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UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul DEAd - Departamento de Estudos da Administração Curso de Administração ANÁLISE DOS CUSTOS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO NA CORREÇÃO DO SOLO Relatório de Estágio Supervisionado em Administração II MARCOS ANDRÉ TUSSET Orientador: Prof. Ivo Ney Kuhn Santa Rosa, 2º semestre de 2009 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, por desfrutá-la com saúde e por ter chegado até aqui. Aos meus familiares que mesmo estando longe sempre estiveram presentes me apoiando e incentivando. As pessoas que convivem comigo, que agüentaram meus momentos de ansiedade, reclamações e stress. Agradeço em especial ao meu orientador, o professor Ivo Ney Kuhn que me auxiliou contribuindo para a realização deste relatório. Também a todos os professores e colegas do curso de Administração. Um agradecimento especial ao Senhor Círio Beiersdorf que contribuiu com o seu conhecimento para a pesquisa que serviu de base para a realização deste relatório. Enfim, a todos que contribuíram de algum modo para a conclusão deste trabalho. RESUMO O estágio Supervisionado em Administração II teve como tema a análise dos custos envolvidos na agricultura de precisão para correção do solo, tendo por base uma propriedade rural. Para o desenvolvimento deste estudo a estrutura está baseada nos objetivos, no estudo sobre a utilização da agricultura de precisão para correção do solo, na análise de custos, na rentabilidade, na produtividade e viabilidade, além das vantagens e benefícios. Este estudo foi caracterizado como qualitativo e exploratório. A sustentação teórica está baseada em pesquisas bibliográficas e documentais. A coleta de dados de natureza exploratória ocorreu através de observação direta e pesquisa semi-estruturada, e como forma de análise e interpretação dos dados, utilizou-se o método qualitativo. Como resultado do estudo foi possível verificar a utilidade da agricultura de precisão para correção do solo, analisando os custos envolvidos, a rentabilidade, bem como a produtividade e a viabilidade, além das vantagens e benefícios. Foi possível ainda, entender como funciona o sistema da agricultura de precisão para a correção do solo. Verificou-se também que é viável utilizar este sistema de manejo levando em conta a análise dos custos, a rentabilidade, a produtividade e viabilidade. Como vantagens e benefícios, o agricultor obtém a redução de custos através da otimização dos insumos e uma importante ferramenta para o gerenciamento da lavoura. Palavras-Chave: Análise, Custos, Agricultura de Precisão. SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................................... 6 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 7 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ........................................................................... 10 1.1 Apresentação do Tema e Questão de Estudo ........................................................... 10 1.2 Objetivos do Estudo ........................................................................................................ 12 1.3 Justificativa ....................................................................................................................... 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 16 2.1 Agricultura de Precisão .................................................................................................. 16 2.2 Análise de Viabilidade Econômica da Agricultura de Precisão ............................... 26 2.2.1 Investimento ................................................................................................................. 26 2.2.2 Financiamento .............................................................................................................. 28 2.2.3 Rentabilidade ................................................................................................................ 29 2.2.4 Ponto de Equilíbrio ...................................................................................................... 29 2.2.5 Taxa Interna de Retorno (TIR) ................................................................................... 31 2.2.6 Valor Presente Líquido (VPL) .................................................................................... 32 2.2.7 Tempo de Retorno Capital Investido (Payback) ..................................................... 33 2.3 Custos ............................................................................................................................... 34 2.3.1 Custos fixos .................................................................................................................. 37 2.3.2 Custos variáveis ........................................................................................................... 38 2.3.3 Custos diretos ............................................................................................................... 39 2.3.4 Custos indiretos ........................................................................................................... 40 2.3.5 Despesas ...................................................................................................................... 41 2.3.6 Custos de produção na atividade rural ..................................................................... 42 2.3.7 Contabilidade Rural ..................................................................................................... 43 2.3.8 Margem de Segurança ............................................................................................... 44 3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ............................................................................ 45 3.1 Tipo de Estudo ................................................................................................................. 45 3.2 Coleta de dados .............................................................................................................. 48 3.3 Análise e interpretação dos dados ............................................................................... 51 5 4 RESULTADOS DA PESQUISA ....................................................................................... 53 4.1 Caracterização da Propriedade .................................................................................... 53 4.2 Utilização da agricultura de precisão para correção do solo ................................... 55 4.2.1 Etapas da Agricultura de Precisão para Correção do Solo .................................. 55 4.2.2 Identificação e amostragem do solo ......................................................................... 56 4.2.3 Confecção de mapas e gráficos para interpretação dos atributos do solo ........ 57 4.2.4 Aplicação de Insumos a Taxa Variada ..................................................................... 68 4.3 Análise dos custos, da Rentabilidade e da Produtividade ....................................... 70 4.3.1 Investimentos ............................................................................................................... 77 4.3.2 Financiamento .............................................................................................................. 79 4.3.3 Rentabilidade ................................................................................................................ 79 4.3.4 Produtividade ................................................................................................................ 80 4.4 Vantagens e Benefícios da Agricultura de Precisão ................................................. 86 CONCLUSÃO ........................................................................................................................89 BIBLIOGRÁFIA ..................................................................................................................... 92 ANEXO A – ROTEIRO DE ENTREVISTA ........................................................................ 98 LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Mapa de Contorno da Área Figura 02 – Mapa de Fertilidade do pH em Água Figura 03 – Gráfico do pH em Água Figura 04 – Mapa de Aplicação de Calcário Figura 05 – Mapa de Fertilidade do Fósforo. Figura 06 – Gráfico do Fósforo Figura 07 – Mapa de Aplicação de Fósforo Figura 08 – Mapa de Fertilidade do Potássio Figura 09 – Gráfico do potássio Figura 10 – Mapa de Aplicação do Potássio Figura 11 – Caminhão Hércules Amazone 24000 Lista de Quadros Quadro 01 – Inventário de Bens Móveis e Imóveis da Propriedade Quadro 02 – Custo Agricultura Tradicional Quadro 03 – Custo Agricultura de Precisão Quadro 04 – Comparativo de Custo entre AT e AP Quadro 05 – Investimento com a Agricultura de Precisão Quadro 06 – Indicadores de Rentabilidade Quadro 07 – Produtividade com a Agricultura de Precisão Quadro 08 – Ganho com a Agricultura de Precisão Quadro 09 – Economia de Insumo com a Agricultura de Precisão INTRODUÇÃO O cenário mundial é caracterizado pela globalização dos mercados através do crescimento tecnológico, informação e conhecimento. Estes fatores oportunizam aos setores da agricultura métodos e técnicas com as quais o agricultor pode contar para incrementar sua produção, aumentar a produtividade, melhorar a qualidade de seus produtos frente a seus consumidores e tornar o mercado mais competitivo. No contexto global a agricultura é vista como a arte ou um conjunto de técnicas utilizadas para o cultivo de plantas no solo, com o objetivo de produzir alimentos, fibras, energia, matéria-prima