalmente é realizada em pacientes com distúrbios hemorrágicos, lesão ou trauma vascular ou coagulopatias. Avaliação da coagulação e hemostaria EXAMES VALORES DE REFERÊNCIA VALORES DE ALERTA TC 6 – 10 seg > 11 seg TS 3 a 6 seg > 7 seg TTPa: Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTP) 21 a 35 seg > 78 s TP: Tempo de protrombina 11 a 13 seg > 20 s RNI: Razão normalizada internacional 2,0 a 3,0 > 3,6 Fibrinogênio 200 a 400 mg/dL < 50 e > 700 mg/dL TS – TEMPO DE SANGRAMENTO Mede a duração de um sangramento após uma incisão padronizada na pele. Depende da elasticidade da parede dos vasos sanguíneos e do número e da função das plaquetas (< 75.000 µL) Valor normal: 3 – 6 min TC – TEMPO DE COAGULAÇÃO Mede o tempo que o sangue total leva para coagular Valor normal: 6 – 10 min TTPa – Tempo de tromboplastina parcial ativada Avalia todos os fatores da via intrínseca - exceto de plaquetas, assim como monitorar a resposta de um paciente à terapia com Heparina. O TTP foi introduzido pela primeira vez e usado como um detector de anomalias intrínsecas. Também foi aplicado para observar os efeitos da terapia com heparina. Como foi descoberto mais tarde, o TTP tornou- se insuficiente para detecção de deficiências menores e tinham diminuição da sensibilidade heparina. Assim, surgiu o TTPa para cobrir o que estava faltando na dosagem de TTP . Valor normal: 21 – 35 seg Repercussões clínicas O TTPA é mais sensível que o TTP no monitoramento do tratamento com heparina. Valores aumentados de TTPA e TTP estão presentes: Nas deficiências congênitas de fatores da via intrínseca da coagulação No tratamento com heparina, estreptoquinase, uroquinase e warfarina Nas hepatopatias Na CIVD Valores diminuídos de TTPa e TTP estão presentes: Estágio inicial da CIVD Imediatamente após hemorragia aguda Quadro de Câncer avançado (exceto com envolvimento hepático) TTP TTPa Interpretação Clínica Prolongado Normal Deficiência do fator VII Normal Prolongado Deficiência de um dos fatores: X, IX, VIII, XI ou XII Prolongado Prolongado Problemas hepáticos na formação de vários fatores ou deficiência de um dos fatores: V, X, II ou I Normal Normal Indivíduo normal ou deficiência de coagulação plaquetária TP – Tempo de protrombina Mede o tempo necessário para a formação de um coágulo de fibrina numa amostra de plasma. Avalia os fatores extrínsecos da coagulação (V, VI e X e da protrombina e fibrinogênio). O TP é o teste de escolha para o monitoramento da terapia anticoagulante oral. Valor normal: 11 – 13 seg REPERCUSSÕES CLÍNICAS Valores aumentados de TP: Deficiências de vitamina K e dos fatores II, V, VII ou IX Hepatopatias Tratamento com heparina ou warfarina O TP é mantido 1 ½ a 2 vezes o valor controle normal. RNI – Razão Normalizada Internacional É um método de padronização que tenta minimizar as diferenças entre os reagentes de tromboplastina através de um processo de calibração no qual todas as tromboplastinas comerciais sejam comparadas com um Preparado Internacional de Referência (IRP), mantido pela (OMS). É o melhor meio de padronizar a medida do tempo de protrombina para o monitoramento da terapia com anticoagulante oral Valor normal: 2 – 3 RNI REPERCUSSÕES CLÍNICA Quanto menor seu RNI, mais rapidamente coagula o sangue. Quanto maior for seu RNI, tanto maior será o tempo para sangue coagular, colocando você sob risco devido a problemas de sangramento. Com o aumento da vitamina K, seu nível de RNI pode cair. Por outro lado, uma diminuição na ingestão de vitamina K pode aumentar o RNI. MICROALBUMINÚRIA Obtida por meio da coleta de urina das 24 h ou 10 h, identifica o aumento de albumina na urina, presente no agravamento renal do paciente crítico. Valores de referência: < 30 mg/24 h ou < 20 mg/10 h Aumentos moderados indicam que a pessoa está em um estágio muito inicial de doença renal. Níveis mais elevados indicam formas mais graves de doença renal.
Compartilhar