para roupas, construções, medicamentos, ferramentas e contemplação estética. A agricultura de precisão apareceu como uma nova técnica de fazer agricultura, seu objetivo é obter controles mais precisos sobre a lavoura, reduzir custos, minimizando o desperdício de insumos e otimizando os recursos disponíveis. Essa nova técnica é dotada de tecnologia de ponta, associada aos sistemas computacionais que favorecem a tomada de decisões e promovem a maximização de resultados como o aumento da produtividade e rentabilidade. A agricultura praticada hoje pela maioria dos produtores brasileiros é a chamada agricultura pela “média”, onde todas as informações geradas são utilizadas como base para a tomada de decisões. Estas informações são aplicadas considerando a propriedade como um todo, até mesmo os resultados adquiridos com as colheitas são calculados através da média, com isso deixa- se de considerar aspectos muito importantes como a variabilidade existente no solo e na produtividade das culturas. A essência da agricultura de precisão para a correção do solo está na contínua obtenção de informações especialmente detalhadas sobre as culturas 8 e principalmente dos atributos do solo, seguida da utilização adequada de tais informações de maneira a proporcionar um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis por parte dos agricultores na hora de tomar decisões sobre suas lavouras. A agricultura de precisão apareceu no Brasil na década de 90, utilizando tecnologia inovadora e muito promissora. Esta tecnologia tem impulsionado a evolução do sistema agrícola em todo país, proporcionando aos agricultores ter uma nova visão de suas propriedades. A agricultura de precisão também pode ser entendida como um sistema de gestão ou de gerenciamento da produção na atividade agrícola, por englobar um conjunto de tecnologias e ferramentas que proporcionam maior eficiência ao homem do campo. O campo de abrangência e de utilização da agricultura de precisão é muito amplo, podendo ser aplicada praticamente a todos os sistemas de manejo de culturas agricultáveis existentes no país. Para este estudo será considerado apenas a utilização da agricultura para a correção do solo nas culturas tradicionais de soja, trigo e milho. O presente relatório foi desenvolvido com o objetivo de avaliar se é viável utilizar a agricultura de precisão para correção do solo, tendo por base o estudo dos custos em uma propriedade rural. O estudo foi realizado de modo a comparar os custos envolvidos na utilização do sistema tradicional para o que adota o sistema de precisão. Este relatório foi subdividido em capítulos para facilitar a compreensão do leitor. No primeiro é descrito a contextualização do estudo, constituído pela apresentação e delimitação do tema, a questão de estudo, a definição dos objetivos geral e específicos, bem como a justificativa. O segundo capítulo compreende o referencial teórico, tendo alguns temas abordados como: agricultura de precisão, análise da viabilidade econômica e custos. 9 O terceiro capítulo compreende os procedimentos metodológicos, através dos quais se classifica o tipo de pesquisa utilizada, a descrição da coleta de dados, a análise e interpretação dos dados. No quarto capítulo encontram-se os resultados da pesquisa, com abordagens sobre a utilização da agricultura de precisão para correção do solo, análise dos custos, da rentabilidade, da produtividade e da viabilidade, através de um comparativo entre a agricultura tradicional e de precisão. Nos resultados, percebe-se que a agricultura de precisão apresenta resultados favoráveis na relação custo-benefício, além da função de auxiliar os agricultores na tomada de decisão, permitindo o gerenciamento localizado de insumos em suas lavouras através das inúmeras informações geradas. Dessa forma, verificou-se que a agricultura de precisão é mais viável em relação à agricultura tradicional. Na última parte do relatório compreende-se a conclusão, algumas sugestões que poderão ser seguidas, a bibliografia e anexos para melhor entender este estudo. O desenvolvimento deste estudo possibilitou ao acadêmico e sociedade em geral, ter uma visão sobre a utilização, custos e benefícios da agricultura de precisão para a correção do solo. 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO Neste tópico apresentam-se o tema e a questão de estudo, os objetivos e as razões que justificam o desenvolvimento desta pesquisa. 1.1 Apresentação do Tema e Questão de Estudo A agricultura brasileira tem-se consolidado como importante fonte na geração de riqueza para a economia do país. Frente a este aspecto, buscam- se alternativas que proporcionem a melhoria contínua nas atividades de gestão agrícola, bem como para o avanço de toda a cadeia produtiva. Existe ainda a necessidade de aumentar a eficiência de todos os setores da economia para manter certo nível de competitividade. A tecnologia de informação popularizada pela agricultura de precisão tem proporcionado aos produtores rurais uma nova visão de suas propriedades. A atividade agrícola está para tornar-se uma atividade industrial que tem por base o conhecimento, onde a base de dados que o agricultor e os seus colaboradores conhecem é fator fundamental para o sucesso e rentabilidade dos seus negócios, bem como para a sua sustentabilidade (SILVA, 2007). Cada vez mais os agricultores buscam novas alternativas de produção que satisfaçam suas necessidades. A redução dos custos de produção vem sendo adotada como uma das maneiras de se obter maior resultado ao final dos investimentos realizados, tanto a curto como em longo prazo. Visando a rentabilidade dos produtos com o aumento da produtividade e retorno ao bolso, muitos agricultores estão investindo forte na agricultura de precisão para correção do solo. 11 Neste sentido, o presente estudo propõe coletar informações que possam contribuir para um maior aprofundamento e conhecimento sobre a agriculturade precisão para correção do solo. Como funciona sua estrutura, quais os recursos necessários para que possa ser utilizada de maneira adequada, como se dá a redução de custos e obtenção de benefícios sem prejudicar o sistema de produção agrícola e sem causar danos ao meio ambiente. A utilização de insumos no local correto, de maneira adequada e na quantidade realmente necessária, torna-se importante para o agricultor que busca resultados, bem como redução dos custos de produção, além de contribuir com ganhos significativos e minimizando os impactos causados ao meio ambiente. A agricultura de precisão para correção do solo surge como alternativa determinante no atendimento destas necessidades agrícolas. A utilização desta tecnologia possibilita a priorização de investimentos em áreas cujo potencial produtivo seja mais efetivo, garantindo maior retorno econômico através do gerenciamento localizado possibilitado por este sistema. A agricultura de precisão faz uso das tecnologias de informação para o manejo do solo, aplicação de insumos e cultivo de inúmeras culturas conforme a necessidade apresentada pela variação que afeta os níveis de produtividade dentro de uma propriedade rural (EMBRAPA, 1997). A utilização da tecnologia por parte da agricultura de precisão permite aumentar a eficiência na aplicação dos insumos gerenciados na atividade agrícola, através do manejo diferenciado das áreas de cultivo, de forma sustentável, melhorando o potencial produtivo das culturas, reduzindo os desperdícios com insumos, sem agredir as reservas naturais. Tendo em vista que a agricultura de precisão utilizada para correção do solo compreende um conjunto de ferramentas para o manejo localizado da 12 propriedade rural, não podemos deixar de perceber que esta é uma nova forma de gestão ou gerenciamento da produção agrícola. A elaboração deste estudo é norteada pela formulação da seguinte questão de estudo: Analisando os custos, é viável a utilização da agricultura de precisão para correção do solo em uma propriedade rural? 1.2 Objetivos do Estudo O objetivo geral deste estudo foi avaliar a viabilidade de utilizar a agricultura de precisão para correção do solo, tendo por base o estudo dos custos em uma propriedade rural. A fim de concretizar os resultados para o objetivo geral, os seguintes objetivos específicos foram propostos. - Pesquisar sobre a utilização da agricultura de precisão para correção do solo. - Analisar os custos, a rentabilidade, a produtividade e a viabilidade. - Vantagens e benefícios da agricultura de precisão. 1.3 Justificativa O desenvolvimento sustentável será um dos maiores desafios que a humanidade terá nos próximos anos. Com base neste desafio, têm-se discutido muito sobre as energias alternativas, os gases que provocam o aquecimento global, a eficiência energética, as culturas bioenergéticas, entre outros (SILVA, 2007). Com o passar dos anos, o modelo de desenvolvimento do país tem evoluído de uma agricultura de subsistência para uma agricultura 13 industrializada. Não há dúvidas de que a sustentabilidade na produção agrícola do país está de forma contínua, incorporando inovações tecnológicas que permitam ao agricultor atender às crescentes necessidades do mercado interno e ao mesmo tempo competir com seus parceiros internacionais. O sistema de produção utilizado na agricultura vem se desenvolvendo desde o seu surgimento, onde muitos estudos têm sido elaborados buscando a melhoria contínua como forma de obter maiores e melhores resultados. Para Mantovani (1998), a agricultura de precisão consiste em aumentar a eficiência no manejo das áreas cultivadas através do uso da tecnologia. Não é somente fazer uso da habilidade para aplicar os insumos nos locais corretos, mas sim obter informações para o monitoramento constante da atividade agrícola, sem que as mudanças feitas causem prejuízos ao meio ambiente. A agricultura brasileira é uma das mais avançadas do mundo, mas a globalização da economia obriga nossos agricultores cada vez mais a buscar novas alternativas, como a utilização de tecnologias de ponta, a fim de fazer frente aos grandes concorrentes do mercado internacional. Para se ter sucesso na agricultura, é necessária a utilização de tecnologias avançadas e a obtenção do maior número de informações possíveis sobre o funcionamento do seu processo produtivo. Para aumentar a eficiência de um processo é preciso que se faça um bom aproveitamento dos recursos existentes. A agricultura de precisão nada mais é do que uma forma de gestão apoiada no planejamento e acompanhamento do processo produtivo amparado na disponibilidade de informações para a tomada de decisões. (BALASTREIRE, 2000). A escolha deste tema para a realização do Relatório de Estágio II em Administração deve-se ao interesse do acadêmico, juntamente com seus familiares, em realizar melhorias no sistema de gerenciamento e aumento da produção em sua propriedade. A propriedade anteriormente citada possui 22 hectares divididos entre lavoura, potreiro e benfeitorias. Está situada na 14 localidade de Esquina Cavalheiro, no interior do município de Tucunduva e administrada pelo agricultor o Senhor Valdemir Tusset, cuja relação com o acadêmico é de pai e filho, respectivamente. Existem algumas motivações que influenciam o Senhor Valdemir quanto à utilização da agricultura de precisão para correção do solo, como no que diz respeito à margem de lucro cada vez menor, referindo-se às quantidades de fertilizantes, agroquímicos e combustíveis necessários no processo produtivo da agricultura praticada hoje que é pela média. E ainda, o desejo de aumentar a produtividade das culturas que são produzidas na propriedade. Para muitos agricultores a decisão de investir na agricultura de precisão baseia-se em informações para a tomada de decisões de maneira a otimizar o retorno financeiro. Tal otimização pode ocorrer pela maximização da produtividade e pela minimização na quantidade de insumos aplicados sem comprometer a produção, trazendo a redução dos custos de produção, aumento da produtividade e da rentabilidade. O presente estudo também se justifica como forma de conhecer mais sobre a agricultura de precisão utilizada para correção do solo, cuja está em pleno desenvolvimento e que promete muito ao setor agrícola do país. Além de existirem inúmeras vantagens em se trabalhar com esse sistema, o modo como pode ser aplicado para obter resultados satisfatórios em relação à redução dos custos de produção e ainda, um maior ganho de produtividade e rentabilidade. Grande parte dos agricultores sofre problemas relacionados diretamente a produtividade, fato este que também atinge a propriedade do Senhor Valdemir Tusset devido à distribuição ou utilização inadequada dos insumos agrícolas, que interferem de várias maneiras no resultado final de todo o processo produtivo. Através deste estudo, será possível melhorar o processo de tomadas de decisões na propriedade do Senhor Valdemir, referente ao uso dos produtos agrícolas que representam cerca de um terço dos custos operacionais de uma 15 lavoura. Minimizar o desperdício na aplicação dos produtos agrícolas sem diminuir a produtividade, é uma estratégia que pode fazer a diferença entre o lucro e o prejuízo na lavoura para o bolso do agricultor. Quando se fala em praticar agricultura de precisão, a dúvida do Senhor Valdemir assim como a de muitos produtores é saber por onde começar? O mais indicado é que este comece por onde houver maior necessidade de resultados, pois tanto de imediato como a longo prazo os benefícios são múltiplos. O termo Agricultura de Precisão é muito amplo, engloba tudo o que diz respeito e faz relação às tecnologias, inovação, conhecimento, aprimoramento,trazendo resultados, vantagens e benefícios ao agricultor. Para fins de estudo, o presente trabalho foi baseado no recurso mais utilizado deste sistema atualmente no Brasil, que é o gerenciamento da correção de solo e adubação das culturas com base em uma amostragem de solo, feitas através de coordenadas geográficas. Por ser um assunto praticamente novo e promissor, tem muito a ser desbravado. Para o acadêmico foi uma oportunidade de adquirir conhecimento junto à construção deste estudo e para futura especialização na área do gerenciamento agrícola. Oportunidade esta também de viabilizar ao Senhor Valdemir e a sociedade em geral, informações referentes aos custos envolvidos na utilização da agricultura de precisão para correção do solo. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Para a fundamentação teórica buscou-se informações sobre o assunto junto a diferentes estudiosos, sendo apresentado como subsídios dados de diferentes linhas de pensamento que contribuíram para a elaboração deste relatório. De acordo com Vergara (1998), o referencial teórico tem como função possibilitar ao autor clareza na formulação do problema de pesquisa. Além de facilitar a formulação de hipótese e suposições, direcionar para o método mais adequado a solução do problema, permitindo ao pesquisador identificar qual o procedimento mais adequado e pertinente para a coleta dos dados. Neste tópico, são abordados temas referentes à agricultura de precisão, análise de viabilidade e custos que permitiram ao acadêmico embasamento para a realização do Estágio Supervisionado em Administração II. 2.1 Agricultura de Precisão A atividade agrícola e sua aplicabilidade nas propriedades precisam de um bom desempenho administrativo e gerencial. O estilo de gestão adotado nas propriedades depende muito do estilo adotado por seu proprietário. Na visão de Balastreire (1994), a designação correta para a agricultura de precisão está na aplicação localizada de insumos através das técnicas de gerenciamento localizado, onde se procura aplicar os insumos em função dos requisitos específicos da lavoura. Ainda para Balastreire (1997), agricultura de precisão define-se como sendo um conjunto de técnicas que pressupõem o gerenciamento localizado da 17 cultura. De uma forma ou de outra, a agricultura de precisão visa o gerenciamento mais detalhado do sistema de produção agrícola como um todo, não somente das aplicações dos insumos ou de mapeamentos diversos, mas de todos os processos envolvidos na produção. Para Molin (2002), a agricultura de precisão pode ser definida como um sistema de gestão ou gerenciamento da produção agrícola, que engloba um conjunto de tecnologias e ferramentas para a otimização das lavouras e sistemas de produção agrícola. O sistema de gestão empregado nas propriedades rurais visa trabalhar de maneira uniforme toda a área de cultivo de plantas, desde o preparo do solo até a colheita de toda a produção. A agricultura de precisão trabalha dividindo a propriedade em pequenas áreas para obter maior precisão no uso de suas ferramentas e técnicas de manejo, gerando um maior rendimento na produtividade das lavouras. No entender de Schueller 1992, Weida e Borgelt (1993 apud TSCHIEDEL e FERREIRA, 2002) a agricultura de precisão é um método de gerenciamento detalhado da lavoura e das culturas para adequar cada pedaço da lavoura, tendo em vista a não uniformidade da área cultivada. A agricultura de precisão é um sistema que trabalha a propriedade de maneira homogênea, ou seja, dividindo-a em pequenas áreas para que sejam mais bem elaborados os diagnósticos através das coletas de dados realizadas. Segundo Molin (2003), a agricultura de precisão é muito valorizada pelos agricultores que possuem grandes áreas de cultivo, pois através dela adquirem maior conhecimento sobre a área cultivada, podendo tomar as decisões mais adequadas e obter soluções satisfatórias sobre os investimentos realizados. Esse conhecimento sobre a área cultivada só era possível por quem possuísse pequenas lavouras, onde interagia de forma mais direta, conhecia mais a fundo cada pedaço da área cultivada, tornando assim mais simples a tomada de decisões quanto ao gerenciamento da sua propriedade. 18 Queiroz (2000) comenta que o objetivo da agricultura de precisão é aplicar um conjunto de técnicas, métodos e tecnologias para o manejo do solo de modo a gerenciar pequenas áreas de produção, reduzindo o uso de insumos, aumentando a produtividade e minimizando os danos impactantes ao meio ambiente e à saúde humana. Outro ponto salientado por Molin (2003), é que a agricultura praticada hoje pela maioria dos agricultores é a chamada agricultura pela “media”, onde se faz amostragens do solo e após analisadas servirão de base para aplicação dos insumos em toda a extensão da lavoura a ser plantada. Assim como na colheita se faz a média da produtividade das culturas em cima de toda a lavoura cultivada, não é levada em conta a variabilidade existente nela. A agricultura de precisão através de sua forma de manejo mais precisa, visa trabalhar em pequenas áreas dentro da lavoura, aplicando os insumos conforme a necessidade especifica de cada uma das pequenas áreas. Já Roza (2000) vê a agricultura de precisão como um sistema de gerenciamento agrícola que usa informações precisas, completada com decisões exatas, usadas para gerir metro a metro as diferenças dentro de cada pedaço da propriedade. Este sistema possibilita ao agricultor usufruir de informações mais precisas sobre sua lavoura, ao contrário do que ocorre na agricultura tradicional, em que as decisões tomadas nem sempre são as mais corretas implicando na geração de custos, sem contar nos prejuízos que a tomada errada de decisão pode acarretar. Já para Auernhammer (1994 apud TSCHIEDEL e FERREIRA, 2002), a agricultura de precisão é uma estratégia de manejo, que através da tecnologia de informação busca obter dados de diversas fontes, para dar suporte às decisões a serem tomadas quanto à produção. A agricultura esta evoluíndo, e com ela vão surgindo novas técnicas de manejo importantes como a agricultura de precisão que utiliza a tecnologia de 19 informação para sua manutenção, estas informações servem de base para as tomadas de decisões por parte dos produtores no que diz respeito à produção agrícola. Segundo Capelli (1999) a agricultura de precisão possibilita ao produtor rural um conhecimento melhor de sua lavoura, tornando mais fácil a tomada de decisões. O fato de ter decisões melhor embasadas permite uma maior capacidade e flexibilidade na utilização dos insumos nos locais necessários e de maneira adequada, diminuíndo os custos de produção através da correção das variáveis que interferem na produtividade. A utilização correta dos insumos gera maior sustentabilidade da produção, contribuindo com a minimização dos danos ao meio ambiente, uma vez que a aplicação é feita em locais, quantidades e tempo necessários. Com Blackmore (1996 apud TSCHIEDEL e FERREIRA, 2002) percebe-se que o manejo da variabilidade é fator determinante para o uso efetivo da tecnologia da agricultura de precisão. Um dos benefícios da adoção de práticas da agricultura de precisão a ser levado em consideração, é mostrar a variabilidade das áreas agrícolas para que sejam criadas alternativas de manejo de maior expressão, não apenas em determinadas áreas da lavoura com condições mais favoráveis, mas sim, em toda a área cultivada. A existência da variabilidade nas lavouras brasileiras não é novidade para os produtores. Estes percebem que em suas propriedades uma parte da área produz mais e a outra menos, que em determinado local a concentração de nutrientes está mais elevada que a média geral da lavoura. O manejo adequado da variabilidade possibilita aos produtoresaumentar a eficiência do uso de insumos, com menor impacto ambiental e resultados econômicos e sociais satisfatórios. Um ponto que se deve ter em mente quando se objetiva manejar a variabilidade na produção agrícola, é a necessidade de entendê-la. Uma vez que sua eliminação é impossível, é necessário mapear e manejar a variabilidade para minimizá-la em níveis técnicos e econômicos. 20 Para entender as razões da variabilidade e manejá-la corretamente, é necessário conhecer sua grandeza, identificá-la por meio de parâmetros de solo, de planta e de clima, mapeando as áreas problemas através de métodos computacionais, é o que afirma Blackmore (1997 apud TSCHIEDEL e FERREIRA, 2002). A agricultura de precisão usa enfoques para manejar a variabilidade por meio da aplicação variável de insumos, baseado em mapas e sensores, e empregando a tecnologia do GPS. Através da amostragem e mapeamento da fertilidade do solo, doenças, rendimento de grãos, são elaborados mapas de precisão para a aplicação variável de insumos. No enfoque baseado em sensores, a aplicação de insumos de forma variável acontece de imediato, com base nas informações obtidas direto do solo ou da cultura em tempo real, por meio de sensores usados para controlar as operações no campo. Segundo Batchelor (1997 apud TSCHIEDEL e FERREIRA, 2002) a agricultura de precisão é tida como uma filosofia de manejo da propriedade, onde os produtores são capazes de identificar a variabilidade da lavoura, para então fazer o manejo da mesma a fim de aumentar a produtividade e os lucros. As técnicas da agricultura de precisão possibilitam o agricultor, através de sofisticados equipamentos, adquirindo informações valiosas que lhe servirão de suporte no conhecimento sobre a variabilidade de sua lavoura. Ainda segundo Batchelor (1997 apud TSCHIEDEL e FERREIRA, 2002) a agricultura de precisão tende a melhorar os rendimentos na hora da colheita, obtendo-se maiores lucros, informações detalhadas para a tomada de decisões referentes ao manejo, redução de custos com insumos agrícolas e redução do nível de poluição ao meio ambiente. O controle da variabilidade na propriedade possibilita que o produtor tome decisões acertadas a respeito da aplicação adequada de insumos, reduzindo a quantidade dos mesmos, cortando gastos desnecessários, 21 danificando menos o meio ambiente, ocasionando maior rendimento da produção e conseguindo atingir ótimos resultados, lucros. A agricultura de precisão é uma tecnologia em desenvolvimento, que modifica técnicas já existentes incorporando novas ferramentas, tendo como meta aumentar a eficiência no manejo da produção agrícola, sugere Blackmore (1994 apud TSCHIEDEL e FERREIRA, 2002). A eficiência no manejo da produção agrícola depende do sucesso no uso dessa tecnologia por parte dos agricultores. Por se tratar de um investimento, é necessário todo o cuidado possível no controle desse processo para que sejam integradas de modo eficaz as técnicas utilizadas na agricultura de precisão onde hoje é utilizada a agricultura tradicional. Não se pode simplesmente esperar que de imediato as técnicas da agricultura de precisão apresentem soluções para o aumento da produtividade. A gestão desse sistema envolve muita tecnologia, a qual depende muito da coleta de informações para o seu funcionamento. O sucesso da aplicação das ferramentas tecnológicas da agricultura de precisão na produção agrícola depende também do conhecimento e bom censo de quem as administra. REETZ e FIXEN (1999 apud TSCHIEDEL e FERREIRA, 2002). Manzatto (1999) afirma que na agricultura de precisão é fundamental aplicar insumos nas quantidades necessárias para produção, no local correto e no momento adequado, em áreas especificas e homogêneas, conforme a tecnologia envolvida e os custos permitirem. No sistema de manejo existente hoje na agricultura, os insumos são aplicados de maneira uniforme, de acordo com as análises e diagnósticos realizados na área a ser cultivada. A agricultura de precisão trabalha com a aplicação específica de insumos e de acordo com a necessidade de cada local da lavoura. Assim, o agricultor não precisa aplicar a mesma quantidade de insumos em toda a lavoura e sim conforme a necessidade da mesma, alguns 22 pontos menos e outros mais, reduzindo as quantidades de insumos que deverão ser aplicadas. A aplicação de insumos na agricultura tradicional visa utilizar a mesma dosagem para toda a área. Já no conceito de agricultura de precisão sugerido por Capelli (1999) propõe utilizar a aplicação de insumos por áreas menores, focando as necessidades específicas de cada parte da lavoura. Para Davis (1998 apud TSCHIEDEL e FERREIRA, 2002) a combinação de novas tecnologias de informação com a agricultura permite a utilização de um sistema de manejo de produção integrado que tenta igualar a quantidade de insumos utilizados em pequenas áreas dentro da lavoura. A agricultura de precisão faz uso das tecnologias de informação para coletar e analisar os dados, que serão usados para melhorarar o desempenho na hora da aplicação de insumos junto às culturas, a fim de obter melhores resultados na produtividade das mesmas que receberão esse tipo de manejo. O manejo da agricultura tradicional praticada pelos agricultores é feito de maneira uniforme, o trabalho realizado tende a abranger toda área, o que torna o conhecimento sobre a área não muito preciso. O conceito proposto por Searcy (1997 apud TSCHIEDEL e FERREIRA, 2002) diz que a idéia da agricultura de precisão é conhecer o solo, o que causa as diferenças de produtividade em cada parte da lavoura. Para adequar às investidas de insumos necessários, conforme a necessidade do solo, tornando econômica a produção agrícola. Campo (2000) atribui uma série de benefícios proporcionados pela agricultura de precisão, tais como: - redução da quantidade de insumos; - redução dos custos de produção; - rapidez na tomada de decisões; 23 - redução da contaminação ambiental; - diminuição do esgotamento do solo; e - aumento da produtividade nas lavouras. Como se sabe, a agricultura tradicional usa alguns insumos muito nocivos ao ser humano e ao meio ambiente. A mesma faz aplicação destes insumos pela média geral, usando quantidades uniformes para toda a área. Com a agricultura de precisão busca-se eliminar a aplicação desnecessária de insumos reduzindo gastos e contribuindo para a preservação do meio ambiente. A agricultura praticada pelos agricultores hoje, cultiva o campo como uma única unidade, mesmo sabendo da variabilidade existente, os insumos são introduzidos de maneira geral para atingir o todo. Já a agricultura de precisão propõe uma redução no uso dos insumos, por apresentar a alternativa de aplicá-los somente onde é necessária e em quantidades adequadas à realidade da lavoura, tornando-se mais rentável ao produtor rural. A maneira como é trabalhada a agricultura tradicional, restringe de certa forma o manuseio dos insumos agrícolas, o mesmo é aplicado de maneira não homogênea abrangendo de forma igual todo o campo. A agricultura de precisão tende a inverter o quadro atual possibilitando que os insumos agrícolas sejam aplicados nos locais corretos e nas quantidades adequadas, propõe Fatorgis (1998). A aplicação de insumos da maneira tradicional tende a ter um desperdício muito grande, pelo fato de o produtor não possuir as devidas informações que lhe auxiliariam para o uso mais adequado dos produtos agrícolas. Para Doerge (1999 apud TSCHIEDEL e FERREIRA, 2002) a agricultura de precisão controla e coleciona informação sobre cada parte do campo, a aplicação de insumos é feita em locais específicos, dividindo o campo em zonas de manejo homogêneas. 24 Miranda (1999) usa um enfoque defensivo quanto à agricultura deprecisão, pois a trata como um processo mais complexo, fundamentado no conhecimento preciso da atividade agrícola. O conhecimento da variabilidade da lavoura é medida e registrada e as informações coletadas são usadas para melhorar as aplicações de insumos em cada ponto da propriedade. A agricultura de precisão é um conjunto de tópicos que se relacionam ao manejo preciso de áreas pequenas de terra, diferente do manejo tradicional que vê a lavoura como uniforme. Administrar pequenas ou grandes áreas de terra tornou-se possível devido à integração de sistemas de posicionamento global usados na localização de equipamentos e máquinas no campo, conforme Miller e Supalla (1996 apud TSCHIEDEL e FERREIRA, 2002). Esse tipo de sistema vem sendo adotado por inúmeros produtores rurais, que obtêm vantagens significativas na produtividade de suas lavouras, mesmo sendo um investimento alto para adquirir e manter os equipamentos. Para Campo (2002), a agricultura de precisão é um conjunto de técnicas que permitem conhecer, localizar e definir áreas com diferença de produtividade, através do uso da informática, programas de computador específicos, sensores, controladores de máquinas e GPS (sistema de posicionamento global). A agricultura de precisão possibilita que o agricultor possa ter outra visão de sua propriedade de maneira inovadora, ou seja, ter um olhar mais atento às diferenças, onde o modelo agrícola tradicional na maioria das vezes tornará imperceptível. A forma como é trabalhada hoje a agricultura, visa ter um olhar do todo sobre a propriedade, engloba todo o ciclo da cadeia produtiva das culturas, desde o inicio do cultivo até o resultado final. A utilização correta do gerenciamento das técnicas de agricultura de precisão tende a desfazer o olhar sobre o todo, trabalhando a propriedade em partes pequenas. Através da tecnologia do GPS (sistema de posicionamento global), é possível mapear todo 25 o campo produtivo, dividindo-o em pequenas áreas para análise e diagnóstico mais precisos. Logo, a agricultura de precisão usa tecnologias para o manejo do solo, aplicação de insumos e cultivo de modo apropriado para as variações que afetam a produtividade agrícola. Segundo Dallmeyer e Schlosser (1999 apud TSCHIEDEL e FERREIRA, 2002) o conceito de agricultura de precisão engloba o desenvolvimento e utilização de técnicas de gestão, que tem por base o conhecimento, cujo principal objetivo é otimizar a rentabilidade. Este sistema permite usar técnicas de gerenciamento que envolve novas tecnologias como o sensoriamento remoto, o uso dos sistemas de informações geográficas (SIG) e do sistema de posicionamento global (GPS), que permitem administrar cada área da propriedade adequadamente. Davis (1998 apud TSCHIEDEL e FERREIRA, 2002) ainda salienta que a agricultura de precisão se distingue da agricultura tradicional pelo nível de manejo que utiliza, adaptando-se a pequenas áreas dentro de um determinado campo ao invés de uma área inteira como uma única unidade. Usando de base a tecnologia do GPS (Sistema de Posicionamento Global) ou SIG (Sistema de Informações Geográficas) para recolhimento de dados, considerados elementos chaves para o bom funcionamento do sistema. A tecnologia empregada por este sistema permite que os produtores tenham informações precisas sobre qualquer área do campo produtivo dentro de sua propriedade. Com o auxílio destas informações torna-se muito mais fácil tomar qualquer decisão a respeito. O modo de gerenciar uma propriedade rural cria novos rumos após a implantação das técnicas da agricultura de precisão. 26 2.2 Análise de Viabilidade Econômica da Agricultura de Precisão O projeto de viabilidade econômica é um projeto de estudo e analise, ou seja, é um projeto que procura verificar a viabilidade a nível interno da própria empresa. Quando surge a idéia (ou a oportunidade) de investir, começa o processo de coleta e processamento de informações que, devidamente analisados permitirão testar sua viabilidade. (WOILER & MATHIAS, 1996, p.27). A análise de viabilidade econômica estima analisar as perspectivas de desempenho de um produto, se o seu projeto de desenvolvimento deu certo. Através de um planejamento das informações e dados disponíveis procura-se verificar e analisar se é viável um determinado projeto em função dos custos envolvidos. Segundo Woiler & Mathias (1996) uma análise de viabilidade deve ser feita com base em projeções e que cada fase de verificação da viabilidade possa corresponder à decisão aplicada a um problema complexo, devido a alguns limites não definidos pela incerteza quanto às projeções e informação parcial. Esses fatores na coleta e processamento das informações custam tempo e recursos. Antes de executar qualquer projeto novo é recomendável que se faça um estudo de viabilidade econômica. Através de um conjunto de análises detalhadas é possível determinar se é viável iniciar um negócio novo em determinado segmento e também identificar a rentabilidade do negócio. 2.2.1 Investimento Os Investimentos são destinados a produzirem benefícios ao investidor mediante sua participação nos resultados, ou para obtenção de bom relacionamento com os clientes ou fornecedores, inclusive instituições financeiras, ou para especulação pura e simples sem nenhum prazo definido. 27 Segundo Bornia (2002, p. 41) “investimento é o valor dos insumos adquiridos pela empresa não utilizados no período, mas que poderão ser empregados em períodos futuros”. Os investimentos são considerados toda e qualquer ação que possam originar uma determinada rentabilidade, não só através de recursos, mas também de tempo, dinheiro, interesses e empenho pessoal. Para Padoveze (2003 p. 17) investimentos “são os gastos efetuados em ativos ou despesas e custos que serão imobilizados ou diferidos. São gastos ativados em função de sua vida útil ou de benefícios futuros”. É importante avaliar os investimentos de pontos de vista diferentes. Olhando de uma perspectiva micro, um investimento é qualquer aplicação de recursos que possa proporcionar benefícios futuros. Analisando de uma perspectiva macro, a aplicação de recursos permite aumentar a quantidade produtiva de uma empresa em edifícios, equipamentos e tecnologia. Hansen & Mowen (2003 p. 699) afirmam que “as decisões de investimento de capital dizem respeito ao processo de planejamento, o estabelecimento de metas e prioridades, a obtenção de financiamento e o uso de certos critérios para selecionar ativos de longo prazo”. O objetivo primordial de um investimento é gerar rendimentos ao investidor e deve ser calculado da maneira mais exata possível. Para isso é necessário definir limites aceitáveis na fixação de metas precisas, pois assim será possível avaliar a qualquer momento o estado em que se encontra o investimento. Investimento em longo prazo em tecnologia avançada de prevenção da poluição pode ser fonte de uma significativa vantagem competitiva. O investimento em tecnologia avançada de manufatura como robótica, manufatura integrada por computador pode melhorar a qualidade, aumentar a flexibilidade e confiabilidade. (HANSEN & MOWEN, 2003, p. 719). Conforme orientações aos investimentos podem ser fixados objetivos que avaliarão o empreendimento em função dos interesses da organização, os 28 quais podem calcular sua rentabilidade de acordo com seus interesses. É importante na fase de planejamento do investimento definir as aplicações da rentabilidade a curto, médio e longo prazo e o objetivo final que se pretendem alcançar. 2.2.2 Financiamento Financiamento é entendido como um conjunto de recursos provindos de várias fontes utilizados na realização de um empreendimento, aquisição de bens e serviços. Neste caso, tem-se financiada uma determinadaquantia em dinheiro que deverá ser paga à instituição financeira em parcelas com acréscimo de juros. “O estudo do financiamento tem por objetivo básico determinar a forma de captação das poupanças básicas necessárias a realização das inversões previstas” (HOLANDA, 1975, p. 103). O financiamento é o capital próprio tido como elemento importante para determinação do investimento que poderá ser feito, dependendo da disponibilidade de recursos que poderão limitar o tamanho de um empreendimento. Em síntese é o ato que geralmente ajuda a pagar um produto ou um serviço através de doação de dinheiro ou empréstimo oferecido por uma instituição financeira, que cobrará juros sobre o empréstimo. Casarotto (2002) classifica o financiamento de acordo com a modalidade, que podem ser: - Financiamento para Investimento de longo prazo, com tempo de carência para o inicio dos pagamentos e o prazo longo caracterizado como um incentivo ao investimento. Estes financiamentos são repassados pelo governo federal através de bancos de desenvolvimento. 29 - Financiamento de capital de giro caracteriza-se por oferecer um prazo mais curto, mas compatível com o investimento. Usados para formar estoque ou financiar vendas, também são repassados por bancos de desenvolvimento. 2.2.3 Rentabilidade ”O critério mais utilizado para a medição do mérito de um investimento é a relação do lucro médio provável que ele gerará em cada ano pelo total desse investimento (r= (L/I)). Essa relação denomina-se rentabilidade simples do projeto”. (BUARQUE, 1991, p.105). A rentabilidade é o grau de rendimento proporcionado por investimentos, expresso em percentual de lucro e normalmente é inversamente proporcional ao risco. Esse índice permite saber quanto gera a cada ano, cada unidade de capital investido. Segundo Kassai (2000) o resultado da rentabilidade de um investimento se da em termos relativos, em percentagem, e é considerado atraente todo investimento que apresente taxa de rentabilidade maior ou igual a zero. Para a administração da empresa, a rentabilidade das operações e os efeitos dos custos financeiros são aspectos preocupantes, por isso muitos estabelecem índices, com base no balanço, que tem por objetivo relacionar o lucro operacional com o valor do ativo operacional. 2.2.4 Ponto de Equilíbrio É o valor das vendas que permite a cobertura dos gastos totais (custos, despesas fixas e despesas variáveis). Neste ponto, os gastos são iguais à receita total da empresa, ou seja, a empresa não apresenta lucro nem prejuízo. 30 Para Maher (2001, p. 448-449) muitas vezes pressupõem que os produtos são fabricados e vendidos em determinada combinação, e calcula-se o ponto de equilíbrio ou o volume desejado de acordo com dois métodos, combinação fixa de produtos ou margem de contribuição ponderada. O ponto de equilíbrio ajuda a definir e esclarecer quais as quantidades necessárias que terão que ser produzidas e ou vendidas para poder ter lucro, quanto é preciso vender para conseguir pagar os custos, despesas fixas e variáveis. Ponto de equilíbrio “Corresponde à quantidade produzida do volume de operações para qual a receita iguala o custo total. É, pois, o ponto onde o lucro líquido iguala a zero, podendo ser expresso em unidades físicas ou monetárias”. (COGAN, 2002, p. 36). O ponto de equilíbrio é o valor ou a quantidade vendida do empreendimento que não apresenta nem lucro nem prejuízo, é o ponto neutro da empresa em que as receitas se igualam com soma dos custos fixos e variáveis naquele nível de atividade. “Denominamos ponto de equilíbrio o ponto em que o total da margem de contribuição da quantidade vendida ou produzida se iguala aos custos e despesas fixas”. (PADOVEZE, 2000, p. 281). Ponto de equilíbrio é o valor que a empresa precisa vender para cobrir o custo das mercadorias vendidas, as despesas variáveis e as despesas fixas. É o quociente simples da divisão dos valores dos custos e despesas fixas pela margem de contribuição, ele deve ser o mais baixo possível, pois quanto menor o ponto de equilíbrio, mais segurança para a empresa não entrar na área de prejuízo. 31 2.2.5 Taxa Interna de Retorno (TIR) Taxa Interna de Retorno é a taxa de desconto que iguala o valor dos fluxos de caixa a zero, ou seja, a taxa que com o valor atual das entradas seja igual ao valor das saídas. Hirschfeld (2000) destaca que quando investimos em um bem, aplicação financeira ou empreendimento, fazemos movidos pelo desejo de receber uma quantia em dinheiro referente ou em relação à quantia investida. “A taxa de juros para a qual o valor presente das entradas de caixa de um projeto é ao valor presente das saídas. A taxa interna de retorno (TIR) é a taxa de juros que se espera que um projeto renda durante sua vida”. (MAHER, 2001, p.781). A TIR representa o lucro que se espera obter ao investir num certo projeto, sua utilização não depende de nenhum parâmetro ou taxa vigente no mercado, pois seu calculo consiste em zerar o valor presente dos fluxos de caixa de cada investimento. Para Gitman (2002 p. 303) “a taxa interna de retorno (TIR) é a taxa de desconto que iguala o valor presente de fluxos de caixa com o investimento inicial associado a um projeto. A TIR, em outras palavras, é a taxa de desconto que iguala o VPL de uma oportunidade de investimento a $ 0”. Essa taxa serve para em determinado momento igualar a entrada com as saídas de caixa, é uma taxa econômica necessária para que após um período possa-se igualar o valor do investimento aos retornos futuros. Quanto maior for a TIR em relação à taxa de atratividade melhor é a viabilidade de um projeto, esse indicador fornece a rentabilidade do investimento, pois se baseia em dados internos do projeto. 32 2.2.6 Valor Presente Líquido (VPL) “Valor presente líquido (VPL), uma técnica de orçamento de capital sofisticada, encontrada ao se subtrair o investimento inicial de um projeto de valor, presente de seus fluxos de entrada de caixa, descontados a uma taxa igual ao custo de capital da empresa”. (GITMAN 2002, p. 302). Pelo fato de considerar explicitamente o valor do dinheiro no tempo o valor presente liquido pode ser considerado uma técnica sofisticada para analise de capital, uma vez que desconta os fluxos de caixa a uma taxa especifica a qual representa o retorno mínimo que deve ser obtido de um projeto de viabilidade. Ao analisarmos um fluxo de caixa referente à determinada alternativa, teremos vários valores envolvidos, ora como receitas, ora como dispêndios. A somatória algébrica de todos os valores envolvidos nos períodos considerados, reduzidos ao instante considerado inicial ou instante zero e sendo a taxa de juros comparativa, se chama valor presente liquido. (HIRSCHFELD, 2000, p.105). As avaliações de viabilidade econômica através do critério do valor presente liquido representam a contribuição liquida para a criação de riqueza com a obtenção de valores do investimento inicial durante a vida útil de um projeto. Essa formula matemática determina o valor presente de quanto os pagamentos futuros somados ao custo inicial estaria valendo atualmente. “O método do valor presente liquido também chamado método do valor atual liquido, tem como finalidade determinar um valor no instante considerado inicial, a partir de um fluxo de caixa formado de uma serie de receitas e dispêndios”. (HIRSCHFELD, 2000, p.105). Esses métodos de análise do investimento do valor presente liquido, consiste em uma formula que converte o valor do investimento, do fluxo de caixa, para um valor equivalente a data atual, com objetivo de comparar os valores atuais ao retorno que o projeto tem potencial de gerar. 33 Para reconhecer o valor do dinheiro no tempo, os fluxos de caixa futurossão trazidos a valor presente, mediante a aplicação de uma taxa de desconto predeterminada. A soma desses valores descontados menos o investimento inicial representa o valor presente liquido (VPL) do projeto, que representa o valor econômico do projeto para a companhia em determinado instante. (MAHER, 2001, p.764). No valor liquido presente inicialmente é calculado todo o fluxo de caixa de um projeto, desembolsos e suas datas, bem como as receitas que ocorrem em instantes diferentes em função do valor do dinheiro no tempo. Isso mostra se estamos fazendo mais dinheiro com o investimento do que estamos gastando com o custo do capital. 2.2.7 Tempo de Retorno Capital Investido (Payback) O período de payback é o tempo necessário para recuperar o investimento inicial. Segundo Jordan (1998) com base no payback, um investimento é aceitável quando seu período de payback calculado é inferior a algum número predeterminado em anos. Em termos gerais é comum, falar-se do período de retorno payback de um investimento proposto. Já para Kassai (2000) payback é o período de recuperação de um investimento e consiste na identificação do tempo decorrido entre o investimento inicial e o momento no qual o lucro líquido acumulado se iguala ao valor desse investimento. É o período em que os valores dos investimentos se anulam com os respectivos valores de caixa. Trata-se de uma das técnicas de análise de investimento, cuja principal vantagem é a análise do prazo de retorno do investimento e, conseqüentemente consiste no cálculo desse tempo em número de períodos, sejam meses ou anos necessário à recuperação do investimento realizado. 34 2.3 Custos No ambiente competitivo em que vivemos atualmente, os agricultores que se dedicam a atividade agrícola, empregam altas tecnologias em todas as fases da produção agrícola, trazendo incrementos à produtividade. Analisando a atividade agrícola através do fator custo, percebe-se que este auxilia na tomada de decisões na propriedade rural. O momento econômico que vive o país e a globalização da economia torna necessário ao produtor rural buscar informações mais confiáveis para tornar-se mais competitivo no mercado. Apesar de algumas dificuldades, a cada dia que passa os produtores buscam formas de melhorar os mecanismos de análise econômica da sua atividade. No dias atuais a concorrência é cada vez maior, o administrador rural precisa estar sempre se aperfeiçoando. Ter o controle sobre os custos de sua propriedade é de fundamental importância para medir os resultados. Para Leone (2000, p.08) “A idéia básica de custos, atualmente, é de que eles devem ser determinados tendo em vista o uso a que se destinam”. Com a diversidade dos objetivos atribuídos aos custos torna-se difícil estabelecer um só tipo de custo que se adapte a todas as necessidades do produtor rural, cada utilização de custos requer diferentes tipos de custos. Segundo Leone (2000) o conceito é de que os custos devem ser desenvolvidos para um uso especifico. De base nesse conceito podemos classificar os custos em: - custos para determinação da rentabilidade; - custos para o controle de operações; - custos para tomada de decisões e planejamento. 35 Os custos para determinação da rentabilidade envolvem uma série de fatores, que estão diretamente associados ao processo produtivo, e que representam a soma dos custos com a mão-de-obra e material transformados em produto. Os custos para o controle de operações, permitem que o administrador estabeleça os objetivos e que os custos serão controlados em função deles. A administração estabelece os planos e as metas que serão atingidos através destes objetivos. Os custos são acumulados pela natureza dos gastos de acordo com as operações de cada setor. Os custos para tomada de decisões e planejamento possibilitam que a administração possa tomar decisões que atendam melhor os interesses da empresa. Como o custo é um fator importante na realização dos objetivos de lucro da empresa, deve ser considerado tanto nas operações diárias, como no planejamento a curto e longo prazo. Para Padoveze (2000) os custos são os gastos, não investimentos, necessários para fabricar os produtos. É através dos gastos efetuados que surgirão os produtos. Para tanto, pode-se dizer que os custos são os gastos relacionados aos produtos gerados. É essencial ao produtor rural obter um sistema de gestão de custos que atenda as suas necessidades, ele deve buscar um prévio conhecimento sobre as dificuldades que poderá encontrar ao longo do percurso de sua propriedade. Para ser bem sucedido nesse aspecto, o produtor rural deve implantar um método de controle dos custos dos produtos adquiridos e utilizados, que lhe traga benefícios durante a análise dos mesmos. De acordo com Padoveze (2003, p.04) podemos então definir genericamente custos como sendo a mensuração econômica dos recursos (produtos, serviços e direitos) adquiridos para a obtenção e a venda dos produtos e serviços da empresa. Em palavras mais simples, custo é o valor pago por alguma coisa. 36 Todo o gasto realizado dentro da propriedade que diz respeito a investimento na área agrícola deve ser contabilizado, objetivando o controle dos mesmos, para posteriormente ser analisado e gerar um diagnóstico ou relatório sobre tudo o que foi gasto na produção agrícola. “Quando se quer determinar o custo de um produto, tem-se em vista primeiramente saber quais as necessidades de gastos para executar sua produção, e que tipo de gastos, e indicações para a transformação do preço de venda ao consumidor”. (PADOVEZE 2000, p. 260). As ferramentas usadas no sistema da agricultura de precisão não são baratas, trata-se de um alto investimento em tecnologias e manutenção das mesmas. Para se obter resultados a níveis satisfatórios é necessário que o produtor faça um desembolso considerável de dinheiro se quiser bons resultados na produtividade de suas lavouras. Para Hansen & Mowen (2003, p. 61) “custo é o valor em dinheiro, ou o equivalente em dinheiro, sacrificado para produtos e serviços que se espera que tragam um beneficio atual ou futuro para a organização”. O custo de aquisição desse sistema inovador depende muito das necessidades do produtor, e sobre a extensão de terras que ele queira atingir. Esse sistema de manejo segundo algumas pesquisas parece se adaptar a diversas culturas independentes do tamanho da área em que estiverem. Os benefícios só são alcançados se respeitado o prazo de implantação do sistema de agricultura de precisão. Ainda para Hansen & Mowen (2003, p. 65) “um princípio fundamental da gestão de custos é “custos diferentes para propósitos diferentes”. Assim, o que custo do produto significa depende do objetivo gerencial que esta sendo atendido”. Dentro do sistema de manejo proposto pelo sistema da agricultura de precisão há elementos que deverão ser contabilizados de modo diferente, pois 37 se trata de investimentos que deverão ser contabilizados no decorrer dos tempos, por trazerem resultados futuros e não de imediato a sua inclusão na propriedade. Os custos diretos e indiretos podem ser classificados em fixos e variáveis, quando tomamos como referencial o seu comportamento em relação ao volume de produção. É importante essa classificação para que possamos adicionar aos custos uma variável independente, para estudos prospectivos, ou seja, propósitos de previsões, e o processo de tomada de decisão para possíveis novos curso de ação. (PADOVEZE 2003, p. 53). O produtor rural deve sempre buscar produzir seus produtos ao menor custo possível, a veracidade das informações referentes aos custos é fator favorável na estratégia de redução dos custos empregados na produção agrícola. 2.3.1 Custos fixos Segundo Hansen & Mowen (2003,p.88), custos fixos “são custos que no seu total são constantes dentro de uma faixa relevante enquanto o nível do direcionador de atividade varia”. Os custos fixos se mantêm constantes, pois não dependem do volume de produção, permanecerão assim não importa a alteração que ocorra no volume de produção para mais ou para menos esse fator não vai alterar o valor total do custo. Um custo é considerado fixo quando o seu valor não se altera com as mudanças, para mais ou para menos, o volume produzido ou vendido dos produtos finais. Apesar da possibilidade de classificarmos uma serie de gastos como custos fixos, é importante ressaltar que qualquer custo é sujeito a mudanças. De um modo geral, são custo e despesas necessários para se manter um nível mínimo de atividade operacional, por isso são também denominados custos de capacidade. (PADOVEZE 2003, p. 54). Independente das variações do volume de atividade em que esteja ligado, o custo fixo não será alterado, pois não tem nenhuma ligação direta com a estrutura que permanece período após período sem variações. 38 Para Leone (2000, p.84) “Custos fixos, são os custos que não variam de acordo com a atividade realizada dentro de uma faixa determinada de volume”. A atividade realizada pode variar oscilar que não afetara os custos fixos, pois estes independem do volume de atividade que será realizado. A atividade agrícola emprega em sua manutenção uma série vasta de custos dos quais depende o seu funcionamento. Todo trabalho realizado pelos agricultores emana resultados, estes por sua vez ocasionam algum tipo de custo. 2.3.2 Custos variáveis No entendimento de Hansen & Mowen (2003, p. 89) custos variáveis “são definidos como custos que no total variam em proporção direta as mudanças em um direcionador de atividade”. Tanto no ramo agrícola como em qualquer outra atividade, os custos variam de acordo com o objeto de custo ou ainda de acordo com o volume de produção das atividades produzidas. Para Leone (2000, p.84), “custos variáveis, são os custos que, dentro de um determinado volume de produção, variam proporcionalmente com a atividade realizada”. São aqueles custos proporcionais ao volume de produção da empresa ou ramo de atividade, que aumentam os custos totais da empresa. São assim chamados os custos e despesas cujo montante em unidades monetárias varia na proporção do nível de atividade a que se relacionam. Tomando como o volume de produção ou vendas, os custos variáveis são aqueles que, em cada alteração da quantidade produzida ou vendida, terão uma variação direta e proporcional em seu valor. Se a quantidade aumentar, o custo aumentará a mesma proporção. Se a quantidade diminuir, o custo também diminuirá a mesma proporção. (PADOVEZE 2003, p. 56). Os custos de utilização do modelo de agricultura de precisão tendem a variar de acordo com o tamanho da área a qual será aplicado. Estes custos mantêm relação direta com o volume de produção, fazendo com que os custos variáveis mudem de acordo com o volume das atividades desempenhadas. 39 2.3.3 Custos diretos Hansen & Mowen (2003, p.62), “custos diretos são os custos que podem ser facilmente e acuradamente rastreados aos objetivos de custo. Custos facilmente rastreados são os custos que podem ser distribuídos de forma economicamente viável”. A identificação dos custos fixos no sistema de agricultura de precisão torna-se um elemento importante ao produtor rural, pois este terá uma idéia de quanto gastará para manter o sistema em plena atividade. Leone (2000, p. 85) afirma que “custos diretos, são custos que podem ser identificados com o departamento ou com o produto”. Os equipamentos utilizados, a mão-de-obra, os insumos, todos geram algum tipo de custo. É de interesse de o produtor rural identificá-los e dividí-los de acordo com suas características para efetuar o controle dos gastos com o sistema de agricultura de precisão. Custos diretos são aqueles que podem ser fisicamente identificados para um segmento particular em consideração. Assim, se o que está em consideração são uma linha de produtos, então os materiais e a mão-de-obra envolvida na sua manufatura seriam custos diretos. (PADOVEZE 2003, p. 41). Um bom uso e conhecimento dos custos dos produtos envolvidos na atividade agrícola são essenciais para o bom desempenho do produtor nesse meio. Os custos sempre estão ligados direta ou indiretamente em qualquer atividade que seja realizada em uma propriedade rural. 40 2.3.4 Custos indiretos Hansen & Mowen (2003, p. 64) definem que “custos indiretos são custos que não podem ser rastreados para um objeto de custo. Isso quer dizer que não existe relacionamento causal entre o custo e o objeto de custo, ou que o rastreamento não é economicamente viável”. A implantação ou mudança na atividade em que se trabalha sempre ocasiona alguns gastos que não podem ser contabilizados diretamente a essa atividade, porque são irrelevantes. Todos os gastos que não são considerados diretos são classificados como indiretos. São os gastos que não podem ser alocados de forma direta ou objetiva aos produtos ou a outro segmento ou atividade operacional e caso sejam atribuídos aos produtos, serviços ou departamentos, esses gastos o serão por meio de critérios de distribuição (rateio, alocação, apropriação, são outros termos utilizados). (PADOVEZE 2003, p. 42). Há custos que não podem ser apropriados diretamente aos produtos no momento em que ocorrem, só podendo ser empregados mediante o uso de técnicas que possibilitam o seu rateio. Leone (2000, p. 86) diz que “custos indiretos, são os custos que não podem ser, em última análise, identificados com uma unidade administrativa ou com o produto que está sendo fabricado”. São custos comuns que se apresentam os muitos tipos diferentes de bens, que não podem ser mensuráveis por serem empregados de forma indireta aos produtos. Necessita de critérios ou parâmetros para ser atribuído ao objeto de custo. 41 2.3.5 Despesas “Despesas são os gastos necessários para vender e distribuir os produtos. De um modo geral, são os gastos ligados às áreas administrativas e comercias. O custo dos produtos, quando vendidos, transforma-se em despesas”. (PADOVEZE 2003, p.17). As despesas correspondem a bens e serviços para obtenção de receitas e que não estejam associadas à produção de um produto ou serviço. A despesa é um gasto ocorrido em um determinado período e que é lançado contabilmente nesse mesmo período, para fins de apuração do resultado periódico da empresa. Portanto, a despesa é lançada diretamente na demonstração de resultado de um período e significa, no momento de sua ocorrência, uma redução da riqueza da empresa. (PADOVEZE 2003, p.13). “Despesa é o valor dos insumos consumidos com o funcionamento da empresa e não identificados com a fabricação. São as atividades fora do âmbito da fabricação. A despesa é geralmente dividida em administrativa, comercial e financeira”. (BORNIA, 2002, p. 40). Para Matarazzo (1998, p. 73), “as despesas operacionais, segundo a Lei das S.A., correspondem às despesas necessárias para a empresa funcionar, isto é, vender, administrar e financiar suas atividades”. Para tanto não se deve confundir essas despesas com as despesas de produção, que são aquelas necessárias para transformar matéria-prima em produto final. “Despesas de vendas representam as despesas necessárias para as vendas, bem como as de promoção e distribuição dos produtos da empresa no mercado, e ainda os riscos assumidos pela venda, como garantia e provisão para devedores duvidosos”. (MATARAZZO, 1998, p. 74). “Despesas administrativas compreendem as despesas incorridas para a direção e execução das tarefas administrativas, bem como as despesas gerais que beneficiam os negócios da empresa”.(MATARAZZO, 1998, p. 74). 42 “Despesa financeira representa a remuneração paga a terceiros que financiam a empresa”. (MATARAZZO 1998, p. 74). As despesas financeiras englobam despesas bancárias, descontos concedidos, correção monetária pós e prefixada e variação cambial. Para Iudícibus (1998, p. 52) “as despesas operacionais são as necessárias para vender os produtos, administrar a empresa e financiar as operações. Enfim, são todas as despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional da empresa”. As despesas de vendas abrangem desde a promoção do produto até sua colocação junto ao consumidor (comercialização e distribuição). São despesas com o pessoal da área de venda, comissões sobre vendas, propaganda e publicidade, marketing, estimativa de perdas com duplicatas derivadas de vendas a prazo (provisão para devedores duvidosos) etc. (IUDÍCIBUS 1998, p. 52). Ainda segundo Iudícibus (1998 p. 52), despesas financeiras “são as remunerações aos capitais de terceiros, tais como: juros pagos ou incorridos, comissões bancarias, correção monetária prefixada sobre empréstimos, descontos concedidos, juros de mora pagos etc”. 2.3.6 Custos de produção na atividade rural A atividade agrícola pode ser exercida de variadas formas, mas tem seu gerenciamento mais dinâmico diante das exigências de um mercado cada vez mais competitivo, tornando-se imprescindível que as empresas, utilizem meios de apuração dos custos de seus produtos, tendo em vista os diversos custos que compõem o produto final. Para Ribeiro (2004) as principais ferramentas que o administrador possui é procurar por todos os meios, reduzir os seus custos de produção, os quais são representados pelos custos de utilização dos insumos, mão-de-obra e máquinas. A apuração do custo da produção em uma empresa agrícola segue alguns dos processos utilizados em uma empresa industrial qualquer, 43 observando algumas particularidades inerentes ao tipo de atividade. A relação custo/benefício de se manter controles mais complexos em busca de informações mais precisa deve ser sempre considerada por outro lado a necessidade de controles, por mais simples que pareçam ser, torna-se fator imprescindível quando se tratar de valorização dos estoques agrícolas. De acordo com Marion (1996, p. 43), “agricultura é definida como a arte de cultivar a terra. Arte essa decorrente da ação do homem sobre o processo produtivo à procura da satisfação de suas necessidades básicas” Segundo Crepaldi (1993, p.56), “são consideradas culturas aquelas plantas sujeitas ou não ao replantio após a colheita com um período de vida curto ou longo, normalmente não superior a um ano, ou em torno de três a quatro anos”. Nas culturas, os custos são acumulados para um melhor controle e apuração. O conhecimento do custo da produção agrícola é importante principalmente devido ao controle e decisão. Para que os custos sejam perfeitamente atribuíveis a produção se faz necessário estudá-los e identificá- los. Para isso é importante que se conheça os conceitos básicos utilizado na contabilidade de custos. 2.3.7 Contabilidade Rural A contabilidade rural é um dos principais sistemas de controle e informação da Empresas Rurais. Com a análise do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício é possível verificar a situação da empresa, sob os mais diversos enfoques, tais como análises de estrutura, de evolução, de solvência, de garantia de capitais próprios de terceiros, de retorno de investimento etc. (CREPALDI, 2005, p.83). O conhecer o custo da produção agrícola é importante principalmente devido a controle e decisão do empreendedor agrícola. Para que os custos sejam atribuíveis a produção se faz necessário a identificação dos mesmos. 44 Para isso é importante que a pessoa responsável pelo departamento de produção conheça conceitos básicos utilizado na contabilidade de custos. A contabilidade é a radiografia de uma Empresa Rural. Ela traduz, em valores monetários, o desempenho do negocio e denuncia o grau de eficiência de sua administração. Em ultima análise, a contabilidade vai dizer se uma Empresa Rural esta atingindo o seu objetivo final: o lucro. Apesar de ser uma atividade que, por força de lei, só pode ser exercida por um profissional especializado, a Contabilidade deve ser acompanhada muito de perto pelo proprietário rural. (CREPALDI, 2005, p.93). No entender de Sá (1993, p. 93), contabilidade de custos “é a parte da contabilidade que estuda os fenômenos dos custos, ou seja, dos investimentos feitos para que se consiga produzir ou adquirir um bem de venda ou um serviço”. 2.3.8 Margem de Segurança “Margem de Segurança é o excesso das vendas reais sobre o volume de vendas no ponto de equilíbrio. Ela estabelece quanto às vendas podem cair antes de começarem a ocorrer prejuízo” Garrison (2001, p.171). Margem de Segurança = Vendas reais - Vendas no ponto de Equilíbrio 3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO Neste capítulo está descrito como foi realizado o procedimento metodológico que norteou a realização deste estudo. É importante ter conhecimento sobre o tema estudado e desenvolver um processo eficaz e eficiente a fim de obter os dados necessários para a realização do relatório. De acordo com Jung (2004, p. 227) “a metodologia é um conjunto de técnicas e procedimentos que tem por finalidade viabilizar a execução da pesquisa, obtendo-se como resultado um novo produto, processo ou conhecimento”. Para realização deste estudo, neste capítulo é especificada a classificação do tipo de pesquisa, a descrição do processo de coleta de dados, e como foi realizada a análise e interpretação dos dados. 3.1 Tipo de Estudo Foi de suma importância definir o tipo de pesquisa a ser realizada, pois esta contribuiu para a busca de informações e a realização da avaliação dos resultados obtidos das atividades desenvolvidas sobre a agricultura de precisão para correção do solo, já que os diversos tipos de investigação existentes têm suas características específicas. Levando em conta que geralmente as pesquisas se relacionam como forma de identificar, estudar e analisar fatos, temas ou algum assunto de interesse, para construção de soluções dos mesmos, o presente estudo faz relação às pesquisas no quesito de estudar e analisar os custos utilizados na agricultura de precisão para correção do solo. No entendimento de Gil (1999, p. 42) define-se pesquisa “como o processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O 46 objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”. Já Vergara (2000, p. 46) expressa seu conceito de pesquisa como “o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas”. Este material fornece ao publico em geral, acesso instrumental e analítico para qualquer tipo de pesquisa. Complementando a idéia, Vergara (2000) argumenta que existem dois critérios básicos para classificar os tipos de pesquisa: quanto aos fins e quantos aos meios. Quanto aos fins pretendidos, o presente relatório enquadra-se nos moldes de uma pesquisa exploratória, por abordar um assunto com poucas referências sobre o tema, tendo a necessidade de buscar informações em diversos tipos de fontes. Quanto aos meios para elaboração deste relatório esta pesquisa classifica-se em bibliográfica por embasar-se em material acessível ao publico, por resgatar com base em livros, obras e pesquisas já publicadas por outros autores, informações necessárias para o aprofundamento conceitual para realização deste relatório. As pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista, a formulação
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